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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 HABEAS CORPUS CARACTERÍSTICAS O habeas corpus é um instituto processual que, assim como a revisão criminal e o mandado de segurança em matéria criminal, possui natureza jurídica de ação autônoma de impugnação, não se caracterizando como recurso, apesar de encontrar-se inserido no título destes no Código de Processo Penal. Dentre as características que de- monstram não ser o habeas corpus um recurso, podemos apontar: - O habeas corpus é cabível contra atos que não sejam emanados de juiz, como contra decisões de autoridade policial e até mesmo contra atos de particulares que ameacem ou cerceiem a liberdade de locomoção; - o habeas corpus desencadeia um novo processo, uma nova relação jurídico-processual, que independente da existência de um processo prévio; - o habeas corpus não possuir prazo para ser impetrado, sendo cabível sempre que alguém estiver, por ato ilegal ou abuso de poder, ameaçado ou cerceado em sua liberdade ambulatorial, ou seja, em sua liberdade de ir, vir ou até mesmo permanecer. Assim, desde que presentes os seus requisitos, não há preclusão pela não utilização do habeas corpus em determinado momento procedimental. CONCEITO Desta forma, o habeas corpus pode ser conceituado como uma ação autônoma de impugnação que tem a finali- dade de restabelecer a liberdade de ir e vir, sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violên- cia ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar, nos termos do art. 647 do CPP. A doutrina reconhece, pacificamente, a existência de duas espécies de habeas corpus, quais sejam: Liberatório – impetrado em favor de quem já se encontra privado em sua liberdade ou nos casos em que a pri- são tenha sido decretada. Preventivo – impetrado quando há ameaça ao direito de liberdade do paciente. Há ainda quem defenda uma terceira modalidade: Profilático – ocorre todas as vezes que existir uma possibilidade remota de apli- cação de pena privativa de liberdade. SUJEITOS No tocante aos sujeitos do habeas corpus podemos identificar o impetrante, o impetrado ou coator e o paciente, além do órgão julgador. ► Paciente – pessoa cuja liberdade ambulatorial foi ou está ameaçada de ser cerceada. É aquele que sofre a coação ilegal, ainda que esta coação esteja na iminência de ocorrer ou seja remotamente possível. Somente pes- soas físicas podem ser pacientes no habeas corpus, já que a pessoa jurídica não pode sofrer restrição na liberda- de de locomoção. Portanto, não se esqueça: pessoas jurídicas NÃO poderão figurar como pacientes em um habeas corpus, pois a estas não podem ser aplicadas prisões ou penas privativas de liberdade, somente sendo sujeitas a penas restriti- vas de direitos ou multa. O nome paciente deriva do status do habeas corpus como remédio constitucional. ► Impetrante – é a pessoa física ou jurídica que promove, propõe, impetra o habeas corpus, ou seja, aquele que aciona o Poder Judiciário em favor do paciente, o autor no habeas corpus. Vale ressaltar que nada impede que o impetrante seja o próprio paciente, tendo em vista que o habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa. Exatamente em face da amplitude na legitimidade ativa para o habeas corpus, muitos o identificam como a verda- deira "ação popular". O impetrante pode ser, portanto, qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeiro, cidadão ou não, alfabetizado ou analfabeto, capaz ou incapaz. Se o impetrante for incapaz, entretanto, deverá ser representado. O habeas corpus não é peça privativa de advogado. www.cers.com.br 3 O Ministério Público poderá impetrar habeas corpus. Já os juízes e tribunais, enquanto órgãos jurisdicionais, pos- suem competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus (art. 654, § 2º, do CPP), desde que estejam acima e na linha de reforma em relação à autoridade coatora, que é aquela responsável pela coação ilegal. Desta forma, se um juízo ou tribunal, no exercício de sua função jurisdicional, tiver conhecimento de uma coação ilegal ocorrida em um processo que seja de sua competência, deverá o mesmo conceder a ordem ex