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LIVRO - SPAS E QUALIDADE DE VIDA - UNIASSELVI

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SPAS E QUALIDADE 
DE VIDA
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Profª Yolanda Flores e Silva
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
SI586s
 Silva, Yolanda Flores e
 Spas e qualidade de vida. / Yolanda Flores e Silva. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2018.
 114 p.; il.
 ISBN 978-85-7141-283-5
1.Saúde. – Brasil. 2.Qualidade de Vida. – Brasil. II. Centro Univer-
sitário Leonardo Da Vinci.
CDD 610
Impresso por:
Yolanda Flores e Silva
Yolanda Flores e Silva é docente e 
pesquisadora com formação nas áreas da Saúde 
e Antropologia, possui mestrado em Antropologia 
e doutorado em Saúde pela Universidade Federal 
de Santa Catarina, realizou seu Estágio Sênior Pós-
Doutoral em 2013, na Universidade do Algarve (Faculdade 
de Economia/Programa de Doutorado em Turismo). 
Atua com pesquisas em comunidades tradicionais do 
Brasil e Portugal com temáticas acerca das populações 
e seus modos de vida, tradições, patrimônios, itinerários 
terapêuticos, alimentação orgânica, agroturismo, turismo de 
base comunitária, gastronomia étnica-cultural, segurança 
alimentar e sustentabilidade na escala humana, entre outras 
temáticas correlatas. 
Trabalha com pesquisas fi nanciadas por instituições 
de renome, como o CNPq – Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científi co e Tecnológico – onde atua como 
Bolsista Produtividade 2 desde 2017. Essas pesquisas 
têm como meta fi nal a autonomia e a inclusão social das 
pessoas almejando saúde, bem-estar e qualidade de 
vida onde quer que elas estejam. 
Caso queira conhecer um pouco melhor da 
trajetória da docente, acesse o currículo lattes 
dela: <http://lattes.cnpq.br/5344296091176496> 
e acompanhe o percurso de caráter 
interdisciplinar que faz desde que se formou 
em Enfermagem em 1986.
Sumário
APRESENTAÇÃO ..........................................................................07
CAPÍTULO 1
Tipologias de Spas e Objetivos .................................................09
CAPÍTULO 2
práticas terapêuticas de Promoção da Saúde
e Estética Saudável .....................................................................25
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial
e Corporal ...................................................................................53
Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção
da Vida Saudável ..........................................................................83
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina, embora necessária para quem atua com a saúde e o bem-
estar, não é comum em cursos de graduação, especialização e/ou em cursos 
técnicos convencionais. Por que isto acontece? Atuando nesta área, é possível 
afirmar que o cuidado enquanto uma ‘arte’ por vezes é relegada a segundo plano, 
embora seja a base e a essência da prevenção e da promoção da saúde.
Falar de prevenção é assumir que se faz necessário ter o apoio de 
profissionais da saúde, terapias medicamentosas, como as vacinas, e de exames 
diagnósticos voltados ao cuidado corporal, de modo a se evitar as doenças. Já, 
tratar de promoção da saúde é entender que algumas escolhas realizadas no 
cotidiano produzem efeitos benéficos ao corpo e à mente, que ao longo da vida 
são fortes influenciadores na contenção de problemas de saúde e até doenças de 
distintas naturezas. 
Ao se escolher o melhor e o mais saudável modo de vida, considerando 
questões econômicas, ambientais, sociais e culturais, se está assumindo o 
‘Cuidado de Si’, atitude já colocada como positiva por filósofos como Sócrates.
Considerando esse contexto, o material aqui apresentado tem por objetivo 
ajudá-lo a compreender como cada pessoa pode ser auxiliada por um profissional 
de estética no sentido de apreender conhecimentos sobre diferentes itinerários 
terapêuticos voltados a cuidados corporais fundamentados em uma abordagem 
holística e transdisciplinar. 
No Capítulo 1, sobre Tipologias de Spa’s e Objetivos, você será apresentado 
a conceitos importantes relacionados ao que é um Spa, cuidado corporal e os 
conceitos mais importantes sobre vida saudável, bem-estar pessoal e qualidade 
de vida. Entender como atuar em Spa’s com ações e/ou atividades importantes 
para diminuição do estresse e a promoção da saúde é a intenção deste capítulo 
(Bem-Estar/Qualidade de Vida).
 
No Capítulo 2, sobre Práticas Terapêuticas Orientais de Promoção da Saúde 
e Estética Saudável, apresentamos algumas correntes terapêuticas orientais 
utilizadas no Ocidente no combate ao estresse cotidiano, promoção da saúde 
e estética saudável. Nossa ideia é que você possa analisar as escolhas mais 
saudáveis e adequadas para realização de técnicas junto a pessoas que poderá 
atender profissionalmente (Massagens/Yoga/Meditação).
No Capítulo 3, sobre Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal, 
queremos que apreenda conhecimentos e práticas terapêuticas cujas bases de 
aplicação são sensoriais (sentidos) e corporais (física). Nesse sentido, muito do 
aprendizado dessas práticas perpassa conhecimentos direcionados às ervas, 
plantas aromáticas e cores (Aromaterapia/Cromoterapia).
No Capítulo 4, sobre Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da 
Vida Saudável, o aprendizado ministrado visa colocá-lo diante de informações 
sobre a importância da alimentação para promoção da saúde, principalmente 
quando esta tem natureza orgânica/biológica com a finalidade de ofertar uma vida 
mais saudável e equilibrada (Alimentação Saudável).
CAPÍTULO 1
TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer os espaços de cuidados terapêuticos e estéticos denominados SPAs.
 Compreender os conceitos de qualidade de vida e bem-estar no cotidiano 
familiar, profi ssional e social.
10
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
11
TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Estamos iniciando uma caminhada juntos, chegando ao universo dos 
cuidados voltados ao bem-estar e a qualidade de vida, com novos olhares e 
perspectivas, algo diferenciado do que se fazia na época dos nossos pais e avós. 
E porque está diferenciado? O que mudou? Será que esta é uma necessidade 
apenas do mundo contemporâneo?
As conquistas associadas a uma vida com um acesso mais fácil aos serviços 
de saúde do que na época dos pais ou avós é uma realidade. Mesmo que as 
pessoas reclamem do que temos hoje, a história nos informa que houve sim uma 
mudança benéfi ca de acesso à prestação de assistência e tratamento as pessoas 
no meio urbano e rural a partir da metade do século XX. Como bem afi rma Nossa 
e Caldeira (2014), seja na gestão ou nas estratégias preventivas e de promoção 
da saúde, desde os anos de 1980 por exemplo, temos na Europa e em vários 
lugares do mundo, suporte e novas políticas de saúde pública mais orientadas 
para nossos estilos de vida e a prevenção de riscos de distintas naturezas. 
Pessoas, grupos e comunidades, quando informados e com acesso a 
recursos e/ou estabelecimentos com uma série de estratégias e práticas capazes 
de melhorar as condições de vida, conseguem responder de forma positiva aos 
agravos possíveis no processo saúde-doença (SERAPIONI; MATOS, 2013). 
Nesse sentido, queremos que você veja que não é apenas o setor ofi cial de 
saúdeque pode atuar na promoção da saúde, devemos pensar que nos cuidados 
individuais ou coletivos, necessitamos partilhar responsabilidades a diversos 
níveis, num contexto interdisciplinar, de modo que se favoreça o desenvolvimento 
de espaços para o cuidado considerando diferentes escolhas de práticas 
terapêuticas, profi ssionais e ambientes. 
Nessa perspectiva, temos com certeza uma mudança nos paradigmas 
vigentes na saúde, uma vez que saímos da ideia cartesiana e biomédica, para 
uma ideia holística, mais integral e com possibilidades de atuação com distintos 
modelos de cuidado a saúde realizados por profi ssionais das áreas da saúde e 
de outras áreas também, devidamente preparados para tal. Os spas, enquanto 
estabelecimentos voltados a um cuidado fora do sistema biomédico, mas, ao 
mesmo tempo com profi ssionais que podem ser deste sistema e de outros, passa 
a incorporar, de forma progressiva a substituição de uma atitude reativa aos 
episódios de agravos a saúde por atitudes proativas voltadas a condição de bem-
estar e uma vida de qualidade e saudável das pessoas que buscam seus serviços. 
12
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
2 OS SPAS: TIPOLOGIAS, CUIDADOS E 
OBJETIVOS
Este capítulo vai tratar de alguns conceitos básicos relacionados ao que se 
entende como qualidade de vida e bem-estar, assim como o papel dos spas no 
processo de atendimento voltado às necessidades de um cliente estressado ou 
com cansaço crônico. Os spas são estabelecimentos que podem se vincular a 
uma clínica de estética direcionada a um público residente no lugar em que se 
estabelece ou ser um subproduto do Turismo de Saúde e se vincular a hotéis, 
clubes e/ou outros espaços idealizados para públicos internos ou externos à 
região em que está localizado (SILVA, 2016; ROSA; SILVA, 2011; BRASIL, 2010). 
Em Portugal e alguns países europeus, os spas são estabelecimentos que 
estão vinculados ao Turismo de Saúde, cujas atividades podem estar em dois 
segmentos deste modelo de turismo: o turismo médico e o turismo de bem-
estar, em ambos subprodutos, o spa é um estabelecimento sem vinculação com 
programas de saúde públicos ou privados de caráter médico-hospitalar (SILVA; 
BARRETO; FERREIRA, 2015). 
