Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LISTA 1 – ANÁLISE REAL – GABARITO 1. Defina o corpo dos Números Reais R. Solução: Fica a cargo do aluno. 2. Prove que: (a) (Desigualdade de Bernoulli) (1+ x)n > 1+ nx, ∀x ∈ R, x > −1, e ∀n ∈ N. Demonstração: Passos de indução (i) Para n = 1, tem-se (1+ x)1 > 1+ 1.x (ok!) (ii) Suponha que seja verdade para n = k, isto é, (1+ x)k > 1+ k.x (HI) (iii) Queremos mostrar que vale para n = k+ 1, isto é, (1+ x)k+1 > 1+ (k+ 1)x De fato, (1+ x)k+1 = (1+ x)k.(1+ x) > (1+ kx)(1+ x) = 1+ x+ kx+ kx2 ⇔ (1+ x)k+1 > 1+ (k+ 1)x+ kx2 > 1+ (k+ 1)x⇔ (1+ x)k+1 > 1+ (k+ 1)x, pois kx2 > 0. De (i), (ii) e (iii), (1+ x)n > 1+ nx, ∀x ∈ R, x > −1, e ∀n ∈ N. (b) (1+ x)n > 1+ nx+ [ n(n− 1) 2 ] .x2, ∀x ∈ R, x > 0, e ∀n ∈ N. Solução: Fica a cargo do aluno. (c) (1+ x)2n > 1+ 2nx, ∀x ∈ R, x 6= 0, e ∀n ∈ N. Solução: Fica a cargo do aluno. 3. Prove as seguintes unicidades: 1 (a) Sejam x, θ ∈ R. Se x+ θ = x, então θ = 0. Demonstração: θ = θ+ 0 = θ+ [x+ (−x)] = [θ+ x] + (−x) = [x] + (−x) = 0⇔ θ = 0. (b) Sejam x,u ∈ R. Se x.u = x, então u = 1. Demonstração: Se x = 0, então 0.u = 0, ∀u ∈ R, em particular para u = 1. Mas se x 6= 0, então u = u.1 = u.[x.x−1] = [u.x].x−1 = [x.u].x−1 = x.x−1 = 1⇔ u = 1. (c) Sejam x,y ∈ R. Se x+ y = 0, então y = −x. Demonstração: y = y+ 0 = y+ [x+ (−x)] = [y+ x] + (−x) = [x+ y] + (−x) = = 0+ (−x) = −x⇔ y = −x. (d) Sejam x,y ∈ R. Se x.y = 1, então y = x−1. Demonstração: y = 1.y = (x−1.x).y = x−1.(x.y) = x−1.1 = x−1 ⇔ y = x−1. (e) Sejam a,b, x ∈ R. Prove que a equação a + x = b, na variável x, possui uma única solução. Solução: Fica a cargo do aluno. (Use os itens anteriores). (f) Sejam a,b, x ∈ R, a 6= 0. Prove que a equação a.x = b, na variável x, possui uma única solução. Solução: Fica a cargo do aluno. (Use os itens anteriores). 4. Dados a,b, c,d ∈ R, com b 6= 0 e d 6= 0, usando a notação x−1 = 1 x e x.y−1 = x y prove que: (x−1 é o inverso multiplicativo de x ∈ R, x 6= 0) (a) (a.b)−1 = a−1.b−1, a 6= 0 e b 6= 0. Solução: Fica a cargo do aluno. (b) (a b )−1 = b a , a 6= 0 e b 6= 0. Solução: Fica a cargo do aluno. (Use o item anterior). 