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Da Propriedade – arts. 1225 e ss, CC/2002
Conceitos:
Clóvis Beviláqua: “é o poder assegurado pelo grupo social à utilização dos bens da vida física e moral.”
Caio Mário: “É um direito real por excelência, direito subjetivo padrão, ou direito fundamental, a propriedade mais se sente do que se define, à luz dos critérios informativos da civilização romano-cristã. (...) A propriedade é o direito de usar, gozar e dispor da coisa, e reinvindicá-la de quem injustamente a detenha.”
Orlando Gomes: “A propriedade é um direito complexo, podendo ser conceituada a partir de três critérios: o sintético, o analítico e o descritivo. Sinteticamente a propriedade é a submissão de uma coisa, em todas as suas relações jurídicas, a uma pessoa. No sentido analítico, a propriedade está relacionada com os direitos de usar, fruir, dispor e alienar a coisa. Descritivamente, é um direito complexo, absoluto, perpétuo e exclusivo, pela qual uma coisa está submetida à vontade de uma pessoa, sob os limites da lei”.
Maria Helena Diniz: “O direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar, dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como de reinvindicá-lo de quem injustamente o detenha.”
Paulo Lôbo: “o uso linguístico do termo “propriedade” tanto serve para significar direito de propriedade como a coisa objeto desse direito. Ela significa tanto um poder jurídico do indivíduo sobre a coisa (sentido subjetivo) quanto a coisa apropriada por ele (sentido objetivo). (...) Porém, a expressão “direito de propriedade” deve ser restrita a quem detenha a titulação formal reconhecida pelo direito para a aquisição da coisa”.
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald: “A propriedade é um direito complexo, que se instrumentaliza pelo domínio, possibilitando ao seu titular o exercício de um feixe de atributos consubstanciados nas faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa que lhe serve de objeto.”
Portanto, para Flávio Tartuce, propriedade pode ser definida como o direito que alguém possui em relação a um bem determinado. Trata-se de um direito fundamental (art. 5º, XXII, CF/88), mas deve sempre atender a uma função social, em prol de toda a coletividade.
A propriedade é preenchida a partir dos atributos que constam do CC/2002 (art. 1.228), sem perder de vista outros direitos, sobretudo aqueles com substrato constitucional.
Atributos da propriedade: (art. 1.228,CC) GRUD
Gozar ou fruir
Reaver ou buscar
Usar ou utilizar
Dispor ou alienar
CC/16 – o proprietário tem o direito de usar, gozar, dispor e reavê-los.
CC/2002 – O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor e o direito de reavê-la (direito foi mantido para a vindicação do bem, por meio da ação petitória). 
Faculdade de gozar/fruir da coisa (antigo ius fruendi)  possibilidade de retirar os frutos da coisa, sejam os naturais, industriais ou civis (rendimentos).
Faculdade de usar a coisa (antigo ius utendi)  esse atributo encontra limites na CF/88, no CC/2002 (regras quanto à vizinha) e em leis específicas (Estatuto da Cidade – Lei nº 10.257/2001).
Faculdade de dispor (antigo ius disponendi)  por atos inter vivos ou mortis causa. Ex: doação, compra e venda e testamento.
IV) Direito de reivindicar (ius vindicandi)  será exercido por meio de ação petitória, fundada na propriedade (ação reivindicatória). O Autor deve provar o seu domínio, oferecendo prova da sua propriedade, com o respectivo registro e descrevendo o imóvel com suas confrontações. 
Imprescritibilidade da ação (STJ, REsp 216.117/RN)
Propriedade plena  quando a pessoa tiver todos os atributos relativos à propriedade (GRUD).
Se tiver pelo menos um, haverá posse.
Classificação propriedade
Propriedade plena ou alodial  o proprietário tem consigo todos os atributos de gozar, usar, reaver e dispor da coisa.
II) Propriedade Limitada ou restrita  recai sobre a propriedade algum ônus, caso da hipoteca, da servidão ou usufruto; ou quando a propriedade for resolúvel, dependente de condição ou termo (art 1.359, CC). 
