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GABARITO AV1 Prática em Comunidades 5º semestre MANHÃ

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Curso: Psicologia
	Turno: Manhã
	Campus: Barra
	Disciplina: Prática de Intervenção em Comunidades
	( X ) AV1 ( ) AV2 ( ) AV3
	Professor: Alessandro Bacchini
	Data: 25/09/2015
Observações e Orientações para realização da prova:
Leia com atenção. A interpretação faz parte da prova.
Tempo de realização da prova:
Responda apenas na folha de respostas nominal.
Questões objetivas rasuradas serão anuladas e questões discursivas rasuradas não poderão ser reavaliadas no processo de revisão de provas.
Utilize somente caneta de tinta azul ou preta.
Responda às perguntas dentro do que foi abordado nas aulas e na referência bibliográfica recomendada.
Bom desempenho!
1) (1,0 ponto) A psicologia social comunitária enfatiza:
- Termos teóricos: o conhecimento se produz na interação do profissional com e os sujeitos da investigação.
- Termos metodológicos: essencialmente pesquisa participante. Pesquisador e sujeitos trabalham juntos no levantamento dos problemas, planejamento de atividades e execução dos programas para a transformação;
- Valores: enfatiza-se a ética da solidariedade, os direitos humanos fundamentais e a melhoria da população em foco.
	Sobre a psicologia social comunitária, marque a alternativa incorreta:
A – Importa-se atualmente com o indivíduo em uma busca por fazê-lo ser inserido e ajustado à sociedade;
B - Estuda o sistema de relações e representações, identidade, níveis de consciência, identificação e pertinência dos indivíduos ao lugar/comunidade e aos grupos comunitários;
C - Visa ao desenvolvimento da consciência dos moradores como sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço interdisciplinar que perpassa o desenvolvimento dos grupos e da comunidade;
D - Seu problema central é a transformação do indivíduo em sujeito de sua história;
E – A psicologia comunitária é uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comunidade.
2) (1,0 ponto) O desenvolvimento de uma visão para a comunidade se dá a partir do posicionamento crítico do papel social da ciência e de sua neutralidade - (problema da ciência moderna). O movimento crítico se inicia por volta da década de 60, resultando em grande apropriação pelas ciências humanas e sociais a partir de 70 e 80. 
Acerca do desenvolvimento do conceito de comunidade, marque a alternativa correta:
A - O termo comunidade não deve ser pensado como uma categoria analítica, pois seu uso demagógico subverte qualquer tentativa de construção de um conceito;
B - Comunidade é um termo que surge na história do pensamento justamente quando há maior consonância entre valores individuais e valores coletivos;
C – Os iluministas defendem os valores comunitários presentes no modelo feudal, surgido na Idade Média;
D – Para Heller (1984), o termo “comunidade” quando abarcado pela psicologia social, faz emergir uma teoria crítica e uma prática para transformações;
E - A antítese entre comunidade e sociedade não pode ser pensada como expressão do contraste entre valores comunitários e não comunitários.
3) (1,0 ponto) A história da psicologia comunitária no Brasil e na América Latina deve tomar como pano de fundo a contextualização do cenário econômico e político. Com isso em vista, há que se considerar inúmeras questões, como por exemplo, o golpe militar de 1964. Diante desse quadro, os psicólogos se perguntam: qual o nosso papel diante desse quadro? Qual posição ter diante da população? Como pode se dar uma conscientização e organização nesse cenário?
	Sobre a psicologia social comunitária no Brasil, marque a alternativa incorreta:
A – Nas universidades surgem questionamentos também, principalmente em 68, quando houve reflexões críticas sobre seu papel social;
B – A perspectiva homogeneizadora no sentido de comunidade passou a ser largamente questionada a partir na psicologia social comunitária mais atual;
C – O posicionamento crítico da psicologia social comunitária no Brasil passa a se apropriar principalmente de temas como Atitudes para lidar com questões sociais até os dias atuais.
D – Com o rótulo de psicologia comunitária, tem-se: prática voltada para a prevenção da saúde mental, com psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, e; educação popular, com pedagogos, psicólogos, sociólogos e assistentes sociais;
E – O referencial teórico adotado neste momento é vasto, dentre eles a psicologia social a partir de uma leitura neomarxista.
4) (1,0 ponto) Na década de 60 a América Latina vivia uma luta de classe envolvendo, de um lado, o Estado e as forças capitalistas e, de outro, as necessidades da população. Os movimentos populares urbanos ganham grande expressão com as ligas camponesas e as greves se espalham entre os setores de produção e de serviço. Esse cenário ainda se encontra constituído por números elevados na inflação e na taxa de desemprego.
	No que diz respeito ao histórico da inserção da psicologia, ainda no que diz respeito aos trabalhos na comunidade, é correto afirmar:
A – Em todas as áreas, havia um movimento já institucionalizado em prol do desenvolvimento de uma consciência crítica na população para a retomada de seu lugar no social;
B – Apesar disso, as contribuições de Paulo Freire foram severamente criticadas por não levarem em consideração o resgate histórico dos sujeitos como seres sociais e históricos;
C – Os aglomerados urbanos foram se desenvolvendo de forma bastante ordenada, devido a participação militar após o Golpe de 1964;
D – Em razão desse cenário político, o reconhecimento da psicologia enquanto profissão somente se daria em 1982;
E – Com o objetivo de inserção do psicólogo nos setores populares bem como para promover a deselitização da profissão, desenvolvem-se os primeiros trabalhos em psicologia na comunidade
5) (2,0 pontos) Tomando como debate a oposição entre comunidade e sociedade, há que se levar em consideração o trabalho de Ferdinand Tönnies (1944) - sociologia alemã do fim do século XIX - em termos de Gemeinschaft (comunidade) e Gesellschaft (Sociedade), pois estas noções sistematizam a o sentido de comunidade utilizada tanto pelos conservadores quanto pelos revolucionários.
