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APLICAÇÃO DO MÉTODO

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APLICAÇÃO DO MÉTODO DOS 
CENTROS DE CUSTOS EM UMA 
INDÚSTRIA JORNALISTICA 
 
ANA CAROLINA LIMA PIMENTEL (ufc ) 
ana.carolinapimentel@hotmail.com 
Edna Maria Monteiro de Sousa (ufc ) 
ednamonteiro@hotmail.com 
Herus Orsano Machado (ufc ) 
herus.machado@ifma.edu.br 
Rogerio Teixeira Masih (ufc ) 
rogeriomasih@gmail.com 
 
 
 
Para que sejam competitivas as organizações precisam conhecer seus 
processos, como e onde os gastos ocorrem para a produção do serviço, 
para que se possam eliminar as perdas e se criar estratégicas para um 
fluxo contínuo de melhoria dos proocessos. Os sistemas de custos são a 
alternativa para mensuração e análise desses dados.Dentre as opções 
existentes de métodos de custeamento, um deles é o baseado nos 
centros de custos, que busca não somente a apuração do valor do 
produto, mas a demonstração dos custos das áreas de apoio e suporte 
à produção.Este trabalho, desenvolvido por meio de um estudo de 
caso, descreve a aplicação do método dos centros de custos na área 
industrial de uma empresa jornalística do Estado do Ceará, Brasil,bem 
como a demonstração dos resultados obtidos. O problema que se 
apresenta para análise é: Como aplicar foi aplicado o método dos 
centros de custos e quais os ganhos a partir da sua utilização na 
empresa estudada? Isto se deu, a partir da dificuldade da organização 
que trabalhava apenas com controles primários dos custos dos seus 
produtos. Demonstramos as etapas implementadas de acordo com o 
método escolhido, identificando os itens de custos relevantes para 
composição do custo unitário, sistematizando a coleta e o rateio dos 
itens de custos e calculando o custo unitário do produto. Constatou-se 
que o sistema de custos baseado no método RKW implementado no 
jornal trouxe melhoria e confiabilidade na apuração dos custos. O 
resultado trouxe ainda o conhecimento dos custos dos centros de apoio 
possibilitando o rateio para os de processos e ações gerenciais para 
otimização dessas atividades. 
 
Palavras-chaves: CENTRO DE CUSTOS, ABC, RATEIO, CUSTOS 
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO 
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos 
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 
 
 
 
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO 
A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos 
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 
 
 
 
 
 
 
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1. Introdução 
O cenário atual em que as empresas estão envolvidas exige um diferencial e uma 
busca contínua de melhoria não só do produto final, mas de todos os processos 
envolvidos. O objetivo é ter um consumidor fidelizado ao bem ou serviço por meio 
da utilização de processos enxutos e controlados visando uma gestão voltada para 
resultados. 
Para tanto, é necessário o conhecimento absoluto dos processos organizacionais, 
seus recursos e a forma com que estes são utilizados e distribuídos ao longo da 
transformação das entradas (materiais e informações) em saídas (produto ou 
serviço). 
Em um mercado competitivo que dita os preços em função da lei da oferta e da 
procura, a gestão de custos surge como ferramenta gerencial importante. Hoje, as 
atividades relacionadas a elas se ampliaram e são essenciais para o sucesso 
estratégico. 
Dentre as opções existentes de métodos de custeamento, um deles é o baseado nos 
centros de custos, que busca não somente a apuração do valor do produto, mas a 
demonstração dos custos das áreas de apoio e suporte à produção. 
Assim, o objetivo geral desse trabalho é a análise de uma modelo gerencial de um 
sistema de custos baseado no método dos centros de custos para a indústria gráfica 
de uma empresa jornalística. 
2. Referencial teórico 
Para que sejam mais flexíveis e competitivas as organizações precisam conhecer 
seus processos, como e onde os gastos ocorrem para a produção do bem ou serviço, 
para que se possam eliminar as perdas e se criar estratégicas para um fluxo 
contínuo de melhoria dos processos. Os sistemas de custos são a alternativa para 
mensuração e análise desses dados. 
a) Gestão de custos e sua importância 
 
