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SPAS E QUALIDADE DE VIDA Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Profª Yolanda Flores e Silva CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2018 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. SI586s Silva, Yolanda Flores e Spas e qualidade de vida. / Yolanda Flores e Silva. – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 114 p.; il. ISBN 978-85-7141-283-5 1.Saúde. – Brasil. 2.Qualidade de Vida. – Brasil. II. Centro Univer- sitário Leonardo Da Vinci. CDD 610 Impresso por: Yolanda Flores e Silva Yolanda Flores e Silva é docente e pesquisadora com formação nas áreas da Saúde e Antropologia, possui mestrado em Antropologia e doutorado em Saúde pela Universidade Federal de Santa Catarina, realizou seu Estágio Sênior Pós- Doutoral em 2013, na Universidade do Algarve (Faculdade de Economia/Programa de Doutorado em Turismo). Atua com pesquisas em comunidades tradicionais do Brasil e Portugal com temáticas acerca das populações e seus modos de vida, tradições, patrimônios, itinerários terapêuticos, alimentação orgânica, agroturismo, turismo de base comunitária, gastronomia étnica-cultural, segurança alimentar e sustentabilidade na escala humana, entre outras temáticas correlatas. Trabalha com pesquisas fi nanciadas por instituições de renome, como o CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico – onde atua como Bolsista Produtividade 2 desde 2017. Essas pesquisas têm como meta fi nal a autonomia e a inclusão social das pessoas almejando saúde, bem-estar e qualidade de vida onde quer que elas estejam. Caso queira conhecer um pouco melhor da trajetória da docente, acesse o currículo lattes dela: <http://lattes.cnpq.br/5344296091176496> e acompanhe o percurso de caráter interdisciplinar que faz desde que se formou em Enfermagem em 1986. Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................07 CAPÍTULO 1 Tipologias de Spas e Objetivos .................................................09 CAPÍTULO 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável .....................................................................25 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal ...................................................................................53 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável ..........................................................................83 APRESENTAÇÃO Esta disciplina, embora necessária para quem atua com a saúde e o bem- estar, não é comum em cursos de graduação, especialização e/ou em cursos técnicos convencionais. Por que isto acontece? Atuando nesta área, é possível afirmar que o cuidado enquanto uma ‘arte’ por vezes é relegada a segundo plano, embora seja a base e a essência da prevenção e da promoção da saúde. Falar de prevenção é assumir que se faz necessário ter o apoio de profissionais da saúde, terapias medicamentosas, como as vacinas, e de exames diagnósticos voltados ao cuidado corporal, de modo a se evitar as doenças. Já, tratar de promoção da saúde é entender que algumas escolhas realizadas no cotidiano produzem efeitos benéficos ao corpo e à mente, que ao longo da vida são fortes influenciadores na contenção de problemas de saúde e até doenças de distintas naturezas. Ao se escolher o melhor e o mais saudável modo de vida, considerando questões econômicas, ambientais, sociais e culturais, se está assumindo o ‘Cuidado de Si’, atitude já colocada como positiva por filósofos como Sócrates. Considerando esse contexto, o material aqui apresentado tem por objetivo ajudá-lo a compreender como cada pessoa pode ser auxiliada por um profissional de estética no sentido de apreender conhecimentos sobre diferentes itinerários terapêuticos voltados a cuidados corporais fundamentados em uma abordagem holística e transdisciplinar. No Capítulo 1, sobre Tipologias de Spa’s e Objetivos, você será apresentado a conceitos importantes relacionados ao que é um Spa, cuidado corporal e os conceitos mais importantes sobre vida saudável, bem-estar pessoal e qualidade de vida. Entender como atuar em Spa’s com ações e/ou atividades importantes para diminuição do estresse e a promoção da saúde é a intenção deste capítulo (Bem-Estar/Qualidade de Vida). No Capítulo 2, sobre Práticas Terapêuticas Orientais de Promoção da Saúde e Estética Saudável, apresentamos algumas correntes terapêuticas orientais utilizadas no Ocidente no combate ao estresse cotidiano, promoção da saúde e estética saudável. Nossa ideia é que você possa analisar as escolhas mais saudáveis e adequadas para realização de técnicas junto a pessoas que poderá atender profissionalmente (Massagens/Yoga/Meditação). No Capítulo 3, sobre Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal, queremos que apreenda conhecimentos e práticas terapêuticas cujas bases de aplicação são sensoriais (sentidos) e corporais (física). Nesse sentido, muito do aprendizado dessas práticas perpassa conhecimentos direcionados às ervas, plantas aromáticas e cores (Aromaterapia/Cromoterapia). No Capítulo 4, sobre Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável, o aprendizado ministrado visa colocá-lo diante de informações sobre a importância da alimentação para promoção da saúde, principalmente quando esta tem natureza orgânica/biológica com a finalidade de ofertar uma vida mais saudável e equilibrada (Alimentação Saudável). CAPÍTULO 1 TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer os espaços de cuidados terapêuticos e estéticos denominados SPAs. Compreender os conceitos de qualidade de vida e bem-estar no cotidiano familiar, profi ssional e social. 10 SPAS E QUALIDADE DE VIDA 11 TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Estamos iniciando uma caminhada juntos, chegando ao universo dos cuidados voltados ao bem-estar e a qualidade de vida, com novos olhares e perspectivas, algo diferenciado do que se fazia na época dos nossos pais e avós. E porque está diferenciado? O que mudou? Será que esta é uma necessidade apenas do mundo contemporâneo? As conquistas associadas a uma vida com um acesso mais fácil aos serviços de saúde do que na época dos pais ou avós é uma realidade. Mesmo que as pessoas reclamem do que temos hoje, a história nos informa que houve sim uma mudança benéfi ca de acesso à prestação de assistência e tratamento as pessoas no meio urbano e rural a partir da metade do século XX. Como bem afi rma Nossa e Caldeira (2014), seja na gestão ou nas estratégias preventivas e de promoção da saúde, desde os anos de 1980 por exemplo, temos na Europa e em vários lugares do mundo, suporte e novas políticas de saúde pública mais orientadas para nossos estilos de vida e a prevenção de riscos de distintas naturezas. Pessoas, grupos e comunidades, quando informados e com acesso a recursos e/ou estabelecimentos com uma série de estratégias e práticas capazes de melhorar as condições de vida, conseguem responder de forma positiva aos agravos possíveis no processo saúde-doença (SERAPIONI; MATOS, 2013). Nesse sentido, queremos que você veja que não é apenas o setor ofi cial de saúdeque pode atuar na promoção da saúde, devemos pensar que nos cuidados individuais ou coletivos, necessitamos partilhar responsabilidades a diversos níveis, num contexto interdisciplinar, de modo que se favoreça o desenvolvimento de espaços para o cuidado considerando diferentes escolhas de práticas terapêuticas, profi ssionais e ambientes. Nessa perspectiva, temos com certeza uma mudança nos paradigmas vigentes na saúde, uma vez que saímos da ideia cartesiana e biomédica, para uma ideia holística, mais integral e com possibilidades de atuação com distintos modelos de cuidado a saúde realizados por profi ssionais das áreas da saúde e de outras áreas também, devidamente preparados para tal. Os spas, enquanto estabelecimentos voltados a um cuidado fora do sistema biomédico, mas, ao mesmo tempo com profi ssionais que podem ser deste sistema e de outros, passa a incorporar, de forma progressiva a substituição de uma atitude reativa aos episódios de agravos a saúde por atitudes proativas voltadas a condição de bem- estar e uma vida de qualidade e saudável das pessoas que buscam seus serviços. 