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Apostila de Responsabilidade Civil - 2018 2 - Professora Cristiane Gribel

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� Responsabilidade Civil – ProfEessora. Cristiane Gribel
Programação das Aulas:
Unidade I - INTRODUÇÃO
-Noção de Responsabilidade
-Conceito de Responsabilidade Civil
-Responsabilidade Contratual e Extracontratual
- Responsabilidade Civil e Penal
Responsabilidade Subjetiva e Objetiva
Teorias sobre Responsabilidade Civil
Unidade II – PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
2.1 - Ação ou Omissão do Agente
2.2 - Estudo Completo da Culpa
2.3 - Estudo Completo do Dano
2.4 - Estudo Completo do Nexo Causal
Unidade III – EXCLUDENTES (OU NÃO) DA RESPONSABILIDADE
Unidade IV – RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL
4.1 - Responsabilidade por Fato Próprio
4.2 - Responsabilidade por Fato da Coisa
4.3 - Responsabilidade por Fato de Animais
4.4 - Responsabilidade por Fato de Outrem
Unidade V – RESPONSABILIDADE CONTRATUAL
4.1 - Responsabilidade por atividade profissional
4.2 - Responsabilidade nos transportes terrestres
Bibliografia Indicada:
Sérgio Cavalieri Filho - Programa de Responsabilidade Civil 
Flávio Tartuce
Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald
Sílvio de Salvo Venosa - Volume IV - Responsabilidade Civil 
Carlos Roberto Gonçalves – Responsabilidade Civil 
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho
Rui Stoco – Tratado de Responsabilidade Civil
Caio Mário da Silva Pereira – Responsabilidade Civil 
Aguiar Dias – Responsabilidade Civil – Editora Renovar
UNIDADE I - INTRODUÇÃO
– NOÇÃO DE RESPONSABILIDADE
É uma situação jurídica que impõe a um sujeito o dever de assumir as 	conseqüências danosas dos seus atos (que pode ser uma ação ou	omissão). ou de determinado evento.
Está ligada ao dever jurídico em ter que assumir as conseqüências do	seu ato, (baseada no dever jurídico de ninguém poder prejudicar terceiros, 	sob pena de ser responsabilizado).
dever jurídico originário e dever jurídico sucessivo;
distinção entre obrigação e responsabilidade
posicionamento da responsabilidade na Teoria Geral do Direito (esquema abaixo):
Naturais			 		
				(independem da			 		
				 vontade humana)
							Atos Lícitos
	
	Fatos			Voluntários
	Jurídicos		(dependem da
				 vontade humana)
					Civis
							Atos Ilícitos
										Penais
				
	1.1.3.	Noções de Responsabilidade segundo alguns doutrinadores:
	Segundo Silvio de Salvo Venosa:
	O termo responsabilidade, embora com sentidos próximos e semelhantes, é utilizado para designar várias situações no campo jurídico.
	A responsabilidade, em sentido amplo, encerra a noção em virtude da qual se atribui a um sujeito o dever de assumir as conseqüências de um evento ou de uma ação. Assim, diz-se, por exemplo, que alguém é responsável por outrem, como o capitão do navio pela tripulação e pelo barco, o pai pelos filhos menores, etc. *Da mesma forma diz que um sujeito é responsável por determinado ato ou fato.
	A noção de responsabilidade, como gênero, implica sempre exame de conduta voluntária violadora de um dever jurídico. Sob tal premissa, a responsabilidade pode ser de várias naturezas, embora ontologicamente o conceito seja o mesmo.
	Segundo Pablo Stolze Gagliano:
	Responsabilidade, para o Direito, nada mais é do que uma situação jurídica que impõe ao infrator a obrigação de assumir as conseqüências danosas do seu ato. Para ele, a noção jurídica de responsabilidade pressupõe a VIOLAÇÃO DE UMA NORMA JURÍDICA PREEXISTENTE.
	Segundo Sergio Cavalieri Filho:
O principal objetivo da ordem jurídica, afirmou o grande San Tiago Dantas, é proteger o lícito e reprimir o ilícito. Vale dizer: ao mesmo tempo em que ela se empenha em tutelar a atividade do homem que se comporta de acordo com o Direito, reprime a conduta daquele que o contraria.
	Desta forma, a idéia de responsabilidade está intimamente ligada ao dever jurídico geral imposto pelo Direito Positivo de um sujeito não prejudicar a ninguém, sob pena de ter que reparar os danos causados.
– CONCEITOS DE RESPONSABILIDADE CIVIL
1.2.1.	Conceitos:
É a obrigação de indenizar decorrente da violação de um dever jurídico preexistente que deriva da atuação danosa do agente (ação e omissão) violando uma norma contratual ou legal
	Segundo PABLO STOLZE GAGLIANO, a noção jurídica de responsabilidade pressupõe a VIOLAÇÃO DE UMA NORMA JURÍDICA PREEXISTENTE. Trazendo esse conceito para o âmbito do Direito Privado, e seguindo essa mesma linha de raciocínio, diríamos que a responsabilidade civil deriva da ATUAÇÃO DANOSA DO AGENTE, QUE COM SEU AGIR, VIOLA UMA NORMA CONTRATUAL OU LEGAL PREEXISTENTE.
	Segundo SAVATIER, responsabilidade civil consiste na “obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas ou coisas que dela dependem”.
	Segundo SÉRGIO CAVALIERI FILHO, em sentido jurídico, o vocábulo responsabilidade, designa o dever que alguém tem de reparar o prejuízo decorrente da violação de um outro dever jurídico. Em apertada síntese, responsabilidade civil é um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente da violação de um dever jurídico originário. Só se cogita responsabilidade civil onde houver violação de um dever jurídico e dano. Responsável é a pessoa que deve ressarcir o prejuízo decorrente da violação de um precedente dever jurídico. A responsabilidade pressupõe um dever jurídico preexistente, uma obrigação descumprida. Daí ser possível dizer que toda conduta humana que, violando dever jurídico originário, causa prejuízo a outrem é fonte geradora de responsabilidade civil (dever jurídico sucessivo).
1.2.2.	Aspectos Gerais - Distinção entre obrigação
Distinção entre obrigação (ou dívida ou débito) e responsabilidade
Obrigação					Responsabilidade
Obs.: Nos quadros acima, podemos verificar a distinção entre obrigação e responsabilidade, o que já foi objeto de questionamento em concurso público para ingresso na Magistratura do Estado do Rio de Janeiro.
Alois Brinz fez essa importante distinção entre obrigação e responsabilidade, quando visualizou dois momentos distintos na relação obrigacional: a do débito (shuld), consistente na obrigação de realizar uma prestação e dependente da ação ou omissão do devedor; e o da responsabilidade (haftung), na qual se faculta ao credor atacar e executar o patrimônio do devedor a fim de obter a correspondente indenização pelos prejuízos causados em virtude de descumprimento da obrigação originária (débito).
Daí surgiu a imagem de Larenz, ao dizer que “a responsabilidade é a sombra da obrigação”. Da mesma forma que não há sombra sem corpo físico, também não há responsabilidade sem a correspondente obrigação, em regra. No entanto, excepcionalmente, podem existir hipóteses em que uma pessoa possa sofrer a responsabilidade, isto é, ter o seu patrimônio atacado para satisfazer o direito do credor, sem que seja o devedor. Como exemplos, podemos indicar o caso do fiador, que é garantidor, e não devedor, pois pode ser constrangido a responder por uma dívida que não contraiu (conforme o posicionamento majoritário), o sócio, com os seus bens particulares, por dívidas contraídas pela sociedade, etc. Da mesma forma, podem existir casos de obrigação sem responsabilidade, como por exemplo nas obrigações naturais.
Características da obrigação de indenizar:
É legal (imposta por lei - art. 927 c/c art. 186, c/c art. 187, do CC)
Sucessividade (= dever jurídico sucessivo), decorrente da violação de um dever jurídico preexistente (= dever Jurídico Originário).
Existência de duas premissas de suporte doutrinário:
Não haverá obrigação de indenizar sem a violação de um dever jurídico preexistente.
Para sabermos quem é o responsável pela obrigação de indenizar basta caracterizarmos o dever jurídico violado e o sujeito que o violou.
Ato Ilícito
Definido nos arts. 186 e 187, do CC.A regra geral é que a responsabilidade civil decorre da prática de um ato ilícito.
O art. 188 define o que não é considerado ilícito.
	Em nosso estudo, verificaremos mais adiante que, excepcionalmente, haverá responsabilidade civil decorrente da prática de ato lícito.
 - REPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL
Esta divisão vai depender da natureza da norma jurídica violada pelo 
agente causador do dano, subdividindo-a em contratual e extracontratual
Esta divisão não é obstáculo, porém, ao dever de indenizar, pois muitas vezes é difícil definir se é ou não contratual a relação, e ainda estaremos diante de muitas situações em que mesmo existindo vínculo jurídico entre as partes envolvidas, o autor do dano também viola preceito legal. Desta forma, a divisão entre culpa contratual e extracontratual pode existir por questão de conveniência legislativa, mas nada impediria a sua unificação, uma vez que a culpa é una, pois ela resulta sempre de uma obrigação preexistente, seja previamente estabelecida pelas partes, seja estabelecida em Lei, e cuja violação impõe o dever de reparar o prejuízo causado.
Segundo Sérgio Cavalieri Filho, quem infringe dever jurídico lato sensu, de que resulte dano a outrem fica obrigado a indenizar. Esse dever, passível de violação, pode ter como fonte uma relação jurídica obrigacional preexistente, isto é, um dever oriundo de um contrato, ou por outro lado, pode ter por causa geradora uma obrigação imposta por preceito geral de Direito, ou pela própria lei. É com base nessa dicotomia que a doutrina divide a responsabilidade civil em contratual e extracontratual, isto é, de acordo com a qualidade da violação.