 
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A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos 
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A preocupação com a área de gestão de custos não é nova e ao longo da história é 
possível perceber isso principalmente com o advento da Revolução Industrial no 
século XVIII que ergue um marco nas relações mercantilistas. 
O escopo inicial do estudo dos custos industriais estava relacionado à determinação 
do custo dos produtos para avaliação de estoques e precificação dos mesmos 
(PADOVEZE, 2006). 
Segundo Padoveze (2006) a contabilidade de custos é uma das partes da 
contabilidade que mais evoluiu. 
O cenário econômico competitivo criou a necessidade de sistemas e modelos de 
custos e a contabilidade de custos transforma-se, então, em gestão de custos para 
atender com informações um nicho específico de clientes internos das organizações. 
Hansen e Mowen (2003, p.28) mencionam que “a gestão de custos identifica, 
coleta, mensura, classifica e relatam informações que são úteis aos gestores para o 
custeio (determinar quanto algo custa), planejamento, controle e tomadas de 
decisão.” 
Bornia (2002, p.52) explica que o sistema de custos faz parte de um sistema mais 
amplo: o de gestão. No entendimento do autor, um sistema de custos deve levar em 
conta as necessidades da empresa no tocante à qualidade de informação a serem 
geradas para supri-la e como esses dados serão processados para atender à demanda 
da organização. 
Os custos devem ser classificados quanto a sua relevância na tomada de decisões. 
Ou seja, quais os que são alteráveis dependendo da decisão tomada e há aqueles que 
não se alteram, independem da natureza da decisão. Para Bornia (2003, p.44) “os 
custos realmente importantes para o subsidio à tomada de decisão são os relevantes; 
os outros não precisam ser considerados.” 
Para isso, é necessário definir o que são custos. Segundo o dicionário Aurélio de 
Língua Portuguesa (1975), custo é “a quantia pela qual se adquiriu algo; valor em 
dinheiro.” 
Para Padoveze (2006, p. 4) custos poderiam ser definidos de forma genérica c omo 
“a mensuração econômica dos recursos (produtos, serviços e direitos) adquiridos 
 
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para a obtenção e a venda dos produtos e serviços da empresa. [...] Custo é o valor 
pago por alguma coisa.” De acordo com o autor, os gastos dependidos por uma 
organização estão relacionados, de forma direta ou não, com o que será produzido e 
comercializado. 
A globalização elevou a competitividade entre as organizações a um nível altíssimo 
tornando a gestão de custos uma ferramenta poderosa. 
Nesse ambiente de grande concorrência, em que variações no custo afetam 
diretamente a rentabilidade do negócio é imprescindível identificá -los e gerenciá-
los antes que se tornem um problema. Para isso é necessário estabelecer um sistema 
de custos. 
Há vários modelos de sistemas de custos que devem ser escolhidos de acordo com 
as características e necessidades de cada organização. Pode-se citar os métodos de 
custeio baseados no custo padrão,centro de custos, Unidade de Esforço de 
Produção (UEP) e Custeio Baseado Atividade (ABC). 
Apesar dos vários sistemas que podem ser utilizados, este artigo vai se basear no 
custeio baseado no método do Centro de Custos e sua aplicação na área industrial 
de uma empresa jornalística. 
b) Centro de custos 
Um dos grandes e primeiros modelos de sistema de custo é o de centro de custos 
surgido no início do século XX na Alemanha. O método consiste em estratificar as 
diversas áreas da organização em departamentos ou seções onde os custos diretos 
possam lhe ser atribuído. Os custos indiretos da empresa são, posterio rmente, 
distribuídos aos centros de forma proporcional, através de um critério de rateio. 
Nesse modelo, se trabalha somente os custos de transformação. 
Esse método também é conhecido com Reichskuratorium fur Wirttshaftlichkeit 
(RKW) ou método das seções homogêneas é um dos mais utilizados no Brasil. 
O método tem como base a divisão da empresa em centro de custos. Para Mattos o 
método ppermite que cada centro de custa repasse, através do rateio, seu custo total 
a todos os outros centros de custos que tenham prestado serviço e que o sucedam 
em um plano hierarquizado. 
 
