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Manual Caseiro - Direito Penal I 2019

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Atualizado conforme: 
 
Lei 13.769/2018 - altera o CPP para estabelecer a substituição da 
prisão preventiva por prisão domiciliar da mulher gestante ou que for 
mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência. 
 
 Lei 13.721/2018 - altera o CPP para estabelecer prioridade à 
realização do exame de corpo de delito nos crimes de violência contra 
mulher, criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
 
Lei 13.718/2018 – alteração a espécie de ação penal nos crimes 
contra a dignidade sexual. 
 
Lei 13.641/2018 - tipifica o crime de descumprimento de medidas 
protetivas de urgência. 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
de 
 
Processo Penal I 
 
 
 
Edição 2019.1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual Caseiro 
 
 
 
 
Edição 2019. I 
Direito Penal I de 
 
Atualizado conforme: 
Lei 13.715/2018 - trata da perda do poder famíliar. 
 
 
 
 
1 
1 
Sumário 
Conteúdo 01: Introdução ao Direito Penal .................................................................................................................. 2 
Conteúdo 02: Princípios Gerais do Direito Penal ...................................................................................................... 20 
Conteúdo 03: Princípios Gerais do Direito Penal ...................................................................................................... 46 
Conteúdo 04: Eficácia da Lei Penal no Tempo ......................................................................................................... 61 
Conteúdo 05: Eficácia da Lei Penal no Espaço ......................................................................................................... 83 
Conteúdo 06: Lei penal em relação as pessoas .......................................................................................................... 98 
Conteúdo 07: Substratos do Crime .......................................................................................................................... 120 
Conteúdo 08: Conduta ............................................................................................................................................. 135 
Conteúdo 09: Culpabilidade .................................................................................................................................... 148 
Conteúdo 10: Erro de Tipo ...................................................................................................................................... 165 
Conteúdo 11: Resultado e Nexo Causal .................................................................................................................. 181 
Conteúdo 12: Relação de causalidade nos Crimes Omissivos ................................................................................ 197 
Conteúdo 13: Excludentes da Ilicitude .................................................................................................................... 210 
Conteúdo 14: Iter Criminis ...................................................................................................................................... 224 
Conteúdo 15: Concurso de Pessoas ......................................................................................................................... 245 
Conteúdo 16: Prescrição .......................................................................................................................................... 260 
Conteúdo 17: Teoria Geral da Pena ......................................................................................................................... 280 
Conteúdo 18: Sursis ................................................................................................................................................. 333 
Conteúdo 19: Concurso de Crimes .......................................................................................................................... 340 
Conteúdo 20: Medida de Segurança ........................................................................................................................ 347 
Conteúdo 21: Efeitos da Condenação ...................................................................................................................... 354 
Conteúdo 22: Reabilitação ....................................................................................................................................... 360 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
2 
DIREITO PENAL I – PARTE GERAL 
 
Conteúdo 01: Introdução ao Direito Penal 
 
1. DIREITO PENAL: CONCEITO 
O direito penal pode ser conceituado por diversos aspectos: aspecto formal/estatístico, aspecto material e aspecto 
sociológico. 
A) ASPECTO FORMAL/ESTÁTICO: direito penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos 
humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem aplicadas. 
B) ASPECTO MATERIAL: direito penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou 
danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da 
sociedade. 
C) ASPECTO SOCIOLÓGICO/DINÂMICO: direito penal é mais um instrumento de controle social, visando 
assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade. 
Aprofundando o enfoque sociológico 
- A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes. Para se manter a 
ordem social necessita-se de normas no Ordenamento Jurídico. 
- Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais). Desse 
modo, violadas as normas de condutas deve o sujeito submeter-se as sanções, as quais servem para restaurar a paz 
social. 
Atenção: Nessa tarefa de controle social, atuam vários ramos do direito, e o direito penal só atua em determinadas 
situações, pois possui caráter subsidiário, em observância ao princípio da intervenção mínima. 
- Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa por parte do 
Estado, valendo-se do Direito Penal. 
O direito penal só será convocado quando o bem jurídico for de maior relevância, em consonância ao princípio da 
intervenção mínima. Nessa esteira, que diferencia a norma penal das demais normas é a espécie de consequência 
jurídica (pena privativa de liberdade) prevista para hipótese de seu descumprimento. 
Aspecto formal ou estático Aspecto material Aspecto sociológico 
Direito Penal é um conjunto de 
normas que qualifica certos 
comportamentos humanos como 
Direito Penal refere-se a 
comportamentos considerados 
altamente reprováveis ou danosos 
Direito· Penal é mais um 
instrumento de controle social de 
comportamentos desviados (ao lado 
 
 
 
 
3 
3 
infrações penais (crime ou 
contravenção), define os seus 
agentes e fixa as sanções (pena ou 
medida de segurança) a serem-lhes 
Aplicadas. 
ao organismo social, afetando bens 
jurídicos indispensáveis à sua 
própria conservação e progresso. 
dos outros ramos, como 
Constitucional, Civil, 
Administrativo. Comercial, 
Tributário, Processual, etc.), 
visando assegurar a necessária 
disciplina social, em como a 
convivência harmônica dos 
membros do grupo. 
 
Candidato, você sabe a distinção entre “direito penal, criminologia e ciência criminal”? 
Direito Penal Criminologia Ciência Criminal 
→Analisa se os fatos humanos 
indesejados, define quais devem 
ser rotulados como crime, ou 
contravenção penal, anunciando as 
penas. 
→ Ocupa-se do crime enquanto 
norma. 
→Exemplo: define como crime 
lesão no ambiente doméstico e 
familiar. CP e 11.340/2006. 
→Ciência empírica que estuda o 
crime, o criminoso, a vítima e o 
comportamento da sociedade; 
→Ocupa-se do crime enquanto 
fato; 
 
→Exemplo: quais os fatores 
contribuem para a violência 
doméstica e familiar. 
→ Trabalha as estratégias e meios 
de controle social da criminalidade; 
→Ocupa-se do crime enquanto 
valor; 
→Exemplo: estuda como diminuir 
a violência domestica e familiar. 
 
 
2. MISSÃO DO DIREITO PENAL 
Na atualidade, a doutrina divide a missão do Direito Penal em: missão mediata e missão imediata. Nessa 
esteira, questiona-se: qual a missão mediata do direito penal e a missão imediata? 
2.1 MISSÃO MEDIATA: como função mediata o direito penal busca o controle social e limitação ao Poder de Punir 
do Estado. Serve para controlar comportamentos humanos, e por outro lado, limitar o próprio Poder do Estado. 
Assim, “se de um lado o Estado controla o cidadão impondo-lhe limites, de outro lado, é necessário também limitar 
o seu próprio poder de controle, evitando excessos (hipertrofia da punição)”. 
Em síntese: 
 
 
 
 
Missão mediata do Direito Penal 
 
- controle social 
- limitação do poder de punir. 
 
 
 
 
 
4 
4 
2.2 MISSÃO IMEDIATA: 
No tocante a missão imediata a doutrina diverge. 
1ª Corrente: a missão imediata do direito penal é proteger bens jurídicos mais importantes para a convivência em 
sociedade (Roxin – Funcionalismo Teleológico). 
É a corrente que prevalece!!! 
2ª Corrente: a missão imediata do direito penal é assegurar o Ordenamento Jurídico, a vigência da norma (Jakobs – 
Funcionalismo sistêmico). 
Dessa forma, temos que para uma corrente a missão é proteger bens jurídicos, já para outra, é assegurar o 
ordenamento jurídico, ou seja, a vigência das normas. 
Missão Imediata do Direito Penal 
1ª Corrente 2ª Corrente 
Proteção de bens jurídicos. Assegurar a vigência das normas no Ordenamento 
jurídico. 
Defensor: Roxin. Defensor: Jakobs. 
 
3. DIREITO PENAL: CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA 
A) DIREITO PENAL SUBSTANTIVO X DIREITO PENAL ADJETIVO 
O direito penal substantivo, corresponde ao direito penal material, leia-se, crime/pena. Por outro lado, o 
direito penal adjetivo corresponde ao processo penal, ou seja, processo/procedimento (direito processual penal). 
Cumpre destacar que a referida classificação resta ultrapassada, posto que atualmente o direito penal processual 
penal existe como ramo autônomo. 
Assim, o que era tido como direito penal adjetivo, hoje se refere ao direito processual penal. 
Direito penal substantivo Direito penal adjetivo 
O direito penal material também denominado de 
direito penal substantivo corresponde ao direito penal 
propriamente dito, são as leis penais. 
 
O direito penal formal também é conhecido como 
direito penal adjetivo, são as leis processuais penais, é 
o processo penal. 
Direito Penal Material (crime e pena); Direito Processual Penal; Cumpre destacar que trata-se 
de visão ultrapassada, pois atualmente há autonomia 
entre as matérias). 
 