Spa é uma expressão cujo signifi cado é ‘serviço personalizado de 
atendimento’, refere-se ao termo em latim Salut per Aqua, ou seja, saúde advinda 
da água e outras terapias corporais (SANTOS; CORREA; CARVALHO, 2016). 
O termalismo, ou a ida a localidades com águas termais, era uma prática 
entre romanos e gregos. Os romanos iam às águas termais e nelas, em 
ambientes masculinos, além dos banhos quentes e frios, era comum o uso de 
saunas, receber massagens, fazer exercícios e ao mesmo tempo tomar decisões 
relacionadas à vida pública e negócios. Estas práticas realizadas após conquistas 
de territórios ou grandes discussões políticas eram comuns entre os homens 
da aristocracia, alguns militares que estavam à frente de batalhas e sacerdotes 
(MEDEIROS; CAVACO, 2006).
Como estes espaços de cuidados corporais chegaram aos dias de hoje? Da 
mesma forma que na antiguidade, as pessoas sentem necessidade de buscar 
momentos para o cuidado de si ou autocuidado. Mesmo envolvidas com suas 
rotinas estafantes de trabalho, percebem os impactos de dias sem exercícios, 
alimentação desequilibrada e noites insones. Ramos (2005, p. 5) afi rma ser um 
‘mantra’ da vida moderna e uma refl exão sobre a nossa saúde a necessidade de 
trabalharmos não a prevenção das doenças, mas a promoção da saúde “através 
de hábitos sadios, com exercícios, regimes alimentares, sentimentos positivos, 
evitando o estresse, a competição etc.”. 
13
TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 
Delinear e planejar momentos para o cuidado de si, numa perspectiva 
‘holística’, como afi rma Ramos (2005), leva-nos a um equilíbrio em nossa rotina no 
aspecto social, profi ssional e/ou familiar. Esta perspectiva denominada de holística 
ou holismo é parte do que se denomina de novo paradigma contemporâneo, um 
modo de viver e ver a vida de forma integral. O que na prática isso signifi ca? 
Signifi ca aprender como se cuidar, se olhar numa perspectiva que está além do 
próprio corpo, se ver como parte do planeta, como parte de um todo maior que pode 
ser responsável pela saúde e/ou pela doença se não houver equilíbrio na vida de 
cada um de nós (ISELE, 2011). Nesse sentido, os spas e outros empreendimentos 
se organizaram como espaço terapêutico e de lazer, considerando como um de 
seus objetivos ofertar o que no passado era parte do que romanos e gregos tinham 
como um lugar de reencontro com o seu eu e espaço para retomar o equilíbrio 
perdido em guerras e discussões políticas (ZONTA; NOVAES, 2006). 
Hall (2011) categoriza os tipos de spas como: Spas Clube (+ fi tness), Spas 
Cruzeiro (também fi tness), Spas Médico (de caráter + curativo), Spas Termal 
(normalmente em cidades com fontes termais – pode estar vinculado a um clube, 
hotel, pousada) e Spas/Resort Hotel (direcionado aos hóspedes). Embora no 
passado a busca por espaços como spas se voltasse mais especifi camente à cura 
de doenças respiratórias, no século XX, outras associações foram feitas. A mais 
conhecida envolve o emagrecimento, ou ainda a oferta de massagens em ambiente 
perfumado com aromatizantes como complemento a distintos tratamentos estéticos 
(CAMPOS, 2005). Neste milênio, ampliou-se mais ainda a oferta de cuidados 
realizados nos spas e apenas naqueles destinados a tratamentos é que se realizam 
procedimentos específi cos de ‘cura’, nos demais, os procedimentos visam ao bem-
estar com cuidados que podem ser de natureza estética ou relaxantes. 
A questão que nos ocorre agora é: o Spa é um espaço para 
tratamento ou para cuidado? Embora existam espaços dirigidos por 
médicos e outros profi ssionais da saúde voltados ao tratamento e também 
ao cuidado (Spas Médicos), na maioria das vezes os demais tipos de 
spas se voltam ao cuidado especializado e não ao cuidado médico.
Agora, vamos ver qual a diferença entre tratamento e cuidado? Quando 
pensamos em tratamento, logo associamos à ideia de doença. E se é doença, 
precisamos de um profi ssional preparado para nos indicar medicamentos, exames 
clínicos, talvez uma cirurgia ou algo que deve ser acompanhado em uma unidade 
básica de saúde, uma clínica ou hospital, todos voltados a uma assistência 
14
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
médica, de enfermagem e/ou odontológica com preparação específi ca, por 
exemplo: especialista em acupuntura, cirurgia plástica, cosmetologia e estética, 
entre outras possibilidades. Boff (2005, p. 29) refl ete no cuidado como:
Em latim, donde se derivam as línguas latinas e o português, 
Cuidado signifi ca Cura. Cura é um dos sinônimos eruditos de 
cuidado, utilizado na tradução do famoso ‘Ser e Tempo’, de 
Martin Heidegger. Em seu sentido mais antigo, cura se escrevia 
em latim coera e se usava em um contexto de relações humanas 
de amor e de amizade. Cura queria expressar a atitude de 
cuidado, de desvelo, de preocupação e de inquietação pelo 
objeto ou pela pessoa amada.
Importante: o cuidado pode ser profi ssional ou leigo. Quando 
o cuidado é profi ssional e voltado para práticas terapêuticas, o 
profi ssional deve ser da área da saúde e/ou ter formação específi ca 
no que deseja trabalhar com certifi cação ou diploma reconhecido 
junto aos órgãos educacionais do país, de técnico, tecnólogo, 
bacharel ou especialista no domínio em que pretende atuar. No 
caso das práticas terapêuticas complementares e/ou alternativas, o 
profi ssional interessado em ofertar serviços e/ou produtos voltados 
às mesmas deve também, conforme a especifi cidade e complexidade 
da prática, receber uma formação específi ca também reconhecida 
pelo Conselho profi ssional em que está registrado. Essa é uma 
das exigências para atuar em órgãos públicos e que se deseja que 
também possa ser efetivada em entidades, empreendimentos e 
outras instituições e órgãos privados (BRASIL, 2010).Atividade de Estudos:
1) Vamos ver o que vocês guardaram de informações dos conteúdos 
apresentados. Com base no conteúdo, responda: 
 Como poderíamos chamar as ações e atividades que alguém 
pode receber em um spa? Seria tratamento ou cuidado? 
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
15
TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 
____________________________________________________
___________________________________________________ .
 Ao falarmos na possibilidade de alguém ser assistido para 
relaxar, descansar e diminuir as tensões de seu cotidiano, do 
que exatamente estamos falando, de um cuidado ou de um 
tratamento? Quais profi ssionais podem atuar neste sentido?
 ____________________________________________________
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___________________________________________________ .
2) Se o ‘CUIDADO’ não é tratamento e pode ser realizado por 
profi ssionais não vinculados à área da saúde, embora preparados 
para cuidar de pessoas, ele poderia ser realizado em um spa, um 
estabelecimento que não é uma unidade básica de saúde? 
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____________________________________________________
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___________________________________________________ .
De acordo com Waldow e Borges (2011, p. 416), o termo cuidado e o termo 
humanização vêm sendo tratados e/ou conduzidos juntos. Para as autoras, a 
difi culdade em ver os dois termos de forma separada se deve ao fato de que 
“ambas as categorias englobam valores e enaltecem a dignidade humana”. 
Inclusive são usadas como termos sinônimos e se referem a uma série de ações 
realizadas com responsabilidade, compromisso e, como afi rma Boff (2004), com 
amor e compaixão! 
16
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
 Amor e Compaixão, como você relacionaria estas categorias 
com os cuidados a serem realizados em um spa? O que compaixão 
tem a ver com uma massagem, uso de cores, luzes relaxantes, 
músicas, chás calmantes, cremes veganos, entre outros serviços 
e produtos que podem ser ofertados em um spa? E o que seria 
exatamente ter amor e compaixão por alguém? Se o spa está 
relacionado a um serviço considerado especial e voltado a um grupo 
com poder econômico de mediano a alto, como amor e compaixão se 
encaixam nesse universo? 
Conforme Boff (2005; 2004), amor e compaixão pelo ‘outro’ não deve ter um 
direcionamento que envolva sexo, idade, riqueza, pobreza, origens culturais ou 
outro qualitativo durante um cuidado terapêutico. O sentido de amor e compaixão 
leva em consideração a responsabilidade dos profi ssionais com o seu cliente, 
dando o melhor de si, atuando de acordo com a sua competência, ofertando um 
bom serviço em troca da confi ança de alguém que entrega seu corpo para uma 
massagem, uma seção de aromaterapia ou uma instrução de yoga e/ou meditação. 
FIGURA 1 – AMOR E COMPAIXÃO X CONFIANÇA E COMPETÊNCIA
FONTE: Duarte (2015, s.p.)
Em consonância a tudo que disponibilizamos neste capítulo, convém 
evidenciar que o spa é um espaço de saúde, ainda que não seja uma unidade 
de tratamento médico, e pensa-se que em futuro próximo este tipo de 
estabelecimento possa ser disponibilizado para pessoas de qualquer classe 
17
TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 
social. Seja em um estabelecimento sofi sticado ou em um lugar mais simples, 
se ali existem profi ssionais qualifi cados com objetivos de ofertar a possibilidade 
de alguém ser cuidado no sentido de relaxar e cuidar de si, ali temos um spa 
voltado ao cuidado humano. E este cuidado está provido de amor e compaixão 
porque envolve a responsabilidade por todas as pessoas que buscam cuidados 
corporais visando melhorar sua condição física e emocional, diferente de outros 
momentos da história dos spas. Neste milênio, pensamos nos spas como espaços 
profi ssionais em que pessoas devidamente habilitadas irão ofertar o melhor de 
suas competências para pessoas que buscam bem-estar e qualidade de vida.
