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1 Proposta de CADERNO TEMÁTICO Professora PDE: ROSANGELA APARECIDA RIBEIRO GONDO Área PDE: Pedagogia NRE: Cornélio Procópio Professora Orientadora IES : MS. Marília Bazan Blanco IES vinculada: Universidade Estadual do Norte do Paraná: UENP Cornélio Procópio, Paraná 2008 2 ROSANGELA APARECIDA RIBEIRO GONDO DIFICULDADES ENFRENTADAS POR PROFESSORES E ALUNOS NO ENSINO MÉDIO NOTURNO Proposta de Caderno Temático apresentado à Secretaria de Estado da Educação – SEED como requisito parcial de participação no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE na área de Pedagogia Orientadora Profª Ms. Marília Bazan Blanco . Cornélio Procópio, Paraná 2008 3 SUMÁRIO 1.Apresentação ................................................................................................... 05 2. Dificuldades encontradas pelos professores e alunos no Ensino Médio Noturno ............................................................................................... 06 2.1. O Ensino Médio Noturno no Brasil ............................................................... 06 3. Fracasso Escolar X Sucesso Escolar – Vencendo desafios- ...................19 3.1.Indisciplina. Um desafio para todos os professores ....................................... 23 4. Metodologia Didática no Ensino Médio Noturno – Em busca de mudança prática ..................................................................... 25 4.1. Sugestões metodológicas ............................................................................ 27 4.1.1 . Exposição oral ....................................................................................... 28 4.1.1.1. Vantagens do método ............................................................................ ..28 4.1.1.2. Desvantagens do método ...................................................................... 28 4.1.2. Perguntas e respostas .............................................................................. 28 4.1.2.1. Vantagens do método .............................................................................. 28 4.1.2.2. Desvantagens do método ..... ................................................................. 29 4.1.2.3. Cuidados a serem observados, para a sua utilização........................... 29 4.1.3. Discussão ou debate ................................................................................ 29 4.1.3.1. Vantagens do método .............................................................................. 30 4.1.3.1. Desvantagens do método ........................................................................ 30 4.1.4. Philips 66 ....................................................................................................30 4.1.5. Trabalho em duplas ................................................................................... 31 4.1.6. Técnica da entrevista ................................................................................ 31 4.1.7. Dramatização ............................................................................................. 31 4.1.8. Redação ................................................................................................... 32 4.2. Atividades para abertura do período letivo ......................................................32 4.2.1. O Barbante .................................................................................................32 4.2.2. Jogando bola.................................................................................................33 4.3 Aulas dinâmicas com recursos simples .........................................................33 4.3.1. Cordel pedagógico .......................................................................................34 4.3.2. Transparência em retroprojetor ....................................................................34 4.4. Apresentação e revisão de conteúdos ............................................................34 4.4.1. Campeonato do saber ..................................................................................34 4.5. O filme na sala de aula .................................................................................35 4.5.1. Como analisar um filme ...............................................................................37 4.5.3. Dramatização de situações do vídeo assistido e discutido ..........................38 4.5.. Sugestões de filme .......................................................................................38 4.6. Ações para serem executadas na primeira semana de aula .........................39 5. Considerações finais ....................................................................................45 6. Referências .......................................................................................................48 4 IDENTIFICAÇÃO PROFESSORA PDE: ROSANGELA APARECIDA RIBEIRO GONDO ÁREA PDE : PEDAGOGIA NRE: CORNÉLIO PROCÓPIO PROFESSORA ORIENTADORA IES: Profª Ms MARILIA BAZAN BLANCO IES VINCULADA:UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ –UENP ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO:COLÉGIO ESTADUAL CECÍLIA MEIRELES - EMN PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO: PROFESSORES E ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DO PERÍODO NOTURNO DO COLÉGIO ESTADUAL CECÍLIA MEIRELES – EMN TEMA: Práticas Pedagógicas no Ensino Médio Noturno TÍTULO: Dificuldades enfrentadas por professores e alunos no Ensino Médio Noturno 5 1. APRESENTAÇÃO Este Caderno Temático se refere à necessidade de se propiciar um canal de reflexão, discussão e ação junto aos professores que atuam no Ensino Médio Noturno e, conseqüentemente, promover a melhoria de um ensino, que há muito tempo é apenas uma simulação. Sendo assim evidenciamos a complexidade do processo de mudança, pois representa um desafio. Não se pode mudar por decreto ou por querer deste ou daquele grupo. Mudança é processo e sendo assim, exige um árduo trabalho de desconstrução e reconstrução a que atores desse processo, terão que se dedicar com competência e pacientemente. Não se trata apenas de mudar, mas de inovar. 6 2. Dificuldades encontradas pelos professores e alunos no Ensino Médio Noturno. 2.1. O Ensino Médio Noturno no Brasil As desigualdades educacionais refletem desigualdades sociais e, muitas vezes, umas reforçam as outras . Nesse sentido, identificar as características sociais dos jovens e adultos que cursam o ensino médio noturno são fundamental para que se possam pensar políticas que visem a corrigir essas desigualdades.(OLIVEIRA, 2004 ) Aravés da história percebe-se que essa preocupação no Brasil data dos tempos do Império e como caracteriza Carvalho (1994, pág 27) “aos que a idade e necessidade de trabalhar e não podiam freqüentar os cursos diurnos”. Continua, Carvalho, “seus professores recebem apenas uma pequena gratificaçãopara se encarregar dessas aulas”. Estudar a noite, era uma condição apenas para pobres e sempre com o caráter de profissionalização como aprendizado de um ofício. Deste modo, a formação de trabalhadores e cidadãos no Brasil constituiu-se historicamente a partir da categoria de dualidade estrutural, uma vez que havia uma nítida demarcação da trajetória educacional dos que iriam desempenhar funções intelectuais ou instrumentais, em uma ociedade cujo desenvolvimento das forças produtivas delimitava claramente a divisão entre capital e trabalho traduzida no taylorismo-fordismo como ruptura entre as atividades de planejamento e supervisão por um lado e de execução por outro” ( KUENZER apud KUENZER, 2005. p.27). Datam do Império as primeiras classes noturnas para atender aqueles que precisavam trabalhar e não podiam freqüentar o ensino médio diurno. Logo se percebe que os resultados não foram os esperados e a freqüência diminuía sensivelmente. 7 Acácia Kuenzer (2005) nos remete a 1909 quando a partir da criação de 19 escolas de artes e ofícios é que surge a idéia de escolas técnicas “e antes de pretender atender às demandas de um desenvolvimento industrial praticamente inexistente obedeciam a uma finalidade moral de repressão: educar pelo trabalho, os órfãos, pobres e desvalidos de sorte, retirando - os da rua.” Inicia a divisão “oficial” do ensino entre ricos e pobres, pois, segundo Kuenzer (2005), para a elite a trajetória escolar partia do ensino primário seguido pelo secundário propedêutico que era completado pelo ensino superior e ai havia a escolha dos ramos profissionais. A partir da década de 30 se acentuam as características dicotômicas entre profissional e formação acadêmica. A população passa a pleitear a criação de maior número de ginásios mantidos pelo Estado, pois a rede de ensino secundário era quase exclusivamente constituída por entidades privadas, leigas ou confessionais. Aumentou a procura pelas escolas de nível médio,como meio de ascensão social, a industrialização crescente e o interesse de políticos, foram alguns dos fatores que acelerou a multiplicação dos ginásios. Havendo uma diversidade de ramos do ensino médio, o trabalhador– estudante só poderia optar pelos cursos que oferecessem ocupações imediatas, como os cursos comerciais, que para a elite serviam como trampolim para o ensino superior, e para a classe trabalhadora como ponto de parada. Segundo Kuenzer(2005) em 1942 temos a reforma Capanema, que faz o ajuste entre as propostas pedagógicas para a formação de intelectuais e trabalhadores e as mudanças que estavam ocorrendo no mundo do trabalho. É criado para as elites os cursos médios de 2º Ciclo, científico e o clássico, com duração de três anos, com o intuito de preparar os alunos para o ensino superior Continua Kuenzer(2005) a formação profissional destinada aos alunos- trabalhadores passa também a contar com alternativas em nível médio de 2º ciclo: o agrotécnico, o comercial técnico, o industrial técnico e o normal, que não davam acesso ao ensino superior. É desse período de 1942, também, a criação das escolas técnicas. A partir da transformação das escolas de artes e ofícios. Criação também em 1942 do (SENAI) e 1946 do (SENAC) para atender a demanda do crescente desenvolvimento industrial que exigia mão-de-obra qualificada. 