Alguns dos atributos da propriedade passam a ser de outrem, constituindo-se direito real sobre coisa alheia. Havendo divisão entre os referido atributos, o direito de propriedade é composto de suas partes destacáveis:
a) Nua propriedade  titularidade do domínio. É proprietário e tem o bem em seu nome. 
É despida dos atributos do uso e da fruição. 
b) Domínio útil  corresponde aos atributos de usar, gozar e dispor da coisa. Ex: usufrutuário, habitante, promitente comprador, superficiário, etc. 
Uma pessoa pode ser o titular (o proprietário) ao mesmo tempo em que outra pessoa possui os atributos de usar, gozar e até dispor daquele bem em virtude de um negócio jurídico (ex: usufruto, direito real de habitação, servidão, etc).
Usufruto: o nu-proprietário mantém os atributos de dispor e reaver a coisa; enquanto que o usufrutuário tem os atributos de usar e fruir (gozar) da coisa.
Flávio Tartuce: domínio é sinônimo de propriedade. 
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald  “O domínio é instrumentalizado pelo direito de propriedade. Ele consiste na titularidade do bem. Aquele se refere ao conteúdo interno da propriedade. O domínio, como vínculo real entre o titular e a coisa, é absoluto. Mas, a propriedade é relativa, posto ser intersubjetiva e orientada à funcionalização do bem pela imposição de deveres positivos e negativos de seu titular perante a coletividade. Um existe em decorrência do outro. Cuida-se de conceitos complementares e comunicantes que precisam ser apartados, pois em várias situações o proprietário – detentor da titularidade formal – não será aquele que exerce o domínio. (ex: usucapião antes do registro, promessa de compra e venda após a quitação). Veremos adiante que a propriedade recebe função social, não o domínio em si.”
Principais características do direito de propriedade
a) Direito absoluto, em regra, mas que deve ser relativizado em algumas situações.
Limitações: função social e socioambiental da propriedade (art. 1.228, parág. 1º, CC)
Art. 1.231, CC  se admite prova em contrário da propriedade de determinada pessoa. A propriedade deve ser relativizada, frente a um outro direito fundamental protegido pela Constituição.
b) Direito exclusivo  Determinada coisa não pode pertencer a mais de uma pessoa, SALVO os casos de condomínio ou copropriedade (o que também não tira seu caráter de exclusividade).
Art. 1.231, CC: a propriedade presume-se plena e exclusiva.
A propriedade envolve interesses indiretos de outras pessoas, e até de toda a sociedade, que almejam o atendimento à sua função social.
c) Direito perpétuo  O direito de propriedade permanece independentemente do seu exercício, enquanto não houver causa modificativa ou extintiva, sejam elas de origem legal ou convencional. 
d) Direito elástico  Para Orlando Gomes a propriedade pode ser distendida ou contraída quanto ao seu exercício, conforme sejam adicionados ou retirados os atributos que são destacáveis. 
Propriedade plena: grau máximo de elasticidade.
e) Direito complexo  A propriedade é um direito por demais complexo, particularmente pela relação com os 4 atributos constantes do art. 1.228, caput, CC.
f) Direito fundamental  direito fundamental constante do art. 5º, XXII e XXIII, CF/88. 
OBS: o direito de propriedade pode ser ponderado frente a outros direitos tidos como fundamentais, por ex., dignidade da pessoa humana, particularmente naqueles casos de difícil solução (utilização da técnica da ponderação – art. 489, § 2º, NCPC.
A função social e socioambiental da propriedade
Art. 1.228,CC - § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
OBS: Fica expressamente codificado a função social da propriedade noCC/2002, como princípio orientador da propriedade e principal limitação a esse direito.
“Ao antigo absolutismo do direito, consubstanciado no famoso jus utendi et abutendi, contrapõe-se, hoje, a socialização progressiva da propriedade – orientando-se pelo critério da utilidade social para maior e mais ampla proteção aos interesses e às necessidades comuns.” (Carlos Alberto Dabus Maluf)
OBS: É preciso distinguir a função social e o aproveitamento econômico. 
Pode haver máximo aproveitamento econômico e lesão à função social da propriedade ou da posse. 
