Buscar

Manual de pratica simulada civil 1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO DE DIREITO
NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA
MANUAL DE PRÁTICA JURÍDICA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA
ANO 2018
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO	3
PETIÇÃO INCIAL	4
CONTESTAÇÃO	9
RÉPLICA	15
APELAÇÃO	21
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA	30
ANEXOS	31
APRESENTAÇÃO
PETIÇÃO INCIAL
A petição inicial é o veículo da demanda. Ante o princípio dispositivo, ou mais precisamente, princípio da demanda, a jurisdição é função do Estado provocada pela parte, pois uma de suas características é a inércia. O ato de provocação da jurisdição é a demanda, cujo instrumento é a petição inicial.
	Endereçamento: indicar o juízo competente para apreciar a demanda
	A indicação do juízo competente é obrigatória, segundo versa o art. 319, I do Código de processo Civil, de modo que a ação não é mais endereçada ao Juiz da Vara, mas ao Juízo.
	
	Processo n.: não há
	Qualificação das partes: indicar os dados do Requerente e Requerido
	Um dos requisitos da petição inicial é a qualificação das partes, conforme preconiza o art. 319, II do CPC.
	 Caso não disponha dessas informações, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
	
	 A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta dessas informações, for possível a citação do réu ou se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. 	
			
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato não poderá trazer dados que não constem no enunciado. O candidado deverá lançar todos os requisitos dos artigo 319,II do CPC acompanhando de reticências ou “xxx”. 
3.5.9. Na elaboração dos textos da peça profissional e das respostas às questões discursivas, o examinando deverá incluir todos os dados que se façam necessários, sem, contudo, produzir qualquer identificação ou informações além daquelas fornecidas e permitidas nos enunciados contidos no caderno de prova. Assim, o examinando deverá escrever o nome do dado seguido de reticências ou de “XXX” (exemplo: “Município...”, “Data...”, “Advogado...”, “OAB...”, “MunicípioXXX”, “DataXXX”, “AdvogadoXXX”, “OABXXX” etc.). A omissão de dados que forem legalmente exigidos ou necessários para a correta solução do problema proposto acarretará em descontos na pontuação atribuída ao examinando nesta fase.[1: https://dpmzos25m8ivg.cloudfront.net/628/595226_2018.1%20(XXV%20EOU)%20-%20edital%20vers%C3%A3o%20final_23_01_2018.pdf]
	Nome da Peça: nomen iuris
É preciso colocar o nome correto como também, ao mesmo tempo, o correto fundamento legal referente ao caso abordado. 
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato deverá indicar a medida processual adotada.
4.2.6.1. A indicação correta da peça prática é verificada no nomen iuris da peça concomitantemente com o correto e completo fundamento legal usado para justificar tecnicamente a escolha feita.[2: https://dpmzos25m8ivg.cloudfront.net/628/595226_2018.1%20(XXV%20EOU)%20-%20edital%20vers%C3%A3o%20final_23_01_2018.pdf ]
Gratuidade de Justiça: quando couber
	A gratuidade de justiça está disciplinada no art. 98 a 102 do Código de Processo Civil. 
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato não poderá inventar dados que não estejam descritos no enunciado.
	Fato e os fundamentos jurídicos do pedido: art. 319,III
	Tal requisito corresponde ao elemento da ação “causa de pedir”. 
	Fatos: indicar os fatos
É requisito da petição inicial a exposição dos fatos, conforme estabelece o art. 319,III do CPC. 
EXAME DE ORDEM: A mera indicação do fundamento jurídico não confere a pontuação, devendo o candidato contextualizar a sua argumentação.
 
	Fundamento jurídico: indicar os dispositivos, jurisprudências e doutrinas que subsidiam a causa de pedir.
	A indicação do fundamento jurídico é essencial para o entendimento da causa de pedir, que é requisito da petição inicial. 
	Majoritariamente, a doutrina entende que o fundamento jurídico deve ser trazido no bojo da ação, ainda que não faça indicação expressa do dispositivo.
	A jurisprudência é indicada como forma de demonstrar que a discussão já foi enfrentada pelas instâncias superiores, não sendo obrigatória na peça, tratando-se de uma forma de persuadir o julgador.
	Da mesma forma a doutrina, que serve para esclarecer a posição doutrinária sobre determinada situação ou instituto.
EXAME DE ORDEM: Não é autorizado ao candidato utilizar doutrina e jurisprudência. A indicação dos dispositivos que fundamentam a argumentação são pontuados pela banca examinadora. 
	O pedido com as suas especificações: Art. 319, IV do CPC 
	O pedido deve ser sempre certo (art. 322) e determinado (art. 324).
	
	São pedidos implícitos ou seja, compreendem-se no principal:
Juros legais (art. 322, §1°);
A correção monetária (art. 322 §1°);
Prestações sucessivas (art. 323);
As verbas de sucumbência inclusive os honorários advocatícios (art. 322 §1°)
OBS: Mesmo em se tratando de pedidos implícitos a praxe forense indica pela menção dos mesmos na petição inicial. 
EXAME DE ORDEM: A banca examinadora costuma pontuar tais pedidos tidos como implícitos. Vejamos: 
Admite-se o pedido genérico: 
Nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados (art. 324, I);
Quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato (art. 324,I);
Quando a determinação do objeto ou valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu (art. 324, III); 
	Os pedidos podem ser cumulados quando:
Os pedidos sejam compatíveis entre si (art. 327,I);
Seja competente para conhecer deles o mesmo juízo (art. 327,II);
Seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento (art. 327,III);
Para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum (art. 327 §2°). 
	As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados: Art. 319 VI
A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação (art. 320 CPC), bem como com a indicação com os meios de provas que pretende produzir. 
Vale destacar que admite-se também a juntada posterior de documentos formados após a petição inicial ou a contestação, bem como dos que se tornarem conhecidos, acessíveis ou disponíveis após esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que a impediu de junta-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em qualquer caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o artigo 5° (Art. 435 parágrafo único). 
	Opção do autor pela realização ou não da audiência de conciliação ou mediação. Art. 319, VII
	Cumpre salientar que só não haverá a audiência se ambas as partes expressamente demonstrarem desinteresse. Com efeito, o autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, (através dos pedidos) e o réu deverá fazê-lo, por petição apresentada com dez dias de antecedência, contados da data de audiência. 
	Valor da causa: 319, V
	Toda petição inicial terá valor da causa e a ele será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível (art. 291).
	
	O valor da causa seguirá as regras estabelecidas no artigo 292 do CPC. 
	Fechamento 
	Deverá ser indicado.... 
	Dá-se a causa o valor de R$...
Nesses termos,
Pede deferimento.
Local e data
Advogado/OAB
	AO JUÍZO DA ... 