Contratual (ocorrência de uma violação de norma pré estabelecida pelas partes)
A responsabilidade civil contratual é aquela derivada de uma relação jurídica preexistente estabelecida pelas partes, de um contrato, onde teremos a existência de um vínculo obrigacional. Assim, sempre que uma das partes deixar de cumprir uma cláusula prevista no contrato, aquele que deu causa ao inadimplemento ficará obrigado a reparar o dano.
Ou seja, se entre as partes envolvidas já existia norma jurídica contratual que as vinculava, e o dano decorre do descumprimento de obrigação pactuada pelas partes, estaremos diante de uma situação de responsabilidade civil contratual.
Vale ressaltar que muitas vezes, pelo fato de existir uma relação jurídica pré-estabelecida pelas partes, e ao analisarmos o seu descumprimento (responsabilidade civil contratual), verificamos que também ocorreu uma violação de um dever jurídico imposto pela Lei (responsabilidade civil extracontratual), ou seja, estaremos diante, simultaneamente, de uma responsabilidade contratual e extracontratual.
Por este motivo, os adeptos da teoria unitária ou monista, criticam esta divisão, por entenderem que pouco importam os aspectos dos deveres jurídicos violados (contrato ou lei), já que os efeitos são os mesmos, uniformes (responsabilidade civil – obrigação de indenizar). Contudo, em vários países, inclusive no Brasil, tem sido acolhida a tese dualista ou clássica, dando importância a classificação da responsabilidade civil em contratual e extracontratual.
	O Código de Defesa do Consumidor, como veremos, superou esta clássica distinção entre responsabilidade contratual e extracontratual no tocante à responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços. O CDC concentra a disciplina de todas as relações de consumo, contratuais e extracontratuais. Ao equiparar ao consumidor todas as vítimas do acidente de consumo (art. 17, CDC), submeteu a responsabilidade do fornecedor a um tratamento unitário, tendo em vista que o fundamento dessa responsabilidade é a violação do dever de segurança – o defeito do produto ou serviço lançado no mercado e que, numa relação de consumo, contratual ou não, dá causa a um acidente de consumo, surgindo a obrigação do fornecedor de reparar os danos causados.
Extracontratual (ocorrência de uma violação de um dever jurídico imposto
pela lei).
A responsabilidade civil extracontratual surge quando alguém viola uma norma imposta pela lei, não havendo a necessidade de uma relação jurídica preexistente entre as partes (negócio jurídico), para que surja a obrigação de indenizar.
Se o prejuízo decorre diretamente da violação de um mandamento legal, por força da atuação ilícita (ou excepcionalmente lícita) do agente infrator, estaremos diante da responsabilidade civil extracontratual.
Assim, tanto na responsabilidade contratual, como na extracontratual, existe a 	violação de um dever jurídico preexistente, sendo que:
 - REPONSABILIDADE CIVIL E PENAL
1.4.1.	No ILÍCITO CIVIL, a norma violada é de Direito Privado, as condutas	consideradas menos gravosas serão sancionadas pela lei civil. Na	responsabilidade civil visa-se impor a determinada pessoa a obrigação de 	reparar o dano causado à vítima em função de um comportamento humano violador de um dever legal ou contratual.
1.4.2.	No ILÍCITO PENAL, o agente infringe uma norma penal de Direito 		Público. As condutas consideradas mais graves, onde são atingidos bens 		sociais de maior relevância, serão sancionadas pela lei penal. Na 		responsabilidade penal deve o agente sofrer a aplicação de uma		cominação legal, através de pena privativa de liberdade, restritiva de
direitos ou multa (art. 91, I, CP; art. 63, CPP, art. 584, I e II, CPC; art. 64, 	CPP e art. 935, CC).
1.4.3.	A ilicitude jurídica é uma só, do mesmo modo que um só, na sua essência, é o dever jurídico. Sob um certo aspecto, existe até uma coincidência entre o ilícito civil e o ilícito penal, pois ambos constituem uma violação da ordem jurídica, uma violação de um dever jurídico originário imposto pelo ordenamento jurídico, acarretando, em conseqüência, um estado de desequilíbrio social. Ambos constituem uma violação de um dever jurídico. Porém, no ilícito penal, devido a sua gravidade ou intensidade, a sanção adequada é a imposição da pena, enquanto que no ilícito civil, por ser menor a extensão da perturbação social, são suficientes as sanções civis, dentre estas a obrigação de reparar os prejuízos suportados pela vítima (responsabilidade civil). O artigo 935 do CC estabelece que a responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal, o que confirma a independência das jurisdições, e o reflexo da jurisdição penal no juízo cível.
 - RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA
Responsabilidade Civil Subjetiva é aquela em que se estrutura o nosso Código Civil e funda-se, essencialmente, na Teoria da Culpa. Tem-se como elemento essencial que gera o dever de indenizar o elemento culpa, entendido em sentido amplo (dolo ou culpa em sentido estrito). Ausente tal elemento, não há que se falar em responsabilidade civil.
O Código Civil de 1916 tratou da responsabilidade civil dentro do conceito de culpa ou dolo, conforme se depreende da leitura do seu artigo 159: "Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano." De acordo com este artigo, eram necessários os seguintes elementos para gerar o dever de indenizar: ação ou omissão, culpa ou dolo, dano e nexo de causalidade.
	A noção básica da responsabilidade civil, dentro da doutrina subjetiva, não modificou com o advento do Novo Código Civil, que é o princípio segundo o qual o sujeito responderá pela sua conduta culposa. Neste caso, a obrigação de reparar o dano fica condicionada a “ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência” do agente, em conformidade com o art. 186 do CC.
	Três são os pressupostos da responsabilidade subjetiva, que estão elencados no art. 186 do Novo Código civil, qual seja: aconduta culposa do agente (conduta + culpa), o nexo de causalidade e o dano.
	Esses pressupostos serão aplicados nas responsabilidades tanto contratuais quanto extracontratuais, sendo que no caso da primeira, a culpa deverá ser comprovada nos limites da relação jurídica preexistente, devendo ser demonstrada que a prestação contratada foi descumprida, que houve uma inexecução do contrato.
	Na verificação da culpa, deverá ser observado se na conduta do agente causador do dano ocorreu uma das formas de sua manifestação, ou seja:
	Negligência é a falta de observância de um dever de cuidado, por omissão. Ex: Médico que após uma cirurgia não faz o acompanhamento pós operatório necessário da paciente.
	Imprudência é o enfrentamento desnecessário do perigo, é a falta de observância de um dever de cuidado, por uma conduta positiva do agente (ação). Ex: Médico que realiza uma cirurgia mesmo sabendo do risco da paciente vir a falecer em decorrência da mesma, com base nos seus exames clínicos.
	Imperícia é a falta de aptidão ou habilidade específica para a realização de atividade técnica ou científica. Ex: Médico que realiza uma cirurgia sem ter a habilitação específica necessária para o exercício desta atividade.
	Na responsabilidade subjetiva o principal pressuposto é a culpa, pois segundo a teoria que lhe deu origem, ninguém poderá sofrer um juízo de reprovação sem que tenha faltado com o dever de cautela em seu agir.
	Obs: Na próxima Unidade do Programa, estudaremos detalhadamente cada um dos pressupostos da responsabilidade civil subjetiva.
Responsabilidade Civil Objetiva, por sua vez, tem como característica determinante, o fato de que o elemento culpa não é necessário para o surgimento do dever de indenizar, estando amparada na Teoria do risco, pois aquele que, por meio de sua atividade expõe em risco de danos, terceiros, fica obrigado a repará-lo, ainda que o seu comportamento seja isento de culpa. O Novo Código Civil inovou neste aspecto, ao inserir a regra contida na parte final do parágrafo único do art. 927, ampliando as hipóteses de aplicação da responsabilidade civil objetiva além das hipóteses expressamente previstas em Lei, conforme estabelecia a Lei revogada.
Assim, a responsabilidade objetiva está fundada na teoria do risco, aonde o agente causador do dano irá repará-lo independentemente de culpa, sendo os seus pressupostos, portanto, a conduta do agente (ação ou omissão), o dano e o nexo de causalidade necessário entre a conduta e o dano. Assim, o elemento culpa passa a ser irrelevante, na medida que o autor da conduta assume o risco de dano que emerge do simples exercício de sua atividade.
A responsabilidade objetiva ocorre quando é suprimido o elemento culpa, ou seja, não é necessária a conduta antijurídica expressa pela culpa ou dolo, bastando o nexo de causalidade, ou seja, a existência do fato causador do mal sofrido, no dizer de Caio Mário, para atribuir-se o dever de reparar.
Além da responsabilidade objetiva do Estado, já prevista na Constituição Federal de 1988, as demais hipóteses de responsabilização objetiva sempre foram restritas às hipóteses expressamente previstas em lei. O próprio Código de 1916 tratava da responsabilidade objetiva em situações especificas, como a do artigo 1.529, que impunha a obrigação de indenizar, sem análise de culpa ou dolo, àquele que habitar uma casa, pelas coisas que dela caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Algumas outras leis especiais também consagraram a teoria do risco, admitindo a responsabilização do ofensor, independentemente da prova de culpa ou dolo, tais como o Decreto 2.681/12 (responsabilidade das estradas de ferro por danos causados aos proprietários marginais), Lei 6.938/81 (relativa a danos causados no meio ambiente), além do Código de Defesa do Consumidor, que reconhece a responsabilidade objetiva do fornecedor do produto ou serviço pelos danos causados ao consumidor (Arts. 12 e 14).
O novo Código Civil, ao lado da responsabilidade subjetiva (fundada na culpa ou no dolo), admitiu também a responsabilidade objetiva, expressamente prevista no parágrafo único de seu artigo 927:
"Artigo 927. Aquele que, por ato ilícito (artigos 186 e 187), causar dano a outrem, é obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem".
