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ESQUIZOFRENIA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À PESSOA COM ESQUIZOFRÊNIA 1.CONCEITO Esquizofrenia é um transtorno mental caracterizada por comportamento social fora do normal e incapacidade de distinguir o que é ou não real. Entre os sintomas mais comuns estão delírios, pensamento confuso ou pouco claro, alucinações auditivas, diminuição da interação social e da expressão de emoções e falta de motivação. Na esquizofrenia a consciência e a capcidade intelectual, em geral, estão preservadas, mas alguma deficiência cognitiva pode surgir com a evolução do transtorno. A esquizofrenia abrange todos os povos e culturas em uma incidência semelhante. A psicose esquizofrênica ativa ocupa o 3º lugar entre as doenças mais incapacitantes. Sua prevalência é de 1% da população total. O custo da esquizofrenia é muito alto para a sociedade e afeta pessoas, de diferentes culturas, constituindo-se em sobrecarga para a pessoa doente, a família e a comunidade. Esse fato decorre de perdas na vida profissional, de fatores econômicos, sociais e educacionais. (STEFANELLI et al. 2011) De todas as doenças mentais que causam sofrimento na sociedade, a esquizofrenia é provalmente responsável por hospitalizações mais longas, maior caos na vida familiar, custos mais elevados e mais medo do que qualquer outro transtorno. (TOWNSEND, 2014) Da população atingida pela esquizofrenia, menos de 1% apresenta a doença antes dos 15 anos. Em geral, o início se dá em torno dos 15 anos de idade e, raramente, após os 50 anos. Atinge igualmente homens e mulheres e inicia-se mais precocemente em pessoas do gênero masculino e com tendência a apresentar,com maior frequencia, os sintomas negativos. (STEFANELLI et al. 2011) Seu curso é variável, aproximadamente 30% dos casos apresentam recuperação completa ou quase completa, cerca de 30% com remissão incompleta e prejuízo parcial de funcionamento e cerca de 30% com deterioração importante e persistente da capacidade de funcionamento profissional, social e afetivo. (Protocolo clínico) As pessoas com esquizofrenia são mais vulneráveis à morte por acidentes e causas naturais do que a população em geral. Entre as pessoas acometidas por esse distúrbio, 50% tentam o suicídio pelo menos uma vez ao longo da vida. (STEFANELLI et al. 2011) 2. FATORES PREDISPONENTES A causa da esquizofrenia ainda é incerta. Mas provalmente, nenhum fator isolado pode ser implicado na etiologia, em vez disso, a doença possivelmente resulta de uma combinação de influências, como fatores biológicos, psicológicos e ambientais. 3. SINTOMAS Os sintomas da esquizofrenia estão dividos em duas categorias principais: sintomas/sinais positivos, ou graves, que incluem delírios, alucinações e pensamento, fala e comportamento amplamente desorganizados. E sintomas/sinais negativo ou brandas, que incluem afeto hipomodulado, falta de volição e retraimento ou desconforto social. (Quadro 1) A medicação pode controlar os sintomas positivos , mas com frequência os sintomas negativo persistem após os positivos terem diminuido. A persistência dos sintomas negativos ao longo do tempo representa uma importante barreira à recuperação e à melhora do funcionamento na vida diária do cliente. (VIDEBECK, 2012) Há algumas manifestações comportamentais decorrentes de sinais e sintomas que são comuns no histórico de pessoas com esquizofrenia, são denominadas sinais e sintomas prodrômicos, muito embora sejam verbalizados somente no momento da procura de assistência psiquiátrica. (STEFANELLI et al. 2011) 2 As pessoas na fase prodrômica de modo geral apresentam retraimento social, tornam-se quietas, introvertidas, com tendência ao isolamento e à manifestação de desconfiança e excentricidade, com história de poucos amigos e dificuldades na escola. Há um aparente interesse por assuntos filosóficos, esotéricos ou de ficção. Podem manifestar isoladamente ansiedade, fobia, obsessão e compulsão. 4. Formas ou tipos de esquizofrenia Os sintomas e os sinais da esquizofrenia são polimorfos e heterogêneos, o que dificulta a descrição completa de todas as possibilidades das manifestações deste transtorno. 