QUALIFICAÇÃO AUTOR: nomes, prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da PessoaJurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência, ajuizar
NOMEN IURIS 
em face de QUALIFICAÇÃO RÉU: nomes, prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência
 DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
 Art. 98 do CPC. 
FATOS 
Art. 319, III do CPC
FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO
Art. 319, III do CPC
DOS PEDIDOS
 Ante o exposto, requer:
(...)
(...) 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente pelo depoimento das partes, oitiva de testemunhas, documentos, sem prejuízo de outras provas eventualmente cabíveis.
Dá-se a causa o valor de R$...
Nesses termos,
Pede deferimento.
Local e data
Advogado/OAB
CONTESTAÇÃO
	Endereçamento: indicar o juízo competente para apreciar a demanda
	A contestação será sempre dirigida ao juízo que determinou a citação do réu, ainda que se pretenda alegar sua incompetência.
	Processo n.: 
É fundamental indicar o número dos autos em que tramita o processo para que a petição seja devidamente anexada aos fascículos corretos (se os autos forem físicos) e consideradas no âmbito adequado (ainda que o processo tramite eletronicamente).
	Qualificação da parte: 
Se a qualificação do réu já estiver correta na inicial, basta indicar “já qualificado”, não havendo necessidade de reproduzir a qualificação novamente.
	Nome da Peça: contestação
	Apesar de não ser requisito da inicial, a prática processual nos recomenda que seja indicado o nome da medida processual intentada por ser uma forma de facilitar a identificação da demanda.
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato deverá indicar a medida processual adotada.
	I - Da síntese da inicial
	Não se trata de requisito obrigatório em uma contestação, mas parece conveniente abrir tal tópico para facilitar a compreensão da causa por parte do juiz/examinador. Em Exames de Ordem e em concursos é conveniente que se apresente este tópico.
Se o advogado opta por realizar a síntese, não deve tomar partido neste momento, afirmando que são inverídicas ou equivocadas as afirmações, mas simplesmente relatar os fatos trazidos na inicial. Por sua vez, se a versão do réu para os fatos for muito distinta, pode ser aberto um tópico para narrar os fatos sob a perspectiva do réu.
II – Da Gratuidade de Justiça: quando couber
A gratuidade da justiça está disciplinada no artigo 98 do CPC
III – Das Preliminares
	Tratando-se de contestação e existindo alguma defesa processual, deve ser aberto tópico próprio para apontar a matéria preliminar (CPC/2015, art. 337).
	IV – Do Mérito
	Terminado o tópico da preliminar, parte-se para o mérito – momento em que serão discutidos aspectos de direito material referentes à causa.
Quando contesta a ação, o réu deverá impugnar cada um dos fatos alegados pelo autor, sob pena de os não rebatidos serem tidos no processo como verdadeiros.
Se quiser, o advogado pode reproduzir os artigos que fundamentam as teses de defesa, mas não há necessidade (o juiz conhece o direito – jura novit curia). Para fins de OAB e concursos, é recomendável que se reproduza ao menos alguma parte do dispositivo para mostrar conhecimento e reforçar a argumentação.
EXAME DE ORDEM: A mera indicação do fundamento jurídico não confere a pontuação, devendo o candidato contextualizar a sua argumentação.
 
	Fundamento jurídico: indicar os dispositivos, jurisprudências e doutrinas que subsidiam a causa de pedir.
	Apesar de não haver determinação expressa no CPC, o fundamento jurídico é essencial para o entendimento da causa. 
	Majoritariamente, a doutrina entende que o fundamento jurídico deve ser trazido no bojo da ação, ainda que não faça indicação expressa do dispositivo.
	A jurisprudência é indicada como forma de demonstrar que a discussão já foi enfrentada pelas instâncias superiores, não sendo obrigatória na peça, tratando-se de uma forma de persuadir o julgador.
	Da mesma forma a doutrina, que serve para esclarecer a posição doutrinária sobre determinada situação ou instituto.
EXAME DE ORDEM: Não é autorizado ao candidato utilizar doutrina e jurisprudência. A indicação dos dispositivos que fundamentam a argumentação são pontuados pela banca examinadora.
	 V – Da Conclusão 
	Neste momento, deve o advogado sintetizar o que expôs na peça, apontando a consequência específica para cada uma das alegações apontadas na contestação.
Apesar de muitas vezes utilizado no cotidiano forense o termo “pedido”, em verdade melhor deixar de lado tal vocábulo – já que quem pede é o autor. Por isso, prefere-se requerer.
Apesar de previsto em lei, é sempre conveniente pleitear a condenação do autor ao pagamento da sucumbência.
	 
	Provas: indicar as provas que pretende produzir
	É comum constar na petição as provas que se pretende produzir no processo, até pela aplicação do art. 319, inciso VI do CPC.
	Assim, recomenda-se a indicação expressa das provas que se pretende produzir no processo, sem prejuízo de outras eventualmente cabíveis.
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato deverá indicar as provas que pretende produzir, pois costuma ser avaliado pelo examinador. 
	Fechamento: Nesses termos, pede deferimento. Local e Data. Advogado/OAB
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato não poderá inventar dados que não estejam descritos no enunciado. Deverá utilizar a expressão “Local e data” ao invés de indicar o local e o dia de realização da prova, bem como, a expressão “Advogado/OAB) não podendo, de forma alguma, assinar a peça ou colocar o seu nome, sob pena de ser anulada a prova.
	MODELO DE CONTESTAÇÃO COMENTADO
Para ilustrar e fixar os conceitos expostos, a partir do problema abaixo será elaborada uma contestação.
Joaquim, representante comercial autônomo, esteve por nove vezes em determinado hotel, entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015 (três vezes em cada mês), a trabalho. Em cada
pernoite, Joaquim assinava um documento comprovando que havia utilizado os serviços do hotel, onde constavam tão somente a data e o valor da diária (duzentos e cinquenta reais).
Não adimplida tal obrigação, ajuizou o hotel, em março de 2016, ação condenatória contra Joaquim e a empresa para quem este presta serviços. O hotel pleiteou o valor do débito acrescido de multa de 10% (dez por cento); a petição inicial não trouxe procuração.
Considerando estas informações, elabore a contestação de Joaquim e da empresa, em uma única petição.
AO JUÍZO DA (NÚMERO) VARA CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA / COMARCA DE (nome da circunscrição/comarca)
Autos do processo n. (número)
Joaquim (sobrenome), representante comercial autônomo, (estado civil), portador da cédula de identidade RG n. (número) e inscrito no CPF sob o n. (número), residente em (Rua, número, bairro, CEP), com endereço eletrônico (endereço) e EMPRESA (nome), com sede em (Rua, número, bairro, CEP), inscrita no CNPJ sob o n. (número), com endereço eletrônico (endereço) vem à presença de V. Exa., por seu advogado (procuração anexa), cujo escritório se localiza em (endereço), apresentar a presente
Se a qualificação do réu já estiver correta na inicial, basta indicar “já qualificado”, não havendo necessidade de reproduzir a qualificação novamente.