B) DIREITO PENAL OBJETIVO X DIREITO PENAL SUBJETIVO 
O direito penal objetivo traduz o conjunto de leis penais vigentes no ordenamento jurídico. 
 
 
 
 
5 
5 
O direito penal subjetivo, por sua vez, traduz o direito de punir do Estado. Refere-se a capacidade que o 
Estado tem de fazer cumprir suas normas. 
- Direito penal subjetivo positivo: capacidade de criar e executar normas penais. 
- Direito penal subjetivo negativo: poder de derrogar preceitos penais ou restringir seu alcance, por exemplo, 
a atuação do STF no controle de constitucionalidade. 
CUIDADO! O DIREITO DE PUNIR ESTATAL NÃO É ABSOLUTO, INCONDICIONADO ou ILIMITADO, 
POSSUINDO LIMITAÇÕES. 
LIMITES DO DIREITO DE PUNIR ESTATAL: 
1. Quanto ao MODO: o direito de punir estatal deve respeitar direitos e garantias fundamentais. 
Como bem explica Canotilho, mesmo nos casos em que o legislador se encontre constitucionalmente 
autorizado a editar normas restritivas, permanecerá vinculado à salvaguarda do núcleo essencial dos direitos, 
liberdades e garantias do homem e do cidadão. 
2. Quanto ao ESPAÇO: em regra, aplica-se a lei penal aos fatos praticados no território nacional, trata-se do princípio 
da territorialidade. 
Nesse sentido, dispõe o art. 5º, C.P. - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras 
de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. 
3. Quanto ao TEMPO: o direito de punir não é eterno, em virtude disto é que existe a prescrição (limite temporal ao 
direito de punir ou executar a pena pelo Estado). 
O direito de punir é monopólio do ESTADO, ficando proibida a Justiça Privada, ou seja, a justiça realizada 
pelas próprias mãos, que poderá, inclusive, caracterizar o crime de exercício arbitrário das próprias razões. 
“Paulo César Busato bem lembra que o Estado não é absolutamente livre para fazer uso desse poder de 
castigar através de emprego da lei. Sua tarefa legislativa, e de aplicação da legislação, encontram-se limitadas por 
uma série de balizas normativas formadas por postulados, princípios e regras, tais como a legalidade, a 
necessidade, a imputação subjetiva, a culpabilidade, a humanidade, a intervenção mínima, e todos os demais 
direitos e garantias fundamentais como a dignidade da pessoa humana e a necessidade de castigo”. 
ATENÇÃO: O direito de punir é monopólio do Estado, ficando proibida a justiça privada, sob pena de configurar o 
crime de exercício arbitrário das próprias razões. 
 O anúncio do monopólio é seguido da criação de um crime, qual seja o delito de exercício arbitrário das 
próprias razões (art. 345, CP). 
 
 
 
 
6 
6 
CP: Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o 
permite. 
 
Há um caso que o Estado tolera a punição privada paralela à punição estatal: ESTATUTO DO ÍNDIO (art. 57 da 
Lei nº 6001/73). 
Art. 57. Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou 
disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso 
a pena de morte. 
Nesse caso, o Estado tolera a punição privada, que será executada paralelamente a do Estado. 
#TPI – Tribunal Penal Internacional seria exceção ao monopólio do direito de punir do Estado? 
“Estatuto de Roma - Artigo 1º - O Tribunal - É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional 
("o Tribunal"). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas responsáveis pelos 
crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar às 
jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente Estatuto.” 
Referido dispositivo consagrou o PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIEDADE, segundo o qual, o TPI será 
chamado a intervir somente se e quando a Justiça repressiva interna falhar, se tornar omissa ou insuficiente. 
Assim, o TPI é complementar, não substituindo a jurisdição nacional, de modo que não representa exceção 
à exclusividade do Direito de Punir do Estado. 
C) CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA X CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA 
Candidato, o que significa criminalização primária e criminalização secundária? 
Criminalização primária diz respeito ao poder de criar a lei penal e introduzir no ordenamento jurídico a 
tipificação criminal de determinada conduta. 
Noutra banda, criminalização secundária atrela-se ao poder estatal para fazer aplicar a sanção penal 
introduzida no ordenamento jurídico, com a finalidadede coibir determinados comportamentos antissociais. 
Criminalização primária Criminalização secundária 
A criminalização primária diz respeito ao poder de 
criar a lei penal e introduzir no ordenamento jurídico a 
tipificação criminal de determinada conduta. 
A criminalização secundária, por sua vez, atrela-se ao 
poder estatal para aplicar a lei penal introduzida no 
ordenamento com a finalidade de coibir determinados 
comportamentos antissociais. 
 
 
 
 
 
7 
7 
 
D) DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA X DIREITO PENAL PROMOCIONAL/POLÍTICO. 
Direito Penal de Emergência Direito penal promocional 
Atendendo as demandas de criminalização, o Estado 
cria normas de pressão ignorando as garantias do 
cidadão. 
O Estado, visando a consecução dos seus objetivos 
políticos, emprega leis penais desconsiderando o 
princípio da intervenção mínima. 
E qual é a finalidade? A finalidade é devolver o 
sentimento de tranquilidade para a sociedade. 
E qual é a finalidade? A finalidade é usar o direito 
penal para transformação social. 
Exemplo: lei dos crimes hediondos – influenciado pela 
pressão da mídia. 
Exemplo: o Estado criando contravenção penal de 
mendicância (revogada) com o intuito de acabar com 
os mendigos ao invés de melhorar as políticas 
públicas. 
 
No direito penal de emergência a sociedade clama pela criminalização de uma determinada conduta. 
Assim, o Estado no intuito de gerar um sentimento de tranquilidade para os cidadãos, respondendo ao seu clamor, 
tipifica crimes, ignorando, muita vezes, as garantias do cidadão. Foi o que aconteceu com o advento da Lei de Crimes 
Hediondos. 
No direito penal promocional, por sua vez, o Estado cria leis penais para conseguir seus objetivos, foi o 
que aconteceu com a tipificação da conduta de mendicância, revogada em 2009. A ideia era que com a tipificação 
da conduta, pudesse acabar com os mendigos ao invés de melhorar políticas públicas. 
Por fim, no Direito penal simbólico a lei nasce sem qualquer eficácia jurídica ou social. Ex.: lei penal 
proibindo que os pais deem palmadas nos seus filhos. (Lei menino Bernardo). 
4. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL 
A ideia de velocidades do direito penal foi idealizada por Silva Sánchez, e trabalha com o tempo que o Estado 
leva para punir o autor de uma infração penal mais ou menos severa. 
1ª. VELOCIDADE: Enfatiza infrações penais mais graves, punidas com pena privativa de liberdade, exigindo 
procedimento mais demorado, observando todas as garantias penais e processuais. 
LOGO: Infração mais grave, com pena severas + procedimento mais demorado + observância de todas as garantias. 
 
2ª. VELOCIDADE: Flexibiliza direitos e garantias fundamentais, possibilitando punição mais célere, mas, em 
contrapartida, prevê penas alternativas. 
LOGO: crimes menos graves, com penas alternativas + procedimento célere + flexibilizando garantias. 
 
3ª. VELOCIDADE: Mescla a 1ª velocidade e a 2ª velocidade. 
 
 
 
 
8 
8 
Defende a punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1º velocidade), e mesmo assim permite, 
para determinados crimes, a flexibilização de direitos e garantias constitucionais (2º velocidade). LOGO: Crimes 
graves, com penas severas → processo flexibilizando garantias. 
1ª velocidade 2ª velocidade 3ª velocidade 
Ampla garantia de direitos + 
possibilidade de aplicação de penas 
privativas de liberdade. 
Flexibilização de garantia de 
direitos + possibilidade de 
aplicação de penas alternativas. 
Redução de garantias + penas 
privativas de liberdade. Ex.: Direito 
Penal do Inimigo. Denota-se que 
misturam-se características da 
primeira e segunda velocidade. 
Pena privativa de liberdade Penas alternativas Pena privativa de liberdade 
Processo garantista Procedimento flexibilizado Procedimento flexibilizado. 
 