Ex: não há função social quando, para a maximização dos fins econômicos, o titular do imóvel urbano não atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade (art. 182, § 2º, CF/88). 
Enunciado 507 – V Jornada de Direito Civil:
“Na aplicação do princípio da função social da propriedade imobiliária rural,
deve ser observada a cláusula aberta do § 1º do art. 1.228 do Código Civil, que,
em consonância com o disposto no art. 5º, inciso XXIII, da Constituição de
1988, permite melhor objetivar a funcionalização mediante critérios de
valoração centrados na primazia do trabalho.”
A função social se aplica tanto a propriedade rural/agrária ou urbana.
A função social tem dupla intervenção no direito de propriedade: LIMITADORA e IMPULSIONADORA. 
Limitadora  tem a intenção de manter cada titular dentro de limites que se não revelassem prejudiciais à comunidade.
Impulsionadora  impulsionar de maneira a que de uma situação de direito real derivasse um resultado socialmente mais valioso. 
Ex: art. 186, CF/88 – intervenção impulsionadora que traz caracteres para o correto preenchimento da função social da propriedade.
Parâmetros para caracterização da função social:
I) Aproveitamento racional e adequado da propriedade;
II) Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;
III) Observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV) Exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.
EX: O caso da Favela Pullman – intervenção impulsionadora da função social
A Favela Pullman localiza-se na zona sul de São Paulo, e nela vivem milhares de famílias. A favela tem origem em um antigo loteamento, de 1955, que não teve o devido destino, por muitos anos, por parte de seus proprietários, sendo invadida e ocupada paulatinamente. 
Os proprietários adquiriram a área entre 1978 e 1979. Após anos de plena ocupação da área e a favelização, os proprietários de alguns terrenos ocupados ingressaram com ação reivindicatória em 1985. 
A sentença repeliu a alegação de usucapião dos ocupantes e condenou os réus á desocupação da área, sem qualquer direito de retenção por benfeitorias e devendo pagar indenização pela ocupação.
Os ocupantes recorreram ao TJ/SP, na tentativa de caracterizar a usucapião especial urbana, pois incontestavelmente todos já viviam no local há mais de 5 anos, e ocupavam áreas inferiores a 250m2, não possuindo qualquer um deles outra propriedade imóvel. (art. 1.240,CC e art. 183, CF/88)
De forma subsidiária requereram o reconhecimento da boa-fé, e consequentemente, do direito de retenção por benfeitorias. 
O TJ/SP deu provimento à apelação dos réus, para julgar improcedente a ação. (Desembargador relator José Osório de Azevedo Jr). Decisão confirmada pelo STJ Resp 75.659/SP
EMENTA: Ação reivindicatória. Lotes de terreno transformados em favela dotada de equipamentos urbanos. Função social da propriedade. Direito de indenização dos proprietários. Lotes de terreno urbanos tragados por uma favela deixam de existir e não podem ser recuperados, fazendo, assim, desaparecer o direito de reivindicá-los. O abandono dos lotes urbanos caracteriza uso antissocial da propriedade, afastado que se apresenta do princípio constitucional da função social da propriedade. Permanece, todavia, o direito dos proprietários de pleitear indenização contra quem de direito. (APELAÇÃO CÍVEL N. 212.726-1-4 - SÃO PAULO)
 
Com essas decisões conclui-se que quem não cumpre a função social não tem o domínio, não havendo sequer legitimidade ativa para a ação reivindicatória. 
Formas de limitação:
 I) Art. 1.228, CC 
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
Vedação do exercício irregular do direito de propriedade, do abuso de propriedade ou do ato emulativo civil. Há um limite ao exercício da propriedade, que não pode ser abusivo. 
Ex: proprietário de um aptº, todas as noites, faz festas em sua unidade, o que causa excesso de barulho, prejudicando os vizinhos. 
OBS: Segundo entendimento MAJORITÁRIO da doutrina, o art. 187 do CC consolida a responsabilidade civil objetiva no caso de abuso de direito. Dessa forma, o § 2º do art. 1.228, CC, também não pode exigir o dolo para a caracterização do ato emulativo no exercício da propriedade. 