CONTESTAÇÃO
à ação condenatória proposta por HOTEL (nome), já qualificado, com base nos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I - DA SÍNTESE DA INICIAL
Busca o autor o Poder Judiciário pleiteando o recebimento dos valores referentes à utilização dos serviços hoteleiros por parte do corréu TÍCIO.
Afirma a exordial que TÍCIO hospedou-se no HOTEL por nove oportunidades entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015, e que não teria pagado a conta.
A demanda foi ajuizada em março de 2016 também em faceda EMPRESA, pedindo o autor a condenação dos réus ao pagamento de (i) R$ 2.250,00 (dois mil duzentos e cinquenta reais) referentes às diárias e (ii) multa de 10% (dez por cento).
É a breve síntese do necessário.
II –PRELIMINARMENTE
1) DA ILEGITIMIDADE PASSIVA DA EMPRESA
É patente a ilegitimidade passiva ad causam da empresa para figurar no polo passivo da presente demanda.
A melhor definição para legitimidade é a coincidência entre as partes que figuram na relação processual e aquelas que figuram na relação material; no caso, é cristalina a ausência de correspondência entre as partes deste processo e as partes contratantes.
Ora, na própria inicial já se percebe que quem se valeu dos serviços hoteleiros foi Joaquim e não a empresa. Portanto, há relação jurídica material (prestação de serviços hoteleiros) somente entre o corréu Joaquim e o hotel.
Além disso, é de se apontar que, como consta da exordial, Joaquim é representante comercial autônomo, não havendo qualquer liame entre este e a empresa.
Destarte, é indubitável que a empresa (parte na relação processual) não é parte da relação jurídica material existente, razão pela qual deve ser reconhecida sua ilegitimidade passiva – com a consequente extinção do processo sem resolução de mérito, em virtude da carência de ação (CPC/2015, arts. 485, VI, e 337, XI).
Considerando que já existe litisconsórcio passivo com Joaquim e que este seria a parte legítima correta, não se faz necessária a indicação da correta parte a figurar no polo passivo (CPC/2015, art. 339).
2) DO DEFEITO DE REPRESENTAÇÃO: FALTA DE PROCURAÇÃO
A petição inicial não veio instruída com a procuração outorgando poderes ao patrono do HOTEL.
Nos termos dos artigos 104 e 287 do CPC/2015, é fundamental que o advogado, ao postular em juízo, apresente instrumento de mandato.
Assim, percebe-se defeito de representação (CPC/2015, art. 337, IX), devendo o autor corrigir tal vício, em 15 dias, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito (CPC/2015, arts. 76 e 321).
III - MÉRITO
Superadas as preliminares, o que se admite apenas para argumentar, tampouco no mérito prosperará a demanda proposta pelo autor.
Outrossim, é de apontar também que, no caso, há questão prejudicial a ser analisada (prescrição).
1) DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO DO AUTOR
O crédito referente às estadias já se encontra irremediavelmente prescrito.
Discute-se nestes autos a cobrança da hospedagem por parte dos hospedeiros, matéria especificamente tratada no Código Civil (CC, art. 206, § 1.º, I).
Afirma-se na inicial que o corréu teria se valido dos serviços de hospedagem nos meses de dezembro de 2014 e janeiro e fevereiro de 2015.
Nos termos do dispositivo já mencionado da legislação civil, o prazo prescricional em hipóteses como a presente é de 1 (um) ano – sendo certo que a prescrição do último mês se efetivaria em fevereiro de 2016, data anterior à distribuição da petição inicial que deu origem a este processo.
Destarte, como se vê, o pedido encontra óbice na prescrição.
Assim, nos termos do art. 487, II, do CPC/2015, deve haver a extinção do processo com resolução do mérito em virtude da prescrição apontada.
2) DO DESCABIMENTO DA MULTA, VISTO QUE NÃO PREVISTA PELAS PARTES CONTRATANTES
Acaso afastada a prescrição – o que se admite apenas ad argumentandum tantum –, impõe-se o afastamento da multa1 pleiteada pelo autor.
É certo que houve, entre autor e o corréu Joaquim, um contrato verbal de prestação de serviços hoteleiros.
Contudo, não houve a formalização de qualquer instrumento contratual com a previsão de multa, nem tampouco houve qualquer informação a Joaquim sobre tal existência.
Como bem destaca o art. 409 do Código Civil, a cláusula penal deve ser estipulada conjuntamente com a obrigação ou em ato posterior; tal situação não se configurou na situação sob análise porque não foi estipulada consensualmente tal obrigação acessória.
Portanto, ante a inexistência de qualquer acerto prévio entre as partes, impossível alegar a incidência de multa sob pena de ensejar considerável insegurança jurídica e violação ao princípio da legalidade (CF, art. 5.º, II) e da boa-fé objetiva (CC, art. 422).
Assim, conclui-se que a multa pleiteada deve ser afastada.
IV - DA CONCLUSÃO
Ante o exposto, requerem os réus a V. Exa.:
a) preliminarmente, seja reconhecida a ilegitimidade passiva da corré Empresa, com a extinção do feito em relação a ela, sem resolução de mérito com base no artigo 485, VI, do CPC/2015;
b) preliminarmente, que o autor traga aos autos procuração outorgando poderes a seu patrono, sob pena de indeferimento da petição inicial;
c) se afastadas as preliminares, no mérito, o reconhecimento da existência de prescrição, em relação a todo o valor cobrado pelo autor;
d) subsidiariamente, na remota hipótese de procedência do pedido principal, seja afastada a multa pleiteada;
e) a condenação do autor no ônus da sucumbência, em 10% do valor da causa, nos termos do art. 85, §§ 2º e 6º, do CPC/2015;20
f) provar o alegado por todos os meios de prova previstos em lei, especialmente pelos documentos ora juntados aos autos – e, caso V. Exa. entenda necessária a realização de audiência, requerem os réus o depoimento pessoal do representante legal do autor.
Termos em que pede deferimento.
Cidade, data,
advogado, OAB
RÉPLICA
Se na contestação o réu trouxe defesas processuais ou novos argumentos quanto ao mérito, preveem os arts. 350 e 351 do CPC/2015, em atenção à ampla defesa, a possibilidade de o autor se manifestar sobre tais alegações.
A petição em que o autor poderá expor seus argumentos é denominada, na praxe forense e na doutrina, “réplica”; tal expressão, contudo, não consta no Código de Processo Civil, razão pela qual a busca por tal termo na legislação será infrutífera.