8 Cria-se uma dualidade estrutural na constituição do Ensino Médio e profissional no Brasil com caminhos diferenciados preparando uns para exercer funções de dirigentes; outros preparando para o mundo do trabalho. A partir de 1961, com a promulgação da lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional - lei 4024/61, (20/12/61) essa realidade sofre uma significativa mudança no mundo do trabalho. O desenvolvimento crescente dos vários ramos profissionais dos setores secundário e terciário faz com que aconteça o reconhecimento de outros saberes não só de cunho acadêmico. Pela primeira vez a legislação educacional estabelece a equivalência entre os cursos profissionalizantes e propedêuticos para fins de prosseguimento nos estudos. Em 1971, a Lei nº 5692/71, que une o antigo curso primário e o ginasial, foram suprimidas do ensino de primeiro grau as diferenças curriculares representadas pelos antigos ramos de ensino médio, mas continuou a persistir uma segregação relacionada com a origem social, indicada pela distribuição nos cursos públicos e particulares diurnos e noturnos. A partir dos dados referentes ao início do funcionamento dos cursos noturnos e do estudo da legislação escolar, nota – se que muito pouco foi feito no intuito de adaptá–lo às condições específicas dessa população, tampouco para aproveitar a experiência vivida desse aluno-trabalhador. O Ensino Médio Noturno historicamente tem sofrido muitas transformações, tanto na sua concepção quanto na sua execução, seja através das práticas pedagógicas ou das legislações. Tal transformação advém das dinâmicas da própria sociedade, que tem na escola um reflexo. À medida que as demandas sociais vão surgindo, novas exigências são postas à escola e em especial ao ensino noturno, que tem um quadro de jovens estudantes inseridos no mercado de trabalho sem a devida qualificação, e com jornada de oito ou mais horas diárias, que lá estão por extrema necessidade de sobrevivência. Esta condição de aluno-trabalhador talvez seja a característica mais forte dos alunos do ensino médio noturno, condição esta de trabalhador desqualificado e superexplorado ao peso de um salário vil e de uma insuportável dupla jornada de trabalho: a da fábrica, loja, escritório ou rural, e a da escola noturna. ( Pucci, 1995) . Tendo em vista as dinâmicas sociais especialmente no 9 mundo do trabalho pergunta-se constantemente, qual o papel da escola no atendimento ao aluno trabalhador? A escola está preparada para atender adequadamente a esses alunos, bem como aos seus anseios e expectativas? Que conhecimentos tem-se da realidade social na qual os alunos estão inseridos? Entendemos que realidade é o que se vê. Contudo, faz-se necessário aprender a vê-la, identificar suas características, e tentar encontrar meios para trabalhá-la. O aluno matriculado no período noturno, na sua grande maioria, já está engajado em trabalho assalariado durante o dia, quase sempre em turno de oito horas. O estudo à noite parece representar um prolongamento da jornada de trabalho, por mais quatro a cinco horas, tanto para o aluno, como, muitas vezes, para o professor. E o trabalho precoce desses alunos decorre da necessidade de sobrevivência das famílias das classes trabalhadoras no momento social que atravessamos (CARVALHO,1994,pág.12) Portanto não é apenas a descoberta de novas técnicas pedagógicas ou legislação que possam melhorar ou reformar o ensino noturno. É algo muito mais complexo, que exige aprofundamento do estudo e desafio de tentar superar a concepção de trabalho produtivo nessa formação social. Para Oliveira (2004) “não basta levantar a realidade social de uma escola, os indicadores de matrícula, renda familiar, idade, sexo, moradia. Mapear esses elementos é extremamente importante para um contato inicial com essa realidade, entretanto eles não dizem tudo." É preciso, sobretudo, aprender a vê-la e reconhecê-la como historicamente determinada, para tentar compreender o sentido que esta realidade social tem para os professores e alunos do noturno: quais as condições difíceis que alunos e professores enfrentam em seu cotidiano, assim como os mecanismos que recorrempara superar essas dificuldades. É certo que a educação passa por problemas extremamente graves. E esses problemas têm a sua vertente exatamente nas escolas, mais precisamente, nas salas de aula que é onde se dá, na prática, a relação entre aluno e professor, e onde pretensamente, deve acontecer o processo de ensino-aprendizagem. Pesquisa realizada em finais da década de 90 10 demonstrava que mais da metade dos jovens que cursavam o ensino médio não tinha expectativa de prosseguir seus estudos, tentando ingresso na universidade. Observando a rápida expansão da matrícula no ensino superior, paralelo ao crescimento do número de concluintes do ensino médio, não estaríamos diante de mudanças nas expectativas escolares destes alunos? (OLIVEIRA, 2004). Todas estas transformações têm induzido mudanças nas concepções relativas ao modo como se aprende, tanto nas formas de interação entre quem aprende e quem ensina, quanto ao modo como se reflete sobre a natureza do conhecimento (Teodoro, 1992). Nesta permanente mudança o ensino tradicional baseado na transmissão de um conjunto de conhecimento e na aprendizagem passiva e individual, não dá resposta às solicitações do indivíduo. Os alunos dos cursos noturnos vão para a escola por motivos vários, entre os quais se pode citar: 1) as condições que as empresas impõem ao contratar jovens trabalhadores de que estes estejam matriculados em escolas noturnas, pois estudos realizados por Rodriguez e Héran,(2005) comprovam que 57% dos estudantes ou já trabalham ou estão em busca de trabalho; 2) vão à escola para encontrar seu grupo social ; 3) para buscar algo melhor na vida. O aluno-trabalhador busca na escola à noite sem “dúvida” algo que lhe interesse, ou seja, além das necessidades naturais, quer também formação e informação que o auxiliem no dia-a-dia, na luta pela sobrevivência. Sendo assim, se a escola não lhe oferecer o que ele busca, com certeza será levado a abandoná-la. Outros motivos também podem reforçar esse abandono da escola. Os alunos, portanto, buscam nas escolas muito mais do que instrução; buscam igualdade de oportunidades e formas de não-exclusão. As experiências vividas no ambiente de trabalho marcam profundamente a relação com a escola e criam uma expectativa imediatista a respeito do que a escola pode lhes oferecer. Rodrigues (1995) afirma que esse trabalhador- estudante freqüentador dos cursos noturnos experimenta diariamente uma divisão social. Durante o dia ele trabalha, produz, realiza. E à noite, ele deve pensar refletir, calcular e planejar. Passa, portanto, da condição de trabalhador manual para a condição de 11 trabalhador intelectual o que faz com que ele estabeleça com a escola um tipo de relação diferente daquele estabelecido pelos alunos que freqüentam a escola em cursos diurnos. Um dos aspectos mais gritantes dessa relação pode ser revelado na forma de exclusão que o ensino noturno provoca, pois o aluno que o freqüenta recebe ensino defasado em relação ao oferecido nos cursos diurnos. A escola noturna como instituição não se refere ao seu aluno como trabalhador. E, quando faz referência a essa condição de trabalhador, o faz de certa forma paternalista ou autoritária, pois pretende se justificar uma diferença de tratamento quanto à seleção de conteúdos e à avaliação ou à carga horária em relação aos cursos diurnos. Esses argumentos costumam vir acompanhados de justificativas como: o aluno vem cansado, ou não tem interesse ou ainda não tem responsabilidade (atrasos, faltas, desistências). Marcantes defasagens ou falta de base em conteúdos já estudados e aparentemente aprendidos em séries anteriores são justificadas porque os alunos, na maioria das vezes, sustentam-se a si próprios, são ”arrimo de família,ou reprovados ou desistentes, matriculam-se no ano seguinte recomeçando o ciclo novamente. Essa situação provoca dificuldades ainda maiores para o prosseguimento de estudos universitários