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Doenças infecciosas Febre Aftosa

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Doenças infecciosas – Febre Aftosa
Introdução
A febre aftosa é uma doença viral, altamente contagiosa, causada por um RNA-vírus, pertencente à família Picornaviridae, gênero Aphtovirus. A enfermidade afeta animais de casco fendido (partido), como bovinos, suínos, ovinos e caprinos. A enfermidade é indistinguível de outras doenças vesiculares (estomatite vesicular, exantema vesicular, doença vesicular dos suínos...).
Agente etiológico
Vírus RNA linear não envelopado, de capsídeo icosaédrico, da família Picornaviridae. Existem alguns subtipos, sendo os patogênicos tipos a, o e c. O tipo a é o mais comum e mais patogênico. Contém as proteínas VP1, VP2, VP3 e VP4, sendo a proteína VP1, indutora da febre aftosa.
Transmissão e Sintomas
Esta enfermidade geralmente ocorre na forma de surto que se dissemina rapidamente no rebanho. A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato entre animais doentes e sadios. O vírus é eliminado para o meio ambiente por meio das secreções e excreções dos animais doentes como secreções nasais, saliva, sêmen, leite, urina e fezes, contaminando o meio ambiente. Entretanto, o vírus também pode ser transportado pelo ar e pelas pessoas (pelas mãos e vestimentas) que podem transmitir a doença para os animais. Também pode ocorrer a transmissão pela ingestão de água, leite ou alimento contaminado com o vírus. O período de incubação é rápido (cerca de 3 a 7 dias), seu poder é muito infectante, mesmo quando o animal é exposto a poucas partículas virais, está suscetível à infecção.
A Febre Aftosa é considerada uma zoonose, apesar de o homem raramente se infectar. A disseminação da febre aftosa é alta devido ao de fato de uma baixa carga viral ser suficiente para causar infecção. Os sintomas em bovinos são: Febre, vesículas na boca, causando salivação excessiva e nas patas e tetas. As vesículas podem estourar formando úlceras. Esses sintomas interferem diretamente na alimentação e locomoção do animal causando perda de apetite e manqueira, agitação, redução da produção de leite, redução de peso, diminuição da eficiência reprodutiva, ranger dos dentes. O animal pode vir à óbito, principalmente os jovens ou debilitados. O vírus pode se replicar em toda parede laminar do casco e no rodete coronário provocando a queda do casco. Em suínos, a casuística são as lesões nas patas, entre cascos (espaço interdigital), podendo haver perda da coroa do casco. Em caso de suspeitas da doença os proprietários ficam obrigados a comunicar o fato ao serviço veterinário oficial.
	Patogenia da febre aftosa em bovinos
	Inalação do vírus
	
24 a 72 horas (1 a 3 dias)
	Infecção de células na cavidade nasal, faringe e esôfago
	
	Replicação do vírus e disseminação para células adjacentes
	
	Passagem do vírus para vasos sanguíneos e linfáticos
	
	Infecção de nódulos linfáticos e glândulas
	
	Infecção de células da cavidade oral, patas, úbere e rúmen
	
	Começo da febre
	
72 a 96 horas (3 a 4 dias)
	Aparecimento de vesículas na cavidade oral, patas, úbere e rúmen
	
	Salivação, descarga nasal e claudicação
	
	Ruptura de vesículas e intensificação dos sintomas
	
120 horas (5 dias)
	Final da febre
	
	Final da viremia e começo da produção de anticorpos
	
	Diminuição do título de vírus em vários tecidos e líquidos
	Desde o 8º dia
	Cura de lesões e o animal começa a comer
	Desde o 10º dia
	Desaparecimento gradual do vírus de tecidos e líquidos
	