Desta forma, o novo Código Civil inovou, pois em duas situações específicas será aplicada a responsabilidade civil objetiva, quais sejam:
I-	Nos casos especificados em lei; e 
II-	Quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
A primeira hipótese não traz novidade, já que existia na vigência do Código Civil anterior outras leis e dispositivos legais do próprio Código que previam a responsabilidade objetiva. Desta forma, sempre que nos confrontarmos nos textos legais com a expressão “independentemente de culpa”, ou expressões afins, estaremos diante da responsabilidade civil objetiva. Basta para tanto procurar os casos de responsabilidade objetiva na legislação extravagante infraconstitucional ou na Constituição, como, por exemplo, o Código de Defesa do Consumidor (Lei no. 8.078/90), Responsabilidade Civil das Estradas de Ferro, (Decreto 2.681/1912), Responsabilidade Civil por danos nucleares (Lei nº 6.453, de 17 de outubro de 1977 e Decreto 911/19993), Responsabilidade Civil do Estado nos limites do art. 37, §6º da CF/88, etc...
Por exemplo, nos termos do Código de Defesa do Consumidor, o fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos (art. 12); e, por outro plano, o fornecedor de serviços também responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos (art. 14), porém a responsabilidade pessoal dos profissionais liberais (médicos, por exemplo) será apurada mediante a verificação de culpa (§ 4° do art. 14).
Também, exemplificativamente, será exclusiva do operador da instalação nuclear, nos termos da Lei n o. 6.453/77, independentemente da existência de culpa, a responsabilidade civil pela reparação de dano nuclear causado por acidente nuclear: I - ocorrido na instalação nuclear; Il - provocado por material nuclear procedente de instalação nuclear, quando o acidente ocorrer: a) antes que o operador da instalação nuclear a que se destina tenha assumido, por contrato escrito, a responsabilidade por acidentes nucleares causados pelo material; b) na falta de contrato, antes que o operador da outra instalação nuclear haja assumido efetivamente o encargo do material; III - provocado por material nuclear enviado à instalação nuclear, quando o acidente ocorrer: a) depois que a responsabilidade por acidente provocado pelo material lhe houver sido transferida, por contrato escrito, pelo operador da outra instalação nuclear; b) na falta de contrato, depois que o operador da instalação nuclear houver assumido efetivamente o encargo do material a ele enviado.
Já a segunda hipótese traz um conceito absolutamente novo, que demandará interpretação de nossos tribunais acerca de quais atividades ou categorias de agentes estariam englobados por essa norma, pois neste caso o juiz poderá reconhecer o dever de indenizar do agente causador do dano sem indagação de culpa ou dolo, em casos não expressos em lei, que já estão englobados pela regra inserida na primeira partedo parágrafo único do artigo 927, que estabelece: “nos .
.
A possível interpretação extensiva do parágrafo único do artigo 927 com certeza representa um perigo. Dirigir veículos ou transportar produtos químicos constitui atividade de risco? Estas e outras dúvidas podem surgir dado ao conceito aberto expresso no novo Código Civil. O Código Civil Italiano prevê norma com redação semelhante, sendo que os tribunais daquele país utilizam como parâmetro os índices de sinistralidade das seguradoras. A distribuição de gás, atividades pirotécnicas, transporte e estocagem de combustíveis e construção civil são alguns exemplos de atividades que estariam englobadas como atividades consideradas "de risco", de acordo com a jurisprudência italiana.
Assim, será que simples fato de dirigir um veículo em via pública é uma atividade de risco? Se levarmos em conta que o veículo, o automóvel, caminhão ou ônibus é um instrumento mortal, sim. Mas isso será suficiente para que o juiz defina que o acidente de trânsito é uma atividade de risco e que será possível aplicar a responsabilidade objetiva nos acidentes de trânsito, isentando a vítima de provar em Juízo o e elemento culpa para que surja a obrigação de indenizar?
Trata-se em um dispositivo novo e polêmico, sendo certo que ficará a cargo da jurisprudência a sua verdadeira aplicação na prática, sendo certo que ainda não houve tempo hábil de vigência do novo código para uma interpretação consolidada.
As interpretações da norma em análise pela doutrina de nenhuma forma são pacíficas e unânimes, já que até hoje não se chegou a um consenso.
Para alguns, a parte final do parágrafo único do artigo 927, seria baseado na teoria do "risco-proveito", já que, ao utilizar o advérbio "normalmente", teria pretendido o legislador referir-se a agentes que, em troca de determinado proveito, exerçam atividade potencialmente nociva ou danosa aos direitos de terceiros. Somente essas atividades e agentes estariam englobadas pela responsabilidade objetiva. Esse entendimento excluiria, por exemplo, a aplicação da responsabilidade objetiva aos motoristas não profissionais, já que, desta atividade não decorre qualquer proveito econômico. Assim, pela Teoria do Risco Proveito, seria necessário que a atividade de risco seja capaz de angariar um proveito real e concreto de natureza econômica, ou com finalidade lucrativa ou pecuniária, pois conforme ALVINO LIMA: “a teoria do risco não se justifica desde que não haja proveito para o agente causador do dano, porquanto, se o proveito é a razão de ser justificativa de arcar o agente com os riscos, na sua ausência, deixa de ter fundamento a teoria” (LIMA, Alvino. Culpa e Risco. Editora RT - no mesmo sentido: GAGLIANO, Pablo Stolze e PAMPLONA FILHO, Rodolfo, em Novo Curso de Direito Civil, Editora Saraiva).
Para outros, este dispositivo legal seria baseado na teoria do “risco-criado”, com a qual me filio, pela qual o causador do dano deve suportar incontinenti os riscos que advêm de sua atividade, quando esta expõe terceiros a risco de dano, eliminando-se assim o expediente probatório da culpa, que por vezes se revela impossível de ser demonstrado pela vítima nas ações de reparação de danos que lotam a Justiça do nosso país, trazendo graves injustiças sociais, já que sem a prova do elemento culpa, torna-se impossível o Julgador tutelar o direito da vítima que ingressa em Juízo postulando indenização. A teoria do risco criado dispensa a caracterização da finalidade lucrativa ou pecuniária da atividade desenvolvida.
Como já afirmado, a teoria que mais se aplica ao art. 927 é a chamada teoria do risco criado, porque é genérica, ou seja, simplesmente aponta que toda atividade que expõe outrem ao risco torna aquele que a realiza responsável, sem considerações maiores sobre o benefício ou proveito que dela tire. Como dito, a jurisprudência deverá esclarecer o sentido da expressão “atividade normalmente desenvolvida” disposta no art. 927, ou seja, se refere à pessoa, incidindo em profissionalidade ou habitualidade, ou se o desenvolvimento normal diz respeito às características da própria atividade. Seja qual for a interpretação, entendo que e é independente do proveito que lhe confira a mesma, apesar dos entendimentos em sentido contrário.
A única interpretação concreta que temos do referido dispositivo legal é o Enunciado n.º 38 aprovado na Jornada de Direito Civil promovida pelo Centro de Estudos Judiciários (CEJ) do Conselho da Justiça Federal no período de 11 a 13 de setembro de 2002, sob a coordenação científica do Ministro Ruy Rosado, do STJ, que estabelece o seguinte: “Art. 927: a responsabilidade fundada no risco da atividade, como prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo Código Civil, configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade.”
Com percebemos, o enunciado não contribui muito para o entendimento da aplicação prática do dispositivo legal em análise.
Demonstra ainda a intenção do legislador em ampliar o acesso a Justiça para todos os cidadãos, o fato de que foram ampliadas no novo Código Civil as possibilidades de responsabilização objetiva previstas em Lei, como nos casos de dano causado por ato de terceiro (artigo 932 e 933), e os decorrentes da guarda da coisa ou do animal (artigos 936 a 938).
 - TEORIAS SOBRE A RESPONSABILIDADE CIVIL
Conduta (ação ou omissão)
1.6.1	Subjetiva	Nexo Causal
				Dano
				Culpa (ou Dolo)
				Conduta (ação ou omissão)
1.6.2	Objetiva	Nexo Causal
				Dano
O princípio gravitador da Responsabilidade Civil Subjetiva é o elemento culpa (falta de diligência na observância da norma de conduta, violação de um dever de cuidado). Seria, com base na maioria dos doutrinadores, a regra geral inserida no Código Civil nos arts. 186 e caput do art. 927.
Na Responsabilidade Civil Objetiva, o elemento culpa é desconsiderado, ou seja, é irrelevante para que surja a obrigação de indenizar. O seu fundamento é a Teoria do Risco, e suas bifurcações, mas que sua base comum é que o agente deve ser responsabilizado pelos riscos que sua atuação promove, ainda que coloque toda diligência necessária para evitar o dano. A responsabilidade é objetiva nos casos expressamente previstos em lei, ou quando a atividade habitual do agente colocar em risco os direitos da vítima, conforme o art. 927, parágrafo único, do CC. 
– CONSIDERAÇÕES FINAIS
Abaixo, podemos verificar um esquema das principais classificações da responsabilidade civil acima estudadas, sendo que os exemplos citados não esgotam todos os campos de incidência da responsabilidade civil que serão objeto de estudo.