ou técnicos, ou ainda, para melhorar sua posição na empresa em que trabalha. No entanto, se um dos motivos da opção por classes noturnas é que esses jovens precisam trabalhar em tempo integral, isso não quer dizer que todos os alunos do ensino médio noturno sejam trabalhadores com empregos fixos. Esta afirmação pode conduzir a erros, pois a escolha por estudar a noite pode ser motivada por outros aspectos que não o trabalho. Entre esses motivos, podem-se citar: 1) a idade, pois os alunos podem ter interrompido os estudos por não apresentarem a idade própria para este nível de ensino, ou por terem reprovações sucessivas; 2) a inexistência em muitos pequenos municípios do Brasil de cursos de ensino médio diurno; 3) a procura de emprego para auxiliar na manutenção da família; 12 4) a necessidade de auxiliar em trabalhos domésticos; 5) a busca pela convivência com amigos ; 6) a busca pelas possíveis “facilidades” oferecidas nos cursos noturnos. Pelos motivos citados, para eles está claro que conseguir concluir o ensino médio “será um passo importante frente o mundo em que vivem, uma vez que, grande parte deles, vindos de famílias com baixo nível de escolarização. O ensino médio, portanto, é um momento de muita importância no processo de escolarização, para aqueles estudantes que conseguem chegar até esta etapa. “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática.” ( FREIRE, 1996, pág. 43). A maioria dos municípios brasileiros possuem escolas públicas noturnas. E não havendo, os alunos são conduzidos a escolas nos municípios vizinhos, na maioria das vezes em transporte público. Mas mesmo com essas facilidades, ainda há, conforme dados do IBGE, muitos jovens estão fora da escola. A população jovem do país é de 28,8 milhões1, o que corresponde a 20% da população brasileira. Em 2006, havia 8.906.820 matriculados no ensino médio sendo que destes em torno de 40% estão em classes noturnas. Outro fato importante é que, em classes de ensino médio noturno, convivem alunos jovens e alunos já mais amadurecidos, em busca de novas oportunidades. Essas faixas etárias possuem diferentes perspectivas e percepções a respeito das condições de ensino-aprendizagem a serem realizadas. Esses aspectos devem ser compreendidos por outros agentes envolvidos no processo pedagógico como professores e infra-estrutura das escolas. Quem são os professores que atuam em classes de ensino médio noturno? Grande parte deles possui titulação adequada, que é Licenciatura Plena em sua área de atuação, para exercerem atividades pedagógicas nas escolas. Geralmente esses professores lecionam também durante o dia, pois os contratos de trabalho são de 40 horas semanais, e, alguns até 60 horas semanais, pois os índices salariais não são coerentes com o trabalho realizado. Quando chegam à escola, à noite, já estão, em muitos casos, no seu terceiro turno de trabalho diário. 13 Cansados, enfrentam classes numerosas e heterogêneas, conteúdos a serem desenvolvidos são os mesmos dos cursos diurnos, mas os interesses dos alunos do noturno são diferentes daqueles do diurno e, portanto, a forma de trabalhar os conteúdos também deve ser diferente além dificuldades de infra - estrutura. A metodologia empregada por esses professores deve conter uma seleção de conteúdos justificada pela sua utilização em sala de aula, os procedimentos utilizados como técnicas, recursos, interações, atividades em classe extraclasse devem ser contiuamente avaliados. Também deve ser levado em consideração o registro do que ocorre para que estes momentos pedagógicossejam elos de uma corrente que possibilitará a construção continua do conhecimento. No entanto, a falta de tempo, desconhecimento das atividades dos alunos e de suas expectativas, podem fazer com que esses conteúdos sejam trabalhados da mesma forma que nos cursos diurnos. Os mesmos tipos de exercícios, os mesmos livros didáticos, textos ou apostilas que nada trazem para o atendimento das necessidades desses estudantes provocando desinteresse e o incentivo a conversa entre os alunos, não motivando situações de aprendizagem significativas. Sendo assim como deve se sentir o professor ao trabalhar em escolas noturnas? Seu envolvimento com os alunos, interações acerca dos conteúdos a serem estudados, e o comprometido com tudo isso? “Até que ponto lecionar à noite significa o empenho em trabalhar para a construção da cidadania do aluno, para a explicitação da inter-relação entre o saber produzido na academia e o produzido na indústria, na oficina, na loja, na lavoura? É comum, no entanto, pela rotina já estabelecida das salas de aula, que nem o realmente acadêmico chegue até a sala de aula, há o refúgio dos livros didáticos, onde a simplificação atropela a compreensão dos conceitos”. (Carvalho, 1998, p. 80). Prossegue a autora, dizendo que o desconhecimento, por parte dos professores, das situações cotidianas vividas pelos alunos do ensino noturno, deixa de estabelecer a ponte entre o conhecimento sistematizado da Escola e o conhecimento do cotidiano impregnado do senso comum produzido pelo trabalho. Carvalho, (1998). Os professores, porém, quase sempre taxados como os culpados pelo 14 fracasso dos alunos, são também vitimas da estrutura organizacional que inclui os cursos de ensino médio noturno, dentro da qual têm que realizar seu trabalho. É necessário lembrar então, que o ensino noturno, com seus alunos e professores, está inseridos num contexto no qual os comprometimentos pelos possíveis fracassos fogem da responsabilidade única e exclusiva do professor. É preciso que as necessidades e as expectativas dos estudantes dos cursos noturnos sejam atendidas. Este é o desafio do profissional da educação que atua hoje nesses cursos. E também é o desafio das autoridades responsáveis pelo ensino no país. Muitas das vezes a escola noturna que recebe esses alunos, sejam eles trabalhadores empregados ou não, e que possui entre seus funcionários, professores que, como os alunos, vêm de uma segunda ou terceira jornada de trabalho, é uma escola que, em grande parte das vezes, ressalta as diferenças sociais existentes. Isso faz com que esses alunos trabalhadores sejam tachados por uma série de preconceitos e relegados a serem atingidos por práticas pedagógicas que cada vez mais os fazem sentir as desigualdades sociais a que são submetidos. Essas desigualdades, ao longo do tempo, têm consagrado a falta de oportunidades de acesso a níveis melhores de ensino e de oportunidades de trabalho que os esperam ao término do processo de escolarização. A escola que se quer é um lugar onde todos e cada um possa refletir e discutir, bem como construir relações sociais em que haja possibilidade da criação e da recriação do fazer pedagógico de professores e alunos. Com todas estas possibilidades é preciso não esquecer que os alunos da escola noturna precisam também ser integrados na "era da comunicação e da informação", pois, como diz Carvalho (1998), a apropriação do saber científico e tecnológico presente no moderno processo produtivo deve, necessariamente, integrar o currículo escolar e o fazer dos professores, contribuindo para a própria transformação da escola em um local de trabalho. Sendo assim, é necessário também oferecer ao aluno das escolas noturnas o acesso às novas tecnologias como ferramenta de apoio à aprendizagem e também como inclusão digital tão necessária no mundo do trabalho. Conforme o entendimento de Kuenzer (2001), a Lei que rege este nível de 15 ensino pressupõe que o compromisso da escola com os jovens é o de Ihes proporcionar educação para que possam participar política e produtivamente no mundo das relações sociais concretas, utilizando-se do comportamento ético e do compromisso político, conquistando autonomia tanto intelectual quanto moral. Mas será que as escolas estão oferecendo aos seus alunos a possibilidade de adquirirem estas habilidades? Para que os alunos dos cursos médios noturnos possam adquirir estas habilidades, as escolas deverão possibilitar-lhes através de seus projetos político- pedagógicos, oportunidades de, ao longo da vida escolar, aprenderem permanentemente; refletirem criticamente; agirem com responsabilidade individual e social; participarem do trabalho e da vida coletiva; serem solidários; poderem acompanhar, vivenciando as mudanças sociais; e enfrentarem problemas novos, construindo soluções originais com agilidade e rapidez, a partir da utilização metodologicamente adequada dos conhecimentos adquiridos, científicos ou tecnológicos. Mas não parece que isso venha acontecendo; como já foi dito anteriormente, as escolas, além de receberem alunos com características peculiares, se encasulam dentro de medidas e padrões que nada dizem a esses alunos-trabalhadores. Quanto ao uso de novas tecnologias, é pouco provável que as escolas de ensino médio da rede pública possam oferecer este recurso a seus alunos, uma vez que: a) os programas do governo federal que "dizem" oferecer laboratórios de informática para as escolas, raramente "têm dado certo", e as escolas que são contempladas com esses projetos, raramente recebem a maquinaria prometida; b) outras escolas que, por recursos