DIREITO PENAL DE 4º VELOCIDADE 
Candidato, o que se entende por “direito penal de quarta velocidade”? 
Excelência, hoje temos doutrina anunciando a 4ª (quarta) velocidade do Direito Penal, ligada ao Direito 
Penal Internacional, mirando suas normas proibitivas contra aqueles que exercem (ou exerceram) chefia de Estados 
e, nessa condição, violam (ou violaram) de forma grave tratados internacionais de tutela de direitos humanos. Para 
tanto, foi criado, pelo Estatuto de Roma, o Tribunal Penal Internacional. Trata-se da primeira instituição global 
permanente de justiça penal internacional, com competência para processar e julgar crimes que violam as obrigações 
essenciais para a manutenção da paz e da segurança da sociedade internacional em seu conjunto. 
Em síntese: trata-se da atuação do Tribunal Penal Internacional (TPI), que tem competência para apurar 
crimes de lesa-humanidade (genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e de agressão). 
#QUARTAVELOCIDADEDODIREITOPENAL (tem esse agora também?!) 
Em continuação a teoria das velocidades do Direito Penal, apresentada por Jesús-Maria Silva Sánchez e do Direito 
Penal do Inimigo – rotulado como a “terceira velocidade do Direito Penal” – de Günther Jakobs, o argentino Daniel 
Pastor desenvolve o neopunitivismo, também conhecido como a quarta velocidade do Direito Penal (Direito Penal 
Esquematizado, Cleber Masson). 
O direito penal de quarta velocidade ignora os princípios da reserva legal, bem como, o princípio da anterioridade, 
isso porque o crime é criado após o fato ter sido praticado. 
Além disso, é um direito penal aplicado por Tribunais de Exceção (vedado pela CF) – Ad Hoc: criado após o fato 
ser praticado e para julgar um fato determinado. Ademais, viola o sistema acusatório. 
5. FONTES DO DIREITO PENAL 
 
 
 
 
9 
9 
Fonte é o lugar de onde vem e como se exterioriza o Direito Penal. 
A) FONTE MATERIAL é a fonte de produção da norma, órgão encarregado de criar o direito penal. 
Nos termos do artigo 22 da Constituição Federal, o órgão encarregado de criar direito penal é a UNIÃO. Só 
a União pode criar Direito Penal. 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, 
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho. 
IMPORTANTE! Inobstante a competência para legislar sobre direito penal seja da União, conforme proclama o art. 
22, I, da CF, a Lei complementar pode autorizar o Estado a legislar sobre matéria específica de direito penal. 
Art. 22, parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das 
matérias relacionadas neste artigo. 
Candidato, qual é a fonte material do direito penal? Excelência, via de regra a fonte material do direito penal é a 
União. As exceções, por sua vez, estão igualmente previstas na Constituição, conforme o parágrafo único, os Estados 
podem legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas por meio de Lei Complementar. 
→Fonte material: União (Art. 22, da CF): regra. 
→Fonte material: Estados, por meio de lei complementar. 
E quais são os requisitos para essa regulamentação? Conforme o art. 22, parágrafo único da Constituição: 
a) Deve se tratar de matéria especifica daquele Estado; 
b) É necessário ainda autorização da União por meio de Lei Complementar. 
 
B) FONTE FORMAL é o instrumento de exteriorização do direito penal. O modo como as regras são reveladas. 
Trata-se de uma fonte de conhecimento/cognição. 
As fontes formais podem ser imediata ou mediata. 
 
Fonte formal (doutrina clássica) Fonte formal (doutrina moderna) 
Imediata: 
 
- LEI. 
Imediata: 
 
1. Lei; 
2. Constituição Federal; 
3. TIDH; 
4. Jurisprudência; 
 Súmulas; 
5. Princípios 
 
 
 
 
10 
10 
6. Atos administrativos que complementa norma penal 
embranco; 
Mediata: 
 
- Costumes; 
- Princípios gerais do direito. 
Mediata: 
 
- Doutrina 
(E os costumes?) 
 
 
→LEI 
A lei constitui-se em fonte formal imediata, sendo o único instrumento normativo capaz de criar crimes e 
cominar penas. 
Única fonte incriminadora. 
As demais fontes não irão criar crimes e nem cominar penas. 
 
→ CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
De acordo com a teoria moderna, a Constituição Federal também é fonte formal imediata, todavia, a 
Constituição Federal não cria crimes, e nem comina penas. 
Questiona-se: se a CF é superior à lei, porque ela não pode criar infrações penais ou cominar sanções? (Tema cobrado 
na Fase Oral do Concurso MPSP). 
Resposta: Em razão de seu processo moroso e rígido de alteração. 
Embora a Constituição não possa criar crime e cominar pena, ela determina postulados de incriminalização, 
denominados de mandados de criminalização. 
“Muito embora não possa criar infrações penais ou cominar sanções, a C.F nos revela o Direito Penal 
estabelecendo patamares mínimos (mandado constitucional de criminalização) abaixo dos quais a intervenção 
penal não se pode reduzir)”. 
Exemplo1: Art. 5º, XLII, CF – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à 
pena de reclusão, nos termos da lei. 
Refere-se aos patamares mínimos, que o legislador deve observar no momento que for tipificar a conduta. 
Exemplo2: Art. 5º. XLIV - Constitui-se crime inafiançável e imprescritível (patamares mínimos) a ação de 
grupos armados, civis ou militares, contra ordem constitucional e o Estado Democrático. 
 
 
 
 
11 
11 
Questiona-se: Existem mandados constitucionais de criminalização implícitos? 
(Tema cobrado no Concurso MP/GO). 
De acordo com a doutrina majoritária existem mandados de criminalização implícitos, com a finalidade de 
evitar proteção deficiente do Estado. 
Exemplo: o legislador não poderia retirar o crime de homicídio do ordenamento jurídico, porque a CF de 
88 garante o direito a vida. Assim, o direito a vida configura como mandado constitucional de criminalização 
implícito, razão pela qual não se pode abolir o delito de homicídio. 
Com base nesse mandado implícito, ou seja, direito a vida, questiona-se a legalização do aborto, já que o 
direito a vida abrange o direito a vida intrauterina e extrauterina. 
#Mandados de criminalização ou mandados constitucionais de criminalização. 
São ordens emitidas pela CF ao legislador ordinário, no sentido da criminalização de determinados comportamentos. 
O legislador estaria obrigado. Não há discricionariedade. Eles podem ser expressos (a ordem está explícita no texto 
constitucional. Ex.: art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de 
reparar os danos causados e art. 5º, XLII a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à 
pena de reclusão, nos termos da lei) ou tácitos (a ordem é retirada da harmonia, do espírito de todo o texto da CF. 
Ex.: combate à corrupção no poder público. Foi falado pelo STF no caso do mensalão). 
→TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS 
Os tratados internacionais de direitos humanos constitui-se em fonte formal imediata e podem ingressar no 
nosso ordenamento jurídico com dois status. 
(!) Status de norma constitucional, se aprovados com quórum de emenda (3/5, 2 casas, 2 turnos), ou com (!) 
status infraconstitucional mas supralegal quando aprovados com quórum comum. 
 
 
 
 
 
12 
12 
ATENÇÃO: respeitável corrente doutrinária se posiciona no sentido de que os tratados, versando sobre direitos 
humanos (e somente eles), uma vez subscritos pelo Brasil, se incorporam automaticamente e possuem (sempre) 
caráter constitucional, a teor do disposto nos §§1º e §§2º, do art. 5º, da CF (Flávia Piovesan). 
Questiona-se: Os tratados internacionais de direitos humanos podem criar tipos penais para o ordenamento interno? 
CUIDADO: Importante esclarecer que os tratados e convenções não são instrumentos hábeis à criação de crimes ou 
cominação de penas para o direito interno (apenas para o direito internacional). Assim, antes do advento das Leis nº 
12.694/12 e 12.850/13 (que definiram, sucessivamente, organização criminosa), o STF manifestou-se pela 
inadmissibilidade da utilização do conceito de organização criminosa dado pela Convenção de Palermo, trancando 
a ação penal que deu origem à impetração, em face da atipicidade da conduta (HC nº 96007). Servem porém como 
mandados de criminalização e para assegurar garantias. 
→JURISPRUDÊNCIA 
Trata-se de fonte formal imediata. 
Jurisprudência revela direito penal, podendo inclusive ter caráter vinculante (súmulas). 
Exemplo: Art. 71 C.P. - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo (jurisprudência propõe 30 dias), lugar, maneira de execução 
e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um 
só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Nesse caso, a condição de tempo está sendo definida pela jurisprudência. 
→PRINCÍPIOS 
Não raras vezes os Tribunais absolvem ou reduzem penas com fundamento em princípio, é o caso do 
princípio da insignificância (afasta a tipicidade material). 
→ATOS ADMINISTRATIVOS 
Os Atos Administrativos muitas vezes os atos administrativos funcionam como complemento das chamadas 
“normas penais em branco”, como, por exemplo, a portaria da Anvisa que elenca quais são as substâncias que são 
consideras drogas. A portaria em comento é utilizado para complementação das normas penais em branco presentes 
na Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas), sendo assim, fonte formal mediata do direito penal. 
Desse modo, temos que os atos administrativos tratam-se de fonte formal imediata quando complementam 
norma penal em branco, é o caso da Portaria nº 344/98 que define drogas, elemento essencial para caracterização 
dos crimes tipificados ao teor da Lei nº 11.343/2006. 
 
 
 
 
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Fonte Formal Mediata (Doutrina Moderna) 
Apenas a doutrina. 
Para doutrina moderna os costumes são fontes informais do direito penal. 
 
