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PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO E CRISE DA MEIA-IDADE José Alberto G. Santos A todos aqueles que caminharam ao meu lado e que me ajudaram direta ou indiretamente para eu entrar na faculdade e conseguir permanecer nela por 5 anos, meu muito obrigado. À Carl Jung, sem o qual eu, enquanto (futuro) psicólogo, não existiria. O caminho não é sem perigo. Tudo de bom é caro e o desenvolvimento da personalidade é um dos mais caros de todas as coisas. Carl Jung ÍNDICE INTRODUÇÃO PSICOLOGIA ANALÍTICA CARL GUSTAV JUNG FUNDAMENTO EPISTEMOLÓGICO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO INDIVIDUAÇÃO E RELIGIOSIDADE META DO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO TAREFAS A SEREM REALIZADAS NO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO PRIMEIRA TAREFA SEGUNDA TAREFA TERCEIRA TAREFA QUARTA TAREFA QUINTA TAREFA CRISE DA MEIA-IDADE EQUAÇÃO A EQUAÇÃO B A CRISE DA MEIA-IDADE E SUA SUPERAÇÃO ATRAVÉS DO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS ANEXO I: GLOSSÁRIO DE TERMOS JUNGUIANOS INTRODUÇÃO Diante das atuais transformações sociais, profundas em suas exigências para com uma nova humanidade que anseia por vir, torna-se cada vez mais imperioso que psicoterapeutas do mundo todo ampliem sua visão de homem. E essa amplificação passa necessariamente por um outro entendimento funcional de humanidade, que pede igualmente outro paradigma científico, ao qual a Psicologia Analítica se propôs desde o início de seu surgimento. A despeito de tudo o que foi escrito ou dito, faz quase 60 anos que a obra de Carl Gustav Jung permanece ainda uma ilustre desconhecida do público brasileiro. Esse público, muitas vezes, baseia-se em fragmentos de informações que, via de regra, não revelam o todo dessa Psicologia Profunda, perpetuando erros e equívocos conceituais. Estando o homem atual vivendo uma crise de identidade onde não há mais a certeza de quem é ou para onde está indo; estando o mundo atual em franca ebulição não garantindo mais a estabilidade que existia há décadas atrás, a Psicologia Junguiana apresenta-se como um instrumento que se propõe responder questões que outros enfoques ainda não foram capazes de esclarecer por inteiro. Com a transição do século XIX para o século XX, tanto a Psicanálise quanto a Psicologia Junguiana trouxeram para o mundo a necessidade de um novo paradigma de ciência. Percebeu-se que o cientificismo moderno impedia uma compreensão ampla de conceitos que não estavam sob sua tutela, sendo necessário o surgimento de uma nova visão sobre o ser humano e seu modo de existir no mundo. A partir do pressuposto da existência de um inconsciente, a Psicanálise e a Psicologia Junguiana trouxeram essa nova epistemologia que ampliou sobremodo a ciência do século XX. Para essa nova compreensão da mente humana, ficava impossível caminhar de acordo com a antiga ciência, trazendo assim o conceito de inconsciente, um novo modo de se compreender o ser humano (NASSER, 2010). Dentro da Psicologia Analítica, também chamada de Psicologia Profunda ou Psicologia Junguiana, desenvolvida pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, o Processo de Individuação é um conceito fundamental. Esse processo só é possível de ocorrer numa pessoa comum por volta dos 35 ou 40 anos de idade. Desse modo, estudar a crise da meia-idade e o Processo de Individuação passa a ser algo natural para a Psicologia Analítica. Muitos dos pacientes de Jung eram pessoas bem-sucedidas em suas vidas, mas mesmo tendo atingido a plenitude, passavam a sentir um vazio existencial. Jung então percebeu que esse vazio surgia da incapacidade humana de compreender as exigências do inconsciente e colocá-las em relação direta com as demandas da mente consciente. No momento em que o indivíduo conseguia fazer isso, ele estava tomando consciência e fomentando seu Processo de Individuação (MOTTA & PAULA, 2005). Para a Psicologia Analítica a estrutura psíquica possui características de criatividade, uma criatividade que muitas vezes surge da necessidade interna de expressar a experiência em sí. Essa necessidade de criação pode ser compreendida como um complexo autônomo, que necessita de ser dada a vazão. A criação se dá, muitas vezes, através da inspiração. De onde vem a inspiração? De fora? Não, mas sim do inconsciente, sendo ele o regulador das ações humanas. O espírito humano é naturalmente criativo, precisa criar, viver experiências novas (BARCELLOS, 2004). Podemos compreender o Processo de Individuação como um evento independente de realização do todo individual, vivenciada como um completar-se psicológico. Nessa realização do Si- Mesmo, há a conjunção do consciente e do inconsciente. O Processo de Individuação objetiva nos colocar em conexão com o Arquétipo do Eu. Esse Eu enquanto inteireza e capacitado para a autotrancendência. Esse Eu pode ser representado, imageticamente, pelas imagens arquetípicas do Sábio, Ancião ou ainda, do Eremita (JEFFREY, 2018). Durante a meia-idade o ser humano busca valorizar-se mais. Durante essa fase, que pode ocorrer a partir dos 40 anos de idade crises podem surgir. Nesse momento é possível começar a valorizar o modo de se empregar o tempo pessoal, pois há a consciência da finitude da vida. A culminância será pela busca da estabilidade pessoal (CARMO et al., 2004). Motta & Paula (2005, p. 20) sugerem que a crise da meia-idade pode surgir em “decorrência da falta de consciência da necessidade de dar vazão ao desenvolvimento psíquico em busca da integração ou totalidade”. Afirmam também que após a conquista de alguns êxitos preconizados pela vida social o ser humano pode começar a se questionar se não há mais nada para se almejar. Os referidos autores sugerem que a paz e a harmonia interiores só são alcançados se eles se voltarem para seu inconsciente, sondando suas escolhas e as reavaliando. Com relação à crise da meia-idade, esse termo foi criado em 1965 pelo psicanalista canadense Elliot Jaques. Serve para assinalar um período de profunda transformação na vida humana a partir da segunda metade da vida (SCARDUA, 2011). A pesquisa de Elliot, denominada A morte e a crise da meia-idade, publicada em 1965, envolveu o estudo do hábito criativo de 310 artistas famosos, observando que a partir dos 30 anos de idade a produção criativa dos mesmos tendia a diminuir. Elliot descobriu que alguns desses artistas entravam em depressão, enquanto outros cometiam suicídio e observou o mesmo padrão em seus pacientes clínicos (ELLIOT, 1965 apud SUDDAH, 2017). Justifica-se o estudo do tema escolhido em virtude de sua atualidade. Cada vez mais o homem moderno está sentindo necessidade de autoconhecimento e nessa busca acaba encontrando um vazio existencial por não saber como empreender essa renovação. O aumento populacional e o avanço tecnológico têm por consequência o aumento da competitividade, levando o homem de meia-idade a não ter garantias ou certezas quanto à estabilidade profissional no futuro. Esse tipo de incerteza pode gerar estados de espírito difíceis de serem processados pela mente que até então estava acostumada a trabalhar dentro de um determinado padrão que, atualmente, muda constantemente. Além disso, traumas e/ou