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CASO HANS (1909)

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CASO HANS (1909)
ANSIEDADE: Uma terapia dessa natureza já não é mais eficaz quando se lida com a ansiedade. Esta permanece até mesmo quando o anseio pode ser satisfeito. Já não é mais capaz de se retransformar inteiramente na libido; existe alguma coisa a reter a libido sob repressão. Esse fato, no caso de Hans, evidenciou-se por ocasião do passeio que fez a seguir, quando sua mãe o acompanhou. 
FOBIA DE HANS- De onde terão provindo os elementos para essa fobia? É provável que dos complexos - até aqui desconhecidos por nós - que contribuíram para a repressão e mantinham sob repressão os sentimentos libidinais de Hans para com sua mãe.
De suas palavras autoconsoladoras (‘meu pipi vai ficar maior quando eu crescer’) podemos deduzir que, durante suas observações, ele constantemente vinha fazendo comparações, e ficara extremamente insatisfeito com o tamanho do seu pipi. Os animais grandes lembravam-no desse seu defeito, e por isso lhe eram desagradáveis. Entretanto, de vez que toda a corrente de pensamentos era provavelmente incapaz de se tornar nitidamente consciente, também esse sentimento aflitivo foi transformado em ansiedade, de modo que sua ansiedade atual se estabeleceu tanto em seu prazer anterior quanto em seu atual desprazer. Uma vez que um estado de ansiedade se estabelece, a ansiedade absorve todos os outros sentimentos; com o progresso da repressão, e com a passagem ao inconsciente de boa parte das outras idéias que são carregadas de afeto e que foram conscientes, todos os afetos podem ser transformados em ansiedade.
EXPLICAÇÃO DITA PARA O PAI DE HANS DAR A HANS- O comportamento anterior da criança constituía para nós justificativa para admitirmos estar sua libido relacionada com um desejo de ver o pipi de sua mãe. Propus então a seu pai que afastasse de Hans esse objetivo, informando-o de que sua mãe e todos os outros seres femininos (como podia constatar com Hanna) não tinham pipi nenhum.
CONSLUSÃO SOBRE A FANTASIA DE HANS- A partir de sua fantasia, podemos reunir duas coisas: em primeiro lugar, a reprimenda de sua mãe produziu nele um resultado intenso, no momento em que foi feita; e, em segundo, o esclarecimento feito quanto ao fato de as mulheres não possuírem pipi não foi, a princípio, aceito por ele. Desagradou-lhe que assim fosse, e em sua fantasia ateve-se à sua convicção anterior
EXPLICAÇÃO SOBRE A ANSIEDADE DE HANS: Antes a idéia que tinha deles lhe fora decididamente agradável, e ele costumava esforçar-se de todo jeito para dar uma olhada neles. Desde então esse prazer ficou prejudicado para ele, devido à inversão global do prazer em desprazer que havia tomado conta de todas as suas pesquisas sexuais, de um modo ainda inexplicável, e também devido a alguma coisa que se torna mais clara para nós, ou seja, a determinadas experiências e reflexões que levaram a conclusões aflitivas. de vez que toda a corrente de pensamentos era provavelmente incapaz de se tornar nitidamente consciente, também esse sentimento aflitivo foi transformado em ansiedade, de modo que sua ansiedade atual se estabeleceu tanto em seu prazer anterior quanto em seu atual desprazer. Uma vez que um estado de ansiedade se estabelece, a ansiedade absorve todos os outros sentimentos; com o progresso da repressão, e com a passagem ao inconsciente de boa parte das outras idéias que são carregadas de afeto e que foram conscientes, todos os afetos podem ser transformados em ansiedade.
ÉDIPO EM HANS: Ele chamava atenção para o fato de que seu amor por seu pai entrava em conflito com sua hostilidade para com ele, considerando-o como um rival junto de sua mãe; e censurava seu pai por não haver ainda chamado sua atenção para esse jogo de forças, fadado a culminar em ansiedade.
 ‘Infelizmente não pude apreender de imediato o significado dessa censura. Por gostar de sua mãe, é evidente que deseja afastar-me, e assim ficaria no lugar de seu pai. Esse seu desejo hostil suprimido transformou-se em ansiedade por seu pai, e ele vem ter comigo de manhã para ver se fui embora. Lastimo não ter compreendido isso no momento; disse-lhe: ’“Quando você está sozinho, você fica ansioso a meu respeito e vem ter comigo.”
MEDO DO PAI: havia medo de seu pai e medo por seu pai. O primeiro derivava de sua hostilidade para com seu pai, e o outro derivava do conflito entre sua afeição, exagerada a esse ponto por um mecanismo de compensação, e sua hostilidade
MEDO DO CAVALO CAIDO DA CARROÇA:’O cavalo do ônibus que cai e faz um barulhão com suas patas é, sem dúvida, um ‘lumf, caindo e fazendo barulho. Seu medo da defecação e seu medo de carroças muito carregadas é equivalente ao medo do estômago muito cheio.’