próprios ou dos Conselhos Escolares conseguem montar seus laboratórios, costumam mantê-los muitas vezes trancados "à chave" por medo de violência ou de roubo; c) quando as escolas possuem laboratório de informática, são os professores que têm dificuldades ou medo de utilizar estes equipamentos. Assim sendo, a inclusão digital ou o acesso às novas mídias, que poderia também auxiliar os alunos no seu trabalho como "trabalhadores diurnos" fica prejudicado. A mesma situação se aplica ao que se refere aos conhecimentos 16 científicos. Em virtude dos currículos defasados, os alunos das escolas noturnas muitas vezes deixam de construir conhecimentos que lhes abririam portas importantes na seqüência dos estudos e na ascensão profissional. Como alternativa tem se apresentado um modelo de aprendizagem mais flexível, ativa e centrada no aluno, onde se aprende em colaboração com outros, por meio da troca de idéias, dúvidas e ponto de vista. Por outro lado a reflexão do professor construindo o seu próprio percurso, procurando respostas adequadas aos seus problemas. Assim por exigência do mundo moderno, a formação contínua tem que estar presente organizada e estruturada na vida do professor. Para oferecer um ensino adequado às necessidades dos alunos, a escola precisa saber o que quer, envolver a equipe pedagógica e a comunidade escolar na definição de metas, com o estabelecimento de diretrizes básicas, linha de ensino e uma atuação com compromisso assumido por todos envolvidos em torno do mesmo projeto educacional. O planejamento adequado irá determinar as ações para que a escola possa atingir suas metas. Segundo Freire (1997) “do planejamento, depois, sairão os planos de aula, adaptados ao cotidiano em classe elaborados tendo como base a Proposta Curricular Pedagógica onde a escola tem a oportunidade para selecionar o currículo e organizaro espaço e o tempo de acordo com as necessidades de ensino”. Continuando Freire (1997) “o ideal é que o documento seja resultado de reflexo coletivo proporcionando espaços para que cada uma das partes exponha seus objetivos e interesses com base nos princípios educativos com os quais todos concordam”. E ainda apresenta que “tanto a proposta como o planejamento devem estar sempre paralelos com a construção do conhecimento, isso impedindo que esses dois documentos se transformem em instrumentos engavetados, só revistos no final do ano. O planejamento serve como roteiro para os professores, permitindo aplicar no dia-a-dia e avaliando os erros e acertos permitindo propor atividades que façam sentido e após refletir sobre a prática analisando as próprias inadequações ao ensinar em lugar de atribuir aos alunos incapacidade de aprender.” 17 O sonho idealizado dos profissionais da educação é que a escola seja um local de incentivo, de desafios, de construção do conhecimento, de transformações. Um lugar onde haja o debate acerca das questões sociais e culturais; a eleição conjunta e refletida dos princípios e valores que devem ser vivenciados; a formulação e implementação de um projeto pedagógico viável para a comunidade escolar; obviamente, além dos conteúdos sistematizados. Um lugar que contemple a leitura de mundo e a discussão, que possibilite a construção de relações de emancipação e autonomia, de criação e recriação do trabalho educativo, levando ao desenvolvimento professores e alunos, e conseqüentemente a valorização e ao reconhecimento do trabalho docente, enfim, um local de ensino e aprendizagem. Deste sonho apenas algumas escolas públicas estaduais diurnas são contempladas, porque a realidade dos cursos noturnos é realmente oposta àquilo que idealizamos. Por isso, não é difícil constatar que em meio a tudo que se diz, se lê e se escreve, a propósito de políticas educacionais a serem deflagradas ou fortalecidas, o ensino médio, principalmente, o que existe no curso noturno, até o presente momento, é o grande ausente no conjunto de medidas concretas acenadas para a melhoria do sistema de educação básica. Carvalho (1994 p.15) trata da importância da prática escolar e a vivência do trabalhador quando cita que “sem o diálogo entre trabalhador e o conteúdo real da aprendizagem, sem o diálogo entre a prática profissional e a prática escolar, não haverá possibilidade de que o conhecimento adquirido através do cotidiano profissional seja reelaborado a partir da prática escolar. Sem esse diálogo, dificilmente se conseguirá que o trabalhador conheça os meios de superação de sua condição social e os limites e possibilidades, que lhe são impostos pela sociedade mais ampla.” De um modo geral, o cotidiano do ensino noturno apresenta uma característica singular, pois recebe alunos esgotados, que na sua grande maioria, chega à escola após uma jornada de trabalho. Alunos que já chegam reprovados pelo cansaço, que se evadem e desistem da escola porque o que aprendem na sala de aula pouco tem a ver com o 18 mundo do trabalho. Continua Carvalho (1994) que “sem esse diálogo, dificilmente se conseguirá que o trabalhador conheça os meios de superação de sua condição social e os limites e possibilidades que lhe são impostos pela sociedade mais ampla.” Sendo assim essas políticas devem ser reavaliadas, refletidas, discutidas e com uma ação junto aos professores que atuam no ensino médio noturno e com todos envolvidos sob a liderança da equipe pedagógica para corrigir desvios e lançar as bases para promover a melhoria de um ensino. A complexidade do processo de mudança é grande, pois representa um desafio. Não se muda por decreto ou pelo querer deste ou daquele grupo.Mudança é processo e sendo assim, exige um árduo trabalho de desconstrução e reconstrução a que os atores desse processo terão que se dedicar com competência, contínua e pacientemente. Não se trata apenas de mudar, mas de inovar. A necessidade de uma nova organização das disciplinas deve ser repensada e precisa ser acompanhada de uma profunda reflexão e revisão das práticas pedagógicas para que possam realmente acolher e incluir de fato esses estudantes. Afinal, considerando a afirmativa de Peter Drucker (2001, p. 165) “A escola é responsável pelos resultados que produz”. Até quando vamos permitir que o ensino médio noturno seja aquele criado para alunos idealizados, que concluíram com sucesso um excelente ensino fundamental que nunca existiu? Para Carvalho (1994, pág. 55) ‘’O ensino noturno é reservado ao aluno que trabalha, sendo essa a maior diferenciação entre os períodos, mesmo assim essa “atenção especial”, no entanto não evita a exclusão do aluno”. No ensino noturno ensina-se menos, exige-se menos e reprova-se mais, e essa constatação é evidenciada com os discursos dos alunos a respeito do cotidiano escolar, da significação do conteúdo e de representação que fazem da figura do professor. O contexto da sala de aula e da própria escola como um todo tem sido apontado por alguns autores como elemento que contribui para otimizar a 19 motivação do aluno (GUIMARÃES, 2001; BZUNECK, 2001; CARDOSO, 2002). Na realidade um conjunto de estratégias pensadas pelo professor na condução de seu trabalho pedagógico pode fazer com que o aluno se envolva de uma forma mais dinâmica nas atividades escolares. Essas estratégias envolvem desde a preparação das tarefas até o momento da avaliação, que deve ser entendido como um momento de reflexão tanto para o professor como para o aluno Hoffmann (1998). 3. Fracasso Escolar X Sucesso Escolar: Vencendo Desafios O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, questões e desafios que assolam a sociedade em que se vive, tem influenciado e criado novas necessidades na educação e na formação dos indivíduos fazendo com que os sistemas educativos reposicionem-se face a esta nova realidade. Essas transformações tem induzido mudanças no modo como se aprende e na interação de quem aprende e quem ensina. Nesse contexto de permanente mudança, o ensino tradicional de transmissão de conhecimento e aprendizagem passiva, não dá resposta às solicitações dessa sociedade atual. Na busca da melhoria do ensino, um aspecto nem sempre lembrado, mas que assume especial relevância é o que se refere ao dimensionamento do papel formativo da escola principalmente nos dias atuais em que se ampliam e se aprimoram as demais meios informativos, especialmente, a imprensa, a televisão, os meios de comunicação. Seria uma atitude ingênua conceber uma ação de disputa com os demais meios, uma vez quem por sua própria natureza, a escola exerce uma função própria nos âmbitos da leitura, da escrita e do domínio do acervo de conhecimentos relacionados às ciências, matemática, arte, história, geografia, literatura em geral. Dessa forma, cabe a escola não uma posição de concorrente com os diversos meios educativos, mas sim de integradora das experiências a que são submetidos nossos alunos. É preciso resgatar a concepção da escola como um meio de instrumento 20 capaz de transmitir conhecimentos que sirvam de base para a aquisição de uma cultura geral. Portanto romper com a idéia de que a escola ideal deve dispor de um currículo amplo, integrado com as mais diversas atividades intra e extra- escolares. Pelo contrário o