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DOENÇAS INFECCIOSAS VETERINARIAS FEBRE AFTOSA A Febre Aftosa é uma enfermidade ALTAMENTE infectocontagiosa com potencial de transmissibilidade extremamente alto entre os animais susceptíveis, podendo, em cerca de uma semana ou menos, acometer a totalidade dos componentes de um rebanho afetado. É uma doença que acomete animais com casco bipartido (suínos, caprinos, ovinos, bovinos e bubalinos), apresentando predominante formação de vesículas em locais submetidos a abrasão (nos suínos acontece no focinho e entre os dedos, nas vacas ocorre nos tetos, no rúmen e na cavidade oral – isso predominantemente) É considerada zoonose, porém com raros casos em humanos e em situações muito especiais. O homem é um hospedeiro acidental. A febre aftosa está classificada na lista A do Código Sanitário Internacional como reflexo da sua elevada contagiosidade que coloca em risco o agronegócio das nações onde a pecuária tem importância econômica. As unidades federativas são classificadas quanto ao seu “status” no controle da febre aftosa em: livre sem vacina, livre com vacinação, ... É uma doença que causa grandes prejuízos econômicos. Seja por perdas diretas: visto que, mesmo que não mate os animais, faz com que eles diminuam o consumo de alimentos e percam escore corporal e consequentemente de produtividade; ou por perdas indiretas: quando são documentados casos de febre aftosa as exportações param naquele estado e estados adjacentes, seja exportação de carne, leite ou frutas, devido a alta facilidade do vírus se espalhar Em caso de propriedades com animal positivo pra febre aftosa, todos os animais susceptíveis contactantes são eutanasiados. OBS→ estomatite vesicular é uma doença semelhante à febre aftosa, com as diferenças que ocorre também em equinos, mas não é tão preocupante ETIOLOGIA Vírus da febre aftosa Família Picornaviridae Gênero aphthovirus Vírus de RNA não envelopado → muito resistente no ambiente Temos 7 sorotipos identificados: A, O, C, SAT-1, SAT-2, SAT-3, ásia 1. QUESTÃO DE CONCURSO – No brasil temos como circulantes os sorotipos A, O e C, que não apresentam reação cruzada (ex: animal infectado por vírus A não apresenta resposta imune para os sorotipos O e C, apenas para o A), dessa forma na vacina temos os 3 sorotipos É um vírus resistente no meio ambiente, principalmente associado a material biológico, em exceção em extremos de pH. Sensível a: hidróxido de sódio 2%, ac acético 2%, carbonato de alguma coisa e outra coisa O capsídeo de superfície externa é regular, simétrico, composto de sessenta unidades estruturais idênticas, sendo cada uma dessas unidades denominadas protômeros, cada um formado por quatro proteínas principais VP1, VP2, VP3 e VP4. O vírus da febre aftosa apresenta uma alta capacidade de mutação, o que é relevante para o monitoramento da doença, PATOGENIA Acomete animais bi ungulados (com cascos bipartidos) domésticos e selvagens, como bovinos, suínos, bubalinos, ovinos e caprinos BOVINOS → indicadores da doença, onde apresenta primeiro os sinais clínicos SUINOS → amplificadores da doença, onde ocorre maior replicação viral Altamente contagiosa morbidade de 60 a100% Mortalidade baixa em adultos CAPRINOS E OVINOS menor frequencia BOVINOS E SUINOS maior frequencia OVINO/CAPRINO → Sentinelas da doença, liberam o vírus no ambiente por 4 a 6 meses, mas dificilmente afetam sinais clínicos O vírus pode ser transmitido de forma direta ou indireta, é só o animal entrar em contato com secreções ou excreções que um animal doente Indireto → cochos de água e comida, fômites, sêmen Direto → animais entrando em contato com excreções corporais de animais doentes Trânsito de pessoas → trato respiratório por 24h Obs: vírus fica no esôfago de bovinos por até 30 dias O PROBLEMA na transmissão da febre aftosa são os aerossóis!! É a partir dele que o vírus pode ser veiculado por distancias de até 65 km, de forma que até mesmo propriedades próximas podem ser afetadas. E COMO SE DESENVOLVE A DOENÇA? O vírus tem predileção/ tropismo por células epiteliais, ou seja, pelo tecido de revestimento (tem revestimento em TUDO, externo e interno). OU seja, o vírus pode se replicar em todo canto! Mas na pratica ele se replica mais em locais com atrito constante O curso da doença é de cerca de 15 dias 1. Inalação do vírus 2. Infecção de células na cavidade nasal, faringe e esôfago 3. Replicação do vírus e disseminação para células adjacentes 4. Passagem do vírus para vasos sanguíneos e linfáticos → VIREMIA 5. Infecção de nódulos linfáticos e outras glândulas 6. Infecção de células da cavidade oral, patas, úbere e rúmen 7. Começo da febre 8. Aparecimento de vesículas na cavidade oral, patas, úbere e rúmen 9. Salivação e descarga nasal e claudicação 10. Ruptura de vesículas e intensificação de sintomas 11. Final da febre 12. Final da viremia e começo da produção de anticorpos 13. Diminuição do título de vírus em vários tecidos e líquidos (desde dia 8) 14. Cura de lesões e o animal começa a comer (desde 10 dia) 15. Desaparecimento gradual do vírus de tecidos e líquidos (desde o 15 dia) 16. Aumento da produção de anticorpos (desde o 15 dia) 17. Cura completa (15 dias) 1 ao 6 ocorre num período de 1 a 3 dias (24 a 72h) 7 ao 9 vão ocorrer num período de 3 a 4 dias (72 á 96h). Essa é a parte onde ocorrem sinais clínicos/ organismo tentando combater o vírus 10 a 12 ocorrem em um período de 5 dias (120h) O vírus pode persistir na região nasofaringeana por tempo de 6 a 24 meses em bovinos e de 4 a 6 meses em pequenos ruminantes segundo fichas técnicas da OIE Resposta imune - Celular e humoral - Imunidade específica e temporária (sem proteção cruzada) Dessa forma, a vacinação contra a febre aftosa é em massa e sistemática SINAIS CLINICOS Vesículas e úlceras • Desenvolvem principalmente em locais sujeitos a traumas o Mucosa oral, língua e espaço interdigital Fase de vesículas primárias • Pequenas • Podem coalescer e formar bolhas → lesão ulcerativa Inicialmente ocorre: diminuição na ingestão de alimentos, claudicação, febre, salivação intensa, dificuldade de deglutição, diminuição da produção de leite Fase de vesículas secundarias • Anorexia e febre • Perda de peso • Sialorreia sanguinolenta • Língua visível/procaída • Rinorreia seromucosa (mucosa nasal sensível) Bovinos com lesões podais • Lesão interdigital • Lesão coronária Geralmente as lesões podais levam a infecções secundárias Bovinos com mastite viral • Diminuição da produção • Vesículas nas tetas • Dor na ordenha ASPECTOS ANATOMOPATOLOGICOS Necropsia • Erosão no rumen • Coração tigrado (necrose) Histopatologico das lesões • Outras doenças vesiculares • Tumefação e degeneração hidrópica • Sem corpúsculo de inclusão DIAGNÓSTICO Dificultam o diagnóstico, controle e prevenção • Rápida evolução viral e diversidade antigênica Sinais clinicos Exames histológicos • Não possibilitam o diagnóstico Diagnóstico clínico sempre deve ser confirmado pelos testes laboratoriais → o serviço veterinário oficial, no ceará a ADAGRI, irão fazer o diagnóstico Exames laboratoriais • Fixação do complemento; ELISA; PCR • Isolamento viral (caracterização do tipo e subtipo) – material: liquido e epitélio das vesículas, sangue, soro (apenas durante o período de viremia) e fluido do esôfago(local de opção quando o animal não possui mais vesículas)/faringe DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Enfermidades que cursam com erosão oral, salivação, descarga nasal ou lesões nos tetos LEMBRANDO: A FEBRE AFTOSA É UMA DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO OBRIGATÓRIA/COMPULSÓRIA DE CASO SUSPEIT0 • Notificar os órgãos responsáveis pela sanidade animal • Interditar a propriedade • Isolar os animais TRATAMENTONão pode tratar → notificação e eutanásia de todo animal susceptível e contactante Ou seja, todo animal susceptível que pode em alguma hipótese ter sido exposto. Lembrando que o vírus tem disseminação aérea por até 60 km. Dessa forma, todos os animais de casco fendido num raio de 60 km podem precisar ser eutanasiados. Em propriedades vizinhas o raio geralmente é de 25km, animais ficam em observação As carcaças são enterradas com o uso de desinfetantes químicos (a mais comum é a cal) ou queimadas Depois da eutanásia de todos esses animais é feito um vazio sanitário de cerca de 3 meses. Passados os três meses é colocado um animal sentinela, que fica la por 3 dias e depois é testado para ver se ele foi contaminado ou não. PROFILAXIA Programa de erradicação e prevenção da febre aftosa – PNEFA (1992) Foi criado com o objetivo de mantes e criar condições sustentáveis para garantir o status de pais livre de febre afitosa. • Desenvolvimento de vacinas com maior poder imunogênico • Bovinos e bubalinos de todas as idades a partir dos 3 meses Recentemente a vacina foi reformulada para que desse menos reação. O Brasil é um pais livre de febre aftosa com vacinação As unidades federativas do brasil são avaliadas segundo uma portaria em seguintes critérios: • Fase do programa (prevenção, erradicação, controle) • Area geográfica Estomatite vesicular Doença vesicular dos suínos Exantema vesicular Diarreia viral bovina Febre catarral maligna rinotraqueíte infecciosa bovina • Situação sanitária das áreas vizinhas • Nível de cobertura vacinal Obs: a vacinação contra a febre aftosa é obrigatória, mas como comprovar? A comprovação é feita apenas pela compra da vacina, de forma que alguns produtores compravam a vacina e não aplicavam, pra não gerar a indesejada reação. Hoje em dia é possível denunciar esses produtores que compram e não aplicam a vacina, de forma que um agente da adagri vai acompanhar a campanha de vacinação para se certificar de que os animais foram vacinados. • Ausência/ presença de atividade viral Obs: de vez em quando a adagri coleta amostras de cantos diferentes pra isolar e ver se tem atividade viral ou não
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