officio, indepen- dentemente de provocação, não havendo necessidade, ou mesmo possibilidade, de um juiz ou tribunal impetrar um HC. O habeas corpus é uma das hipóteses de jurisdição voluntária no processo penal. Contudo, não é possível que um juiz conceda ordem de habeas corpus de ofício se o mesmo estiver no mesmo grau ou instância daquele que proferiu a decisão a ser impugnada. ► Coator, autoridade coatora ou impetrado – é quem exerce a coação ilegal, nos termos do art. 654, § 1º, “a”, do CPP, podendo ser autoridade ou particular. HIPÓTESES DE CABIMENTO As hipóteses de cabimento do habeas corpus estão previstas no art. 648 do CPP: Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: I – quando não houver justa causa; A falta de justa causa como hipótese de cabimento do habeas corpus ocorrerá todas as vezes que o motivo da coação ilegal for ilegítimo, sendo mais ampla que a justa causa referente as causas de rejeição liminar da denún- cia, prevista no art. 395, III, do CPP, tendo em vista que nesta última somente poderá ser alegada se ocorrer a falta de indícios suficientes de autoria e falta de prova da materialidade do fato. É lógico que na eventualidade de uma denúncia ser oferecida e recebida sem que estejam presentes a prova da materialidade da infração e os indícios suficientes de autoria, ou seja, sem o lastro probatório mínimo que caracte- riza a justa causa para ação penal, será possível impetrar habeas corpus com a finalidade de buscar o “tran- ca- mento” da ação penal, isto é, a extinção do processo sem julgamento do mérito. II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; Ocorrerá esta situação todas as vezes em que houver previsão por lei de um prazo específico para a duração de uma prisão e este prazo se esgotar sem ter o réu sido posto em liberdade. III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; Nesta hipótese específica, a autoridade que ordenou a coação simplesmente não tem competência para determi- ná-la, ou seja, a princípio, caso o ato fosse realizado por autoridade competente não haveria coação, entretanto, como a autoridade é incompetente, há coação ilegal. IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação; Nesta situação, inicialmente não havia coação ilegal, entretanto, os motivos que autorizaram a coação não mais subsistem e o sujeito ainda permanece preso. V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza; Esta hipótese de impetração de habeas corpus é bastante peculiar, tendo em vista que o objeto da coação ilegal é a falta de prestação de fiança mesmo existindo previ- são expressa de seu arbitramento. Ou seja, a impetração com base neste fundamento é tão somente para que seja arbitrada fiança ao impetrante. O CPP, inclusive, traz previsão expressa neste sentido em seu Art. 660, § 3º VI – quando o processo for manifestamente nulo; Esta hipótese de impetração de habeas corpus também é bastante peculiar, pois possui a finalidade específica de anular o processo, seja de forma total ou parcial. Quando a ordem de habeas corpus é concedida com base neste inciso, o processo será, em regra, devolvido ao momento do ato nulo, para que os atos sejam renovados, agora de forma válida. www.cers.com.br 4 VII – quando extinta a punibilidade. Esta hipótese de impetração do habeas corpus tem como fundamento a ocorrên- cia de alguma hipótese de extin- çãode punibilidade prevista no art. 107 do Código Penal, que, por alguma razão, ainda não foi reconhecida em favor do paciente, ou ainda cujo reconhecimento foi negado. REQUISITOS DA INICIAL Os requisitos da petição inicial do habeas corpus estão previstos expressamente previstos no Art. 654, § 1º, do CPP da seguinte forma: Art. 654, § 1º – A petição de habeas corpus conterá: o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coa- ção e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça; a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor; a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências. OBS. 1 : Conforme doutrina e jurisprudência majoritária, os Tribunais costumam flexibilizar os requisitos da peti- ção inicial do habeas corpus, uma vez que é possível a concessão de ofício