Em síntese: 
 
Fonte material Fonte formal 
É a fonte de produção da norma, órgão 
encarregado de criar o direito penal. Nos 
termos do artigo 22 da Constituição Federal, 
o órgão encarregado de criar direito penal é a 
UNIÃO. 
→Só a União pode criar Direito Penal. 
 
Art. 22. Compete privativamente à União 
legislar sobre: I - direito civil, comercial, 
penal, processual, 
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e 
do trabalho (Regra). 
 
Art. 22. Parágrafo único. Lei complementar 
poderá autorizar os Estados a legislar sobre 
questões específicas das matérias 
relacionadas neste artigo. (Exceção) 
É o instrumento de exteriorização do direito 
penal. O modo como as regras são reveladas. 
Trata-se de uma fonte de 
conhecimento/cognição. 
As fontes formais podem ser imediata ou 
mediata. 
Assim: 
Fonte Formal Imediata: LEI. 
Fonte Formal mediata: 
- Constituição Federal; 
- Princípios Gerais do Direito; 
- Atos Administrativos; 
- Costumes. 
União – Art. 22, I da Constituição Federal. 
Estados – Art. 22. Parágrafo único da CF. 
 
 
 
 
 
 
Vamos REVISAR? 
 
 
 
 
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6. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL 
É a atividade mental que busca identificar o conteúdo da lei, isto é, o seu alcance e significado. A 
interpretaçãodeve sempre buscar a mens legis (a vontade da lei) que não se confunde com a mens legislatoris 
(vontade do legislador). 
Assim, o ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, empregando determinado modo, chega 
a um resultado. 
A Interpretação pode ser classificada (1) quanto ao sujeito; (2) quanto ao modo; e (3) quanto ao resultado. 
Interpretação quanto ao SUJEITO (ORIGEM) 
a) interpretação autêntica (ou legislativa): é aquela fornecida pela própria lei. 
 
 
 
 
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A interpretação Autêntica é também denominada de legislativa, é aquela realizada pelo próprio legislador, 
quando ele edita uma norma com a finalidade de esclarecer o significado de outra norma. Exemplo: Conceito de 
Funcionário Público para fins penais (art. 327 do Código Penal). 
Ex. art. 327 expõe o conceito de funcionário público. 
Art. 327, C.P. - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou 
sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem 
trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da 
Administração Pública. 
Verifica-se que a própria lei já nos propõe a sua interpretação a respeito de quem é considerado funcionário 
público para fins penais. 
A interpretação autêntica (ou legislativa), fornecida pela própria lei, subdivide-se em: 
a. contextual →editada conjuntamente com a norma penal que conceitua. O conceito de funcionário público 
foi editado conjunto com os crimes que tipifica as condutas deste. 
b. posterior → lei distinta e posterior conceitua o objeto da interpretação. Comum nas normas penais em 
branco, que ainda serão complementadas posteriormente. 
Em síntese: 
Contextual Posterior 
Quando editada no corpo da própria lei da norma 
interpretada. 
Quando criada depois da norma a ser interpretada. 
Exemplo: Crime de peculato – foi criado no 
mesmo contexto a norma que consagra o conceito 
de funcionário público para fins penais. 
 
 
b) interpretação doutrinária (ou cientifica): é a interpretação feita pelos estudiosos. 
c) interpretação jurisprudencial: é o significado dado as leis pelos Tribunais, pode ter caráter vinculante. 
Questiona-se: Exposição de motivos do Código Penal é qual espécie de interpretação? Trata-se de interpretação 
doutrinária, feita pelos Doutos que trabalharam no projeto. 
Assim, a Exposição dos Motivos do Código Penal deve ser encarado como interpretação doutrinária, e não 
autêntica, por não fazer parte da estrutura da Lei. 
 
 
 
 
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Candidato, a Exposição de motivos do Código Penal é materialização de qual espécie de interpretação? Excelência, 
trata-se de interpretação doutrinária, feita pelos Doutos que trabalharam no projeto. Assim, a Exposição dos Motivos 
do Código Penal deve ser encarado como interpretação doutrinária, e não autêntica, por não fazer parte da estrutura 
da Lei. 
Interpretação quanto ao MODO/MEIOS ou MÉTODOS: 
a) interpretação gramatical/literal/sintática: o interprete considera o sentido literal das palavras. 
b) interpretação teleológica: o interprete perquire a intenção objetivada na lei. Art. 319-A do CP. 
 c) interpretação histórica: o interprete indaga a origem da lei. 
d) interpretação sistemática: interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios gerais 
do Direito. 
e) interpretação progressiva ou evolutiva: é a que busca amoldar a lei à realidade atual. Evita a constante 
reforma legislativa e se destina a acompanhar as mudanças da sociedade. É o caso do conceito de ato obsceno, 
diferente atualmente do que era há algumas décadas. 
Interpretação quanto ao RESULTADO: 
a) declarativa ou declaratória: corresponde exatamente aquilo que o legislador quis dizer. É aquela que resulta 
da perfeita sintonia entre o texto da lei e a sua vontade. Nada resta a ser retirado ou acrescentado. 
b) restritiva: é a interpretação que reduz o alcance das palavras da lei para compreender a vontade do texto. 
Consiste na diminuição do alcance da lei, concluindo-se pela sua vontade. 
c) extensiva: amplia-se o alcance das palavras para que corresponda a vontade do texto. 
(!!!) Atenção! A interpretação extensiva possui alto índice de cobrança nos concursos. 
Segundo Cleber Masson, “interpretação extensiva é a que se destina a corrigir uma fórmula legal 
excessivamente estreita. A lei disse menos do que desejava. Amplia-se o texto da lei, para almoedá-lo à sua efetiva 
vontade. (Deve ser utilizada em concursos que esperam do candidato uma posição mais rigorosa, tais como, 
Ministério Público, Polícia Civil e Polícia Federal). 
Questiona-se: Admite-se interpretação extensiva contra o réu? 
1º Corrente: (Nucci e Luiz Regis Prado): entende que é indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou prejudica 
o réu (a tarefa do interprete é evitar injustiças). 
A Constituição não proíbe, sequer implicitamente a interpretação extensiva contra o réu. 
 
 
 
 
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2º Corrente: Defendida por Luiz Flávio Gomes, entende que “socorrendo-se do princípio do in dubio pro reo, não 
se admite a interpretação extensiva contra o réu, de modo que na dúvida, o juiz deve interpretar em seu benefício”. 
Posição que deve ser adotada para concurso de Defensoria Pública). 
Emprestou o princípio para aplicar no campo da interpretação e chega a conclusão de que se o juiz está na dúvida 
na interpretação, que o faça da forma mais benéfica. 
Referida corrente ganhou importante aliado: Estatuto de Roma. Art. 22.2. (Em caso de ambiguidade, a norma 
será interpretada em favor da pessoa objeto do inquérito, acusada ou condenada). 
3º Corrente: Defendida por Zaffaroni, entende que em regra não cabe interpretação extensiva contra o réu, SALVO 
quando interpretação diversa resultar num escândalo por sua notória irracionalidade. 
Exemplo: Art. 157, §2º, I, CP – roubo majorado pelo emprego de arma. O que significa arma? 
1º C – entende que arma deve ser tomada no sentido restrito, abrangendo somente instrumentos fabricados 
com finalidade bélica (arma no sentido próprio). 
2º C – arma abrange qualquer instrumento capaz de servir ao ataque (arma no sentido impróprio). 
CUIDADO! Não podemos confundir interpretação extensiva com interpretação analógica. 
INTERPRETAÇÃO ANALOGICA (INTRALEGEM) 
O Código, atento ao Princípio da Legalidade, detalha todas as situações que quer regular e, posteriormente, 
permite que aquilo que a elas seja semelhante, passe também a ser abrangido no dispositivo. 
Exemplos dados pelo legislador, seguidos de fórmula genérica de encerramento. 
Na interpretação extensiva, amplio o alcance da palavra. Já na interpretação analógica, o legislador confere 
exemplos + encerramento genérico, ficando ao juiz a possibilidade de encontrar outros casos semelhantes aos 
exemplos. 
Exemplo 1: Art. 121, § 2º, I, III e IV C.P. 
I - mediante paga ou promessa de recompensa (Exemplos de torpeza), ou por outro motivo torpe; (Como o 
legislador não tem como prever todas as formas de torpeza, ele expõe dois exemplos e termina com encerramento 
genérico, ao expor “ou por outro motivo torpe”). 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que 
possa resultar perigo comum; 
 
 
 
 
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IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a 
defesa do ofendido; 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
No encerramento genérico está se permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses semelhantes. 
ATENÇÃO! A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA não se confunde com ANALOGIA.Interpretação analógica ou intra legem: ocorre sempre que a norma penal é construída com uma fórmula casuística 
seguida de uma fórmula genérica. A utilização da fórmula genérica ocorre porque (fundamento) é impossível ao 
legislador de antemão prever todas as situações do caso concreto. Nessa linha, vejamos os exemplos: 
Art. 28. II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
In casu, o legislador não poderia prever todas as substâncias causadoras de alteração psíquica. Assim, optou por 
utilizar a expressão abrangente e genérica “ou outra substância de efeitos análogos”. 
Art. 121, Homicídio qualificado: 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe. 
São motivos torpes: Paga; promessa de recompensa → são considerados motivos torpes. Todavia, não são os únicos. 
ANALOGIA 
Não é forma de interpretação, mas de integração. (Forma de integração). 
Obs.1: a analogia pressupõe lacuna. 
A Analogia parte do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual 
é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar. 
 