lacunas ocorridas na primeira infância podem emergir do inconsciente diante de situações de gravidade emocional, eventos inesperados como separação, morte de entes queridos, perda de emprego ou doenças. As incertezas do futuro somadas a possíveis problemas de saúde como diabetes, pressão alta ou outros são fatores que podem promover, evidenciar ou desencadear a crise da meia-idade. Compreende-se o Processo de Individuação como mais uma tarefa que o ser humano precisa realizar a partir da meia-idade. Sendo assim, o sentimento de crise ou mesmo o vazio existencial exist para uma humanidade que não foi informada a respeito do que ainda pode realizar. Desse modo, esse processo pode ser uma ferramenta que psicólogos de orientação junguiana podem vir a usar com alguns de seus pacientes clínicos,um instrumento valioso, revelando potenciais humanos ainda desconhecidos. Este estudo objetiva verificar se o Processo de Individuação pode auxiliar na superação da Crise da meia-idade. É uma pesquisa literária não se propõe a respostas definitivas, visto que o ser humano está em constante transformação, mas sim, promover uma reflexão sobre o tema e suas possibilidades futuras. PSICOLOGIA ANALÍTICA Atualmente percebemos que o que torna difícil a compreensão dos escritos junguianos é justamente a enorme erudição de seu autor. Sua obra é extensa e complexa, o que dificulta o entendimento para aquele que está iniciando seus estudos na Psicologia Analítica (BATISTA, 2014). A visão de Jung a respeito do ser humano é teleológica e prospectiva. A teleologia busca a compreensão das aspirações do indivíduo e Jung busca pensar o sujeito em seu desenvolvimeto futuro (AMORIM, 2004). Barbosa & Barbosa (2016), corroboram com a idéia de a erudição de Jung dificultar a compreensão da Psicologia Analítica. Segundo os autores, a obra de Jung é uma obra complexa, pois ele não se preocupou em criar um método de estudos. Além de seus conceitos tornarem-se um desafio para os iniciantes na Psicologia Analítica, igualmente é difícil o manejo desse conhecimento no âmbito acadêmico. Para Jung, que denominou sua teoria de Psicologia Analítica, a estrutura psíquica do ser humano é composta por diversas instâncias que se relacionam mutuamente, sendo a consciência a única parte conhecida via experiência direta. A consciência opera através de quatro funções básicas: pensamento, sentimento, sensação e intuição. E elas são expressadas através de atitudes que podem ser ou extrovertida ou introvertida (NASSER, 2010). Em 1921 Carl Jung lançou um livro que é considerado fundamental em sua obra: Tipos Psicológicos, em que ele vai explorar profundamente as quatro funções bem como as atitudes mentais frente a elas. Para a Psicologia Analítica quando são vivenciadas experiências emocionais muito significativas a tendência é reprimí-las. Estas emoções formam estruturas que influenciam a psique durante toda a vida. A essas estruturas Jung denominou-as de Complexos (TAFFORELLI, 2018). Jung buscou entender quais partes compunham a estrutura da personalidade; de que forma essas partes se relacionavam entre sí e com o mundo externo. De onde vinha a energia que ativava a personalidade e como ocorria a destribruição dessa energia. Ainda, de onde vem a personalidade? Quais mudanças podem ocorrer na personalidade ao longo do tempo? Por se ocupar dessas e de outras questões é que a teoria de Jung é considerada uma teoria compreensiva da personalidade. Ainda, a partir desse entendimento, Jung concluiu que a meta última da Psicologia Analítica é a psicossíntese do individuo (HALL & NORDBY, 1993). Com o passar do tempo e a partir de estudos, Jung formulou que o melhor termo que poderia expressar o todo da personalidade é Self. É o Self a região central da personalidade humana e que mantém coesas as outras instâncias que existem no consciente e no inconsciente. O Self é responsável por criar e manter a unidade, o equilíbrio e a estabilidade da personalidade e da psiquê (HALL, LINDZEY & CAMBELL, 2008). Psiquê é uma palavra de origem latina que designa “alma”, porém, ao longo do tempo passou a significar mente – a mente humana. A psiquê humana é a instância que abrange o todo, fazem parte dela todos os pensamentos, sentimentos, as ações e tudo aquilo que é consciente e inconsciente. “O conceito de psique sustenta a ideia primordial de Jung de que uma pessoa, em primeiro lugar, é um todo” (HALL & NORDBY, 1993, p. 25). CARL GUSTAV JUNG A importância de verificar, mesmo que brevemente, a vida de Jung reside no fato de sua obra e sua vida pessoal se intercalarem. Isto ocorre por que sua vida é compreendida, hoje, como um exemplo de um Processo de Individuação que o levou a auto realização (AMORIM, 2004). Carl Gustav Jung nasceu em Kesswyl, Suíça, em 26 de julho de 1875. A partir de 1895 começa a estudar medicina na Universidade da Basiléia, estudos esses que vão se estender até o ano de 1900. Nesse mesmo ano ele lê A Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud, e sente-se atraído pelas idéias do médico vienense. Foi também em 1900 que ele conhece o ilustre médico Eugen Bleuler, chefe do Hospital Psiquiátrico Burgölzli, em Zurique e consegue tornar-se seu assistente, se especializando em psiquiatria. É nesse hospital que ele vai montar um laboratório experimental onde começa a fazer pesquisas com associações de palavras. A partir de 1905 ele torna-se professor de Psiquiatria na faculdade de Medicina da Universidade de Zurique, atividade essa que irá manter até 1913. Após isso abdica do cargo para poder dedicar-se a estudos pessoais e viagens que iria empreender por toda sua vida. A partir de 1906 passa a trocar correspondência com Sigmund Freud, a quem vem a conhecer pessoalmente em 1907, iniciando aí uma intensa relação pessoal e profissional (HALL & NORDBY, 1993). A partir de 1912 a relação de Jung e Freud já está bastante desgatada, sendo definitivamente encerrada em 1913 com uma carta deste último. Nessa correspondência Freud afirma que “meu único laço emocional com você há bastante tempo já é apenas um frágil fio, sinta-se totalmente livre e poupe-me de seus pretensos sinais de amizade” (HALL, LINDZEY & CAMBELL, 2008, p. 85). Após um período de introspecção e paralisação criativa, surgida do rompimento com Freud, Jung passa a se preparar para uma nova fase em sua vida intelectual. A partir de 1920 ele começa a viajar a outros países e continentes para buscar conhecimento em experiências diretas. Realiza viagens para a África do Norte, nos EUA visita o povoado dos índios Pueblo. Depois visita o Quênia e a Uganda, viaja para a Índia, além de Ravena, Roma e outras localidades da Europa. Isso o leva a ampliar sua compreensão através do conhecimento cruzado entre antropologia, religião, e cultura. Verificou a existência de elementos comuns em culturas isoladas umas das outras, o que o levou a, mais tarde, desenvolver o conceito de Inconsciente Coletivo (JUNG & JAFFÉ, 2015). Carl Jung faleceu aos 85 anos em 6 de junho de 1961, em sua casa à beira do lago de Zurique. Foi homenageado ainda em vida, já na velhice. Em sua última noite bebeu uma taça de seu melhor vinho. Na noite de seu falecimento uma intensa tempestade caiu sobre a cidade. Deixou três livros para serem