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Infecções da Faringe

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Infecções da faringe – Brenner Boconcelo 
・ As infecções orofaríngeas abrangem desde doenças virais leves e autolimitadas a infecções bacterianas graves ameaçadoras de vida. 
・ A maioria dos casos de faringite aguda é causada pelas viroses respiratórias comuns, onde a principal fonte de preocupação é a infecção por 
streptococcus pyogenes -hemolíticos do grupo A de Lancefield, onde podem levar a glomerulonefrites aguda e febre reumática aguda. 
 
Faringoamigdalite / Faringotonsilite: 
Etiologia: 
・ No seu conjunto, os virus respiratórios são as causas mais comuns de faringite aguda, sendo o rinovírus e o coronavírus responsáveis por uma 
grande proporção dos casos, cerca de 20% e no mínimo 5% respectivamente. 
・ Os vírus Influenza, Parainfluenza, Adenovírus também causam uma parcela ponderável das faringites, sendo os vírus da Influenza e 
Parainfluenza sazonais. O Adenovírus causa uma síndrome clinicamente mais grave, a febre faringoconjuntival, onde o paciente apresentará 
febre, faringite e conjuntivite. 
・ Outros virus como o VHS 1 e 2, Cosxackie A (causando a Herpangina), o citomegalovírus, e o Vírus do Epstein-Barr também causam infecção 
da faringe. 
・ A infecção aguda pelo HIV também pode apresentar faringite devendo nesta possibilidade considerar nas populações de risco. 
 
・ A faringite bacteriana aguda é causada mais comumente pelo Streptococcus pyogenes. 
・ A faringite streptococcica do grupo A é principalmente uma doença de indivíduos entre 5 e 15 anos de idade, sendo rara naqueles com < 3 
anos de idade, assim como a febre reumática. 
・ Os streptococcus grupo C e G não são reumatogênicos. 
・ O Fusobacterium necrophorum tem sido crescentemente identificado como causador de faringite em adolescentes e adultos jovens, e vem 
sendo isolado com a mesma frequência que os Streptococcus pyogenes. Este microrganismo é importante por poder causar a doença de 
Lemierre, potencialmente letal, que geralmente é precedida por uma faringite. 
 
・ Alguns outros agentes etiológicos da faringite são: 
 Neisseria gonorrhoeae 
 Corynebacterium diphteriae 
 Corynebacterium ulcerans 
 Yersínia enterocolítica 
 Treponema pallidum (na sífilis secundária) 
・ Bactérias anaeróbias também podem causar a faringite aguda (Angina de Vincent), e contribuir então para infecções polimicrobianas, como abscessos peritonsilares, abscessos 
retrofaringeos. 
・ Microrganismos atípicos já foram encontrados em pacientes com faringite aguda, como: 
 Micoplasma pneumoniae 
 Chlamydophila pneumoniae 
 
Manifestações clínicas: 
・ Quando viral, normalmente se associa à sintomas gerais de IVAS, como coriza, mal-estar, a febre é rara, e não há exsudatos faríngeos ou 
adenopatia cervical dolorosa. 
・ Diferentemente a faringite por influenza já é mais perigosa, estando mais frequentemente associada à febre, mialgias, cefaleia, tosse. 
・ A apresentação da febre faringoconjuntival causada pelo adenovírus se distingue pela presença de conjuntivite em cerca de até 50% dos 
pacientes. 
・ A faringite por primo-infecção pelo HSV também pode simular uma faringite por streptococcus, provocando inflamação e a presença de 
exsudatos faríngeos. A presença de vesículas e úlceras rasas no palato ajuda a diferenciar ambas as doenças. 
・ A herpangina causada pelo Cosxackie A apresenta pequenas ulceras no palato mole, úvula e arco faríngeo, que posteriormente se rompem, 
formando ulceras brancas rasas. 
・ O quadro de faringite aguda exsudativa, acompanhada de linfadenopatia, hepatoesplenomegalia e as vezes linfadenopatia generalizada, 
petéquias no palato, e a mononucleose a úvula é poupada do exsudato (sacada). O diagnóstico pode ser realizado com a pesquisa de IgM anti-
EBV ou IgM ou IgG anti-ag do capsídeo viral. 
・ é causada pelo Vírus do Epstein-Barr, ou da infecção por Citomegalovírus. 
・ A infecção primária aguda causada pelo HIV está muitas vezes associada a febre e faringite aguda, bem como mialgias, artralgias, mal-estar, 
e às vezes um exantema maculopapular não pruriginoso, que pode ser sucedido por linfadenopatia e ulcerações da mucosa sem exsudato. 
・ As manifestações clínicas da faringite aguda dos streptococcus dos grupos A, C, G são semelhantes, variando desde uma doença relativamente 
mais leve com poucos sintomas a casos clínicos graves, com dor faríngea intensa, febre, calafrios, dor abdominal. 
・ Em geral encontram-se a membrana faríngea com hiperemia e hipertrofias tonsilares além de exsudato, acompanhados de adenopatia cervical 
dolorosa. 
・ Normalmente não há manifestações de coriza, incluindo a tosse que quando presente sugerem etiologia viral. 
・ Algumas cepas de Streptococcus pyogenes produtoras de toxinas eritrogênicas podem causar escarlatina, doença que tem como característica 
um exantema eritematoso e a língua em framboesa. 
・ Outros tipos de faringite bacteriana por exemplo a gonocócica, diftérica e por Yersínia muitas vezes apresentam-se com faringite exsudativa 
com ou sem outras manifestações clínicas. As etiologias muitas vezes são sugeridas apenas pela história clínica. 
・ A herpangina é causada pelo Coksackie A caracterizada por febre alta, disfagia, sialorreia por dificuldade na deglutição devido a disfagia 
intensa, vesículas nos pilares amigdalianos, na úvula e no palato mole. (paciente pode apresentar doença mão-pé-boca). Seu tratamento é de 
suporte. 
・ O paciente na faringotonsilite streptocócica também pode apresentar otite refratária por afetação e inflamação do nervo IX glossofaríngeo. 
・ Podemos lançar mão do diagnóstico com hemograma (útil também para avaliação da contagem de linfócitos em possível infecção viral), ASLO 
(não indica infecção aguda), cultura bacteriana (padrão ouro). 
 