12 SPAS E QUALIDADE DE VIDA 2 OS SPAS: TIPOLOGIAS, CUIDADOS E OBJETIVOS Este capítulo vai tratar de alguns conceitos básicos relacionados ao que se entende como qualidade de vida e bem-estar, assim como o papel dos spas no processo de atendimento voltado às necessidades de um cliente estressado ou com cansaço crônico. Os spas são estabelecimentos que podem se vincular a uma clínica de estética direcionada a um público residente no lugar em que se estabelece ou ser um subproduto do Turismo de Saúde e se vincular a hotéis, clubes e/ou outros espaços idealizados para públicos internos ou externos à região em que está localizado (SILVA, 2016; ROSA; SILVA, 2011; BRASIL, 2010). Em Portugal e alguns países europeus, os spas são estabelecimentos que estão vinculados ao Turismo de Saúde, cujas atividades podem estar em dois segmentos deste modelo de turismo: o turismo médico e o turismo de bem- estar, em ambos subprodutos, o spa é um estabelecimento sem vinculação com programas de saúde públicos ou privados de caráter médico-hospitalar (SILVA; BARRETO; FERREIRA, 2015). Spa é uma expressão cujo signifi cado é ‘serviço personalizado de atendimento’, refere-se ao termo em latim Salut per Aqua, ou seja, saúde advinda da água e outras terapias corporais (SANTOS; CORREA; CARVALHO, 2016). O termalismo, ou a ida a localidades com águas termais, era uma prática entre romanos e gregos. Os romanos iam às águas termais e nelas, em ambientes masculinos, além dos banhos quentes e frios, era comum o uso de saunas, receber massagens, fazer exercícios e ao mesmo tempo tomar decisões relacionadas à vida pública e negócios. Estas práticas realizadas após conquistas de territórios ou grandes discussões políticas eram comuns entre os homens da aristocracia, alguns militares que estavam à frente de batalhas e sacerdotes (MEDEIROS; CAVACO, 2006). Como estes espaços de cuidados corporais chegaram aos dias de hoje? Da mesma forma que na antiguidade, as pessoas sentem necessidade de buscar momentos para o cuidado de si ou autocuidado. Mesmo envolvidas com suas rotinas estafantes de trabalho, percebem os impactos de dias sem exercícios, alimentação desequilibrada e noites insones. Ramos (2005, p. 5) afi rma ser um ‘mantra’ da vida moderna e uma refl exão sobre a nossa saúde a necessidade de trabalharmos não a prevenção das doenças, mas a promoção da saúde “através de hábitos sadios, com exercícios, regimes alimentares, sentimentos positivos, evitando o estresse, a competição etc.”. 13 TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 Delinear e planejar momentos para o cuidado de si, numa perspectiva ‘holística’, como afi rma Ramos (2005), leva-nos a um equilíbrio em nossa rotina no aspecto social, profi ssional e/ou familiar. Esta perspectiva denominada de holística ou holismo é parte do que se denomina de novo paradigma contemporâneo, um modo de viver e ver a vida de forma integral. O que na prática isso signifi ca? Signifi ca aprender como se cuidar, se olhar numa perspectiva que está além do próprio corpo, se ver como parte do planeta, como parte de um todo maior que pode ser responsável pela saúde e/ou pela doença se não houver equilíbrio na vida de cada um de nós (ISELE, 2011). Nesse sentido, os spas e outros empreendimentos se organizaram como espaço terapêutico e de lazer, considerando como um de seus objetivos ofertar o que no passado era parte do que romanos e gregos tinham como um lugar de reencontro com o seu eu e espaço para retomar o equilíbrio perdido em guerras e discussões políticas (ZONTA; NOVAES, 2006). Hall (2011) categoriza os tipos de spas como: Spas Clube (+ fi tness), Spas Cruzeiro (também fi tness), Spas Médico (de caráter + curativo), Spas Termal (normalmente em cidades com fontes termais – pode estar vinculado a um clube, hotel, pousada) e Spas/Resort Hotel (direcionado aos hóspedes). Embora no passado a busca por espaços como spas se voltasse mais especifi camente à cura de doenças respiratórias, no século XX, outras associações foram feitas. A mais conhecida envolve o emagrecimento, ou ainda a oferta de massagens em ambiente perfumado com aromatizantes como complemento a distintos tratamentos estéticos (CAMPOS, 2005). Neste milênio, ampliou-se mais ainda a oferta de cuidados realizados nos spas e apenas naqueles destinados a tratamentos é que se realizam procedimentos específi cos de ‘cura’, nos demais, os procedimentos visam ao bem- estar com cuidados que podem ser de natureza estética ou relaxantes. A questão que nos ocorre agora é: o Spa é um espaço para tratamento ou para cuidado? Embora existam espaços dirigidos por médicos e outros profi ssionais da saúde voltados ao tratamento e também ao cuidado (Spas Médicos), na maioria das vezes os demais tipos de spas se voltam ao cuidado especializado e não ao cuidado médico. Agora, vamos ver qual a diferença entre tratamento e cuidado? Quando pensamos em tratamento, logo associamos à ideia de doença. E se é doença, precisamos de um profi ssional preparado para nos indicar medicamentos, exames clínicos, talvez uma cirurgia ou algo que deve ser acompanhado em uma unidade básica de saúde, uma clínica ou hospital, todos voltados a uma assistência 14 SPAS E QUALIDADE DE VIDA médica, de enfermagem e/ou odontológica com preparação específi ca, por exemplo: especialista em acupuntura, cirurgia plástica, cosmetologia e estética, entre outras possibilidades. Boff (2005, p. 29) refl ete no cuidado como: Em latim, donde se derivam as línguas latinas e o português, Cuidado signifi ca Cura. Cura é um dos sinônimos eruditos de cuidado, utilizado na tradução do famoso ‘Ser e Tempo’, de Martin Heidegger. Em seu sentido mais antigo, cura se escrevia em latim coera e se usava em um contexto de relações humanas de amor e de amizade. Cura queria expressar a atitude de cuidado, de desvelo, de preocupação e de inquietação pelo objeto ou pela pessoa amada. Importante: o cuidado pode ser profi ssional ou leigo. Quando o cuidado é profi ssional e voltado para práticas terapêuticas, o profi ssional deve ser da área da saúde e/ou ter formação específi ca no que deseja trabalhar com certifi cação ou diploma reconhecido junto aos órgãos educacionais do país, de técnico, tecnólogo, bacharel ou especialista no domínio em que pretende atuar. No caso das práticas terapêuticas complementares e/ou alternativas, o profi ssional interessado em ofertar serviços e/ou produtos voltados às mesmas deve também, conforme a especifi cidade e complexidade da prática, receber uma formação específi ca também reconhecida pelo Conselho profi ssional em que está registrado. Essa é uma das exigências para atuar em órgãos públicos e que se deseja que também possa ser efetivada em entidades, empreendimentos e outras instituições e órgãos privados (BRASIL, 2010).Atividade de Estudos: 1) Vamos ver o que vocês guardaram de informações dos conteúdos apresentados. Com base no conteúdo, responda: Como poderíamos chamar as ações e atividades que alguém pode receber em um spa? Seria tratamento ou cuidado? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 15 TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 ____________________________________________________ ___________________________________________________ . Ao falarmos na possibilidade de alguém ser assistido para relaxar, descansar e diminuir as tensões de seu cotidiano, do que exatamente estamos falando, de um cuidado ou de um tratamento? Quais profi ssionais podem atuar neste sentido? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ . 2) Se o ‘CUIDADO’ não é tratamento e pode ser realizado por profi ssionais não vinculados à área da saúde, embora preparados para cuidar de pessoas, ele poderia ser realizado em um spa, um estabelecimento que não é uma unidade básica de saúde? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ . De acordo com Waldow e Borges (2011, p. 416), o termo cuidado e o termo humanização vêm sendo tratados e/ou conduzidos juntos. Para as autoras, a difi culdade em ver os dois termos de forma separada se deve ao fato de que “ambas as categorias englobam valores e enaltecem a dignidade humana”. Inclusive são usadas como termos sinônimos e se referem a uma série de ações realizadas com responsabilidade, compromisso e, como afi rma Boff (2004), com amor e compaixão! 16 SPAS E QUALIDADE DE VIDA Amor e Compaixão, como você relacionaria estas categorias com os cuidados a serem realizados em um spa? O que compaixão tem a ver com uma massagem, uso de cores, luzes relaxantes, músicas, chás calmantes, cremes veganos, entre outros serviços e produtos que podem ser ofertados em um spa? E o que seria exatamente ter amor e compaixão por alguém? Se o spa está relacionado a um serviço considerado especial e voltado a um grupo com poder econômico de mediano a alto, como amor e compaixão se encaixam nesse universo? Conforme Boff (2005; 2004), amor e compaixão pelo ‘outro’ não deve ter um direcionamento que envolva sexo, idade, riqueza, pobreza, origens culturais ou outro qualitativo durante um cuidado terapêutico. O sentido de amor e compaixão leva em consideração a responsabilidade dos profi ssionais com o seu cliente, dando o melhor de si, atuando de acordo com a sua competência, ofertando um bom serviço em troca da confi ança de alguém que entrega seu corpo para uma massagem, uma seção de aromaterapia ou uma instrução de yoga e/ou meditação. FIGURA 1 – AMOR E COMPAIXÃO X CONFIANÇA E COMPETÊNCIA FONTE: Duarte (2015, s.p.) Em consonância a tudo que disponibilizamos neste capítulo, convém evidenciar que o spa é um espaço de saúde, ainda que não seja uma unidade de tratamento médico, e pensa-se que em futuro próximo este tipo de estabelecimento possa ser disponibilizado para pessoas de qualquer classe 17 TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 social. Seja em um estabelecimento sofi sticado ou em um lugar mais simples, se ali existem profi ssionais qualifi cados com objetivos de ofertar a possibilidade de alguém ser cuidado no sentido de relaxar e cuidar de si, ali temos um