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Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 1 Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia Prof. Solivan Valente solivan@up.edu.br Tema 5 Modelagem matemática por funções de transferência em 𝒔 2 A função de transferência A função de transferência no domínio da frequência de Laplace modela o comportamento de um sistema, com respeito à sua entrada e à sua saída. Por isso, é comumente chamada de modelo do sistema. Ela estabelece uma relação algébrica entre a saída e a entrada, o que é bem mais simples e prático do que usar uma equação diferencial. Além disso, o uso de funções de transferência permite combinar algebricamente modelos de subsistemas para produzir um modelo que representa o sistema como um todo. Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 3 A função de transferência Iniciamos escrevendo uma equação diferencial geral, de ordem 𝑛, linear e invariante no tempo: Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 𝑎𝑛 𝑑𝑛𝑐(𝑡) 𝑑𝑡𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑑𝑛−1𝑐(𝑡) 𝑑𝑡𝑛−1 + ⋯ + 𝑎0𝑐 𝑡 = 𝑏𝑚 𝑑𝑚𝑟(𝑡) 𝑑𝑡𝑚 + 𝑏𝑚−1 𝑑𝑚−1𝑟(𝑡) 𝑑𝑡𝑚−1 + ⋯ + 𝑏0𝑟 𝑡 A função 𝑐(𝑡) representa o sinal de saída, 𝑟(𝑡) é a entrada, e os coeficientes 𝑎𝑖 e 𝑏𝑖 e a forma da equação diferencial representam o sistema. Aplicando a transformada de Laplace a ambos os termos da equação, obtemos: 𝑎𝑛𝑠 𝑛𝐶 𝑠 + 𝑎𝑛−1𝑠 𝑛−1𝐶 𝑠 + ⋯+ 𝑎0𝐶 𝑠 + termos de condição inicial (𝑡 = 0) envolvendo 𝑐(𝑡) = 𝑏𝑚𝑠 𝑚𝑅 𝑠 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1𝑅 𝑠 + ⋯+ 𝑏0𝑅 𝑠 + termos de condição inicial (𝑡 = 0) envolvendo r(𝑡) Observe que essa equação é puramente algébrica. Se considerarmos que todas as condições iniciais são nulas, temos: 𝑎𝑛𝑠 𝑛𝐶 𝑠 + 𝑎𝑛−1𝑠 𝑛−1𝐶 𝑠 + ⋯+ 𝑎0𝐶 𝑠 = 𝑏𝑚𝑠 𝑚𝑅 𝑠 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1𝑅 𝑠 + ⋯+ 𝑏0𝑅 𝑠 4 A função de transferência Colocando as funções em evidência, temos: Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 𝑎𝑛𝑠 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎0 𝐶 𝑠 = 𝑏𝑚𝑠 𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1 + ⋯+ 𝑏0 𝑅 𝑠 𝐶 𝑠 𝑅 𝑠 = 𝐺 𝑠 = 𝑏𝑚𝑠 𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1 + ⋯+ 𝑏0 𝑎𝑛𝑠𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠𝑛−1 + ⋯+ 𝑎0 Observe que essa equação separa a saída 𝐶 𝑠 , a entrada 𝑅 𝑠 e o sistema 𝐺 𝑠 . A razão entre os polinômios em 𝑠 é chamada de função de transferência, 𝐺(𝑠). Ela é calculada com condições iniciais nulas. 5 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente A função de transferência pode ser representada por meio de um diagrama de blocos, com a entrada à esquerda e a saída à direita, e a função de transferência do sistema no interior do bloco: 𝑏𝑚𝑠 𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1 + ⋯ + 𝑏0 𝑎𝑛𝑠𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠𝑛−1 + ⋯ + 𝑎0 𝐶 𝑠𝑅 𝑠 𝐺(𝑠) 𝐶 𝑠𝑅 𝑠 𝐶 𝑠 = 𝑅 𝑠 . 𝐺 𝑠 𝐶 𝑠 𝑅 𝑠 = 𝐺 𝑠 = 𝑏𝑚𝑠 𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1 + ⋯+ 𝑏0 𝑎𝑛𝑠𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠𝑛−1 + ⋯+ 𝑎0 Se soubermos a função de transferência de um sistema, podemos calcular a sua saída para qualquer entrada: 6 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 1: Um determinado sistema é modelado pela equação diferencial abaixo. Obtenha a função de transferência desse sistema. 𝑑𝑐(𝑡) 𝑑𝑡 + 2𝑐 𝑡 = 𝑟(𝑡) Lembrando da propriedade da diferenciação no tempo da transformada de Laplace 𝑑𝑐(𝑡) 𝑑𝑡 ⟺ 𝑠. 𝐶 𝑠 − 𝑐 0− e considerando condições iniciais nulas para 𝑐(𝑡), a transformada da equação resulta em: 𝑠. 𝐶 𝑠 + 2𝐶 𝑠 = 𝑅(𝑠) A função de transferência é a relação saída/entrada: 𝑠 + 2 𝐶 𝑠 = 𝑅(𝑠) 𝐶 𝑠 𝑅(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 1 𝑠 + 2 7 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Observe que há 2 formas de representação: 𝑐 𝑡𝑟 𝑡 𝐶 𝑠𝑅 𝑠 Sistema Representação no domínio do tempo com uma equação diferencial 𝑑𝑐(𝑡) 𝑑𝑡 + 2𝑐 𝑡 = 𝑟(𝑡) 𝐺 𝑠 = 1 𝑠 + 2 Sistema Representação no domínio da frequência com uma função de transferência Transformada de Laplace 8 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 2: Obtenha a resposta 𝑐(𝑡) do sistema de Exemplo 1 quando for aplicado um degrau unitário em sua entrada, ou seja, 𝑟 𝑡 = 𝑢(𝑡). Admita condições iniciais nulas. Realizamos todos os cálculos no domínio da frequência 𝑠 até obtermos a saída desejada 𝐶(𝑠). Em seguida, calculamos a transformada inversa para obter a resposta desejada 𝑐(𝑡) no domínio do tempo. Sinal de entrada: 𝑟 𝑡 = 𝑢 𝑡 ⟺ 𝑅 𝑠 = 1 𝑠 Função de transferência: 𝐺 𝑠 = 1 𝑠 + 2 𝐶 𝑠 = 𝑅 𝑠 . 𝐺 𝑠 𝐶 𝑠 = 1 𝑠 𝑠 + 2 Saída do sistema: 9 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Para calcular a transformada inversa de 𝐶(𝑠), expandimos em frações parciais. Neste caso, são duas raízes reais e distintas no denominador: 𝑠 = 0 e 𝑠 = −2. 𝐶 𝑠 = 1 𝑠 𝑠 + 2 = 𝐾1 𝑠 + 𝐾2 𝑠 + 2 𝐾1 = 1 𝑠 + 2 𝑠→0 = 1 2 𝐾2 = 1 𝑠 𝑠→−2 = − 1 2 𝐶 𝑠 = 1 𝑠 𝑠 + 2 = 1 2 1 𝑠 − 1 2 1 𝑠 + 2 Lembrando que: 𝑢 𝑡 ⟺ 1 𝑠 𝑒−𝑎𝑡. 𝑢(𝑡) ⟺ 1 𝑠 + 𝑎 𝑐 𝑡 = ℒ−1 𝐶 𝑠 = 1 2 ℒ−1 1 𝑠 − 1 2 ℒ−1 1 𝑠 + 2 𝑐 𝑡 = 1 2 − 1 2 𝑒−2𝑡 . 𝑢(𝑡) 10 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Deste modo, temos: 𝑡 𝑟 𝑡 = 𝑢(𝑡) 1 0 O sistema recebe uma excitação na entrada na forma de um degrau unitário... Sistema 𝑐 𝑡 = 1 2 − 1 2 𝑒−2𝑡 . 𝑢(𝑡) 𝑡 1 2 0 ... e responde com uma saída na forma de uma exponencial que tende a se estabilizar em um nível bem definido. 11 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exercício 1: Obtenha a função de transferência do sistema modelado pela equação diferencial a seguir. 𝑑3𝑐(𝑡) 𝑑𝑡3 + 3 𝑑2𝑐(𝑡) 𝑑𝑡2 + 7 𝑑𝑐(𝑡) 𝑑𝑡 + 5𝑐 𝑡 = 𝑑2𝑟(𝑡) 𝑑𝑡2 + 4 𝑑𝑟(𝑡) 𝑑𝑡 + 3𝑟(𝑡) 𝑑𝑓(𝑡) 𝑑𝑡 ⟺ 𝑠. 