publicados após sua morte: Memórias, sonhos, reflexões, sua autobiografia escrita com o auxílio de sua secretária Aniela Jaffé; O livro vermelho que ficou escrevendo durante 16 anos e deu ordens expressas para que fosse publicado apenas após sua morte (BOECHAT, 2014), e O homem e seus símbolos, um conjunto de 6 artigos científicos, sendo o primeiro de sua autoria e os outros quatro de discípulos seus que ele havia selecionado previamente (HYDE & McGUINNESS, 2012). FUNDAMENTO EPISTEMOLÓGICO Muito se fala a respeito da obra junguiana, no entanto, poucas pessoas se preocupam em ir em busca de seus fundamentos epistemológicos. Inicialmente não havia a intenção de escrever sobre epistemologia nesse trabalho. No entanto, no decorrer da escrita, percebeu-se que ele ficaria incompleto caso não se buscasse lançar alguma luz sobre as influências que Jung recebeu ao longo de sua vida. O intento, com este capítulo, é encontrar alguma referência da origem de suas idéias, quais pensadores o influenciaram. São escassas as obras literárias que buscam sistematizar a Psicologia Junguiana e isto, por sua vez, dificulta sua entrada no meio acadêmico. Segundo alguns dos autores consultados, o livro Jung e a construção da Psicologia Moderna – O Sonho de uma Ciência, de Sonu Shamdasani (2011), é o que melhor se dedicou a esta empreitada. Segundo Penna (2004), a obra de Carl Jung é uma obra inédita no mundo. Seus pressupostos levaram as pessoas a pensar em termos de ontologiae epistemologia de um jeito novo. Segundo o autor, pode-se mesmo compreender que Jung obrigou o mundo da ciência a se deparar com um novo paradigma científico. Por ter sido desenvolvida para a aplicação clínica, e por seu embasamento ser visto erroneamente como não cientifico, a Psicologia Junguiana teve uma defasagem no meio acadêmico. Além disso, sua metodologia de trabalho exige uma postura criativa, o que não é muito apreciado em diversos meios científicos. Ainda, precisamos entender que a metodologia junguiana é algo novo, que busca novos preceitos para atuar, sendo assim, sua epistemologia está inserida na pós- modernidade, onde em seu construtivismo o sentido prevalece (BARBOSA & BARBOSA, 2016). A obra de Jung é carregada de conceitos novos os quais ele foi maturando ao longo dos anos de estudo, até criar uma síntese de idéias que foram ganhando corpo em conceitos que trouxeram inovação para a psicologia (HENRIQUES, 2015). E é na obra junguiana que temos o sentido mais profundo da palavra conceito, quando lemos em Minayo (2009, p. 19) que conceitos são “vocábulos ou expressões carregados de sentido”. E Jung precisou construir novos conceitos ou mesmo acrescentar em alguns que já existiam novos sentidos. De acordo com a Psicologia Analítica, o mundo ordinário não pode ser percebido senão a partir do psiquismo. Desse modo, mesmo o saber científico formal surge a partir de elementos que são alimentados pela realidade inconsciente. Conclui-se disso que não se pode pensar a não ser a partir de um mundo interno único. Assim, teorias que foram formuladas numa época podem tornar-se obstáculos epistemológicos ao desenvolvimento do progresso da mente, pois acabam tornando-se hábitos intelectuais. Desse modo, toda a objetividade da ciência convencional acaba passando pelo conhecimento do espírito humano, que é a construção de elementos conscientes e inconscientes. Sobre estes últimos, somos ignorantes. Desse modo, pode a ciência oficial exigir ser vista como detentora de padrões racionais se ela é fruto dos devaneios irracionais que brotam do inconsciente? (BACHELARD, 1942 apud CASTLEÃO-LAWLESS, 2005). Outro fator relevante para descobrirmos a epistemologia dos conceitos junguianos é compreender que sua obra divide-se em duas grandes partes: a primeira, que pode ser chamada de Psicologia Analítica, e a segunda, que pode ser compreendida em Psicologia Complexa. A primeira, formulada até por volta do início dos anos 30, diz respeito às técnicas que Jung desenvolveu para uso na clínica. Já a ideia de Psicologia Complexa surge no final da segunda metade da década de 1930, e refere-se a estudos psicológicos mais amplos que vão além do mero uso clínico, vão além da própria psicologia convencional (HENRIQUES, 2015). PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO Antes de entrarmos no tema do Processo de Individuação propriamante dito, é de especial interesse verificar que em suas Cartas (Vols. I, II e III), publicadas no Brasil pela editora Pensamento, Jung dedica 43 delas para falar exclusivamente sobre Individuação ou Processo de Individuação. Outro fato interessante é notar que grande quantidade desses escritos é destinado a pastores e sacordetos religiosos, revelando a estreita ligação entre esse processo e a religiosidade (VERGUEIRO, 2008). A maioria das metáforas religiosas servem para demonstrar que a mente consciente deve apenas submerter-se aos desígnios do inconsciente para que a Indivuação ocorra; não adianta ficar pensando em “o que devo fazer para me individualizar?” A melhor definição para isso é o permitir, permitir que o todo interno – Self – demonstre o que deseja de nós em determinados momentos (FRANZ, 2008). Em um olhar mais atento, percebe-se o viés científico que Jung deixou claro em sua obra. Ao invés de acharmos que a religiosidade pode ser um dos caminhos para a realização do Si-mesmo, para a totalidade do Eu, em suas cartas voltadas para os religiosos, Jung revela seu entendimento a respeito das religiões. Sua visão e escritos sugere que ele via a simbologia por trás dos ritos religiosos como símbolos detentores de pistas para o início ou o fomentar do Processo de Individuação. Jung entende os eventos religiosos e as manifestações místicas, como manifestações do psiquismo humano tentando levar o ego a integrar-se ao Self. Um dos primeiros passos para realizar o auto-aperfeiçoamento é tomar consciência dos problemas pessoais, além disso, é necessário superar a ignorância a respeito da própria realidade e compreender as necessidades do Self. Desse modo, o principal foco de trabalho do terapeuta junguiano é auxiliar para que o Processo de Individuação, cujo controle não está nas mãos do sujeito, ocorra do modo mais natural possível (ACADEMY OF IDEAS, 2017). O Processo de Individuação pode ser visto como um evento independente de realização do todo individual, vivenciada como um completar-se psicológico. Nesse processo, também chamado de realização do Si-Mesmo, há a conjunção do consciente e do inconsciente. É o que esclarece Jeffrey (2018), quando fala que o Processo de Individuação objetiva colocar o sujeito em conexão com o arquétipo do Eu – Eu enquanto inteireza e a capacidade de autotranscendência. Esse Eu, segundo o autor, pode ser representado, imageticamente, pelas figuras representativas do Sábio, ou Ancião ou ainda do Eremita. Outras fontes de informação corroboram com essa idéia. O Processo de Individuação também pode ser entendido, segundo o Journal Psyque (2015, p. 3) “como a realização da auto realização através de um processo de integração do consciente com o inconsciente.” E, conforme Petridis (2008), para que ocorra o Processo de Individuação é necessário, antes, que ocorra um processo de diferenciação. Segundo o mesmo