3 BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA
Na sequência deste capítulo, e sabendo que um spa pode ofertar uma 
série de cuidados com técnicas variadas de natureza física, mas com objetivos 
que envolvem não apenas o corpo material das pessoas, mas também os seus 
sentidos (visão, olfato, odor, escuta e tato), as emoções, as percepções e as 
muitas subjetividades do viver humano, vamos apresentá-lo ao que consideramos 
qualidade de vida (QV) e bem-estar (BE).
Não existe dúvida de que é relevante falar de QV. É interessante verifi car, nestes 
primeiros 18 anos do século XXI, que as Ciências da Saúde tomaram para si o conceito 
do termo qualidade de vida e raros são os trabalhos da área que não tratam desta 
questão. Nas Ciências Sociais não é diferente, mas a ótica e o tratamento dado 
buscam as distintas formas de olhar o que chamamos de qualidade de vida. O que 
será qualidade de vida para o agricultor? O empresário? O professor? Do ponto de 
vista cultural, a forma como percebemos o mundo, a construção de nossos valores e 
costumes, na maioria das vezes, assumem aspectos diferentes conforme o território de 
onde viemos, nossas comunidades de origens, ideias e socialização. Quando falamos 
em qualidade de vida, estamos falando de atitudes adotadas em nosso estilo de vida, 
ou seja, são hábitos e ações que representam o conjunto de ações conscientes que 
adotamos, considerando todo nosso arsenal cultural pessoal, familiar e comunitário. Se 
o estilo de vida que assumimos no cotidiano do trabalho e vida familiar nos permite 
alcançar bem-estar e qualidade de vida, signifi ca, no mínimo, que temos energia 
equilibrada, alegria e disposição para as demandas de trabalho e de vida familiar. 
Cultura pode ser defi nida como um conjunto de elementos que 
medeiam e qualifi cam qualquer atividade física ou mental, que 
não seja determinada pela biologia, e que seja compartilhada por 
diferentes membros de um grupo social. Trata-se de elementos 
sobre os quais os atores sociais constroem signifi cados para 
as ações e interações sociais concretas e temporais, assim 
como sustentam as formas sociais vigentes, as instituições e 
seus modelos operativos. A cultura inclui valores, símbolos, 
normas e práticas (LANGDON; WIIK, 2010, p. 3).
18
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
Importante: Cultura não vem com a genética. Cultura é algo que 
aprendemos, compartilhamos e padronizamos enquanto uma criação 
humana que se espalha por vários grupos. Aqueles que adotam certos 
costumes e modos de pensar podem, a médio e longo prazo, mudar, 
transformar e mediar modos diferentes de viver certas experiências, e 
isto é importante porque torna a cultura dinâmica, o que para muitas 
pessoas demonstra a diversidade e capacidade humana de adequar-
se às circunstâncias boas e ruins do cotidiano (LARAIA, 2008).
Os itens elencados sobre CULTURA dizem muito da nossa vida e do que 
subjetivamente consideramos como importante para nos sentirmos bem, segundo 
aprendizados e/ou informações que adquirimos ao longo de nossa história cultural. 
Estudos clássicos que associam cultura com qualidade de vida 
(QV), como os de Day e Jankey (1996), descrevem quatro abordagens 
gerais para situarmos QV, que podem se relacionar com os arranjos 
produtivos de natureza econômica, com as nossas emoções e 
sentimentos, e neste caso se caracterizam como psicológicas,ou 
ainda, relacionam-se ao processo saúde e doença em um contexto 
biomédico, e por fi m, podem ser aceitas em uma perspectiva geral 
ou holística ao considerar a QV de uma forma multidimensional, 
com componentes que diferem de pessoa a pessoa, conforme seus 
valores e costumes, ou seja, conforme sua cultura.
Para Minayo, Hartz e Buss (2000), para entendermos o que é QV se faz 
necessário considerarmos três referências: o momento histórico da sociedade 
em que estamos inseridos, com seus valores culturais e as estratifi cações 
sociais reconhecidas por essa sociedade em um espaço temporal e territorial. 
Isto signifi ca, segundo Pereira, Teixeira e Santos (2012), que o conceito de QV 
não é uma unanimidade para as pessoas individualmente, para as comunidades e 
para as áreas que a estudam. Os autores sustentam que existem componentes e 
subcomponentes que são essenciais para que alguém se sinta com QV e que estes 
se relacionam muito com as referências citadas por Minayo, Hartz e Buss (2000). 
O que isto na prática ocasiona? A difi culdade em se ter um conceito defi nitivo. 
19
TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 
VAo considerarmos as várias disciplinas das distintas áreas do conhecimento 
que estudam o conceito de QV, chegamos à conclusão do quanto é difícil 
realmente termos um conceito único que seja visto como o ‘melhor’ ou o mais 
‘adequado’ de ser utilizado como uma referência nas pesquisas realizadas. 
Seguindo esta premissa, o que vamos aconselhar a vocês é que vejam, nos 
distintos elementos que trazem satisfação às pessoas, o que mais se encaixa 
como um atributo de QV. Percebam que a QV tem diferentes signifi cados para 
as pessoas e, portanto, não tem como ser dimensionado com um único conceito. 
Os elementos que podem atribuir a ideia de QV a uma pessoa podem mudar, 
dependendo da cultura ou ambiente.
O que denominamos de Vida Saudável em uma cultura pode não ser possível 
em função do clima (muito frio/muito quente), dos patrimônios alimentares e seus 
modos de cultivo (com agrotóxicos) e preparo (excesso de frituras), dos tabus e 
possibilidades de deslocamento (em países com proibições religiosas rígidas, as 
mulheres raramente saem de casa), entre outros elementos. 
Ainda que a globalização imponha uma série de trocas entre culturas distintas, 
alguns costumes e valores podem levar a conceitos e defi nições diferenciadas. Na 
Figura 2 temos um rol de elementos desejados pelas pessoas em vários lugares 
do mundo. O que eles signifi cam, como as pessoas fazem para alcançá-los? As 
respostas têm a ver com a cultura das pessoas, não há unanimidade quanto aos 
signifi cados e formas de se obter esses ‘desejos cotidianos’ (LARAIA, 2008).
FIGURA 2 – DESEJOS COTIDIANOS
Estilo de Vida
Saudável
Produtividade
Energia
Felicidade Equilíbrio
Desenvolvimento
Pessoal
Saúde
Bem-estar
FONTE: Pena (2015, s.p.)
Analisando a Figura 2, como você deve ter percebido, a palavra Bem-estar 
consta como um dos elementos que integram o que podemos considerar um 
atributo ou elemento para se ter QV. Ou será ao contrário? 
20
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
Com algumas palavras da Figura 3 você poderia tentar elaborar 
uma ideia sobre bem-estar? A proposta é que você apresente o seu 
pensamento sem usar as mesmas palavras, elaborando algo novo. 
Vamos lá?
FIGURA 3 – NUVEM DO BEM-ESTAR
FONTE: Hennemann (2012, s.p.)
Bem-estar
Exemplo: bons relacionamentos, motivação e capacidade de resiliência 
aos problemas.
Atividade de Estudos:
1) Vamos lá? Coloque a sua ideia de bem-estar usando algumas 
das palavras da nossa nuvem (Figura 3) e acrescentando outras. 
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TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 
Ficha de Leitura
Título da Obra: Saber cuidar: ética do humano
Referência (norma ABNT): BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano 
– compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 2004.
Informações sobre a obra:
O cuidado é apresentado segundo conceitos fi losófi cos inerentes 
a todo ser humano, necessário à sobrevivência saudável e bem-estar 
individual e coletivo (p. 12).
O cuidado pode ser explicado nas perspectivas do ‘cuidar 
responsável’ e da ‘negligência do cuidar’ (p. 46).
O cuidado mais explícito em toda obra não é de natureza profi ssional, 
mas pode ser aperfeiçoado quando uma pessoa abraça uma profi ssão 
voltada ao cuidado em situações de doença, na infância, na velhice, nas 
calamidades e necessidades humanas (p. 60).
Comentários sobre a obra:
Importante como base para o estudo conceitual de cuidado leigo e 
cuidado profi ssional na perspectiva ética, responsável e solidária.
Ideias surgidas com a leitura:
Organizar um ensaio sobre o cuidado a partir de outras perspectivas 
e não apenas a fi losófi ca.
Identifi car artigos na área da saúde sobre o cuidado.
4 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
E então, o que achou dos exercícios que realizamos ao longo do capítulo? 
Mais uma vez aproveitamos para dizer: não se preocupe com a sua resposta, ela 
é a sua resposta e não precisa ser classifi cada como errada ou certa. O que você 
precisa é refl etir sobre seu conhecimento e atitude. As respostas que um cliente 
atendido por você pode ter podem ser outras, porque cada um de nós tem uma 
referência cultural de vida. 
Leituras, participação em rodas de conversa e debates relacionados 
às temáticas e conceitos tratados neste capítulo podem ser importantes e 
aconselhamos que sejam realizados. A especialização serve como base para 
novos estudos e buscas de aperfeiçoamento, mas as leituras e discussões que 
fi zer é que o deixarão mais preparado. 