𝐹 𝑠 − 𝑓 0− 𝑑2𝑓(𝑡) 𝑑𝑡2 ⟺ 𝑠2. 𝐹 𝑠 − 𝑠. 𝑓 0− − 𝑓′ 0− 𝑑3𝑓(𝑡) 𝑑𝑡3 ⟺ 𝑠3. 𝐹 𝑠 − 𝑠2. 𝑓 0− − 𝑠. 𝑓′ 0− − 𝑓′′ 0− Da propriedade da diferenciação no tempo da transformada de Laplace, temos: Para determinar a função de transferência, admitimos nulas todas as condições iniciais (em 𝑡 = 0). 12 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Então, aplicando a transformada na equação: 𝑑3𝑐(𝑡) 𝑑𝑡3 + 3 𝑑2𝑐(𝑡) 𝑑𝑡2 + 7 𝑑𝑐(𝑡) 𝑑𝑡 + 5𝑐 𝑡 = 𝑑2𝑟(𝑡) 𝑑𝑡2 + 4 𝑑𝑟(𝑡) 𝑑𝑡 + 3𝑟(𝑡) 𝑠3. 𝐶 𝑠 + 3𝑠2. 𝐶 𝑠 + 7𝑠. 𝐶 𝑠 + 5. 𝐶 𝑠 = 𝑠2. 𝑅 𝑠 + 4𝑠. 𝑅 𝑠 + 3. 𝑅(𝑠) 𝑠3 + 3𝑠2 + 7𝑠 + 5 . 𝐶 𝑠 = 𝑠2 + 4𝑠 + 3 . 𝑅(𝑠) 𝐶 𝑠 𝑅(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 𝑠2 + 4𝑠 + 3 𝑠3 + 3𝑠2 + 7𝑠 + 5 13 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exercício 2: Obtenha a equação diferencial correspondente à função de transferência a seguir. 𝐺 𝑠 = 2𝑠 + 1 𝑠2 + 6𝑠 + 2 𝑠2 + 6𝑠 + 2 . 𝐶 𝑠 = 2𝑠 + 1 . 𝑅(𝑠) 𝑠2. 𝐶 𝑠 + 6𝑠. 𝐶 𝑠 + 2. 𝐶 𝑠 = 2𝑠. 𝑅(𝑠)+ 𝑅(𝑠) 𝑑2𝑐(𝑡) 𝑑𝑡2 + 6 𝑑𝑐(𝑡) 𝑑𝑡 + 2𝑐 𝑡 = 2 𝑑𝑟(𝑡) 𝑑𝑡 + 𝑟(𝑡) 𝐺 𝑠 = 𝐶 𝑠 𝑅(𝑠) = 2𝑠 + 1 𝑠2 + 6𝑠 + 2 Realizamos o processo inverso: 14 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 𝐺 𝑠 = 𝑠 𝑠 + 4 𝑠 + 8 Exercício 3: Obtenha a resposta a uma entrada em rampa para um sistema que tenha a função de transferência a seguir. Considere que as condições iniciais são nulas. Sinal de entrada: 𝑟 𝑡 = 𝑡. 𝑢 𝑡 ⟺ 𝑅 𝑠 = 1 𝑠2 Função de transferência: 𝐺 𝑠 = 𝑠 𝑠 + 4 𝑠 + 8 Uma entrada em rampa significa que temos 𝑟 𝑡 = 𝑡. 𝑢(𝑡). Assim: A resposta do sistema (saída) é calculada por: 𝐶 𝑠 = 𝑅 𝑠 . 𝐺 𝑠 = 1 𝑠2 𝑠 𝑠 + 4 𝑠 + 8 = 1 𝑠 𝑠 + 4 𝑠 + 8 15 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente A saída desejada no domínio do tempo é obtida pela transformada inversa. Neste caso, expandimos em frações parciais, observando que há 3 raízes reais e distintas no denominador: 𝑠 = 0 , 𝑠 = −4 e 𝑠 = −8 . 𝐶 𝑠 = 1 𝑠 𝑠 + 4 𝑠 + 8 = 𝐾1 𝑠 + 𝐾2 𝑠 + 4 + 𝐾3 𝑠 + 8 𝐾1 = 1 𝑠 + 4 𝑠 + 8 𝑠→0 = 1 32 𝐾2 = 1 𝑠 𝑠 + 8 𝑠→−4 = − 1 16 𝐾3 = 1 𝑠 𝑠 + 4 𝑠→−8 = 1 32 𝐶 𝑠 = 1 32 𝑠 − 1 16 𝑠 + 4 + 1 32 𝑠 + 8 Lembrando que: 𝑢 𝑡 ⟺ 1 𝑠 𝑒−𝑎𝑡. 𝑢(𝑡) ⟺ 1 𝑠 + 𝑎 𝑐 𝑡 = ℒ−1 𝐶 𝑠 = 1 32 ℒ−1 1 𝑠 − 1 16 ℒ−1 1 𝑠 + 4 + 1 32 ℒ−1 1 𝑠 + 8 𝑐 𝑡 = 1 32 − 1 16 𝑒−4𝑡 + 1 32 𝑒−8𝑡 . 𝑢(𝑡) 16 A função de transferência Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Deste modo, temos: 𝑡 𝑟 𝑡 = 𝑡. 𝑢(𝑡) 0 O sistema recebe uma excitação na entrada na forma de uma rampa... Sistema 𝑡 1 32 0 ... e responde com uma saída na forma de duas exponenciais combinadas, que tende a se estabilizar em um nível bem definido. 𝑐 𝑡 = 1 32 − 1 16 𝑒−4𝑡 + 1 32 𝑒−8𝑡 . 𝑢(𝑡) 17 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente A partir deste ponto, vamos estudar como podemos modelar sistemas físicos de diversos tipos com funções de transferência. Vamos focar nossa atenção em: • Circuitos elétricos • Sistemas mecânicos translacionais • Sistemas mecânicos rotacionais • Sistemas eletromecânicos A modelagem de sistemas com engrenagens, sistemas pneumáticos, sistemas hidráulicos e de sistemas de transferência de calor não será abordada. Você pode consultar o livro texto para maiores detalhes. 18 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Funções de transferência de Circuitos Elétricos Iniciamos analisando circuitos elétricos apenas com elementos passivos (resistores, indutores e capacitores) e, em seguida, incluiremos elementos ativos (amplificadores operacionais). A análise de um circuito elétrico para obter sua função de transferência baseia-se no uso de impedâncias ou admitâncias (no domínio de Laplace), e nas Leis de Kirchhoff das Tensões (LTK) e das Correntes (LCK). Antes de iniciar qualquer análise, devemos identificar claramente quem são as variáveis de entrada e de saída. A função de transferência, como sabemos, é a razão saída/entrada no domínio da frequência. Componente Tensão-corrente Corrente-tensão Tensão-carga Impedância 𝒁 𝒔 = 𝑽(𝒔) 𝑰(𝒔) Admitância 𝒀 𝒔 = 𝑰(𝒔) 𝑽(𝒔) 19 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Relações para resistores, indutores e capacitores 𝑣 𝑡 = 𝑅. 𝑖(𝑡) 𝑖 𝑡 = 𝑣(𝑡) 𝑅 𝑣 𝑡 = 𝑅 𝑑𝑞(𝑡) 𝑑𝑡 𝑅 𝐺 = 1 𝑅 𝑣 𝑡 = 𝐿 𝑑𝑖(𝑡) 𝑑𝑡 Capacitor 𝐶𝑖(𝑡) 𝑣 𝑡 + − Indutor 𝐿𝑖(𝑡) 𝑣 𝑡 + − Resistor 𝑅𝑖(𝑡) 𝑣 𝑡 + − 𝑖 𝑡 = 1 𝐿 0 𝑡 𝑣 𝜏 𝑑𝜏 𝑣 𝑡 = 𝐿 𝑑2𝑞(𝑡) 𝑑𝑡2 𝑠𝐿 1 𝑠𝐿 𝑣 𝑡 = 1 𝐶 0 𝑡 𝑖 𝜏 𝑑𝜏 𝑖 𝑡 = 𝐶 𝑑𝑣(𝑡) 𝑑𝑡 𝑣 𝑡 = 𝑞(𝑡) 𝐶 1 𝑠𝐶 𝑠𝐶 Obs.: Na análise de circuitos CA, usamos as impedâncias no domínio de Fourier: 𝜎 = 0 ⟶ 𝑠 = 𝜎 + 𝑗𝜔 = 𝑗𝜔. Lembre-se que as impedâncias em CA são: Resistor: 𝑅 Indutor: 𝑗𝜔𝐿 Capacitor: 1 𝑗𝜔𝐶 Ω ohm 𝐻 henry 𝐹 farad 20 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 3: Determine a função de transferência que relaciona a tensão 𝑉𝐶(𝑠) no capacitor à tensão de entrada 𝑉(𝑠) no circuito abaixo. O enunciado deixa claro quem são as variáveis de entrada e de saída. O primeiro passo é redesenhar o circuito do domínio da frequência, substituindo as tensões e correntes por suas transformadas e indicando as impedâncias dos elementos: Neste caso, para relacionar a saída com a entrada, usamos um divisor de tensão: 𝑉𝐶(𝑠) = 𝑉 𝑠 1 𝐶𝑠 1 𝐶𝑠 + 𝐿𝑠 + 𝑅 21 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Rearranjando os termos: 𝑉𝐶 𝑠 = 𝑉 𝑠 1 𝐶𝑠 1 𝐶𝑠 + 𝐿𝑠 + 𝑅 = 𝑉(𝑠) 1 1 + 𝐿𝐶𝑠2 + 𝑅𝐶𝑠 Deixamos o termo quadrático com coeficiente unitário, dividindo numerador e denominador por 𝐿𝐶: 𝑉𝐶 𝑠 = 𝑉(𝑠) 1 𝐿𝐶 𝑠2 + 𝑅 𝐿 𝑠 + 1 𝐿𝐶 Assim: 𝑉𝐶 𝑠 𝑉(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 1 𝐿𝐶 𝑠2 + 𝑅 𝐿 𝑠 + 1 𝐿𝐶 Diagrama em blocos do circuito, relacionando a tensão de entrada (fonte) com a tensão de saída (capacitor): IMPORTANTE! Se escolhermos outra variável de entrada e/ou de saída, a função de transferência não será a mesma! 