spa voltado ao cuidado humano. E este cuidado está provido de amor e compaixão porque envolve a responsabilidade por todas as pessoas que buscam cuidados corporais visando melhorar sua condição física e emocional, diferente de outros momentos da história dos spas. Neste milênio, pensamos nos spas como espaços profi ssionais em que pessoas devidamente habilitadas irão ofertar o melhor de suas competências para pessoas que buscam bem-estar e qualidade de vida. 3 BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA Na sequência deste capítulo, e sabendo que um spa pode ofertar uma série de cuidados com técnicas variadas de natureza física, mas com objetivos que envolvem não apenas o corpo material das pessoas, mas também os seus sentidos (visão, olfato, odor, escuta e tato), as emoções, as percepções e as muitas subjetividades do viver humano, vamos apresentá-lo ao que consideramos qualidade de vida (QV) e bem-estar (BE). Não existe dúvida de que é relevante falar de QV. É interessante verifi car, nestes primeiros 18 anos do século XXI, que as Ciências da Saúde tomaram para si o conceito do termo qualidade de vida e raros são os trabalhos da área que não tratam desta questão. Nas Ciências Sociais não é diferente, mas a ótica e o tratamento dado buscam as distintas formas de olhar o que chamamos de qualidade de vida. O que será qualidade de vida para o agricultor? O empresário? O professor? Do ponto de vista cultural, a forma como percebemos o mundo, a construção de nossos valores e costumes, na maioria das vezes, assumem aspectos diferentes conforme o território de onde viemos, nossas comunidades de origens, ideias e socialização. Quando falamos em qualidade de vida, estamos falando de atitudes adotadas em nosso estilo de vida, ou seja, são hábitos e ações que representam o conjunto de ações conscientes que adotamos, considerando todo nosso arsenal cultural pessoal, familiar e comunitário. Se o estilo de vida que assumimos no cotidiano do trabalho e vida familiar nos permite alcançar bem-estar e qualidade de vida, signifi ca, no mínimo, que temos energia equilibrada, alegria e disposição para as demandas de trabalho e de vida familiar. Cultura pode ser defi nida como um conjunto de elementos que medeiam e qualifi cam qualquer atividade física ou mental, que não seja determinada pela biologia, e que seja compartilhada por diferentes membros de um grupo social. Trata-se de elementos sobre os quais os atores sociais constroem signifi cados para as ações e interações sociais concretas e temporais, assim como sustentam as formas sociais vigentes, as instituições e seus modelos operativos. A cultura inclui valores, símbolos, normas e práticas (LANGDON; WIIK, 2010, p. 3). 18 SPAS E QUALIDADE DE VIDA Importante: Cultura não vem com a genética. Cultura é algo que aprendemos, compartilhamos e padronizamos enquanto uma criação humana que se espalha por vários grupos. Aqueles que adotam certos costumes e modos de pensar podem, a médio e longo prazo, mudar, transformar e mediar modos diferentes de viver certas experiências, e isto é importante porque torna a cultura dinâmica, o que para muitas pessoas demonstra a diversidade e capacidade humana de adequar- se às circunstâncias boas e ruins do cotidiano (LARAIA, 2008). Os itens elencados sobre CULTURA dizem muito da nossa vida e do que subjetivamente consideramos como importante para nos sentirmos bem, segundo aprendizados e/ou informações que adquirimos ao longo de nossa história cultural. Estudos clássicos que associam cultura com qualidade de vida (QV), como os de Day e Jankey (1996), descrevem quatro abordagens gerais para situarmos QV, que podem se relacionar com os arranjos produtivos de natureza econômica, com as nossas emoções e sentimentos, e neste caso se caracterizam como psicológicas,ou ainda, relacionam-se ao processo saúde e doença em um contexto biomédico, e por fi m, podem ser aceitas em uma perspectiva geral ou holística ao considerar a QV de uma forma multidimensional, com componentes que diferem de pessoa a pessoa, conforme seus valores e costumes, ou seja, conforme sua cultura. Para Minayo, Hartz e Buss (2000), para entendermos o que é QV se faz necessário considerarmos três referências: o momento histórico da sociedade em que estamos inseridos, com seus valores culturais e as estratifi cações sociais reconhecidas por essa sociedade em um espaço temporal e territorial. Isto signifi ca, segundo Pereira, Teixeira e Santos (2012), que o conceito de QV não é uma unanimidade para as pessoas individualmente, para as comunidades e para as áreas que a estudam. Os autores sustentam que existem componentes e subcomponentes que são essenciais para que alguém se sinta com QV e que estes se relacionam muito com as referências citadas por Minayo, Hartz e Buss (2000). O que isto na prática ocasiona? A difi culdade em se ter um conceito defi nitivo. 19 TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 VAo considerarmos as várias disciplinas das distintas áreas do conhecimento que estudam o conceito de QV, chegamos à conclusão do quanto é difícil realmente termos um conceito único que seja visto como o ‘melhor’ ou o mais ‘adequado’ de ser utilizado como uma referência nas pesquisas realizadas. Seguindo esta premissa, o que vamos aconselhar a vocês é que vejam, nos distintos elementos que trazem satisfação às pessoas, o que mais se encaixa como um atributo de QV. Percebam que a QV tem diferentes signifi cados para as pessoas e, portanto, não tem como ser dimensionado com um único conceito. Os elementos que podem atribuir a ideia de QV a uma pessoa podem mudar, dependendo da cultura ou ambiente. O que denominamos de Vida Saudável em uma cultura pode não ser possível em função do clima (muito frio/muito quente), dos patrimônios alimentares e seus modos de cultivo (com agrotóxicos) e preparo (excesso de frituras), dos tabus e possibilidades de deslocamento (em países com proibições religiosas rígidas, as mulheres raramente saem de casa), entre outros elementos. Ainda que a globalização imponha uma série de trocas entre culturas distintas, alguns costumes e valores podem levar a conceitos e defi nições diferenciadas. Na Figura 2 temos um rol de elementos desejados pelas pessoas em vários lugares do mundo. O que eles signifi cam, como as pessoas fazem para alcançá-los? As respostas têm a ver com a cultura das pessoas, não há unanimidade quanto aos signifi cados e formas de se obter esses ‘desejos cotidianos’ (LARAIA, 2008). FIGURA 2 – DESEJOS COTIDIANOS Estilo de Vida Saudável Produtividade Energia Felicidade Equilíbrio Desenvolvimento Pessoal Saúde Bem-estar FONTE: Pena (2015, s.p.) Analisando a Figura 2, como você deve ter percebido, a palavra Bem-estar consta como um dos elementos que integram o que podemos considerar um atributo ou elemento para se ter QV. Ou será ao contrário? 20 SPAS E QUALIDADE DE VIDA Com algumas palavras da Figura 3 você poderia tentar elaborar uma ideia sobre bem-estar? A proposta é que você apresente o seu pensamento sem usar as mesmas palavras, elaborando algo novo. Vamos lá? FIGURA 3 – NUVEM DO BEM-ESTAR FONTE: Hennemann (2012, s.p.) Bem-estar Exemplo: bons relacionamentos, motivação e capacidade de resiliência aos problemas. Atividade de Estudos: 1) Vamos lá? Coloque a sua ideia de bem-estar usando algumas das palavras da nossa nuvem (Figura 3) e acrescentando outras. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ___________________________________________________ . 21 TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 Ficha de Leitura Título da Obra: Saber cuidar: ética do humano Referência (norma ABNT): BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 2004. Informações sobre a obra: O cuidado é apresentado segundo conceitos fi losófi cos inerentes a todo ser humano, necessário à sobrevivência saudável e bem-estar individual e coletivo (p. 12). O cuidado pode ser explicado nas perspectivas do ‘cuidar responsável’ e da ‘negligência do cuidar’ (p. 46). O cuidado mais explícito em toda obra não é de natureza profi ssional, mas pode ser aperfeiçoado quando uma pessoa abraça uma profi ssão voltada ao cuidado em situações de doença, na infância, na velhice, nas calamidades e necessidades humanas (p. 60). Comentários sobre a obra: Importante como base para o estudo conceitual de cuidado leigo e cuidado profi ssional na perspectiva ética, responsável e solidária. Ideias surgidas com a leitura: Organizar um ensaio sobre o cuidado a partir de outras perspectivas e não apenas a fi losófi ca. Identifi car artigos na área da saúde sobre o cuidado. 4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES E então, o que achou dos exercícios que realizamos ao longo do capítulo? Mais uma vez aproveitamos para dizer: não se preocupe com a sua resposta, ela é a sua resposta e não precisa ser classifi cada como errada ou certa. O que você precisa é refl etir sobre seu conhecimento e atitude. As respostas que um cliente atendido por você pode ter podem ser outras, porque cada um de nós tem uma referência cultural de vida. Leituras, participação em rodas de conversa e debates relacionados às temáticas e conceitos tratados neste capítulo podem ser importantes e aconselhamos que sejam realizados. A especialização serve como base para novos estudos e buscas de aperfeiçoamento, mas as leituras e discussões que fi zer é que o deixarão mais preparado. 