A réplica deve ser apresentada no prazo de 15 dias contados da intimação do autor para sua apresentação.
	Endereçamento: indicar o juízo competente para apreciar a demanda
Sempre a réplica será dirigida ao Juízo em que tramita o feito, já que se trata de manifestação incidental no processo.
	Processo n.: 
É fundamental indicar o número dos autos em que tramita o processo para que a petição seja devidamente anexada aos fascículos corretos (se os autos forem físicos) e consideradas no âmbito adequado (ainda que o processo tramite eletronicamente).
	Qualificação da parte: 
Uma vez que a parte já foi qualificada na peça vestibular, basta indicar “já qualificado”, não havendo necessidade de reproduzir a qualificação novamente.
	Nome da Peça: Réplica
	Apesar de não ser requisito da inicial, a prática processual nos recomenda que seja indicado o nome da medida processual intentada por ser uma forma de facilitar a identificação da demanda.
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato deverá indicar a medida processual adotada.
	I – Dos Fatos
O conteúdo da petição deve ser apenas de refutação das alegações do réu (sejam estas relativas a fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor, seja no tocante a alegações do réu quanto a matérias de ordem processual – arguições preliminares constantes no art. 337 do CPC).
Não há requisitos formais para sua elaboração: trata-se de simples petição em que se deve, com clareza, rebater o que foi arguido pelo réu (nos termos do mencionado art. 351 do CPC).
Não se trata de requisito obrigatório em uma réplica, mas parece conveniente abrir tal tópico para facilitar a compreensão da causa por parte do juiz/examinador. Em Exames de Ordem e em concursos, sempre se deve apresentar este tópico.
II – Das Preliminares
Por questões lógicas, a argumentação pode se estruturar a partir da refutação das preliminares e então avançar à manifestação sobre os fundamentos de mérito aduzidos.
	III – Do Mérito
Terminado o tópico das preliminares, parte-se para o mérito, momento em que serão discutidos aspectos de direito material referentes à causa.
EXAMEDE ORDEM: A mera indicação do fundamento jurídico não confere a pontuação, devendo o candidato contextualizar a sua argumentação. Não é autorizado ao candidato utilizar doutrina e jurisprudência. A indicação dos dispositivos que fundamentam a argumentação são pontuados pela banca examinadora.
	 IV – Requerimento Final
Neste momento, cabe ao advogado sintetizar o que expôs na peça, apontando a consequência de suas alegações.
	 
	Fechamento: Nesses termos, pede deferimento. Local e Data. Advogado/OAB
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato não poderá inventar dados que não estejam descritos no enunciado. Deverá utilizar a expressão “Local e data” ao invés de indicar o local e o dia de realização da prova, bem como, a expressão “Advogado/OAB) não podendo, de forma alguma, assinar a peça ou colocar o seu nome, sob pena de ser anulada a prova.
MODELO DE RÉPLICA COMENTADO
Para ilustrar e fixar os conceitos expostos, segue um problema a partir do qual será elaborada uma réplica. 
Júlia ajuizou ação sob o rito ordinário, distribuída à 34a Vara de Família de São Paulo – SP, com o objetivo de ver declarada a existência de união estável que alega ter mantido, de1989 a 2005, com Jonas, já falecido. Arrolou a autora, no polo passivo da lide, o nome dos herdeiros de Jonas, que, devidamente citados, apresentaram contestação no prazo legal.
Preliminarmente, os réus alegaram que:
o pedido seria juridicamente impossível, sob o argumento de que Jonas, apesar de não viver mais com sua esposa havia vinte anos, ainda era casado com ela, mãe dos réus, quando falecera, algo que inviabilizaria a declaração da união estável, por ser inaceitável admiti-la com pessoa casada;
a autora não teria interesse de agir, sob o argumento de que Jonas não deixara pensão de qualquer origem, sendo inútil a ela a simples declaração;
o pedido encontraria óbice na coisa julgada, sob o fundamento de que, em oportunidade anterior, a autora ajuizara, contra os réus, ação possessória na qual, alegando ter sido companheira do falecido, pretendia ser mantida na posse de imóvel pertencente ao último, tendo sido o julgamento dessa ação desfavorável a ela, sob a fundamentação de que não teria ocorrido a união estável;
haveria litispendência, sob o argumento de que já tramitava, na 1a Vara de Família e Sucessões do Foro Central de São Paulo-SP, ação de inventário dos bens deixados pelo falecido, devendo necessariamente ser discutido naquela sede qualquer tema relativo a interesse do espólio, visto que o juízo do inventário atrai os processos em que o espólio é réu.
No mérito, os réus aduziram que Jonas era homem dado a vários relacionamentos e, apesar de ter convivido com a autora sob o mesmo teto, tinha uma namorada em cidade vizinha, com a qual se encontrava, regularmente, uma vez por semana, no período da tarde.
Considerando as matérias suscitadas na defesa, o juiz conferiu à autora, mediante intimação feita em 21.09.20XX (segunda-feira), prazo para manifestação.
Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Júlia, redija a peça processual cabível em face das alegações apresentadas na contestação. Date o documento no último dia de prazo.
AO JUÍZO DA 34a VARA DE FAMÍLIA E SUCESSÕES DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO
Autos do processo n. (número)
Ação declaratória da existência de união estável
Júlia (sobrenome) já qualificada vem, respeitosamente à presença de V. Exa., com fundamento no art. 350 do Código de Processo Civil, apresentar
RÉPLICA
à contestação apresentada nos autos da ação em epígrafe que move contra (herdeiros de Jonas – nomes completos), já qualificados, com base nos fundamentos de fato e de direito a seguir aduzidos.
I - RELATO DA SITUAÇÃO FÁTICA (OU “DOS FATOS”)
A Autora promove esta demanda para ver declarada a existência de união estável mantida, de 1989 a 2005, com o falecido Jonas, parente dos Réus.
Os demandados contestaram a ação alegando que:
o pedido seria juridicamente impossível, sob o argumento de que Jonas, apesar de não viver mais com sua esposa havia vinte anos, ainda era casado com ela, mãe dos réus, quando falecera, o que inviabilizaria a declaração da união estável por ser inaceitável admiti-la com pessoa casada;
a autora não teria interesse de agir porque Jonas não deixara pensão de qualquer origem, sendo inútil a ela a simples declaração;
o pedido encontraria óbice na coisa julgada porque, em oportunidade anterior, a autora ajuizara, contra os réus, ação possessória na qual, alegando ter sido companheira do falecido, pretendia ser mantida na posse de imóvel pertencente ao último, tendo sido o julgamento dessa ação desfavorável a ela sob a fundamentação de que não teria ocorrido a união estável;
haveria litispendência porque já tramitava, na 1a Vara de Família e Sucessões do Foro Central de São Paulo – SP, ação de inventário dos bens deixados pelo falecido, devendo necessariamente ser discutido naquela sede qualquer tema relativo a interesse do espólio, visto que o juízo do inventário atrai os processos em que o espólio é réu.