Nesse sentido o Enunciado 37 e 49 da I Jornada de Direito Civil:
“A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.”
“Art. 1.228, § 2º: a regra do art. 1.228, § 2º, do novo Código Civil interpreta-se restritivamente, em harmonia com o princípio da função social da propriedade e com o disposto no art. 187.”
II) Art. 1.228, CC
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.
III) Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.
Informativo 557 do STJ:
“No caso em que o subsolo de imóvel tenha sido invadido por tirantes (pinos de concreto) provenientes de obra de sustentação do imóvel vizinho, o proprietário do imóvel invadido não terá legítimo interesse para requerer, com base no art. 1.229 do CC, a remoção dos tirantes nem indenização por perdas e danos, desde que fique constatado que a invasão não acarretou prejuízos comprovados a ele, tampouco impossibilitou o perfeito uso, gozo e fruição do seu imóvel. (...), ao regular o direito de propriedade, ampara-se especificamente no critério de utilidade da coisa por seu titular. Por essa razão, o direito à extensão das faculdades do proprietário é exercido contra terceiro tão somente em face de ocorrência de conduta invasora e lesiva que lhe traga dano ou incômodo ou que lhe proíba de utilizar normalmente o bem imóvel, considerando suas características físicas normais. Como se verifica, a pretensão de retirada dos tirantes não está amparada em possíveis prejuízos devidamente comprovados ou mesmo no fato de os tirantes terem impossibilitado, ou estarem impossibilitando, o perfeito uso, gozo ou fruição do imóvel. Também inexistem possíveis obstáculos a futuras obras que venham a ser idealizadas no local, até porque, caso e quando se queira, referidos tirantes podem ser removidos sem nenhum prejuízo para quaisquer dos imóveis vizinhos. De fato, ao proprietário compete a titularidade do imóvel, abrangendo solo, subsolo e o espaço aéreo correspondentes. Entretanto, referida titularidade não é plena, estando satisfeita e completa apenas em relação ao espaço físico sobre o qual emprega efetivo exercício sobre a coisa. Dessa forma, não tem o proprietário do imóvel o legítimo interesse em impedir a utilização do subsolo onde estão localizados os tirantes que se pretende remover, pois sobre o referido espaço não exerce ou demonstra quaisquer utilidades.” Precedente citado: REsp 1.233.852-RS, Terceira Turma, DJe de 1º/2/2012. REsp 1.256.825-SP, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 5/3/2015, DJe 16/3/2015. 
IV) Passagens de água e de cabos que interessam ao bem comum.V) Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.
OBS: Art. 176, CF/88. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.
Conceito de Bem Ambiental  Art. 225, CF/88: proteção ao meio ambiente como um bem difuso e que visa à sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações. (proteção de direitos transgeracionais ou intergeracionais).
Exemplos concretos de aplicação da função socioambiental STJ: REsp 471.864/SP e 263.383/PR:
AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANOS AMBIENTAIS. RESPONSABILIDADE DO ADQUIRENTE. TERRAS RURAIS. RECOMPOSIÇÃO. MATAS. RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULAS 7/STJ, 283/STF. I - Tendo o Tribunal a quo, para afastar a necessidade de regulamentação da Lei 7.803/89, utilizado como alicerce a superveniência das Leis 7.857/89 e 9.985/00, bem assim o contido no art. 225 da Constituição Federal, e não tendo o recorrente enfrentado tais fundamentos, tem-se impositiva a aplicação da súmula 283/STF. II - Para analisar a tese do recorrente no sentido de que a área tida como degradada era em verdade coberta por culturas agrícolas, seria necessário o reexame do conjunto probatório que serviu de supedâneo para que o Tribunal a quo erigisse convicção de que foi desmatada área ciliar. III - O adquirente do imóvel tem responsabilidade sobre o desmatamento, mesmo que o dano ambiental tenha sido provocado pelo antigo proprietário. Precedentes: REsp nº 745.363/PR, Rel. Min. LUIZ FUX, DJ de 18/10/2007, REsp nº 926.750/MG, Rel. Min. CASTRO MEIRA, DJ de 04/10/2007 e .REsp nº 195274/PR, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 20.06.2005 IV - Agravo regimental improvido.