currículo recomendável deve ser o mais simples possível constituído de um mínimo básico e comum a todos,conforme a nova lei de diretrizes e bases da educação nacional. (LDBEN) O tempo dedicado pelas escolas de uma semana para planejar, ”não se pode pretender a elaboração de um planejamento global das atividades escolares para um ano. O que deveria ser feito é chegar à determinação dos conteúdos mínimos a serem alcançados no ensino de cada matéria de modo a se assegurar a sua efetiva contribuição à formação geral do aluno. “Outros pontos a serem discutidos, como avaliação, recuperação, utilização de biblioteca, etc.. serão subordinados a esse ponto prioritário: o que efetivamente é indispensável ensinar em cada matéria e como fazê-lo” (Azanha, 1981, p.32) Ninguém se educa sem aprender algo, sem se instruir, assim como também ninguém se instrui sem que haja oportunidade de formar hábitos e desenvolver atitudes. Nessas condições, o empenho do professor em ensinar e o esforço do aluno em aprender são elementos indispensáveis num trabalho educativo sério. Não é possível ensinar diretamente alguém a ser crítico, mas a atitude crítica pode ser desenvolvida à medida que o individuo se instrui, adquirindo uma cultura geral sólida no que reforça a afirmação sobre a função formativa da escola. O tema fracasso escolar encontra – se constantemente na pauta de discussões de todos os envolvidos com a educação. Não é de hoje que medidas político-administrativo e pedagógicas vêm sendo elaboradas e adotadas e, da mesma forma, pesquisas vêm sendo realizadas com o intuito de solucionar problemas referentes ao grande número de evasão e repetência dos alunos do Ensino Médio Noturno. Diante dessa difícil realidade escolar, do seu despreparo técnico e dos obstáculos que parecem ultrapassar suas possibilidades de ação, os professores se sentem impotentes e paralisados, aliando-se à violência da discriminação social, do fracasso escolar onde raramente vemos uma avaliação do processo de 21 aprendizagem do aluno por meio do seu desempenho na realização das tarefas, nos testes de conteúdo ou em seu crescimento intelectual em relação à turma. “Se a própria escola não for capaz de se debruçar sobre os seus problemas, de fazer aflorar esses problemas e de se organizar para resolvê-los, ninguém fará isso por ela” Azanha, 1995, p.24) O fracasso escolar deve necessariamente ser problematizado a partir da clara delimitação de um projeto pedagógico autônomo e mínimo, que, como afirma o autor, só a escola é capaz de realizar. Embora não exista uma definição clara e consensual do fracasso escolar, geralmente nos reportamos ao aluno que não atingiu os níveis desejados para sua progressão escolar, além disso, os próprios membros da classe pobre não valorizam a educação, para esses a evasão escolar não é um problema, visto ser mais importante uma ocupação monetária do aluno para auxiliar no rendimento da família .Hogart (1957). Dos estudos realizados sobre o fracasso escolar, foram formulados três conceitos sobre essa problemática:1) o fracasso dos indivíduos (Poppovic, Exposito & Campos, 1975); 2) o fracasso de uma classe social (Lewis, 1967, Hoggart, 1957) ou 3) o fracasso de um sistema social, econômico e político (Freitag, 1979; Porto, 1981) Para Poppovic (1975) é preciso rever todos os conceitos de fracasso escolar, no sentido que a escola deve reavaliar as suas metodologias, pois se o aluno é visto como remanescente de uma cultura que não se preparou para a aprendizagem, a escola precisa adequar-se a essas exigências individuais, pelo papel social que desempenha. Estudos e medidas quase sempre realizados a partir de uma perspectiva embasada nos interesses das classes dominantes colocam a escola e a educação formal como os “salvadores” das desigualdades sociais. Segundo Patto (1996) foram teorias baseadas num discurso pedagógico liberal que serviram de “pano de fundo para as explicações do fracasso escolar durante o percurso da pesquisa da política educacional no país”. Ao longo da história as pesquisas sobre o fracasso escolar estiveram marcadas por um discurso biológico em que as causas do fracasso escolar 22 estavam relacionadas a fatores genéticos, raciais ou hereditários dos indivíduos. Por volta dos anos 70, essa teoria foi questionada e surge um novo discurso, que dá origem as teorias da carência cultural. Embora não existindo uma definição concisa para o insucesso escolar, em geral seria aquele aluno que não alcançou os níveis desejados dentro dos parâmetros estabelecidos por uma disciplina, o que seria um comprometimento para a sua projeção escolar. Não poderíamos simplesmente analisar dentro desse prisma apenas, centrado exclusivamente na concretização dos objetivos pedagógicos do aluno. A análise deverá estar centrada no aluno e suas características específicas, como atraso de desenvolvimento cognitivo, personalidade, meio familiar que o envolve; na escola e no sistema educativo, com todos os fatores associados como corpo docente, métodos de ensino que utilizam gestão da disciplina, clima escolar, currículos defasados. Diante dessa preocupação com a quantidade de indivíduos que se evadem do meio escolar prevenindo a exclusão e promovendo o sucesso educativo deve- se priorizar as atuações como: 1) priorizar o sucesso educativo dos alunos prejudicados pelo alheamento das famílias relativamente à escola; 2) humanizar os espaços educativos da escola, dotando-o de aspectos mais acolhedor; 3) ocupar de forma estruturada e educativa os tempos livres e os “furos” nos horários dos alunos; 4) desenvolver uma política de aproximação à comunidade, no sentido de integração dos seus recursos e capacidades; 5) promover o acesso e a utilização às tecnologias de informação e comunicação da internet na escola. Para vencer esses desafios seria necessário: • Combater o abandono escolar precoce; • Prevenir a exclusão; a promoção de hábitos de trabalho e estudo • Melhoria das relações aluno-professor e aluno-aluno; • A integração dos alunos problemáticos; • Prevenção de comportamentos e atitudes indesejáveis dentro e fora da sala de 23 aula; • Agilizar a participação efetiva dos representantes de sala e grêmios estudantis; • Na concretização das estruturas educativas da equipe pedagógica, do conselho escolar, dos pais e demais envolvidos com a educação. • Reforçar a interdisciplinaridade; • Criar instrumentos de auto-avaliação; • Utilizar a avaliação como instrumento para a construção da cidadania. “A autonomia da escola é algo que se põe com a relação à liberdade de formular e executar um projeto educativo” (José Mário Pires Azanha) No ensino médio noturno as características emocionais e sócias são extremamente importante para a construção do conhecimento. Devem ser avaliadas, pois normalmente são fatores que interferem na questão do aprender produzindo um sentimento de inferioridade e uma baixa auto- estima. A intervenção do professor é muito importante, no sentido de fazer encaminhamentos que se fizerem necessários para superar as dificuldades no acesso ao conhecimento, pois os alunos vem de um período de trabalho ou de seguidas reprovação ou evasão escolar e para compensar essa defasagem procurar colocá-los em condições de igualdade com seus colegas no sentido de melhorar o nível de ensino, e exercendo seu papel para que a escola possa ser um lugar agradável e estimulante para o ato de aprendizagem. como um todo. 3.1. Indisciplina. Um desafio para todos os professores. . Dentre ascaracterísticas importantes para o sucesso escolar destaca-se a indisciplina. Um desafio para todos os professores. Uma vez que tem sido motivo para a formação de um crescente exército de educadores estressados, deprimidos, emocionalmente doentes e afastados da sala de aula. Os graves problemas socioeconômicos refletem diretamente nas famílias das quais provêm esses alunos que, também estressados e sofrendo toda sorte de conseqüências provenientes da situação de desemprego, discussões, incompreensões e violência, refletem em sala de aula, sob a forma de indisciplina, suas insatisfações, por vezes até inconscientes, dessa lamentável situação. 