Tratamento: 
・ A antibioticoterapia da faringite por Streptococcus pyogenes oferece vários benefícios incluindo redução do risco de febre reumática, no qual é 
o foco principal de tratamento. 
・ O tratamento efetivo para faringite streptocócica é feito com penicilina G benzatina em dose única intramuscular ou com penicilina oral por 10 
dias. 
・ Atenção, o isolamento de fusobacterium necrophorum, uma causa crescente comum de faringite bacteriana em adultos jovens não é coberta 
por Macrolídeos. 
・ A profilaxia a longo prazo com penicilina G benzatina em dose de 1,2 milhões de unidades internacionais, intramuscular, a cada 3-4 semanas, 
ou penicilina VK, 250 mg, via oral cada 12 horas é indicado aos pacientes sob risco de febre reumática recorrente. 
・ O tratamento da faringite viral é exclusivamente sintomático, exceto na infecção por vírus influenza ou HSV. Para a influenza o arsenal inclui 
Amantadina e Rimantadina e os inibidores da neuraminidase Oseltamivir e Zanamivir. A administração destes agentes deve ser iniciada no 
prazo de 48 horas após o início dos sintomas ou não haverá efeito significativo na evolução da doença. 
・ Destes agentes apenas o Zanamivir e o Oseltamivir 75 mg/cp são ativos contra a influenza A e B e, portanto, eles podem ser usados quando 
não se conhecem os padrões locais de infecção e de resistência aos antivirais. 
・ A infecção da orofaringe por HSV as vezes responde ao tratamento com antivirais, como o aciclovir 200-400 mg/cp embora se reserve para 
pacientes imunossuprimidos: 
・ Sem hipersensibilidade à Penicilina: 
 Penicilina G benzatina 1.200.000 UI, IM, DU. 
 Penicilina G benzatina em crianças < 20 kg: 600 mil UI, IM, DU. 
 Amoxicilina 500 mg/cp, cada 12 horas por 10 dias. 
 Amoxicilina em crianças 40 mg/kg/dia. 
 Amoxicilina + clavulanato 500 mg + 125 mg, cada 12 horas por 10 dias. 
 Retorno à escola em 48 horas para reduzir o risco de transmissão para demais crianças. 
 
・ Com hipersensibilidade à penicilina: 
 Cefalexina 500 mg, via oral, cada 06 horas por 10 dias. 
 Azitromicina 500 mg, via oral, cada24 horas por 5 dias. 
 Clindamicina 300 mg, via oral, cada 08 horas por 10 dias. 
 