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RESERVA FLORESTAL. NOVO PROPRIETÁRIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. 1. A responsabilidade por eventual dano ambiental ocorrido em reserva florestal legal é OBJETIVA, devendo o proprietário das terras onde se situa tal faixa territorial, ao tempo em que conclamado para cumprir obrigação de reparação ambiental e restauração da cobertura vegetal, responder por ela. 2. A reserva legal que compõe parte de terras de domínio privado CONSTITUI VERDADEIRA RESTRIÇÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE. Assim, a aquisição da propriedade rural sem a delimitação da reserva legal não exime o novo adquirente da obrigação de recompor tal reserva. 3. Recurso especial conhecido e improvido.
Alguns acórdãos consideram a obrigação de recuperação ambiental como uma obrigação propter rem:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. MATA ATLÂNTICA. DECRETO 750/1993. LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. ART. 1.228, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. (..)
5. Assegurada no Código Civil de 2002 (art. 1.228, caput), a faculdade de "usar, gozar e dispor da coisa", núcleo econômico do direito de propriedade, está condicionada à estrita observância, pelo proprietário atual, da OBRIGAÇÃO PROPTER REM de proteger a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitar a poluição do ar e das águas (parágrafo único do referido artigo). 
6. Os recursos naturais do Bioma Mata Atlântica podem ser explorados, desde que respeitadas as prescrições da legislação, necessárias à salvaguarda da vegetação nativa, na qual se encontram várias espécies da flora e fauna ameaçadas de extinção.
7. Nos regimes jurídicos contemporâneos, os imóveis – rurais ou urbanos – transportam finalidades múltiplas (privadas e públicas, inclusive ecológicas), o que faz com que sua utilidade econômica não se esgote em um único uso, no melhor uso e, muito menos, no mais lucrativo uso. A ordem constitucional-legal brasileira não garante ao proprietário e ao empresário o máximo retorno financeiro possível dos bens privados e das atividades exercidas. (..) (REsp 1.109.778 – SC. 2ª Turma STJ. Relator: Min. Herman Benjamin. Julgado em: 10/11/2009)
A própria Lei nº 12.651/2012 – Novo Código Florestal, assim dispõe:
Art. 2º (...)
§ 2o  As obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
A desapropriação judicial privada por posse-trabalho (art. 1.228, § § 4º e 5º, CC)
Art. 1.228, CC
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
Importante restrição ao direito de propriedade, fundada na função social da posse e do domínio. (criação brasileira)
Novo conceito de posse, que se pode qualificar como sendo de posse-trabalho. (Desapropriação judicial privada por posse trabalho – conceito criado por Miguel Reale)
A desapropriação é privada, pois concretizada no interesse direto e particular daquelas pessoas que, em número considerável, ocupam área extensa. Fundada em uma posse qualificada: a posse-trabalho (enriquecida pelo valor laborativo – ex: realização de obras, loteamentos, construção de uma residência, etc).
Posse sem interrupção e de boa-fé, por mais de 5 anos = posse-trabalho. 
Posse de boa-fé + posse trabalho = posse qualificada.
Posse-trabalho  constitui uma cláusula geral, um conceito aberto e indeterminado a ser preenchido caso a caso. Representa tal conceito a efetivação da função social da posse, pelo desempenho de uma atividade positiva no imóvel, dentro da ideia de intervenção impulsionadora.
Usucapião coletiva urbana – Estatuto da cidade – art. 10
Desapropriação judicial privada
Ocupantes de baixa renda.
Não há necessidade.
Área de no mínimo 250m2.
Extensa área.
Apenas imóveis urbanos.
Imóveis urbanos e rurais.
Não há direito de indenização.
Há direito de indenização.
Enunciados sobre o tema:
Enunciado 82 – I Jornada de Direito Civil
“É constitucional a modalidade aquisitiva de propriedade imóvel prevista nos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.”
Enunciado 83 – I Jornada de Direito Civil
“Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.”
A desapropriação judicial privada não se aplica aos imóveis públicos, uma vez que tais bens não são usucapíveis.