22 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 4: Determine a função de transferência que relaciona a corrente de saída 𝐼2(𝑠) à tensão de entrada 𝑉(𝑠) no circuito abaixo. O enunciado deixa claro quem são as variáveis de entrada e de saída. Como no caso anterior, redesenhamos o circuito do domínio da frequência: Para relacionar a saída com a entrada, precisamos aplicar a LTK nas duas malhas. 23 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Indicando as polaridades das tensões: + − + − + − LTK na malha à esquerda: −𝑉 𝑠 + 𝑅1𝐼1 𝑠 + 𝐿𝑠 𝐼1 𝑠 − 𝐼2 𝑠 = 0 𝑅1 + 𝐿𝑠 . 𝐼1 𝑠 − 𝐿𝑠. 𝐼2 𝑠 = 𝑉 𝑠 (1) LTK na malha à direita: −𝐿𝑠 𝐼1 𝑠 − 𝐼2 𝑠 + 𝑅2𝐼2 𝑠 + 1 𝐶𝑠 𝐼2 𝑠 = 0 −𝐿𝑠. 𝐼1 𝑠 + 𝐿𝑠 + 𝑅2 + 1 𝐶𝑠 . 𝐼2 𝑠 = 0 (2) Na forma matricial: 𝑅1 + 𝐿𝑠 −𝐿𝑠 −𝐿𝑠 𝐿𝑠 + 𝑅2 + 1 𝐶𝑠 . 𝐼1 𝑠 𝐼2 𝑠 = 𝑉 𝑠 0 24 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Resolvendo o sistema para 𝐼2(𝑠), teremos a sua relação com a tensão 𝑉(𝑠) da fonte, que é a variável de entrada. Podemos usar qualquer método que for mais conveniente. Resolvendo pela Regra de Kramer, temos: 𝑅1 + 𝐿𝑠 −𝐿𝑠 −𝐿𝑠 𝐿𝑠 + 𝑅2 + 1 𝐶𝑠 . 𝐼1 𝑠 𝐼2 𝑠 = 𝑉 𝑠 0 Δ = 𝑅1 + 𝐿𝑠 −𝐿𝑠 −𝐿𝑠 𝐿𝑠 + 𝑅2 + 1 𝐶𝑠 = 𝑅1 + 𝐿𝑠 . 𝐿𝑠 + 𝑅2 + 1 𝐶𝑠 − −𝐿𝑠 . −𝐿𝑠 Δ = 𝑅1 + 𝐿𝑠 . 𝐿𝑠 +𝑅2 + 1 𝐶𝑠 − 𝐿2𝑠2 𝐼2 𝑠 = 𝑅1 + 𝐿𝑠 𝑉(𝑠) −𝐿𝑠 0 Δ = 0 − −𝐿𝑠. 𝑉(𝑠) Δ = 𝐿𝑠. 𝑉(𝑠) Δ 𝐼2 𝑠 𝑉(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 𝐿𝑠 Δ 25 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Assim: 𝐼2 𝑠 𝑉(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 𝐿𝑠 𝑅1 + 𝐿𝑠 . 𝐿𝑠 + 𝑅2 + 1 𝐶𝑠 − 𝐿 2𝑠2 Rearranjando com polinômios no numerador e no denominador, temos: 𝐺 𝑠 = 𝐿𝐶𝑠2 𝑅1 + 𝑅2 𝐿𝐶. 𝑠2 + 𝑅1𝑅2𝐶 + 𝐿 . 𝑠 + 𝑅1 Diagrama em blocos do circuito, relacionando a tensão de entrada (fonte) com a corrente de saída: 26 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exercício 4: Determine a função de transferência que relaciona a tensão de saída sobre o capacitor 𝑉𝐶(𝑠) à tensão de entrada 𝑉(𝑠). Utilize análise nodal. Esse é o mesmo circuito do exemplo anterior, mas agora a variável de saída é outra. Por isso, a função de transferência também mudará. O enunciado deixa claro que devemos utilizar análise nodal para solucionar o problema. O nó mais à esquerda tem a tensão da fonte, logo não é uma incógnita. Então, temos que aplicar a LCK ao nó central e ao nó mais à direita. 27 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Indicando as tensões nodais e as correntes, e utilizando as admitâncias, temos: 𝐺1 = 1 𝑅1 𝐺2 = 1 𝑅2 LCK no nó central: 𝑉𝐿 𝑠 𝐿𝑠 + 𝑉𝐿 𝑠 − 𝑉(𝑠) 𝑅1 + 𝑉𝐿 𝑠 − 𝑉𝐶 𝑠 𝑅2 = 0 (1) 1 𝐿𝑠 + 𝐺1 + 𝐺2 . 𝑉𝐿 𝑠 − 𝐺2. 𝑉𝐶 𝑠 = 𝐺1. 𝑉 𝑠 LCK no nó à direita: (2) 𝑉𝐶 𝑠 1/𝐶𝑠 + 𝑉𝐶 𝑠 − 𝑉𝐿 𝑠 𝑅2 = 0 −𝐺2. 𝑉𝐿 𝑠 + 𝐶𝑠 + 𝐺2 . 𝑉𝐶 𝑠 = 0 28 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Na forma matricial: 1 𝐿𝑠 + 𝐺1 + 𝐺2 −𝐺2 −𝐺2 𝐶𝑠 + 𝐺2 . 𝑉𝐿 𝑠 𝑉𝐶 𝑠 = 𝐺1. 𝑉 𝑠 0 Estamos interessados na relação 𝑉𝐶 𝑠 /𝑉(𝑠), logo, precisamos determinar apenas para a variável 𝑉𝐶 𝑠 . Resolvendo pela Regra de Kramer, temos: Δ = 1 𝐿𝑠 + 𝐺1 + 𝐺2 −𝐺2 −𝐺2 𝐶𝑠 + 𝐺2 = 1 𝐿𝑠 + 𝐺1 + 𝐺2 . 𝐶𝑠 + 𝐺2 − −𝐺2 . −𝐺2 Δ = 1 𝐿𝑠 + 𝐺1 + 𝐺2 . 𝐶𝑠 + 𝐺2 − 𝐺2 2 𝑉𝐶 𝑠 = 1 𝐿𝑠 + 𝐺1 + 𝐺2 𝐺1. 𝑉(𝑠) −𝐺2 0 Δ = 𝐺1𝐺2. 𝑉(𝑠) Δ 𝑉𝐶 𝑠 𝑉(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 𝐺1𝐺2 Δ 29 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Assim: 𝑉𝐶 𝑠 𝑉(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 𝐺1𝐺2 1 𝐿𝑠 + 𝐺1 + 𝐺2 . 𝐶𝑠 + 𝐺2 − 𝐺2 2 Rearranjando com polinômios no numerador e no denominador, temos: 𝐺 𝑠 = 𝐺1𝐺2 𝐶 𝑠 𝐺1 + 𝐺2 . 𝑠2 + 𝐺1𝐺2𝐿 + 𝐶 𝐿𝐶 . 𝑠 + 𝐺2 𝐿𝐶 Diagrama em blocos do circuito, relacionando a tensão de entrada (fonte) com a tensão de saída (sobre o capacitor): 30 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Amplificadores Operacionais Um amplificador operacional pode ser usado como um bloco de construção básico para implementar funções de transferência. 1. Entrada diferencial: 𝑣2 𝑡 − 𝑣1 𝑡 2. Alta impedância de entrada: 𝑍𝑒 → ∞ (ideal) 3. Baixa impedância de saída: 𝑍𝑠 = 0 (ideal) 4. Alta constante de ganho de amplificação: 𝐴 → ∞ (ideal) Ele apresenta as seguintes características: A saída é dada por: 𝑣𝑠 𝑡 = 𝐴. 𝑣2 𝑡 − 𝑣1 𝑡 31 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Amplificador Operacional Inversor (terminal positivo aterrado) A função de transferência de um amplificador inversor ideal com impedâncias ligadas aos terminais de entrada e de saída é: 𝑉𝑠(𝑠) 𝑉𝑒(𝑠) = − 𝑍2(𝑠) 𝑍1(𝑠) 32 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 5: Determine a função de transferência 𝑉𝑠 𝑠 /𝑉𝑒 𝑠 do circuito abaixo (controlador PID). 𝑍1(𝑠) 𝑍2(𝑠) Impedâncias em paralelo: 𝑍1 = 𝑅1 1 𝑠𝐶1 𝑅1 + 1 𝑠𝐶1 = 𝑅1 1 + 𝑠𝑅1𝐶1 Impedâncias em série: 𝑍2 = 𝑅2 + 1 𝑠𝐶2 = 1 + 𝑠𝑅2𝐶2 𝑠𝐶2 33 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 𝑉𝑠(𝑠) 𝑉𝑒(𝑠) = − 𝑍2 𝑠 𝑍1 𝑠 = − 1 + 𝑠𝑅2𝐶2 𝑠𝐶2 1 + 𝑠𝑅1𝐶1 𝑅1 Função de transferência: 𝑉𝑠(𝑠) 𝑉𝑒(𝑠) = − 𝑠2. 𝑅1𝑅2𝐶1𝐶2 + 𝑠. 𝑅1𝐶1 + 𝑅2𝐶2 + 1 𝑠. 𝑅1𝐶2 𝑉𝑠(𝑠) 𝑉𝑒(𝑠) = −𝑅2𝐶1 𝑠2 + 𝑅1𝐶1 + 𝑅2𝐶2 𝑅1𝑅2𝐶1𝐶2 𝑠 + 1 𝑅1𝑅2𝐶1𝐶2 𝑠 Substituindo os valores dos componentes, obtemos: 𝑉𝑠(𝑠) 𝑉𝑒(𝑠) = −1,232 𝑠2 + 45,95𝑠 + 22,55 𝑠 34 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Amplificador Operacional Não Inversor 𝑉𝑠(𝑠) 𝑉𝑒(𝑠) = 𝑍1 𝑠 + 𝑍2(𝑠) 𝑍1(𝑠) A função de transferência de um amplificador não inversor ideal com impedâncias ligadas ao terminal de saída é: 35 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 6: Determine a função de transferência 𝑉𝑠 𝑠 /𝑉𝑒 𝑠 do circuito abaixo. 𝑍1(𝑠) 𝑍2(𝑠) Impedâncias em paralelo: 𝑍2 = 𝑅2 1 𝑠𝐶2 𝑅2 + 1 𝑠𝐶2 = 𝑅2 1 + 𝑠𝑅2𝐶2 Impedâncias em série: 𝑍1 = 𝑅1 + 1 𝑠𝐶1 = 1 + 𝑠𝑅1𝐶1 𝑠𝐶1 36 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 𝑉𝑠(𝑠) 𝑉𝑒(𝑠) = 𝑍1 𝑠 + 𝑍2(𝑠) 𝑍1(𝑠) = 1 + 𝑠𝑅1𝐶1 𝑠𝐶1 + 𝑅2 1 + 𝑠𝑅2𝐶2 1 + 𝑠𝑅1𝐶1 𝑠𝐶1 Função de transferência: Desenvolvendo, obtemos: 𝑉𝑠(𝑠) 𝑉𝑒(𝑠) = 𝑠2. 