22
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
Deixamos como exercício fi nal a sugestão para que elabore um arquivo de 
novas referências com artigos, livros, teses e dissertações sobre spas. Leia cada 
referência identifi cada como importante e elabore uma fi cha de leitura de cada 
texto, como a que colocamos na página anterior, esta é uma forma de iniciar o seu 
arquivo de estudo voltado para o trabalho fi nal do curso. 
REFERÊNCIAS
BOFF, L. O cuidado essencial: princípio de um novo ethos. Inclusão Social, 
Brasília, v. 1, n. 1, p. 28-35, out./mar., 2005.
–––––– . Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis: 
Vozes, 2004.
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HENNEMANN, A. L. Palavras são gatilhos. 2012. Top Blog de Ana Lúcia 
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23
TIPOLOGIAS DE SPAS E OBJETIVOS Capítulo 1 
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24
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
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ZONTA, S.; NOVAES, M. H. Spa: oportunidade de negócio para os 
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Disponível em: <https://www.ucs.br/ucs/tplVSeminTur%20/eventos/seminarios_
semintur/semin_tur_5/trabalhos/arquivos/gt08-09.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2018.
CAPÍTULO 2
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO 
DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer as principais correntes e práticas terapêuticas orientais utilizadas 
no Ocidente no combate ao estresse cotidiano, promoção da saúde e estética 
saudável.
 Analisar as diferentes possibilidades de uso das práticas orientais como parte 
de ações terapêuticas e de conforto voltadas ao controle do estresse, promoção 
da saúde e estética saudável.
26
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
27
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo, descrevemos a partir de alguns autores citados ao longo de 
cada tópico como as práticas terapêuticas, denominadas no Brasil de práticas 
integrativas complementares, são a cada ano incorporadas a ações de cuidado 
em serviços de saúde e também em empreendimentos como os Spas, que são 
voltados ao descanso, lazer, estética e férias, entre outras possibilidades.
A concepção que adotamos de promoção da saúde perpassa o que refl etimos 
sobre o processo saúde-doença, ou seja, vai além da área da saúde e chega a um 
componente que chamamos de social e político, por que na prática substitui a ideia 
de um trabalho apenas preventivo de natureza biomédica. Quando atuamos com as 
práticas terapêuticas originárias de uma outra cultura, como a oriental, assumimos uma 
visão mais ampliada de saúde, que está além do olhar psicofísico, porque entende 
que as infl uências do meio em que a pessoa vive com todas as suas dicotomias e 
problemas são também responsáveis pelas doenças e agravos da saúde.
Neste material que chega até você mostramos que mesmo para um órgão 
como o Ministério da Saúde não é fácil, diante de tantas correntes profi ssionais, 
assumir que a promoção da saúde passa por uma série de conteúdos não 
convencionais em meio a outros conteúdos que ressaltam uma tecnologia 
mais ‘pesada’, voltada para estudos epidemiológicos, equipamentos de ponta e 
exames minuciosos que podemos realizar auxiliados pela informática. Seguimos, 
neste sentido, a fi losofi a de Buss (2003), quando afi rma que o conhecimento 
popular, a simplicidade de algumas práticas e a participação das pessoas são 
fundamentais na promoção da saúde, enquanto que a Carta de Ottawa expressa 
muito claramente que a qualidade de vida, o bem-estar e o viver saudável têm 
relação direta com os serviços de saúde, e conosco, também no que se refere 
ao autocuidado. Ter o controle deste processo inclui buscar serviços e produtos 
que ampliem nossa capacidade de ser saudável e viver feliz no sistema público e 
também no privado, onde incluímos os Spas. Boa leitura e aprendizado a todos!
2 PROMOÇÃO DA SAÚDE E PRÁTICAS 
INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES
Um dos problemas que encontramos no Ocidente, entre alguns profi ssionais 
da saúde, é a aceitação de que existem outros modelos curativos para tratamento e 
cuidado de pessoas. No Brasil, a polêmica e os debates sobre os usos de práticas 
de cuidado oriundas de outros modelos de prestação de assistência à saúde através 
de tratamentos e cuidados fora do modelo biomédico tradicional sempre foram uma 
constante. A aceitação ofi cial da possibilidade de uso dessas alternativas ocorreu 
28
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
em 2006, quando o Ministério da Saúde, através da Portaria 971, de 3 de maio, 
aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), 
que depois passou a ser denominada de PICs (BRASIL, 2006). 
Na primeira fase dessa política se previa a utilização de alguns tratamentos e 
cuidados da Medicina Tradicional Chinesa, como a acupuntura. Importante lembrar 
que esta modalidade de tratamento foi iniciada no Brasil por fi sioterapeutas e, anos 
depois, por médicos e enfermeiros que se qualifi cavam através de especializações 
(pós-graduação lato sensu). Com a acupuntura também se previu a permissão de 
tratamentos homeopáticos, fi toterapia (plantas e ervas medicinais) e termalismo. 
 Em 2017, com as portarias 145, de 11 de janeiro, e 849, em março de 2017, são 
incorporadas as práticas de Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, 
Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Refl exoterapia, Reiki, 
Shantala, Terapia ComunitáriaIntegrativa e Yoga (MEDEIROS, 2017; BRASIL, 2017).
Para saber um pouco mais sobre estas portarias e obter 
mais informações sobre as PICs, acesse o caderno explicativo 
com apresentação das práticas integrativas em documento de 
2013 do Ministério da Saúde, disponibilizado no site: <http://www.
agroecologia.gov.br/sites/default/fi les/publicacoes/politica_nacional_
praticas_integrativas_complementares.pdf>. 
FIGURA 1 – CADERNO PNPIC/PICS
FONTE: Brasil (2017)
29
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
O grande desafi o no sistema de saúde público ou no setor privado sempre 
foi a implementação dessas práticas com aceitação das instituições, pessoas 
e profi ssionais. Também tem sido um desafi o a qualifi cação adequada dos 
profi ssionais que atuam em unidades de saúde e nos estabelecimentos voltados 
mais para a promoção da saúde e não direcionados somente a tratamentos 
médicos (SIEGEL, 2010). Este formato de cuidado, que denominamos de 
promoção da saúde, pode ser realizado por você em um Spa. 
O que você entende por promoção da saúde? É prevenir doenças? É evitar 
doenças? E o que exatamente fazer a promoção da saúde tem a ver com esta 
disciplina que tem como foco o cuidado corporal em Spas?
Antes de tudo, vamos relembrar um conceito clássico da OMS sobre 
promoção, que foi alvo de discussão na 1ª Conferência Internacional de Promoção 
da Saúde que ocorreu em 1986 no Canadá. Em um documento chamado de 
‘Carta de Otawa’ se apresentou o conceito ofi cial de promoção da saúde:
Promoção de saúde é o processo de capacitação 
das pessoas para aumentar seu controle sobre 
e melhorar a sua saúde. Para atingir um estado 
de completo bem-estar físico, mental e social, um 
indivíduo ou grupo deve ser capaz de identifi car 
e realizar aspirações, satisfazer necessidades 
e transformar ou lidar com os ambientes. Saúde 
é, portanto, vista como um recurso para a vida 
cotidiana, não o objetivo da vida. Trata-se de um conceito 
positivo enfatizando recursos sociais e pessoais, assim como 
capacidades físicas. Portanto, promoção de saúde não é 
apenas responsabilidade de um setor e vai além dos estilos de 
vida saudáveis para o bem-estar (WHO, 1986, p. 1).
Na frase grifada podemos observar a diferença básica entre prevenção e 
promoção. Na prevenção tomamos medidas relacionadas diretamente a situações 
patológicas ou o que consideramos ‘doença’. Na promoção não precisamos ter 
uma doença específi ca para o cuidado de si e/ou o autocuidado. Aprendemos 
sobre nossos corpos, nossas necessidades, e utilizando nossas competências e 
habilidades podemos ter um plano de cuidados pessoais realizados sem ajuda 
de terceiros (por exemplo: caminhadas na natureza, fazer ioga, alimentar-se com 
produtos orgânicos, dormir e/ou descansar de forma rotineira etc.), ou vamos a 
uma academia, SPA, clínica, ou qualquer outro estabelecimento em busca de 
um cuidado específi co estimulado e orientado por um cuidador profi ssional. Isto 
signifi ca não precisar dos serviços de saúde ou de uma clínica ou ainda de um 
espaço onde possamos buscar cuidados e terapêuticas que nos auxiliem neste 
processo? Não, signifi ca que assumimos o controle de nossas vidas e, quando 
preciso e conforme a demanda, procuramos serviços ou produtos que possam 
auxiliar em todo o processo.
Processo de 
capacitação das 
pessoas para 
aumentar seu controle 
sobre e melhorar a 
sua saúde.
30
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
O conhecimento é importante no sentido de fazer com que percebamos a 
necessidade de apoio e auxílio para o cuidado de si ou o autocuidado. Como 
bem afi rmam Fleury-Teixeira et al. (2011), ter consciência e conhecimento sobre 
nós não tira do Estado a responsabilidade de nos ofertar serviços de saúde, nem 
tira do setor privado a possibilidade de vender serviços e produtos que possam 
integrar uma agenda comum de promoção da saúde, com a oferta de terapias 
complementares com o compromisso de ofertar bem-estar e qualidade de vida às 
populações em suas distintas gerações.