4.1 Esquizofrenia tipo paranóide É uma das formas mais comuns de esquizofrenia em âmbito mundial. É caracterizada pela presença de delírios mais ou menos estáveis que, de modo geral, são acompanhados por alucinações, principalmente auditivas, e outras alterações sensoperceptivas. Os tipos de delírios mais encotrados são o persecutório, o de referência, o de ciúme e o de grandeza, acompanhados de alucinações predominantemente auditivas, que contêm ameaças à sua pessoa ou que lhe dão ordens imperativas. 4.2 Esquizofrenia tipo desorganizado Caracterizada por comportamento regressivo e primitivo e o contato com a realidade, extremamente precário. O afeto é embotado ou acentuadamente inadequado. Caretas e maneirismos bizarros são comuns e a comunicação é consistentemente incoerente. A aparência pessoal é geralmente negligenciada e o comprometimento social extremo. 4.3 Esquizofrenia tipo catatônica Caracterizado por anormalidades no comportamento motor e pode ser manifestada como estupor ou excitação. O estupor catatônico é caracterizado por extremo retardo psicomotor. O indivíduo apresenta uma queda acentuada dos movimentos espontâneos e atividade. O mutismo ( ausência de fala) é comum e o negativismo (resistência aparentimente sem motivo a todas as instruções ou tentativas de ser movido) pode ser evidente. (TOWNSEND, 2014) 4.4 Esquizofrenia tipo indiferênciado Caracterizada por sintomas esquizofrenicos mistos (ou seja de outros tipos), junto com perturbação do pensamento, do afeto e do comportamento. (VIDEBECK, 2012) O comportamento é claramente psicótico, ou seja, há evidência de delírios, alucinações, incoerência e comportamento bizarro. No entanto, os sintomas não podem ser facilmente classificados em qualquer uma das categorias diagnósticas. (TOWNSEND, 2014) 4.5 Esquizofrenia tipo psicótico induzido por substância As características essenciais desse transtorno são alucinações e delírios proeminentes que são julgados como diretamente atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância (ou seja, um fármaco de uso abusivo, um medicamento ou exposição à toxina). (TOWNSEND, 2014) Substâcias que podem causar transtorno psicóticos Drogas de uso abusivo Álcool,anfetaminas,Cannabis, Cocaína, Opioide, ansiolíticos Medicamentos Anestésicos e analgésicos, Anticonvulsivantes, Antidepressivos, Corticosteroides, relaxantes musculares, anti-inflamatórios não esteroidais. Toxinas Anticolinesterásicos, Monóxido e dióxido de carbono, Inseticidas organofosforados, Sustâncias voláteis (combustível ou tinta). Fonte: (TOWNSEND, 2014) 5. EXAMES COMPLEMENTARES E DIAGNÓSTICO Apesar do considerável avanço em relação à patogênese, ainda não existem exames complementares para confirmar o diagnóstico de esquizofrenia. O diagnótico baseia-se no quadro clínico, nas manifestações comportamentais e na sua evolução. (STEFANELLI et al. 2011) Sintomas Positivos Sintomas Negativo Ambivalência: mantutenção de crenças ou sentimentos contraditórias sobre uma mesma pessoa, evento ou situação. Alogia: Tendência a falar muito pouco ou a transmitir um significado pouco substancial (pobreza de conteúdo) Dersorganização do pensamento: Pensamentos e idéias fragmentados ou insatisfatoriamente relacionados. Anedonia: Não sentir prazer nem alegria na vida nem em qualquer atividade ou relacionamento. Delírios:Creçãs fixas falsas, sem base na realidade. Apatia: Sentimento de indiferença em relação a pessoas, atividades e eventos. Ecopraxia: Imitação dos movimentos e gestos de outras pessoas, observada no momento pelo cliente. Afeto embotado: faixa restrita de tom, humor ou sensações emocionais. Discurso desorganizado: Fluxo contínuo de verbalização em que a pessoa salta rapidamente de um tópico a outro. Catatonia: imobilidade induzida psicologicamente, marcada, em algumas ocasiões, por períodos de agitação ou excitação, o cliente parece imobilizado, como em um transe. Alucinação: Pecepção sensoriais falsas ou experiência de percepção que não existem na realidade. Afeto hipomodulado: ausência de expressão facial que indique emoções ou humor. Perserverança: Adesão permanente a uma única idéia ou um único tópico, repetição verbal de uma frase. Abulia: Ausencia de desejo, ambição ou impulse para realizer ações ou completer tarefas. 