𝑅1𝑅2𝐶1𝐶2 + 𝑠. 𝑅1𝐶1 + 𝑅2𝐶2 + 𝑅2𝐶1 + 1 𝑠2. 𝑅1𝑅2𝐶1𝐶2 + 𝑠. 𝑅1𝐶1 + 𝑅2𝐶2 + 1 37 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Funções de transferência de Sistemas Mecânicos Translacionais Os sistemas mecânicos se assemelham tanto aos circuitos elétricos que existem analogias entre componentes e variáveis elétricas e mecânicas. Os sistemas mecânicos, da mesma forma que os circuitos elétricos, possuem três componentes lineares passivos. Dois deles, a mola e a massa, são elementos armazenadores de energia, e o outro, o amortecedor viscoso, dissipa energia. Os dois elementos armazenadores de energia são análogos aos dois elementos armazenadores de energia elétricos, o indutor e o capacitor. O dissipador de energia é análogo à resistência elétrica. Quando comparamos as equações mecânicas com as equações elétricas destes elementos, observamos analogias que nos auxiliam a analisar sistemas mecânicos de modo similar aos elétricos. 38 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Relações para molas, massas e amortecedores - Translação Componente Força-velocidade Força-deslocamento Impedância 𝒁𝑴 𝒔 = 𝑭(𝒔) 𝑿(𝒔) 𝑁/𝑚 𝑁𝑠/𝑚 𝑘𝑔 Os nomes dos parâmetros mecânicos na translação são: 𝐾 constante de mola 𝑓𝑣 coeficientede atrito viscoso 𝑀 massa 39 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente A análise é feita da seguinte forma: 1. Admitimos um sentido positivo para o movimento (ex. para a direita). Isso é equivalente a adotar um sentido (ex. horário) para uma corrente de malha. 2. Utilizando o sentido positivo adotado, desenhamos o diagrama de corpo livre, indicando todas as forças que agem sobre o corpo, tanto no sentido do movimento quanto no sentido oposto. 3. Usamos a lei de Newton para produzir uma equação diferencial de movimento, somando as forças e igualando a soma a zero. 4. Admitindo condições iniciais nulas, aplicamos a transformada de Laplace à equação diferencial e obtemos a função de transferência desejada. 40 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 7: Determine a função de transferência X 𝑠 /𝐹 𝑠 do sistema mecânico translacional abaixo, com uma massa, uma mola e um amortecedor. A função 𝑓(𝑡) indica a força aplicada sobre o conjunto e 𝑥(𝑡) indica o deslocamento da massa em relação ao repouso. O sentido positivo do movimento 𝑥(𝑡) já está indicado na figura. O diagrama de corpo livre para a massa é: Força da mola Força de atrito Força de reação (inércia) Igualando as forças, obtemos a equação diferencial que modela o movimento da massa: 𝑀 𝑑2𝑥(𝑡) 𝑑𝑡2 + 𝑓𝑣 𝑑𝑥(𝑡) 𝑑𝑡 + 𝐾𝑥 𝑡 = 𝑓(𝑡) 41 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Aplicando a transformada de Laplace e admitindo condições iniciais nulas: 𝑀𝑠2 + 𝑓𝑣𝑠 + 𝐾 . 𝑋 𝑠 = 𝐹(𝑠) Diagrama no domínio do tempo Diagrama no domínio da frequência 𝑀 𝑑2𝑥(𝑡) 𝑑𝑡2 + 𝑓𝑣 𝑑𝑥(𝑡) 𝑑𝑡 + 𝐾𝑥 𝑡 = 𝑓(𝑡) 𝑀. 𝑠 2𝑋 𝑠 + 𝑓𝑣. 𝑠𝑋 𝑠 + 𝐾. 𝑋 𝑠 = 𝐹(𝑠) 𝑋(𝑠) 𝐹(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 1 𝑀𝑠2 + 𝑓𝑣𝑠 + 𝐾 Função de transferência que relaciona o deslocamento e a força aplicada Diagrama em blocos: 42 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Observe as forças no domínio da frequência: Impedâncias Mecânicas (veja a tabela anterior) 𝑍𝑀 𝑠 = 𝐹(𝑠) 𝑋(𝑠) Há uma analogia com a LTK em uma malha! Você sabe explicar? Se usarmos essa abordagem, não precisaremos escrever as equações diferenciais para os sistemas mecânicos, assim como fazemos para circuitos elétricos. 𝑀𝑠2 + 𝑓𝑣𝑠 + 𝐾 . 𝑋 𝑠 = 𝐹(𝑠) 𝑀. 𝑠2𝑋 𝑠 + 𝑓𝑣. 𝑠𝑋 𝑠 + 𝐾. 𝑋 𝑠 = 𝐹(𝑠) Soma das impedâncias mecânicas [soma das impedâncias] . 𝑋(𝑠) = [soma das forças aplicadas] 43 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente O exemplo anterior mostrou a análise para um sistema mecânico com apenas um grau de liberdade, ou seja, apenas uma massa pode mover-se livremente. Para analisar sistemas mecânicos com um ou mais graus de liberdade (uma ou várias massas em movimento), desenhamos um diagrama de corpo livre para cada massa e, em seguida, utilizamos o princípio da superposição. Entretanto, essa análise nos levará às mesmas conclusões que chegamos quando aplicamos a LTK em um circuito elétrico com várias malhas. Ou seja, podemos obter as equações sem esboçar o diagrama de corpo livre: as equações podem ser obtidas por inspeção, de modo direto! (Para ver a demonstração, veja o Exemplo 2.17 do livro texto do Nise.) 44 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 1. Identifique as funções de movimento 𝑋1(𝑠), 𝑋2(𝑠) etc. do sistema e as forças 𝐹1(𝑠), 𝐹2(𝑠) etc. que atuam sobre cada corpo (massa). 2. Escreva as equações por inspeção, uma para cada corpo (massa). 3. Resolva o sistema para a variável de saída de interesse e obtenha a função de transferência desejada. Método para obter a função de transferência de um sistema mecânico translacional Sistema com 2 corpos em translação: . 𝑋1 𝑠 − Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝑥1 . 𝑋2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝑥1 e 𝑥2 Soma das forças aplicadas em 𝑥1 Equação do corpo 1 . 𝑋1 𝑠 + Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝑥2 . 𝑋2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝑥1 e 𝑥2 Soma das forças aplicadas em 𝑥2 Equação do corpo 2− 45 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 8: Determine a função de transferência 𝑋2 𝑠 /𝐹 𝑠 do sistema mecânico translacional abaixo. Monte as equações por inspeção. O sistema possui dois graus de liberdade, uma vez que cada uma das massas pode ser movida na direção horizontal enquanto a outra é mantida imóvel. Assim, duas equações de movimento simultâneas serão necessárias para descrever o sistema. As duas equações são obtidas por inspeção. 