22 SPAS E QUALIDADE DE VIDA Deixamos como exercício fi nal a sugestão para que elabore um arquivo de novas referências com artigos, livros, teses e dissertações sobre spas. Leia cada referência identifi cada como importante e elabore uma fi cha de leitura de cada texto, como a que colocamos na página anterior, esta é uma forma de iniciar o seu arquivo de estudo voltado para o trabalho fi nal do curso. REFERÊNCIAS BOFF, L. O cuidado essencial: princípio de um novo ethos. Inclusão Social, Brasília, v. 1, n. 1, p. 28-35, out./mar., 2005. –––––– . Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 2004. BRASIL. Turismo de saúde: orientações básicas. Brasília: Ministério do Turismo, 2010. CAMPOS, J. R. V. Introdução ao universo da hospitalidade. Campinas: Papirus, 2005. DAY, H.; JANKEY, S. G. Lessons from the literature: toward a holistic model of quality of life. In: RENWICK, R.; BROWN, I.; NAGLER, M. (Eds.). Quality of life in health promotion and rehabilitation: conceptual approaches, issues and applications. Thousand Oaks: Sage, 1996. DUARTE, E. Luxo e qualidade de vida. Business & Magazine, v. 1, n. 1, p. 28, 2015. Disponível em: <http://terapiadoluxo.com.br/luxo-e-qualidade-de-vida/>. Acesso em: 18 jul. 2018. HALL, C. M. Health and medical tourism: a kill or cure for global public health? Tourism Review, v. 66, n. ½, p. 4-15, 2011. 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MEDEIROS, C. E.; CAVACO, C. Turismo de Saúde e Bem-Estar: Termas, SPAs Termais e Talassoterapia. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa, 2008. MINAYO, M. C. S.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS, P. M. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 7-18, 2000. NOSSA, P.; CALDEIRA, M. J. Turismo medicalizado: um epifenómeno ou a consolidação de uma nova geografi a dos cuidados de saúde? In: MARTINS, M. I. C.; MARQUES, A. P. Trabalho em Saúde, Desigualdades e Políticas Públicas. Lisboa / Rio de Janeiro: Centro de Ciências Sociais / Fiocruz, 2014. [E-Book]. Disponível em: <http://revistacomsoc.pt/index.php/cics_ebooks/article/ view/1895/1820>. Acesso em: 18 jul. 2018. PENA, D. H. Saúde, bem-estar e qualidade de vida. 2015. Blog Saúde e Bem- Estar. Disponível em: <http://blogsbestar.blogspot.com/2015/09/saude-bem-estar- e-qualidade-de-vida.html>. Acesso em: 15 abr. 2018. PEREIRA, E. F.; TEIXEIRA, C. S.; SANTOS, A. dos. 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Analisar as diferentes possibilidades de uso das práticas orientais como parte de ações terapêuticas e de conforto voltadas ao controle do estresse, promoção da saúde e estética saudável. 26 SPAS E QUALIDADE DE VIDA 27 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo, descrevemos a partir de alguns autores citados ao longo de cada tópico como as práticas terapêuticas, denominadas no Brasil de práticas integrativas complementares, são a cada ano incorporadas a ações de cuidado em serviços de saúde e também em empreendimentos como os Spas, que são voltados ao descanso, lazer, estética e férias, entre outras possibilidades. A concepção que adotamos de promoção da saúde perpassa o que refl etimos sobre o processo saúde-doença, ou seja, vai além da área da saúde e chega a um componente que chamamos de social e político, por que na prática substitui a ideia de um trabalho apenas preventivo de natureza biomédica. Quando atuamos com as práticas terapêuticas originárias de uma outra cultura, como a oriental, assumimos uma visão mais ampliada de saúde, que está além do olhar psicofísico, porque entende que as infl uências do meio em que a pessoa vive com todas as suas dicotomias e problemas são também responsáveis pelas doenças e agravos da saúde. Neste material que chega até você mostramos que mesmo para um órgão como o Ministério da Saúde não é fácil, diante de tantas correntes profi ssionais, assumir que a promoção da saúde passa por uma série de conteúdos não convencionais em meio a outros conteúdos que ressaltam uma tecnologia mais ‘pesada’, voltada para estudos epidemiológicos, equipamentos de ponta e exames minuciosos que podemos realizar auxiliados pela informática. Seguimos, neste sentido, a fi losofi a de Buss (2003), quando afi rma que o conhecimento popular, a simplicidade de algumas práticas e a participação das pessoas são fundamentais na promoção da saúde, enquanto que a Carta de Ottawa expressa muito claramente que a qualidade de vida, o bem-estar e o viver saudável têm relação direta com os serviços de saúde, e conosco, também no que se refere ao autocuidado. Ter o controle deste processo inclui buscar serviços e produtos que ampliem nossa capacidade de ser saudável e viver feliz no sistema público e também no privado, onde incluímos os Spas. Boa leitura e aprendizado a todos! 2 PROMOÇÃO DA SAÚDE E PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES Um dos problemas que encontramos no Ocidente, entre alguns profi ssionais da saúde, é a aceitação de que existem outros modelos curativos para tratamento e cuidado de pessoas. No Brasil, a polêmica e os debates sobre os usos de práticas de cuidado oriundas de outros modelos de prestação de assistência à saúde através de tratamentos e cuidados fora do modelo biomédico tradicional sempre foram uma constante. A aceitação ofi cial da possibilidade de uso dessas alternativas ocorreu 28 SPAS E QUALIDADE DE VIDA em 2006, quando o Ministério da Saúde, através da Portaria 971, de 3 de maio, aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que depois passou a ser denominada de PICs (BRASIL, 2006). Na primeira fase dessa política se previa a utilização de alguns tratamentos e cuidados da Medicina Tradicional Chinesa, como a acupuntura. Importante lembrar que esta modalidade de tratamento foi iniciada no Brasil por fi sioterapeutas e, anos depois, por médicos e enfermeiros que se qualifi cavam através de especializações (pós-graduação lato sensu). Com a acupuntura também se previu a permissão de tratamentos homeopáticos, fi toterapia (plantas e ervas medicinais) e termalismo. Em 2017, com as portarias 145, de 11 de janeiro, e 849, em março de 2017, são incorporadas as práticas de Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Refl exoterapia, Reiki, Shantala, Terapia ComunitáriaIntegrativa e Yoga (MEDEIROS, 2017; BRASIL, 2017). Para saber um pouco mais sobre estas portarias e obter mais informações sobre as PICs, acesse o caderno explicativo com apresentação das práticas integrativas em documento de 2013 do Ministério da Saúde, disponibilizado no site: <http://www. agroecologia.gov.br/sites/default/fi les/publicacoes/politica_nacional_ praticas_integrativas_complementares.pdf>. FIGURA 1 – CADERNO PNPIC/PICS FONTE: Brasil (2017) 29 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 O grande desafi o no sistema de saúde público ou no setor privado sempre foi a implementação dessas práticas com aceitação das instituições, pessoas e profi ssionais. Também tem sido um desafi o a qualifi cação adequada dos profi ssionais que atuam em unidades de saúde e nos estabelecimentos voltados mais para a promoção da saúde e não direcionados somente a tratamentos médicos (SIEGEL, 2010). Este formato de cuidado, que denominamos de promoção da saúde, pode ser realizado por você em um Spa. O que você entende por promoção da saúde? É prevenir doenças? É evitar doenças? E o que exatamente fazer a promoção da saúde tem a ver com esta disciplina que tem como foco o cuidado corporal em Spas? Antes de tudo, vamos relembrar um conceito clássico da OMS sobre promoção, que foi alvo de discussão na 1ª Conferência Internacional de Promoção da Saúde que ocorreu em 1986 no Canadá. Em um documento chamado de ‘Carta de Otawa’ se apresentou o conceito ofi cial de promoção da saúde: Promoção de saúde é o processo de capacitação das pessoas para aumentar seu controle sobre e melhorar a sua saúde. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social, um indivíduo ou grupo deve ser capaz de identifi car e realizar aspirações, satisfazer necessidades e transformar ou lidar com os ambientes. Saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida cotidiana, não o objetivo da vida. Trata-se de um conceito positivo enfatizando recursos sociais e pessoais, assim como capacidades físicas. Portanto, promoção de saúde não é apenas responsabilidade de um setor e vai além dos estilos de vida saudáveis para o bem-estar (WHO, 1986, p. 1). Na frase grifada podemos observar a diferença básica entre prevenção e promoção. Na prevenção tomamos medidas relacionadas diretamente a situações patológicas ou o que consideramos ‘doença’. Na promoção não precisamos ter uma doença específi ca para o cuidado de si e/ou o autocuidado. Aprendemos sobre nossos corpos, nossas necessidades, e utilizando nossas competências e habilidades podemos ter um plano de cuidados pessoais realizados sem ajuda de terceiros (por exemplo: caminhadas na natureza, fazer ioga, alimentar-se com produtos orgânicos, dormir e/ou descansar de forma rotineira etc.), ou vamos a uma academia, SPA, clínica, ou qualquer outro estabelecimento em busca de um cuidado específi co estimulado e orientado por um cuidador profi ssional. Isto signifi ca não precisar dos serviços de saúde ou de uma clínica ou ainda de um espaço onde possamos buscar cuidados e terapêuticas que nos auxiliem neste processo? Não, signifi ca que assumimos o controle de nossas vidas e, quando preciso e conforme a demanda, procuramos serviços ou produtos que possam auxiliar em todo o processo. Processo de capacitação das pessoas para aumentar seu controle sobre e melhorar a sua saúde. 