 
 
 
Interpretação analógica versus Analogia 
 
A analogia não serve para interpretar o direito penal, sendo uma forma de integração do direito penal. Na analogia 
existe uma lacuna. A lacuna, por oportuno, será preenchida através da aplicação de norma assemelhada. No direito 
penal só se admite a analogia in bonam partem. 
PRESSUPOSTOS DA ANALOGIA NO DIREITO PENAL 
a) certeza de que sua aplicação será favorável ao réu; (analogia in bonam partem). 
b) existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão involuntária do legislador); 
 
 
 
 
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Exemplo 1: Art. 181, I C.P. – (o legislador não lembrou da união estável – possível analogia “in bonam 
partem”). 
Exemplo2: Art. 155 § 2º C.P. – Furto Privilegiado (não é aplicável ao roubo, uma vez que a intenção do 
legislador é não privilegiar esse tipo de crime). Não privilegiar o roubo não é lacuna involuntária, mas sim silêncio 
eloquente, logo, não cabe aplicação da analogia por ausência do pressuposto da “omissão involuntária do legislador”. 
Vamos esquematizar?! 
Interpretação extensiva Interpretação analógica Analogia 
Forma de interpretação. Forma de interpretação. Forma de integração. 
Existe norma para o caso concreto. Existe norma para o caso concreto. NÃO existe norma para o caso 
concreto. 
Amplia-se o alcance da palavra. Exemplos seguidos de 
encerramento genérico. 
Cria-se nova norma a partir de 
outra (só quando favorável). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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DIREITO PENAL I – PARTE GERAL 
 
Conteúdo 02: Princípios Gerais do Direito Penal 
 
7. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PENAL 
Os princípios podem ser compreendidos como valores fundamentais que inspiram a criação e a aplicação do 
direito penal. Orientam tanto o legislador quanto o operador do direito penal na sua aplicação prática, para limitar o 
poder punitivo estatal, conferindo contornos de razoabilidade a atuação do Estado. Existem princípios que estão 
positivados no ordenamento jurídico, por exemplo, princípio da reserva legal, princípio da individualização da pena. 
Por outro lado, existem outros princípios que não foram previstos expressamente, mas que foram extraídos da 
totalidade do sistema, por exemplo, princípio da insignificância. 
- Princípios relacionados com A MISSÃO DO DIREITO PENAL 
7.1 Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS 
O direito penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes, bens jurídicos indispensáveis ao 
convívio em sociedade. 
Mas o que é bem jurídico? 
Bem jurídico é um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de titularidade individual ou 
metaindividual, reputado como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do homem em sociedade. 
Questiona-se: o que é espiritualização do direito penal? (Tema cobrado no Concurso MP/MG). 
Percebe-se uma expansão da tutela penal para proteger bens jurídicos de caráter meta individual, difuso, 
coletivo, ensejando a denominada espiritualização/desmaterialização/dinamização do direito penal. 
Ex. Direito penal tutelando o meio ambiente. 
Com o passar dos tempos, percebeu-se que a proteção penal, que aguardava o dano para depois 
punir, era insuficiente. A concentração da programação punitiva em novas áreas proporcionou a chamada expansão 
do direito penal, caracterizada pela ampliação do âmbito de incidência de leis com conteúdo punitivo ou 
endurecimento das já existentes. Exemplos: criminalidade informática, criminalidade econômica/tributária, 
criminalidade ambiental e crime organizado. Dessa forma, a proteção penal passou a abranger bens jurídicos 
supraindividuais/coletivos. O problema é que essa expansão inadequada e ineficaz da tutela penal passa a abranger 
 
 
 
 
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bens jurídicos de modo vago e impreciso, ensejando a denominada desmaterialização (espiritualização, dinamização 
ou liquefação) do bem jurídico, em virtude de estarem sendo criados sem qualquer substrato material, distanciados 
da lesão perceptível dos interesses dos indivíduos. 
Candidato, o que se entende por CRIMES DE PLÁSTICO? Excelência, trata-se de comportamentos cuja 
criminalização torna-se necessária em decorrência de determinado momento histórico vivenciado na sociedade. 
No passado, por exemplo, não se pensava em criminalizar condutas que envolvessem a internet, essa necessidade 
surge com o avanço da sociedade, para tipificar os denominados crimes cibernéticos. 
Existem condutas que sempre foram reprimidas em qualquer sociedade com um mínimo de organização, como o 
homicídio, o roubo, o estupro, etc. São chamados crimes naturais, previstos no passado, sendo punidos hoje, e 
certamente, serão objetos de censura no futuro (…). Contrapõem-se a esse modelo os crimes de plástico, que são 
condutas que apresentam um particular interesse em determinada época ou estágio da sociedade organizada, de 
acordo com as necessidades políticas do momento, tal como ocorre atualmente nos crimes contra relações de 
consumo, os crimes contra o meio ambiente e os delitos de informática, etc. (Crimes Eleitorais. São Paulo. Ed 
Saraiva). 
 
7.2 Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA 
O direito penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima. Tem as seguintes 
características:subsidiariedade e fragmentariedade. 
O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica 
condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os casos de 
relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário). 
A subsidiariedade é corolário da intervenção mínima. Somente após se constatar que outros meios de 
solução social dos conflitos não são aptos a dirimi-los, é que serão utilizados modelos coercitivos de que dispõe o 
Direito Penal. 
IMPORTANTE! O princípio da insignificância é desdobramento lógico de qual característica da intervenção mínima 
(subsidiariedade ou fragmentariedade)? FRAGMENTARIEDADE. 
#EsseTemaJÁCAIU #DELTAMS2017 #VAMOSAPROFUNDAR 
Princípio da intervenção mínima: também denominado de “princípio da necessidade”. 
 
 
 
 
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Origem e conceito atual (Direito Penal mínimo): o princípio da intervenção mínima tem origem em 1789, França 
(Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão dispõe que a Lei somente deve prever as penas 
estritamente necessárias). 
- O direito penal só é legítimo quando for indispensávelpara a proteção de determinado bem jurídico. Não há como 
proteger o bem jurídico como os outros ramos do direito. 
É nesse contexto que se fala em um direito penal mínimo, reservado para ser utilizado somente quando for 
indispensável a proteção do bem jurídico. 
- “O princípio da intervenção mínima, também conhecido como ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador 
do Estado, preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a 
proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanções ou outros meios de controle social revelarem-
se suficientes para a tutela desse bem, a sua criminalização será inadequada e desnecessária. Se para o 
restabelecimento da ordem jurídica forem suficientes medidas civis ou administrativas, são estas que devem ser 
empregadas e não as penais. Por isso, o direito penal deve ser a ultima ratio, isto é, deve atuar somente quando os 
demais ramos do direito revelarem-se incapazes de dar a tutela devida a bens relevantes na vida do indivíduo e da 
própria sociedade.” 
- Rogério Sanches argumenta que “o princípio da intervenção mínima tem duas faces: orienta quando e onde o 
direito penal deve intervir (neocriminalização); por outro lado, também orienta quando e onde o direito penal deve 
deixar de intervir (abolitio criminis)”. A abolitio criminis é fenômeno verificado sempre que o legislador, atento às 
mutações sociais (e ao princípio da intervenção mínima), resolve não mais incriminar determinada conduta, retirando 
do ordenamento jurídico-penal a infração que a previa, julgando que o Direito Penal não mais se faz necessário à 
proteção de determinado bem jurídico. 
Destinatários de finalidade (reforço ao princípio da reserva legal): dois são os destinatários do referido princípio: 
- legislador (no plano abstrato); 
- aplicador do direito (no plano concreto). 
Nessa linha, temos que a intervenção mínima deve ser observado tanto pelo legislador, no momento de selecionar 
as condutas que passaram a ser tuteladas pelo Direito Penal, como também, deve ser observado pelo aplicador do 
direito no caso em concreto. 
Qual a finalidade do princípio da intervenção mínima? Excelência, trata-se de um reforço ao princípio da reserva 
legal, posto que não é suficiente que tenha lei prevendo aquela conduta como criminosa, é necessário ainda que a 
intervenção penal cominada pela lei seja efetivamente necessária. 
 
