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Doenças infecciosas – Tuberculose
Introdução
A tuberculose bovina é doença infectocontagiosa de evolução crônica, causada pela bactéria Mycobacterium bovis, da família Mycobacteriaceae. Acomete principalmente bovinos e bubalinos, podendo afetar também suínos, equinos, aves, pequenos ruminantes, cães e gatos e humanos. Já foi erradicada em alguns países desenvolvidos, sendo sua maior prevalência em países em desenvolvimento. O Brasil está em fase de erradicação da tuberculose. A prevalência em rebanhos ainda é alta.
A doença é encontrada em todo o mundo, no entanto sua frequência é maior em países que adotam o sistema de confinamento no período do inverno e rebanhos leiteiros em geral. Apresenta-se com menor intensidade naquelas regiões onde os animais se encontram em regimes extensivos. 
São bacilos, ácido-álcool resistentes, de morfologia variável, encontrados em solo, água e pastagens por até dois anos. Os reservatórios naturais são gambás, búfalos e veados. As lesões características tem aspecto nodular principalmente em pulmões e linfonodos.
Os impactos econômicos são vários: Queda no ganho de peso e na produção leiteira, descarte precoce de animais, eliminação de animais de alto valor zootécnico, condenação de carcaças na inspeção frigorífica, morte de animais e perda da credibilidade do criador e de mercado. Não dá para testar o leite para tuberculose, como é feito na brucelose, e, os sintomas são bastante inespecíficos. Por isso o monitoramento e controle desta enfermidade é fundamental.
Transmissão e fatores predisponentes
A tuberculose pode ser introduzida em uma propriedade a partir de animais adquiridos com a infecção, que irá se propagar pelo rebanho independente das variáveis, sexo, idade ou raça. Em média de 80% a 90% dos animais infectados são por meio da via aerógena.
Raças leiteiras, superlotação, estado nutricional e fatores ambientais (umidade e pouca ventilação) propiciam a instalação da doença nas propriedades. Geralmente a tuberculose é introduzida no rebanho pelo contato direto ou indireto com indivíduo(s) infectado(s), por exemplo: A partir da aquisição de novos animais ou participação de eventos com outros animais. Os infectados podem eliminar o agente por várias vias, dependendo da localização: Gotículas e secreções respiratórias, leite, colostro, sêmen, fezes e urina.
O animal é infectado e as bactérias são fagocitadas no local por macrófagos produzindo uma inflamação granulomatosa progressiva. Forma-se um tubérculo no local de infecção e nos linfonodos regionais. Há formação de lesões secundárias necróticas e firmes e, quando ocorre ruptura destas lesões, espalha-se para serosas e órgãos parenquimatosos, via linfática e sanguínea, tornando-se generalizada.
Agente etiológico
A tuberculose em bovinos causada pela espécie Mycobacterium bovis gera quedas drásticas na produtividade do plantel. É um quadro de evolução crônica e promove condenação da carcaça nos abatedouros frigoríficos. O bacilo tem resistência moderada pelo calor, dessecação, diversos tipos de desinfetantes e às várias enzimas lisossomais do macrófago, devido a sua parede celular diferenciada, com grande deposição lipídica. Desse modo a bactéria se multiplica dentro de macrófagos e, impede a ação do sistema imune. Ainda, o Mycobacterium resiste a cerca de 30 minutos de fervura, por isso a pasteurização não é o suficiente para eliminar o agente. A sua viabilidade no pasto é em torno de dois anos, enquanto que na carcaça um ano aproximadamente. Em estábulos ou ao abrigo da luz solar o bacilo pode viver por meses e até 18 dias em gotículas.
Há quatro espécies do Mycobacterium sp. que causam tuberculose:
-Mycobacterium tuberculosis: Causa tuberculose em humanos, primatas e cães. É raro acometer em outros animais. Os bovinos e os gatos são relativamente resistentes. A disseminação ocorre principalmente por aerossóis provenientes de um portador da micobactérias.
-Mycobacterium bovis: Tem grande afinidade com o M.tuberculosis, podendo assim os seres humanos serem contaminados através de leite proveniente de animais contaminados com o M. bovis. A espécie é capaz de infectar carneiros, cabras, cães, gatos, cavalos, porcos e alguns pássaros como os papagaios. O M. bovis é transmitido entre os animais do rebanho, a partir de um portador, além dos bezerros que adquirem por via leite ou in útero.
-Mycobacterium avium: É mantido nas aves e é disseminado principalmente pela ingestão do microorganismo. Em suínos e primatas humanóides sadios as micobactérias podem estar no seu trato digestivo, local mais comum de encontrar as lesões, e o indivíduo uma vez em um período de imunossupressão, os bacilos podem se desenvolver multiplicar até que a moléstia se instale geralmente mais severas nos primatas e humanos, do que nos suínos.