30 SPAS E QUALIDADE DE VIDA O conhecimento é importante no sentido de fazer com que percebamos a necessidade de apoio e auxílio para o cuidado de si ou o autocuidado. Como bem afi rmam Fleury-Teixeira et al. (2011), ter consciência e conhecimento sobre nós não tira do Estado a responsabilidade de nos ofertar serviços de saúde, nem tira do setor privado a possibilidade de vender serviços e produtos que possam integrar uma agenda comum de promoção da saúde, com a oferta de terapias complementares com o compromisso de ofertar bem-estar e qualidade de vida às populações em suas distintas gerações. Na história do processo de saúde-doença humana, os conceitos assumem os valores históricos da época em que são discutidos. Isto na prática signifi ca que: Em primeiro lugar, é importante ressaltar que as diferentes concepções de promoção da saúde não são formulações recentes, mas são construções cuja evolução histórica mostra momentos de aproximação e distanciamento com outros modelos do campo da saúde, como o modelo preventivo. Efetivamente, promoção da saúde não se apresenta como um conceito inédito, nem como uma estratégia desconhecida, mas tem estado presente em diversos estudos, ao longo do último século. Embora o termo seja o mesmo, seu signifi cado tem mudado, conforme a estrutura conceitual e as estratégias operativas a que se liga, expressando uma verdadeira evolução do conceito (VERDI; CAPONI, 2011, p. 83). Seguindo a lógica de Verdi e Caponi (2011), numa perspectiva bioética, a promoção da saúde traz como ênfase a melhoria e o desenvolvimento de políticas públicas saudáveis, ambientes favoráveis à saúde e o fortalecimento de ações comunitárias com redes de apoio que possam nos fortalecer e ensinar-nos algumas habilidades e cuidados importantes para a promoção pessoal de nossa saúde. Este modelo de pensamento na contemporaneidade está ligado ao que chamamos de Wellness. O Wellness é considerado um processo no qual as pessoas optam por cuidados que as levem a um estilo de vida saudável no seu dia a dia, com harmonia e equilíbrio para o corpo, a mente e o espírito através de exercícios, alimentação saudável, relaxamento, meditação, massagens, banhos e todo um conjunto de práticas terapêuticas realizadas conforme gosto e/ou necessidade ou ainda a indicação de um profi ssional (VILELA, 2011). Bem, e onde entram as terapêuticas orientais e outras oriundas de conhecimentos também ocidentais nesse universo de Spas e espaços especiais, em sua maioria privados, voltados ao cuidado pessoal? O que tudo isto nos traz enquanto possibilidade de cuidado? Questões como estas sempre são importantes, porque tudo que faz parte de nosso cotidiano de vida tem uma história, um começo, uma origem! E daqui em diante vamos apresentar práticas que podemos realizar em Spas ou em nossos lares. Antes de darmos continuidade aos conteúdos, vamos fazer um pequeno exercício? 31 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 Atividade de Estudos: Leia o texto abaixo e responda às questões que se seguem: “Os pré-requisitos e perspectivas para a saúde não podem ser assegurados de forma isolada pelo setor da saúde. Mais importante ainda, a promoção da saúde exige uma ação coordenada de todos os envolvidos: governos, organismos de saúde e outros setores sociais e econômicos, organizações não governamentais e grupos de voluntários, autoridades locais, indústria e mídia. Pessoas em todas as esferas da vida estão envolvidas como indivíduos, como famílias e como comunidades. Grupos profi ssionais e sociais, bem como a saúde têm grande responsabilidade para mediar interesses divergentes na sociedade para alcançar saúde” (WHO, 1986, p. 3). 1) Sabendo que um Spa não é um centro ou unidade de saúde pública governamental, assinale a alternativa que demonstra que este tipo de estabelecimento, direcionado ao cuidado corporal, é um espaço de promoção da saúde se: a) ( ) Contar com profi ssionais médicos, enfermeiros e outros com formação universitária na área da saúde preocupados em assegurar os melhores cuidados corporais a pessoas que querem alcançar bem-estar e qualidade de vida. b) ( ) Contar somente com profi ssionais qualifi cados da área de Estética preocupados em assegurar os melhores cuidados corporais a pessoas que querem alcançar bem-estar e qualidade de vida. c) ( ) Contar com uma equipe interdisciplinar de profi ssionais qualifi cados preocupados em assegurar os melhores cuidados corporaisa pessoas que querem alcançar bem- estar e qualidade de vida. d) ( ) Contar com uma equipe de pessoas leigas com autoformação em práticas de saúde complementares ou alternativas preocupadas em assegurar os melhores cuidados corporais a pessoas que querem alcançar bem-estar e qualidade de vida. 32 SPAS E QUALIDADE DE VIDA 2) Ainda que os defensores da promoção da saúde defendam a ideia de que cabe a nós assumirmos o autocuidado enquanto uma responsabilidade pessoal, a Carta de Otawa deixa claro que: a) ( ) O custo do cuidado sempre será caro e um dever de cada cidadão. b) ( ) O custo do cuidado é uma responsabilidade de todos: cidadãos, ONGs, órgãos de saúde privados e públicos. c) ( ) O custo do cuidado exige sacrifícios porque nem todas as pessoas estão envolvidas e têm obrigação com esta questão. d) ( ) O custo do cuidado é obrigação exclusiva do poder público, com seus setores de saúde. 3 TÉCNICAS ORIENTAIS: ORIGENS E CORRENTES E USO EM SPAS E OUTROS ESTABELECIMENTOS As técnicas terapêuticas orientais chegaram ao Brasil talvez em seu período colonial, se pensarmos que os portugueses já viajavam ao Japão e outros países asiáticos comercializando especiarias, tecidos, alimentos secos, sementes e alguns conhecimentos acerca dos tratamentos e cuidados terapêuticos destes povos. Os jesuítas portugueses eram os que mais se interessavam em conhecer os costumes e valores dos povos contatados pelos navegadores. Eles também faziam o papel de médicos e terapeutas dos viajantes, por isto também tinham grande interesse pelos conhecimentos relativos ao uso de ervas, alimentos, preparo de remédios, entre outros elementos importantes voltados à prevenção, tratamentos e até reabilitação. A obra de Marco Polo e o interesse dos portugueses de comercializar e levar o cristianismo ao mundo oriental fi zeram com que essas práticas chegassem à Europa, com algumas delas sendo adaptadas para o uso em nossa realidade ocidental (LEÃO, 2009; FROIO, 2006). Os primeiros registros da entrada das técnicas orientais em nosso país ocorreram pelos anos de 1960, durante o movimento internacional de contracultura. Neste movimento, a discussão sobre os modos de vida das pessoas e a necessidade de incorporar costumes mais saudáveis relativos à alimentação, 33 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 aos exercícios e até a forma de agradecermos a vida através de outros credos religiosos facilitaram a adesão a diversos cuidados denominados de alternativos (QUEIROZ, 2006). Tradições como o Taoísmo, o Zen-Budismo, a medicina Ayurveda, e o que denominamos hoje de Terapias Complementares e Integrativas na área da saúde, inicialmente eram considerados tratamentos de pessoas que estavam à parte do sistema público de saúde e até mesmo do sistema privado. As pessoas que buscavam esses cuidados terapêuticos eram vistas como hippies, e esses cuidados eram considerados quase uma afronta ao sistema biomédico vigente. A legitimação, seja no setor privado ou no público, foi sendo realizada no século XX após o período de governo militar no país. Embora ainda existam muitos debates sobre a legitimidade e segurança das terapias orientais, já temos aceitação e ofi cialidade dos usos desses recursos em spas e/ou outros estabelecimentos ligados aos setores da saúde, por exemplo (CINTRA; PEREIRA, 2012). Muitas são as técnicas orientais terapêuticas utilizadas em variados estabelecimentos, mas são os spas, as clínicas voltadas à Cosmetologia e à Estética, aqueles que se especializam em tratamentos específi cos corporais (para pré e pós-operatórios de cirurgias plásticas, por exemplo), os que mais valorizam técnicas como as voltadas a: • Massagens Relaxantes (Refl exologia Podal, Shiatsu, Ayurveda, Com Pedras Quentes, Com Uso de Bambu, Tailandesa etc.). • Hidroterapia (Banhos Quentes/Mornos e Frios, Com Essências Florais e Óleos Essenciais). • Aromaterapia (Em Incensos, Velas, Águas, Óleos, Pomadas, Cremes e Cosméticos em