 
 
 
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 Princípio da Fragmentariedade: estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas 
apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e da sociedade. 
Em razão de seu caráter fragmentário, o Direito Penal é a última etapa de proteção do bem jurídico. Deve ser utilizado 
no plano abstrato, para o fim de permitir a criação de tipos penais somente quando os demais ramos do Direito 
tiverem falhado na tarefa de proteção de um bem jurídico, referindo-se, assim, à atividade legislativa. A palavra 
“fragmentariedade” emana de “fragmento”: no universo da ilicitude, somente alguns blocos, alguns poucos 
fragmentos constituem-se em ilícitos penais. Pensemos em uma visão noturna: o céu representaria a ilicitude em 
geral; as estrelas seriam os ilícitos penais (Cleber Masson, Código Penal Comentado). 
→No universo da ilicitude apenas alguns fragmentos é que representam ILÍCITOS PENAIS. Manifesta-se no plano 
abstrato, tendo como destinatário o legislador. 
 
 
Nessa linha, corroborando ao exposto, Rogério Sanches “o Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente 
necessário, de modo que sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter 
subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter 
fragmentário)”. A subsidiariedade é corolário da intervenção mínima. Somente após se constatar que outros meios 
de solução social dos conflitos não são coercitivos de que dispõe o Direito Penal. 
 
- Candidato, o que se entende por Fragmentariedade às avessas? Excelência, ocorre quando a conduta perde seu 
caráter penal. Em outras palavras, o crime deixa de existir, pois a incriminação se torna desnecessária. Os demais 
ramos do Direito já resolvem o problema, foi o que aconteceu, por exemplo, com o delito de adultério em 2005. 
Assim, temos que na fragmentariedade às avessas a criminalidade já existe, porém, o legislador percebe que aquele 
crime não é mais necessário, não existe mais razão de existir. Materializa-se com a abolitio criminis. 
*Abolitio criminis: é a nova lei que torna atípico um fato até então considerado criminoso. O crime deixa de existir 
em razão de uma nova lei. Nos moldes do art. 107 do CP, trata-se de hipótese de extinção da punibilidade. 
 
 
 
 
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Princípio da Subsidiariedade: o direito penal funciona como um executor de reserva. Significa que o direito 
penal é a ultima ratio. Nessa linha, seguindo Cleber Masson, pelo princípio da subsidiariedade o direito penal é um 
executor de reserva. Assim, o direito penal só pode agir no caso concreto quando o problema não puder ser 
solucionado pelos demais ramos do Direito. Assim, em decorrência dos estragos pelo direito penal, tais como, 
antecedentes, as penas, o próprio processo penal, ele deve ficar como a ultima ratio, sendo utilizado somente com 
eventual intervenção. A subsidiariedade ocorre no plano concreto, ou seja, tem como destinatário o aplicador do 
Direito. O crime já existe, mas precisamos saber se a aplicação da lei penal é necessária no caso concreto. Exemplo: 
constatou-se que dos inquéritos que apuram crime de estelionato são arquivados. O Direito Civil acabaria resolvendo 
a problemática. 
A atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando os outros ramos do Direito e os demais meios estatais de 
controle social tiverem se revelado impotentes para o controle da ordem pública. Projeta-se no plano concreto – 
em sua atuação prática o Direito Penal somente se legitima quando os demais meios disponíveis já tiverem sido 
empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação com a tarefa de aplicação da lei penal. 
(Cleber Masson, Código Penal Comentado). 
 
7.3 Princípio da Insignificância 
Princípio da Insignificância (ou criminalidade da bagatela): inicialmente, cumpre destacarmos que o referido 
princípio não encontra previsão na legislação, mas pacificamente admitido pela Jurisprudência do STF e do STJ. 
Introdução e finalidade 
Origem: Surge no Direito Romano. “De minimus nun curat praetor”. Os juízes e os tribunais não cuidam do que é 
mínimo, insignificante. Porém no direito romano só era utilizado no tocante ao direito privado. No direito penal é 
incorporado apenas na década de 1970, através dos estudos de Claus Roxin. Segundo Cleber Masson (Direito Penal 
Esquematizado) “Em outras palavras, o Direito Penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes, incapazes de 
lesar o bem jurídico legalmente tutelado. Na década de 70 do século passado, foi incorporado ao Direito Penal 
pelos estudos de Claus Roxin”. 
O princípio da insignificância traduz a ideia de que não há crime quando a conduta praticada pelo agente é 
insignificante, não é capaz de ofender ou colocar em perigo o bem jurídico tutelado pela norma penal. 
Finalidade: destina-se a efetuar uma interpretação restritiva da lei penal. Nesse sentido, o STF disse que esse 
princípio realiza uma interpretação restritiva da lei penal, diminuindo o alcance da lei penal, para não banalizar a lei 
penal. 
 
 
 
 
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25 
Natureza Jurídica: o princípio da insignificância funciona como causa supralegal (não prevista em lei) de exclusão 
da tipicidade. Torna o fato atípico por ausênciade tipicidade material. 
Tipicidade penal = tipicidade formal (adequação do fato e a norma – juízo de subsunção) + tipicidade material (lesão 
ou perigo de lesão ao bem jurídico penal tutelado). 
→Causa SUPRALEGAL de exclusão da tipicidade (ausência de tipicidade material). 
Candidato, o que é tipicidade penal? 
Excelência, trata-se da tipicidade formal somada à tipicidade material. 
Tipicidade formal é um juízo de adequação entre o fato e a norma (analisa se o fato praticado na vida real, se amolda, 
se encaixa ao modelo de crime descrito na lei penal). 
Tipicidade material é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. É a lesão (a subtração do copo de água tem 
tipicidade formal, mas não tem tipicidade material, porque não coloca em risco o patrimônio da pessoa, não provoca 
grande lesão a ninguém. É, portanto, causa de exclusão da tipicidade, porque falta a tipicidade material). 
Na aplicação do princípio da insignificância, o fato tem tipicidade formal, entretanto falta a tipicidade material. 
Requisitos para aplicação do princípio da insignificância: requisitos objetivos e requisitos subjetivos 
São de duas naturezas os requisitos exigidos para a incidência do princípio da insignificância, de ordem objetiva e 
de ordem subjetiva. 
Requisitos objetivos (relacionados ao fato praticado pelo agente): 
a) mínima ofensividade da conduta; 
b) ausência de periculosidade social da ação; 
c) reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
d) inexpressividade da lesão jurídica. 
O principio da insignificância é um mecanismo de politica criminal (adaptação do texto da lei a necessidade da 
coletividade). 
Requisitos subjetivos (relacionadas ao agente e a vítima): 
Os requisitos, tanto de ordem objetiva e quanto de natureza subjetiva devem ser avaliados no caso concreto. 
a) condições pessoais do agente: 
 
 
 
 
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a.1) Reincidente: prevalece no STF o entendimento de que não se aplica o princípio da insignificância para o 
reincidente. HC 123.108, STF. Informativo 793 STF. 
Por outro lado, no STJ tem entendimento de ser possível a aplicação do princípio da insignificância no caso de 
reincidência. 
✓ Faz parte do grupo dos princípios relacionados com a missão do direito penal. 
✓ Está umbilicalmente relacionado com o principio da intervenção mínima. É desdobramento lógico da 
fragmentariedade. 
✓ É um princípio limitador do direito penal. 
✓ É causa de atipicidade material do comportamento. 
✓ EM RESUMO: o princípio da insignificância pode ser entendido como um instrumento de interpretação 
restritiva do direito penal. Sendo formalmente típica a conduta e relevante a lesão, aplica-se a norma penal, 
ao passo que, havendo somente a subsunção legal, desacompanhada de tipicidade material, deve ela ser 
afastada, pois que estará o fato atingido pela atipicidade. 
Requisitos: PROL 
1 - Ausência de periculosidade social da ação. 
2- Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. 
3- Mínima ofensividade da conduta do agente. 
4- Inexpressividade da lesão jurídica causada. 
OBSERVAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
1 - STF e STJ: para aplicação do princípio da insignificância, consideram a capacidade 
econômica da vítima (STF - RHC 96813; STJ Resp. 1.224.795). A condição da vítima é empregada a fim de aferir 
a insignificância no caso em concreto. 
“A verificação da lesividade mínima da conduta apta a torná-la atípica, deve levar em consideração a importância 
do objeto material subtraído, a condição econômica do sujeito 
passivo, assim como as circunstâncias e o resultado do crime, a fim de se determinar, subjetivamente, se houve ou 
não relevante lesão ao bem jurídico tutelado.” (REsp 1224795, Quinta Turma, DJe 20/03/2012). 
 
2- Prevalece no STF e STJ ser incabível o princípio da insignificância para o reincidente, portador de maus 
antecedentes, ou o criminoso habitual (STF-HC 115707, Segunda Turma, DJe 12/08/2013; STJ-AgRg no AREsp 
334272, Quinta Turma, DJe 02/09/2013). 
 