No mérito, os Réus aduziram que Jonas era homem dado a vários relacionamentos e, apesar de ter convivido com a Autora sob o mesmo teto, tinha uma namorada em cidade vizinha com a qual se encontrava, regularmente, uma vez por semana, no período da tarde.
Como se demonstrará, as preliminares não merecem acolhida e tampouco procedem as alegações de mérito.
II - MATÉRIAS PRELIMINARES
1) SOBRE A ALEGADA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO
Os Réus admitem que a separação de fato entre o falecido Jonas e a esposa deu-se há mais de vinte anos; nesse cenário, não há como sustentar a alegada impossibilidade: verifica-se a possibilidade jurídica do pedido quando este é admitido pelo ordenamento jurídico ou pelo menos não é vedado.
Estabelece o Código Civil no art. 1.521, VI, que “não podem casar: as pessoas casadas”. Contudo, nos termos do art. 1.723 do mesmo Códex, “é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”. Prossegue o § 1º do artigo afirmando que “a união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521, não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente”
Como se percebe, o último dispositivo citado esclarece textualmente a possibilidade de que uma pessoa separada de fato integre união estável com outra pessoa – exata hipótese desta demanda. Os Réus admitiram que a separação de fato ocorreu há mais de vinte anos, não havendo portanto qualquer dúvida a respeito do fato.
2) SOBRE A SUPOSTA AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR
A lei processual é expressa ao prever a possibilidade de ser declarada a existência de relação jurídica no art. 19, I, do CPC/2015.
Como a convivência duradoura entre duas pessoas é um fato, a união estável é um conceito jurídico que poderá ou não definir tal relação; assim, há interesse de agir para obter a declaração da união estável mesmo que não haja pensão.
Ademais, considerando-se que há uma ação de inventário em curso e que o falecido deixou bens, pode algum deles ter sido adquirido na constância da união estável e interessar diretamente à Autora.
3) DA INEXISTÊNCIA DE COISA JULGADA
Não há coisa julgada porque os elementos das ações mencionadas não coincidem.
Segundo a lei processual, uma ação é idêntica à outra quando ambas têm as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido (CPC, art. 337, § 2º).
Não é o caso dos autos. A presente demanda pleiteia o reconhecimento de união estável, enquanto a ação possessória veiculava pedido relativo à posse de certo bem. Apenas o dispositivo (que se refere ao pedido) relativo a esta última demanda transitou em julgado, não tendo havido res judicata quanto à causa de pedir ali mencionada.
Assim, ofato de ter sido (erroneamente) mencionada a inexistência de união estável não é óbice ao andamento desta ação, porque, nos termos do art. 504, I, do CPC/2015, não fazem coisa julgada os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença.
Não ocorre na hipótese, portanto, coisa julgada, pois o pedido é diferente nas duas ações. Ademais, os fundamentos de uma sentença não são cobertos pela coisa julgada de modo a impedir novo pronunciamento judicial acerca da matéria já discutida em momento anterior (CPC, art. 337, §§ 1º e 3º).
4) DA AUSÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA
A atração de competência exercida pelo inventário não se põe de modo a determinar que o pedido de reconhecimento da união estável de quem não é herdeira precise necessariamente ser processado nos autos do inventário.
Em realidade, se a Autora tivesse se dirigido ao juízo do inventário, provavelmente o magistrado decidiria que seria necessário promover demanda autônoma para discutir a situação por força do art. 612 do CPC (“O juiz decidirá todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam provados por documento, só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem de outras provas”).
Isso porque a questão ora em análise pode ser considerada de “alta indagação”, pois não é intrinsecamente ligada aos temas debatidos no inventário.
No mais, o reconhecimento de união estável é de competência da vara de família. Foi também respeitada a competência do foro, visto que a ação declaratória foi proposta no foro do domicílio do autor da herança (CPC, art. 48).
III - SOBRE O MÉRITO
Os Réus admitem que o falecido conviveu com a autora sob o mesmo teto, mas alegam que ele tinha uma namorada em cidade vizinha com quem se encontrava semanalmente.
Ora, a existência de relacionamento não estável não configura empecilho ao reconhecimento da união estável da autora com o falecido porque, conforme informação da própria contestação, o suposto relacionamento não tinha os atributos de união estável.
Ainda que tivesse se verificado, o que se admite apenas para argumentar, tal relacionamento era esporádico e não configurava os requisitos do art. 1.723 do Código Civil (“É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”). Portanto, não há como prevalecer tal alegação de mérito.
IV - REQUERIMENTO FINAL
Em face do exposto, requer a Autora a rejeição das preliminares e da matéria de mérito arguidas, reconhecendo V. Exa. a procedência do pedido inicial para declarar a existência da união estável com Jonas.
Local, data (1º de outubro de 20XX – CPC, art. 351)
APELAÇÃO
	Para o Exame de Ordem, o examinando, para a estruturação do recurso de apelação, deverá observar alguns passos importantes, que serão analisados pelo examinador no momento de valoração da peça prática.
	Inicialmente, importante destacar que, em se tratando de sentença, ou seja, aquela decisão em que o juiz põe termo ao processo (com ou sem resolução de mérito – arts. 485 e 487 do CPC), o recurso cabível será o de apelação, conforme estabelecido o art. 1.009 do CPC.
	Em razão das peculiaridades da apelação, alguns passos devem ser observados:
	I – Necessidade de apresentação de uma petição de Interposição ou de Amissibilidade.
	O referido recurso exige a elaboração de duas peças. Uma dirigida ao juiz da causa, juízo a quo, prolator da sentença e outra, no tocante às razões do recurso de apelação, cujo endereçamento é realizado ao juízo ad quem, ou seja, ao Tribunal de Justiça responsável pela apreciação e julgamento do recurso de apelação.
	II –Apresentação da Peça das Razões Recursais
	Feita a petição de interposição do recurso de apelação perante o juízo de primeiro grau, deve o examinando em outra folha ou deixando espaço suficiente para separar as peças, as quais serão anexas à primeira peça, iniciar as chamadas razões do recurso.
	Como dito acima, o endereçamento é realizado ao juízo de segundo grau, ou ad quem, ou seja, ao Tribunal de Justiça responsável pela apreciação do Recurso de Apelação, o qual reformará ou manterá a sentença combatida, identificando, ainda, o número do processo e as partes da relação processual.