										Com culpa provada
 Subjetiva
							(art. 186 e 927,	Com culpa presumida
caput, CC)	
											
									- Fato da Atividade
									 (atividade de risco)
									 (art. 927, par. único, CC)
									- Fato do produto
				Extracontratual			 (art. 931, CC)
									- Fato de outrem
									 (arts. 932 e 933, CC)
							 Objetiva	- Fato da coisa
Responsabilidade							 (arts. 937 e 938, CC)
Civil								- Fato do animal
								 (art. 936, CC)
- Responsabilidade Civil do Estado (art. 37, §6º, CF)
									- Responsabilidade Civil
									nas Relações de Consumo
									 (arts. 12 a 14, CDC)
									 Com obrigação de meio
							 Subjetiva
						 (arts. 389 e 475) Com obrigação de 
resultado
				Contratual	
									Responsabilidade do
							 Objetiva	Transportador em
									Relação aos Passageiros
									(art. 730, CC)
–JURISPRUDÊNCIAS APLICÁVEIS NO ESTUDO DA PRIMEIRA UNIDADE DO PROGRAMA (Todas recentes e do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro):
1.8.1 – RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL SUBJETIVA
1) PROCESSO: 2004.001.09553
CIRURGIA DE LIGADURA DE TROMPAS 
ARGUICAO PELA PARTE 
ESQUECIMENTO DE CORPOESTRANHO NO ORGANISMO DO PACIENTE 
LAUDO PERICIAL 
IMPROCEDENCIA DO PEDIDO 
"RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA CONTRATUAL. DANO MORAL. NÃO COMPROVAÇÃO DO EVENTO DANOSO E DO NEXO CAUSAL. IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO. Operação cesariana. Fato narrado nos autos ocorrido em data anterior à entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor. Impossibilidade de inversão do ônus probandi com base na Súmula nº 341 do STF pois a responsabilidade do empregador por ela mencionada pressupõe a culpa do preposto, no caso o médico que realizou o ato cirúrgico. A prova constante dos autos não estabelece ligação entre as dores que a parte Autora alega ter sofrido durante vários anos e a operação realizada pelo preposto da Ré. O dano, mesmo que evidenciado pelo próprio fato acoimado de ilícito, como no caso do dano moral, é indispensável para que se busque a responsabilização civil de alguém. Além disso, é necessário que haja um nexo entre ele e a conduta do agente apontado como causador. No caso sub examem, o conjunto probatório não se mostrou apto a confirmar ambos os requisitos, motivo por que não há conto se atribuir ao Apelante a obrigação de indenizar. Recurso provido in totum, nos termos do voto do Desembargador Relator." 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.09553
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: SETIMA CAMARA CIVEL 
Des. DES. RICARDO RODRIGUES CARDOZO 
Julgado em 31/08/2004 
2) PROCESSO: 2004.001.18376
ADMINISTRACAO DE IMOVEL 
INADIMPLEMENTO CONTRATUAL 
INOCORRENCIA 
NAO RECONHECIMENTO DO DIREITO A INDENIZACAO 
Apelação - Ação de responsabilidade civil contratual de natureza subjetiva. - Não demonstrado a violação do dever jurídico preexistente no contrato de prestação de serviços, comprovado-se, contudo, que a autora deu causa à rescisão contratual, mister se faz a improcedência do pedido. - Prova obtida por meio de gravação por quem participou da conversa gravada. - Prova lícita a teor do artigo 383 do Código de Processo Civil, independendo a admissibilidade de referida prova do conhecimento de sua formação pela outra parte. - Inexistência de relação de consumo Sentença que se mantém - Nega-se provimento ao recurso. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.18376
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: SEGUNDA CAMARA CIVEL 
Des. DES. HELDA LIMA MEIRELES 
Julgado em 04/08/2004
3) PROCESSO: 2003.001.25701
RESPONSABILIDADE CIVIL 
HONORARIOS DE ADVOGADO 
MA EXECUCAO DOS SERVICOS CONTRATADOS 
PEDIDO DE RESTITUICAO DA QUANTIA PAGA 
PROVIMENTO PARCIAL 
Responsabilidade civil. Contrato de prestação de serviços advocatícios. Profissional liberal. Relação de consumo. Fato do serviço. Danos materiais e morais. Responde o prestador de serviços pelos danos causados ao consumidor, se estes não lhe são prestados com a eficiência e a segurança que dele se deveria esperar. Responsabilidade de natureza subjetiva, cabendo ao autor a prova da ação ilícita e culposa do profissional contratado. Demonstrado, nos autos, que o réu recebeu honorários para atuar em determinado processo, nada realizando, para fazer jus ao pagamento ajustado, correta a decisão que determina que o valor seja restituído à consumidora dos serviços, com a correção monetária e juros contados da data do respectivo desembolso da quantia respectiva. Os danos morais, nos ilícitos contratuais, são devidos apenas quando extrapolam o âmbito do descumprimento do contrato e atingem direitos personalíssimos do lesado, afrontando os íntimos sentimentos da parte. Recurso provido, em parte, apenas para afastar a condenação pelos danos morais. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2003.001.25701
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: QUARTA CAMARA CIVEL 
Des. DES. FERNANDO CABRAL 
Julgado em 30/03/2004
4) PROCESSO: 2003.001.11334
RESPONSABILIDADE CIVIL DE LABORATORIO 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA 
RESPONSABILIDADE CIVIL DE MEDICO 
CULPA 
AUSENCIA DE COMPROVACAO 
Responsabilidade civil medica. Responsabilidade subjetiva pessoal do cirurgiao não comprovada. Responsabilidade objetiva do laboratório presente ao ato cirurgico. Relação consumerista decorrente da prestação de serviço. 1- Embora contratual, a responsabilidade do cirurgião que realizou o ato confiando no resultado laboratorial, e' subjetiva. Não se comprovando a culpa, inexiste dever indenizatorio. 2- No caso concreto o medico foi prudente e agiu com cautela. Sua conduta esta' dentro dos parâmetros de cautela esperados e desejados de qualquer profissional. 3- Responde objetivanemte o laboratorio que durante o ato cirurgico confirma a malignidade do tecido submetido a exame, constatando-se posteriormente a benignidade. 4- Aplicabilidade do art. 14 do Codigo de Defesa do Consumidor. 5- Danos materiais não comprovados. 6- Danos morais evidenciados pela dor, angustia e sofrimento a que se viu submetida a Autora que teve esvaziamento axilar. Valor condizente com o principio da razoabilidade e que indica o juizo de reprovação. Ambos os recursos improvidos, nos termos do voto do Des. Relator. 
Ementário: 32/004 - N. 19 - 19/02/2004
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2003.001.11334
Data de Registro : // 
Comarca de Origem: CAPITAL 
Órgão Julgador: SETIMA CAMARA CIVEL 
Votação : Unanime 
Des. DES. RICARDO RODRIGUES CARDOZO 
Julgado em 12/08/2003
1.8.2 – RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL OBJETIVA
1) PROCESSO: 2004.001.07818
RESPONSABILIDADE CIVIL
ACIDENTE DE TRANSITO 
COLISAO DE VEICULOS 
PROCEDIMENTO SUMÁRIO. Responsabilidade civil contratual. Transporte de passageiro, lesionado face à colisão de coletivos. Responsabilidade objetiva, de sorte que a liberação do transportador só ocorre se este provar força maior, caso fortuito ou culpa exclusiva da vítima. Prova da condição de passageiro, do nexo e dos danos. Em se tratando de ilícito civil e não penal, de natureza contratual, os juros são devidos a partir da citação. Não se presta a taxa SELIC como indexador. A correção monetária, simples recomposição do principal, é devida da mesma data dele. Os danos morais arbitrados em R$ 24.000,00 não consideraram, devidamente, o princípio do grau de fortuna das partes, a idade da autora, aos 73 anos e sua sobrevida provável, mas, principalmente o punitivo-pedagógico. Recurso parcialmente provido para reduzi-lo ao justo valor. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.07818
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL
Des. DES. HENRIQUE MAGALHAES DE ALMEIDA 
Julgado em 10/11/2004
2) PROCESSO: 2004.001.21592
RESPONSABILIDADE CIVIL DE BANCO 
SAQUE BANCARIO COM CARTAO MAGNETICO 
DANOS CAUSADOS POR TERCEIRO 
DEVOLUCAO DE CHEQUE 
DANO MORAL 
APELAÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. SAQUES INDEVIDOS COM CARTÃO MAGNÉTIVO "CLONADO". CHEQUES DEVOLVIDOS EM RAZÃO DOS SAQUES INDEVIDOS. Primeiro recurso que não pode ser conhecido, por não ter vindo acompanhado do respectivo preparo, sendo certo que o segundo recurso interposto pelo mesmo recorrente, já após a decisão proferida nos embargos de declaração, com idênticas razões, sanou a carência, vindo regularmente preparado. Decisão de inversão do ônus da prova que restou preclusa e não ofendeu os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, já que cabia à instituição demonstrar que os saques foram efetuados pela própria correntista, em face de que é a única que detém as fitas de segurança dos caixas eletrônicos. A responsabilidade contratual do banco é objetiva, por força art. 3º, §2º do CDC. Falta de prova da ocorrência de culpa concorrente ou exclusiva da correntista do banco. Danos morais que devem considerar o curto período de inclusão no rol de inadimplentes e a ausência de nova negativação por força do provimento antecipatório. Inexistindo circunstância especial que justifique a condenação em patamar superior aos parâmetros que essaCorte vem usualmente aplicando para casos desse jaez, cabível a sua redução. Dano material devido ante a falta de prova do estorno total da cobrança indevida das parcelas de financiamento não contratado, a ser apurada em liquidação de sentença. NÃO CONHECIMENTO DO PRIMEIRO RECURSO. PROVIMENTO PARCIAL DO SEGUNDO RECURSO. PROVIMENTO DO TERCEIRO RECURSO. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.21592
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL 
Des. DES. CELIA MELIGA PESSOA 
Julgado em 05/10/2004
3) PROCESSO: 2004.001.22732
RESPONSABILIDADE CIVIL DE BANCO 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA 
INDENIZACAO 
APELAÇÃO CÍVEL - RESPONSABILIDADE CIVIL DOS ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS - CODECON - INCIDÊNCIA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - DESNECESSIDADE DE INVERSÃO DO ÔNUS PROBATÓRIO - DEVER DE CAUTELA E DILIGÊNCIA ÍNSITOS À RELAÇÃO JURÍDICA EM QUESTÃO QUE IMPÕE A RESPONSABILIZAÇÃO PELOS DANOS EXPERIMENTADOS, INCLUSIVE MORAIS - Estando devidamente comprovada a relação consumerista entre o autor e o Banco-réu, bem como o dano decorrente deste liame jurídico, despiciendo se torna perquirir provas quanto à culpo do réu haja vista a inafastabilidade da responsabilização antevista pelo art. 14 da Lei 8078/90. Uma vez objetiva a responsabilidade não pode se dar o Banco-réu ao direito de esperar expressamente decisão que defira a inversão do ônus probatório, porquanto a relação contratual instaurada, para efeito de surtir a obrigação de reparar o dano não carece de prova de culpa strictu senso, bastando a comprovação do nexo de cousalidade entre o evento danoso e a conduta contratual. Desprovimento insofismável a aflição anímica e experimentada pelo Apelante, denotada esta pelas vicissitude encetadas em seu comportamente psicológico tornar-se imperiosa a indenização a titulo de dano moral. Apelo conhecido e provido, condenando o Apelado a indenizar o Apelante ante no montante de R$ I5.000,00 (quinze mil reais), corrigidos desde a publicação do julgado, e juros de mora desde a data do evento, mais custas e honorários advocaticios de 20% sabre o valor da causa. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.22732