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Para Martins (1996 apud PADOVEZE, 2006, p.149) “[...] RKW consiste no rateio 
não só dos custos de produção, como também de todas as despesas da empresa, 
inclusive financeiras, a todos os produ tos”. 
Segundo Bornia os custos são alocados aos centros , através de suas bases de rateio 
para depois, serem transferidos aos produtos por unidades de trabalho. 
Conforme a função que desempenham, os centros de custos classificam-se em 
produtivos, auxiliares, de vendas e comuns. Os produtivos são os que contribuem 
diretamente com a produção; os auxiliares têm como função básica a execução de 
serviços, não atuando diretamente sobre o produto; os de vendas referem -se aos 
setores encarregados exclusivamente da realização das vendas dos produtos 
terminados; e os comuns não estão diretamente relacionados à produção e sua 
função é fornecer serviços para outros centros (KLIEMANN NETO, 1987). 
O emprego do método do centro de custos requer num primeiro momento, que a 
empresa seja dividida em centros de custos, e calculada o custo total para cada 
centro. Após, os custos são alocados dos centros produtivos aos produtos. Para 
chegar a este estágio, os custos dos centros auxiliares são antes distribuídos aos 
centros produtivos através de bases de rateio e, em seguida, os custos acumulados 
nos centros de custos produtivos são alocados aos produtos. 
Conforme Martins e Barrella são os centros de custos que utilizam os recursos 
produtivos e os produtos absorvem os recursos à medida que utilizam esses centros. 
Backes et al. (2007, p. 25) “a primeira fase consiste em separar custos em itens [...] 
não podendo ser tratados de uma maneira única (já que possuem naturezas 
diferentes), através de rateio simples.” O segundo passo é dividir a empresa em 
centro de custos. Pode se adotar vários critérios, um dos mais comuns é o 
organograma da organização. A terceira etapa é “identificar os custos com os 
respectivos centros, utilizando-se de bases ou critérios de distribuição para alocar 
os custos aos centros.” A quarta etapa é denominada distribuição secundária. Nessa 
fase ocorre a distribuição dos custos dos centros de apoio para os de produção. 
Para Bornia (2002) a última etapa é a distribuição final, isto é, dos centros de 
custos para os produtos. 
 
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Há várias vantagens na aplicação desse método Vartanian (2000 apud BACKES et 
al. 2007, p. 26) coloca que outro ponto forte do método RWK “está no fato de que a 
informação de custos gera uma visão de longo prazo, pois os custos e despesas 
fixas necessitam ser absorvidas a longo prazo.” 
Para Martins e Barrella (2001) outra vantagem é que por ser usado para alocação 
dos custos indiretos ao produto, gerando um custo padrão, e que acaba se tornando 
uma ferramenta eficiente para o controle dos custos d iretos. 
O método do centro de custos possibilita, ainda, uma melhor distribuição dos custos 
indiretos para cada tipo de produto e um melhor controle. 
No Ceará aplicamos o método dos centros de custos na indústria jornalística de um 
jornal de grande circulação visando melhorias organizacionais e controle e 
mensuração dos custos nos processos de pré-impressão e impressão de periódicos. 
Devido à alta complexidade, e custo envolvido, no método ABC se optou pelo 
método dos centros de custos que atendeu os objetivos, e por ser de mais fácil 
assimilação auxiliou na consolidação de uma cultura de custos na organização. A 
sua fácil aplicação favoreceu a análise dos resultados. 
3. Metodologia da pesquisa 
A metodologia utilizada para o desenvolvimento da presente pesquisa pode ser 
classificada em relação a: natureza, forma de abordagem do problema, objetivos, e 
procedimentos técnicos. 
Em relação à natureza esta pesquisa pode ser classificada como aplicada, pois 
objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigid os à solução de 
problemas específicos. Neste caso, a aplicação está voltada para a mensuração dos 
custos de uma edição de jornal. 
Quanto à forma de abordagem do problema existe a combinação de elementos 
qualitativos e quantitativos. Esta combinação embasa-se no fato da maior parte das 
informações utilizadas são numéricas, mas recebera tratamento qualitativo e não 
simplesmente quantitativo durante o estudo de caso. 
 