do habeas corpus pelo órgão jurisdi- cional competente. OBS. 2 : É possível pedido de liminar em sede de habeas corpus. Na maioria das vezes, a liminar consiste, em verdade, em pedido de antecipação de tutela, pois referido pedido confunde-se com o pedido principal. Assim, será possível ao impetrante formular pedido de concessão liminar da ordem, por exemplo, para restituir, de forma imediata, a liberdade do paciente, determinar a produção de prova que haja sido negada, reconhecer nulidade, suspender o processo etc. O pedido de concessão de liminar no habeas corpus tem fundamento no art. 660, § 2º, do CPP, que prevê que o juiz ou o tribunal poderá ordenar que cesse imediatamente o constrangimento sofrido pelo paciente. Entretanto, vale lembrar que, indeferida a liminar, NÃO será cabível, via de regra, a impetração de novo habeas corpus para atacar a decisão desfavorável, conforme Súmula nº 691 do STF: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do Relator que, em habeas corpus requerido a tri- bunal superior, indefere a liminar.” Nos casos em que o habeas corpus é impetrado perante um tribunal, a análise sobre o pedido liminar caberá mo- nocraticamente ao relator e, sendo a mesma negada, a grande maioria dos tribunais admite a impugnação da decisão através do agravo regimental (previsto no regimento interno do tribunal respectivo). Regra geral, referido agravo levará o requerimento à mesa da primeira seção designada pela Câmara ou Turma competente para o habeas corpus. Apesar da aplicabilidade da Súmula 691 do STF, a jurisprudência do próprio STF vem relativizando o teor da mesma em situações excepcionais, como nos casos de flagrante ilegalidade ou abuso de poder ou em contrarie- dade a princípios constitucionais ou legais na decisão questionada, nestes casos específicos, o STF vem admitin- do a impetração de novo habeas corpus contra decisão liminar que tinha indeferido habeas corpus anterior, neste sentido, os seguintes julgados do STF e do STJ: Ementa: EMENTA Habeas corpus. Processual Penal. Sonegação de contri- buição previdenciária (CP, art. 337-A). Prisão preventiva (CPP, art. 312). Pre- tendida revogação. Impetração dirigida contra decisão do Superior Tribunal de Justiça, que indeferiu medida liminar requerida pela impetrante. Incidência da Súmula nº 691 da Suprema Cor- te. Inexistência de ilegalidade flagrante a justificar a superação do enunciado em questão. Periculosidade em con- creto dos pacientes. Modus operandi da conduta criminosa. Crime perpetrado por organização criminosa de forma habitual. Real possibilidade de reiteração delitiva. Decreto prisional devidamente fundamentado. Habeas corpus não conhecido. 1. A Súmula nº 691 do Supremo Tribunal Federal somente admite mitigação na presença de fla- www.cers.com.br 5 grante ilegalidade, abuso de poder ou teratolo- gia, o que não se verifica na hipótese em exame. Precedentes.(…). (STF, HC 128779 / SP, Relator(a): Ministro Dias Tofoli, 2ª Turma, DJe 05/10/2016) PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO. RECEBIMENTO COMO AGRAVO REGIMENTAL. PRINCÍPIO DA FUNGIBI- LIDADE. HABEAS CORPUS CONTRA INDEFERIMENTO DE LIMINAR NA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 691/STF. MITIGAÇÃO. EXCEPCIONALIDADE NÃO CONFIGU- RADA. INEXISTÊNCIA DE TERATOLOGIA. DE- CISÃO MANTIDA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Formulado pedido de reconsideração dentro do quin- quídio legal deve ser recebido como agravo regimental, em homenagem ao princípio da fungibilidade recursal. 2. De acordo com a jurisprudência do STJ, nos termos da Súmula 691/STF, não cabe habeas corpus contra decisão não teratológica que nega liminar em writ impetrado no Tribunal de origem, somente sendo admitido o afastamen- to do entendimento, excepcionalmente, em hipóteses de ilegalidade flagrante e manifesta, o que não é o caso dos autos, razão pela qual deve a decisão agravada ser mantida por seus próprios fun- damentos. 