Desde o 15º dia
	Aumento da produção de anticorpos
	
	Cura completa (O vírus pode persistir na região nasofaringeana de 6 a 24 meses em bovinos e de 4 a 5 meses em pequenos ruminantes segundo fichas técnicas da OIE)
	15 dias
Ovinos e caprinos apresentam sinais mais brandos, como febre e pequenas vesículas na cavidade oral e próximo aos cascos. Os ovinos são considerados animais sentinelas No Brasil não houve notificação de casos de febre aftosa em caprinos.
Na necropsia, pode ser detectada cardiomiopatia, principalmente em bovinos jovens. Outro achado é o coração tigrado. O diagnóstico da febre aftosa pode ser realizado pela observação dos sinais clínicos e testes sorológicos. É importante realizar o diagnóstico diferencial para a estomatite vesicular que causa sintomas parecidos nos animais.
Diagnóstico
O diagnóstico diferencial envolve uma série de enfermidades, devido aos sinais clínicos inespecíficos. Algumas delas são: Estomatite vesicular, doença vesicular dos suínos, exantema vesicular dos suínos, doença das mucosas (BVD), ectima contagioso, febre catarral maligna, etc.
Devido a três dessas doenças clinicamente semelhantes, o diagnóstico clínico não é definitivo. São elas: Estomatite vesicular (porém esta ocorre somente nas Américas, acometendo além dos biungulados, os equinos e a velocidade de transmissão é menor), exantema vesicular e doença vesicular dos suínos. O diagnóstico definitivo é realizado através da sorologia (Fixação de Complemente/Elisa) ou isolamento do vírus em amostras do epitélio e do líquido vesicular (coletados de forma a evitar contaminação bacteriana). Não há laboratórios credenciados para diagnóstico da febre aftosa. Feita a notificação após a suspeita no exame clínico, são tomadas as medidas cabíveis, como a interdição da propriedade em 24 horas até o diagnóstico laboratorial. Os agentes da defesa agropecuária são direcionados à propriedade e fazem a coleta de materiais para posteriores análises. As amostras para detecção viral podem ser oriundas de:
-Líquido das vesículas;
-Epitélio da vesícula (vesícula inteira ou recentemente rompida);
-LEF (líquido esofágicofaringeano- Prova de Probang)
Para a detecção da exposição, a amostra necessária é soro. O meio de transporte é o líquido de Vallé, sob refrigeração. Dependendo do tipo de amostra, o armazenamento pode ser feito em diversos recipientes acondicionadores. Para confirmar o diagnóstico, deve-se fazer o isolamento viral em cultivos celulares, fixação de complemento e observação dos efeitos citopáticos.
Em caso de positividade, é feito um raio de 3 km e todos os animais suscetíveis são considerados infectados, sendo feito o abate sanitário. Áreas de 7 a 10 km do foco são consideradas áreas de vigilância, devendo ser fiscalizadas. De 10 a 30 km é a zona tampão, onde os animais ficam sendo monitorados.
Impactos econômicos
Os problemas advindos desta doença não estão relacionados à saúde pública, mas sim aos impactos econômicos para a pecuária, com impacto significativo no comércio de produtos agropecuários no exterior. Isso porque é de fácil difusão, provocando perdas na produção e embargos à exportação de animais, de carne fresca e de produtos derivados, visto que prejudica o padrão sanitário exigido pelo comércio internacional.
Vacinação
Como a doença compromete a produção pecuária brasileira, a vacinação é obrigatória para bovinos e bubalinos sendo de responsabilidade dos proprietários dos animais. A ação é imprescindível para a erradicação da doença. O proprietário deve preencher a declaração de vacinação do seu rebanho e entregá-la no serviço veterinário oficial do seu Estado junto com a nota fiscal de compra das vacinas.
Legislação
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) criou o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA) que tem como finalidade a erradicação da febre aftosa em todo o Território Nacional e a sustentação dessa condição sanitária por meio da implantação e implementação de um sistema de vigilância sanitária. Esse sistema está apoiado nas ações do serviço veterinário oficial em conjunto com a comunidade. A confirmação de foco de febre aftosa leva à declaração de estado de emergência veterinária, e o MAPA deverá definir e coordenar as ações que podem incluir sacrifício sanitário, vacinação emergencial e medidas de interdição.
Há mais de 10 anos não detectados anticorpos no soro de rebanhos brasileiros. Devido a este fato, a suspensão da vacinação para febre aftosa no país está prestes a ser interrompida.Prevenção e controle
-Década de 90, OIE: Reconhecimento de áreas livres de febre aftosa;
-Circuitos pecuários
-Proteção de áreas livres com controle e vigilância;
-Vacinação obrigatória do rebanho;
-Controle da produção e distribuição de vacinas;
-Atuação em focos.

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