Geral). • Argiloterapia/Geoterapia. • Meditação (Budista, Zen-Budista, Xintoísta). • Yoga (Hatha Yoga). • Acupuntura (Com Agulhas, Com Sementes, Com Toques – Do-In). • Cromoterapia (Com Lâmpadas, Velas). • Reiki. • Iridologia. • Moxibustão. • Entre outras. Muitos outros cuidados poderiam ser citados, cada um deles destinado essencialmente à promoção da saúde, ao cuidado terapêutico voltado a uma condição corporal saudável, em um momento em que as pessoas precisam descansar, relaxar, desligar-se do seu cotidiano de estresse. É fundamental que se observe que, para orientarmos a realização de todos esses cuidados e/ 34 SPAS E QUALIDADE DE VIDA ou terapêuticas, se faz necessário um aprendizado teórico-prático profundo, ou seja, não serão apenas as leituras de bons livros ou a observação de quem faz as técnicas que possibilitarão um aprendizado qualifi cado para a realização das mesmas. Você e qualquer pessoa que deseja trabalhar com essas terapêuticas deve praticar e adquirir a habilidade necessária à sua realização com segurança. Elencamos algumas destas terapêuticas para apresentação nesta apostila, aconselhamos, porém, que leiam as referências que apresentamos no fi nal deste capítulo como leituras de aprofundamento. De acordo com Cassar (2001), as informações básicas sobre massagem são: • Em uma massagem, alguns conhecimentos são muito importantes. Saber sobre anatomia do corpo e entender sua fi siologia e as condições normais e anormais que uma pessoa pode desenvolver ao longo da vida, considerando estilo de vida, ciclo etário e histórico familiar de saúde-doença, é essencial. As escolhas quanto ao tipo de massagem a ser realizada têm por base esses conhecimentos, além das técnicas manuais de aplicação das massagens. • As técnicas mais importantes de massagem envolvem: deslizamento, percussão, fricção e vibração. Podem ser realizadas com as mãos limpas ou umedecidas com óleos e/ou cremes. Destinadas somente ao relaxamento ou a um cuidado estético, ou ainda voltadas a sintomas físicos específi cos, como dores, entre outras possibilidades. No caso de massagens destinadas a cuidados estéticos, também existem aparelhos que podem ser associados ao trabalho realizado com as mãos. O uso de velas e/ ou pedras quentes [o calor deve ser adequado ao tecido da pele e não provocar queimaduras] tem sido bastante frequente em pessoas com musculaturas enrijecidas e difi culdades para relaxar. • Também é importante que antes da massagem o profi ssional que irá aplicá-la conheça um pouco acerca do seu cliente. A anamnese com dados pessoais de identifi cação, sintomas que levaram a buscar a massagem, bem como um histórico de condições e estilo de vida, uso de medicamentos, tratamentos que realiza 35 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 para alguma doença diagnosticada e detalhes como profi ssão, exercícios e dieta alimentar diária, é importante para a decisão quanto ao tipo de massagem que se vai realizar. Lembrete! Não cabe ao massagista fazer diagnósticos sobre doenças, entretanto, é importante saber que algumas doenças e problemas específi cos de saúde podem não ser indicativos do uso da massagem como cuidado corporal, seja para relaxar ou para ações de natureza estética. O quadro a seguir traz alguns princípios éticos importantes. Lembre-se: você vai realizar cuidados corporais em uma pessoa com pouca roupa em um ambiente privado. Além de primar pela qualidade de seus serviços, deve ter decoro e respeito por quem procura seus serviços. QUADRO 1 – PRINCÍPIOS ÉTICOS PRINCÍPIOS ÉTICOS SEGUIDOS NA MASSAGEM • Respeito: qualifi cação e habilidade para realização da técnica, decoro ao tocar e se relacionar com o corpo e as emoções de quem recebe a massagem. • Autodeterminação: aceitar as decisões do cliente, mas oferecer toda e qualquer infor- mação pertinente à técnica realizadae seus efeitos. • Veracidade: direito do cliente a respostas objetivas e científi cas sobre o cuidado real- izado e seus efeitos. • Benefi cência: o tratamento se destina às necessidades do cliente e deve ser realizado em tempo adequado ao problema para que se alcance os resultados adequados à queixa principal. • Confi dencialidade: respeito à privacidade de informações sobre o cliente. • Justiça: custos justos aos cuidados realizados. • Proporcionalidade: indicar o tipo de massagem e tempo de realização proporcional à necessidade do cliente. FONTE: Adaptado de Bassi (s.d.) 36 SPAS E QUALIDADE DE VIDA Atividade de Estudos: 1) Leia o texto abaixo sobre a técnica apresentada anteriormente e depois assinale com verdadeiro (V) ou falso (F) os itens a seguir. A palavra massagem também vem do grego Masso, que signifi ca “amassar”. Hipócrates (480 a.C.) usou o termo Anatripsis, que signifi ca “friccionar pressionando o tecido”, e este foi traduzido, posteriormente, para a palavra latina Frictio, que signifi ca “fricção” ou “esfregação”. Este termo prevaleceu por um longo tempo e ainda era usado nos Estados Unidos até 1870. A expressão para massagem na Índia era Shampoing; na China a massagem era conhecida como CongFou, no Japão, como Ambouk. A história da massagem em geral é registrada cronologicamente, mas, em vez de seguirmos esse rumo, é interessante considerar algumas de suas aplicações históricas como um recurso terapêutico (CASSAR, 2001, p. 22). a) ( ) O relaxamento é uma das mais conhecidas e importantes razões para a aplicação da massagem, porque induz ao sono e combate a fadiga. b) ( ) Unindo a massagem com exercícios físicos e uso de óleos à base de ervas e plantas aromáticas pode-se obter melhoras na circulação sanguínea com retorno venoso capaz de nutrir melhor os tecidos corporais. c) ( ) A melhora no fl uxo sanguíneo com movimentos apropriados e massagem na região abdominal pode estimular a eliminação de fezes e gases. d) ( ) Como um complemento ao tratamento cirúrgico, a massagem pode ser empregada para aliviar a dor, reduzir edemas, auxiliar a circulação e promover a nutrição dos tecidos. e) ( ) A massagem somente deve ser realizada após uma anamnese com todas as informações relevantes sobre o paciente no sentido de ajudar a revelar qualquer condição crucial que possa ser uma contraindicação. 37 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 Importante: uma massagem não é uma seção de tortura. A massagem não pode e não deve ser sentida no corpo após dois ou três dias de sua realização a ponto de difi cultar as atividades físicas e o cotidiano de seu cliente. Por exemplo: a refl exologia podal pode ser dolorida na hora em que está sendo realizada, mas, se ao sair o cliente tiver difi culdades de andar, isto pode signifi car o uso de toques inadequados ou ainda a necessidade de uma avaliação médica quanto a outros problemas nos pés e pernas. A massagem associada a banhos quentes ou com água em temperatura mais alta do que a do ambiente onde está a pessoa a ser massageada ou levada a um banho de conforto, faz parte da história humana. Segundo Gracio (2016), Heródoto (485 a.C. e 425 a.C.), geógrafo e historiador grego, divulgava no mundo antigo as virtudes das águas, receitando tratamentos associando banhos e massagens por até três semanas para limpeza dos humores corporais. Vale mencionar que Hipócrates, considerado o médico mais notável do mundo antigo e o pai da medicina moderna, considerava o banho como primordial para a prevenção de doenças e algo mais do que uma simples medida de higiene. Para ele, a doença era um distúrbio provocado pela falta de equilíbrio de nossos ‘humores corporais’ e seu principal tratamento consistia na combinação de banhos quentes e frios, com o objetivo de ajudar a natureza a restabelecer o seu normal equilíbrio. A massagem, como colocada anteriormente, pode ser associada ao calor para auxiliar e potencializar seus efeitos terapêuticos. Furlan et al. (2015) recomendam a aplicação do calor local em casos de tensões musculares e crises de dores musculoesqueléticas. Os efeitos terapêuticos são a vasodilatação, aumento do fl uxo sanguíneo, oxigenação dos tecidos com eliminação dos resíduos metabólicos. Este contexto de mudanças fi siológicas favorece a diminuição da dor, levando à analgesia – diminuição da rigidez nas articulações e redução das tensões musculares. Esta prática terapêutica, também denominada de termoterapia, tem a condução de calor transmitida ao corpo por meio de pedras vulcânicas, lavas basálticas ou pedras roladas do rio. Na atualidade, as massagens com pedras quentes são realizadas com pedras de várias origens e composição, contudo, “os tamanhos e formatos dessas pedras são escolhidos de acordo com a sua aplicação durante a massagem. Podem ser arredondadas, ovais, chatas, fi nas ou com outras espessuras e formatos” (POSSER, 2011, p. 23). Este tipo de prática não é recomendado com pessoas que tenham: 38 SPAS E QUALIDADE DE VIDA Patologia infl amatória ou traumática aguda, hemorragias ou alterações da coagulação, vasculopatia aterosclerótica, áreas isquêmicas, patologia cardiovascular descompensada, patologia neoplásica ou infecciosa, lesões dermatológicas, alterações da sensibilidade térmica, doentes sedados ou obnubilados, cartilagens de crescimento, útero grávido e cicatrizes ou feridas abertas (OLIVEIRA; ULLIANO; CARVALHO, 2017). Em substituição às pedras, alguns terapeutas utilizam velas quentes no processo de massagens. Esta prática requer muito cuidado. A cera da vela deve estar em temperatura confortável para o massagista e o cliente, uma vez que a fricção na pele não deve provocar queimaduras e sim amassamento para redução da dor e, ao mesmo tempo, hidratação local. Pode ser associada também a essências fl orais e/ou óleos essenciais, conforme a demanda e necessidade do cliente. Sobre o uso de óleos essenciais, teremos no Capítulo 3 maiores informações no tópico sobre Aromaterapia. 