	Disserte sobre a problematização entre as noções de sociedade e comunidade como contraponto entre tradição e modernização, tomando como referência as discussões empreendidas por Ferdinand Tönnies, e/ou Weber e/ou mesmo Georg Simmel.
É na sociologia que o termo comunidade alcança o sentido de uma categoria analítica no pensamento social, estabelecendo-se a antítese entre comunidade e sociedade, expressão do contraste entre valores comunitários e não comunitários. Expresso por Ferdinand Tönnies (1944) - sociologia alemã do fim do século XIX - pelos termos Gemeinschaft (comunidade) e Gesellschaft (Sociedade), sistematiza a noção de comunidade utilizada tanto pelos conservadores quanto pelos revolucionários -> termo intermediário entre modernização e tradição. Tönnies se referia em seus escritos ao processo permanente de inter-ações humanas através do termo vontade. As vontades humanas seriam dirigidas por instintos, orientadas por motivações de origem orgânica como a nutrição, a auto-preservação e a reprodução. Quando as vontades se orientam no sentido de conservação formariam uma união. Esta, quando configurada predominantemente pela vontade natural, seria caracterizada como comunidade (gemeinschaft). A vontade humana pode, entretanto, ser guiada por outros móbiles, transcendendo os determinantes do “orgânico”, assumindo caráter deliberativo, propositivo e racional. Assim, uma união de homens edificada predominantemente pela vontade arbitrária, por sua vez, seria denominada como sociedade (gesellschaft ). Gesellschaft: não há nada de positivo do ponto de vista da moral. Os homens estão vinculados, mas divididos. Surge na atividade aquisitiva e na ciência racional. Sua base é o mercado, a troca e o dinheiro. Weber (1917) em suas reflexões sobre as ações solidárias, e tomando a racionalização como critériode distinção, separa as ações comunitárias das associativas:
1 - sentimento subjetivo de pertencimento ao grupo por parte dos participantes, com base afetiva ou tradicional. 
2 - união de interesses racionalmente motivados, podendo ser essa motivação referente a valores ou a fins. 
A comunalização reflete o sentimento subjetivo do pertencer, estar implicado na existência do outro, como família unida pela amizade, relação de vizinhança, entre outros. É baseada, enfim, em qualquer tipo de fundamento emocional ou tradicional. 
Sociação é uma relação baseada em compromissos de interesses racionalmente motivados (por valor ou finalidade) e resultante de opção racional, mais do que uma afinidade afetiva. 
Outro sociólogo que contribui com esse conceito é Georg Simmel (1858 - 1918), por seus estudos das relações inconscientes da organização social.
Ele denuncia a objetivação crescente da sociedade moderna e a consequente impessoalidade das relações, a ponto de anular a totalidade da subjetividade humana.
6) (2,0 pontos) Falar hoje da prática do psicólogo social comunitário é sem dúvida diferente do que se tratava em períodos anteriores à década de 80 no Brasil. Como afirma Freitas (2007, p.55):
Acreditando que a todo e qualquer processo de trabalho e de produção de conhecimento existem determinações históricas e políticas que os influenciam, pode-se afirmar que falar da psicologia comunitária é falar, também, da história política recente do Brasil e da América Latina.
	Acerca deste traçado histórico, disserte sobre as diferenças entre psicologia na comunidade, psicologia da comunidade e psicologia (social) comunitária.
	A psicologia na comunidade surgiu e recebeu essa identificação numa época em que era fundamental repensar os modelos importados e alheios à psicologia brasileira. Assim, assumia a proposta de deselitização e de se tornar mais próxima das condições de vida da população. Portanto, ela deixa de ser realizada dentro de consultórios privados e nas escolas, passando a ser desenvolvida NA comunidade dentro do que se vivia na década de 60 e 70. 
	A psicologia DA comunidade passou a ter um uso frequente a partir de 1990, referindo-se às práticas ligadas à questões de saúde, ao movimento de saúde, e que envolviam atividades que se realizam através da mediação de algum órgão prestador de serviços, que se constituía na instituição na qual o psicólogo trabalhava. Assim, os trabalhos realizados defendiam que fosse desenvolvida uma psicologia menos acadêmica e intelectualizada, e mais identificada com a população para a garantia de acessos a serviços de saúde. Grande parte dos trabalhos são desenvolvidos dentro da perspectiva institucionalista e das intervenções psicossociológicas, adotando instrumentais advindos da clínica e da área educacional.
	Já a psicologia social comunitária se utiliza do enquadre técnico da psicologia social, privilegiando o trabalho com grupos, colaborando para a formação de uma consciência crítica e de uma identidade social orientados por preceitos eticamente humanos.

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