3 6. CURSO CLÍNICO Embora os sintomas da esquizofrenia sejam sempre graves, o curso de longo prazo nem sempre envolve deterioração progressiva. O curso clínico varia de acordo com o indivíduo. O surgimento pode ser abrupto ou insidioso, mas a maioria dos clientes desenvolve, de modo lento e gradual, sinais e sintomas como retraimento social, comportamento incomum, perda de interesse pela escola ou pelo trabalho e higiene negligenciada. O diagnóstico de esquizofrenia comumente é feito quando a pesso começa a apresentar, mais ativamente, sintomas positivos como delírios, alucinações e pensamento desordenado. Nos anos imediatamente posteriores ao surgimento dos sintomas psicóticos, emergem dois padrões clínicos típicos. Em um deles, o cliente apresenta psicose contínua e nunca se recupera completamente, embora os sintomas possam mudar de gravidade ao longo do tempo. No outro padrão, o cliente tem episódios e sintomas psicóticos que se alternam com episódios de recuperação relativamente completa em relação à psicose. A intensidade da psicose tende a diminuir com a idade. Muitos clientes com prejuízo de longo prazo reuperam algum grau de funcionamento social e ocupacional. Ao longo do tempo, a doença torna-se menos destruidora para a vida da pessoa e mais fácil de ser administrada, mas raramente o cliente consegue superar os efeitos de muitos anos de disfunção. (VIDEBECK, 2012) 7. TRATAMENTO 7.1 Psicofarmacologia O tratamento médico primário para esquizofrenia é psicofarmacológico. No passado, era usada a eletroconvulsoterapia, a terapia de choque insulínico e a psicocirurgia, mas, desde a criação da clopromazina, em 1952, todas as outras modalidades de tratamento se tornaram obsoletas. Os medicamentos antipsicóticos, também conhecidos como neurolépticos, são prescritos principalmente pela aficácia na diminuição dos sintomas psicóticos. Não curam a esquizofrenia; são usados para administrar os sintomas da doença. Os medicamentos antipsicóticos mais antigos, ou convencionais, são os antagonistas da dopamina. Os mais novos, ou atípicos, são antagonistas tanto da dopamina quanto da serotonina. Os antipsicóticos convencionais tem como alvo os sinais positivos de esquizofrenia, como delírios, alucinações, pensamento perturbado e outros sintomas psicóticos, mas não tem efeito observável sobre os sinais negativos. Os antipsicóticos atípicos, além de diminuir os sintomas positivos, também abrandam, para muitos clientes, os sinais negativos de falta de volição e motivação, retraimento social e anedonia. Farmacos antipsicóticos Antipsicóticos convencionais Clopromazina, Perfenazina,Flufenazina, Haloperidol, Loxapina, Antipsicóticos atípicos Clozapina, Rispiridona, Ziprasidona, aripiprazol 7.2 Efeitos colaterais dos antipsicóticos Os efeitos colaterais dos antipsicóticos são significativos e podem variar desde o desconforto leve até transtornos de movimento permanentes. Efeitos colaterais extrapiramidais: São transtornos de movimento reversíveis, induzidos por neurolépticos. Incluem reações distônicas agudas, parkinsonismo e acatisia. Discinesia tardia: Efeito colateral que aparece tardiamente caracteriza-se por movimentos involuntários e anormais, como estalar os lábios, apresentar protusão da lingua, mastigar, piscar, fazer caretas. Esses movimentos constrangem o cliente, podendo levá-lo ao isolamento social. Depois de aparecer, a discenesia tardia é irreversivel, mas diminuir ou descontinuar a medicação pode impedir a progressão. Convulsões: As convulsões são um efeito colateral raro podem estar associadas a doses elevadas da medicação. O tratamento é uma dosagem mais baixa ou outro medicamento antipsicótico. Sindrome neuroléptica maligna (SNM): É uma condição grave e frequentemente fatal. Caracterizada por rigidez muscular, febre alta, aumento de enzimas musculares (creatina fosfoquinase) e leucocitose, pode haver insuficiência renal, por saturação dos glomeros pela mioglobinemia (Uréia e Creatinina elevados). Estima-se que 0,1 a 1% de todos os clientes que tomam antipsicóticos desenvolvem SNM. Agranulocitose: A clozapina tem um efeito colateral potencialmente fatal: a agranulocitose (falha na produção adequada de leucócitos pela medula óssea). Essa condição desenvolve-se de repente, sendo caracterizada por febre, mal-estar, dor de garganta e leucopania. Clientes que tomam esse antipsicótico precisam fazer contagens semanais de leucócitos durante os primeiros seis meses da terapia e depois a cada duas semanas. 