3. Pedido de recon- sideração recebido como agravo regimental, ao qual se nega provimento. (STJ – RCD no HC: 312215 SP 2014/0336838-1, Relator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 05/03/2015, T6 – SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 17/03/2015) COMPETÊNCIA Em relação à competência para julgamento do habeas corpus, a regra é a de que ele seja julgado pela autoridade imediatamente superior à autoridade coatora, conforme esquema a seguir: continuando… www.cers.com.br 6 ATENÇÃO: O endereçamento do Habeas Corpus dependerá, portanto, de quem é definido como autorida- de coatora. ENDEREÇAMENTO Autoridade coatora Competência Endereçamento delegado de polícia civil Juiz Estadual EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DI- REITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ________ delegado de polícia civil, nos crimes de menor potencial ofen- sivo Juizado Especial Criminal Estadual EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DI- REITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA CO- MARCA DE _______ delegado de polícia federal Juiz Federal EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL FEDERAL DA SEÇÃO JU- DICIÁRIA DE _______ delegado de polícia federal nos crimes de menor potencial ofen- sivo Juizado Especial Criminal Federal EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL FEDERAL DA SE- ÇÃO JUDICIÁRIA DE _________ delegado de polícia, em crime for doloso contra a vida Tribunal do Júri EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DI- REITO DA ___ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA CO- MARCA DE ________ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA __ VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JU- DICIÁRIA DE ____________ Juiz de Primeiro Grau Estadual ou Ministério Público Estadual Tribunal de Justi- ça EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBAR- GADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ____________ Juiz de Primeiro Grau Federal ou Procurador da República (MPF oficiando perante dos Juízos Federais de 1o. grau) Tribunal Regional Federal EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBAR- GADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FE- DERAL DA ____ REGIÃO Juizado Especial Criminal Colégio ou Turma Recursal se Juizado Estadual: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESI- DENTE DO COLÉGIO RECURSAL DO JUIZADO ES- PECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE _____________ Se Juizado Federal: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESI- DENTE DA TURMA RECURSAL DO JUIZADO ESPE- CIAL FEDERAL CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA COMARCA DE ___________ TJ ou TRF ou pessoa com prer- rogativa de foro no STJ STJ EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Tribunais Superiores (STJ, TSE ou STM) ou pessoa com prerro- gativa de foro no STF STF EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMOTRIBUNAL FEDERAL PROCEDIMENTO Quanto ao procedimento do habeas corpus deverá ser observada a seguinte ordem: - Recebida a petição de habeas corpus, o juiz, se julgar necessário, e estiver preso o paciente, mandará que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar. (art. 656. CPP) - Haverá a requisição de informações à autoridade coatora, determinando prazo para sua apresentação. - Poderá o juiz requerer diligências e interrogar o paciente; www.cers.com.br 7 - Efetuadas as diligências, e interrogado o paciente, o juiz decidirá, fundamenta- damente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas, nos termos do art. 660, CPP. - Se a decisão for favorável ao paciente, será logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser manti- do na prisão conforme art. 660, § 1º, CPP. - Será incontinenti enviada cópia da decisão à autoridade que tiver ordenado a prisão ou tiver o paciente à sua disposição, a fim de juntar-se aos autos do processo. (art. 660,§ 5º, CPP). No caso de julgamento de habeas corpus por Tribunal deverá ser observado o seguinte procedimento: - A petição de habeas corpus será apresentada ao secretário, que a enviará imedia- tamente ao presidente do tribunal, ou da câmara criminal, ou da turma, que estiver reunida, ou primeiro tiver de reunir-se. (art. 661, CPP) - Se a petição contiver os requisitos do art. 654, § 1º, o presidente, se necessário, requisitará