24 “É preciso, portanto, que o professor, a partir dessa compreensão, deixe de adotar uma posição passiva e procure se municiar para o enfrentamento correto e compreensivo desse problema que são desaguados em sala de aula. A simples compreensão desse fato permite que o professor seja menos exigente e adote uma posição menos inflexível em relação à indisciplina do aluno”. (Ayres, 2004, p.113) Continua Ayres(2004) quando o professor se exalta e começa a gritar com um aluno, demonstra, com esse fato, que aceitou a provocação dele. Não grite. Apenas haja com serenidade e firmeza tomando, com naturalidade, as providências necessárias. Nunca deixe a impressão de que está agindo por represália ou vingança. Quando se mantém a serenidade nessas situações, está sedimentando o respeito dos alunos pelo professor. Os alunos simplesmente desprezam e detestam professores histéricos. Frustre as expectativas do aluno de que ele irá levar "um sermão". Escolha um momento adequado em que se possa conversar sozinho com ele. Trate-o com cortesia e amabilidade, questionando, de maneira coerente e lógica, a razão de sua indisciplina e termine a entrevista com um aperto de mão amistoso. Se fizer isso, com boa dose de probabilidade, você estará conquistando um aliado. "Creio que uma das qualidades essenciais que a autoridade docente democrática deve revelar em suas relações com a liberdade dos alunos é a segurança em si mesmo [... ]. Segura de si, a autoridade não necessita, a cada instante, fazer o discurso sobre a sua existência, sobre si mesma. Não precisa perguntar a ninguém, certa de sua legitimidade, se 'sabe com quem está falando? ' Segura de si, ela é porque tem autoridade, porque a exerce com indiscutível sabedoria" (Freire, 1998, p. 102). Torna-se fundamental promover esse ambiente escolar que potencie o desenvolvimento das características associadas ao sucesso escolar, de forma a evitar as indesejáveis retenções causadas às vezes pela indisciplina e, mais importante, a integrar plenamente os alunos na escola. Com uma nova escola, novos, professores e novas metodologias e filosofias, promotoras de uma sociedade mais justa, culta e humanizada. 25 4. Metodologias No Ensino Médio Noturno - Em Busca De Mudança De Prática - “ Como etapa final da educação básica, o Ensino Médio deve consolidar o domínio das diferentes linguagens, desenvolver o raciocínio lógico e a capacidade de usar conhecimentos científicos, tecnológicos e sócio- históricos para compreender e intervir na vida social e produtiva de forma crítica e criativa, construindo identidades autônomas intelectual e eticamente capazes de continuar aprendendo ao longo de suas vidas.” Kuenzer (2005, p. 76) A LDBEN no seu capítulo sobre o Ensino Médio já tem previsto a superação dos currículos com fim academicista e enciclopedista, Conforme Kuenzer (2005) a finalidade do Ensino Médio além de domínio dos conteúdos, deverá levar o jovem, a saber, se relacionar com o conhecimento de forma ativa, construtiva e criadora. Os pressupostos que delineiam a escola pública é de uma escola comprometida, transformadora na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, promovendo o desenvolvimento da autonomia intelectual e ética. Isso o aluno-trabalhador deve encontrar na escola e no professor, que deve ser responsável pela organização dos conhecimentos de uma maneira agradável e prazerosa. Essa prática ainda causa dificuldades ao professor, pois implica na construção do novo, na organização do trabalho, no entendimento novas tecnologias que podem ser superadas com a articulação do conhecimento através da construção coletiva de novos conhecimentos e práticas pedagógicas para responder a demanda de qualidade do trabalho pedagógico escolar. Segundo Rangel ( 2007, p.15 ) O desenvolvimento e a estrutura do método e das técnicas de ensino e aprendizagem encaminham-se mediante diversos processos, que ocorrem nas relações entre professores, alunos, conteúdo e contexto de ensino aprendizagem. Sendo assim, é interessante que o professor focalize questões essenciais e significativas do conhecimento para a construção da aprendizagem do aluno do ensino médio noturno. “Novas idéias abrem possibilidades de mudança, mas não 26 mudam. O que muda a realidade é a prática.”, ( Vasconcellos, 2005 p.65) Para Vasconcelos (2005, p.67) é possível propor não uma nova relação de idéias sobre a realidade, mas uma nova relação com idéias e com a realidade. A mudança de mentalidade se dá pela mudança de prática que se enraízam pela tentativa de colocá– las em prática; estas mudanças devem ser feitas para a construção de algo novo, colocando-se, assim, o desafio da transformação. Aquele professor que quer superar os problemas precisa passar por uma autocrítica e usar a criatividade, pois, as pessoas criativas transformam os próprios limites em vantagens. Limites esses que podem aparecer na forma de falta de recursos materiais ou conhecimento insuficiente de técnicas didático- pedagógicas que possam favorecer o planejamento de uma aula que agrade a maioria dos alunos. Construir uma aula mais interessante com propostas diferencias conhecer os alunos, envolvê-los em desafios, conhecer suas idéias, implica cuidado e trabalho especial com o planejamento. Nada vem pronto. É preciso estudar, testar, repetir várias vezes, estar aberto a novas experiências e não entender a criatividade como coisa feita às pressas, improvisada, sem ser planejada. Se os métodos e técnicas forem utilizados de maneira correta, servirão como excelente ferramenta para o benefício da aprendizagem “Nas dificuldades, algumas pessoas criam asas; outras usam muletas”. (dito popular) Práticas da criatividade pode ser úteis em vários contextos. Praticá– las desenvolve a fluência criativa e outros processos mentais e tendem a beneficiar as pessoas em vários aspectos da vida. “Evidentemente, seria exigir muito do professor que ele se tomasse um especialista em psicanálise. É a ciência que se preocupa com o inconsciente do ser humano e busca compreender todos os problemas que daí advêm. Isso é uma tarefa para os seguidores de Freud, que são pessoas que exercem o seu trabalho num consultório, e não numa sala de aula “ (Ayres, 2004, p.40 ) Sendo o professor o responsável pela construção do conhecimento, 27 deve ter no mínimo, noções de metodologias que podem ser úteis para dinamizar a prática criativa do seu trabalho no contexto de uma escola. Se esses métodos forem utilizados de maneira correta, levando em conta, fatores como idade, temperamento, capacidade de compreensão, grau de envolvimento, tipo deinteresse , limitação do tempo, espaço, constituirão em excelente ferramenta para o benefício da aprendizagem ao mesmo tempo,eficiente e agradável.(Ayres, 2004,p.96) . É necessário dentro das metodologias avaliar a dosagem de informação, a formação de turmas e a organização geral que influem na qualidade de ensino são esses fatores que contribuem, muitas vezes, na dificuldades de aprendizagem originadas na própria história do aluno e a atuação do professor, aqui, consiste em tentar decidir entre uma coisa e outra, a fim de poder optar pela solução mais apropriada. : 4.1. Sugestões metodologicas. Para Ayres( 2004) a prática pedagógica competente amplia os saberes do professor de uma maneira simples e prática, melhora o desempenho em sala de aula, desperta e mantém a atenção do aluno, desenvolve a capacidade de diagnosticar os comportamentos agressivose como ensinar corretamente para cada faixa etária, tornando-o mais capaz, criativo e querido pelos alunos. O ambiente pedagógico tem de ser um lugar de fascinação e inventividade. Hugo Asmann 4.1. 1. Exposição oral Também conhecida corno aula expositiva ou preleção, é o que mais tradicionalmente vem sendo utilizado em escolas de todos os níveis. É o método em que o professor, posicionado diante do grupo, expõe oralmente parte da lição ou mesmo a lição inteira, falando ele só, o tempo, de quando e o poder da palavra falada e contribui para o desenvolvimento da personalidade do professor junto aos alunos. 4.1.1.1Vantagens do método 1) Abrange um grande número de pessoa; 28 2) Permite ao professor organizar sua apresentação, expondo maior quantidade de informações, em menor espaço de tempo; 3) Facilita uma apresentação sistemática, na qual podem ser delineados, com precisão, a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, evitando-se dessa forma, disgressões. 4) Pode ser enriquecido com a eloqüência e o entusiasmo do professor, o que cria um clima propício ao ensino. 4.1.1.2 Desvantagens do método 1) Exige grande preparo, capacidade e habilidade por parte do professor. 2) Centraliza o ensino na figura do professor, exigindo pouco ou nenhum preparo da lição por parte dos alunos. 3) Não permite que o professor dê atenção especial a todos os alunos, obrigando- o, em alguns casos, a nivelar a aula, por mera suposição. 4) Pode tomar-se monótono e cansativo, com grande facilidade. ( Ayres, 2004, p. 96) 4.1.2. Perguntas e respostas Conhecido também como método catequético é largamente utilizado por professores experientes, desde os dias da Antiguidade. É um dos métodos mais eficaz, quando conduzido com habilidade. Sua eficácia reside no fato de que as perguntas sempre são desafiadoras. Elas têm o poder de mexer com a motivação dos alunos, levando-os a raciocinar, a confrontar e a pôr em xeque as informações de que dispõem. A mente, neste caso, não apenas recebe informação, mas a analisa e pondera. Existe todo um processo de reflexão, análise e avaliação que ocorre no cérebro do aluno, enquanto ele recebe a pergunta, medita nas suas implicações e verbaliza a resposta. 4.1.2.1. Vantagens do método 1) Ajuda a manter acesa a chama da atenção. 2) Serve como treinamento para o raciocínio dos alunos, permitindo que eles desenvolvam o pensamento analítico. 3) Proporciona a oportunidade de participação ativa na aula, de maneira conduzida 29 e responsável. 4) Auxilia e desenvolve a expressão das idéias. 5) Permite ao professor monitorar a atividade e checar a aprendizagem. 6) Pode ser aplicado a todas as idades. 4.1.2.2. Desvantagens do método 1) Pode levar o aluno a raciocinar na direção errada, se não for utilizado de forma correta. 