46 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente . 𝑋1 𝑠 − Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝑥1 . 𝑋2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝑥1 e 𝑥2 Soma das forças aplicadas em 𝑥1 . 𝑋1 𝑠 + Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝑥2 . 𝑋2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝑥1 e 𝑥2 Soma das forças aplicadas em 𝑥2 − Impedâncias mecânicas: Mola: Massa: Amortecedor: 𝐾 𝑓𝑣𝑠 𝑀𝑠2 Equação do corpo 1: 𝑀1𝑠 2 + 𝑓𝑣1 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾1 + 𝐾2 . 𝑋1 𝑠 − 𝑓𝑣3𝑠 + 𝐾2 . 𝑋2 𝑠 = 𝐹(𝑠) Equação do corpo 2: − 𝑓𝑣3𝑠 + 𝐾2 . 𝑋1 𝑠 + 𝑀2𝑠 2 + 𝑓𝑣2 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾2 + 𝐾3 . 𝑋2 𝑠 = 0 47 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Na forma matricial, temos: 𝑀1𝑠 2 + 𝑓𝑣1 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾1 + 𝐾2 − 𝑓𝑣3𝑠 + 𝐾2 − 𝑓𝑣3𝑠 + 𝐾2 𝑀2𝑠 2 + 𝑓𝑣2 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾2 + 𝐾3 . 𝑋1 𝑠 𝑋2 𝑠 = 𝐹 𝑠 0 Como desejamos a função de transferência 𝑋2 𝑠 /𝐹 𝑠 , calculamos 𝑋2 𝑠 pela Regra de Kramer: Δ = 𝑀1𝑠 2 + 𝑓𝑣1 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾1 + 𝐾2 − 𝑓𝑣3𝑠 + 𝐾2 − 𝑓𝑣3𝑠 + 𝐾2 𝑀2𝑠 2 + 𝑓𝑣2 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾2 + 𝐾3 𝑋2 𝑠 = 𝑀1𝑠 2 + 𝑓𝑣1 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾1 + 𝐾2 𝐹(𝑠) − 𝑓𝑣3𝑠 + 𝐾2 0 Δ = 𝐹 𝑠 𝑓𝑣3𝑠 + 𝐾2 Δ 𝑋2 𝑠 𝐹(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 𝑓𝑣3𝑠 + 𝐾2 Δ Assim: Diagrama em blocos: 48 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exercício 5: Determine a função de transferência G s = 𝑋2 𝑠 /𝐹 𝑠 do sistema mecânico translacional abaixo. Monte as equações por inspeção. Observe que o sistema tem 2 massas que se movem de modo independente, ou seja, tem 2 graus de liberdade. Obtemos as equações por inspeção. 49 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente . 𝑋1 𝑠 − Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝑥1 . 𝑋2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝑥1 e 𝑥2 Soma das forças aplicadas em 𝑥1 . 𝑋1 𝑠 + Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝑥2 . 𝑋2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝑥1 e 𝑥2 Soma das forças aplicadas em 𝑥2 − Impedâncias mecânicas:Mola: Massa: Amortecedor: 𝐾 𝑓𝑣𝑠 𝑀𝑠2Equação do corpo 1: 𝑀1𝑠 2 + 𝑓𝑣1 + 𝑓𝑣2 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾 .𝑋1 𝑠 − 𝑓𝑣1 + 𝑓𝑣2 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾 . 𝑋2 𝑠 = 𝐹(𝑠) 𝑠2 + 3𝑠 + 1 . 𝑋1 𝑠 − 3𝑠 + 1 . 𝑋2 𝑠 = 𝐹(𝑠) Equação do corpo 2: − 𝑓𝑣1 + 𝑓𝑣2 + 𝑓𝑣3 𝑠 + 𝐾 . 𝑋1 𝑠 + 𝑀2𝑠 2 + 𝑓𝑣1 + 𝑓𝑣2 + 𝑓𝑣3 + 𝑓𝑣4 𝑠 + 𝐾 . 𝑋2 𝑠 = 0 − 3𝑠 + 1 . 𝑋1 𝑠 + 𝑠 2 + 4𝑠 + 1 . 𝑋2 𝑠 = 0 50 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Na forma matricial, temos: 𝑠2 + 3𝑠 + 1 − 3𝑠 + 1 − 3𝑠 + 1 𝑠2 + 4𝑠 + 1 . 𝑋1 𝑠 𝑋2 𝑠 = 𝐹 𝑠 0 Como desejamos a função de transferência 𝑋2 𝑠 /𝐹 𝑠 , calculamos 𝑋2 𝑠 pela Regra de Kramer: Δ = 𝑠2 + 3𝑠 + 1 𝑠2 + 4𝑠 + 1 − 3𝑠 + 1 2 = 𝑠 𝑠3 + 7𝑠2 + 5𝑠 + 1 𝑋2 𝑠 = 𝑠2 + 3𝑠 + 1 𝐹(𝑠) − 3𝑠 + 1 0 Δ = 𝐹 𝑠 3𝑠 + 1 Δ 𝑋2 𝑠 𝐹(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 3𝑠 + 1 𝑠 𝑠3 + 7𝑠2 + 5𝑠 + 1 Assim: 51 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Para escrever por inspeção as equações de um sistema com 3 graus de liberdade, veja o Exemplo 2.18 do livro texto do Nise. Observe a analogia com a análise de um circuito elétrico com 3 malhas, na qual aplicamos a LTK a cada malha. A equação de cada malha é análoga à equação de cada massa no caso mecânico. 52 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Funções de transferência de Sistemas Mecânicos Rotacionais Os sistemas mecânicos rotacionais são tratados da mesma maneira que os sistemas mecânicos translacionais, com exceção de que o torque (ou momento) substitui a força e o deslocamento angular substitui o deslocamento translacional. Os componentes mecânicos para os sistemas rotacionais são os mesmos que para os sistemas translacionais, mas agora os componentes ficam sujeitos à rotação, em vez de translação. Como no caso de sistemas com translação, as equações do movimento de rotação podem ser obtidas com diagramas de corpo livre ou por inspeção. Vamos mostrar aqui apenas o segundo método, que é mais direto. 53 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Relações para molas, massas e amortecedores - Rotação Componente Torque-velocidade angular Torque-deslocamento angular Impedância 𝒁𝑴 𝒔 = 𝑻(𝒔) 𝜽(𝒔) 𝑁𝑚/𝑟𝑎𝑑 𝑁𝑚𝑠/𝑟𝑎𝑑 𝑘𝑔𝑚2 Os nomes dos parâmetros mecânicos na rotação são: 𝐾 constante de mola D coeficiente de atrito viscoso 𝐽 momento de inércia 54 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 9: Determine a função de transferência 𝜃2 𝑠 /𝑇 𝑠 para o sistema mecânico rotacional abaixo. A barra é suportada por mancais em ambas as extremidades e é submetida a torção. Um torque é aplicado à esquerda, e o deslocamento é medido à direita. Vamos montar as equações por inspeção. Primeiro, obtemos um esquema a partir do sistema físico. Embora a torção ocorra ao longo da barra, fazemos uma aproximação do sistema admitindo que a torção atue como uma mola concentrada em um ponto particular da barra, com um momento de inércia 𝐽1 à esquerda e um momento de inércia 𝐽2 à direita. (Obs.: fazemos o mesmo em circuitos elétricos, quando consideramos uma resistência elétrica que está distribuída ao longo de um fio com um resistor pontual. Ou seja, aproximamos um parâmetro que está distribuído no sistema físico real como um parâmetro concentrado, para simplificar a análise.) 