Na história do processo de saúde-doença humana, os conceitos assumem os 
valores históricos da época em que são discutidos. Isto na prática signifi ca que: 
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que as diferentes 
concepções de promoção da saúde não são formulações 
recentes, mas são construções cuja evolução histórica mostra 
momentos de aproximação e distanciamento com outros 
modelos do campo da saúde, como o modelo preventivo. 
Efetivamente, promoção da saúde não se apresenta como 
um conceito inédito, nem como uma estratégia desconhecida, 
mas tem estado presente em diversos estudos, ao longo do 
último século. Embora o termo seja o mesmo, seu signifi cado 
tem mudado, conforme a estrutura conceitual e as estratégias 
operativas a que se liga, expressando uma verdadeira evolução 
do conceito (VERDI; CAPONI, 2011, p. 83).
Seguindo a lógica de Verdi e Caponi (2011), numa perspectiva bioética, a 
promoção da saúde traz como ênfase a melhoria e o desenvolvimento de políticas 
públicas saudáveis, ambientes favoráveis à saúde e o fortalecimento de ações 
comunitárias com redes de apoio que possam nos fortalecer e ensinar-nos 
algumas habilidades e cuidados importantes para a promoção pessoal de nossa 
saúde. Este modelo de pensamento na contemporaneidade está ligado ao que 
chamamos de Wellness. O Wellness é considerado um processo no qual as 
pessoas optam por cuidados que as levem a um estilo de vida saudável no seu 
dia a dia, com harmonia e equilíbrio para o corpo, a mente e o espírito através de 
exercícios, alimentação saudável, relaxamento, meditação, massagens, banhos 
e todo um conjunto de práticas terapêuticas realizadas conforme gosto e/ou 
necessidade ou ainda a indicação de um profi ssional (VILELA, 2011).
 
Bem, e onde entram as terapêuticas orientais e outras oriundas de 
conhecimentos também ocidentais nesse universo de Spas e espaços especiais, 
em sua maioria privados, voltados ao cuidado pessoal? O que tudo isto nos 
traz enquanto possibilidade de cuidado? Questões como estas sempre são 
importantes, porque tudo que faz parte de nosso cotidiano de vida tem uma 
história, um começo, uma origem! E daqui em diante vamos apresentar práticas 
que podemos realizar em Spas ou em nossos lares. Antes de darmos continuidade 
aos conteúdos, vamos fazer um pequeno exercício? 
31
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
Atividade de Estudos:
Leia o texto abaixo e responda às questões que se seguem:
“Os pré-requisitos e perspectivas para a saúde não podem ser 
assegurados de forma isolada pelo setor da saúde. Mais importante 
ainda, a promoção da saúde exige uma ação coordenada de todos 
os envolvidos: governos, organismos de saúde e outros setores 
sociais e econômicos, organizações não governamentais e grupos 
de voluntários, autoridades locais, indústria e mídia. Pessoas em 
todas as esferas da vida estão envolvidas como indivíduos, como 
famílias e como comunidades. Grupos profi ssionais e sociais, bem 
como a saúde têm grande responsabilidade para mediar interesses 
divergentes na sociedade para alcançar saúde” (WHO, 1986, p. 3).
1) Sabendo que um Spa não é um centro ou unidade de saúde 
pública governamental, assinale a alternativa que demonstra que 
este tipo de estabelecimento, direcionado ao cuidado corporal, é 
um espaço de promoção da saúde se:
a) ( ) Contar com profi ssionais médicos, enfermeiros e outros com 
formação universitária na área da saúde preocupados em 
assegurar os melhores cuidados corporais a pessoas que 
querem alcançar bem-estar e qualidade de vida.
b) ( ) Contar somente com profi ssionais qualifi cados da área de 
Estética preocupados em assegurar os melhores cuidados 
corporais a pessoas que querem alcançar bem-estar e 
qualidade de vida.
c) ( ) Contar com uma equipe interdisciplinar de profi ssionais 
qualifi cados preocupados em assegurar os melhores 
cuidados corporaisa pessoas que querem alcançar bem-
estar e qualidade de vida.
d) ( ) Contar com uma equipe de pessoas leigas com autoformação 
em práticas de saúde complementares ou alternativas 
preocupadas em assegurar os melhores cuidados corporais a 
pessoas que querem alcançar bem-estar e qualidade de vida.
32
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
2) Ainda que os defensores da promoção da saúde defendam a 
ideia de que cabe a nós assumirmos o autocuidado enquanto 
uma responsabilidade pessoal, a Carta de Otawa deixa claro que:
a) ( ) O custo do cuidado sempre será caro e um dever de cada 
cidadão.
b) ( ) O custo do cuidado é uma responsabilidade de todos: 
cidadãos, ONGs, órgãos de saúde privados e públicos.
c) ( ) O custo do cuidado exige sacrifícios porque nem todas as 
pessoas estão envolvidas e têm obrigação com esta questão.
d) ( ) O custo do cuidado é obrigação exclusiva do poder público, 
com seus setores de saúde.
3 TÉCNICAS ORIENTAIS: ORIGENS E 
CORRENTES E USO EM SPAS E OUTROS 
ESTABELECIMENTOS
As técnicas terapêuticas orientais chegaram ao Brasil talvez em seu período 
colonial, se pensarmos que os portugueses já viajavam ao Japão e outros países 
asiáticos comercializando especiarias, tecidos, alimentos secos, sementes e 
alguns conhecimentos acerca dos tratamentos e cuidados terapêuticos destes 
povos. Os jesuítas portugueses eram os que mais se interessavam em conhecer 
os costumes e valores dos povos contatados pelos navegadores. Eles também 
faziam o papel de médicos e terapeutas dos viajantes, por isto também tinham 
grande interesse pelos conhecimentos relativos ao uso de ervas, alimentos, 
preparo de remédios, entre outros elementos importantes voltados à prevenção, 
tratamentos e até reabilitação. A obra de Marco Polo e o interesse dos portugueses 
de comercializar e levar o cristianismo ao mundo oriental fi zeram com que essas 
práticas chegassem à Europa, com algumas delas sendo adaptadas para o uso 
em nossa realidade ocidental (LEÃO, 2009; FROIO, 2006).
Os primeiros registros da entrada das técnicas orientais em nosso 
país ocorreram pelos anos de 1960, durante o movimento internacional de 
contracultura. Neste movimento, a discussão sobre os modos de vida das pessoas 
e a necessidade de incorporar costumes mais saudáveis relativos à alimentação, 
33
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
aos exercícios e até a forma de agradecermos a vida através de outros credos 
religiosos facilitaram a adesão a diversos cuidados denominados de alternativos 
(QUEIROZ, 2006). 
Tradições como o Taoísmo, o Zen-Budismo, a medicina Ayurveda, e o 
que denominamos hoje de Terapias Complementares e Integrativas na área da 
saúde, inicialmente eram considerados tratamentos de pessoas que estavam à 
parte do sistema público de saúde e até mesmo do sistema privado. As pessoas 
que buscavam esses cuidados terapêuticos eram vistas como hippies, e esses 
cuidados eram considerados quase uma afronta ao sistema biomédico vigente. A 
legitimação, seja no setor privado ou no público, foi sendo realizada no século XX 
após o período de governo militar no país. Embora ainda existam muitos debates 
sobre a legitimidade e segurança das terapias orientais, já temos aceitação e 
ofi cialidade dos usos desses recursos em spas e/ou outros estabelecimentos 
ligados aos setores da saúde, por exemplo (CINTRA; PEREIRA, 2012).
Muitas são as técnicas orientais terapêuticas utilizadas em variados 
estabelecimentos, mas são os spas, as clínicas voltadas à Cosmetologia e à 
Estética, aqueles que se especializam em tratamentos específi cos corporais (para 
pré e pós-operatórios de cirurgias plásticas, por exemplo), os que mais valorizam 
técnicas como as voltadas a:
• Massagens Relaxantes (Refl exologia Podal, Shiatsu, Ayurveda, 
Com Pedras Quentes, Com Uso de Bambu, Tailandesa etc.).
• Hidroterapia (Banhos Quentes/Mornos e Frios, Com Essências 
Florais e Óleos Essenciais).
• Aromaterapia (Em Incensos, Velas, Águas, Óleos, Pomadas, 
Cremes e Cosméticos em Geral).
• Argiloterapia/Geoterapia.
• Meditação (Budista, Zen-Budista, Xintoísta).
• Yoga (Hatha Yoga).
• Acupuntura (Com Agulhas, Com Sementes, Com Toques – Do-In).
• Cromoterapia (Com Lâmpadas, Velas).
• Reiki.
• Iridologia.
• Moxibustão.
• Entre outras.
Muitos outros cuidados poderiam ser citados, cada um deles destinado 
essencialmente à promoção da saúde, ao cuidado terapêutico voltado a uma 
condição corporal saudável, em um momento em que as pessoas precisam 
descansar, relaxar, desligar-se do seu cotidiano de estresse. É fundamental 
que se observe que, para orientarmos a realização de todos esses cuidados e/
34
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
ou terapêuticas, se faz necessário um aprendizado teórico-prático profundo, ou 
seja, não serão apenas as leituras de bons livros ou a observação de quem faz 
as técnicas que possibilitarão um aprendizado qualifi cado para a realização das 
mesmas. Você e qualquer pessoa que deseja trabalhar com essas terapêuticas 
deve praticar e adquirir a habilidade necessária à sua realização com segurança. 
Elencamos algumas destas terapêuticas para apresentação 
nesta apostila, aconselhamos, porém, que leiam as referências 
que apresentamos no fi nal deste capítulo como leituras de 
aprofundamento. 