2) Pode levar alunos mais expansivos a monopolizar o tempo, em prejuízo dos alunos mais tímidos. 3) Pode levar a situações constrangedoras, caso o grupo ridicularize algum aluno que dê uma resposta inadequada. Como se percebe, o método de perguntas e respostas, embora seja eficaz no sentido de contribuir para a efetiva aprendizagem do assunto tratado na aula, precisa ser administrado com parcimônia, a fim de que promova os efeitos desejados. 4.1.2.3.Cuidados a ser observados, para a sua boa utilização: 1) Evite fazer perguntas cujas respostas sejam simplesmente sim ou não. Elas não contribuem para a reflexão e o raciocínio do aluno. 2) Faça uma pergunta de cada vez, dirigindo-se primeiramente à classe toda. Se não obtiver a resposta imediatamente, dirija-se especificamente a um ou mais alunos, sem exigir, contudo, que responda de imediato. Dê tempo para que os alunos raciocinem. 3) Evite colocar alunos em evidência: dê oportunidade a todos, igualmente. 4) Complete as respostas, quando isso se fizer necessário. Deixe claro ao aluno que sua resposta foi compreendida. 5) Dê importância e atenção a todas as respostas e nunca ridicularize as que não forem corretas. Trate o aluno com compreensão e encoraje-o a encontrar a resposta certa. 6) Quando perceber que a resposta adequada está difícil de surgir, refaça a pergunta com outras palavras e encoraje o grupo até que a resposta venha à tona. 7) Tenha especial cuidado com os alunos mais introvertidos. Faça-os sentir que a participação deles é bem-vinda e bem aceita. (Ayres, 2004,99) 30 4.1.3. Discussão ou debate O método de discussão ou do debate é aquele em que um tópico da aula é colocado para ser discutido entre os membros do grupo. Tem a vantagem de mobilizar toda a classe, motivando-a a aprendizagem. Para que funcione a contento é necessário que haja respeito mútuo entre todos os participantes, uma vez que a discussão deve ser um esforço conjunto, e não uma oportunidade para se desmerecer pontos de vista alheios. Trata-se de um esforço cooperativo em benefício da aprendizagem e, para a sua realização, o professor deve atuar como moderador. 4.1.3.1. Vantagens do método 1) É altamente motivador e permite a participação de todos. 2) Centraliza o processo de aprendizagem no grupo, permitindo que chegue, por si mesmo, às conclusões desejadas. 3) Desenvolve o raciocínio inquiridor e a capacidade para apreciar pontos de vista alheios. 4) Sedimenta o ensino, uma vez que não é o professor que oferece a resposta à questão, mas o grupo que a obtém, como resultado de seu trabalho. 5) Toma a aula e as atividades mais produtivas, uma· vez que elas são beneficiadas pelo esforço de sinergia grupal. 4.1.3.2. Desvantagens do método 1) Se não houver o devido cuidado, os alunos mais desinibidos podem monopolizar a discussão. 2) Pode levar alunos mais inibidos a sentirem-se inferiorizados. 3) Pela própria natureza da atividade (debate), pode levar a um desvirtuamento dos objetivos, uma vez a se desmerecer pontos de vista alheios. Trata-se de um esforço cooperativo em benefício da aprendizagem e, para a sua realização, o professor deve atuar como moderador. ( Ayres,2004.p102) . 4.1.4. Philips 66 Em Philips 66, a turma é dividida em grupos de, em média, seis pessoas, para dialogarem e debaterem sobre um assunto por, aproximadamente, seis 31 minutos. Cada grupo tem um coordenador, que organiza e faz controle do tempo do debate, e um expositor, a quem compete a apresentação ou o relato das questões debatidas. Na seqüência, novos grupos poderão ser formados. Na nova formação, pode-se adotar o painel integrado. Nesse painel, os grupos se organizam de modo que cada um tenha pessoas dos grupos anteriores. Para facilitar esse tipo de remanejamento,garantindo a participação de pessoas dos grupos anteriores, pode-se adotar o recurso de que cada uma dessas pessoas receba um número, por exemplo, de 1 a 6, e a formação de cada grupo do painel integrado se faça de acordo esses números, podendo-se, então, formar grupos de todas as pessoas de número 1, ou com todas as de número 2, e assim por diante. O sentido de organização em grupos também se aplica no trabalho em dupla. Rangel (2007) 4.1.5. Trabalho em dupla No trabalho em dupla, cada grupo de dois alunos realizam estudo, após a exposição e as explicações do professor. Esse estudo inclui leitura, diálogo, respostas a questões, ou realização de exercícios. Após um tempo determinado, previsto no início do estudo, cada dupla apresenta seu trabalho à turma, podendo- se, então, estabelecer um diálogo entre as duplas e com o professor .Rangel (2007) 4.1.6 Técnica da entrevista Na técnica da entrevista, seja após as explicações do professor sobre um tema e o estudo, individual ou em grupo, dos alunos, seja como introdução e motivação a esse estudo, o professor e/ou os alunos convidam um especialista- que poderá ser um pesquisador, ou autor, ou profissional competente no tema em questão - para uma entrevista. Poderá haver, então, um ou mais alunos na função de entrevistadores. A entrevista pode ser realizada em sala de aula, diante da turma, que poderá complementar, livremente, as perguntas feitas pelos colegas entrevistadores. Comentários e agradecimentos são incumbências do professor, dos 32 entrevistadores e de demais alunos que, por sua própria motivação, desejem se pronunciar ao final da entrevista, destacando aspectos que consideraram significativos ao conhecimento sobre o tema. Finalmente, observam-se, nesse conjunto de técnicas, diversas modalidades de encaminhamento da aprendizagem, envolvendo os alunos em processos grupais; utilizarias de maneira diversificada auxilia a motivação e a dinamização das aulas. ( Rangel, 2007, p. 58) 4.1.7. Dramatização Muitos professores utilizam-se da dramatização, ou do chamado "teatrinho" simplesmente porque ela é extremamente dinâmica e altamente motivadora, quando proposta aos alunos. Não há classe que não se motive com a proposição de dramatizar uma história que constitui ou simplesmente ilustra o tópico que está sendo ensinado. Permite que o aluno projete no personagem que representa todos aqueles aspectos interiores que, normalmente, ele não teria coragem de revelar em sua pessoa. O professor tem condições, então, de, a partir desses conteúdos inconscientes que vêm à tona, atuar muito melhor objetiva e preventivamente. 4.1.8. Redação A redação está também situada entre as mais eficientes técnicas, não apenas para os professores de português, mas os de todas as outras matérias podem solicitar redações de seus alunos ("júri-simulado" e tantas outras) constituem ótimos recursos para que o professor compreenda melhor o que se passa no interior de seus alunos, e utilize essa compreensão em beneficio deles. Quando um aluno redige, independentemente do fato de sua produção ser temática ou de livre escolha, sempre acaba projetando em seu texto motivações e fantasias que fazem parte de seu imaginário pessoal. (Ayres, 2004, p.43) 4.2. Atividade para a abertura do período letivo Criatividade é permitir que eu próprio cometa os erros . Scott Adams 4.2.1. O Barbante Distribuir os participantes espalhados e imóveis pela sala. Apanhar um rolo 33 de barbante, amarrando a ponta em seu dedo indicador e apresente – se a turma. Escolher um aluno e, avisando – o para segurar, arremesse cuidadosamente para ele o rolo de barbante. Peça-lhe, agora, que dê uma volta com o barbante no dedo indicador e faça o mesmo que você, ou seja, que se apresente. Feito isso, deverá arremessar o rolo para outra pessoa, mantendo o fio retesado. O jogo prosseguirá nessa dinâmica até que o último aluno falca sua apresentação. A partir desse momento, peça que o último aluno desenrole o fio de seu dedo, arremesse o rolo ao colega anterior e apresente-o. Oriente-lhe para tentar relembrar o mais fielmente possível o que o colega havia dito. Em caso de esquecimento do nome do companheiro, permita que a ele seja perguntado. Caso um aluno não consiga se lembrar com fidelidade das peculiaridades do outro, será permitido qualquer tipo de ajuda por parte dos colegas. O jogo, agora, prossegue nessa sistemática até que o rolo chegue às suas mãos. Você, portanto, deverá apresentar à turma a última pessoa.( Miranda, 2007,p32) 4.2.2. Jogando bola Pedir para que a turma fique em pé ou sentados . Entregar uma bola para qualquer um dos alunos. Oriente-lhe para que diga seu próprio nome,de forma como costuma e gosta de ser chamado e em seguida jogue a bola para qualquer outro colega. Esse também deverá dizer seu pr´prio nome e arremessar a bola para um terceiro.O jogo prossegue nesse processo até que todos tenham pronunciado seus nomes. Em um segundo momento, escolha outro aluno para repetir o jogo, ou peça a presença de um voluntário. Desta feita, o aluno que irá jogar a bola deverá pronunciar antes o nome do que receberá . será permitido ao primeiro, todavia, perguntar o nome do segundo, se não tiver conseguido memorizá – lo. O jogo prossegue , até que todos tenham participado. 