Complicações: 
・ As complicações da faringotonsilite streptocócica são divididas em supurativas e não supurativas: 
 Supurativas: 
− Abscesso peritonsilar (fleimão) 
− Abscesso parafaríngeo 
− Abscesso retrofaríngeo 
 
 Não supurativas: 
− Febre reumática 
− Pandas (Transtorno neuropsiquiátrico autoimune pediátrico) 
− Síndrome do shock tóxico streptocócico 
− Glomerulonefrite pós-streptocócica 
− Escarlatina 
・ A febre reumática é a complicação mais conhecida da faringite estreptocócica aguda, mas o risco dessa doença após uma infecção aguda é 
bastante baixo. 
・ Outras complicações são: 
 Otite média 
 Mastoidite 
 Rinossinusite 
 Bacteremia 
 Pneumonia 
・ A antibioticoterapia não se mostrou evidente em prevenir a glomerulonefrite aguda. 
・ Algumas evidencias apoiam o uso de antibióticos para prevenir complicações supurativas da faringite streptocócica, principalmente o abscesso 
peritonsilar que pode envolver anaeróbios orais como o fusobacterium. 
・ Os abscessos em geral são acompanhados de dor faríngea intensa, disfagia, febre, desidratação, deslocamento médio da tonsila e lateral da 
úvula. 
・ A utilização precoce de antibióticos como penicilina G + metronidazol ou clindamicina possa evitar a necessidade de drenagem cirúrgica, em 
alguns casos o tratamento geralmente envolve aspiração com agulha ou incisão para drenagem do abscesso. 
 
Angina de Plaut-Vicent: 
・ Também conhecida como gengivite necrosante aguda ou boca de trincheiras e uma forma singular e grave de gengivite que se caracteriza por 
dor e inflamação gengival com ulcerações das papilas interdentárias que sangram com facilidade. 
・ Está associada mais comumente à má higiene oral. 
・ A lesão clássica da angina de Plaut-Vicent é uma lesão úlcero-necrótica unilateral, e um exsudato pseudomembranoso. 
・ Os causadores da doença são anaeróbios locais como: 
 Fusobacterium Plautvicent 
 Sprirochaeta detium 
・ Por este motivo os pacientes apresentam halitose, febre, mal-estar, linfadenopatia. 
 
・ O tratamento consiste em desbridamento e administração de penicilina e metronidazol. O uso isolado de clindamicina ou de doxiciclina é uma 
alternativa. 
 
Angina de Ludwig: 
・ A angina de Ludwig é uma celulite rapidamente progressiva e potencialmente fulminante, que acomete os espaços sublingual e submandibular 
bilateralmente e se origina em um dente infectado ou recém-extraído, sendo mais comumente os segundos ou terceiros molares inferiores. 
・ A infecção de tais regiões resulta em disfagia, odinofagia, edema “lenhoso” na região sublingual que força a língua para cima e para trás com 
potencial para causar obstrução da via respiratória, febre, sialorreia, disartria, alteração na tonalidade da voz. 
・ A intubação ou traqueostomia em alguns casos são necessárias para obter controle da via aérea do paciente que pode sofrer obstrução, pois 
a asfixia é comum sendo a principal causa de morte. 
・ Os pacientes devem ser observados de perto e tratados rapidamente com antibióticos IV, contra streptococcus e anaeróbios orais. 
・ Entre os agentes recomendados estão a Ampicilina + Sulbactam, Clindamicina, penicilinas em altas doses + metronidazol. 
 
Septicemia pós-anginosa (doença de Lemierre): 
・ A septicemia pós-anginosa, ou doença de Lemierre é uma infecção orofaríngea rara causada por anaeróbios e cujo o principal agente é o 
Fusobacterium necrophorum. 
・ A doença é mais comum em adolescentes e adultos jovens, costumando começar com dor de garganta que pode se apresentar como amigdalite 
exsudativa ou abscesso peritonsilar. 
・ A infecção do tecido faríngeo profundo permite que microrganismos atinjam o espaço faríngeo lateral que contém a artéria carótida e a veia 
jugular interna, assim é possível a evolução com tromboflebite séptica da veia jugular interna, cujos sintomas são: 
 Dor 
 Disfagia 
 Edema cervical 
 Rigidez da nuca 
・ A sepse aparece 3-10 dias após o inicio da dor de garganta onde na maioria das vezes ocorre também infecção metastática nos pulmões e em 
outros locais distantes. 
・ Em alguns casos a infecção se estende ao longo das bainhas da carótida, atinge o mediastino posterior e causa mediastinite, ou pode haver 
invasão da artéria carótida, sendo o sinal precoce a ocorrência de pequenos sangramentos repetidos para o interior da cavidade oral. 
・ A taxa de mortalidade associada a essas infecções invasivas pode chegar até 50%. 
・ O tratamento consiste na administração de antibióticos IV, e drenagem cirúrgica de quaisquer coleções purulentas. como: 
 Clindamicina 300 mg, IV, cada 08 horas 
 Ampicilina + Sulbactam 1g + 125 mg, IV, cada 04 horas 
・ O uso concomitante de anticoagulantes para prevenir embolização permanece controverso, mas algumas vezes é recomendado com 
ponderação cuidadosa de riscos e benefícios.

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