55 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Também admitimos que o amortecimento dentro da barra flexível seja desprezível. Assim, o esquema é: O sistema possui dois graus de liberdade, uma vez que cada uma das inércias pode ser colocada em rotação enquanto a outra é mantida imóvel. Assim, são necessárias duas equações simultâneas para solucionar o sistema. Para obter as equações de forma direta, por inspeção, utilizamos um método semelhante ao usado para os sistemas translacionais. 56 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente 1. Identifique as funções de movimento rotacional 𝜃1(𝑠), 𝜃2(𝑠) etc. do sistema e os torques 𝑇1(𝑠), 𝑇2(𝑠) etc. que atuam sobre cada corpo (inércia). 2. Escreva as equações por inspeção, uma para cada corpo (inércia). 3. Resolva o sistema para a variável de saída de interesse e obtenha a função de transferência desejada. Método para obter a função de transferência de um sistema mecânico rotacional Sistema com 2 corpos em rotação: . 𝜃1 𝑠 − Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝜃1 . 𝜃2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝜃1 e 𝜃2 Soma dos torques aplicados em 𝜃1 Equação do corpo 1 . 𝜃1 𝑠 + Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝜃2 . 𝜃2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝜃1 e 𝜃2 Soma dos torques aplicados em 𝜃2 Equação do corpo 2− 57 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Impedâncias mecânicas: Mola: Inércia: Amortecedor: 𝐾 𝐷𝑠 𝐽𝑠2 Equação do corpo 1: 𝐽1𝑠 2 + 𝐷1𝑠 + 𝐾 . 𝜃1 𝑠 − 𝐾. 𝜃2 𝑠 = 𝑇(𝑠) Equação do corpo 2: −𝐾. 𝜃1 𝑠 + 𝐽2𝑠 2 + 𝐷2𝑠 + 𝐾 . 𝜃2 𝑠 = 0 . 𝜃1 𝑠 − Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝜃1 . 𝜃2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝜃1 e 𝜃2 Soma dos torques aplicados em 𝜃1 . 𝜃1 𝑠 + Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝜃2 . 𝜃2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝜃1 e 𝜃2 Soma dos torques aplicados em 𝜃2 − 58 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Na forma matricial, temos: 𝐽1𝑠 2 + 𝐷1𝑠 + 𝐾 −𝐾 −𝐾 𝐽2𝑠 2 + 𝐷2𝑠 + 𝐾 . 𝜃1 𝑠 𝜃2 𝑠 = 𝑇 𝑠 0 Como desejamos a função de transferência 𝜃2 𝑠 /𝑇 𝑠 , calculamos 𝜃2 𝑠 pela Regra de Kramer: Δ = 𝐽1𝑠 2 + 𝐷1𝑠 + 𝐾 −𝐾 −𝐾 𝐽2𝑠 2 + 𝐷2𝑠 + 𝐾 𝜃2 𝑠 = 𝐽1𝑠 2 + 𝐷1𝑠 + 𝐾 𝑇(𝑠) −𝐾 0 Δ = 𝐾. 𝑇 𝑠 Δ 𝜃2 𝑠 𝑇(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 𝐾 Δ Assim: Diagrama em blocos: 59 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exercício 6: Determine a função de transferência G s = 𝜃2 𝑠 /𝑇 𝑠 do sistema mecânico rotacional abaixo. Monte as equações por inspeção. O movimento rotacional junto ao torque aplicado é 𝜃1(𝑡). O sistema tem 2 movimentos rotacionais independentes, ou seja, tem 2 graus de liberdade. Obtemos as equações por inspeção. 60 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Impedâncias mecânicas: Mola: Inércia: Amortecedor: 𝐾 𝐷𝑠 𝐽𝑠2 Equação do corpo 1: 𝐽1𝑠 2 + 𝐷1𝑠 + 𝐾1 . 𝜃1 𝑠 − 𝐷1𝑠 + 𝐾1 . 𝜃2 𝑠 = 𝑇(𝑠) Equação do corpo 2: − 𝐷1𝑠 + 𝐾1 . 𝜃1 𝑠 + 𝐷1 + 𝐷2 𝑠 + 𝐾1 + 𝐾2 . 𝜃2 𝑠 = 0 . 𝜃1 𝑠 − Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝜃1 . 𝜃2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝜃1 e 𝜃2 Soma dos torques aplicadosem 𝜃1 . 𝜃1 𝑠 + Soma das impedâncias conectadas ao movimento em 𝜃2 . 𝜃2 𝑠 = Soma das impedâncias entre 𝜃1 e 𝜃2 Soma dos torques aplicados em 𝜃2 − 𝜃1(𝑡) 𝑠2 + 𝑠 + 1 . 𝜃1 𝑠 − 𝑠 + 1 . 𝜃2 𝑠 = 𝑇(𝑠) − 𝑠 + 1 . 𝜃1 𝑠 + 2𝑠 + 2 . 𝜃2 𝑠 = 0 61 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Na forma matricial, temos: 𝑠2 + 𝑠 + 1 − 𝑠 + 1 − 𝑠 + 1 2𝑠 + 2 . 𝜃1 𝑠 𝜃2 𝑠 = 𝑇 𝑠 0 Como desejamos a função de transferência 𝜃2 𝑠 /𝑇 𝑠 , calculamos 𝜃2 𝑠 pela Regra de Kramer: Δ = 𝑠2 + 𝑠 + 1 2𝑠 + 2 − 𝑠 + 1 2 = 2 𝑠2 + 𝑠 + 1 𝑠 + 1 − 𝑠 + 1 2 𝜃2 𝑠 = 𝑠2 + 𝑠 + 1 𝑇(𝑠) − 𝑠 + 1 0 Δ = 𝑇 𝑠 . 𝑠 + 1 Δ 𝜃2 𝑠 𝑇(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 𝑠 + 1 2 𝑠2 + 𝑠 + 1 𝑠 + 1 − 𝑠 + 1 2 = 1 2 𝑠2 + 𝑠 + 1 − 𝑠 + 1 Assim: 𝜃2 𝑠 𝑇(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 1 2𝑠2 + 𝑠 + 1 62 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Funções de transferência de Sistemas Eletromecânicos Os sistemas eletromecânicos são híbridos, porque possuem variáveis elétricas e mecânicas. Braço robótico de simulador de voo da NASA com componentes eletromecânicos no sistema de controle Exemplos: Motores elétricos Braços robóticos Rastreadores do Sol e de estrelas Controles de posição de cabeçotes em discos rígidos etc. 63 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Um motor elétrico é um componente eletromecânico que produz uma saída de deslocamento para uma entrada de tensão, isto é, uma saída mecânica gerada por uma entrada elétrica. Vamos analisar a função de transferência de um Servomotor de corrente contínua (CC) controlado pela armadura. 64 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Rotor (elemento rotativo do motor, com o eixo) Ímãs permanentes ou eletroímãs (campo magnético constante) Circuito rotativo (Armadura) − 𝑒𝑎 𝑡 + Esquema de um motor CC Diagrama esquemático de um motor CC (veja o desenvolvimento no Apêndice I do livro texto do Nise) Tensão CC aplicada à armadura [𝑉] Corrente CC da armadura [𝐴] Força contraeletromotriz (fcem) 𝑉 (condutor em movimento, imerso em um campo magnético) 𝑒𝑎(𝑡) 𝑖𝑎(𝑡) 𝑣𝑐𝑒(𝑡) Torque no eixo do motor [𝑁𝑚] Ângulo do eixo do motor [𝑟𝑎𝑑] 𝑇𝑚(𝑡) 𝜃𝑚(𝑡) Resistência da armadura [Ω] Indutância da armadura [𝐻] 𝑅𝑎 𝐿𝑎 Diagrama em blocos com a função de transferência que desejamos obter: 65 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente LTK no domínio da frequência: 𝑅𝑎 . 