	Quanto à primeira peça, o examinando deverá observar:
	Endereçamento: indicar o juízo competente para apreciar a demanda – CPC art. 1.010
	A petição de interposição será dirigida ao juízo de primeiro grau competente.
	Processo n.: 
É fundamental indicar o número dos autos em que tramita o processo para que a petição seja devidamente anexada aos fascículos corretos (se os autos forem físicos) e consideradas no âmbito adequado (ainda que o processo tramite eletronicamente).
	Qualificação da parte: 
Se a qualificação do réu já estiver correta na inicial, basta indicar “já qualificado”, não havendo necessidade de reproduzir a qualificação novamente.
	Nome da Peça: Recuso de Apelação
	Importante sempre lembrar de identificar aquilo que a questão exige para a elaboração do recurso de apelação, sendo imprescindível ao examinando trazer a fundamentação legal. 
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato deverá indicar a medida processual adotada.
	Ao final da peça de admissibilidade, o examinando deve comprovar o recolhimento do preparo ou requerer a gratuidade de justiça, bem como requerer que o juízo a quo receba o recurso de apelação, e remeta-o ao Tribunal ad quem para a apreciação e julgamento.
	Fechamento: Nesses termos, pede deferimento. Local e Data. Advogado/OAB
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato não poderá inventar dados que não estejam descritos no enunciado. Deverá utilizar a expressão “Local e data” ao invés de indicar o local e o dia de realização da prova, bem como, a expressão “Advogado/OAB) não podendo, de forma alguma, assinar a peça ou colocar o seu nome, sob pena de ser anulada a prova.
No tocante às razões recursais deverá ser observado:
	Endereçamento: Tribunal de Justiça responsável pela apreciação e julgamento da Apelação
	As razões de apelação serão sempre ao juízo ad quem responsável pelo julgamento do recurso de apelação.
	Nome da Peça: Razões de Apelação
	Apesar de não ser requisito da inicial, a prática processual nos recomenda que seja indicado o nome da medida processual intentada por ser uma forma de facilitar a identificação da demanda.
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato deverá indicar a medida processual adotada.
	Preâmbulo 
É importante indicar o apelante, o apelado e o número dos autos em que tramita o processo.
I – Síntese dos Fatos 
Narrar os fatos ocorridos desde a propositura da ação até a prolação da sentença recorrida.
II – Razões do Pedido de Reforma ou Decretação de Nulidade da Decisão (CPC, Art. 1.010, III)
	a – Preliminarmente
	Ver se é o caso de ter decisão interlocutória não agravável que, nos termos do artigo 1.009, §1º, do Código de Processo Civil, pode ser combatida, pois as questões revolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra decisão final, ou nas contrarrazões. Por isso, requerer a reforma daquela decisão.
	Por fim, neste tópico, ver se ainda há outra questão preliminar que deve ser arguida.
	b – Mérito
Apontar os erros de julgamento e/ou de atividade, levantando as questões de direito, pedindo a reforma e/ou anulação da sentença com o retorno dos autos para nova sentença.
	Observar se há precedente.
	Caso o precedente seja favorável, fazer a adesão. Caso desfavorável, fazer a distinção.
O fundamento jurídico é essencial para o entendimento da causa. 
	Majoritariamente, a doutrina entende que o fundamento jurídico deveser trazido no bojo da ação, ainda que não faça indicação expressa do dispositivo.
	A jurisprudência é indicada como forma de demonstrar que a discussão já foi enfrentada pelas instâncias superiores, não sendo obrigatória na peça, tratando-se de uma forma de persuadir o julgador.
	Da mesma forma a doutrina, que serve para esclarecer a posição doutrinária sobre determinada situação ou instituto.
EXAME DE ORDEM: Não é autorizado ao candidato utilizar doutrina e jurisprudência. A indicação dos dispositivos que fundamentam a argumentação são pontuados pela banca examinadora.
 
	III – Da Conclusão 
	Neste momento, deve examinando requerer o recebimento da Apelação e o provimento o recurso para reconhecer eventual preliminar arguida e, em sendo ultrapassada a questão preliminar, dar provimento à apelação para reformar a sentença, julgando procedente os pedidos formulados na petição inicial (dependendo do caso concreto pode ser pedido dó de reforma, só de anulação ou dois). 
	Fechamento: Nesses termos, pede provimento. Local e Data. Advogado/OAB
EXAME DE ORDEM: Na peça prático-profissional da OAB o candidato não poderá inventar dados que não estejam descritos no enunciado. Deverá utilizar a expressão “Local e data” ao invés de indicar o local e o dia de realização da prova, bem como, a expressão “Advogado/OAB) não podendo, de forma alguma, assinar a peça ou colocar o seu nome, sob pena de ser anulada a prova.
Para ilustrar e fixar os conceitos expostos neste tópico, segue um problema a partir do qual será elaborada uma apelação. Para melhor compreensão do tema, os comentários serão feitos ao longo do desenvolvimento da petição.
José ajuizou, em face de seu vizinho Leonardo, ação com pedido de indenização, pelo procedimento comum, por dano material suportado em razão de ter sido atacado pelo cão pastor-alemão de propriedade do vizinho. Segundo relato do autor, o animal, que estava desamarrado dentro do quintal de Leonardo, o atacara, provocando-lhe corte profundo na face. Em consequência do ocorrido, José alegou ter gasto R$ 3 mil em atendimento hospitalar e R$ 2 mil em medicamentos. Os gastos hospitalares foram comprovados por meio de notas fiscais emitidas pelo hospital em que José fora atendido, entretanto este não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos com medicamentos, alegando ter-se esquecido de pegá-los na farmácia.
Leonardo, devidamente citado, apresentou contestação, alegando que o ataque ocorrera por provocação de José, que jogava pedras no cachorro. Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado na indenização o valor gasto com medicamentos.
Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ouvidas declararam que a mureta da casa de Leonardo media cerca de um metro e vinte centímetros e que, de fato, José atirava pedras no animal antes do evento lesivo. Nessa audiência, a contradita de uma das testemunhas do autor foi afastada pelo juiz – mas trata-se de amigo íntimo de José, pois fotos em redes sociais demonstram que eles se encontram com frequência. 
O juiz da 3ª Vara Cível de Taguatinga proferiu sentença condenando Leonardo a indenizar José pelos danos materiais, no valor de R$ 5 mil, sob o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar razoável a quantia que o autor alegara ter gasto com medicamentos.
Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, Leonardo foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6 mil. Após uma semana, Leonardo, não se conformando com a sentença, procurou advogado.
Em face da situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) contratado(a) por Leonardo, elabore a peça processual cabível para a defesa dos interesses de seu cliente.
MODELO DE APELAÇÃO
AO JUÍZO DA 3ª VARA CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE TAGUATINGA-DF1.
