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Esquizofrenia, Convulsões e Doenças Neurodegenerativas P R O F E S S O R : D R . F I L I P E C A R VA L H O M AT H E U S C U R S O : F I S I O T E R A P I A FA S E : 4 P E R Í O D O L E T I V O 2 0 1 6 / 2 DISCIPLINA: FARMACOLOGIA Doenças Neurodegenerativas Doença de Parkinson: 1-2% acima 60 anos Doença de Alzheimer: 5% acima dos 60 anos Doenças Neurodegenerativas: INTRODUÇÃO Doenças caracterizadas por morte neuronal progressiva; Número crescente de portadores; Causa primária desconhecida (fatores ambientais x genéticos); Diagnóstico tardio; Tratamento farmacológico atual com eficácia limitada (efeitos paliativos, efeitos colaterais, etc...); Grande investimento em pesquisas científicas; Mecanismos bioquímicos comuns (alvos para o desenvolvimento de futuros fármacos mais eficazes): - neuroinflamação - estresse oxidativo - excitotoxicidade glutamatérgica - ativação de vias de apoptose EPIDEMIOLOGIA • Incidência da Doença de Parkinson é de 20 casos/100.000 habitantes/ano. • Afetando 1% dos indivíduos acima dos 60 anos e 2% dos indivíduos acima de 70 anos. • No Brasil existem aproximadamente 220 mil parkinsonianos. DOENÇA DE PARKINSON 1817 – Descrita originalmente por James Parkinson (“Essay on the Shaking Palsy”) (1755 – 1824) "Involuntary tremulous motion, with lessened muscular power, in parts not in action and even when supported; with a propensity to bend the trunk forward, and to pass from a walking to a running pace; the senses and intellects being uninjured." Dos seis casos clínicos apresentados, todos homens, com idades entre 50 e 72 anos, três foram examinados pessoalmente, dois foram encontrados casualmente na rua e avaliados depois e um dos casos não foi avaliado - "the lamented subject of which was only seen at a distance" ALTERAÇÕES NEUROPATOLÓGICAS Dauer & Przedborski, Neuron 39: 889-909; 2003. SINTOMAS MOTORES Alvarez, Prediger et al., Cartilha sobre a doença de Parkinson, UFSC 2009 Aparecimento dos sintomas motores: 50-70% neurônios DA SN, 80% DA estriado Medicamentos que podem causar o parkinsonismo secundário Nome comercial Substância ativa Indicação médica Cinageron® Cinarizina Antivertiginoso (contra tontura) Antigeron® Cinarizina Antivertiginoso (contra tontura) Stugeron® Cinarizina Antivertiginoso (contra tontura) Coldrin® Cinarizina Antivertiginoso (contra tontura) Cronogeron® Cinarizina Antivertiginoso (contra tontura) Exit® Cinarizina Antivertiginoso (contra tontura) Vessel® Cinarizina Antivertiginoso (contra tontura) Sureptil® Cinarizina Antivertiginoso (contra tontura) Verzum® Cinarizina Antivertiginoso (contra tontura) Flunarin® Flunarizina Antivertiginoso (contra tontura) Fluvert® Flunarizina Antivertiginoso (contra tontura) Vertizine D® Flunarizina Antivertiginoso (contra tontura) Sibelium® Flunarizina Antivertiginoso (contra tontura) Flumax® Flunarizina Antivertiginoso (contra tontura) Vertix® Flunarizina Antivertiginoso (contra tontura) Haloperidol® Haloperidol Esquizofrenia e psicoses Haldol® Haloperidol Esquizofrenia e psicoses Clorpromazina® Clorpromazina Esquizofrenia e psicoses Neuleptil® Periciazina Esquizofrenia e psicoses Plasil® Metoclopramida Náuseas e vômitos Eucil® Metoclopramida Náuseas e vômitos Depakene® Ácido Valpróico Antiepiléticos Prozac® Fluoxetina Antidepressivo Metildopa® Metildopa Anti-hipertensivo Tratamento da doença de Parkinson SINTOMÁTICA Objetiva melhorar os sinais e sintomas -Farmacológico -Cirúrgico NEUROPROTETORA Visa retardar a degeneração neuronal, impedindo a progressão - Proteção de neurônios vulneráveis RESTAURADORA Pretende substituir os neurônios dopaminérgicos perdidos -Implante de células - Fatores neurotróficos Benserazida Bromocriptina Pramipexol Tolcapone Entacapone Prediger and Aguiar Jr., 2010 Tratamento farmacológico atual da doença de Parkinson • Precursores da dopamina • Agonistas dopaminérgicos • Inibidores da catecol-O-metiltransferase (COMT) – bloqueiam a degradação da dopamina • Inibidores da MAO-B – aumentam a resposta a dopamina por inibir sua degradação • Anticolinérgicos – reduzem o tremor e rigidez por atuarem nos neurônios estriatais • Amantadina (antagonista NMDA) – melhora a discinesia induzida pela levodopa A dopa descarboxilase (DDC) converte a levodopa em dopamina nos tecidos periféricos, gerando manifestações dopaminérgicas periféricas, como náuseas, vômitos e hipotensão ortostática. A COMT converte a levodopa em 3-O-metil-dopa. Devido a isto, a meia vida plasmática da levodopa é muito curta, não passando de 90 minutos. Benserazida Carbidopa Tolcapone Entacapone Precursores da dopamina • No início do tratamento, ou quando a dose de levodopa é aumentada, podem ocorrer alguns efeitos colaterais leves, como náuseas e vômitos (controlados com a administração de domperidona), que normalmente desaparecem após as primeiras semanas; • Outros sintomas colaterais (discinesias e flutuações “liga-desliga”) são comuns após o uso crônico da levodopa (em média 5 anos); • Alucinações e mudanças do comportamento são menos frequentes em comparação aos agonistas dopaminérgicos. “Nós, pacientes de Parkinson, a não ser por aqueles momentos cada vez mais ilusórios de “ligado”, quando os remédios funcionam e os sintomas ficam controlados, podemos ser duas pessoas (bradicinesia ou discinesia), alterando nossa realidade várias vezes ao dia. Mas, se tiver de escolher, prefiro a discinesia. Alguns passos infelizes, batendo e cortando minhas pernas nas cadeiras, a cabeça rolando como uma bola em um barco – é um preço baixo a pagar por conseguir chegar à porta e abri-la, com a esperança renovada pelo que pode haver do outro lado dela.” Michael J. Fox em “Um otimista incorrigível” (Editora Planeta do Brasil, 2009) Estratégias Neuroprotetoras (ainda em estudo) • Inibidores da MAO-B (ex: rasagilina); • Antioxidantes (ex: vitamina E e coenzima Q10); • Antiinflamatórios; • Antagonistas glutamatérgicos (ex: amantadina); • Fatores tróficos (ex: GDNF – fator neurotrófico derivado da glia); • Inibidores da proteína caspase 3 (ex: minociclidina); • Inibidores da proteína JNK (ex: CEP1347); • Outros (cafeína, nicotina e AINEs). Doença de Alzheimer ALZHEIMER A doença de Alzheimer é a forma mais comum de neurodegeneração +60 anos: 5% +80 anos: 10% Estima-se que 17-25 milhões de pessoas sofram de Alzheimer em todo o mundo No Brasil, 6% (1,2 milhões) dos idosos (+ 60 anos) possuem Alzheimer SINTOMAS - pequenos esquecimentos - confusão mental - agressividade - alterações de conduta e personalidade - não reconhecimento das pessoas e de si próprio - dificuldade de locomoção, comunicação - DEPENDÊNCIA ALZHEIMER 1906 – Alois Alzheimer descreve a DA Placas cerebrais e emaranhados neurofibrilares Alterações Colinérgicas Neurônios colinérgicos do prosencéfalo basal Neurônios colinérgicos do núcleo tegmental pedunculopontino Envolvimento na consciência, atenção, memória e outros. Perry et al (1999) Trends Neurosci 22(6):273-80. Hipótese beta-amilóide (A) na Doença de Alzheimer A A A agregado A Hiperfosforilação da proteína Tau Placas senis Emaranhados neurofibrilares Risco relativo (RR) DA Risco • Envelhecimento • História TCE 1.8 (1.3 - 2.7) • História familiar: - Demência 3.5 (2.6 - 4.6) - Down 2.7 (1.2 - 5.7) - Parkinson 2.4 (1.0 - 5.8) - genótipo Apo E4/E4 (14.9) > E3/E4 (3.2) > E2/E4 (2.6) ProteçãoPossível • Educação superior • Uso de AINEs ou estatinas 0.2 (0.05 – 0.83) • Genótipo Apo E2/E2 0.2 Doença de Alzheimer x genes Atualmente 5 fármacos são aprovados pelo Food and Drug Administration (FDA) para o tratamento da demência devido a doença de Alzheimer: TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Tacrina Donepezil Rivastigmina Galantamina Inibidores da acetilcolinesterase Antagonista do receptor NMDA Memantina A tacrina é uma droga em desuso devido ao perfil negativo de efeitos colaterais e risco de hepatotoxicidade. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ATUAL A memantina faz antagonismo NMDA com baixa afinidade, evitando a ativação excessiva mas permitindo a ativação regular. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Memantina Parsons et al (2007) Neuropharmacology 53(6):699-723. Witt et al (2004) Nat Rev Drug Discov 3(2):109-10. Efeitos adversos comuns Efeitos adversos incomuns Preço (RS) Donepezil Náuseas, diarréia, vômito Insônia, pesadelos, vertigem 5 mg (30 comp) – 95 – 310,00 Rivastigmina Náuseas, diarréia, vômito, perda peso Vertigem, dor cabeça, fadiga 4.5 mg (30 comp) – 160,00 Galantamina Náuseas, diarréia, vômito, vertigem Perda peso, dor cabeça, dor abdomnal, astenia, sonolência 16 mg (28 caps) – 451,00 Memantina alucinações, confusão, vertigem, dor cabeça Cansaço 10 mg (30 comp) – 45 – 70,00 Alzheimer’s & Dementia 4:65-79, 2008. Agentes modificadores da doença de Alzheimer Drogas em estudo Mangialasche et al (2010) Lancet Neurol 9(7):702-16. Esquizofrenia Farmacologia das Epilepsias Epilepsias são caracterizadas por crises convulsivas repetidas e espontâneas, que resultam de uma descarga anormal de neurônios (principalmente ↓GABAérgicos e ↑GLUtamatérgicos); Esta descarga pode se refletir em alterações comportamentais, sensoriais e motoras; A semiologia depende da área cerebral afetada e da extensão da disseminação desta descarga anormal - desde a perda da consciência por poucos segundos até crises generalizadas prolongadas; Drogas antiepilépticas (anticonvulsivantes) são usadas para controlar estas crises; são eficazes em ¾ dos casos, mas seu uso pode ser limitado pela incidência de efeitos colaterais. Introdução Etiologia das Epilepsias Em 2/3 casos a causa é desconhecida; Lesão cerebral (traumatismo, AVC, tumor cerebral, hipóxia e doenças neurodegenerativas); Infecções do SNC (meningites); Doenças febris na infância; Convulsões podem ser precipitadas por drogas de abuso ou medicamentos (ex: antipsicóticos, antidepressivos tricíclicos, antibióticos). Neurônios epilépticos e rede neural epiléptica Ionotrópicos Metabotrópicos NMDA AMPA Cainato Subtipos 1 a 5 Na+ e Ca++ Ionotrópicos Metabotrópicos GABAA GABAB Cl- Se a descarga anormal for... • ... no córtex motor haverá convulsões; • ...no hipotálamo e tronco encefálico haverá ativação autonômica – salivação, defecação e/ou micção; • ... na formação reticular haverá perda de consciência. O que fazer e o que não fazer quando alguém tem uma crise Mantenha-se calmo e procure acalmar