autor, precisamos perceber as partes, cada uma delas, compreender as funções psicológicas da mente, acessar cada uma delas para as assimilar com a mente consciente. O Processo de Individuação foi o modo que Jung encontrou para explicar o desenvolvimento pessoal considerado o ideal para o ser humano. Ele é um evento que ocorre em todos os seres vivos, levando-os a desenvolver todo o pontencial presente em seu íntimo. A consequência final será criar a totalidade entre o consciente e o inconsciente (JEFFREY, 2018). Para isso, é necessário que o indivíduo tome consciência de sua atuação no mundo, somente assim ele ficará livre de determinadas exigências instintuais. O objetivo final disso é permitir ao sujeito que consiga atuar no mundo usando plenamente sua criatividade, sendo um ser espontâneo e não preso às determinantes externas à sua vontade (HENRIQUES, 2015). Por mais diferentes que aparentemente sejam as pessoas, por mais que elas estejam afastadas umas das outras por causa das características expressas pela mente consciente, do ponto de vista do inconsciente elas são semelhantes. Uma das coisas que impressiona os psicoterapeutas iniciantes é a semelhança que existe entre as imagens do inconsciente manifestadas pelos seus primeiros pacientes, independente de sua multiplicidade. Uma real diferenciação de uma pessoa para outra só ocorre de fato com o Processo de Individuação (JUNG, 2013). Mesmo sendo, ao menos no início, em grande parte um evento inconsciente, o Processo de Individuação só passa a ter um real significado para a persona a partir do momento que a mente consciente toma ciência dele, compreende que ele está ocorrendo. É perfeitamente possível para a mente consciente participar de seu próprio Processo de Individuação, de modo ativo. Porém, sempre lembrando que é o Self quem decide os rumos da vida consciente e toma a decisão final para a realidade do indivíduo durante o processo (FRANZ, 2008). Assim também devemos cuidar para que nossas decisões não sejam unilaterais, sob o risco de reprimirmos a Sombra, algo impeditivo de ocorrer o Processo de Individuação (JEFFREY, 2018). O Processo de Individuação pode fazer o ego vivenciar um tipo de choquede realidade. Nesse momento o ego começa a perceber que existem outras forças que o influenciam e é a partir desse momento que o papel da persona começa a ser posto em cheque. Ainda, que a partir desse dar-se conta é que começa uma real relação entre a mente consciente e a mente inconsciente, passando a se comunicar uma com a outra através de símbolos (MOURÃO, 2016). Self é a estrutura primeva que dá origem (cria) e ordem (organiza) ao ego, estabiliza a personalidade e busca a relação com o mundo externo. Nesse sentido, o Self possui um papel fundamental no Processo de Individuação, pois é ele quem mantém organizado o ego para que ele, o Self, possa se manifestar através dele, o ego. Quando o Self se manifesta para o ego através de imagens arquetípicas ou sincronismos, por exemplo, isso pode indicar que o ego está necessitando ser estabilizado para facilitar a manifestação do Self. As relações ego-Self/Self-ego são recíprocas e constantes, pois mesmo o Self não precisando da existência do ego, utiliza-se dele e o mantém “funcional” enquanto dele precisar para se manifestar no mundo externo. Se o ego encontra-se desorganizado, por exemplo, o Self pode se manifestar para ele na forma de símbolos que promovam sua reorganização (GOLFETO, 1989). Para as grandes massas alguns símbolos religiosos bastam para lhe causar algum tipo de satisfação comum. Mas para um pequeno número de pessoas, estes símbolos coletivos já não são significativos. E isso pode ocorrer tanto de modo isolado como com pequenos grupos (JUNG, 2008). O ser humano só se percebe enquanto ego enquanto que o Si-mesmo só se percebe como totalidade, desse modo, o Processo de Individuação é um evento especial, podendo ser assemelhado a uma imagem divina. A título de metáfora podemos usar uma linguagem religiosa e mesmo metafísica: quando a pessoa se individualiza, ela assemelha-se a alguém que recebeu a encarnação divina. Isto é resultado da auto-atualização, pois esse é o objetivo do Processo de Individuação, por isso que existe a evolução psicológica no homem. O Processo de Individuação leva o ser humano a entregar-se a uma expressão mais ampla de sua consciência, livre de vontades, livre de diversos condicionamentos. O Si-mesmo penetra em sua consciência, podendo vivenciar a experiência com sofrimento ou alegria, isso dependerá do tipo de vida que o sujeito vivenciou (JUNG, 1979). Por isso nada haverá a objetar [...] a tarefa da Individuação e do reconhecimento da totalidade ou integralidade, que a natureza nos impôs, como obrigatória. Se o indivíduo efetuar isto de maneira consciente e intencional, evitará todas as consequências desagradáveis que decorrem de uma Individuação reprimida; isto é, se assumir de livre e espontânea vontade a inteireza, não será obrigado a sentir na carne que ela se realiza dentro dele contra sua vontade, ou seja, de forma negativa. Isto significa que se alguém está disposto a descer a um poço fundo, o melhor é entregar-se a esta tarefa adotando todas as medidas de precaução necessárias, do que arriscar- se a cair de costas pelo buraco abaixo (JUNG, 1998, p. 66). INDIVIDUAÇÃO E RELIGIOSIDADE Religião na visão de Jung é um símbolo que demonstra a possibilidade psíquica de religar diversas partes da consciência que estão desconectadas especialmente após a primeira infância. A religação dessas partes seria um fator fundamental para promover o Processo de Individuação (VERGUEIRO, 2008). Essas partes que precisam ser religadas são, na verdade, estruturas do psiquismo que encontram- se fragmentadas. Religar umas às outras é algo que pode ocorrer antes ou durante o Processo de Individuação, e necessariamente esse religar deve ocorrer. Eis a analogia que Jung usa sobre as manifestações religiosas, pois para ele elas são tentativas do Self de religar-se com o ego durante eventos tidos equivocadamente como místicos. META DO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO Podemos entender como sendo a principal meta do Processo de Individuação a integração psicológica do indivíduo. Em outras palavras, é a realização consciente do Arquétipo do Eu (TAFFORELLI, 2018). No Processo de Individuação o consciente e o inconsciente se fundem numa estrutura sem divisas, passando a operar em torno do Self (GRINBERG, 1997). Quando esse novo centro psíquico (AMORIM, 2004), é criado, o Self torna-se o centro do psiquismo consciente e não mais o ego (SILVEIRA, 1997). O desenvolvimento psicológico em todas as suas fases é um processo redentor. O objetivo é redimir pela percepção consciente o Eu oculto, oculto na identificação insconsciente com o ego (EDINGER, 1972, p. 72). TAREFAS A SEREM REALIZADAS NO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO Primeira tarefa Confronto com o arquétipo da Sombra. Essa tarefa é imposta pelo Sí-mesmo, é o primeiro pré- requisito para que ocorra a Individuação, enxergar e admitir a existência da Sombra (FRANZ, 1984). A Sombra precisa ser reconhecida no primeiro estágio do Processo de Individuação. Quanto mais o sujeito se esforça para ser