De acordo com Cassar (2001), as informações básicas sobre massagem são:
• Em uma massagem, alguns conhecimentos são muito importantes. 
Saber sobre anatomia do corpo e entender sua fi siologia e as 
condições normais e anormais que uma pessoa pode desenvolver 
ao longo da vida, considerando estilo de vida, ciclo etário e histórico 
familiar de saúde-doença, é essencial. As escolhas quanto ao tipo 
de massagem a ser realizada têm por base esses conhecimentos, 
além das técnicas manuais de aplicação das massagens.
• As técnicas mais importantes de massagem envolvem: 
deslizamento, percussão, fricção e vibração. Podem ser realizadas 
com as mãos limpas ou umedecidas com óleos e/ou cremes. 
Destinadas somente ao relaxamento ou a um cuidado estético, 
ou ainda voltadas a sintomas físicos específi cos, como dores, 
entre outras possibilidades. No caso de massagens destinadas 
a cuidados estéticos, também existem aparelhos que podem ser 
associados ao trabalho realizado com as mãos. O uso de velas e/
ou pedras quentes [o calor deve ser adequado ao tecido da pele 
e não provocar queimaduras] tem sido bastante frequente em 
pessoas com musculaturas enrijecidas e difi culdades para relaxar.
• Também é importante que antes da massagem o profi ssional que 
irá aplicá-la conheça um pouco acerca do seu cliente. A anamnese 
com dados pessoais de identifi cação, sintomas que levaram a 
buscar a massagem, bem como um histórico de condições e 
estilo de vida, uso de medicamentos, tratamentos que realiza 
35
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
para alguma doença diagnosticada e detalhes como profi ssão, 
exercícios e dieta alimentar diária, é importante para a decisão 
quanto ao tipo de massagem que se vai realizar.
Lembrete! Não cabe ao massagista fazer diagnósticos sobre 
doenças, entretanto, é importante saber que algumas doenças e problemas 
específi cos de saúde podem não ser indicativos do uso da massagem como 
cuidado corporal, seja para relaxar ou para ações de natureza estética. 
O quadro a seguir traz alguns princípios éticos importantes. Lembre-se: você 
vai realizar cuidados corporais em uma pessoa com pouca roupa em um ambiente 
privado. Além de primar pela qualidade de seus serviços, deve ter decoro e 
respeito por quem procura seus serviços.
QUADRO 1 – PRINCÍPIOS ÉTICOS
PRINCÍPIOS ÉTICOS SEGUIDOS NA MASSAGEM
 
• Respeito: qualifi cação e habilidade para realização da técnica, decoro ao tocar e se 
relacionar com o corpo e as emoções de quem recebe a massagem.
• Autodeterminação: aceitar as decisões do cliente, mas oferecer toda e qualquer infor-
mação pertinente à técnica realizadae seus efeitos.
• Veracidade: direito do cliente a respostas objetivas e científi cas sobre o cuidado real-
izado e seus efeitos.
• Benefi cência: o tratamento se destina às necessidades do cliente e deve ser realizado 
em tempo adequado ao problema para que se alcance os resultados adequados à 
queixa principal.
• Confi dencialidade: respeito à privacidade de informações sobre o cliente.
• Justiça: custos justos aos cuidados realizados.
• Proporcionalidade: indicar o tipo de massagem e tempo de realização proporcional à 
necessidade do cliente.
FONTE: Adaptado de Bassi (s.d.)
36
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
Atividade de Estudos:
1) Leia o texto abaixo sobre a técnica apresentada anteriormente e 
depois assinale com verdadeiro (V) ou falso (F) os itens a seguir. 
A palavra massagem também vem do grego Masso, que 
signifi ca “amassar”. Hipócrates (480 a.C.) usou o termo Anatripsis, 
que signifi ca “friccionar pressionando o tecido”, e este foi traduzido, 
posteriormente, para a palavra latina Frictio, que signifi ca “fricção” ou 
“esfregação”. Este termo prevaleceu por um longo tempo e ainda era 
usado nos Estados Unidos até 1870. A expressão para massagem 
na Índia era Shampoing; na China a massagem era conhecida como 
CongFou, no Japão, como Ambouk. A história da massagem em 
geral é registrada cronologicamente, mas, em vez de seguirmos 
esse rumo, é interessante considerar algumas de suas aplicações 
históricas como um recurso terapêutico (CASSAR, 2001, p. 22).
a) ( ) O relaxamento é uma das mais conhecidas e importantes 
razões para a aplicação da massagem, porque induz ao 
sono e combate a fadiga.
b) ( ) Unindo a massagem com exercícios físicos e uso de óleos à 
base de ervas e plantas aromáticas pode-se obter melhoras 
na circulação sanguínea com retorno venoso capaz de nutrir 
melhor os tecidos corporais.
c) ( ) A melhora no fl uxo sanguíneo com movimentos apropriados e 
massagem na região abdominal pode estimular a eliminação 
de fezes e gases.
d) ( ) Como um complemento ao tratamento cirúrgico, a massagem 
pode ser empregada para aliviar a dor, reduzir edemas, 
auxiliar a circulação e promover a nutrição dos tecidos.
e) ( ) A massagem somente deve ser realizada após uma 
anamnese com todas as informações relevantes sobre o 
paciente no sentido de ajudar a revelar qualquer condição 
crucial que possa ser uma contraindicação.
37
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
Importante: uma massagem não é uma seção de tortura. A 
massagem não pode e não deve ser sentida no corpo após dois 
ou três dias de sua realização a ponto de difi cultar as atividades 
físicas e o cotidiano de seu cliente. Por exemplo: a refl exologia podal 
pode ser dolorida na hora em que está sendo realizada, mas, se ao 
sair o cliente tiver difi culdades de andar, isto pode signifi car o uso 
de toques inadequados ou ainda a necessidade de uma avaliação 
médica quanto a outros problemas nos pés e pernas. 
A massagem associada a banhos quentes ou com água em temperatura mais 
alta do que a do ambiente onde está a pessoa a ser massageada ou levada a um 
banho de conforto, faz parte da história humana. Segundo Gracio (2016), Heródoto 
(485 a.C. e 425 a.C.), geógrafo e historiador grego, divulgava no mundo antigo 
as virtudes das águas, receitando tratamentos associando banhos e massagens 
por até três semanas para limpeza dos humores corporais. Vale mencionar que 
Hipócrates, considerado o médico mais notável do mundo antigo e o pai da 
medicina moderna, considerava o banho como primordial para a prevenção de 
doenças e algo mais do que uma simples medida de higiene. Para ele, a doença 
era um distúrbio provocado pela falta de equilíbrio de nossos ‘humores corporais’ 
e seu principal tratamento consistia na combinação de banhos quentes e frios, 
com o objetivo de ajudar a natureza a restabelecer o seu normal equilíbrio. 
A massagem, como colocada anteriormente, pode ser associada ao calor 
para auxiliar e potencializar seus efeitos terapêuticos. Furlan et al. (2015) 
recomendam a aplicação do calor local em casos de tensões musculares e crises 
de dores musculoesqueléticas. Os efeitos terapêuticos são a vasodilatação, 
aumento do fl uxo sanguíneo, oxigenação dos tecidos com eliminação dos 
resíduos metabólicos. Este contexto de mudanças fi siológicas favorece a 
diminuição da dor, levando à analgesia – diminuição da rigidez nas articulações e 
redução das tensões musculares. Esta prática terapêutica, também denominada 
de termoterapia, tem a condução de calor transmitida ao corpo por meio de 
pedras vulcânicas, lavas basálticas ou pedras roladas do rio. Na atualidade, as 
massagens com pedras quentes são realizadas com pedras de várias origens e 
composição, contudo, “os tamanhos e formatos dessas pedras são escolhidos 
de acordo com a sua aplicação durante a massagem. Podem ser arredondadas, 
ovais, chatas, fi nas ou com outras espessuras e formatos” (POSSER, 2011, p. 
23). Este tipo de prática não é recomendado com pessoas que tenham:
 
38
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
Patologia infl amatória ou traumática aguda, hemorragias 
ou alterações da coagulação, vasculopatia aterosclerótica, 
áreas isquêmicas, patologia cardiovascular descompensada, 
patologia neoplásica ou infecciosa, lesões dermatológicas, 
alterações da sensibilidade térmica, doentes sedados ou 
obnubilados, cartilagens de crescimento, útero grávido 
e cicatrizes ou feridas abertas (OLIVEIRA; ULLIANO; 
CARVALHO, 2017).
Em substituição às pedras, alguns terapeutas utilizam velas quentes no 
processo de massagens. Esta prática requer muito cuidado. A cera da vela 
deve estar em temperatura confortável para o massagista e o cliente, uma vez 
que a fricção na pele não deve provocar queimaduras e sim amassamento para 
redução da dor e, ao mesmo tempo, hidratação local. Pode ser associada também 
a essências fl orais e/ou óleos essenciais, conforme a demanda e necessidade 
do cliente. Sobre o uso de óleos essenciais, teremos no Capítulo 3 maiores 
informações no tópico sobre Aromaterapia.
4 YOGA
O Yoga foi apresentado ao Ocidente no século XIX. Com uma associação 
de exercícios físicos alinhados a distintas posturas e correntes fi losófi cas, muitas 
pessoas vêm adotando o Yoga como parte de uma série de cuidados voltadas ao 
corpo e à mente. Mesmo na Índia, esta prática com muitos seguidores prossegue 
ao longo dos séculos com várias transformações e adequações ao cotidiano das 
pessoas. Feuerstein (2013), um investigador do Yoga no Ocidente, afi rma que muitas 
das modifi cações ocorridas nesta prática se devem à sua introdução nas Américas. 