𝐼𝑎 𝑠 + 𝐿𝑎𝑠. 𝐼𝑎 𝑠 + 𝑉𝑐𝑒 𝑠 = 𝐸𝑎(𝑠) O torque no eixo do motor é diretamente proporcional à corrente da armadura: 𝑇𝑚 𝑠 = 𝐾𝑡. 𝐼𝑎(𝑠) 𝐼𝑎 𝑠 = 1 𝐾𝑡 𝑇𝑚 𝑠 A força contraeletromotriz é diretamente proporcional à velocidade angular 𝜔𝑚(𝑡) de rotação do eixo do motor: 𝑣𝑐𝑒 𝑡 = 𝐾𝑐𝑒 . 𝜔𝑚 𝑡 = 𝐾𝑐𝑒 𝑑𝜃𝑚(𝑡) 𝑑𝑡 𝑉𝑐𝑒 𝑠 = 𝐾𝑐𝑒 . 𝑠𝜃𝑚(𝑠) (1) Constantes de proporcionalidade: 𝐾𝑐𝑒 Constante de fcem 𝑉𝑠/𝑟𝑎𝑑 𝐾𝑡 Constante de torque do motor 𝑁𝑚/𝐴 Substituindo ambas as equações em (1): 𝑅𝑎 + 𝐿𝑎𝑠 . 𝑇𝑚 𝑠 𝐾𝑡 + 𝐾𝑐𝑒 . 𝑠𝜃𝑚 𝑠 = 𝐸𝑎(𝑠) (2) 66 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Agora, precisamos escrever 𝑇𝑚 𝑠 em função de 𝜃𝑚(𝑠) para podermos escrever a função de transferência. Uma carga rotativa ligada ao eixo do motor pode ser representada por: Momento de inércia equivalente da armadura e da carga mecânica no eixo do motor [𝑘𝑔𝑚2] 𝐽𝑚 𝐷𝑚 Coeficiente de atrito viscoso equivalente da armadura e da carga mecânica no eixo do motor [𝑁𝑚𝑠/𝑟𝑎𝑑] Da figura, vemos que: 𝑇𝑚 𝑠 = 𝐽𝑚𝑠 2 + 𝐷𝑚𝑠 . 𝜃𝑚(𝑠) Substituindo em (2): 𝑅𝑎 + 𝐿𝑎𝑠 . 𝐽𝑚𝑠 2 + 𝐷𝑚𝑠 . 𝜃𝑚(𝑠) 𝐾𝑡 + 𝐾𝑐𝑒. 𝑠𝜃𝑚 𝑠 = 𝐸𝑎(𝑠) 67 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Em motores CC é usual a indutância 𝐿𝑎 ser pequena quando comparada à resistência 𝑅𝑎. Adotando a simplificação 𝐿𝑎 ≈ 0 e rearranjando os termos, obtemos a função de transferência desejada: 𝜃𝑚(𝑠) 𝐸𝑎(𝑠) = 𝐾𝑡 𝑅𝑎𝐽𝑚 𝑠 𝑠 + 1 𝐽𝑚 𝐷𝑚 + 𝐾𝑡𝐾𝑐𝑒 𝑅𝑎 Observe que a função de transferência tem uma estrutura simples: 𝜃𝑚(𝑠) 𝐸𝑎(𝑠) = 𝐾 𝑠(𝑠 + 𝑎) Precisamos apenas de uma forma de determinar os parâmetros do motor. 68 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Parâmetros mecânicos Carga mecânica rotativa Acoplamento rotativo com engrenagens Motor Tanto o motor (armadura) quanto a carga possuem momento de inércia e atrito viscoso. Obs.: estas relações consideram que as engrenagens têm impedâncias mecânicas (inércia e atrito viscoso) desprezíveis em relação aos valores do motor e da carga. Se esse não for o caso, as impedâncias das engrenagens também devem ser levadas em conta. Veja o Exemplo 2.22 no livro texto para maiores detalhes. Os parâmetros equivalentes podem ser obtidos quando refletimos os parâmetros da carga para a armadura, por meio da relação de transmissão: 𝐽𝑚 = 𝐽𝑎 + 𝐽𝐶 𝑁1 𝑁2 2 𝐷𝑚 = 𝐷𝑎 + 𝐷𝐶 𝑁1 𝑁2 2 Momento de inércia Coeficiente de atrito viscoso 69 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Parâmetros elétricos Podem ser obtidos por meio de ensaio do motor com um dinamômetro, que mede o torque e a velocidade do motor, com uma tensão aplicada constante. Fonte: http://invt-acdrive.blogspot.com/2015/12/invt-gd800-series-industrial-drives.html Exemplo de uma bancada de teste com dinamômetro: 70 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Inicialmente, supondo a simplificação 𝐿𝑎 ≈ 0 , temos: 𝑅𝑎 𝐾𝑡 𝑇𝑚 𝑠 + 𝐾𝑐𝑒 . 𝑠𝜃𝑚 𝑠 = 𝐸𝑎(𝑠) 𝑅𝑎 𝐾𝑡 𝑇𝑚 𝑡 + 𝐾𝑐𝑒 . 𝜔𝑚 𝑡 = 𝑒𝑎(𝑡)ℒ −1 Isolando 𝑇𝑚, obtemos: 𝑇𝑚 = − 𝐾𝑐𝑒𝐾𝑡 𝑅𝑎 𝜔𝑚 + 𝐾𝑡 𝑅𝑎 𝑒𝑎 Equação de uma reta descendente, que relaciona a velocidade angular 𝜔𝑚 de rotação do motor com o torque 𝑇𝑚 no eixo do motor. Curva torque-velocidade do motor Torque com o rotor bloqueado (𝜔𝑚 = 0) Velocidade em vazio (𝑇𝑚 = 0) 71 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Da equação anterior, obtemos: 𝑇𝑏𝑙𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑑𝑜 = 𝐾𝑡 𝑅𝑎 𝑒𝑎 𝜔𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 = 𝑒𝑎 𝐾𝑐𝑒 O ensaio do motor com o dinamômetro nos fornece: 𝑇𝑏𝑙𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑑𝑜 : quando o motor está alimentado com uma tensão 𝑒𝑎 e está com o eixo bloqueado. 𝜔𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜: quando o motor está alimentado com uma tensão 𝑒𝑎 e tem torque nulo. Com essas informações, determinamos os parâmetros elétricos do motor: 𝐾𝑡 𝑅𝑎 = 𝑇𝑏𝑙𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑎 𝐾𝑐𝑒 = 𝑒𝑎 𝜔𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 72 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemasde Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 10: Dado o sistema eletromecânico e a curva torque-velocidade a seguir, determine a função de transferência 𝜃𝐿(𝑠)/𝐸𝑎(𝑠). Iniciamos a resolução determinando os parâmetros do sistema. Em seguida, escrevemos a função de transferência desejada. 73 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Parâmetros mecânicos: 𝐽𝑚 = 𝐽𝑎 + 𝐽𝐿 𝑁1 𝑁2 2 = 5 + 700 100 1000 2 = 12 [𝑘𝑔𝑚2] 𝐷𝑚 = 𝐷𝑎 + 𝐷𝐿 𝑁1 𝑁2 2 = 2 + 800 100 1000 2 = 10 [𝑁𝑚𝑠/𝑟𝑎𝑑] Momento de inércia: Coeficiente de atrito viscoso: Parâmetros elétricos: Da curva toque-velocidade, obtemos: 𝑇𝑏𝑙𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑑𝑜 = 500 [𝑁𝑚] 𝜔𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 = 50 [𝑟𝑎𝑑/𝑠] 𝑒𝑎 = 100 [𝑉] Assim, as constantes elétricas são: 𝐾𝑡 𝑅𝑎 = 𝑇𝑏𝑙𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑎 = 500 100 = 5 𝑁𝑚/𝑉 𝐾𝑐𝑒 = 𝑒𝑎 𝜔𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 = 100 50 = 2 𝑉𝑠/𝑟𝑎𝑑 74 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Então, a função de transferência para o ângulo do eixo do motor é dada pela expressão que deduzimos: 𝜃𝑚(𝑠) 𝐸𝑎(𝑠) = 𝐾𝑡 𝑅𝑎𝐽𝑚 𝑠 𝑠 + 1 𝐽𝑚 𝐷𝑚 + 𝐾𝑡𝐾𝑐𝑒 𝑅𝑎 = 5 12 𝑠 𝑠 + 1 12 10 + 5.2 = 0,417 𝑠 𝑠 + 1,667 𝜃𝐿(𝑠) 𝐸𝑎(𝑠) = 𝐺 𝑠 = 0,0417 𝑠 𝑠 + 1,667 Diagrama em blocos: Mas a função de transferência desejada é 𝜃𝐿(𝑠)/𝐸𝑎(𝑠), que relaciona o ângulo no eixo da carga (e não no eixo do motor) com a tensão de entrada. A conversão é simples – basta usar a relação de transmissão: 𝜃𝑚. 𝑁1 = 𝜃𝐿. 𝑁2 𝜃𝐿 = 𝜃𝑚 𝑁1 𝑁2 = 𝜃𝑚 100 1000 = 0,1. 