Juízo de 1º grau em que tramitou a demanda – art. 1.010, caput, do CPC/2015.
LEONARDO (sobrenome), já qualificado nos autos2, por seu advogado devidamente constituído nos autos da ação de indenização por dano material que lhe move JOSÉ (sobrenome), também já qualificado, inconformado com a r. sentença de fls., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 1.009 e seguintes3 do CPC, interpor tempestivamente a presente 
APELAÇÃO, COM PRELIMINAR PARA IMPUGNAR DECISÃO INTERLOCUTÓRIA,4
pelos motivos de fato e de direito que ficam fazendo parte integrante desta.
Nomes e qualificação: embora o art. 1.010, I, do CPC/2015 exija a qualificação das partes, como os dados já se encontram nos autos, basta mencionar que as partes já estão devidamente qualificadas.
Fundamente no art. 1.009 e seguintes do CPC, sem a necessidade de maiores especificações.
Esta menção à preliminar não é obrigatória. Mas é conveniente indicá-la, especialmente considerando a transição entre os sistemas (trata-se da nova forma de impugnar decisão interlocutória que antes era atacada por agravo retido).
Destaca o recorrente o cabimento deste recurso, já que nos termos do art. 1.009 do CPC/2015 da sentença cabe apelação.
Outrossim, nos termos do art. 1.012 do CPC, o presente recurso5 deve ser dotado dos efeitos devolutivo e suspensivo.6-7
No sistema do CPC/1973, o juízo de 1º grau efetuava o juízo de admissibilidade ainda na origem. No CPC/2015, isso não mais existe (art. 1.010, § 3º). Sendo assim, na petição de interposição (dirigia ao juízo a quo), não mais há a necessidade de pleitear o conhecimento da apelação.
Na linha da nota anterior, considerando que o juízo de origem não mais recebe o recurso nos efeitos devolutivo e suspensivo, isso não é requerido. Portanto, o advogado deve apenas indicar – à luz da regra e exceções previstas no art. 1.012 – se o recurso é dotado de duplo efeito ou apenas efeito devolutivo.
No CPC/1973 era conveniente (especialmente para fins de OAB e concurso), para mostrar a plena admissibilidade do recurso, apontar não haver obstáculo referente à súmula com o mesmo teor da decisão recorrida (tendo em vista o requisito de admissibilidade previsto no art. 518, § 1º do CPC anterior). Isso deixou de existir no Novo Código.
Requer ainda que, após os trâmites legais,8 sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal, esperando-se que o recurso, uma vez conhecido e processado na forma da lei, seja integralmente provido.9
O juiz abre vista para a parte contrária apresentar contrarrazões.
Em segundo grau de jurisdição, os juízes deverão conhecer o recurso (juízo de admissibilidade agora exclusivo do juízo ad quem) e analisar se dão ou não provimento ao mesmo (juízo de mérito).
Informa, outrossim, que nos termos do art. 1.007 do CPC, foram recolhidos o porte de remessa e retorno e o devido preparo,10 o que se comprova pela guia devidamente quitada que ora se junta aos autos.
Importante recolhimento, sob pena de deserção e inadmissão do recurso. Lembrando que, (i) no caso de recolhimento a menor, cabe complementação e (ii) no caso de ausência de recolhimento, cabe pagamento em dobro – somente após essas oportunidades é que haverá a deserção (CPC/2015, art. 1.007, §§ 2º, 4º e 5º.
Termos em que pede deferimento.
Cidade, data, assinatura, OAB.
(outra página)
RAZÕES DE RECURSO
Apelante: (nome e sobrenome)
Apelado: (nome e sobrenome)
Autos n.: (número)
Vara de Origem11
Preâmbulo das razões: é importante, para atender à regularidade formal, que o advogado apresente dados básicos do processo de primeira instância (nome das partes, vara de origem e número do processo). Com a informatização do processo, a providência não parece tão útil, mas pela tradição segue sendo feita a menção.
Egrégio Tribunal
Colenda Turma
Nobres Julgadores12
É de praxe que o recorrente faça uma saudação aos julgadores. Geralmente parte-se do geral ao particular: inicia-se referenciando o Tribunal, depois a Tuma (ou Câmara em outros Estados; Turma, se na Justiça Federal e Tribunal Superior) e então os julgadoresdo recurso.
I - BREVE SÍNTESE DOS FATOS13
Síntese da decisão ou dos fatos: a apelação é o recurso cabível da sentença, de forma que nesse momento do recurso, que já é a peça das razões, endereçada ao órgão de 2º grau, é importante iniciar a peça por um breve resumo da sentença ou mesmo da demanda judicial. Tratando-se de Exame da OAB, invariavelmente a questão apresentada pelo examinador não se limitará apenas à sentença, trazendo valiosas informações em especial sobre a petição inicial – ao menos sobre o objeto do processo – que poderão ser explicadas nesse momento.
O autor, vizinho do réu (ora recorrente), ajuizou demanda pleiteando dano material. Alegando ter sido atacado pelo cão pastor alemão deste apelante, afirmou na ocasião que o animal estava desamarrado no quintal do réu e provocou-lhe corte profundo na face.
Pelo ocorrido, alegou ter gasto R$ 3 mil em atendimento hospitalar e R$ 2 mil em medicamentos. Os gastos hospitalares foram comprovados por meio de notas fiscais emitidas pelo hospital em que o autor fora atendido; entretanto, este não apresentou os comprovantes fiscais relativos aos gastos com medicamentos, alegando ter-se esquecido de pegá-los na farmácia.
O réu, ora apelante, devidamente citado, apresentou contestação, alegando que o ataque ocorrera por provocação do autor, que jogava pedras no cachorro. Alegou, ainda, que, ante a falta de comprovantes, não poderia ser computado na indenização o valor gasto com medicamentos.
Houve audiência de instrução e julgamento, na qual as testemunhas ouvidas declararam que a mureta da casa do apelante media cerca de um metro e vinte centímetros e que, de fato, o apelado atirava pedras no animal antes do evento lesivo.
Uma das testemunhas foi contraditada, ao argumento de ser amigo íntimo do autor/apelado (CPC/2015, art. 447, § 3º, I). Contudo, a contradita foi indeferida pelo juiz de primeiro grau.
Apesar dos elementos probatórios, o juiz da 3ª Vara Cível de Taguatinga-DF proferiu sentença condenando o apelante a indenizar o apelado pelos danos materiais, no valor de R$ 5 mil, sob o argumento de que o proprietário do animal falhara em seu dever de guarda e por considerar razoável a quantia alegada como gasta com medicamentos.
Pelos danos morais decorrentes dos incômodos evidentes em razão do fato, o apelante foi condenado a pagar indenização no valor de R$ 6 mil.