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Em termos de objetivos tem-se uma pesquisa descritiva, pois busca-se descrever as 
principais características e a relação entre as variáveis utilizadas na gestão de 
custos em uma empresas jornalística. 
Por fim, quanto aos procedimentos técnicos, destaca-se que foi desenvolvida uma 
pesquisa bibliográfica sobre gestão de custos, como foco no método dos centros de 
custos, seguida de um estudo o de caso em uma empresa jornalística do Ceará. 
Durante o estudo de caso foi realizada ainda uma pesquisa documental nos registros 
contábeis e financeiros da empresa em estudo. 
Este trabalho, desenvolvido por meio de um estudo de caso, descreve a aplicação do 
método dos centros de custos na área industrial de uma empresa jornalística do 
Estado do Ceará, bem como a demonstração dos resultados obtidos. 
Com base no que foi exposto acima, o problema que se apresenta pa ra análise é: 
Como foi aplicado o método dos centros de custos e quais os ganhos a partir da sua 
implementação na empresa estudada? Isto se deu, observando a dificuldade da 
organização que trabalha apenas com controles primários e empíricos de apuração 
dos custos dos seus produtos e serviços. 
Especificamente o estudo pretende demonstrar as etapas que foram implementadas 
de acordo com o método escolhido, identificando os itens de custos relevantes para 
composição do custo unitário do produto, sistematizando a coleta e o rateio dos 
principais itens de custos, calculando o custo unitário do produto.4. Estudo de caso 
O estudo de caso se deu em uma empresa jornalística, no Estado do Ceará, fundada 
na década de 80. A empresa faz parte de um sistema de comunicações pertencente a 
um grande grupo econômico. 
Na época da pesquisa, a organização não trabalhava com nenhum tipo de sistema de 
custos, apenas com controles primários dos mesmos, e vinha sentindo a necessidade 
de conhecer intensamente como e onde ocorrem seus gastos. O objetivo primordial 
era a apuração dos custos de produção e dos diversos centros de custo e dos 
produtos. O foco era que as informações e números encontrados fossem utilizados 
na análise gerencial sem uma preocupação contábil. 
 
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Existia uma grande deficiência nessa área da empresa a ser estudada, pois não havia 
um plano de custos, e todo o controle era feito de forma empírica pela área de 
produção. Quando havia um projeto especial, isto é, um caderno comercial fechado 
para determinado cliente, existia uma grande dificuldade na formação do custo do 
projeto que a área de produção tem que informar para o comercial. Somente eram 
levados em conta os gastos com papel e tinta, ficando os demais insumos críticos e 
mão de obra sendo mensurados por um percentual estimado sobre o valor 
encontrado. 
Para esse estudo são considerados como produto todos os cadernos impressos com 
conteúdo editorial, que circularam no período de tempo estabelecido para esse 
estudo que foi o mês de agosto de 2009. O produto jornal é formado por seus 
cadernos diários e suplementos semanais que serão vistos separadamente. 
O primeiro passo foi identificar e determinar os centros dos processos ligados 
diretamente a confecção do jornal e os processos de apoio desses setores ligados à 
produção. 
O modelo aplicado foi dividido em etapas de acordo com as sugeridas por Bornia 
(2002). 
A principal dificuldade se deu na captação dos dados já que não existiam sistemas 
de informações, principalmente para os centros produtivos, exceto impressão que 
era a única área que havia alguma mensuração de valores. 
Foram feitas adaptações dentro dos sistemas existentes para que se pudesse chegar 
ao volume real de produção de cada centro baseado nos critérios definidos. 
a) Etapas da aplicação 
Segundo Bornia (2002), os procedimentos de implementação e operação podem ser 
separados em cinco fases: 
- Separação dos custos em itens: Nessa fase foram identificados todos os itens de custos 
necessários e relevantes na composição do produto. 
- Divisão da empresa em centro de custos: Foram criados os centros de custos dos processos 
industriais, classificando-os em centros produtivos ou de apoio. 
- Identificação dos custos com os centros: nesta etapa se construiu uma matriz de co-relação 
 
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entre os centros de custos e os itens de custos determinados na primeira fase. 
- Redistribuir os custos dos centros indiretos até os diretos (distribuição secundária): Os 
custos dos centros auxiliares foram distribuídos para os produtivos através dos critérios de 
rateios pré-definidos. 
- Distribuição dos custos dos centros diretos aos produtos (distribuição final): os custos dos 
centros produtivos foram então distribuídos aos produtos seguindo as bases de rateio 
definidas pela gerência de produção e depois somados para se ter o custo final do produto. 
 