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA SETIMA CAMARA CIVEL
Des. DES. MARIO GUIMARAES NETO 
Julgado em 29/09/2004
4) PROCESSO: 2004.001.18343
RESPONSABILIDADE CIVIL DE ESTABELECIMENTO HOSPITALAR 
INDENIZACAO POR MORTE 
DANO MORAL 
DANO MATERIAL 
RESPONSABILIDADE CIVIL DE CASA DE SAÚDE. Falha na prestação do serviço, culminando com a morte da vítima, ao permitir que pessoas, sem qualificação profissional, realizassem o parto daquela, resultando na sua morte e do feto. Sendo a responsabilidade objetiva, a prova do fortuito é ônus do réu. Inexistência de prova dele. Não adstrição ao laudo pericial. Sentença baseada em outros elementos dos autos, dentre eles a condenação de representante da ré pelo CREMERJ, que reconheceu falhas na condução do parto da vítima. Verba compensatória corretamente fixada. Verba do dano material reduzida. Sendo a relação contratual, os juros contam da citação. Correção monetária. Aplicação da taxa SELIC, o que afasta, a partir de sua aplicação, a incidência daquela. Verba honorária reduzida ao patamar de 15%, eis que inexiste fato excepcional, que justifique sua fixação no percentual máximo. Recurso parcialmente provido. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.18343
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA OITAVA CAMARA CIVEL 
Des. DES. CARLOS EDUARDO PASSOS 
Julgado em 28/09/2004
5) PROCESSO: 2004.001.05012
RESPONSABILIDADE CIVIL DE ESTABELECIMENTO HOSPITALAR 
ERRO MEDICO 
SEGURO SAUDE 
RESPONSABILIDADE SOLIDARIA 
DANO MORAL 
Responsabilidade civil. Erro médico. Erro de diagnóstico e de procedimento. Relação de consumo. Responsabilidade objetiva. Ação movida contra o estabelecimento hospitalar e contra o Plano de Saúde ao qual o mesmo se encontrava vinculado. Legitimidade das partes. Responsabilidade solidária, por parte da operadora do plano, em relação aos danos causados pelo estabelecimento por ela credenciado. Inocorrência de litispendência entre esta ação e outra movida contra o Plano de Saúde, visando à reparação por danos materiais e morais, com base em eventos diversos e, por conseqüência, com causas de pedir diferentes. Comprovada, pela prova testemunhal, a evidente falha na prestação dos serviços devidos ao consumidor, com o péssimo atendimento ao paciente, cujo diagnóstico restou incompleto e equivocado, e o tratamento necessário e adequado deixou de lhe ser ministrado, durante o período de internação, recebendo alta médica sem qualquer prescrição para o futuro, o que contribuiu, de forma efetiva, para o agravamento de seu quadro clínico, que era grave, com prejuízos à sua saúde, responde o hospital pelos danos causados ao consumidor, principalmente, se não se incumbiu de produzir qualquer prova no sentido de demonstrar que os serviços foram prestados com a eficiência e a segurança devidas e sem os defeitos alegados. Do mesmo modo, a prestadora de serviços de plano de saúde é responsável, concorrentemente, com o estabelecimento hospitalar por ela credenciado, pela qualidade dos serviços e do atendimento prestados aos seus associados. No entanto, em se tratando de responsabilidade concorrente e solidária não há que falar em condenação autônoma à nova verba indenizatória, pois o dano é um só. O erro de diagnóstico, com o tratamento inadequado, causando ao paciente o agravamento de seu estado de saúde, compromete o seu equilíbrio psicológico, bem assim, o de sua esposa e companheira de longos anos, dando ensejo ao dano moral, reparável pela via financeira. Verbas indenizatórias bem fixadas, observando os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, levando em consideração a gradação do sofrimento de cada uma das partes. Juros de mora que se contam da citação, por se tratar de relação contratual e de danos decorrentes do fato de serviço. Provimento parcial do recurso dos autores e desprovimento dos recursos das rés. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.05012
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: QUARTA CAMARA CIVEL 
Des. DES. FERNANDO CABRAL 
Julgado em 24/08/2004 
6) PROCESSO: 2003.001.36617
RESPONSABILIDADE CIVIL CONTRATUAL 
DANO MORAL 
VALOR DA INDENIZACAO 
MAJORACAO 
JUROS MORATORIOS 
AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. CONSTRANGIMENTO SOFRIDO PELA AUTORA AO SAIR DO ESTABELECIMENTO DA RÉ. A AUTORA FOI CHAMADA DE LADRA E REVISTADA DUAS VEZES DE FORMA GROSSEIRA PELOS SEGURANÇAS DA EMPRESA. SENTENÇA PROCEDENTE. APELAÇÕES. Não resta dúvida que se trata de hipótese de responsabilidade civil contratual, uma vez que entre as partes há uma relação jurídica consumerista, como bem observado pela douta Magistrada. Diante disto, comprovada a falha do serviço, por si só, caracteriza a responsabilidade objetiva, a qual não foi elidida pela ré, tendo em vista que não trouxe qualquer prova a seu favor. Os depoimentos testemunhais acostados aos autos comprovaram que o segurança da empresa ré chamou a autora de ladra, revistando-a duas vezes, com o objetivo de encontrar os produtos supostamente furtados. O constrangimento e a humilhação sofrida pela autora ressaltam aos olhos de qualquer pessoa, estando devidamente configurados os danos morais, surgindo para ré o dever de indenizá-los. Verba indenizatória deve ser majorada para o valor de R$ 13.000,00, visando a perfeita consonância com os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Juros moratórias devem ser alterados, devendo seguir a norma contida no art. 406 do novo Código Civil c/c art. 161, parágrafo único do CTN, a partir do dia 12/01/2003, tendo em vista a regra do art. 2035, do referido diploma. Honorários advocatícios mantidos tendo em vista a observância do art. 20, §3º, incisos do CPC. RECURSOS CONHECIDOS. PROVIMENTO PARCIAL DO 1º RECURSO, PARA MODIFICAR OS JUROSMORATÓRIOS E MAJORAR O VALOR DA INDENIZAÇÃO DEVIDA A TÍTULO DE DANOS MORAIS. IMPROVIMENTO DO 2º APELO. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2003.001.36617
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA QUARTA CAMARA CIVEL 
Des. DES. FERDINALDO DO NASCIMENTO 
Julgado em 17/08/2004
7) PROCESSO: 2004.001.14277
RESPONSABILIDADE CIVIL DE FABRICANTE 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA 
SUCUMBENCIA 
PROVIMENTO PARCIAL 
RESPONSABILIDADE DO FABRICANTE. Ausência de Caracter em Chassis de Automóvel. Inaptidão para Licenciamento do Veículo Junto ao Detran. Vício do Produto Caracterizado (CDC, art. 18). Responsabilidade Contratual Objetiva. Desnecessidade de Prova da Culpa Máxime pela Aplicação da Pena de Confissão (CPC, 343, §2º). Danos Materiais e Morais Devidos. Manutenção da Sentença. DESPESAS PROCESSUAIS e HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Distinção Entre Sucumbência Recíproca (CPC, 21, caput) e Sucumbência Parcial (CPC, 21, p. único). Reforma parcial da sentença. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.14277
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: SEGUNDA CAMARA CIVEL 
Des. DES. SERGIO CAVALIERI FILHO 
Julgado em 21/07/2004
1.8.3 – RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL SUBJETIVA
1) PROCESSO: 2004.001.14550
RESPONSABILIDADE CIVIL 
ACIDENTE DE TRANSITO 
INDENIZACAO POR MORTE 
DANO MORAL 
DANO MATERIAL 
RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL SUBJETIVA. INDENIZAÇÃO. ACIDENTE DE TRÂNSITO FATAL. COLISÃO DE VEÍCULOS. EXISTÊNCIA DO DANO, DO NEXO CAUSAL E DA CULPA. DANOS MORAIS E MATERIAIS VERBA A TÍTULO DE LUTO E FUNERAL. JUROS. A obrigação de indenizar, na responsabilidade civil extracontratual subjetiva depende da prova do dano, do nexo causal e da culpa. A colisão de veículos em via pública, objeto da reparação de danos morais e materiais pleiteada pelos descendentes da vítima, e pelo proprietário do veículo avariado, necessita da configuração conjunta destes pressupostos. Considerando todos os elementos probantes coligidos, tais como o Laudo do Local de Acidente de Trânsito com Vítima Fatal e a prova testemunhal colhida, verifica-se que restaram comprovados os três elementos supracitados, ensejando a obrigação de indenizar por parte da empresa ré. E neste raciocínio, afigura-se justo o quantum fixado na sentença, de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), a título de danos morais, sendo metade para cada filha da vítima, com os acréscimos legais. No que concerne ao pedido de indenização por danos morais para o 3º autor, proprietário do veículo que colidiu com o da ré, não se vislumbra tal lesão de ordem subjetiva, na medida que o mesmo, não se encontrava no automóvel, reconhecidamente conduzido por terceiro. Destarte, aquele somente suportou danos materiais decorrentes da avaria do seu veículo, cuja reparação foi coerentemente fixada no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), ante a prova coligida nos autos, de que o automóvel não havia sido consertado até a data da prolação da sentença. O ressarcimento das despesas atinentes ao luto e funeral é devido, posto que, como regra de experiência comum, é cediço que o enterro de pessoas não é mera faculdade, e sim imposição social, não sendo permitido que o corpo permaneça insepulto. Portanto, tal verba deve ser arbitrada dentro da razoabilidade, no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), incidindo sobre o mesmo, correção monetária e juros a partir da data do óbito. Com relação aos juros deve ser respeitada a legislação vigente nas épocas próprias, de modo que serão devidos juros legais de 0,5% (meio por cento) ao mês, consoante o artigo 962 do Código Civil/1916, a partir da data do evento até 10.01.2002, após o que, os juros serão de 1% (um por cento) ao mês, com fulcro no artigo 406 do Novo Código Civil c/c o artigo 161, § 1º do Código Tributário Nacional, valendo destacar, que a norma prevista no apontado artigo 2037 do Novo Código Civil, não se adequa ao fim colimado pela ré. Por derradeiro, a verba honorária de sucumbência deve ser suportada, integralmente, pela ré, na base de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação corrigido, aplicando-se o disposto no artigo 21, parágrafo único do Código de Processo Civil. Recursos conhecidos e parcialmente providos. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.14550
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL 
Des. DES. CLAUDIO DE MELLO TAVARES 
Julgado em 29/09/2004
2) PROCESSO: 2004.001.21847
ACIDENTE DE TRANSITO 
CONSTITUICAO FEDERAL DE 1988 
ANTERIORIDADE 
RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL 
DESCABIMENTO DE PERDAS E DANOS 
Civil. Acidente de trânsito. Colisão entre ônibus e motocicleta em cruzamento disciplinado por sinal luminoso. Fato ocorrido antes da promulgação da CF em vigor. Impossibilidade de aplicação de seu art. 37, parág. 6°. Responsabilidade, portanto, extracontratual subjetiva. Inexistência de prova de culpa do condutor do coletivo. Pedido de indenização rejeitado. Recurso desprovido.