bom, conforme a cristandade o ensinou que devería ser, mais ele alimenta a própria Sombra. E quanto mais ele ignorar os aspectos sombrios de sí mesmo mais força dará a eles, chegando mesmo num momento em que a Sombra pode vir à tona e exigir dele toda sua atenção (VERGUEIRO, 2008). Quando um paciente sai de seu estado de inconsciência defronta-se imediatamente com sua Sombra e deve decidir-se pelo bem, caso contrário estará perdido. O primeiro passo na tarefa da Individuação consiste em diferenciar entre ele e a Sombra. Neste estágio o bem é a meta da Individuação e a figura de Cristo representa o símbolo do si-mesmo (JUNG, 2002, p. 131). Segunda tarefa Despojar-se da persona e saber que ela não é o Si-Mesmo. Isto também significa confrontrar ou a Ânima (nos homens) ou o Ânimus (nas mulheres). O masculino busca autonomia e liberdade enquanto o feminino deseja a comunhão com o outro e a construção de relacionamentos É um procedimento muito doloroso arrancar esses véus, mas cada passo em frente no desenvolvimento psicológico significa apenas isso, o arrancar de um novo véu. Somos como cebolas com muitas peles, e temos que nos descascar de novo e de novo para chegar ao núcleo real (JUNG, 1997/DOUGLAS, 1997 [Ed], p. 54 ). Terceira tarefa Saber ter os momentos de solidão, pois são neles que se pode perceber os conteúdos necessários a serem trabalhados. A Psicologia Analítica também chama esse momento de vivenciar o Arquétipo do Sábio, momento em que adquirimos a sabedoria inata vinda diretamente do inconsciente coletivo. Essa imagem arquetípica também pode ser chamada de Maná (TOFFARELLI, 2018). Quarta tarefa Ampliar a relação com as pessoas, diminuindo as distâncias, não de modo unilateral, para não ser violento com a privacidade delas. Jung lembra que sem o relacionamento com os outros o Processo de Individuação é quase impossível (MOURÃO, 2016). Quinta tarefa Quando a imagem de Deus (imago Dei) se presentifica para o ego, ela o remete ao Processo de Individuação. Ou seja, quando ocorre uma experiência da consciência com o Si-mesmo, essa percepção da Imago Dei pode surgir também através de visões de mandalas, que aparecem espontaneamente durante os sonhos (JUNG, 2002). Isso é um sinal da aproximação do Self. Permitir que isso ocorra, sem fazer força ou pôr empecilhos, é um modo de auxiliar que o Processo de Individuação ocorra de modo mais suave, assim, a quinta tarefa seria desenhar, esculpir, criar, ou seja, ter uma produção artística. A produção lúdica e artística é capaz de liberar grandes quantidades de energia psíquica. CRISE DA MEIA-IDADE De acordo com Scardua (2011), o termo crise da meia-idade foi criado em 1965 pelo psicanalista canadense Elliot Jaques. Esse termo serve para assinalar um período de profunda transformação no ser humano a partir da segunda metade da vida. Suddah (2017) lembra que a pesquisa de Elliot Jaques, denominada A mortee a crise da meia-idade, publicada em 1965, envolveu o estudo do hábito criativo de 310 artistas famosos, observando que a partir dos 30 anos de idade a produção criativa dos mesmos tendia a diminuir. Elliot descobriu que alguns desses artistas entravam em depressão, enquanto outros cometiam suicídio; o autor observou o mesmo padrão em seus pacientes clínicos. É importante atentar para o fato de que as categorias de idade são construções sócio-históricas e sociais. Não é descartado o momento biológico que o indivíduo vivencia, porém, é importante compreender como cada ciclo de vida é vivenciado simbolicamente ao longo da existência. Em termos sociais, em virtude do capital gerar a vida da maioria das pessoas, estamos imersos numa sociedade adultocêntrica, na qual a criança que ainda não produz e o velho que já não produz são considerados de menor importância (ANTUNES & SILVA, 2013). A crise da meia-idade é passível de ocorrer a partir dos 40 anos de idade, podendo se estender até depois dos 60 anos. Nesse momento o sujeito pode desejar começar a valorizar o modo de empregar o tempo pessoal, pois há a consciência da finitude da vida. A culminância será pela busca da estabilidade pessoal e a busca por valorizar-se mais (CARMO et al, 2004). Nessa fase também há a percepção do fim da juventude e o momento em que a velhice começa a se aproximar. É um período em que pode ocorrer algum tipo de abalo emocional e a diminuição da felicidade, podendo evidenciar alguns conflitos familiares. Por outro lado, é importante a aceitação das novas oportunidades que o avanço da idade pode proporcionar e valorizar o amadurecimento e os novos conhecimentos que a vida trás (BURIASCO, 2014). Já outras pessoas conseguem alcançar grandes realizações nessa fase de vida. Além dos novos desafios, podem surgir também novos comprometimentos e uma nova fase emocional. Existem, ainda, alterações no modo de se viver e, em alguns casos, ansiedade pela possibilidade de se tornarem dependentes financeiramente de outras pessoas, em especial dos filhos. Por isso, também, que pode haver uma busca maior pela manutenção da saúde. De qualquer forma, é notável o aumento da ansiedade em relação a sí mesmo e ao futuro, dando vazão a essa angústia ou em novos trabalhos adquiridos ou mesmo no lazer (FERREIRA, 2008). Motta & Paula (2005, p. 20) sugerem que a crise da meia-idade pode surgir em “decorrência da falta de consciência da necessidade de dar vazão ao desenvolvimento psíquico em busca da integração ou totalidade.” Afirmam também que após a conquista de alguns êxitos preconizados pela vida social o ser humano pode começar a se questionar se não há mais nada para almejar. Os referidos autores sugerem que a paz e a harmonia interiores só são alcançados quando se volta para o inconsciente, sondando suas escolhas e as reavaliando. A meia-idade possui características que lhe são próprias, e com isso observam-se algumas mudanças físicas, cognitivas e sociais inerentes ao amadurecimento, tais como: mudanças na aparência, no funcionamento sensor, psicomotor, sexual, reprodutiva e nos sentidos; a sabedoria, a criatividade e capacidade de resolução de problemas práticos estão acentuadas nesta fase, pois o nível de compreensão e o vocabulário tendem a estar mais desenvolvidos; no funcionamento sexual e reprodutivo há o declínio da capacidade reprodutiva afetando homens e mulheres de diferentes maneiras; a busca do sentido da vida assume importância fundamental; tendência ao fortalecimento das amizades, na qual se busca apoio emocional e orientações práticas, sucesso na carreira e ganhos. (CARMO et al, 2004, p. 1). Porém, mesmo com a meia-idade gerando profundos questionamentos no ser, existe uma parcela de pessoas que se sente motivada para lidar com as dificuldades da vida. Esta postura pessoal que alguns trazem consigo gera aquilo que é chamado de auto-aceitação e a busca pelo crescimento pessoal, seja na fase que for. Estas pessoas, mesmo durante a crise da meia-idade, apresentam comportamento gerativo, como se algo as levasse a sempre buscar pelo melhor em si mesmas. Isso pode ocorrer em virtude de as pessoas apresentarem empatia e sociabilidade pessoais, fatores fundamentais para estimular a manutenção psicossocial. Por fim, esses elementos acabam por gerar o autoconhecimento, fator imprescindível para criar o