7.3 Tratamento psicossocial Além do farmacológico, muitos outros modos de tratamento podem ajudar a pessoa com esquizofrenia. Terapias individuais e em grupo, terapia familiar, educação familiar e treinamento de habilidades sociais podem ser instituídos para os clientes, tanto em hospitais quanto nas comunidades. (VIDEBECK, 2012) As terapias psicossociais melhoram a competência social do cliente pelo treinamento de habilidades sociais, o que se traduz em um funcionamento mais eficaz na comunidade. O treinamento de habilidades sociais básicas envolve repartir o comportamento social complexo em etapas mais simples, praticar a encenação de papeis e aplicar os conceitos na comunidade ou no mundo real. A esquizofrenia afeta o conteúdo e os processos de pensamento, a percepção, a emoção, o comportamento e o funcionamento social; mas afeta cada indivíduo de modo diferenciado. O grau de prejuizo tanto na fase aguda, ou psicótica, quanto na crônica, ou de longo prazo, varia enormemente, o mesmo acontece, então, com as necessidades e as intervenções de enfermagem para cada cliente afetado. Reação distônica: São espasmos em grupo musculares isolados como no pescoço (torcicolo), olhos (crise oculogírica), disfagia e espasmos da laringe. Pseudoparkinsonismo: Inclui andar arrastado, faces como máscara, rigidez muscular , salivação e acinesia (lentidão e dificuldade ao iniciar movimentos) Acatisia: Movimentação inquieta, andar de um lado para outro, incapacidade de permanecer parado PROCESSO DE ENFERMAGEM 4 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM Nessa etapa o enfermeiro levanta informações sobre a história prévia de esquizofrenia do cliente para estabelecer dados de referência. - Investiga o modo como o cliente estava antes do desenvolvimento da crise. - A idade do surgimento da esquizofrenia. - História prévia de internações em hospitais e a resposta à hospitalização. - Investigar se o cliente já teve tentativas de suicídio. “já ouviu vozes que lhe dizem para causar algum dano a você mesmo?” - Levanta informações sobrehistória de violência ou agressão, pois a história de comportamento agressivo é forte fator de predição de agressão futuras. - Investiga a percepção que o cliente tem da própria situação atual, ou seja, o que considera eventos ou estressores significativos no momento. Outros aspectos a serem investigados. Aparencia geral, comportamento motor e fala A aparência pode variar amplamente entre os clientes com esquizofrenia. Alguns parecem normais no modo de vestir e no comportamento. Outros manifestam comportamento estranho ou bizarro. Podem parecer descuidados e desleixados, ficando evidente que não se preocupam com a própria higiene, ou podem vestir roupas estranhas ou inapropriadas. O comportamento motor geral também pode parecer estranho, com manifestação de catatonia, ecopraxia e retardo psicomotor (lentidão geral em todos os movimentos). O cliente pode exibir um padrão de fala incomum. Dois padrões típicos são a salada de palavras (palavras e frases desordenadas e desconectadas ou incoerentes) e a ecolalia (repetição ou imitação do que outra pessoa diz) e pode apresentar também latência de resposta. Humor e afeto Os clientes com transtorno de esquizofrenia demonstram amplas variedades de humor e afeto. Com frequencia, são descritos como possuidores de afeto hipomodulado (sem expressão facial) ou afeto embotado (poucas expressões faciais observáveis) e anedonia. Conteúdo e processo mental Comumente a esquizofrenia é chamada de transtorno do pensamento, porque essa é a principal característica da doença: os processos de pensamentos tornam-se desordenados, e há uma ruptura na continuidade dos pensamentos e no processamento das informações. Características do pensamento: - Bloqueio de pensamento: O cliente pode parar de falar subitamente no meio de uma frase, permanecendo em silêncio por vários segundos. - Irradiação do pensamento: Acreditar que outras pessoas possam ouvir seus pensamentos. - Roubo de