 
 
 
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Informativo 575, STJ. A reiteração criminosa inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância nos crimes de 
descaminho, ressalvada a possibilidade de, no caso concreto, as instâncias ordinárias verificarem que a medida é 
socialmente recomendável. Assim, pode-se afirmar que: Em regra, não se aplica o princípio da insignificância para 
o agente que praticou descaminho se ficar demonstrada a sua reiteração criminosa (criminoso habitual). Exceção: o 
julgador poderá aplicar o referido princípio se, analisando as peculiaridades do caso concreto, entender que a medida 
é socialmente recomendável. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.217.514-RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado 
em 9/12/2015 (Info 575). 
 
3- Tem-se admitido o princípio nos crimes contra o patrimônio, praticados sem violência 
ou grave ameaça à pessoa. O delito de furto é o exemplo clássico. 
CUIDADO: Quando qualificado, porém, a regra é não admitir, considerando ausente o reduzido grau de 
reprovabilidade do comportamento do agente. A qualificadora por si só não é hábil a fundamentar a negativa da 
aplicação do princípio da insignificância. 
4 - Percebemos a tendência de parcela da doutrina em não admitir a aplicação do princípio da insignificância quando 
o bem tutelado é difuso ou coletivo. 
Os Tribunais superiores, ora adotam essa tese, ora ignoram. 
Ex.1: O STF e STJ negam o princípio nos crimes de estelionato previdenciário, moeda falsa, posse de drogas para 
uso próprio, tráfico de drogas e tráfico de armas, considerando o bem jurídico tutelado, que no caso é difuso/coletivo. 
5- Ex.2: STF, no entanto, admite o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados 
por funcionário público. STJ não admite. 
 
Crimes Contra Administração Pública praticados por funcionário público 
STF STJ 
Admite Não admite 
Crimes Contra Administração Pública praticados por particulares 
STF e o STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes praticado contra Administração Publica por 
particulares. Ex.: Descaminho. 
 
 
6 - STF e STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados por 
particulares (ex: descaminho). 
#MOMENTODIZERODIREITO #MARCINHOEXPLICA 
 
 
 
 
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Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. 
O princípio da insignificância pode ser aplicado aos crimes contra a Administração Pública? 
Para o STJ, não. Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública, ainda que 
o valor da lesão possa ser considerado ínfimo. 
Segundo o STJ, os crimes contra a Administração Pública têm como objetivo resguardar não apenas o aspecto 
patrimonial, mas, principalmente, a moral administrativa. Logo, mesmo que o valor do prejuízo seja insignificante, 
deverá haver a sanção penal considerando que houve uma afronta à moralidade administrativa, que é insuscetível de 
valoração econômica. 
Exceção 
Existe uma exceção. A jurisprudência é pacífica em admitir a aplicação do princípio da insignificância ao crime de 
descaminho (art. 334 do CP), que, topograficamente, está inserido no Título XI do Código Penal, que trata sobre os 
crimes contra a Administração Pública. 
De acordo com o STJ, “a insignificância nos crimes de descaminho tem colorido próprio, diante das disposições 
trazidas na Lei n. 10.522/2002”, o que não ocorre com outros delitos, como o peculato etc. (AgRg no REsp 
1346879/SC, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 26/11/2013). 
O STF concorda com a Súmula 599 do STJ? 
NÃO. No STF, há julgados admitindo a aplicação do princípio mesmo em outras hipóteses além do descaminho, 
como foio caso do HC 107370, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/04/2011 e do HC 112388, Rel. p/ Acórdão 
Min. Cezar Peluso, julgado em 21/08/2012. 
Segundo o entendimento que prevalece no STF, a prática de crime contra a Administração Pública, por si só, não 
inviabiliza a aplicação do princípio da insignificância, devendo haver uma análise do caso concreto para se examinar 
se incide ou não o referido postulado. 
 
 
Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. In(aplicabilidade) do princípio da insignificância aos crimes contra 
a Administração Pública. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/cc638784cf213986ec75983a4aa08cdb>. 
Acesso em: 16/04/2018. 
 
7- STF e STJ têm decisões admitindo o princípio da insignificância nos crimes ambientais (há importante 
divergência sobre o assunto). 
Informativo 816, STF. Aplica-se o princípio da insignificância aos crimes ambientais. 
 
 
 
 
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8 - Apesar de existir acórdão em sentido diverso, o STF aplica o princípio da insignificância em se tratando do crime 
de apropriação indébita previdenciária nos casos em que o valor suprimido não ultrapasse R$ 20.000,00 (vinte mil 
reais), valor insignificante para o fim de ajuizamento da execução fiscal (portaria 75MF/2012). 
Cuidado: o STJ tem decisões aplicando o princípio, mas considerando, para tanto, o valor limite de R$ 10.000,00 
(revogado pela portaria 75 do MF). 
 
STF STJ 
R$ 20.000,00 (vinte mil reais), conforme portaria 
75MF/2012). 
R$ 10.000,00. 
*Houve mudança de entendimento recentemente. 
 
 
Atualmente, o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho tanto para o STF 
como o STJ é de 20 mil reais (conforme as Portarias 75 e 132/2012 do MF). 
 
#MOMENTODIZERODIREITO #MARCINHOEXPLICA 
O princípio da insignificância pode ser aplicado no caso de crimes tributários e no descaminho? 
SIM. É plenamente possível que incida o princípio da insignificância tanto nos crimes contra a ordem tributária 
previstos na Lei nº 8.137/90 como também no caso do descaminho (art. 334 do CP). 
O descaminho é também considerado um crime contra a ordem tributária, apesar de estar previsto no art. 334 do 
Código Penal e não na Lei nº 8.137/90. 
 
Existe algum limite máximo de valor para que possa ser aplicado o princípio da insignificância nos crimes 
tributários? 
SIM. A jurisprudência criou a tese de que nos crimes tributários, para decidir se incide ou não o princípio da 
insignificância, será necessário analisar, no caso concreto, o valor dos tributos que deixaram de ser pagos. 
 
E qual é, então, o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários? 
Tradicionalmente, esse valor era de 10 mil reais. 
Assim, se o montante do tributo que deixou de ser pago era igual ou inferior a 10 mil reais, não havia crime tributário, 
aplicando-se o princípio da insignificância. 
 
Qual era o parâmetro para se chegar a esse valor? 
Esse valor foi fixado pela jurisprudência tendo como base o art. 20 da Lei n.° 10.522/2002, que determina o 
arquivamento das execuções fiscais cujo valor consolidado for igual ou inferior a R$ 10.000,00. Em outros termos, 
 
 
 
 
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a Lei determina que, até o valor de 10 mil reais, os débitos inscritos como Dívida Ativa da União não serão 
executados. 
Segundo a jurisprudência, não há sentido lógico permitir que alguém seja processado criminalmente pela falta de 
recolhimento de um tributo que nem sequer será cobrado no âmbito administrativo-tributário. 
Nesse caso, o direito penal deixaria de ser a ultima ratio. 
 
Esse valor de 10 mil reais permanece ainda hoje? 
NÃO. Recentemente, foi publicada a Portaria MF nº 75, de 29/03/2012, na qual o Ministro da Fazenda determinou, 
em seu art. 1º, inciso II, “o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor 
consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).” 
Desse modo, o Poder Executivo “atualizou” o valor previsto no art. 20 da Lei n.° 10.522/2002 e passou a dizer que 
não mais deveriam ser executadas as dívidas de até 20 mil reais. 
Em outras palavras, a Portaria MF 75/2012 “aumentou” o valor considerado insignificante para fins de execução 
fiscal. Agora, abaixo de 20 mil reais, não interessa à Fazenda Nacional executar (antes esse valor era 10 mil reais). 
Diante desse aumento produzido pela Portaria, começou a ser defendida a tese de que o novo parâmetro para análise 
da insignificância penal nos crimes tributários passou de 10 mil reais (de acordo com o art. 20 da Lei 
n.° 10.522/2002) para 20 mil reais (com base na Portaria MF 75). 
 
A jurisprudência acolheu essa tese? 
STF: SIM, de imediato. 
Para o STF, o fato de as Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda terem aumentado o patamar de 10 mil 
reais para 20 mil reais produz efeitos penais. 
Logo, o novo valor máximo para fins de aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários passou a 
ser de 20 mil reais. 
Precedentes: 
STF. 1ª Turma. HC 120617, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 04/02/2014. 
STF. 2ª Turma. HC 120620/RS e HC 121322/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgados em 18/2/2014. 
 