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.21847
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA TERCEIRA CAMARA CIVEL 
Des. DES. NAMETALA MACHADO JORGE 
Julgado em 20/09/2004
3) PROCESSO: 2003.001.31657
ACIDENTE DE TRANSITO 
ATROPELAMENTO 
INDENIZACAO 
Responsabilidade Civil subjetiva. Atropelamento. Lesão Corporal Grave. Tratando-se de responsabilidade extracontratual subjetiva, é indispensável, para que tenha lugar a obrigação de indenizar, a comprovação da culpa do Réu, cabendo ao Autor o ônus da prova ex-vi do disposto no artigo 333, I do Código de Processo Civil. Atropelamento ocorrido em local de alta periculosidade para pedestres, Culpa não comprovada do Réu em contraste com fortes indícios de culpa da vítima, sendo certo que esta, aliás, só haveria que ser sopesada no trato da responsabilidade objetiva e, não sendo este o caso, torna-se imprescindível o pressuposto basilar da responsabilidade aquíliana, qual seja, o elemento subjetivo culpa. Recurso conhecido e não provido. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2003.001.31657
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL 
Des. DES. MARIO ROBERT MANNHEIMER 
Julgado em 24/08/2004
4) PROCESSO: 2004.001.17661
RESPONSABILIDADE CIVIL 
ACIDENTE DE TRANSITO 
ATROPELAMENTO 
DANO MATERIAL 
AUSENCIA DE COMPROVACAO 
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA ACIDENTE DE TRÂNSITO ATROPELAMENTO RESPONSABILIDADE SUBJETIVA CULPA NÃO COMPROVADA. DANO MATERIAL NÃO COMPROVADO. Na responsabilidade civil extracontratual e subjetiva é necessária a comprovação inequívoca do fato, bem como do dano, da culpa e do nexo de causalidade. Não há que se falar em dever de indenizar quando a autora não comprova os danos materiais que foram pleiteados na sua inicial. Manutenção do julgado. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.17661
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA SETIMA CAMARA CIVEL 
Des. DES. RUDI LOEWENKRON 
Julgado em 11/08/2004
1.8.4 – RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL OBJETIVA
1) PROCESSO: 2004.005.00142
RESPONSABILIDADE CIVIL DE CONCESSIONARIA DE SERVICO PUBLICO 
EMPRESA DE TRANSPORTE 
ATROPELAMENTO 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA 
"EMBARGOS INFRINGENTES. VOTO VENCIDO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. ATROPELAMENTO. 1. A responsabilidade civil do transportador pode ser examinada por três aspectos: em relação aos seus empregados, em relação aos seus passageiros e em relação a terceiros. 2. O § 6º, do art. 37, da Carta Magna transformou em objetiva a responsabilidade civil do Estado, fundada no risco administrativo, estendendo-a às pessoas jurídicas de direito público prestadoras de serviços públicos. 3. O transporte coletivo é serviço público concedido, permitido ou autorizado. 4. A responsabilidade civil do transportador em relação a terceiros é afastada peias causas queexcluem o nexo etiológico: fato exclusivo da vitima, caso fortuito ou força maior e fato exclusivo de terceiro. 5. O art. 14 do Código de Defesa do Consumidor atribuiu responsabilidade objetiva ao fornecedor de serviços. 6. O art. 17 equiparou todas as vítimas do evento, ainda que estranhas à relação contratual, superando a clássica dicotomia entre a responsabilidade contratual e a extra-contratual. 7. Desta forma, com as modificações introduzidas pelas normas de defesa do consumidor, a responsabilidade civil nas relações de serviço e de consumo está submetida a uma única disciplina. 8. Provimento dos embargos infringentes." 
Tipo da Ação: EMBARGOS INFRINGENTES 
Número do Processo: 2004.005.00142
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: OITAVA CAMARA CIVEL 
Des. DES. LETICIA SARDAS 
Julgado em 09/09/2004
2) PROCESSO: 2004.001.26125
ACIDENTE DE TRANSITO 
MOTOCICLISTA 
ONIBUS 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA 
TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO 
RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL. PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO. TRANSPORTE PÚBLICO. APLICABILIDADE DO ARTIGO 37, § 6° CRFB. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. COMPROVAÇÃO DO NEXO CAUSAL. DANO DE ORDEM MORAL E MATERIAL. DEVER DE INDENIZAR. ARBITRAMENTO DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS OBSERVANDO OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. MANTENÇA DO QUANTUM ARBITRADO NA SENTENÇA. REQUERIMENTO DE LUCROS CESSANTES CONSTANTES DAS RAZÕES DE APELADO. IMPOSSIBILIDADE. OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DO TANTUM DEVOLUTUM QUANTUM APPELATUM. VINCULAÇÃO DO TRIBUNAL AS RAZÕES RECURSAIS CONSTANTES DA APELAÇÃO. RECURSO DESPROVIDO. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.26125
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: SEGUNDA CAMARA CIVEL 
Des. DES. ANTONIO SALDANHA PALHEIRO 
Julgado em 03/11/2004
3) PROCESSO: 2004.001.12293
AÇÃO ORDINÁRIA. Cartão de crédito. Responsabilidade civil extracontratual. Relação de consumo e responsabilidade objetiva. Prática comercial abusiva resultando em injusta anotação em cadastro restritivo de crédito, já que o produto não foi solicitado pelo pretenso adquirente. Dano que está in re ipsa. Arbitramento que bem ponderou os critérios da razoabilidade e da proporcionalidade como os princípios norteadores da intensidade da ofensa, sua repercussão no íntimo da vítima, o grau de fortuna das partes, e o punitivo-pedagógico. Recurso não provido. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.12293
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA QUINTA CAMARA CIVEL 
Des. DES. HENRIQUE MAGALHAES DE ALMEIDA 
Julgado em 22/09/2004
4) PROCESSO: 2004.001.05834
ACAO DE INDENIZACAO 
ACIDENTE DE TRANSITO 
NEXO DE CAUSALIDADE 
AUSENCIA DE COMPROVACAO 
NEGADO PROVIMENTO 
PROCEDIMENTO SUMÁRIO. Responsabilidade civil extracontratual. Abalroamento de automóvel por outro veículo. A responsabilidade objetiva do patrão exige prova da ação culposa do preposto. Na responsabilidade civil, mister é que concorram a ação culposa, o nexo e dano, de sorte que faltando um deles não haverá o dever de reparar. Prova a cargo do autor, não desempenhada, no caso, sendo contraditório um depoimento e nada esclarecedor o outro. Fotos que só provam o local e não o fato. Sentença de improcedência. Recurso não provido. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.05834
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: DECIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL 
Des. DES. HENRIQUE MAGALHAES DE ALMEIDA 
Julgado em 04/08/2004
5) PROCESSO: 2004.001.18708
RESPONSABILIDADE CIVIL DE FERROVIA 
NEXO DE CAUSALIDADE 
FALTA DE PROVA 
APELAÇÃO. Dano moral. Responsabilidade civil extracontratual objetiva, em que se não cogita do elemento subjetivo culpa, bastando à vítima comprovar o dano e o nexo de causalidade. Dano consubstanciado na morte do filho e irmão dos autores. Nenhuma prova foi ministrada quanto a ser a vítima passageira de composição ferroviária de propriedade da ré e que dela teria caído, vindo a ser atropelada. O fato de o corpo haver sido encontrado nos trilhos da linha férrea não se mostra suficiente para imputar à ré a responsabilidade pela morte. À falta de comprovação de que a ré houvesse dado causa ao resultado, nenhum é o seu dever reparatório. Provimento do recurso, para julgar improcedentes os pedidos, invertida a sucumbência, com observância do art. 12 da Lei n° 1.050/60. 