3.1.1 Aplicação 
a) Identificação dos itens de custos e suas bases de rateio: 
Nesse momento se identificou os principais itens de custo e foram definido as bases 
de rateio. Energia elétrica foi um item de custo, por exemplo, rateado de acordo 
com a potência instalada, mão de obra direta da impressão ficou relacionado com o 
número de páginas de cada caderno. 
b) Criação e Classificação dos Centros de Custos: 
Nessa etapa foram identificados os centros de custos da área industrial Após a 
identificação dos itens de custos, se trabalhou no mapeamento dos processos, 
definindo os centros de custos a qual cada um pertencia e os classificando em 
centro produtivo, que são os ligados diretamente aos processos de pré -impressão e 
impressão do jornal, e centros de apoio que correspondem aos setores que auxiliam 
os demais centros. 
Centros de custos industriais 
Tratamento de Imagem Centro Produtivo 
Arte Centro Produtivo 
Gravação Centro Produtivo 
Impressão Centro Produtivo 
Diretoria Industrial Centro de Apoio 
 
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Gerência de Produção Centro de Apoio 
Almoxarifado Industrial Centro de Apoio 
Manutenção Mecânica Centro de Apoio 
Manutenção. Elétrica Centro de Apoio 
CDI Centro de Apoio 
Laboratório Centro de Apoio 
Quadro 1 – Centros de custos industriais 
Fonte: Elaborado pela autora 
c) Identificar dos custos com os centros: 
Foi criada uma tabela com a identificação de todos os itens de custos, selecionados pela 
empresa como os mais impactantes, e seus respectivos centros de custo, conforme abaixo: 
Tabela 1 – Matriz de co-relação dos itens de custos com os centros de custos 
 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
 Para todos os centros de apoio o custo foi calculado levando em conta os valores gastos com 
mão de obra direta, energia e despesas administrativas como definido pela direção da 
empresa. 
Nos centros de custos de processos, houve um trabalho maior para captar e separar os dados 
que entrariam na composição dos custos. A empresa utiliza um sistema próprio para controle 
da movimentação financeira dos seus estoques. Foi solicitado à contabilidade o cadastro dos 
centros de custos e, ao setor de desenvolvimento a geração de um relatório chamado 
 
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“Requisições por Centro de Custo”. Baseados nele foram calculados os valores despendidos 
com material direto e peças de reposição. 
d) Redistribuição dos custos dos centros de apoio para os centros produtivos: 
Os centros de apoio foram os primeiros a serem calculados para depois serem rateados aos 
centros produtivos, seguindo a seguinte ordem: Centro de Documentação e Informação (CDI), 
Diretoria Industrial, Gerência de Produção, Almoxarifado Industrial, Laboratório de Controle 
de Qualidade (LCQ), Manutenção Mecânica e Manutenção Elétrica. 
As bases de rateio para os centros de custos de apoio foram estabelecidas conforme o quadro 
abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Centros de Custos de 
Apoio 
Base de Rateio 
Diretoria Industrial Nº de funcionários 
Gerência de Produção Nº de funcionários 
Almoxarifado Industrial Nº de Requisições 
Manutenção Mecânica Nº de Chamados 
Manutenção Elétrica Nº de Chamados 
CDI Nº de Funcionários 
Laboratório Laudos Técnicos 
 
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Quadro 2 – Base de rateio dos centros de custos de apoio. 
Fonte: a própria autora 
O CDI foi o primeiro centro de apoio a ter seu custo rateado pelos demais por prestar serviços 
a todos os outros de acordo com o critério definido (tabela 01). O setor é responsável por toda 
documentação da qualidade e pelo controle das normas e procedimentos internos. Depois 
rateamos a Diretoria Industrial. 
Em seguida, foram distribuídos os custos da Gerência de Produção que fica responsável pela 
execução do planejamento estratégico da organização, a criação e avaliação de indicadores de 
desempenho e controle do processo, pelo planejamento dos estoques de insumos e peças e 
coordenação do processo de produção. 
Já o Almoxarifado Industrial que fornece todos os materiais relativos ao processo de produção 
e áreas de apoio (exceto para o CDI, Diretoria e Gerência de Produção) através de requisições 
de material teve seu critério estabelecido pelo número de requisições solicitadas por setor. 
O Laboratório de Controle de Qualidade tem por objetivo garantir o atendimento aos 
parâmetros do jornal dos principais insumos que afetam diretamente o processo e o produto 
final tudo isso fica registrado na entrada do material através da abertura de um chamado pelo 
almoxarifado e após a realização do teste esse chamado é concluído com a emissão de um 
laudo técnico. 
As manutenções, elétrica e mecânica, garantem o funcionamento dos equipamentos da 
impressão e gravação e utiliza o Sistema de Gerenciamento de Requisição para controle das 
intervenções realizadas. O sistema registra o número de chamados por cada área solicitante. 
 