fortalecimento psíquico interno de uma pessoa (QUEROZ & NERI, 2005). No entanto, temos de levar em conta o relativismo dos fatos apresentados. Por exemplo, em 1999 a Fundação MacArthur dos EUA realizou um estudo atestando que menos de 10% da população americana tinha crises relacionadas à sua idade. As crises seriam mais em decorrência de experiências de vida e não da fase cronológica em sí. Claro, esta pesquisa refere-se a um público que vive num país de estabilidade cultural e econômica evidentes, o que mantém a relatividade dos resultados. Ainda, influências socioculturais também são levadas em conta para se verificar possíveis crises. Por exemplo, não existem evidências de que comunidades indígenas sofram crises da meia-idade, pois seus valores sociais são diferentes daqueles considerados em sociedades urbanas (SCARDUA, 2011). Essa idéia também é corroborada por Savaglia (2010), quando sugere que nem todos os homens passam pela crise da meia-idade. Muitos podem continuar operando no ideal de pai e de mãe. Porém, aos que entram na crise, segundo o mesmo autor, vivenciam uma alteração de estruturas importantes na vida. Isso leva o sujeito a lidar de um modo mais sábio com as experiências psíquicas que surgem pelo caminho. A despeito disso, a felicidade é uma busca constante e ela é também a responsável pela produtividade social e a manutenção da saúde de uma pessoa. Deste modo, as políticas públicas de saúde levam cada vez mais em conta a promoção de conceitos como os de qualidade de vida. Alguns países conduzem pesquisas com o objetivo de que políticas públicas possam levar em consideração o bem-estar geral de seu país, como atualmente é levado em conta o PIB e a inflação (SUDDAH, 2017). Jung descreve que essa fase pode ser classificada como um sacríficio onde um modo psicológico já conhecido de existir dá lugar um novo modo mais significativo que leva o sujeito rumo à sua completude. Ainda, a crise também pode ser iniciada quando o indivíduo começa a atuar de modo mais universal na vida, saindo do individual e indo para uma existência mais abrangente. Essa visão de mundo mais abrangente é passível de surgir na metade da vida humana, coincidindo com o período em que surge a crise da meia-idade (SAVAGLIA, 2010). Conhecida pejorativamente como “idade do lobo”, esta crise seria mais uma peça no processo descrito pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung como metanóia (palavra grega que significa mudança) o que se dá a partir da confrontação do indivíduo com o “envelhecer” e, por conseguinte, com a idéia de ser finito (SAVAGLIA, 2010, p. 7). Existe um movimento interno para o encontro consigo mesmo na crise da meia-idade. Jung também chamou isso de a Jornada do Herói, quando o indivíduo sente uma necessidade de fazer algo diferente para si mesmo. Essa necessidade passa a ser mais forte no universo interno por volta dos 35 a 50 anos de idade. Diversas questões começam a ser levantadas nessa fase de vida. A mais importante, talvez, sejam questões relacionadas ao sentido da vida (BREHONY, 1999). O pior é que essa não é uma questão que nos coloquemos ociosamente, por simples curiosidade. Ela brota do âmago de nós mesmos, como um eco que se faz ouvir emanando das profundezas do ser. Geralmente ela vem acompanhada por sentimentos difusos e indefinidos, como insatisfação, sensação de vazio e falta de sentido, tédio e, em casos mais graves, depressão. Da resposta que o sujeito der a toda essa situação caótica em que se vê metido, dependerá a segunda metade da sua vida (BREHONY, 1999, p. 45). Também é possível questionara real origem da crise da meia-idade. Ao cruzarmos saberes diferentes, podemos teorizar que essa crise poderia ter seu germe plantado já na criança que, por diversos fatores, é dissociada de sua essência logo na primeira infância. Via de regra os seres humanos, quando crianças, são tratados em relações Eu-isso, quando deveriam ser tratadas numa relação Eu-Tu (BUBER, 2010). Nessa relação Eu-isso, a essência da criança lhe é turvada quando ela passa a receber limites. O problema não reside no fato de a criança receber esses limites, de modo algum, mas sim no modo como eles são transmitidos. O limite, quando transmitido de modo unilateral e repressivo afasta a criança de seu potencial criativo, levando a uma espécie de separação de seu ego das percepções do Self. Nessa dissociação, a criança poderá gerar um adulto submetido a diversos complexos (JUNG, 2000), sem muita autonomia e predisposto a crises e sintomas desencadeados pela vida em sociedade. Por outro lado, uma criança não reprimida, que foi educada respeitando-se a relação Eu-Tu (BUBER, 2010), poderia iniciar seu Processo de Individuação, quando na fase adulta, sem precisar necessariamente vivenciar a crise da meia-idade. Seria um processo mais confortável e natural. Caso, na família e na escola, as relações construídas com a criança fossem relações Eu-Tu, o início do Processo de Individuação poderia ser mais uma tarefa a ser cumprida pelo ser humano sem a necessidade de passar por uma crise. Ou seja, sendo o Processo de Individuação algo natural no ser humano, ele ocorreria de modo espontâneo e sem causar desordens subjetivas ou objetivas no indivíduo (BUBER, 2010; JUNG, 2013). A relação com o Tu é imediata. Entre o Eu e Tu não se interpõe nenhum jogo de conceitos, nenhum esquema, nenhuma fantasia; e a própria memória se transforma no momento em que passa dos detalhes à totalidade. Entre Eu e Tu não há fim algum, nenhuma avidez ou antecipação; e a própria aspiração se transforma no momento em que passa do sonho à realidade. Todo meio é obstáculo. Somente na medida em que todos os meios são abolidos, acontece o encontro (BUBER, 2010, p. 57). A partir do que foi visto até aqui e, levando-se em consideração a fala dos autores acima citados, podemos desenvolver duas equações que demonstram dois modos possíveis de o Processo de Individuação ocorrer, a partir do que foi vivenciado por um sujeito na primeira infância: Equação A CRI . (Eu-isso) = AD . CMI . (PI) = Individuação = X? Onde: uma criança (CRI) numa relação Eu-isso (Eu-isso) poderá gerar um adulto (AD) que necessariamente vivenciará a crise da meia-idade (CMI) que viverá o Processo de Individução (PI). Esse adulto possui questões de infância mal resolvidas. O Processo de Individuação ocorrerá de fato? E, caso ocorra, que sujeito surgirá disso? Esse é o fator (X) desconhecido. Equação B CRI . (Eu-Tu) = AD . PI = Ego + Self = Totalidade Psíquica Onde: uma criança (CRI) numa relação Eu-Tu (Eu-Tu) poderá gerar um adulto sem complexos significativos, o que poderá levá-lo a vivencar de modo direto (sem necessidade de crises) o Processo de Individução de modo mais dinâmico e sem sofrimento. O produto final será um ser integrado com seu próprio Self (Ego + Self = Totalidade). A CRISE DA MEIA-IDADE E A SUPERAÇÃO ATRAVÉS DO PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO A meia-idade pode levar ao entendimento de que nesse período vive-se de modo mais específico, heterogênio e complexo. No entanto, devemos levar em consideração que existem diversos modos de se vivenciar a meia-idade. A partir disso, surgirão conceitos como adulto padrão e adulto inacabado (ANTUNES & SILVA, 