Tipo da Ação: APELACAO CIVEL 
Número do Processo: 2004.001.18708
Data de Registro : // 
Órgão Julgador: SEGUNDA CAMARA CIVEL 
Des. DES. JESSE TORRES 
Julgado em 04/08/2004
Unidade II – PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL
2.1 - Ação ou omissão do agente
Na Responsabilidade Objetiva:
								Ação (atividade positiva)
Conduta ou comportamento do sujeito		 		atividade negativa
		Omissão	 =
										 abstenção
DEVER JURÍDICO ORIGINÁRIO
=
OBRIGAÇÃO
 Norma estabelecida no contrato			 Norma estabelecida em lei
	 (contratual)				 (extracontratual)
DEVER JURÍDICO SUCESSIVO
=
DÉBITO
=
RESPONSABILIDADE
Violação do dever jurídico originário		 Violação do dever jurídico originário
 estabelecido no contrato			 	 estabelecido na lei
(Responsabilidade Civil Contratual)		 (Responsabilidade Civil Extracontratual)	
	Ação do Agente						Omissão do Agente
(Conduta ou Comportamento			 (Conduta ou comportamento negativo,
	positivo)					 uma abstenção violadora de um
							 dever de agir, imposto pela lei ou
							 pelo contrato)
 Responsabilidade Subjetiva				 Responsabilidade Objetiva
 =								 =
 Conduta Culposa						 Conduta
 GERA A OBRIGAÇÃO DE REPARAR OS DANOS
							Conduta culposa
(	Na Responsabilidade Subjetiva			ou
							Comportamento culposo
Conduta:	é o comportamento humano voluntário que se exterioriza, produzindo conseqüências jurídicas, e pode ser através de uma ação ou de uma omissão do agente.
Ação:	é um movimento corpóreo comissivo, um comportamento positivo violador de um dever jurídico imposto pelo contrato (Responsabilidade Civil Contratual) ou violador de um dever jurídico, imposto pela lei (Responsabilidade Civil Extracontratual).
Omissão:	a omissão adquire relevância jurídica no momento em que o sujeito tem um dever jurídico de agir, de praticar um ato para impedir o resultado, dever esse que pode advir de um contrato (Responsabilidade Civil Contratual) ou da lei (Responsabilidade Civil Extracontratual). O sujeito, nesta hipótese, coopera na realização do evento danoso, com uma atitude negativa, deixando de movimentar-se ou não impedindo que o resultado se concretize.
Responsabilidade Civil Direta
É aquela decorrente de um fato próprio, ou seja, decorrente de um fato pessoal (de uma conduta pessoal do próprio causador do dano).
Responsabilidade Por Fato Próprio (por conduta própria)
Ex.:	Colisão de veículo em que o condutor causa dano a outrem (art. 186, do CC);
Responsabilidade Civil Indireta
É aquela responsabilidade vinculada ao responsável indiretamente, em virtude de sua ligação com o sujeito (terceiro que causou o dano), como também, em virtude de sua ligação com coisas ou animais que estejam sob a sua guarda e que venham a causar prejuízo.
Responsabilidade por Fato de Outrem (art. 932, I a V, do CC) ( Prevista em lei
os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se alberguem por dinheiro, mesmopara fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.
Responsabilidade por Fato da Coisa
Arts. 937 e 938, do CC.
Responsabilidade por Fato de Animais
Art. 936, do CC.
RESPONSABILIDADE INDIRETA (POR FATO DE OUTREM - SOLIDARIEDADE) ≠ 
CO-PARTICIPAÇÃO OU CO-AUTORIA (SOLIDARIEDADE)
RESPONSABILIDADE INDIRETA (POR FATO DE OUTREM - SOLIDARIEDADE)
 A				 A		 B = Responsabilidade Civil Objetiva
								(independe de culpa)
				 B		 C = Responsabilidade Civil
(conduta direta – com culpa – na Responsabilidade Civil Subjetiva)
A 	Responde indiretamente pelos prejuízos causados a C, independente de culpa.
 B			 C
 CONDUTA
Legenda:
A = pai; tutor; curador; empregador ou comitente; os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se alberguem por dinheiro
B = filho menor; pupilo; curatelado; empregados, serviçais e prepostos; hóspedes, moradores e educandos
C = "vítima" da conduta de B
Exemplo:
B =	empregado
A = 	empregador de "B", que responderá indiretamente pelos danos causados a "C", independente da culpa.
B e A = RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA, sendo que A responde INDIRETAMENTE, por fato de outrem (art. 942, parágrafo único do CC/02)
CO-PARTICIPAÇÃO OU CO-AUTORIA (SOLIDARIEDADE)
				Respondem solidariamente pelos danos causados a
A				"C", pois ambos, com suas condutas diretas causam		A 	prejuízos e, por este motivo, ficam obrigados a reparar
					os danos
 CONDUTA
				e	Exemplo:	B =	sujeito de 18 anos de idade
A =	sujeito de 18 anos de idade 
B	
C =	vítima dos danos causados por "A" e "B"	 lesões corporais praticadas por ambos / "A" e "B" respondem solidariamente pelos prejuízos causados à vítima 
 B			C							
 CONDUTA
A = sujeito
B = sujeito
C = "vítima"
.2 - Estudo Completo da Culpa
2.2.1 - Noções Gerais
-	O artigo 186 preceitua que a ação ou omissão seja voluntária ou que haja, pelo menos, negligência ou imprudência. Portanto, é necessário que o agente tenha agido com culpa. 
-	Na responsabilidade subjetiva, a culpa é elemento indispensável para a obrigação de indenizar.
-	Agir com culpa significa merecer a reprovação do direito por ter faltado com o dever de cuidado que o agente podia conhecer e observar. O dever de cuidado consiste em agir com a cautela necessária na prática de atos comuns visando não causar danos a bens ou a direitos alheios. Exige-se, portanto, que o agente esteja atento ao modo de agir adequado para realizar seus objetivos.
-	Para verificação do procedimento mais adequado, compara-se a ação do agente à ação esperada do homem médio, do qual se espera uma diligência cuidadosa e sensata, que poderá ser comparável àquele caso concreto.
-	Se o agente não observar o dever de cuidado estará agindo com culpa, pois estará infringindo uma primeira norma de convívio social que é o dever de não causar danos a outrem. Se ele devia e podia ter agido de forma diferente e não o fez, terá agido com culpa.
-	Se, para alcançar seu objetivo o agente resolver agir de forma imprópria, mesmo para alcançar um fim lícito, incorrerá em um erro de conduta, que também é caracterizador da culpa, pois há o dever de se escolher o meio mais adequedo para a prática de cada ação.
-	Culpa em Sentido Amplo (	leva em consideração a culpa e o dolo.
-	Culpa em Sentido Estrito (	leva em consideração apenas a culpa.
2.2.2 - Conceitos de Culpa
	A conceituação da culpa é bastante variável na doutrina.
	Para Aguiar Dias: “a culpa é a falta de diligência na observância da norma de conduta, isto é, o desprezo, por parte do agente, do esforço necessário para observá-la, com resultado não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração das conseqüências eventuais de sua atitude”.
	Caio Mário diz que “pode-se conceituar culpa como um erro de conduta, cometido pelo agente que, procedendo contra direito, causa dano a outrem, sem a intenção de prejudicar, e sem a consciência de que seu comportamento poderia causa-lo”.
	Sérgio Cavalieri Filho, menciona a noção de culpa como “conduta voluntária, contrária ao dever de cuidado imposto pelo Direito, com a produção de um evento danoso involuntário, porém previsto ou previsível”.
	Para Carlos Roberto Gonçalves, “a culpa implica a violação de um dever de diligência, que se afere em comparação do comportamento do homem médio, com o do agente causador do dano”.
2.2.3 - Culpa Lato Sensu e Culpa Stricto Sensu
	Podemos afirmar, com base nos ensinamentos de parte da doutrina, que na culpa estariam presentes os seguintes requisitos para sua configuração: a culpa lato sensu , que abrange o dolo e, a culpa stricto sensu.
	A culpa lato sensu, ou culpa em sentido amplo, abrange todo o comportamento contrário ao direito, ou seja, abrange o dolo e a culpa propriamente dita.
	Há doutrinadores que não vêem relevância na distinção entre dolo e culpa em face da Responsabilidade Civil, visto que o objetivo desta é a reparação do dano e não a punição do agente, que é função do direito penal.
	O novo código civil inovou neste sentido através da regra expressa no parágrafo único do artigo 944, pois permite ao julgador a avaliação do grau da culpa do agente para a determinação do montante a ser indenizado.
	Na verdade, o efeito trazido por esta norma é que a Responsabilidade Civil não mais poderá ter o condão de servir como uma punição na esfera civil ao agente causador do dano, especialmente quando este tiver agido com culpa leve ou levíssima. Observa-se, portanto, que o dispositivo é bastante claro, abrangendo apenas os casos de ação com culpa. Assim, se o agente agiu com dolo não há que se valer deste benefício legal (Sérgio Cavalieri, Programa de Resp. Civil, Ed. Malheiros, Pág. 49).