os demais. Ponha algo macio sob a cabeça do paciente. Remova da área objetos perigosos com os quais a pessoa eventualmente possa se ferir. Caso o paciente esteja usando gravata, afrouxe- a. Faça o mesmo com o colarinho da camisa. Mexa a cabeça dele para o lado para que a saliva flua e não dificulte a respiração. Fique a seu lado até que sua respiração volte ao normal e ele se levante. Leve-o para casa, caso ele não esteja seguro de onde se encontra. Algumas pessoas ficam confusas após terem sofrido um ataque. Se você tem certeza de que a pessoa sofre de epilepsia e que o ataque não vai durar mais do que poucos minutos, é desnecessário chamar uma ambulância. Caso, porém, o ataque se prolongue indefinidamente, seja seguido por outros, ou a pessoa não volte a si, peça ajuda. Se a pessoa for diabética, estiver grávida, machucar-se ou estiver doente durante o ataque, chame uma ambulância. Não introduza nada em sua boca. Não prenda sua língua com colher ou outro objeto semelhante (não existe perigo algum do paciente engolir a língua). Não tente fazê-lo voltar a si lançando-lhe água ou obrigando-o a tomá-la. Não o agarre na tentativa de mantê-lo quieto. • Mesmo utilizando fármacos adequados ao tipo de crise, um controle insatisfatório ocorre em cerca de 15-25% dos pacientes com epilepsia focal, sendo estes candidatos a tratamento cirúrgico da epilepsia; • Mesmo com um tratamento farmacológico adequado, é importante que o paciente identifique e evite situações que aumentem sua suscetibilidade a crises, como exposição a flashes de luz intermitentes (por exemplo, videogame), privação de sono ou abuso de bebidas alcoólicas. Considerações importantes do tratamento com anticonvulsivantes Principais anticonvulsivantes Clássicos • Carbamazepina • Fenitoína • Valproato • Etossuximida • Fenobarbital • Diazepam • Clonazepam Mais recentes • Vigabatrina • Gabapentina • Lamotrigina • Felbamato • Tiagabina • Topiramato • Zonisamida Mecanismos de ação dos anticonvulsivantes Objetivo: prevenir as descargas anormais, sem afetar a neurotransmissão normal – Potencializar a ação inibitória do GABA; – Inibir os canais de Na+ dependentes de voltagem, que geram o potencial de ação; – Inibir os canais de Ca++ (tálamo) – principalmente crises de ausência – Reduzir a ação excitatória do glutamato Potencial de ação Inib. recaptação GABA Tiagabina X Agonistas GABAA Fenobarbital Diazepam, Clonazepam + Inib. GABA transaminase Vigabatrina X Inib. canais Na+ dependentes de uso Fenitoína Carbamazepina Lamotrigina Zonisamida X Mecanismos de ação dos anticonvulsivantes Inib. canais Ca++ do tipo T (tálamo) Etossuximida Gabapentina Pregabalina Ações múltiplas: Valproato Felbamato Topiramato • Redução da transmissão glutamatérgica Mecanismos de ação dos anticonvulsivantes Antagonista NMDA Felbamato X Antagonista AMPA Topiramato X Inib. lib. glutamato Lamotrigina X Outros usos terapêuticos dos anticonvulsivantes • Enxaqueca – Topiramato – Valproato – Gabapentina • Dor Neuropática – Carbamazepina – Fenitoína – Lamotrigina – Gabapentina – Topiramato • Transtorno Bipolar – Valproato – Carbamazepina – Lamotrigina – Gabapentina – Outros associados com Li • Transtorno do estresse pós-traumático?? – Topiramato – Lamotrigina • Neuralgia do Trigêmeo – Fenitoína – Gabapentina • Esquizofrenia – Valproato • Perder peso – Topiramato • Vigabatrina • Gabapentina • Lamotrigina • Felbamato • Tiagabina • Topiramato • Zonisamida Anticonvulsivantes mais recentes