A palavra Yoga tem origem sânscrita e possui vários signifi cados. É escrita no 
masculino e, segundo Eliade (2009), suas práticas estão associadas não apenas 
ao corpo material, mas também ao corpo espiritual e, portanto, é também uma 
prática meditativa. Do ponto de vista etimológico, o Yoga, numa tradução livre, 
“refere-se à ação de “ligar”, “unir” ou “juntar” algo que está separado” (SANCHES, 
2014, p. 12).
39
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
FIGURA 2 – PRÁTICAS DE YOGA 1
FONTE: <https://www.canetenroussillon.fr/wp-content/uploads/
Fotolia-32701927-S-620x350.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.
Conforme o público atendido, o Yoga pode ser uma prática de autoconhecimento 
vinculado à espiritualidade e/ou para o bem-estar físico e emocional, principalmente 
em tempos de estresse relacionado ao trabalho, estudos e viver social do século 
XXI. Segundo Sanches (2014), o Yoga na Índia tradicionalmente foi uma prática 
voltada ao público masculino, somente por volta do ano de 1938 foi aceita a primeira 
praticante feminina, a estudante russa Indra Devi. 
As tradições de yoga mais conhecidas e difundidas por escolas de Yoga no Brasil, 
desde a década de 1960, são a Hatha-Yoga com algumas derivações ou subtipos, 
Ashtanga, Iyengar y Vinyasa; Kundalini,Yoga Integral também conhecida como Swasthya 
Yoga, e o Power Yoga. No Brasil, o Yoga e outras práticas, como a meditação, são 
reconhecidos como Práticas Integrativas/Complementares de Saúde – PICs. Associado 
à meditação e alimentação (vegetariana, principalmente), auxilia na promoção da saúde e 
bem-estar saudável (SIEGEL; BARROS, 2013; 2007; BRASIL, 2006).
Como colocado no Capítulo 1, o turismo de saúde, com muitos spas alocados 
em grandes redes hoteleiras, pode ser categorizado ou classifi cado como “turismo 
médico” ou “turismo de saúde e bem-estar”. O relatório da Global Spa Summit faz 
a seguinte distinção para os dois segmentos do turismo de saúde:
O turismo médico envolve indivíduos que viajam para 
determinado local de modo a receberem tratamento para 
uma doença, para um problema físico ou mental ou para se 
submeterem a um procedimento cosmético; o turismo de saúde 
e bem-estar envolve indivíduos que viajam para determinado 
local de modo a participarem proativamente em atividades que 
mantenham ou melhorem preventivamente a saúde pessoal e 
o bem-estar (JOHNSTON et al., 2011, p. 20).
40
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
O Yoga fi ca alocado no turismo de saúde e bem-estar, mas não 
necessariamente realizado apenas para turistas. Hoje as academias voltadas para 
o Yoga são uma realidade, mas é no Spa que muitos (mesmo os moradores locais 
que os buscam) afi rmam associar a prática a outras atividades lúdicas, tais como 
caminhadas na natureza a pé ou de bicicleta, banhos termais quentes naturais 
ou minerais, workshops e experiências gastronômicas, entre outras possibilidades 
(ESTEVES, 2017). Para muitas pessoas, o Yoga é a escolha, porque leva à 
autonomia, saúde, porque acalma e traz autoconhecimento.
FIGURA 3 – NUVEM DE PICS CENTRADA NO YOGA
FONTE: <https://saudenacomunidade.fi les.wordpress.com/2015/05/
ea_yoga-autonomia.png?w=545&h=249>. Acesso em: 15 ago. 2018.
No Brasil, temos muitos exemplos de espaços voltados para o Yoga que 
hoje são considerados spas importantes com oferta desta prática associada à 
hospedagem para descanso, férias ou realização de cursos de Yoga de natureza 
formativa ou informativa. Em todos os estados brasileiros existem locais destinados 
à prática, de academias a espaços para cursos com pousadas, é possível não 
apenas exercitar-se, mas também tornar-se um profi ssional da prática. Esses 
espaços atendem diferentes públicos e seus proprietários possuem formação em 
Yoga e muitos dos cursos realizados são ministrados por eles para públicos que 
buscam relaxar, trabalhar ou fazer formação.
A característica desses espaços mais voltados a cursos é que os mesmos 
fi cam em meio à natureza, com diversas trilhas na mata e/ou nas praias. Oferecem 
serviços de pousada para os participantes de cursos e eventos que podem durar 
um fi nal de semana ou até um mês. São locais propícios para a prática de Yoga e 
a realização de cursos, com refeitórios que na maioria das vezes ofertam comida 
vegetariana associando o Yoga a outros cuidados corporais. Contudo, as práticas 
e as formações se voltam mais para o próprio Yoga, com as técnicas de Asanas, 
41
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
Pranayamas, Chakras, Meditação, Mudras, dentre outras, voltadas a pessoas 
apenas interessadas ou como cursos profi ssionalizantes na área ( QUADROS; 
SILVA; PAGNONCELLI, 2009). 
Qualquer que seja o curso, os ministrantes fazem questão de apresentar 
o Yoga clássico com suas oito práticas psicofísicas, que chegaram ao Ocidente 
como ‘Ashtanga Yoga’. Essas oito práticas estão descritas no Yoga Sutra de 
Pa tañjali, o compilador do Yoga no século I ou II a.C., através de uma linguagem 
bastante simbólica que descreve a fi losofi a e as técnicas que fazem parte da 
vivência dos praticantes. Essas práticas, também denominadas de ‘membros’, se 
compõem, segundo Deveza (2013, p. 208), de:
• Refreamento: com cinco ações – não violência, falar a 
verdade, não roubar, abstinência sexual e contenção de 
energia, e por fi m, não cobiçar o que é dos outros.
• Observâncias: com cinco conselhos – pureza (cuidados 
corporais, mentais, boa alimentação e conduta social), 
contentamento (felicidade não condicionada a fatores 
externos), ascetismo (jejum, não consumismo), autoestudo 
(autodomínio das práticas do Yoga e os estudos relacionados 
ao espírito), entrega (não orgulho dos aprendizados).
• Posturas psicofísicas: estas são as Asanas, práticas que 
promovem alongamentos de grupos musculares, relaxamento 
físico com a associação de visualizações e movimentos 
respiratórios específi cos que alteram estados de consciência.
• Controle da respiração (Pranayama): tem como componentes 
a inspiração e a expiração com ênfase na capacidade de 
reter a respiração, principal objetivo dessa prática.
• Bloqueio dos cinco sentidos e das ações físicas (Pratyahara): 
atenção total ao próprio eu e experiências psíquicas que isolam 
a mente da pessoa de qualquer contato com o meio externo.
• Concentração (Dharana): pensamento voltado para um único 
foco de atenção, bloqueando qualquer pensamento intrusivo.
• Meditação (Dhyana): concentração defi nitiva em único 
pensamento (Ekagrata).
• Estado de integração (Samadhi): anulação das experiências 
do corpo, dos cinco sentidos, de todo e qualquer pensamento 
da mente, das noções de individualidade e das memórias do 
Ego que levam o iogue ao isolamento completo.
Muitas pessoas que praticam o Yoga no Ocidente normalmente 
fazem apenas as Asanas ou posturas psicofísicas. O Yoga adaptado ao 
modo de pensar e viver dos ocidentais é visto como uma prática terapêu-
tica e não como uma prática de natureza espiritual. A Yogaterapia, como é 
denominada, realiza procedimentos visando à cura de doenças através de 
técnicas de purifi cação respiratórias, estomacais, intestinais, musculares e 
visuais (SOUTO, 2002).
42
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
FIGURA 4 – PRÁTICAS DE YOGA 2
FONTE: <http://blogdescalada.com/wp-content/uploads/2013/11/
asanas_yoga-1024x852.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.
É importante lembrar que este Yoga Clássico era uma prática masculina 
realizada na Índia com propósitos voltados ao domínio do corpo e como uma 
forma de disciplinar o físico e o espírito. A vinda da prática para o Ocidente ocorreu 
durante os anos da contracultura, com a vinda de mestres e gurus budistas, entre 
outras denominações religiosas orientais. O budismo e o janaísmo, sistemas 
heréticos [não acreditam no Deus judaico-cristão], é que ajudaram a difundir a 
prática no Ocidente. Como esses movimentos ‘religiosos’ heréticos adotam uma 
alimentação vegetariana (ovo-lacto, lacto ou vegana – sem nenhum produto 
animal) é comum associar a prática a uma alimentação com mais vegetais, grãos, 
azeites especiais, entre outras possibilidades (SAIZAR, 2008). 
43
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
FIGURA 5 – ALIMENTAÇÃO VEGANA X ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA
FONTE: <http://empauta.ufpel.edu.br/wp-content/uploads/2015/05/
IMAGEM-DOIS.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.
A associação natureza, espaço relaxante, prática de Yoga (e de meditação 
também) mais a alimentação vegetariana faz dos espaços de Yoga modelos 
de busca do equilíbrio. Lembrando que muitos desses espaços comerciais são 
tão especializados e preocupados com a qualifi cação das pessoas que fazem 
formação também voltada à prática alimentar vegetariana. Por exemplo, hoje no 
mercado existem muitos cursos, como os de Alimentação Ayurvédica, que estão 
entre os mais procurados, em função dos trabalhos do médico indiano Chopra, 
hoje radicado nos Estados Unidos, famoso em função dos mais de 40 livros que 
tem escritos. 