-Mycobacterium microti: Causa tuberculose nos arganazes e não tem relevância para os animais domésticos.
Características da doença
Possui quatro formas de apresentação: pulmonar, ganglionar, intestinal e cutânea. É comum a ocorrência de animais assintomáticos, porém, os animais doentes apresentam emagrecimento, hipertrofia ganglionar, dispneia e tosse seca.
Patogenia: Inalação de aerossóis contaminados>Invasão dos alvéolos pulmonares>multiplicação nos macrófagos> formação de granuloma>desenvolvimento da resposta imune e de hipersensibilidade tardia> destruição de tecidos pelo próprio hospedeiro> propagação dos bacilos (M. bovis) para o linfonodo, satélite, formando o complexo primário.
A tuberculose provoca lesões em linfonodos e no trato respiratório inferior (alvéolos), gerando sintomas relacionados à dificuldade respiratória. A forma miliar é quando a carga bacteriológica é muito alta, gerando pequenos nódulos semelhantes à grãos de milho, amarelados em bovinos e esbranquiçados em bubalinos, disseminados no corpo. Nos grânulos, geralmente envoltos por uma cápsula fibrosa, é encontrado material purulento, devido à necrose caseosa. Também pode ocorrer uma mineralização nesses granulomas com o tempo.
Os sinais clínicos que sugerem a tuberculose são inespecíficos, como emagrecimento progressivo, hipertrofia ganglionar, dificuldade respiratória, tosse seca, mastite, infertilidade e cansaço. Devido aos sinais inespecíficos, muitos animais não são diagnosticados e atuam como fonte de infecção.
Diagnóstico e controle
O diagnóstico de tuberculose direto é feito através do isolamento do agente e identificação bioquímica, histopatológico ou ainda detecção de DNA e, pode ser indireto, através da tuberculinização (avaliação da resposta imunológica ao M. bovis), sendo este o teste mais utilizado na rotina clínica de campo. Esses métodos diretos são problemáticos devido à questões de bioseguridade e demora do cultivo (mais de 20 dias).
Os métodos indiretos como imunofluorescência indireta e ELISA não são oficiais para diagnóstico de tuberculose.
Embora a turbeculinização seja feita individualmente, é considerada como método diagnóstico para o rebanho. Na tuberculinização é feito um estímulo intradérmico de inoculação, que leva à uma resposta imune tardia. Caso o animal seja negativo para o teste, poderá ter emitido o GTA. Após a inoculação da tuberculina, o resultado é obtido ao se detectar um aumento de espessura da prega de pele na qual houve a inoculação. Além disso, outra forma de diagnóstico é através da necropsia (diagnóstico anatomopatológico), que possibilita a observação de nódulos de 1 a 3 cm de diâmetro ou mais, de aspecto purulento ou caseoso, com presença de cápsula fibrosa, podendo apresentar necrose de caseificação ou calcificação nos casos mais avançados. Em 95% dos casos, as lesões estão localizadas em linfonodos, pulmão e fígado.
Não há recomendação de tratamento para tuberculose em bovino. A maioria dos casos não responde ao tratamento e contribui para o surgimento de cepas resistentes, além da eliminação de medicamentos no leite.
Testes de triagem:
Só ocorre a inoculação do M. bovis, sendo inespecífico devido a possibilidadedo animal já ter tido contato com o M. avium e por isso ser reagente. Inocula-se intradermicamente PPD bovina. Caso forme-se inchaço na prega caudal ou região cervical, após algumas horas (até 72 horas), esse animal é considerado positivo. Se considerado positivo, após 2 meses esse animal deve ser encaminhado ao teste confirmatório.
-Teste da prega caudal e teste cervical simples
-Teste da prega caudal
Teste confirmatório:
É feito o teste cervical comparativo, com inoculação do M. bovis e M. avium.
Controle da tuberculose:
Animais com mais de 6 semanas fazem teste anual, sendo que os positivos devem ser isolados e descartados. Limpeza e desinfecção do ambiente e exames clínicos em todos os animais e tratadores da propriedade. No Brasil existe o Programa Nacional e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal – PNCRBT que é um conjunto de estratégias desenvolvidas visando erradicar a Brucelose e Tuberculose. Dentre estas estratégias há o controle de trânsito, testes diagnósticos regulares, educação sanitária, entre outros.
Tuberculose em humanos
A forma de transmissão para humanos pode ocorrer pela via digestiva, através do consumo dos produtos lácteos não pasteurizados, causando lesões extra-pulmonares, ou ainda pela via respiratória- mais comum em técnicos laboratoriais e industriais, que lidam diretamente com animais doentes. Para evitar a contração da doença recomenda-se beber apenas leite pasteurizado, ser vacinado com BCG e evitar contato com bovinos infectados. Crianças, idosos e imunodeprimidos são mais suscetíveis e requerem cuidados extras.

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