EXCEÇÃO: Enunciado 304 – IV Jornada de Direito Civil
“São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil às ações reivindicatórias relativas a bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil, no que concerne às demais classificações dos bens públicos.”
Bens públicos dominicais   constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas entidades. Podem ser utilizados pelo Estado para fazer renda. Ex.: terras sem destinação pública específica, terrenos da marinha, prédios públicos desativados, estradas de ferro, etc. (possibilidade de usucapião desses bens – ENTENDIMENTO MINORITÁRIO)
Enunciado 84 – I Jornada de Direito Civil
“A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, donovo Código Civil) deve ser arguida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da indenização.”
OBS: Enunciado 308 – IV Jornada de Direito Civil
“A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5°) somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.”
Enunciado 240 – III Jornada de Direito Civil
“A justa indenização a que alude o parágrafo 5º do art. 1.228 não tem como critério valorativo, necessariamente, a avaliação técnica lastreada no mercado imobiliário, sendo indevidos os juros compensatórios.”
OBS: objetivo de afastar a incidência do art. 14 do Decreto-lei nº 3.365/41, aplicável a desapropriação tradicional, onde o juiz deve nomear um perito de sua escolha para proceder à avaliação dos bens. 
Enunciado 241 – III Jornada de Direito Civil
“O registro da sentença em ação reivindicatória, que opera a transferência da propriedade para o nome dos possuidores, com fundamento no interesse social (art. 1.228, § 5o ), é condicionada ao pagamento da respectiva indenização, cujo prazo será fixado pelo juiz”
 
Enunciado 305 – IV Jornada de Direito Civil
“Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art. 1.228 do Código Civil, o Ministério Público tem o poder-dever de atuação nas hipóteses de desapropriação, inclusive a indireta, que envolvam relevante interesse público, determinado pela natureza dos bens jurídicos envolvidos.”
OBS: hipótese aplicável quando um bem público dominical for objeto da desapropriação.
Enunciado 306 – IV Jornada de Direito Civil
“A situação descrita no § 4° do art. 1.228 do Código Civil enseja a improcedência do pedido reivindicatório.”
 
Enunciado 307 – IV Jornada de Direito Civil
“Na desapropriação judicial (art. 1.228, § 4º), poderá o juiz determinar a intervenção dos órgãos públicos competentes para o licenciamento ambiental e urbanístico.”
 
Enunciado 309 – IV Jornada de Direito Civil
“O conceito de posse de boa-fé de que trata o art. 1.201 do Código Civil não se aplica ao instituto previsto no § 4º do art. 1.228.”
OBS: A boa-fé aqui tratada é a objetiva, relacionada às condutas dos envolvidos, e não ao plano intencional. 
Em casos assim, devem ser confrontadas as posses dos envolvidos, prevalecendo a melhor posse, aquela que atenda à função social. Foi justamente o que ocorreu no outrora comentado caso da Favela Pullman.
 
Enunciado 310 – IV Jornada de Direito Civil
“Interpreta-se extensivamente a expressão “imóvel reivindicado” (art. 1.228, § 4º), abrangendo pretensões tanto no juízo petitório quanto no possessório.”
OBS: Aplicação do instituto para os casos de ação de reintegração de posse proposta pelo proprietário, visando também a sua efetividade prática. 
Enunciado 311 – IV Jornada de Direito Civil
“Caso não seja pago o preço fixado para a desapropriação judicial, e ultrapassado o prazo prescricional para se exigir o crédito correspondente, estará autorizada a expedição de mandado para registro da propriedade em favor dos possuidores.”
OBS: visa proteger os possuidores, pois permanecendo inerte o proprietário na cobrança do valor da dívida, poderá ocorrer a consolidação do domínio a favor dos possuidores.
OBS: Tal enunciado não tem aplicação nos casos de o pagamento estar a cargo da administração pública.
 
Enunciado 496 – V Jornada de Direito Civil
“O conteúdo do art. 1.228, §§ 4º e 5º, pode ser objeto de ação autônoma, não se restringindo à defesa em pretensões reivindicatórias.”