pensamento: Acreditar que os pensamentos podem ser roubados por outras pesssoas. - Inserção de pensamento: Colocar pensamentos em sua mente contra a sua vontade. Delírios Os delírios são crenças fixas falsas, sem base na realidade que se manifestam na fase psicótica da doença. Uma característica comum dos delírios esquizofrênicos é que o cliente tem certeza direta, imediata e total dessas crenças. O enfermeiro avalia o conteúdo e a profundiade do delírio para saber que comportamentos esperar e para estabelecer a realidade para o cliente. Processo intelectual e sensorial Um sintoma que constitui marca registrada da psicose esquizofrênica são as alucinações (falsas percepções sensoriais ou experiências perceptivas que não existem na realidade). As alucinações podem envolver os cincos sentidos, além de sensações corporais. - Alucinações auditivas: São o tipo mais comum. Envolvem ouvir sons, com maior frequencia vozes que falam com o cliente ou a respeito dele. Pode haver uma ou multiplas vozes; a voz pode ser familiar ou não. As alucinações de comando são vozes que demandam do cliente alguma ação, com frequencia para causar dano a si próprio ou a outras pessoas, são consideradas perigosas. Alucinações visuais: Envolvem ver imagens que realmente não existem, como luzes ou uma pessoa morta, ou distorções, como ver um monstro ameaçador em vez do enfermeiro. São o segundo tipo mais comum de alucinações. Alucinações cenestésicas: Envolvem o relato do cliente de que está sentindo funções corporais que comumente não são detectáveis. Ex. Incluem a sensação da formaçã de urina ou de impulsos transmitidos pelo cérebro. Alucinação cinestética: Ocorre quando o cliente está imóvel, mas relata a sensação de movimento. Ocasionalmente, o movimento corporal é algo incomum, como flutuar acima do chão. São percebidas e relatadas também alucinações olfativas, táteis e gustativas. DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 1 . Processo de pensamento perturbado relacionado a distúrbio nas operações e atividades cognitivas, no pensamento inadequado baseado em dados irreais e na incapacidade de se concentrar. 2. Percepção sensorial perturbada relacionada às alucinações auditivas, visuais, cinestésica, gustativas, tátil, olfativas. 3. Alteração da identidade pessoal relacionada à dificuldade de perceber-se como ser único. 4. Ansiedade relacionada à percepçõa e ao pensamento alterados. 5. Risco de suicídio relacionado à percepção sensorial e aos pensamentos perturbados, ou à desesperança quando toma consciência da gravidade da doença. 6. Conflito de decisões relaciondo à situação de escolha, em face da incapacidade de fazê- las. 7. Comunicação verbal prejudicada relacionada às barreiras psicológicas, condições emocionais ou percepções alteradas levando a pessoa a verbalização imprópria. 8. Isolamento social relacionado ao retraimento, não demonstração de sentimentos, comportamento não aceito pelo grupo, ausência de respostas a estímulos externos (...). 5 9. Risco de violência dirigida a outros, relacionado aos distúrbios do pensamento e da sensopercepção, manifestadas por agressividade a outrem. 10. Déficit de autocuidado relacionado à dificuldade em executar as atividades da vida diária (cuidado com higiene, aparência, alimentação, eliminações e outros). 11. Manutenção do lar prejudicada, evidenciada por ambiente doméstico inseguro, pouco limpo e desordenado e sobrecarga dos familiares. 12. Padrão do sono prejudicado pela presença de insonia. 13. Processos familiares interrompidos relacionados às alteraçôes nos padrões de comunicação com a família e seu funcionamento, inadequação nas respostas afetivas, na resolução de problemas, na tomada de decisões e à falta de conhecimento sobre a doença e o tratamento. 