da autoridade indi- cada como coatora as informações por escrito. Faltando, porém, qualquer daqueles requisitos, o presidente man- dará preenchê-lo, logo que lhe for apresentada a petição. (art. 662., CPP). - As diligências do artigo anterior não serão ordenadas, se o presidente entender que o habeas corpus deva ser indeferido in limine. Nesse caso, levará a petição ao tribunal, câmara ou turma, para que delibere a respeito. (art. 663, CPP) - Recebidas as informações, ou dispensadas, o habeas corpus será julgado na pri- meira sessão, podendo, entre- tanto, adiar-se o julgamento para a sessão seguinte. (art. 664, CPP). - A decisão será tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente não tiver tomado parte na vota- ção, proferirá voto de desempate; no caso contrário, prevalecerá a decisão mais favorável ao paciente. (art. 664, parágrafo único, CPP). ATENÇÃO: Não caberá habeas corpus: 1) Das punições disciplinares militares no que diz respeito ao mérito da decisão, com fundamento no art. 142, § 2º da Constituição e art. 647 do Código de Processo Penal. 2) Durante o estado de sítio, vedação indireta dada pela Constituição Federal nos arts. 138, caput e 139, I e II, salvo se a prisão for determinada por quem não seja competente ou em desacordo com as formalidades legais. 3) Contra imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública, nos moldes da Súmula 694 do STF. 4) Quando já extinta a pena privativa de liberdade, com fundamento na Súmula 695 do STF. 5) Se o intuito for resolver sobre o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção, nos termos da Súmula 395 do STF. 6) Da decisão condenatória a pena de multa ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pe- cuniária seja a única cominada, nos termos da Súmula 693 do STF. 7) Contra omissão do relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito, a teor da Súmula 692 do STF. ESTRUTURA DO HABEAS CORPUS ENDEREÇAMENTO - conforme indicado no item 14.7 acima, exemplo: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ____________ (NOME DO IMPETRANTE), nacionalidade, identidade, CPF, profissão, residente e domiciliado no _______, (por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, procuração em anexo) (se for o caso), vem respeito- samente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 5º., LXVIII, da Constituição Federal, e no art. 647 e seguintes, em especial no art. 648, inc. ___, todos do Código de Processo Penal, impetrar HABEAS CORPUS com pedido de liminar em favor do paciente (NOME DO PACIENTE), que se encontra indevidamente preso por ordem do __________, ora apontado como autoridade coatora. www.cers.com.br 8 1. Dos Fatos Fazer um resumo dos fatos que ensejam a impetração do habeas corpus, ou seja, indicar que foi, por exemplo, decretada uma prisão pelo Juízo ___, autoridade coatora, e que tal prisão é manifestamente ilegal por “tais moti- vos”. Indicar que referida(s) ilegalidade(s) caracteriza(m) ameaça ou cerceamento ao direito de liberdade do paci- ente, ensejando o habeas corpus. 2. Do Direito Ressaltar a ilegalidade na prisão ou na ameaça ao direito de liberdade do paciente, apresentando os dispositivos legais violados. 3. Da presença dos pressupostos à concessão liminar da ordem Indicar encontrarem-se presentes o fumus boni iuris, caracterizado pela violação/cerceamento/ameaça ao direito de liberdade do paciente, e também o periculum in mora, que reside no fato de já estar o paciente submetido à uma prisão flagrantemente ilegal, que não pode prosperar. 4. Do Pedido Indicar a necessidade de concessão da ordem liminarmente, bem como seja oficiada a autoridade coatora para que preste as informações necessárias, e intimação do Ministério Público. Ao final, deve-se fazer o pedido pleiteando a consequente concessão definitiva da ordem de habeas corpus, na forma do art. 5º., LXVIII, da Constituição Federal, e art. 647 e seguintes do Código de Processo Penal, para ... , com consequente expedição do alvará de soltura (se for o caso). Termos em que, Pede deferimento. Comarca, data. Advogado, OAB (se for o caso) www.cers.com.br 9
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