4 YOGA O Yoga foi apresentado ao Ocidente no século XIX. Com uma associação de exercícios físicos alinhados a distintas posturas e correntes fi losófi cas, muitas pessoas vêm adotando o Yoga como parte de uma série de cuidados voltadas ao corpo e à mente. Mesmo na Índia, esta prática com muitos seguidores prossegue ao longo dos séculos com várias transformações e adequações ao cotidiano das pessoas. Feuerstein (2013), um investigador do Yoga no Ocidente, afi rma que muitas das modifi cações ocorridas nesta prática se devem à sua introdução nas Américas. A palavra Yoga tem origem sânscrita e possui vários signifi cados. É escrita no masculino e, segundo Eliade (2009), suas práticas estão associadas não apenas ao corpo material, mas também ao corpo espiritual e, portanto, é também uma prática meditativa. Do ponto de vista etimológico, o Yoga, numa tradução livre, “refere-se à ação de “ligar”, “unir” ou “juntar” algo que está separado” (SANCHES, 2014, p. 12). 39 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 FIGURA 2 – PRÁTICAS DE YOGA 1 FONTE: <https://www.canetenroussillon.fr/wp-content/uploads/ Fotolia-32701927-S-620x350.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018. Conforme o público atendido, o Yoga pode ser uma prática de autoconhecimento vinculado à espiritualidade e/ou para o bem-estar físico e emocional, principalmente em tempos de estresse relacionado ao trabalho, estudos e viver social do século XXI. Segundo Sanches (2014), o Yoga na Índia tradicionalmente foi uma prática voltada ao público masculino, somente por volta do ano de 1938 foi aceita a primeira praticante feminina, a estudante russa Indra Devi. As tradições de yoga mais conhecidas e difundidas por escolas de Yoga no Brasil, desde a década de 1960, são a Hatha-Yoga com algumas derivações ou subtipos, Ashtanga, Iyengar y Vinyasa; Kundalini,Yoga Integral também conhecida como Swasthya Yoga, e o Power Yoga. No Brasil, o Yoga e outras práticas, como a meditação, são reconhecidos como Práticas Integrativas/Complementares de Saúde – PICs. Associado à meditação e alimentação (vegetariana, principalmente), auxilia na promoção da saúde e bem-estar saudável (SIEGEL; BARROS, 2013; 2007; BRASIL, 2006). Como colocado no Capítulo 1, o turismo de saúde, com muitos spas alocados em grandes redes hoteleiras, pode ser categorizado ou classifi cado como “turismo médico” ou “turismo de saúde e bem-estar”. O relatório da Global Spa Summit faz a seguinte distinção para os dois segmentos do turismo de saúde: O turismo médico envolve indivíduos que viajam para determinado local de modo a receberem tratamento para uma doença, para um problema físico ou mental ou para se submeterem a um procedimento cosmético; o turismo de saúde e bem-estar envolve indivíduos que viajam para determinado local de modo a participarem proativamente em atividades que mantenham ou melhorem preventivamente a saúde pessoal e o bem-estar (JOHNSTON et al., 2011, p. 20). 40 SPAS E QUALIDADE DE VIDA O Yoga fi ca alocado no turismo de saúde e bem-estar, mas não necessariamente realizado apenas para turistas. Hoje as academias voltadas para o Yoga são uma realidade, mas é no Spa que muitos (mesmo os moradores locais que os buscam) afi rmam associar a prática a outras atividades lúdicas, tais como caminhadas na natureza a pé ou de bicicleta, banhos termais quentes naturais ou minerais, workshops e experiências gastronômicas, entre outras possibilidades (ESTEVES, 2017). Para muitas pessoas, o Yoga é a escolha, porque leva à autonomia, saúde, porque acalma e traz autoconhecimento. FIGURA 3 – NUVEM DE PICS CENTRADA NO YOGA FONTE: <https://saudenacomunidade.fi les.wordpress.com/2015/05/ ea_yoga-autonomia.png?w=545&h=249>. Acesso em: 15 ago. 2018. No Brasil, temos muitos exemplos de espaços voltados para o Yoga que hoje são considerados spas importantes com oferta desta prática associada à hospedagem para descanso, férias ou realização de cursos de Yoga de natureza formativa ou informativa. Em todos os estados brasileiros existem locais destinados à prática, de academias a espaços para cursos com pousadas, é possível não apenas exercitar-se, mas também tornar-se um profi ssional da prática. Esses espaços atendem diferentes públicos e seus proprietários possuem formação em Yoga e muitos dos cursos realizados são ministrados por eles para públicos que buscam relaxar, trabalhar ou fazer formação. A característica desses espaços mais voltados a cursos é que os mesmos fi cam em meio à natureza, com diversas trilhas na mata e/ou nas praias. Oferecem serviços de pousada para os participantes de cursos e eventos que podem durar um fi nal de semana ou até um mês. São locais propícios para a prática de Yoga e a realização de cursos, com refeitórios que na maioria das vezes ofertam comida vegetariana associando o Yoga a outros cuidados corporais. Contudo, as práticas e as formações se voltam mais para o próprio Yoga, com as técnicas de Asanas, 41 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 Pranayamas, Chakras, Meditação, Mudras, dentre outras, voltadas a pessoas apenas interessadas ou como cursos profi ssionalizantes na área ( QUADROS; SILVA; PAGNONCELLI, 2009). Qualquer que seja o curso, os ministrantes fazem questão de apresentar o Yoga clássico com suas oito práticas psicofísicas, que chegaram ao Ocidente como ‘Ashtanga Yoga’. Essas oito práticas estão descritas no Yoga Sutra de Pa tañjali, o compilador do Yoga no século I ou II a.C., através de uma linguagem bastante simbólica que descreve a fi losofi a e as técnicas que fazem parte da vivência dos praticantes. Essas práticas, também denominadas de ‘membros’, se compõem, segundo Deveza (2013, p. 208), de: • Refreamento: com cinco ações – não violência, falar a verdade, não roubar, abstinência sexual e contenção de energia, e por fi m, não cobiçar o que é dos outros. • Observâncias: com cinco conselhos – pureza (cuidados corporais, mentais, boa alimentação e conduta social), contentamento (felicidade não condicionada a fatores externos), ascetismo (jejum, não consumismo), autoestudo (autodomínio das práticas do Yoga e os estudos relacionados ao espírito), entrega (não orgulho dos aprendizados). • Posturas psicofísicas: estas são as Asanas, práticas que promovem alongamentos de grupos musculares, relaxamento físico com a associação de visualizações e movimentos respiratórios específi cos que alteram estados de consciência. • Controle da respiração (Pranayama): tem como componentes a inspiração e a expiração com ênfase na capacidade de reter a respiração, principal objetivo dessa prática. • Bloqueio dos cinco sentidos e das ações físicas (Pratyahara): atenção total ao próprio eu e experiências psíquicas que isolam a mente da pessoa de qualquer contato com o meio externo. • Concentração (Dharana): pensamento voltado para um único foco de atenção, bloqueando qualquer pensamento intrusivo. • Meditação (Dhyana): concentração defi nitiva em único pensamento (Ekagrata). • Estado de integração (Samadhi): anulação das experiências do corpo, dos cinco sentidos, de todo e qualquer pensamento da mente, das noções de individualidade e das memórias do Ego que levam o iogue ao isolamento completo. Muitas pessoas que praticam o Yoga no Ocidente normalmente fazem apenas as Asanas ou posturas psicofísicas. O Yoga adaptado ao modo de pensar e viver dos ocidentais é visto como uma prática terapêu- tica e não como uma prática de natureza espiritual. A Yogaterapia, como é denominada, realiza procedimentos visando à cura de doenças através de técnicas de purifi cação respiratórias, estomacais, intestinais, musculares e visuais (SOUTO, 2002). 42 SPAS E QUALIDADE DE VIDA FIGURA 4 – PRÁTICAS DE YOGA 2 FONTE: <http://blogdescalada.com/wp-content/uploads/2013/11/ asanas_yoga-1024x852.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018. É importante lembrar que este Yoga Clássico era uma prática masculina realizada na Índia com propósitos voltados ao domínio do corpo e como uma forma de disciplinar o físico e o espírito. A vinda da prática para o Ocidente ocorreu durante os anos da contracultura, com a vinda de mestres e gurus budistas, entre outras denominações religiosas orientais. O budismo e o janaísmo, sistemas heréticos [não acreditam no Deus judaico-cristão], é que ajudaram a difundir a prática no Ocidente. Como esses movimentos ‘religiosos’ heréticos adotam uma alimentação vegetariana (ovo-lacto, lacto ou vegana – sem nenhum produto animal) é comum associar a prática a uma alimentação com mais vegetais, grãos, azeites especiais, entre outras possibilidades (SAIZAR, 2008). 