Buscar

Competência Jurisdicional: Conceito, Distribuição e Classificação


Continue navegando


Prévia do material em texto

Competência
Conceito: É o critério usado para distribuir as funções jurisdicionais entre os órgãos do poder público para desempenharem a jurisdição – que nada mais é o poder uno, que o Estado tem de compor conflitos-.
A competência está prevista nas normas constitucionais, em normas processuais e em leis de organização judiciária.
2.0 Distribuição da Competência: Os órgãos jurisdicionais do Estado assumem toda a demanda, desde que não seja da justiça especial e federal.
3.0 Classificação da Competência: 
3.1- Competência Interna: Aponta quais órgãos trabalharam em cada caso concreto específico a fim de resolver o litígio.
3.2- Competência Internacional: Definem as causas em que a justiça brasileira deverá conhecer e decidir.
Competência Internacional
Os arts. 21 ao 24 do NCPC limitam a jurisdição brasileira até onde o Estado consiga agir, de acordo com o princípio da efetividade. Sempre respeitando a jurisdição de outras nações.
4.0 Espécies de Competência Internacional: A Justiça brasileira, em face da estrangeira pode ser:
4.1- Cumulativa (arts. 21 e 22 CPC): Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I- O réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II- No Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
III- O fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver agência, filial ou sucursal.
Art. 22. Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações:
i- de alimentos, quando:
O credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
O réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II- Decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil;
III- em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional.
4.2 Exclusiva (art. 23): Nos casos exclusivos do art. 23, a jurisdição é exclusiva da justiça brasileira, nenhum efeito jurisdicional estrangeiro terá efeito no Brasil.
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra:
Conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
Em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional;
Em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Quando houver cláusula de foro estrangeiro em contrato internacional o réu poderá alegar a incompetência em preliminar de contestação, porém se a cláusula estiver inclusa em competência exclusiva da pátria a contestação será nula e prevalecerá o foro brasileiro.
Competência Concorrente e Litispendência
Uma ação estrangeira não impede a justiça brasileira de agir sobre a mesma matéria, porém a decisão estrangeira poderá ser aqui ajuizada, podendo ser aceita ou não. Não produzindo efeitos coisas julgadas fora do país que sejam de competência exclusiva da justiça brasileira.
Cooperação Internacional
Art. 26. A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará:
O respeito às garantias do devido processo legal no estado requerente;
A igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados;
A publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado requerente;
A existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação;
A espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras.
§1. Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá revelar-se com base em reciprocidade, manifestada por via diplomática.
§2. Não se exigirá a reciprocidade referida no §1. Para homologação estrangeira.
§3. Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que produzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro.
§4. O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação específica.
Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto:
Citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial;
Colheita de provas e obtenção de informações;
Homologação e cumprimento de decisão;
Concessão de medida judicial de urgência;
Assistência jurídica internacional;
Qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
5.0 Modalidades de Cooperação
5.1 Ativa: Quando a autoridade nacional requer da estrangeira.
5.2 Passiva: Quando autoridade estrangeira requer da autoridade nacional.
A cooperação dar-se-á por meio de auxílio direto (arts. 28 ao 34) ou por meio de carta rogatória (arts. 35 e 36). 
Auxílio Direto: É cabível quando a decisão jurisdicional estrangeira não depende de homologação ou delibação da jurisdição brasileira, quando necessitar a cooperação só ocorrerá por outras vias judiciais (arts. 960 ao 965).
Objetos do auxílio direto. Art. 30:
(i) obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou jurisdicionais findos ou em curso; 
(ii) colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência exclusiva de autoridade judiciária brasileira; 
(iii) qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Se a autoridade estrangeira não necessitar do poder judiciário, o órgão central tomará as providências, poderá encaminhar o pedido para o órgão administrativo competente, caso necessite do PJ. Encaminhará para a AGU que irá requerer o juízo da medida solicitada. (Arts. 32 e 33). Caso o MP seja o órgão central do procedimento de cooperação, este poderá fazer os requerimentos em juízo federal, sem intervenção da AGU (Art. 33).
Será recusado o pedido de cooperação jurídica internacional passiva sempre que se configurar “manifesta ofensa à ordem pública” (art. 39). Não se procederá, outrossim, pelas vias da cooperação jurídica internacional, aos atos de execução de decisão judicial estrangeira, caso em que se deverá adotar o regime da carta rogatória ou da ação de homologação de sentença estrangeira (art. 40 c/c art. 960).
Para pedidos de órgãos estrangeiros: arts. 37 ao 41.
Regras gerais: arts. 28 ao 34.
Carta Rogatória: Instrumento de cooperação, usado para: citação, intimação, notificação judicial, colheita de provas, obtenção de informações e de cumprimento de decisão interlocutória, sempre que a decisão estrangeira depender da execução brasileira. Os requisitos são os mesmos da carta precatória (art. 260).
O veto do art. 35 se deu pelo presidente da república, visando a celeridade e a retirada da exclusividade da carta rogatória nos tramites, permitindo assim alguns atos por meio do auxílio direto.
A carta rogatória é de competência do STJ, de forma contenciosa, devendo respeitar o devido processo legal para obtenção do exequatur junto ao STJ.
A defesa se limitará a aceitar o cumprimento ou não do ato, não caberá também a justiça brasileira rever o mérito do pronunciamento judicial estrangeiro (Art. 36 §1 e §2).