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Tabela 2 – Rateio dos centros de custo das áreas de apoio. 
Fonte: Elaborado pela autora 
e) Realizar o Rateio dos Centros Produtivos para o produto: 
Assim como para os centros de custos de apoio para calcular os custos dos centros produtivos 
foram estabelecidos critérios de acordo com a singularidade de cada um. 
O tratamento de imagem, responsável pela parametrização de todas as imagens veiculadas no 
jornal, o critério se firmou no volume de imagens tratadas. A arte, que cria e finaliza toda a 
publicidade a ser veiculada ou prospectada, o rateio foi baseado na ocupação em cm por 
caderno. A gravação na quantidade de chapas gravadas por caderno e a impressão no número 
de páginas impressas. 
O jornal é composto pelos cadernos de cada editoria, alguns diários (como os cadernos: A, B, 
C, D,... Z) e outros que são suplementos semanais. 
 Com essa distribuição dos custos dos centros auxiliares para os produtivos e desses para o 
produto (cadernos) se chegou ao preço médio da página diária e dos suplementos semanais. 
 
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Posteriormente foi calculado o custo diário dos jornais, que circularam no mês de agosto, 
através do número de páginas dos cadernos diários e semanais de cada edição, deixando claro 
para direção o impacto de todos os centros de custos na composição do custo total do produto, 
conforme quadro abaixo. 
 
Quadro 3 – Mapa de Controle de Custo por Edição. 
Fonte: a própria autora 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Constatou-se, com a análise do estudo de caso, que o sistema de custos baseado no método 
RKW implementado na área industrial do jornal trouxe uma melhoria e uma maior 
confiabilidade na apuração dos custos em relação a situação anterior. 
Antes do modelo muitos dos itens de custos identificados, como de alto impacto na 
composição dos custos do jornal, não eram levados em consideração. Distorcendo por 
completo o custo real dos produtos. 
A base de rateio estabelecida de acordo com a particularidade de cada centro de custo 
proporcionou uma distribuição mais equitativa dos gastos envolvidos. 
Foi criada uma sistemática para coleta, tabulação e controle dos dados que são específicos a 
cada centro de custo estabelecido através do aperfeiçoamento dos sistemas informatizados de 
produção existentes e do desenvolvimento de um sistema para consolidação dos custos por 
caderno. 
A aplicação do método do centro de custos na área industrial da empresa estudada possibilitou 
o cálculo do custo unitário por caderno e edição do mês de agosto. 
 
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O resultado da pesquisa trouxe ainda para a organização o conhecimento dos custos dos 
centros de apoio possibilitando o rateio para os centros de processos e ações gerenciais para 
otimização dessas atividades. Por conta dos critérios adotados ficou explicito a forma como 
cada produto consumia os recursos disponíveis em cada centro de custo de processo. 
Devido a ser um método de aplicação mais simples facilitou permear o início de uma cultura 
de custos na empresa. Mais que isso, unificou a linguagem e os parâmetros utilizados para 
orçamentos dos produtos comerciais do jornal. Promoveu uma maior integração da área 
industrial com a controladoria. 
Foram desenvolvidos sistemas para dar apoio à captação dos dados que favorecem uma 
análise gerencial mais aguçada e uma tomada de decisão mais eficiente sobre o uso dos 
recursos disponíveis na organização. 
Houve também um ganho no envolvimento das pessoas. Cada equipe procura assegurar a 
excelência do seu processo ciente do custo dos retrabalhos e das perdas. 
A maior vantagem da organização, entretanto, foi a oportunidade ímpar de crescer o domínio 
sobre seus processos e produtos, recursos e perdas. 
 
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REFERÊNCIAS 
BACKES, R. G. et al. Análise gerencial de custos em empresas modernas . Porto 
Alegre: Bookman, 2002. 
BORNIA, Antônio Cezar. Mensuração das perdas dos processos produtivos : uma 
abordagem metodológica de controle interno. Tese. (Doutorado em Engenharia de 
Produção). Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós -Graduação 
em Engenharia de Produção, Florianópolis, 1995. 
BORNIA, Antônio Cezar. Gerencial de custos em empresas modernas . Porto 
Alegre: Bookman, 2002. 
HANSEN, Don R.; MOWEN, Maryanne M. Gestão de custos: contabilidade e 
controle. Tradução da Robert Brian Taylor. São Paulo: Pioneira Thomson Lear ning, 
2003. 
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