INICIO DA DOENÇA: a doença começou com a sua volta em prantos quando ele estava fora, passeando; e quando ele foi obrigado a ir a um segundo passeio, só foi até a estação Hauptzollamt no Stadtbahn, de onde a nossa casa ainda pode ser vista. Na época do parto de minha mulher, ele foi, é claro, afastado dela; e a sua presente ansiedade, que o impede de deixar a vizinhança da casa, na realidade, é a necessidade dela que ele sentiu então.
PAG 67- RESUMO DA HISTÓRIA- PAG 70-PAG 80
HOMOSSEXUALIDADE E AUTOCENTRAMENTO NO GENITAL- Os homossexuais, então, são pessoas que, devido à importância erógena dos seus próprios genitais, não podem passar sem uma forma semelhante no seu objeto sexual. No curso do desenvolvimento do auto-erotismo para o amor objetal, eles permaneceram fixados num ponto entre os dois - um ponto que está mais perto do auto-erotismo. . O que constitui um homossexual é uma peculiaridade não na sua vida instintual, mas na sua escolha de um objeto.
HISTERIA DE ANGUSTIA=O termo encontra sua justificação na semelhança entre a estrutura psicológica dessas fobias e a da histeria - uma semelhança que é completa, exceto em um único ponto. Esse ponto, todavia, é um ponto decisivo e bem adaptado para finalidades de diferenciação. Na histeria de angústia, a libido, que tinha sido libertada do material patogênico pela repressão, não é convertida (isto é, desviada da esfera mental para uma inervação somática), mas é posta em liberdade na forma de ansiedade.
NEUROSE DE ANGUSTIA- INIBIÇÕES- FOBIA- No final o paciente pode ter-se livrado de toda a sua ansiedade, mas somente ao preço de sujeitar-se a todos os tipos de inibições e restrições. Desde o começo, na histeria de angústia, a mente está constantemente trabalhando no sentido de ligar psiquicamente, mais uma vez, a ansiedade que tinha se liberado; mas esse trabalho não pode nem efetuar uma retransformação da ansiedade em libido, nem estabelecer qualquer contato com os complexos que foram a fonte da libido. Nada lhe resta, a não ser cortar o acesso a todo possível motivo que possa levar ao desenvolvimento de ansiedade, erigindo barreiras mentais da natureza de precauções, inibições ou proibições; e são essas estruturas protetoras que aparecem para nós sob a forma de fobias e que constituem aos nossos olhos a essência da doença.
REPRESSÃO E MODIFICAÇÃO DO PRAZER-Quando a repressão começou e trouxe consigo uma revulsão de sentimento, os cavalos, que até então tinham sido associados com tanto prazer, foram necessariamente transformados em objetos de medo
 . Portanto, o cavalo que caiu não era só seu pai moribundo, mas também sua mãe no parto.
BOM RESUMO:Tratava-se, portanto, de uma poderosa reação contra os impulsos obscuros ao movimento que eram especialmente dirigidos contra sua mãe. Pois os cavalos de Hans sempre foram típicos do prazer no movimento (`Eu sou um jovem cavalo’, disse ele enquanto pulava [ver em [1]]); mas já que esse prazer no movimento incluía o impulso para copular, a neurose impôs uma restrição a este e exaltou o cavalo como emblema de terror. Assim, pareceria que tudo o que os instintos reprimidos obtiveram da neurose foi a honra de fornecer pretextos para o aparecimento da ansiedade na consciência. Mas não importa quão clara possa ter sido a vitória na fobia de Hans das forças que eram opostas à sexualidade,já que essa doença é na sua mais profunda natureza um compromisso, isso não pode ser tudo o que os instintos reprimidos obtiveram. Afinal, a fobia de Hans por cavalos era um obstáculo a ele ir até a rua, e podia servir como um meio de lhe permitir ficar em casa com sua querida mãe. Dessa maneira, portanto, sua afeição por sua mãe realizou triunfalmente seu objetivo. Em conseqüência da sua fobia, o amante agarrou-se ao objeto do seu amor - apesar de, para se assegurar, terem sido tomadas medidas para torná-lo inócuo. O verdadeiro caráter de um distúrbio neurótico é exibido nesse resultado duplo.
BOA EXPLICAÇÃO: Como chegamos à conclusão de que, no nosso presente caso de fobia, a ansiedade deve ser explicada como sendo devida à repressão das propensões agressivas de Hans (as propensões hostis contra seu pai e as sádicas contra sua mãe), parece que produzimos uma peça muito impressionante de confirmação do ponto de vista de Adler.( de que a ansiedade surge da supressão do que ele chama de `instinto agressivo’, e por meio de um processo sintético impetuoso ele imputa a esse instinto o papel principal nos acontecimentos humanos, `na vida real ou na neurose) -FREUD NÃO CONCORDA
Se ‘Little Hans’, estando apaixonado pela mãe, mostrara medo do pai, não devemos ter direito algum de dizer que ele tinha uma neurose ou fobia. Sua reação emocional teria sido inteiramente compreensível. O que a transformou em uma neurose foi apenas uma coisa: a substituição do pai por um cavalo

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