Tal r. decisão, todavia, não merece prosperar, devendo ser anulada ou, caso assim não se entenda, reformada, consoante se demonstrará.
II - DAS RAZÕES DO INCONFORMISMO/DA IRRESIGNAÇÃO14
Na fundamentação jurídica do recurso, o primeiro passo é individualizar os argumentos utilizados pelo juiz; após sua identificação, o recorrente deverá demonstrar os equívocos da decisão. Há vício de ordem processual que invalide o processo? Em caso positivo, deverá ser pedida a anulação da decisão. Se a resposta for negativa, a decisão pode ser válida, mas incorrer em um erro de julgamento: deve-se analisar então o direito material aplicável. Nada impede – como aqui se vê – que haja argumentos de ordem formal (para anulação) e de mérito (para reforma).
a) Preliminarmente: da contradita de testemunha, por ser amigo íntimo do apelado (CPC/2015, art. 1.009, § 1º)15
Este tema, à luz do CPC/1973, seria impugnado por meio do agravo retido – que, como visto, foi excluído do novo sistema processual. Assim, para recorrer de decisão interlocutória que não está no rol do art. 1.015 do CPC/2015, o momento adequado é a apelação, especificamente em sede preliminar (art. 1.009, § 1º). Se não houver a apresentação da preliminar, haverá a preclusão da matéria.
O art. 447 do CPC/2015 trata das situações em que uma pessoa não pode ser testemunha. O § 3º apresenta as situações de suspeição, sendo que o inciso I aponta o “amigo íntimo da parte”.
No momento da audiência, o réu, ora apelante, apresentou a contradita (vide fls. XX), apontando a relação de amizade entre a testemunha e a parte autora. Contudo, o ilustre magistrado indeferiu a contradita ao argumento de não estar comprovada qualquer amizade.
Nos termos dos documentos ora anexados (retirados de redes sociais), percebe-se intensa interação (não só virtual, como física, em festas e outros eventos) entre a testemunha e o autor – inclusive um frequenta a casa do outro.
Destarte, resta devidamente demonstrada a relação de amizade, o que corrobora a tese de suspeição da testemunha. 
Assim, esta preliminar deverá ser acolhida para que se reconheça a testemunha como suspeita e seu testemunho, portanto, afastado da análise do caso.
b) Da nulidade da decisão por violação aos limites do pedido
A r. sentença impugnada não pode prevalecer: não tendo havido pedido de dano moral, este não pode ser concedido pelo magistrado.
Tal situação viola diretrizes constitucionais sobre a dedução do pedido e sua configuração em juízo, afrontando o princípio da inércia do julgador e comprometendo o devido processo legal, em claro error in procedendo.
No plano infraconstitucional, a decisão viola os arts. 141 e 492 do CPC/2015; segundo este último dispositivo, “é vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado”.
Doutrina e jurisprudência são uníssonas ao concluir pela nulidade da decisão em hipóteses de tal jaez.16
É interessante dar consistência à argumentação com citações de doutrina e jurisprudência.
Não havendo pedido de dano moral, o juiz viola o princípio dispositivo (art. 2º do CPC/2015) e eiva de invalidade a sentença.
Assim, faz-se de rigor o reconhecimento da nulidade da sentença, devendo esta ser anulada, com a remessa dos autos ao primeiro grau para nova decisão – ou então, que esse E. Tribunal simplesmente afaste aquilo que exorbita do pedido (CPC/2015, art. 1.013, § 3º, II).
c) No mérito: da necessária reforma da sentença condenatória
Ademais, ainda que a r. decisão seja considerada formalmente em ordem, o que se admite somente para argumentar, cumpre ressaltar que o MM. juiz de primeiro grau não aplicou de forma correta o direito material ao reconhecer a responsabilidade do apelante.
Em sentido diametralmente oposto ao que consta na sentença, afirma o art. 936 do Código Civil que o dono do animal não será responsabilizado se provar culpa da vítima. Foi exatamente o que restou demonstrado nos autos: as testemunhas foram claríssimas ao afirmar que o apelado provocou o animal do apelante no momento do ato lesivo.
Quanto à aplicação de determinado dispositivo legal, houve claro error in judicando do magistrado, devendo este Egrégio Tribunal reformar a decisão para adequá-la ao ordenamento jurídico vigente.
Como demonstrativos da melhor interpretação em situações semelhantes, merecem transcrição excertos doutrinários e decisórios.17
Mais uma vez, para melhor consistência à argumentação, é interessante trazer citações de doutrina e jurisprudência.
Ainda que assim não entenda o magistrado, há outro equívoco na sentença. Ante a falta de prova do autor quanto às despesas com medicamentos, não pode fazer jus ao seu recebimento por não se ter desincumbido do ônus de provar previsto no art. 373, I do CPC/2015.
Assim, quanto a esta verba, houve mais um excesso do magistrado. Caso se decida pela procedência, portanto, esta deverá ser parcial, cotejando apenas o valor efetivamente provado nos autos, referentes ao atendimento hospitalar.
III - DO PEDIDO/CONCLUSÃO
Diante de todo o exposto, requer seja o presente recurso conhecido e provido,18 para:
a) preliminarmente, reconhecer-se que uma das testemunhas é suspeita, devendo seu Testemunho ser desconsiderado ou anulado o processo com devolução dos autos à origem, para novo julgamento;19
b) diante da existência de decisão extra petita, seja anulada20 a r. sentença ora combatida, por violação aos limites do pedido, remetendo-se os autos ao primeiro grau de jurisdição para que a presente demanda possa ser novamente julgada ou, então, seja afastada a parcelaque vai além do pedido;
c) caso não haja a devolução dos autos à origem, requer seja reformada a r. sentença, julgando totalmente improcedente o pedido indenizatório formulado ou, pelo menos, parcialmente procedente, excluindo da condenação os gastos com medicamentos, porquanto não provados.
d) requer, outrossim, a inversão do ônus da sucumbência e a fixação de honorários em favor do apelante.
Remetido o recurso ao Tribunal, o requerimento deverá ser de conhecimento (juízo de admissibilidade – no CPC/2015 realizado apenas pelo juízo de destino) e de provimento (juízo de mérito).
Este pedido se refere àquilo que, no CPC/1973, seria impugnado via agravo retido e, no CPC/2015, é impugnado em preliminar de apelação (art. 1.009, § 1º).
Se houver defeito que torne nula a decisão (p. ex., por vício formal da sentença), o pedido será de anulação (por força de error in procedendo). Havendo erro de julgamento (error in judicando), o pedido será a reforma; nada impede a formulação dos dois pedidos, caso haja na decisão os dois vícios – como se fez no caso concreto.
Termos em que pede deferimento.
Cidade, data, assinatura, OAB.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANEXOS

Continue navegando