2013). Se por um lado a Psicanálise, por certo tempo, pregava que pessoas muito velhas não eram passíveis de análise, Jung, a partir da Psicologia Analítica, estava interessado nesses pacientes. Ele estava voltado para pessoas mais velhas e seus processos de individuação, pessoas que demonstrassem robustes psíquica, capazes de suportar conflitos e emoções desencontradas. Isto tinha um porquê: somente aquele capaz de organizar os opostos em seu mundo interno conseguria achar uma solução simbólica para eles, realizando o Processo de Individuação (MOTTA & PAULA, 2005). Podemos considerar a compreensão do Processo de Individuação como um auxiliar para ressignificar a crise da meia-idade pelos próprios fundamentos da Psicologia Analítica. Quando discorre sobre o tratamento clínico de seus pacientes, Jung sugere que o fator decisivo para se conseguir auxiliar um paciente é o conhecimento de sua história de vida pessoal. Ele nos lembra que o diagnóstico é útil, dá um norte para começarmos a compreender a doença do paciente, mas apenas parte dela. Conhecer a vida do paciente, seus sofrimentos emocionais, suas vontades e desejos é fundamental para que o terapeuta consiga auxiliar no processo de cura. Esse é o grande diferencial da Psicologia Analítica, e um de seus fundamentos enquanto instrumento de cura da alma humana (STEVENS, 2012). O Processo de Individuação é um evento último para o sujeito e que precisa de circunstâncias específicas para ocorrer na mente consciente. Podemos supor que ele seja um primeiro passo de um longo caminho na busca pela própria evolução, uma evolução que deve ser trilhada pela humanidade do futuro (JUNG, 2000). E ele ocorre durante a meia-idade por que é nessa época da vida que a psique realiza esforços no intuito de mudar o centro da personalidade, tentando levar esse centro pra um meio-termo entre o inconsciente e o consciente (AMORIM, 2004). [...] observo cada vez mais que se confunde o Processo de Individuação com o processo de tornar-se consciente, e que o ego é, conseqüentemente, identificado com o Self, o que naturalmente acarreta uma irremediável confusão entre os conceitos, pois com isto a Individuação se transforma em mero egocentrismo e auto-erotismo. Ora, o Self compreende infinitamente muito mais do que apenas o ego, como no-lo mostra o simbolismo desde épocas imemoriais: significa tanto o Self dos outros, ou os próprios outros, quanto o ego. A individuação não exclui o mundo; pelo contrário, o engloba (JUNG, 2000, p. 83). A crise da meia-idade pode ser superada através do Processo de Individuação em virtude das mudanças que a Psicologia proporciona na mente consciente. O Processo e Individuação faz a consciência tomar conhecimento de conteúdos inconscientes, levando a mente a desenvolver-se. Quando os elementos inconscientes são assimilados pelo ego, a transformação se opera. O grande problema é conseguir descrever em palavras o modo como é essa transformação. As mudanças são drásticas e podem mesmo criar sérias perturbações psicopatológicas. As descrições mais próximas desses eventos estão no campo da psicopatologia, onde podem ocorrer desde dissociações, passando por expressões esquizofrênicas e, em alguns casos, dissolução do ego. No caminho inverso teremos a possibilidade de integrações patologócias, onde podem ocorrer expressões descontroladas de conteúdos do inconsciente ou da consciência (JUNG, 2000). As facilidades que o Estado e a vida em grupo proporciona também é responsável por tirar das pessoas tudo aquilo que torna a vida melhor. A vida em grupo cria um ser humano dependente, impedindo as pessoas a olharem para si mesmas, por mais doloroso que seja. Todos falam das vantagens da vida em grupo, no entanto, se recusam a falar das desvantagens, pois se assim fosse, teriam, necessariamente, de dedicar-se à questão da própria Individuação (JUNG, 2013). O adulto médio, a partir de suas crises, “de repente viu que o que antes significava para ele progresso e satisfação não passa de engodo, restos de ilusão infantil”. Ele já não tem mais as promessas que o tempo adiante poderia lhe dar. Essa crise é originária do problema da harmonização dos opostos, algo do qual os jovens ainda estão longe de se deparar. Esse adulto só pode sentir desencanto e inveja dos que ficam para trás, pois a perspectivada velhice só pode lhe proporcionar o fim de suas próprias ilusões (JUNG, 2012, p. 72, § 90). Eventos traumáticos podem exigir da pessoa que ela realize profundas mudanças em sí que podem envolver desde a carreira, como a aparência e o relacionamento com outras pessoas (MAIS BASES, 2013). A superação da crise da meia-idade pode ser iniciada quando o sujeito entende quem ele é e busca por expressar essa essência que agora ele conhece. Ou seja, é necessário olhar direto para o inconsciente, pois somente a própria essência de uma pessoa é capaz de curá-la de uma crise desse porte (ALMEIDA, 2014). Esses fatores que facilitam a superação da crise da meia-idade são muito semelhantes aos fatores encontrados como características do Processo de Individuação. Tanto a crise da meia-idade quanto o Processo de Invididuação podem ser entedidos como um um único e mesmo evento, sendo apenas compreendidos de modos diferentes, de acordo com visões específicas. No entanto, por percebermos isso, podemos usar o Processo de Individuação como uma ferramenta tanto para tratar as crises que um cliente possa trazer para o consultório quanto, em paralelo, para auxiliá-lo a encontrar sua totalidade psíquica. Segundo Shamdasani (2011) se a pessoa que está na crise da meia-idade permitir que o Processo de Individuação ocorra, poderá deixar de lado um tipo de pensamento unilateral e fará com que seu complemento inconsciente se iguale. O referido autor lembra que para Jung o pensamento unilateral é a principal característica da mente neurótica, que ainda está privada de sua completude. Assim, é a partir do Processo de Individuação que se consegue atingir a objetividade psíquica, mesmo que seja durante eventos de crises na meia-idade. CONSIDERAÇÕES FINAIS A ideia de uma crise de meia-idade foi bem aceita de quando de seu surgimento nos anos 60 do século XX. Ao longo das décadas seguintes, porém alguns estudos tem colocado em xeque tal conceito, sugerindo a que crise da meia-idade não está necessariamente vinculada à idade, mas sim a eventos pessoais. No entanto não podemos negar que uma parcela significativa da população ocidental está passando por essa crise. Especialmente quando percebe o declínio das capacidades e oportunidades que a juventude lhe proporcionava. Fica em aberto algumas questões vistas ao longo deste estudo. A crise da meia-idade ocorre em comunidades indígenas e em tribos de aborígenes? As populações com alto grau de práticas religiosas e/ou espirituais, como as da Índia e de algumas regiões da África, passam pela crise da meia-idade? Seria o Self o desencadeador da crise? O que deseja o Self ao fazer um ego viver a crise da meia-idade? Para quê ela ocorre? Qual a finalidade de um indivíduo tonar-se um ser Individualizado? Segundo a Psicologia Junguiana a crise da meia-idade pode ser superada se o sujeito optar olhar para os seus potenciais realizadores que são essencialmente subjetivos. Ao