STJ: relutou durante anos para aceitar a tese. 
O STJ, durante anos, ficou decidindo que o valor de 20 mil reais, estabelecido pela Portaria MF nº 75/12 como limite 
mínimo para a execução de débitos contra a União, não poderia ser considerado para efeitos penais (não deveria ser 
utilizado como novo patamar de insignificância). 
O Tribunal apontava dois argumentos principais: 
i) a opção da autoridade fazendária sobre o que deve ou não ser objeto de execução fiscal não pode ter a força de 
subordinar o exercício da jurisdição penal; 
ii) não é possível majorar o parâmetro previsto no art. 20 da Lei nº 10.522/2002 por meio de uma portaria do Ministro 
da Fazenda. A portaria emanada do Poder Executivo não possui força normativa passível de revogar ou modificar 
lei em sentido estrito. 
 
 
 
 
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Em suma, para o STJ, o valor máximo para aplicação do princípio da insignificância no caso de crimes contra a 
ordem tributária (incluindo o descaminho) continuava sendo de 10 mil reais. 
Nesse sentido: 
AgRg no AREsp 331.852/PR, j. em 11/02/2014 
AgRg no AREsp 303.906/RS, j. em 06/02/2014 
 
Qual é a novidade sobre o tema? 
O STJ curvou-se ao entendimento do STF. 
O STJ, vendo que as suas decisões estavam sendo reformadas pelo STF, decidiu alinhar-se à posição do Supremo e 
passou a também entender que o limite para a aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários e no 
descaminho subiu realmente para R$ 20 mil. 
O tema foi decidido sob a sistemática do recurso repetitivo e fixou-se a seguinte tese: 
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito 
tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 
da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da 
Fazenda. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). 
 
Em suma, qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho? 
Tanto para o STF como o STJ: 20 mil reais (conforme as Portarias 75 e 132/2012 do MF). 
 Esse valor deve ser calculado quando? No momento da sentença, ele deve ser atualizado com juros e correção 
monetária para saber se passa do teto de R$ 20 mil? 
NÃO. Para se verificar a insignificância da conduta, deve-se levar em consideração o valor do crédito tributário 
apuradooriginalmente no procedimento de lançamento. 
Assim, os juros, a correção monetária e eventuais multas de ofício que incidem sobre o crédito tributário quando ele 
é cobrado em execução fiscal não devem ser considerados para fins de cálculo do princípio da insignificância. 
Em outras palavras, o valor a ser considerado para fins de aplicação do princípio da insignificância é aquele fixado 
no momento da consumação do crime e não aquele posteriormente alcançado com a inclusão de juros e multa por 
ocasião da inscrição desse crédito na dívida ativa. 
STJ. 5ª Turma. RHC 74.756/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2016. 
 
Para o STF é possível aplicar o novo limite (de 20 mil reais) mesmo que o fato tenha ocorrido antes da Portaria 
75/2012? 
SIM. Para o STF, o limite imposto por essa portaria (20 mil reais) pode ser aplicado de forma retroativa para fatos 
anteriores à sua edição considerando que se trata de norma mais benéfica (STF. 2ª Turma. HC 122213, Rel. Min. 
Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 27/05/2014). 
 
Esse valor é considerado insignificante tanto no caso de crimes envolvendo tributos federais, como também 
estaduais e municipais? 
 
 
 
 
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NÃO. Esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais, considerando 
que é baseado no art. 20 da Lei n.° 10.522/2002, que trata dos tributos federais. Assim, esse é o valor que a União 
considera insignificante. 
Para fins de crimes de sonegação fiscal que envolvam tributos estaduais ou municipais, deve ser analisado se há lei 
estadual ou municipal dispensando a execução fiscal no caso de tributos abaixo de determinado valor. Esse será o 
parâmetro para a insignificância. Veja como decidiu o STJ: 
(...) 4. Para a aplicação do referido entendimento aos tributos que não sejam da competência da União, seria 
necessária a existência de lei estadual no mesmo sentido, até porque à arrecadação da Fazenda Nacional não se 
equipara a das Fazendas estaduais. Precedentes e doutrina. 
5. Inviável a aplicação do referido entendimento ao caso em análise, no qual o paciente foi denunciado por, em tese, 
suprimir o valor de R$ 819,00 (oitocentos e dezenove reais) de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços 
(ICMS), de competência dos estados, de acordo com o art. 155, II, da Constituição Federal. 
6. Um dos requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a inexpressividade da lesão jurídica 
provocada, que pode se alterar de acordo com o sujeito passivo, situação que reforça a impossibilidade de se aplicar 
referido entendimento de forma indiscriminada à sonegação dos tributos de competência dos diversos entes 
federativos da União. (...) 
STJ. 6ª Turma. HC 165003/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2014 (Info 540). 
 
E o contrabando? Podemos aplicar esse entendimento acima explicado para o contrabando? 
NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente 
tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a 
entrada e a comercialização de produtos proibidos em território nacional. Trata-se, assi, de um delito pluriofensivo. 
Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1472745/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 01/09/2015. 
O caso mais comum e que pode cair na sua prova é o de contrabando de cigarros. 
Por que se aplica o princípio da insignificância para o descaminho, mas não para o contrabando? 
No delito de contrabando, o objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa é a mercadoria PROIBIDA 
(proibição absoluta ou relativa). Em outras palavras, o objetivo precípuo dessa tipificação legal é evitar o fomento 
de transporte e comercialização de produtos proibidos por lei. 
No contrabando não se cuida, tão somente, de sopesar o caráter pecuniário do imposto sonegado, mas 
principalmente, de tutelar, entre outros bens jurídicos, a saúde pública. 
Em suma, no contrabando, o desvalor da conduta é maior, razão pela qual se deve afastar a aplicação do princípio 
da insignificância. Veja: 
O princípio da insignificância não incide na hipótese de contrabando de cigarros, tendo em vista que “não é o valor 
material que se considera na espécie, mas os valores ético-jurídicos que o sistema normativo-penal resguarda. 
STF. 2ª Turma. HC 118.359, Min. Cármen Lúcia, DJ 11/11/2013. 
 
Em sede de contrabando, ou seja, importação ou exportação de mercadoria proibida, em que, para além da sonegação 
tributária há lesão à moral, higiene, segurança e saúde pública, não há como excluir a tipicidade material tão-somente 
à vista do valor da evasão fiscal, ainda que eventualmente possível, em tese, a exclusão do crime, mas em face da 
mínima lesão provocada ao bem jurídico ali tutelado, gize-se, a moral, saúde, higiene e segurança pública. 
 
 
 
 
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STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1418011/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 03/12/2013. 
 
Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Princípio da insignificância, crimes contra a ordem tributária e 
descaminho. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: 
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/9ba82616fac74de9ce334ea7532cfddc>. 
Acesso em: 16/04/2018 
 
9 - No caso de atos infracionais, o Estado está obrigado a aplicar as medidas previstas no ECA ao menor infrator, 
considerando seu caráter educativo, preventivo e protetivo. Excepcionalmente, porém, diante de peculiaridades do 
caso concreto, é possível aplicar o princípio da insignificância, desde que verificados os requisitos necessários para 
a configuração do delito de bagatela. 
O STJ firmou posição nesse sentido, reconhecendo possível o princípio da insignificância nas condutas regidas pelo 
Estatuto da Criança e do Adolescente (HC 225607/RS). 
→Lavagem de Dinheiro; 
Com a inovação legislativa, é possível a caracterização do crime de lavagem de dinheiro com qualquer crime 
antecedente que gere produto/lucro. 
O princípio da intervenção mínima tem sido invocado no debate sobre o alcance das disposições relativas à lavagem 
de dinheiro, especialmente após a alteração da Lei nº 9.613/98. Sabe-se quem em sua redação original, o art. 1º da 
referida Lei trazia um rol de crime, em geral graves, que poderiam ser considerados antecedentes à lavagem. Uma 
vez em vigor a Lei nº 12.683/12, aboliu-se o rol antecedente, razão por que qualquer infração penal da qual resultem 
bens, direitos ou valores passíveis de ocultação ou de dissimulação pode caracterizar conduta pressuposta. É nesta 
circunstância que a intervenção mínima ganha destaque, pois há apontamentos no sentido de que deve ser observada 
a carga de gravidade da infração penal anterior para que eventualmente se legitime a atuação do branqueamento de 
recursos dela advindos. 
➔ SÚMULA APROVADA RECENTEMENTE 
Súmula 606-STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de 
internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97. 
 Bagatela própria x Bagatela imprópria 
Na bagatela própria os fatos já nascem irrelevantes para o direito penal (causa de atipicidade material) 
irrelevância da lesão ao bem jurídico, por exemplo, subtração de uma caneta. 
 
 
 
 
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Na bagatela imprópria, por sua vez, embora relevante o fato, a pena no caso concreto mostra-se 
desnecessária, o fato é típico, ilícito, culpável, porém o Estado perde o interesse de punir, por exemplo, “a” primário, 
subtrai o carro de “b”, mas logo devolve demonstrando sincero arrependimento. 
Nesse sentido, proclama Cleber Masson (Direito Penal Esquematizado):

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