43 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 FIGURA 5 – ALIMENTAÇÃO VEGANA X ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA FONTE: <http://empauta.ufpel.edu.br/wp-content/uploads/2015/05/ IMAGEM-DOIS.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018. A associação natureza, espaço relaxante, prática de Yoga (e de meditação também) mais a alimentação vegetariana faz dos espaços de Yoga modelos de busca do equilíbrio. Lembrando que muitos desses espaços comerciais são tão especializados e preocupados com a qualifi cação das pessoas que fazem formação também voltada à prática alimentar vegetariana. Por exemplo, hoje no mercado existem muitos cursos, como os de Alimentação Ayurvédica, que estão entre os mais procurados, em função dos trabalhos do médico indiano Chopra, hoje radicado nos Estados Unidos, famoso em função dos mais de 40 livros que tem escritos. Ministrantes que estudaram com Chopra, como María Zorrilla, médica formada em Ayurveda na Universidade Maimônides de Buenos Aires e na University de Haridwar (Índia), atraem público inclusive ligado à Nutrição e Gastronomia. No caso específi co desta especialistaem Yoga e alimentação, ela dirige o centro médico ayurvédico na Argentina, oferecendo tratamentos médicos individuais associados a cursos de culinária e formação em massagens Ayurvédicas. Esta também é uma característica dos empreendedores de Yoga, mostrar uma alta qualifi cação para resguardar a marca que os acompanha e os serviços ofertados (QUADROS; SILVA; PAGNONCELLI, 2009). Nos cursos ministrados ou nas práticas em que se relaciona o bem-estar à alimentação, a tolerância à ingestão de produtos animais é restrita e diferencia os grupos de vegetarianos, como apresentado na fi gura a seguir. 44 SPAS E QUALIDADE DE VIDA FIGURA 6 – DIFERENÇAS ENTRE GRUPOS DE VEGETARIANOS DIFERENÇAS ENTRE OS GRUPOS DE VEGETARIANOS OVOLACTOVEGETARIANOS LACTOVEGETARIANOS VEGETARIANOS ESTRITOS VEGANOS NÃO CONSOMEM CARNE NEM PEIXE, FRANGO, CRUSTÁCEOS ETC. NÃO CONSOMEM OVOS NEM PRODUTOS COM OVOS E DERIVADOS NÃO CONSOMEM LATICÍNIOS LEITE, QUEIJOS, IOGURTES ETC. NÃO CONSOMEM NADA DE ORIGEM ANIMAL NA ALIMENTAÇÃO NÃO CONSOMEM NADA DE ORIGEM ANIMAL ALIMENTAÇÃO, VESTUÁRIO, BELEZA, ENTRETENIMENTO, ETC. FONTE: <https://www.vista-se.com.br/wp-content/uploads/2012/10/ diferencas-vegetarianos1.gif>. Acesso em: 15 ago. 2018. Por que associar Yoga com alimentação? Segundo Aivanhov (2013), a alimentação menos tóxica junto com o yoga auxilia no processo de limpeza e desintoxicação corporal e espiritual. As carnes, de uma forma geral, segundo o autor, elevam as energias que promovem a doença, porque atuam como desintegradores de matéria saudável. Esta questão analisaremos no Capítulo 4. Na seção a seguir, falaremos sobre meditação, um dos ‘membros’ ou práticas do Yoga que também está associada a outras fi losofi as de cuidado orientais. Porém, antes de continuarmos a caminhada, vamos a um exercício. Vamos lá? Atividade de Estudos: 1) Com base nos conteúdos apresentados sobre o Yoga, assinale as alternativas corretas: a) ( ) O Yoga é uma prática física moderna nascida no Ocidente após a Segunda Guerra Mundial. Seu objetivo é preparar o corpo para grandes demandas de trabalho que exijam caminhadas. 45 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 b) ( ) O Yoga tem uma história milenar e Patañjali, como seu compilador no século I ou II a.C., escreveu sobre os oito membros ou práticas importantes para se chegar ao Samadhi. c) ( ) O Yoga clássico, com suas oito práticas psicofísicas, chegou ao Ocidente com a denominação de ‘Ashtanga Yoga’. d) ( ) O Yoga clássico se modernizou e tornou-se uma prática masculina desenvolvida para atletas de olimpíadas. e) ( ) O Yoga é uma prática que pode ser realizada com fi ns psicofísicos e/ou espirituais. Em ambas as situações a pessoa pode se benefi ciar física e mentalmente. f) ( ) O Yoga é uma prática terapêutica que também é conhecida como Yogaterapia. g) ( ) O Yoga é uma prática que pode atuar como tratamento e/ou cuidado quando temos problemas respiratórios, intestinais, musculares, entre outros. 5 MEDITAÇÃO A meditação tem uma história milenar de contemplação oriunda de religiões do Oriente (sufi smo, hinduísmo, budismo, taoísmo, zen-budismo) e antigas correntes judaico-cristãs com foco na misticidade. Existem distintos usos para a meditação, inclusive a que se destina hoje a tratamentos relacionados com problemas cardíacos, psiquiátricos e psicológicos, além do cansaço físico e mental (MORAES, 2015). A entrada da meditação no Ocidente ocorreu, segundo Prudente (2014), na década de 1950, com jovens artistas e intelectuais. De acordo com o autor, é a partir de fi ns dos anos de 1960, no advento da contracultura, com a vinda de muitos ‘mestres espirituais e sacerdotes’ de diversas linhagens indianas, tibetanas, zen-budistas e taoístas que migraram da Ásia em função da expansão do comunismo chinês, que a meditação se torna popular. Academicamente, a meditação inicialmente foi estudada por fi lósofos, psicólogos e teólogos. Contudo, é no campo da saúde que ocorreu a laicização da meditação, ou seja, esta sai do campo da espiritualidade e chega ao campo considerado mais concreto dos tratamentos e cuidados, com uso de diferentes técnicas em “hospitais, clínicas de psicoterapia, spas, escolas e empresas, ou praticadas mais independentemente por indivíduos não compromissados com nenhuma religião ou tradição espiritual” (PRUDENTE, 2014, p. 7). Es tudos realizados por Peron et al. (2004) a partir de 2000 na USP, em São Paulo, 46 SPAS E QUALIDADE DE VIDA demonstraram que a meditação é importante no controle da taquicardia, hipertensão, tensão pré-menstrual, sintomas da menopausa, insônia, fadiga e distúrbios psicológicos. Portella (2014) mostra como a meditação atua melhorando a vida de mulheres na menopausa que passam a ter insônia e outros sintomas, como ansiedade, em função das transformações hormonais nesta etapa da vida. Veja a importância da meditação! É fantástico sabermos que podemos, a partir de técnicas suaves (também denominadas de tecnologias leves), melhorar o bem-estar de uma pessoa, tornando-a mais equilibrada quanto a atitudes consigo própria. Segundo Cardoso, Souza e Camano (2009), a meditação é um estado autoinduzido obtido a partir de técnicas específi cas voltadas a um ‘objeto’ foco para evitar a dispersão dos pensamentos. A realização sistemática leva a pessoa a descontrair e chegar a um relaxamento psicofísico e muscular. Lembram das práticas do Yoga que mostramos anteriormente? Existem vários tipos de meditação, mas, uma das mais difundidas, que se volta à diminuição do estresse, é denominada de mindfulness. Sem uma tradução específi ca em nosso idioma, tem como representação básica para facilitar a compreensão as seguintes ações: atenção plena, consciência plena e estar atento. Para Demarzo (2011, p. 11): Trata-se de uma forma de intervenção estruturada, voltada para pessoas e para pacientes acometidos com condições clínicas associadas a níveis prejudiciais de estresse. Enraizado nas práticas budistas tibetanas, o MBSR é estruturado como um programa que comporta atividades presenciais (junto a um instrutor) e à distância, combinando técnicas simples de meditação. As técnicas do mindfulness são muito semelhantes a outras empregadas em meditação com outras denominações. Com instrutores inicialmente e depois sozinhos, a pessoa que realiza a prática meditativa deve, em um primeiro momento, sentado de forma confortável, centrar-se em sua respiração, depois desta fase pode iniciar o relaxamento ou escaneamento corporal criando consciência de cada parte de seu corpo, após esta etapa passa a fazer a caminhada meditativa em um jardim ou espaço silencioso em que possa soltar os pensamentos. Por último, a partir de uma seleção prévia com o instrutor, selecionar posições leves do yoga que auxiliem no processo de consciência plena e relaxamento. A duração média desses momentos pode variar entre 45 minutos a duas horas, conforme o nível de introspecção, tempo e local em que a pessoa se encontra (CAMPAYO, 2008). 47 PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 Importante: A prática de meditação não é isenta de riscos. Existem restrições para a prática de meditação em portadores de esquizofrenia e epilepsia, por exemplo, e algum desconforto pode ocorrer entre pessoas com mobilidade reduzida e sedentarismo. Atividade de Estudos: Vamos nos exercitar um pouco? 1) Sobre as origens e defi nições da meditação, marque a alternativa correta: a) ( ) A meditação tem raízes no budismo e em diversas outras tradições culturais, religiosas e fi losófi cas orientais e se destina a fazer o praticante centrar-se em um foco e a partir deste momento isolar-se do que está externo à sua consciência. b) ( ) A meditação é uma prática corporal baseada na vivência dos momentos do passado e do presente, tem por objetivo o controle do
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