longo deste estudo isso fica claro na fala tanto de Jung quanto de autores que vieram depois dele. A ideia sempre é a mesma: entregar-se às exigências do Self para que ele conduza o Processo de Individuação. Somente o Self tem capacidade de conduzir de modo seguro seu processo de tomada de consciência. Porém, esse processo ainda é percebido como uma crise, mas que em essência é um sinal (e não um sintoma) de evolução da consciência. Se formos colocar em palavras a relação do Processo de Individuação com a crise da meia-idade, teremos a seguinte teoria: o Self, instância (talvez) autoconsciente e (talvez) independente do ego/persona, leva o ego a vivenciar uma espécie de crise para que ele, o Self, possa se manifestar nesta realidade de modo mais completo. A isso Jung chamou de completude – tornar-se um ser completo ou integral. O Self precisa do ego para, através dele, o ego, manifestar-se e ter as experiências que a realidade da 3º dimensão podem lhe proporcionar. No entanto, um ego estabilizado, estagnado, não permite uma manifestação plena do Self nesta realidade. Desse modo, cabe ao Self iniciar o Processo de Individuação do ego, que, para nossos conceitos, é um processo entendido como uma crise. Levando os conceitos e estudos de Carl Jung às últimas consequências, não é uma crise, mas sim um processo de evolução gigantesco da consciência humana que, muitas vezes, é impedido de acontecer por sentimentos de medo, insegurança além da educação para promover o impedimento de eventos internos que não são compreendidos. Nesse estudo, alguns autores lembraram que o Processo de Individuação não é um caminho seguro ou que ofereça garantias, pois permitir que ele ocorra pode levar o individuo a, necessariamente, afastar-se do conforto da vida quotidiana. É um caminho que pode, até mesmo, criar algumas possíveis identificações exageradas com alguns arquétipos, o que pode levar o sujeito a desorganizar-se de algum modo. O contexto de vida individual deve ser bem estudado e debatido antes de se tocar no tema Individuação com um cliente na clínica junguiana, lembrando que o objetivo do terapeuta junguiano é auxiliar que esse processo ocorra do modo mais saudável e natural possível. O processo também pode tornar-se indesevável porque ele implica necessariamente em deixar de lado todas as ilusões que foram construídas ao longo da vida. Implica, ainda, em fazer com que o ego dê lugar à verdadeira essência do Eu, dê lugar ao Si-mesmo e isso aciona, muitas vezes, o medo interno de deixar de existir. Isso é mais uma característica da crise da meia-idade que está gerando seus sintomas. Medo de deixar de existir e algumas alterações psicossomáticas podem ser sinais (e não sintomas) de um Self comunicando ao ego que ele precisa apenas permitir que ocorra a aderência das outras partes da psiquê que, por muito tempo, ficaram inconscientes. O medos vão existir sempre, pois somos treinados para sentir isso todas as vezes que o inconsciente tenta se comunicar com o consciente. É um modo de impedir que o ser humano comum se abra para os potenciais desconhecidos de seu Self. Naturalmente que esses medos são infundados, pois uma vez iniciado o Processo de Individuação, o que se consegue é uma ampliação da manifestação do Si-mesmo no dia-a-dia. É por causa desse medo, do desconhecido criador que há dentro do ser humano, que desconhece o seu inconsciente e o que há nele, que tantas pessoas recusam e impedem, sem o saber, o encontro com o próprio Self. Por isso que tão poucas pessoas se Individualizam. E também é por isso, por fim, que a atual humanidade ainda não conseguiu encontrar o Cristo interno. Foi este arquétipo que respondeu à "mensagem" de cada alma, de modo que o Rabi Jesus concreto foi assimilado, num brevíssimo espaço de tempo, pelo arquétipo constelado. Cristo realizou, portanto, a idéia do Si-mesmo. Como nunca podemos discernir empiricamente em que consiste um símbolo do Si-mesmo, nem o que é uma imagem de Deus, estas duas idéias aparecem sempre misturadas, apesar das tentativas no sentido de diferenciá-las; p. ex., o Si- mesmo, enquanto sinônimo do Cristo interior, joanino ou paulino, e o Cristo enquanto Deus (consubstancial ao Pai) ou o Atman, enquanto etapa do Si-mesmo individual e essencial do cosmos, ou o Tao, enquanto estágio individual e processo correto dos acontecimentos universais. Psicologicamente, a esfera do "divino" começa imediatamente do outro lado da consciência, onde o homem se acha entregue ao risco da instância natural. Ele designa os símbolos da totalidade que daí provém com diversos nomes, conforme as épocas e os lugares (JUNG, 1979, p. 24, § 231). [...] a individuação é um "mysterium coniunctionis" [mistério de unificação], dado que o si- mesmo é percebido como uma união nupcial de duas metades antagônicas e representado como uma totalidade composta, nos mandalas que se manifestam espontaneamente (JUNG, 1998, p. 72, § 115). Como a individuação significa uma tarefa heróica outrágica, isto é, uma missão dificílima, ela implica o sofrimento, a paixão do ego, ou seja, do homem empírico, do homem comum, atual, quando entregue a um domínio mais amplo e despojado de sua própria vontade, que se julga livre de qualquer coação. Ele é como que violentado pelo Si-mesmo. Em face disto, a paixão analógica do Cristo significa que Deus sofre com a injustiça do mundo, com as trevas que envolvem o homem. O sofrimento do homem e o sofrimento de Deus formam uma complementaridade, da qual resulta um efeito compensador: graças ao símbolo, o homem pode conhecer o verdadeiro sentido de seu sofrimento: ele sabe que está a caminho de realizar sua totalidade, mediante a seu ego é introduzido na esfera do "divino" como conseqüência da integração do inconsciente na consciência. Ele toma então parte no "sofrimento de Deus", cuja origem é a "Encarnação", isto é, aquele acontecimento que do lado humano corresponde à Individuação (JUNG, 1979, p. 25, § 233). REFERÊNCIAS Academy of Ideias. Carl Jung: O que é o processo de individuação? 2017. Disponível em http://academyofideas.com/2017/10/carl-jung-what-is-the-individuation-process/ Acessado em 02 de Maio de 2018. ALMEIDA. 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Imago-Dei – Imagem de Deus. conceito e doutrina teológica do judaísmo. Inconsciente Coletivo – A herança psíquica comum a todos nós. Individuação – Processo pelo qual uma parte do todo se torna progressivamente mais distinta e independente, diferenciando-se do todo em uma parte cada vez mais independente, consciente e livre. Persona – Personalidade que o indivíduo apresente aos outros como real, mas que, na verdade, é uma variante às vezes muito diferente da essência desse sujeito. Self – É a totalidade da psique. Também chamado de Si-Mesmo. Si-Mesmo – Tanto arquiteto quanto construtor da estrutura dinâmica que dá suporte a nossa existência psíquica durante toda a vida. Sincronicidade – Caracterizada como uma coincidência no tempo de dois ou mais eventos causalmente desvinculados, que têm o mesmo significado ou significado semelhante. Imagem de capa: Mandala de Jung no Liber Novus (Livro Vermelho). Contato com o autor: psi.jose.alberto@outlook.com
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