4.3. Aulas dinâmicas com recursos simples. Os sábios aprendem a partir das experiências alheias. Os criativos sabem fazer uma migalha de experiência durar a vida inteira. Eric Hoffer 34 4.3.1. Cordel pedagógico Utilize uma área da sala para dispor vários barbantes esticados de lateral a lateral, à semelhança de diversos varais. Prepare suas demonstrações com antecedência em retângulos de cartolina com a borda superior dobrada alguns centímetros para trás, a fim de pendurá-los ali. Não os disponha de uma vez, como uma exposição artística. Utilize-os, ordenadamente, à medida que for progredindo na exposição oral. 4.3.2. Transparências em retroprojetor Se não tiver um equipamento de data-show, mas um velho retroprojetor, então mãos a obra. Nada de transparências à mão ou fotocópias de livros. Prepare as lâminas de transparência em programa PowerPoint. Ênfase as imagens. Texto, só o essencial, com fundos interessantes e gravuras relaciona das ao tema. É possível encontrá-las em sites especializados na Internet. Uma dica em relação ao uso do retroprojetor: o uso do “ponteiro de laser“. Mais uma dica. Se quiser utilizar as transparências mais de uma vez e a impressão for à base de jato de tinta é só deixá-las submersas em água. Após dez minutos, ou um pouco mais, é só colocá-las para secar a sombra na posição horizontal e com a parte rugosa para cima. 4.4. Apresentação e revisão de conteúdo. Criatividade é invenção, é experiência, é germinação, é risco, é quebra de regras, é muita diversão. Mary Lou Cook. 4.4.1. Campeonato do saber Forme tantos times quantos forem possíveis e peça aos alunos que os batizem. O “número de perguntas a serem elaboradas depende da relação entre a quantidade de times e a “de “ rodadas”. Por exemplo, se forem seis times, e cada um for “jogar, cinco vezes, você deverá preparar 30 questões de múltipla escolha. O conteúdo que será abordado nesse interessante campeonato deve ter sido indicado com antecedência, de modo que a turma tenha tido tempo para se preparar. Elabore a tabela decompetição. Considerando que tenham surgido seis times, este poderia ser um exemplo de tabelas. 35 Rodada n º 1 Os Bambas X Os CDFs As Meninas X Os Gatões Os Imbatíveis X Os Vencedores Rodada n º 3 Os Bambas X Os Vencedores Os CDFs X As Meninas Os Gatões X Os Imbatíveis Rodada n º 5 As Meninas X Os Imbatíveis Os Vencedores X Os Gatões Os Bambas X Os CDFs Comece a argüição seguindo a tabela. Em caso de vitória, ou seja, se naquele jogo um time responder acertadamente, ele receberá três pontos. O outro, zero. Em caso de empate, isto é, se ambos acertarem, os dois receberão um ponto. Lance os pontos no quadro para acompanhamento. E, com esses critérios, conduza o campeonato até o seu final. Declare vencedor o time que chegar com maior número de pontos.( Miranda, 2007,p.57) 4.5. O filme na sala de aula A criatividade consiste em rearranjar o que sabemos: a Rodada n º 2 Os CDFs X Os Gatões Os Bambas X As Meninas Os Imbatíveis X Os Vencedores Rodada n º 4 Os Vencedores X Os CDFs Os Bambas X Os Gatões Os Imbatíveis X As Meninas 36 fim de encontrar o que não sabemos.George Kneller. Computadores, aparelhos de DVD, TVs coloridas e, mais recentemente, os modernos datashows são acessórios utilizados pelo professor e funcionam como elementos auxiliares de apoio à realização do ensino. No entanto, não apenas esses· modernos recursos são eficientes. O nosso velho quadro-negro ainda é uma ferramenta extremamente útil para o trabalho do professor. Ao lado dele, o quadro imantado, projetores de slides, retroprojetores, álbuns-seriados, flanelógrafos, mapas, varais de desenhos etc. constituem ainda ótimos recursos instrucionais. Esses recursos instrucionais, todavia, não podem ser usados a qualquer momento, sem critério, conforme indicar a vontade do professor, apenas. Seu emprego deve estar em consonância com os objetivos de ensino a serem atingidos e com os métodos de ensino a serem utilizados. Ayres(2004, p.107) A apresentação de vídeos na sala de aula deve ser encarada com muita seriedade. O vídeo para os alunos tem o significado de descanso e não de “aula”. O filme deve ser selecionado, assistido antes, levantar perguntas-chaves, integrá-lo com o assunto da aula relacionando-as com o tema, procurando extrair o máximo de conteúdo pedagógico. O vídeo explora pessoas, cenários, cores, músicas, e efeitos sonoros, textos, etc. O vídeo, emociona ,instiga a imaginação, a afetividade e isso nos seduz. Daí a responsabilidade de não usar o vídeo de maneira inadequada. como: colocar o filme como, “tapa buraco” na falta do professor, ou como enrolação para camuflar uma aula. Com freqüência desvaloriza o uso do vídeo. Diminui sua eficácia e empobrece a aula. Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, despertar curiosidade, a motivação sobre um tema, mostrar o que se fala na sala de aula, compor cenário desconhecido dos alunos, simular experiências de química, o crescimento acelerado de uma planta. Também como registro de eventos nas salas de aula, experiências, entrevistas, Para os alunos serve de incentivo a produção de programas informativos feito por eles mesmos, incentiva os mais tímidos e para os professores com, o avaliação Moran, (1995, p.27) 37 Continua Moran, antes da exibição do vídeo devemos comentar sobre os aspectos gerais, mas não interpretá-lo, checar o ponto desejado, o som. Ainda escolher um aluno para contar as cenas, outro para anotar as palavras –chaves, outro ainda para anotar caracterização dos personagens etc.. Durante a exibição anotar as cenas mais importantes, se necessário fazer uma pausa e observar a reação dos grupo. Após a apresentação passar os quadros mais significativos, observar o som, música, efeitos, e analisá-lo comentando os destaques deixando a opinião para os alunos, se posicionando no final da discussão com questões como: aspectos positivos, aspectos negativos, idéias principais, o que mais chamou atenção, significado de algumas cenas, conseqüências para vida, o que poderia ser mudado no vídeo. Esse trabalho poderia ser individual ou em grupos pequenos para depois ser relatado em plenária. Com questões como: o que chamou mais atenção? O que destacaria na música? Nos diálogos? Modelo de sociedade apresentada. Valores apresentados (justiça, amor, amizade, trabalho). Assistindo ou não o filme até o final poderia modificar ou propor um final diferente. Dentro do contexto estudado agora, a resposta ou respostas a essa pergunta deverão levar o professor a estabelecer o alvo ou os alvos que pretende alcançar com determinado tema do seu ensino. Ao fazer isso, ele estará como conseqüência, fixando os objetivos de ensi- no que pretende atingir. Essa pergunta, finalmente, levará o professor a selecionar os recursos instrucionais que julgar mais adequados a cada objetivo e método escolhido e a seleção do método, por sua vez, depende do objetivo a ser atingido. Com essa providência, lucrarão o próprio professor, os alunos e a escola será mais conceituada na comunidade 4.5.1. Como analisar um filme - Fazer estas quatro perguntas: aspectos positivos do vídeo; aspectos negativos; idéias principais que passa e o que vocês mudariam neste vídeo. - Análise Concentrada: escolher depois da exibição uma das cenas marcantes e revê-Ias. Perguntar oral ou por escrito: o que chama mais atenção; o que dizem as cenas; conseqüências. - Análise Funcional: antes da exibição escolher algumas funções ou tarefas 38 (desenvolvidas por vários alunos). Ex.: o contador de cenas, anotar as palavras chaves, anotar as imagens. Após a exibição cada aluno fala e o resultado será colocado no quadro. - Análise da linguagem: que história é contada (reconstrução da história); como é contada essa história; modelo de sociedade apresentado; valores afirmados e negados. 4.5.2. Dramatização de situações do vídeo assistido e discutido Alguns alunos escolhem personagens de um determinado vídeo e os representam, adaptando-os à sua realidade. Depois se comparam os personagens do vídeo e os da representação. Uma aula bem preparada utilizando o filme tem um efeito de valor imensurável, uma oportunidade de motivar os alunos, estimula a determinação, a auto-superação, a auto-estima, o auto-conceito. 4.5.3. Sugestões de filmes: O DESCOBRIMENTO DO BRASIL, Brasil, 1937, direção de Humberto Mauro, 90 min., D.B.F. (Distribuidora de Filmes Brasileiros). Conteúdos: descoberta do Brasil; o processo de expansão marítima e comercial portuguesa nos séculos 15 e 16. TEMPOS MODERNOS (Modem Times), Estados Unidos, 1936, 87 min., direção de Charles Chaplin, United Artists. conteudos: fordismo; revolução industrial; movimento proletário O NOME DA ROSA (Der Nameder Rose)) Itália, França, Alemanha, 1986,130 min., direção de JeanJacques Annaud, Flashstar Filmes. CONTEÚDOS:igreja medieval; Inquisição; ILHA DAS FLORES, Brasil, 1989, 13 min., direção de Jorge Furtado, documentário (o filme está disponível para dowmload no site www. portacurtas. com.br). Conteúdos : globalização; capitalismo; injustiça social. O VELHO - A HISTÓRIA DE LUIS CARLOS PRESTES, Brasil, 1977, 105 min., direção de Toni Venturi, documentário, Versátil Home Vídeo. Conteúdo:Movimento comunista brasileiro; Coluna Prestes;
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