Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Prof. Luciano Bossi - 2019 CAMPOS E ONDAS Cap. 3 Densidade de Fluxo Elétrico, Lei de Gauss e Divergência Referências (1) Eletromagnetismo – W. Hayt / J. Buck – cap.2 (2) Eletromagnetismo para Engenheiros – Clayton R. Paul – cap. 3 Atenção: Para esta apresentação foi utilizado material retirado do livro indicado acima. Como trata-se de apresentação resumida, para o completo entendimento do tema o texto completo deve ser consultado. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS – PUC-MG IPUC - CURSO DE ENGENHARIA ELETRÔNICA E DE TELECOMUNICAÇÃO Prof. Luciano Bossi - 2019 O conceito de linhas de fluxo elétrico será introduzido neste capítulo. Apesar de não ocorrer um fluxo de partículas, a quantidade denominada de fluxo elétrico será útil para o entendimento dos efeitos associados ao conceito de campo elétrico. A Lei de Gauss, além de sua importância conceitual, nos permitirá resolver problemas que possuem alto grau de simetria com certa facilidade. A aplicação do teorema da divergência a problemas de eletromagnetismo nos permitirá simplificar a análise de alguns deles. Densidade de Fluxo Elétrico, Lei de Gauss e Divergência IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Prof. Luciano Bossi - 2019 Densidade de fluxo elétrico Michael Faraday, em torno de 1837, fez um experimento com duas cascas esféricas concêntricas isoladas, concluindo pela existência de um fluxo elétrico de deslocamento (displacement). a) Introduziu uma carga conhecida na esfera menor; b) Montou a casca esférica maior em torno da esfera menor, com um material dielétrico no espaço entre elas; c) Ligou instantaneamente a casca esférica externa ao terra; d) Desmontou o conjunto cuidadosamente e mediu a carga na casca esférica externa; IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Prof. Luciano Bossi - 2019 Faraday fez o experimento com vários materiais dielétricos diferentes entre as duas esferas e concluiu que a carga medida na esfera maior ao final de cada experimento era sempre a mesma: igual em módulo à carga que estava depositada na esfera interna, mas de sinal contrário. Ele concluiu que ocorria uma espécie de deslocamento de cargas (displacement) entre esfera de dentro e a esfera de fora, independente do meio entre elas. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Densidade de fluxo elétrico Prof. Luciano Bossi - 2019 Nos experimentos Faraday concluiu que existia uma proporcionalidade entre a carga total depositada na esfera interna e a carga que era deslocada para a esfera externa. Com as medições ele concluiu que a constante de proporcionalidade era igual a 1 (no sistema SI). Definindo como o fluxo elétrico, podemos escrever que: = Q. Assim, o fluxo elétrico é também medido em Coulomb. Para obter resultados quantitativos, vamos considerar que a esfera interna tem raio “a” e a casca esfera externa tem raio “b”. É depositada uma carga +Q na esfera interna e uma carga –Q na esfera externa (ver figura 3.1). Podemos visualizar o caminho das linhas de fluxo entre as duas esferas. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Densidade de fluxo elétrico Prof. Luciano Bossi - 2019 Como a área da superfície da esfera interna é igual a 4a2, podemos então considerar que a densidade de cargas na superfície da esfera interna (distribuição uniforme de cargas) é igual a Q/4a2 (C/m2). Define-se como densidade de fluxo elétrico D (displacement density), um vetor indicando a quantidade e sentido das linhas de fluxo por metro quadrado. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Densidade de fluxo elétrico Prof. Luciano Bossi - 2019 O vetor D tem o sentido das linhas de fluxo em cada ponto e nos dá a densidade de linhas de fluxo por metro quadrado, ou seja, a intensidade de fluxo elétrico no ponto. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Densidade de fluxo elétrico Prof. Luciano Bossi - 2019 Considerando uma carga pontual, a uma distância radial “r” dessa carga, teríamos a densidade de fluxo elétrico igual a: A intensidade de campo elétrico, no mesmo ponto e no espaço livre, é dada por: Então podemos concluir que, no espaço livre temos a relação: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Densidade de fluxo elétrico Prof. Luciano Bossi - 2019 A relação entre a intensidade de campo elétrico E e a densidade de fluxo elétrico D é válida qualquer que seja a distribuição de cargas. Para uma distribuição genérica de cargas, com densidade volumétrica de cargas v: Válido somente no espaço livre. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Densidade de fluxo elétrico Prof. Luciano Bossi - 2019 IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Densidade de fluxo elétrico Prof. Luciano Bossi - 2019 Letra a) Trata-se de uma superfície esférica com dimensão de 1/8 de uma esfera inteira. O fluxo que passa por esta parte então é igual à 1/8 do fluxo total de uma esfera, que tem o mesmo valor da carga envolvida. Letra b) Trata-se de um cilindro fechado, lateral cilíndrica e tampas inferior e superior planas. Todas as linhas de fluxo produzidas pela carga atravessam a superfície fechada em alguma parte. Então o fluxo total é igual à carga envolvida. Letra c) Trata-se de uma superfície plana afastada 26 cm da carga. Para uma superfície de dimensões infinitas, metade do fluxo produzido pela carga a atravessaria. Exercício proposto: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Densidade de fluxo elétrico Prof. Luciano Bossi - 2019 Exercício proposto: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Densidade de fluxo elétrico Prof. Luciano Bossi - 2019 Lei de Gauss Os resultados dos experimentos de Faraday com as esferas concêntricas podem ser resumidos como uma lei experimental que estabelece que o fluxo elétrico que passa por uma região esférica imaginária que fica entre as duas esferas é igual à carga envolvida pela superfície esférica fechada. No experimento, a carga envolvida pode ser a carga total distribuída na casca da esfera interna ou uma carga pontual colocada no centro da esfera. Entretanto, o fluxo elétrico total produzido por uma carga Q independe do formato da região onde ele está distribuído, portanto os resultados dos experimentos de Faraday são válidos qualquer que seja a distribuição de cargas no interior da região fechada. É claro que a orientação e a distribuição das linhas de fluxo elétrico irão depender da forma com que as cargas estão distribuídas, mas o fluxo total não dependerá. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Prof. Luciano Bossi - 2019 A generalização dos resultados dos experimentos de Faraday produz o que conhecemos com Lei de Gauss: “O fluxo elétrico que passa através de qualquer superfície fechada é igual à carga total envolvida por tal superfície”. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Lei de Gauss Prof. Luciano Bossi - 2019 IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Lei de Gauss Prof. Luciano Bossi - 2019 O vetor D ganha o subscrito “S” para lembrar que é o seu valor na superfície S, uma vez que ele pode mudar de valor com a posição. Observe que o produto escalar entre DS e o vetor unitário de superfície dS nos dá a projeção de DS na direção perpendicular à superfície, ou seja, a componente de DS que atravessa a superfície naquele ponto. Assim temos o fluxo que atravessa a superfície naquela região. Tomando a integral por toda a superfície fechada, teremos o fluxo total que atravessa aquela superfície. IPUC – Engenharia Eletrônicae de Telecomunicação Campos e Ondas Lei de Gauss Prof. Luciano Bossi - 2019 O fluxo elétrico total que atravessa a superfície fechada é igual à carga envolvida. A Lei de Gauss pode ser aplicada a qualquer superfície fechada, à escolha do usuário. Tal superfície é denominada de Superfície Gaussiana. Se o resultado da integral for positivo indica um fluxo para fora; se for negativo será um fluxo para dentro. A carga total envolvida pode ser generalizada por: A Lei de Gauss pode ser escrita na forma: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Lei de Gauss Prof. Luciano Bossi - 2019 Para ilustrar a aplicação da Lei de Gauss, vamos analisar os resultados ao redor de uma carga pontual Q. A intensidade de campo elétrico E ao redor de uma carga pontual Q colocada na origem do sistema de coordenadas esféricas é dada por: Utilizando a relação entre E e D, temos que: Escolhemos uma superfície Gaussiana na forma de uma casca esférica, com a carga no seu centro. Então, na superfície de uma casca esférica imaginária de raio “a”, temos que: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Lei de Gauss Prof. Luciano Bossi - 2019 IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Lei de Gauss Prof. Luciano Bossi - 2019 Exemplo de aplicação da Lei de Gauss em uma casca esférica imaginária de raio “a”, ao redor de uma carga pontual Q: O fluxo total que atravessa a superfície fechada é igual à carga envolvida Q. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Lei de Gauss Prof. Luciano Bossi - 2019 a) Utilizamos a relação entre E e D. O campo não depende de e de b) A carga total na esfera é igual ao fluxo em r=3. c) O fluxo que deixa a esfera em r=4 é igual à carga envolvida. Exercício proposto: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Lei de Gauss Prof. Luciano Bossi - 2019 a) O fluxo total deixando uma superfície fechada é igual à carga líquida envolvida, independente da posição das cargas; b) Determine a carga total no trecho de linha que está dentro da superfície cúbica fechada; c) Determine a carga total no plano de cargas que está dentro da superfície cúbica fechada. O plano é inclinado. Determine a área do plano que corta a superfície e está dentro dele; Exercício proposto: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Lei de Gauss Prof. Luciano Bossi - 2019 Vamos utilizar a Lei de Gauss para determinar a expressão de DS para algumas situações onde a distribuição de cargas é simétrica e uniforme. Observe que a quantidade procurada (DS) está dentro do sinal de integral e é uma quantidade vetorial. Assim, somente conseguiremos utilizar a Lei de Gauss para obter a expressão desejada para algumas situações onde a simetria do problema permitir que façamos algumas simplificações antes de aplicar a Lei de Gauss. As simplificações serão feitas a partir decisões tomadas a partir da aplicação Lei de Coulomb (qualitativamente) na situação analisada. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 A Lei de Gauss nos dá liberdade para escolher a superfície fechada de integração. A solução do problema ficará fácil se conseguirmos escolher uma região de integração (superfície gaussiana) que traga duas situações: a) O vetor DS, densidade de fluxo elétrico na superfície da região fechada, é tangente ou normal à superfície em todos os pontos. Se for tangente, então a projeção DS.dS será nula. Se for normal, então DS.dS será um escalar DSdS; b) O módulo do vetor DS é constante em todos os pontos da superfície fechada onde DS.dS não é nulo. Com as duas hipóteses atendidas, podemos tirar DS de dentro do sinal de integral, que tornará o problema de solução trivial. O vetor DS procurado será igual à carga total Q dividida pela área da superfície fechada escolhida, na direção dada pelo unitário de superfície dS. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Para exemplificar, vamos aplicar o exposto ao redor de uma carga pontual Q. Devido à simetria do problema, escolhemos uma superfície esférica de raio r, ao redor da carga pontual, e escolhemos o sistema de coordenadas esféricas. Com estas escolhas temos atendidas as duas hipóteses: DS é normal à superfície fechada em todos os pontos e, para o mesmo valor de r, é constante em módulo. Deste modo, temos: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Assim, temos que: Como o vetor DS deve estar na mesma direção do unitário dS: No exemplo mostrado pode ser observado que a escolha da superfície de integração (superfície Gaussiana) foi essencial para simplificar o problema. Se tivéssemos escolhido uma superfície quadrada o vetor DS não seria nem constante nem normal nem tangente à superfície, impedindo o procedimento. O sistema de coordenadas escolhido também foi fundamental nas simplificações e tem a ver com a simetria do problema. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Como um segundo exemplo, vamos analisar a intensidade de campo elétrico ao redor de uma linha infinita de cargas, com distribuição uniforme de cargas dada por L . Por razões de simetria, escolhemos o sistema de coordenadas cilíndricas. A aplicação da Lei de Gauss na solução do problema depende da simetria. Se nós não conseguirmos mostrar que a simetria existe, não podemos utilizar a Lei de Gauss para buscar a solução do problema. É necessário verificar se as duas premissas são atendidas: a) O vetor DS, densidade de fluxo elétrico na superfície da região fechada, é tangente ou normal à superfície em todos os pontos; b) O módulo do vetor DS é constante em todos os pontos da superfície fechada onde DS.dS não é nulo. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Para verificar se o sistema de coordenadas escolhido nos dá a simetria desejada, fazemos as duas perguntas: (1) Com quais coordenadas o campo não deve variar ? (2) Quais as componentes de campo não estão presentes ? As respostas a estas duas questões nos informarão quais componentes de campo estarão presentes e com quais coordenadas elas vão variar. Aí podemos avaliar se a simetria obtida é suficiente para aplicarmos a Lei de Gauss. • Para responder à pergunta (1) fazemos a análise de cada variável do sistema de coordenadas separadamente. • Para responder a pergunta (2) fazemos a análise de cada componente de campo no sistema de coordenadas escolhido, com a Lei de Coulomb em mente. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Para a análise, fazemos uso de uma carga de teste positiva imaginária, a colocamos ao redor da distribuição de cargas a ser analisada e usamos a Lei de Coulomb (qualitativamente). (1) Com quais coordenadas o campo não deve variar ? • Mantendo e constantes e variando z, notamos que o problema não se altera pois a linha é infinita em z o problema não depende da variável z; • Mantendo z e constantes e variando , notamos que o problema se altera pois estamos mudando a distância até a fonte de campo o problema deve depender da variável ; • Mantendo e z constantes e variando, notamos que o problema não se altera pois a linha de cargas é vista da mesma forma qualquer que seja o ângulo o problema não depende da variável ; Concluímos que o campo elétrico somente deve variar com a coordenada . IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 (2) Quais as componentes de campo não estão presentes ? • Analisando a componente D , notamos que as cargas distribuídas ao longo da linha de cargas podem excitar esta componente, então ela deve estar presente; • Analisando a componente D , notamos que as cargas distribuídas ao longo da linha de cargas não conseguem excitar esta componente, então ela deve não vai estar presente; • Analisando a componente Dz , notamos que as cargas distribuídas ao longo da linha de cargas podem excitar esta componente mas, devido à simetria e a linha ser infinita em z, as componentes simétricas se anulam, então ela não deve estar presente; Desta forma, o campo D procurado terá somente a componente D . A componente D variará somente com a coordenada . IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Escolhendo um cilindro de altura “L” centrado na linha de cargas, como mostrado na figura 3.4, teremos: • Na superfície lateral do cilindro o campo DS procurado será paralelo ao vetor unitário de superfície dS, então DS.dS pode ser representado somente pelo produto simples de dois escalares DSdS. • Nas tampas superior e inferior do cilindro o campo DS será perpendicular ao vetor unitário de superfície dS, então DS.dS será nulo nessas regiões. • Na superfície lateral do cilindro, todos os pontos estão à mesma distância da linha de cargas, então DS será constante em toda a superfície (depende somente de ); IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Aplicando a Lei de Gauss, teremos: Obtendo que: A carga total envolvida pela superfície cilíndrica é dada por: Por fim, temos que: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 O resultado é o mesmo que tivemos com a resolução do problema aplicando a Lei de Coulomb diretamente (cap.2). A análise detalhada da situação e a aplicação da Lei de Gauss tornaram o trabalho de cálculo muito mais simples aqui. Sem a simetria proporcionada pela escolha do sistema de coordenadas cilíndricas não seria possível a solução pela aplicação da Lei de Gauss. Vamos estender a análise para a situação de um cabo coaxial de comprimento infinitamente grande, onde temos dois condutores cilíndricos concêntricos. O condutor interno tem raio “a” e o condutor externo tem raio “b” e espessura da parede desprezível. A região entre os dois condutores é preenchida com “ar” (ver figura 3.5). IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Vamos assumir que a carga no condutor interno está toda na superfície do condutor e está distribuída de forma uniforme, com densidade superficial de cargas igual a s. As considerações sobre a simetria do problema nos levam a concluir que existirá somente a componente de campo D e ela somente irá depender da coordenada . IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Vamos também considerar que no condutor externo está depositada a mesma quantidade de cargas que existe no condutor interno, porém com sinal contrário. A análise é a mesma feita para um condutor cilíndrico, utilizando o sistema de coordenadas cilíndricas, entretanto temos 3 regiões distintas: (a) Região dentro do condutor interno, com < a ; (b) Região entre os dois condutores, com a < < b ; (c) Região externa ao cabo, com > b . Para a região dentro do condutor interno, com a superfície gaussiana tendo < a , nenhuma carga existirá dentro da região, então a carga total envolvida será nula. Então concluímos que: para < a para < a IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Para a região entre os dois condutores, com a superfície gaussiana a < < b ; Nessa região a carga total envolvida é a carga total no trecho de comprimento L do condutor interno: Aplicando a Lei de Gauss na região escolhida, para a < < b , obtemos que: Então concluímos que: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 A solução obtida está em função da distribuição superficial de cargas no condutor interno, dada por S : A carga total contida no condutor externo (outer cyl) é igual à carga no condutor interno (inner cyl), de sinal contrário, então: Assim teremos a seguinte relação: A relação entre a densidade superficial de cargas no condutor interno e a densidade linear de carga é dada por: Então podemos colocar o resultado na forma: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Para a região externa ao cabo, com a superfície gaussiana tendo > b , a carga total envolvida será composta pela carga do condutor interno e pela carga do condutor externo no trecho L, que são iguais e de sinal contrário, então a carga total envolvida será nula. Assim concluímos que: para > b para > b Os resultados nos levam a concluir que em um cabo coaxial ou em um capacitor coaxial não existe campo elétrico externo e que também não existe campo no interior do condutor interno, com toda a energia sendo armazenada no espaço entre os dois condutores (assunto será novamente avaliado no cap. 5). IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Exemplo (cabo coaxial): IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Exemplo (cabo coaxial): IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 Exercício proposto: O problema está colocado em sistema de coordenadas esféricas. Uma carga pontual está colocada na origem e duas superfícies de carga (cascas esféricas condutoras) em r = 1cm e em r = 1,8 cm. O fluxo elétrico total em cada posição solicitada é igual à carga envolvida e a densidade de fluxo é igual ao fluxo total dividido pela área da superfície esférica: Área = 4 r2 m2 IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Aplicações da Lei de Gauss para distribuições simétricas de cargas Prof. Luciano Bossi - 2019 TEOREMA DA DIVERGÊNCIA Elemento diferencial de volume Divergência Lei de Gauss Teorema da divergência IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Prof. Luciano Bossi - 2019 Elemento diferencial de volume Vamos analisar a variaçãoda densidade de fluxo elétrico ao redor de um ponto no espaço. No ponto P, a densidade de fluxo é igual a: Vamos considerar um pequeno volume ao redor do ponto P, sendo um cubo com lados medindo x , y e z e vamos aplicar a Lei de Gauss: Veja a figura 3.6, a seguir. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Prof. Luciano Bossi - 2019 IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Elemento diferencial de volume Prof. Luciano Bossi - 2019 Para avaliar a integral de superfície no volume fechado em forma de um cubo, podemos separar a integral em 6 partes, uma para cada face do cubo: Vamos considerar a primeira parcela da integral (face frontal) com a área yz na direção âx e que o volume é infinitesimal, assim podemos aproximar o produto escalar por: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Elemento diferencial de volume Prof. Luciano Bossi - 2019 Agora temos que considerar a variação da componente Dx pelo deslocamento de uma distância igual a x/2 desde o ponto P. Onde é a taxa de variação da componente Dx com a distância na direção âx. A integral ao longo da face frontal então é dada por: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Elemento diferencial de volume Prof. Luciano Bossi - 2019 Na face de trás, a análise é semelhante, mas com o deslocamento de uma distância igual a -x/2 desde o ponto P e o unitário de superfície apontando na direção – âx. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Elemento diferencial de volume Prof. Luciano Bossi - 2019 Combinando as duas integrais (face da frente e face de trás), temos: A análise semelhante para as duas faces laterais (direita e esquerda), nos dará: Finalmente, a análise para as faces de cima e de baixo, nos dará: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Elemento diferencial de volume Prof. Luciano Bossi - 2019 Combinando os três resultados, temos a solução aproximada para a integral: Que pode ser escrita como: A Lei de Gauss foi aplicada em um volume incremental v , que nos deu o resultado: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Elemento diferencial de volume Prof. Luciano Bossi - 2019 Divergência Vamos analisar a expressão obtida em torno de um volume incremental, agora com um tamanho infinitesimal ( v 0 ): Podemos utilizar a definição da densidade volumétrica de cargas v: Temos 2 informações distintas nas igualdades, que vamos tratar separadamente: e IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Prof. Luciano Bossi - 2019 A expressão obtida pode ser utilizada para avaliar qualquer função vetorial A que varia com a posição, ao redor de um ponto. Esta operação é denominada de Divergência do vetor. A divergência de um densidade de fluxo vetorial A é igual ao fluxo que sai de uma superfície fechada pequena quando seu volume tende a zero. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Divergência Prof. Luciano Bossi - 2019 Podemos calcular o Divergente de D (div D) nos sistemas de coordenadas específicos. O resultado da operação é um escalar que nos informa a quantidade de fluxo por unidade de volume que sai de um pequeno volume fechado: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Divergência Prof. Luciano Bossi - 2019 Consolidando o que foi exposto nas duas últimas seções, vamos interpretar a operação de divergência aplicada na densidade de fluxo elétrico. De forma literal: “O fluxo elétrico por unidade de volume que deixa uma superfície fechada infinitesimal é igual à densidade volumétrica de cargas naquele ponto”. Denominado de forma pontual da Lei de Gauss ou primeira Equação de Maxwell IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Divergência Prof. Luciano Bossi - 2019 O Teorema da Divergência Vamos utilizar o operador vetorial “nabla” (ou simplesmente) “del” indicado pelo símbolo : Fazemos o produto escalar do operador vetorial com o vetor D , em coordenadas retangulares: Que resulta em: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas Prof. Luciano Bossi - 2019 Vamos verificar as relações obtidas, partindo da Lei de Gauss: IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas O Teorema da Divergência Prof. Luciano Bossi - 2019 A relação é denominada de Teorema da Divergência: Teorema da Divergência: “A integral da componente normal de qualquer função vetorial sobre uma superfície fechada é igual à integral do divergente dessa função vetorial através do volume definido pela superfície fechada”. Observe que relaciona uma integral tripla (em um volume) com a integral dupla (sobre a superfície fechada) definida pelo mesmo volume. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas O Teorema da Divergência Prof. Luciano Bossi - 2019 Exemplo de aplicação. Vamos resolver o exemplo a seguir duas vezes sendo cada vez pela aplicação de um dos lados do Teorema da Divergência: Primeiro: fazendo a integral de superfície fechada de D.dS IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas O Teorema da Divergência Prof. Luciano Bossi - 2019 Primeiro: fazendo a integral de superfície fechada de D.dS (continuação) O fluxo elétrico líquido que sai da superfície fechada é igual a 12 C. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas O Teorema da Divergência Prof. Luciano Bossi - 2019 Segundo: Fazendo o outro lado do teorema da divergência: Integral de volume do divergente de D A carga total envolvida no volume é de 12 C. IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas O Teorema da Divergência Prof. Luciano Bossi - 2019 Exercício proposto: Avaliar ambos os lados do teorema da divergência. Observe que trata-se de uma superfície cilíndrica de raio =2 (constante), o ângulo de 0 a (meio cilindro) e altura em z igual 5 (de 0 a 5). Use sistema de coordenadas cilíndricas. A integral de superfície vai dar muito mais trabalho. São 5 superfícies: tampa superior (unitário âz), tampa inferior (unitário -âz), lateral cilíndrica (unitário â) e a parte reta do corte do cilindro que deve ser considerada em 2 metades devido à orientação do vetor unitário: em =0 o unitário é -â e em = o unitário é +â . Na integral de volume é mais simples, utilizar o unitário de volume em coordenadas cilíndricas dv = d d dz IPUC – Engenharia Eletrônica e de Telecomunicação Campos e Ondas O Teorema da Divergência
Compartilhar