14. Não adesão ao tratamento por não seguimento das orientações recebidas, com interrupção do tratamento pela não-ingestão dos medicamentos, não-comparecimento às outras terapias. RESULTADO ESPERADO Para avaliar os resultados esperados, ou os objetivos no cuidado de clientes com esquizofrenia, o enfermeiro vale-se de critérios de avaliação. Os mais específicos são apresentados a seguir, tomando-se como referência a classificação dos resultados de enfermagem (NOC). Manisfesta confiança nas pessoas. Reconhece que o conteúdo de seu delírio não é condizente com a realidade. Reconhece que as percepções decorrentes das alucinações são irreais. - Demonstra afetividade coerente com a situação. Não expressa reação de auto- agressividade. Demonstra consciência de seu estado, suas limitações e capacidades. Demonstra controle da ansiedade. Demonstra satisfação com seu padrão de sono. Demonstra independência, adequação e certa autonomia no autocuidado e na realização de outras atividades de vida diária. INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM 1. Encorajar o cliente a manter-se na realidade, aproveitando cada contato com ele. 2. Pesquisar junto ao cliente suas habilidades e propiciar atividades de seu real interesse para mantê- lo na realidade e socializa-lo. 3. Estimular a participação em pequenos grupos. 4. Estabelecer relação de confiança com pessoas com esquizafrenia. Isso exige a máxima tolerância e habilidade pois o cliente pode desconfiar de tudo e de todos. 5. Cumprir as promessas feitas. Caso haja promessas que não possam ser cumpridas ou se a pessoa pedir alguma coisa que não seja possível, informar claramente o porquê do não atendimento. 6. Permitir ao cliente que verbalize o conteúdo de suas idéias, por um determinadotempo, sem discutir nem julgar o que é expresso por ele. Não estimular a expressão de suas idéias fora da realidade com perguntas ou comentários sobre as mesmas. 7. Tentar mantê-lo centrado em assuntos ou atividades concretas, valendo-se de acontecimentos diários como Ler uma revista, oferecer material para escrever ou desenhar, entre outros, para que ele possa permanecer na realidade por mais tempo. 8. Evitar reforço das idéias delirantes, ajudando-o a expressar mais os sentimentos subjacentes do que com o conteúdo do delírio. 9. Controlar a ansiedade em face das mudanças bruscas de comportamento decorrentes da sintomatologia exuberante, como delírios, alucinações e despersonalização. 10. Ouvir atentamente o cliente quando ele fala sobre seus sentimentos, porque, em geral, a pessoa não consegue fazê-lo, ou acha que ninguém o entende nem se interessa por ele, havendo assim perda de auto-estima. 11. Valorizar seus esforços, mesmo quando de forma incipiente, para obter mudanças de comportamento. 12. Estar atento aos estabelecimento de metas realistas. 13. Buscar compreender o que o cliente quer transmitir, porque mesmo com pensamento incoerente e desagregado ele pode estar tentando comunicar algo. Se verbalizar termos incomuns, solicitar para que os esclareça. 14. Proteger o cliente e os demais se houver o risco de agressividade. Estar atento a objetos que possam ser usados em momentos da manifestação de agressividade. 15. Desencorajar tentativas de fuga que possam surgir em decorrência da não aceitação do transtorno, da vivência deste, do tratamento e da internação em algum serviço. 16. Estar atento ao risco de suicídio quando a pessoa toma conhecimento de sua enfermidade. Muitos dizem que não sabem se vão suportar esse sofrimento. 17. Expressar assertivamente as solicitações para os cuidados de higiene, aparência, alimentação, eliminações e participação nas atividades do dia-a-dia. AVALIAÇÃO FINAL Nessa etapa do processo, faz-se nova avaliação do comportamento do cliente para verificar as mudanças ocorridas, utilizando como parâmetros os resultados esperados. (STEFANELLI et al. 2011) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS STEJANELLI, M. C.; FUKUDA, I.M.K.; ARANTE, C. A. Enfermagem psiquiátria em suas dimensões assistenciais. Barueri – SP: Manole, 2008 VIDEBECK, S. L. Enfermagem em saúde mental e psiquiatria: 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012 TOWNSEND, M. C. Enfermagem psiquiátrica: conceitos de cuidados na prática baseada em evidências: 7. ed. Rio de Janeior: Guanabara Koogan, 2014 O enfermeiro tem um papel decisivo na recuperação do cliente. A meta ao cuidar de cliente com esquizofrenia é mantê-lo em uma realifdade coerente o maior período de tempo possível, tulizando adequadamente todas as estratégias necessárias, para que ele possa ser reintegrado à sociedade. (STEFANELLI et al. 2011) 6 7
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