Ministrantes que estudaram com Chopra, como María Zorrilla, médica 
formada em Ayurveda na Universidade Maimônides de Buenos Aires e na 
University de Haridwar (Índia), atraem público inclusive ligado à Nutrição e 
Gastronomia. No caso específi co desta especialistaem Yoga e alimentação, 
ela dirige o centro médico ayurvédico na Argentina, oferecendo tratamentos 
médicos individuais associados a cursos de culinária e formação em massagens 
Ayurvédicas. Esta também é uma característica dos empreendedores de Yoga, 
mostrar uma alta qualifi cação para resguardar a marca que os acompanha e 
os serviços ofertados (QUADROS; SILVA; PAGNONCELLI, 2009). Nos cursos 
ministrados ou nas práticas em que se relaciona o bem-estar à alimentação, a 
tolerância à ingestão de produtos animais é restrita e diferencia os grupos de 
vegetarianos, como apresentado na fi gura a seguir.
44
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
FIGURA 6 – DIFERENÇAS ENTRE GRUPOS DE VEGETARIANOS
DIFERENÇAS ENTRE OS 
GRUPOS DE VEGETARIANOS OVOLACTOVEGETARIANOS LACTOVEGETARIANOS
VEGETARIANOS 
ESTRITOS VEGANOS
NÃO CONSOMEM CARNE
NEM PEIXE, FRANGO, 
CRUSTÁCEOS ETC.
NÃO CONSOMEM OVOS
NEM PRODUTOS COM OVOS E 
DERIVADOS
NÃO CONSOMEM 
LATICÍNIOS
LEITE, QUEIJOS, IOGURTES 
ETC.
NÃO CONSOMEM NADA 
DE ORIGEM ANIMAL NA 
ALIMENTAÇÃO
NÃO CONSOMEM NADA 
DE ORIGEM ANIMAL
ALIMENTAÇÃO, VESTUÁRIO, 
BELEZA, ENTRETENIMENTO, 
ETC.
FONTE: <https://www.vista-se.com.br/wp-content/uploads/2012/10/
diferencas-vegetarianos1.gif>. Acesso em: 15 ago. 2018.
Por que associar Yoga com alimentação? Segundo Aivanhov (2013), a 
alimentação menos tóxica junto com o yoga auxilia no processo de limpeza e 
desintoxicação corporal e espiritual. As carnes, de uma forma geral, segundo 
o autor, elevam as energias que promovem a doença, porque atuam como 
desintegradores de matéria saudável. Esta questão analisaremos no Capítulo 4.
Na seção a seguir, falaremos sobre meditação, um dos ‘membros’ ou práticas 
do Yoga que também está associada a outras fi losofi as de cuidado orientais. 
Porém, antes de continuarmos a caminhada, vamos a um exercício. Vamos lá?
Atividade de Estudos:
1) Com base nos conteúdos apresentados sobre o Yoga, assinale 
as alternativas corretas:
a) ( ) O Yoga é uma prática física moderna nascida no Ocidente 
após a Segunda Guerra Mundial. Seu objetivo é preparar 
o corpo para grandes demandas de trabalho que exijam 
caminhadas.
45
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
b) ( ) O Yoga tem uma história milenar e Patañjali, como seu 
compilador no século I ou II a.C., escreveu sobre os oito 
membros ou práticas importantes para se chegar ao Samadhi. 
c) ( ) O Yoga clássico, com suas oito práticas psicofísicas, chegou 
ao Ocidente com a denominação de ‘Ashtanga Yoga’.
d) ( ) O Yoga clássico se modernizou e tornou-se uma prática 
masculina desenvolvida para atletas de olimpíadas.
e) ( ) O Yoga é uma prática que pode ser realizada com fi ns 
psicofísicos e/ou espirituais. Em ambas as situações a 
pessoa pode se benefi ciar física e mentalmente.
f) ( ) O Yoga é uma prática terapêutica que também é conhecida 
como Yogaterapia.
g) ( ) O Yoga é uma prática que pode atuar como tratamento e/ou 
cuidado quando temos problemas respiratórios, intestinais, 
musculares, entre outros.
5 MEDITAÇÃO
A meditação tem uma história milenar de contemplação oriunda de religiões 
do Oriente (sufi smo, hinduísmo, budismo, taoísmo, zen-budismo) e antigas 
correntes judaico-cristãs com foco na misticidade. Existem distintos usos para 
a meditação, inclusive a que se destina hoje a tratamentos relacionados com 
problemas cardíacos, psiquiátricos e psicológicos, além do cansaço físico e 
mental (MORAES, 2015).
A entrada da meditação no Ocidente ocorreu, segundo Prudente (2014), 
na década de 1950, com jovens artistas e intelectuais. De acordo com o autor, 
é a partir de fi ns dos anos de 1960, no advento da contracultura, com a vinda 
de muitos ‘mestres espirituais e sacerdotes’ de diversas linhagens indianas, 
tibetanas, zen-budistas e taoístas que migraram da Ásia em função da expansão 
do comunismo chinês, que a meditação se torna popular. 
Academicamente, a meditação inicialmente foi estudada por fi lósofos, 
psicólogos e teólogos. Contudo, é no campo da saúde que ocorreu a laicização 
da meditação, ou seja, esta sai do campo da espiritualidade e chega ao campo 
considerado mais concreto dos tratamentos e cuidados, com uso de diferentes 
técnicas em “hospitais, clínicas de psicoterapia, spas, escolas e empresas, ou 
praticadas mais independentemente por indivíduos não compromissados com 
nenhuma religião ou tradição espiritual” (PRUDENTE, 2014, p. 7). Es tudos 
realizados por Peron et al. (2004) a partir de 2000 na USP, em São Paulo, 
46
 SPAS E QUALIDADE DE VIDA
demonstraram que a meditação é importante no controle da taquicardia, 
hipertensão, tensão pré-menstrual, sintomas da menopausa, insônia, fadiga e 
distúrbios psicológicos. Portella (2014) mostra como a meditação atua melhorando 
a vida de mulheres na menopausa que passam a ter insônia e outros sintomas, 
como ansiedade, em função das transformações hormonais nesta etapa da vida. 
Veja a importância da meditação! É fantástico sabermos que podemos, a 
partir de técnicas suaves (também denominadas de tecnologias leves), melhorar o 
bem-estar de uma pessoa, tornando-a mais equilibrada quanto a atitudes consigo 
própria. Segundo Cardoso, Souza e Camano (2009), a meditação é um estado 
autoinduzido obtido a partir de técnicas específi cas voltadas a um ‘objeto’ foco 
para evitar a dispersão dos pensamentos. A realização sistemática leva a pessoa 
a descontrair e chegar a um relaxamento psicofísico e muscular. Lembram das 
práticas do Yoga que mostramos anteriormente?
Existem vários tipos de meditação, mas, uma das mais difundidas, que se 
volta à diminuição do estresse, é denominada de mindfulness. Sem uma tradução 
específi ca em nosso idioma, tem como representação básica para facilitar a 
compreensão as seguintes ações: atenção plena, consciência plena e estar 
atento. Para Demarzo (2011, p. 11): 
Trata-se de uma forma de intervenção estruturada, voltada 
para pessoas e para pacientes acometidos com condições 
clínicas associadas a níveis prejudiciais de estresse. 
Enraizado nas práticas budistas tibetanas, o MBSR é 
estruturado como um programa que comporta atividades 
presenciais (junto a um instrutor) e à distância, combinando 
técnicas simples de meditação.
As técnicas do mindfulness são muito semelhantes a outras empregadas 
em meditação com outras denominações. Com instrutores inicialmente e depois 
sozinhos, a pessoa que realiza a prática meditativa deve, em um primeiro 
momento, sentado de forma confortável, centrar-se em sua respiração, depois 
desta fase pode iniciar o relaxamento ou escaneamento corporal criando 
consciência de cada parte de seu corpo, após esta etapa passa a fazer a 
caminhada meditativa em um jardim ou espaço silencioso em que possa soltar 
os pensamentos. Por último, a partir de uma seleção prévia com o instrutor, 
selecionar posições leves do yoga que auxiliem no processo de consciência plena 
e relaxamento. A duração média desses momentos pode variar entre 45 minutos a 
duas horas, conforme o nível de introspecção, tempo e local em que a pessoa se 
encontra (CAMPAYO, 2008). 
47
PRÁTICAS TERAPÊUTICAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE E ESTÉTICA SAUDÁVEL Capítulo 2 
Importante: A prática de meditação não é isenta de riscos. 
Existem restrições para a prática de meditação em portadores de 
esquizofrenia e epilepsia, por exemplo, e algum desconforto pode 
ocorrer entre pessoas com mobilidade reduzida e sedentarismo.
Atividade de Estudos:
Vamos nos exercitar um pouco? 
1) Sobre as origens e defi nições da meditação, marque a alternativa 
correta:
 
a) ( ) A meditação tem raízes no budismo e em diversas outras 
tradições culturais, religiosas e fi losófi cas orientais e se destina 
a fazer o praticante centrar-se em um foco e a partir deste 
momento isolar-se do que está externo à sua consciência.
b) ( ) A meditação é uma prática corporal baseada na vivência 
dos momentos do passado e do presente, tem por objetivo o 
controle do

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