	A culpa stricto sensu ou em sentido estrito, também chamada culpa aquiliana, é a culpa propriamente dita. Caracteriza-se pela falta de intenção do resultado, embora pudesse ser previsto. Manifesta-se pela negligência, imprudência ou imperícia.
2.2.4 - Elementos da Culpa
Voluntariedade do comportamento do agente (da conduta)
(expresso no art. 186, do CC)
Previsibilidade (do resultado)
Só se pode apontar a culpa se o resultado era previsível. Se for de forma imprevisível, não há porque se falar em culpa.
Violação de um dever de cuidado
No que tange a voluntariedade, exige-se que a conduta do agente seja voluntária para que possa ser caracterizada a culpabilidade, mas esta voluntariedade estará desprendida do resultado obtido, que é inesperado. Observa-se que não há a intenção de provocar o dano. Se houver, o agente estará agindo com dolo. É o erro de conduta, a má escolha da maneira adequada para a ação que proporciona o resultado inesperado. Se não há voluntariedade não há que se falar em culpa. 
Outrossim, só haverá culpa se o prejuízo experimentado pela vítima pudesse ser previsto no tempo da ação. Previsível é aquilo que tem certo grau de probabilidade, de forma que, segundo as regras da experiência, é razoável prevê-lo (Cavalieri, pág. 55). Para se auferir se o resultado era previsível, é necessário que se considere, além dos fatos em si, as condições pessoais do sujeito, bem como as circunstâncias do momento de sua ação, devendo ser considerados, sua idade, sexo, condição social, grau de instrução, etc. Se não for possível a previsibilidade, entraremos na seara do fortuito, que é causa de excludente da culpabilidade.
A violação de um dever de cuidado é a essência da culpa. Constitui-se pela falta de cuidado, cautela, diligência ou atenção no exercício de uma atividade. 
Em suma, os elementos da conduta culposa se entremeiam. A violação de um dever de cuidado é o complementodos demais, visto que sem ele não haveria culpa, não haveria o dano e consequentemente não haveria o dever de indenizar.
2.2.5 - Formas da Culpa
Imprudência (	falta de cuidado decorrente de uma ação. É a ação do agente sem a cautela necessária, ou seja, quando arrisca desnecessariamente a enfrentar o perigo, quando é previsível o resultado danoso.
				Ex.: dirigir em alta velocidade
Negligência (	falta (inobservância do dever) de cuidado decorrente de uma omissão.
Ex.: não trocar um pneu "careca", ou não consertar uma lanterna traseira, provocando grave acidente
Imperícia (	falta de aptidão para aquela atividade técnica. Inaptidão técnica ou falta de conhecimento para a ação praticada. Embora não esteja expressa no artigo 186 do Novo Código civil, está implícita, visto que a imperícia pode ser considerada uma espécie de negligência técnica ou profissional.
Ex.: É o caso do erro médico, do advogado que não interpõe um recurso cabível, daquele que dirige um veículo sem ser habilitado e provoca um acidente, entre outros. “Michele em Curvelo!”
2.2.6 - Graus e Formas de Manifestação da Culpa em Sentido Estrito
	Examinada em sua gravidade, a culpa se triparte em culpa grave, leve e levíssima.
	A culpa grave é a violação mais séria do dever de diligência, por isso ao dolo se equipara. É também chamada culpa consciente. É a falta de cuidado extrema por parte do agente, um descuido anormal. Difere do dolo eventual do Direito Penal pelo fato de que nesta o agente acredita que o evento danoso não ocorrerá e no dolo eventual ele se arrisca sabendo da possibilidade de ocorrência do dano.
	A culpa leve é a falta que podia ser evitada com atenção ordinária. Quando o indivíduo não adotou as cautelas comuns ao homem médio. 
	A culpa levíssima verifica-se quando a atenção para evitar o dano seria extraordinária, não podendo ser comparada, nem mesmo, à atenção esperada do homem médio, o bonus pater família. Somente poderia se esperar de uma pessoa muito atenta, dotada de conhecimento especial que pudesse ser aplicado naquele caso concreto.
Assim:
Culpa Grave (	Embora não intencional, o comportamento do agente demonstra que ele atuou como se tivesse intenção do resultado. É grave quando imprópria ao comum dos homens. É a modalidade que mais se assemelha ao dolo. É decorrente de uma violação mais séria do dever de diligência que se exige do homem mediano. Ex:Ocorre na responsabilidade civil automobilística, em casos de excesso de velocidade, de ingresso em cruzamentos com o semáforo fechado, de direção em estado de embriaguez, etc.
Culpa Leve (	Falta de diligência de um homem normal.
Culpa Levíssima (É a falta que apenas um homem diligentíssimo, não cometeria.
Observação: 
	Na responsabilidade aquiliana, a mais ligeira culpa produz obrigação de indenizar – in lege aquilia et levíssima culpa venit (Carlos Roberto Gonçalves). A regra geral determina que, independentemente do grau da culpa, a indenização será medida pela extensão do dano.
	Diante do Código Civil anterior (1916), parte da doutrina considerava irrelevante a graduação da culpa, mas à luz do Novo Código Civil de 2002, tornou-se questão indispensável frente ao que dispõe o parágrafo único do artigo 944. A mensuração do quantum indenizatório da Responsabilidade Civil poderá depender também do grau da culpa do agente causador do dano. A extensão do dano deixou de ser o único parâmetro para a determinação e quantificação da indenização. Aliado à ela, o grau da culpa, quando se tratar de culpa leve ou levíssima, toma posição para proteger também os interesses do agente quando houver uma desproporção entre sua ação e o dano consequente dela. 
Questionamento:
	O Grau de culpa pode influenciar no valor da indenização?
	Resposta: Inovação do C.C – Art. 944 (caput) - a indenização deve ser fixada baseada na extensão do dano (não havendo influencia do grau de culpa). “A indenização mede-se pela extensão do dano”.
	Art. 944, parágrafo único do C.C. – inovação, pois o juiz poderá reduzir eqüitativamente o valor da indenização quando houver desproporção entre a gravidade de culpa (grau) e a extensão do dano. Tem que haver uma desproporção entre o grau da culpa e a extensão do dano. “Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e op dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização”.
	A primeira parte do dispositivo legal consagra o principio tradicional de que, desde que haja culpa, a obrigação de indenizar, a cargo do agente, é sempre a mesma. A cobertura dos danos causados deve ser integral. Entretanto, o parágrafo único confere ao juiz o poder de agir eqüitativamente, com base no grau de culpa e a extensão do dano.
2.2.7 - Espécies de Culpa
Direta (	conduta do agente está diretamente ligada ao evento danoso.
Indireta (	responde, indiretamente, por atos de terceiros ligados ao evento danoso.
Culpa Contratual (	quando a conduta do agente viola uma disposição contratual, gerando a obrigação de reparar os prejuízos.
Culpa Extracontratual (	quando a conduta do agente viola um dispositivo legal, gerando a obrigação de reparar os prejuízos.
Culpa in Contraendo (	culpa em função da situação do contrato.
Culpa in Comittendo (	decorre de uma ação.
Culpa in Omittendo (	decorre de uma omissão.
Culpa Presumida (	Não pode ser confundida com a responsabilidade objetiva, pois esta prescinde de culpa. Na culpa presumida o que há é a inversão do ônus da prova, porém, localiza-se na esfera da responsabilidade subjetiva. Entretanto, a presunção é relativa, iuris tantun, e pode ser elidida por prova em contrário.
Culpa Concorrente (	A conduta do agente e a conduta da vítima concorrem para o resultado danoso. Na falta de uma das ações o resultado não se produziria. Nestes casos em que é reconhecida a participação da vítima, a jurisprudência e a doutrina recomendam que a indenização seja repartida, assumindo cada parte a proporção de sua culpa, dividindo assim o prejuízo verificado, assim como o Novo Código Civil trouxe regra expressa neste sentido no seu artigo 945: “
Culpa in Concreto (	Aquela examinada na conduta específica sob exame.
Culpa in Abstrato (	Aquela conduta de transgressão avaliada pelo padrão do homem médio.
Culpa in Vigilando (	Ligada ao dever de vigiar. Decorrente da ausência de fiscalização, falta de atenção ou cuidado com o procedimento de outrem que esteja sob a guarda ou responsabilidade do agente. Ocorre, por exemplo, em relação aos pais que respondem pelos atos dos filhos menores
					
Culpa in Eligendo (	Ligada a eleição, má escolha. É a que decorre da má escolha do representante. Com base na Súmula n. 341 do STF, a culpa do patrão é presumida pelo ato culposo do empregado ou preposto.
					
Culpa in Custodiendo (	Culpa em função da custódia ou da guarda (coisa e animal).
Observação:
Com o advento do Novo Código Civil de 2002, que adotou expressamente a responsabilidade objetiva em seu artigo 933, as culpas in eligendo, in vigilando e in custodiendo foram abrangidas e não mais se tratará de culpa presumida nestes casos, pois a responsabilidade objetiva impõe que, a obrigação de indenizar ocorra independentemente de culpa
2.2.8 - Imputabilidade (Regra Geral - art. 186, do CC)
Imputar é atribuir à alguém, a responsabilidade pela prática de um ato.
Imputabilidade é o conjunto de condições pessoais que dão ao agente capacidade para responder pelas conseqüências de uma conduta contrária a um dever jurídico.
Imputável é o sujeito que podia e devia ter agido de algum modo e que, diante de sua conduta lesiva, é obrigado a reparar os danos causados. Ter capacidade de discernimento de seus atos.
	Elementos da Imputabilidade: maturidade (desenvolvimento mental) e sanidade (higidez).
	Os menores de 16 anos não são responsáveis porque são incapazes, nos termos do art. 3º, I, do Código Civil, pois falta-lhes maturidade. 
	São igualmente irresponsáveis

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