𝜃𝑚 75 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exercício 7: Determine a função de transferência G s = 𝜔𝐿 𝑠 /𝐸𝑎 𝑠 , para o motor e a carga abaixo. A curva torque-velocidade é dada por 𝑇𝑚 = −8𝜔𝑚 + 200 quando a tensão de entrada é de 100 𝑉. Como a curva torque-velocidade é dada apenas por uma equação, vamos representá-la graficamente para poder calcular os parâmetros do sistema. Em seguida, escrevemos a função de transferência desejada. 76 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente A curva torque-velocidade é: 𝑇𝑚 = −8𝜔𝑚 + 200 𝑇𝑚 𝑁𝑚 𝜔𝑚 𝑟𝑎𝑑/𝑠 0 200 25 𝑒𝑎 = 100 [𝑉] 𝑇𝑏𝑙𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑑𝑜 = 200 [𝑁𝑚] 𝜔𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 = 25 [𝑟𝑎𝑑/𝑠] 𝑒𝑎 = 100 [𝑉] Parâmetros elétricos: 𝐾𝑡 𝑅𝑎 = 𝑇𝑏𝑙𝑜𝑞𝑢𝑒𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑎 = 200 100 = 2 𝑁𝑚/𝑉 𝐾𝑐𝑒 = 𝑒𝑎 𝜔𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 = 100 25 = 4 𝑉𝑠/𝑟𝑎𝑑 Parâmetros mecânicos (observe que há 2 acoplamentos com engrenagens): 𝐽𝑚 = 𝐽𝑎 + 𝐽𝐿 𝑁1𝑁3 𝑁2𝑁4 2 = 1 + 400 20.25 100.100 2 = 2 [𝑘𝑔𝑚2] 𝐷𝑚 = 𝐷𝑎 + 𝐷𝐿 𝑁1𝑁3 𝑁2𝑁4 2 = 5 + 800 20.25 100.100 2 = 7 [𝑁𝑚𝑠/𝑟𝑎𝑑] 77 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Então, a função de transferência para o ângulo do eixo do motor é dada pela expressão que deduzimos: 𝜃𝑚(𝑠) 𝐸𝑎(𝑠) = 𝐾𝑡 𝑅𝑎𝐽𝑚 𝑠 𝑠 + 1 𝐽𝑚 𝐷𝑚 + 𝐾𝑡𝐾𝑐𝑒 𝑅𝑎 = 2 2 𝑠 𝑠 + 1 2 7 + 2.4 = 1 𝑠 𝑠 + 15/2 𝜃𝐿(𝑠) 𝐸𝑎(𝑠) = 1/20 𝑠 𝑠 + 15/2 A função de transferência 𝜃𝐿(𝑠)/𝐸𝑎(𝑠) para o ângulo do eixo da carga é obtida com as relações de transmissão combinadas: 𝜃𝐿 = 𝜃𝑚 𝑁1𝑁3 𝑁2𝑁4 = 𝜃𝑚 1 20 A função de transferência 𝜔𝐿(𝑠)/𝐸𝑎(𝑠) para a velocidade angular do eixo da carga é obtida lembrando que 𝜔𝐿 𝑠 = 𝑠𝜃𝐿(𝑠): 𝜔𝐿(𝑠) 𝐸𝑎(𝑠) = 𝐺(𝑠) = 1/20 𝑠 + 15/2 78 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Circuitos elétricos análogos a sistemas mecânicos Quando analisamos as equações que regem os comportamentos de circuitos elétricos e de sistemas mecânicos, notamos claramente que as variáveis dos circuitos elétricos se comportam exatamente como as variáveis análogas dos sistemas mecânicos. Um circuito elétrico análogo a um sistema mecânico pode ser obtido quando comparamos as equações de movimento mecânico com as equações das malhas (LTK) ou dos nós (LCK). Circuito análogo em série Comparação com as equações das malhas (LTK). Circuito análogo em paralelo Comparação com as equações dos nós (LCK). 79 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Circuito análogo em série Sistema mecânico translacional Equação do movimento: 𝑀𝑠2 + 𝑓𝑣𝑠 + 𝐾 . 𝑋 𝑠 = 𝐹(𝑠) Circuito RLC série LTK na malha: 𝐿𝑠 + 𝑅 + 1 𝐶𝑠 . 𝐼 𝑠 = 𝐸(𝑠) Multiplicando e dividindo o lado esquerdo por 𝑠, substituímos a posição 𝑋(𝑠) pela velocidade 𝑉(𝑠): 𝑀𝑠2 + 𝑓𝑣𝑠 + 𝐾 𝑠 . 𝑠𝑋 𝑠 = 𝐹(𝑠) 𝑀𝑠 + 𝑓𝑣 + 𝐾 𝑠 . 𝑉 𝑠 = 𝐹(𝑠) Observe os termos entre parênteses: em ambos os casos são impedâncias. No caso mecânico, são as impedâncias associadas à velocidade e não à posição. 80 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Podemos desenhar um circuito RLC série, que é análogo ao sistema mecânico: Sistemas análogos Quando temos mais de um grau de liberdade, as impedâncias associadas a um movimento aparecem como elementos elétricos em série em uma malha, porém as impedâncias entre movimentos adjacentes são desenhadas como impedâncias elétricas em série entre as duas malhas correspondentes. 81 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 11: Desenhe o circuito elétrico análogo em série para o sistema mecânico abaixo. O sistema tem 2 graus de liberdade o circuito equivalente tem 2 malhas. Os elementos que pertencem apenas à Malha 1 são as impedâncias associadas à massa 𝑴𝟏. Os elementos que pertencem apenas à Malha 2 são as impedâncias associadas à massa 𝑴𝟐. Os elementos comuns às Malhas 1 e 2 são as impedâncias entre as massas 𝑴𝟏 e 𝑴𝟐. 82 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Circuito elétrico análogo com elementos em série: 83 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Circuito análogo em paralelo Sistema mecânico translacional Equação do movimento: 𝑀𝑠2 + 𝑓𝑣𝑠 + 𝐾 . 𝑋 𝑠 = 𝐹(𝑠) Multiplicando e dividindo o lado esquerdo por 𝑠, substituímos a posição 𝑋(𝑠) pela velocidade 𝑉(𝑠): 𝑀𝑠2 + 𝑓𝑣𝑠 + 𝐾 𝑠 . 𝑠𝑋 𝑠 = 𝐹(𝑠) 𝑀𝑠 + 𝑓𝑣 + 𝐾 𝑠 . 𝑉 𝑠 = 𝐹(𝑠) A equação do sistema mecânico é a mesma do caso anterior. No circuito elétrico, o termo entre parênteses mostra a soma das admitâncias. Circuito RLC paralelo LCK no nó superior: 𝐶𝑠 + 1 𝑅 + 1 𝐿𝑠 . 𝐸 𝑠 = 𝐼(𝑠) 84 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Podemos desenhar um circuito RLC paralelo, que é análogo ao sistema mecânico: Sistemas análogos Quando temos mais de umgrau de liberdade, as impedâncias associadas a um movimento aparecem como elementos elétricos em paralelo ligados a um nó, porém as impedâncias entre movimentos adjacentes são desenhadas como impedâncias elétricas em paralelo entre os dois nós correspondentes. 85 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Exemplo 12: Desenhe o circuito elétrico análogo em paralelo para o sistema mecânico abaixo (é o mesmo do Exemplo 11). O sistema tem 2 graus de liberdade o circuito equivalente tem 2 nós. Os elementos ligados apenas ao Nó 1 são as impedâncias associadas à massa 𝑴𝟏. Os elementos ligados apenas ao Nó 2 são as impedâncias associadas à massa 𝑴𝟐. Os elementos comuns aos Nós 1 e 2 são as impedâncias entre as massas 𝑴𝟏 e 𝑴𝟐. 86 Funções de transferência de sistemas físicos Engenharias Elétrica, da Computação e de Energia – Sistemas de Controle – Prof. Solivan Valente Circuito elétrico análogo com elementos em paralelo:
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