2 (c) a b + c d = a.d+ b.c b.d Demonstração: Como a b = a.b−1, temos(a b ) + ( c d ) = (a.b−1) + (c.d−1) = (a.b−1).(d.d−1) + (c.d−1).(b.b−1) = = a.(b−1.d).d−1 + c.(d−1.b).b−1 = a.(d.b−1).d−1 + c.(b.d−1).b−1 = = (a.d).(b−1.d−1) + (c.b).(d−1.b−1) = (a.d+ b.c)(b−1.d−1) = = (a.d+ b.c)(b.d)−1 = a.d+ b.c b.d (d) a b . c d = a.c b.d Demonstração: Como a b = a.b−1, temos(a b ) . ( c d ) = (a.b−1)(c.d−1) = a.b−1.c.d−1 = a.(b−1.c).d−1 = a.(c.b−1).d−1 = = (a.c).(b−1.d−1) = (a.c).(b.d)−1 = a.c b.d . (e) a/b c/d = a.d b.c , b, c,d 6= 0. Solução: Fica a cargo do aluno. (Use os itens anteriores). (f) a b = c d ⇔ a.d = b.c. Solução: Fica a cargo do aluno. 5. Prove que se 0 < a < b, então a < √ a.b < a+ b 2 < b Observe que a desigualdade √ a.b 6 a+ b 2 vale para quaisquer a,b > 0. Solução: Fica a cargo do aluno. 6. Responda: (a) Para quaisquer x,y, z ∈ R, prove que |x− z| 6 |x− y|+ |y− z|. Demonstração: Como |x+ y| 6 |x|+ |y|, ∀ x,y ∈ R, temos |x− z| = |x− y+ y− z| = |(x− y) + (y− z)| 6 |x− y|+ |y− z|⇔ |x− z| 6 |x− y|+ |y− z| 3 (b) Prove que ∣∣|x|− |y|∣∣ 6 ∣∣x− y∣∣, ∀ x,y ∈ R. Demonstração: |x| = |x− y+ y| = |(x− y) + y| 6 |x− y|+ |y|⇒ |x|− |y| 6 |x− y| |y| = |y− x+ x| = |(y− x) + x| 6 |y− x|+ |x|⇒ |y|− |x| 6 |x− y|⇒ − ( |y|− |x| ) = |x|− |y| > −|x− y| Daí, temos − |x− y| 6 |x|− |y| 6 |x− y|⇔ ∣∣|x|− |y|∣∣ 6 ∣∣x− y∣∣. (c) Dados x,y ∈ R, se x2 + y2 = 0, prove que x = y = 0. Demonstração: Se x 6= 0, então x2 > 0, ou seja, −(x2) < 0. Daí, x2 + y2 = 0⇔ y2 = −(x2) < 0, o que é um absurdo. Portanto, se x2 + y2 = 0, então x = y = 0. (d) Mostre que ∣∣(|a+ b|− |a|− |b|)∣∣ = |a|+ |b|− |a+ b|. Solução: Fica a cargo do aluno. 7. Use o fato de que o trinômio do segundo grau f(x) = n∑ i=1 (ai + x.bi)2 é > 0 para todo x ∈ R para provar a desigualdade de Cauchy-Schwarz( n∑ i=1 ai.bi )2 6 ( n∑ i=1 a2i ) . ( n∑ i=1 b2i ) . Demonstração: 0 6 f(x) = n∑ i=1 (ai + x.bi)2 = n∑ i=1 (a2i + 2.ai.bi + b 2 ix 2) = = n∑ i=1 a2i + x.2 n∑ i=1 ai.bi + x2 n∑ i=1 b2i . Daí, n∑ i=1 a2i + x.2 n∑ i=1 ai.bi + x2 n∑ i=1 b2i > 0. Faça, n∑ i=1 b2i = p, 2 n∑ i=1 ai.bi = q e n∑ i=1 a2i = r. Assim, r + q.x + p.x 2 > 0, isto é, 4 ∆ = q2 − 4.p.r 6 0, ou, q2 6 4.p.r. Daí,( 2 n∑ i=1 ai.bi )2 6 4. ( n∑ i=1 a2i ) . ( n∑ i=1 b2i ) ⇔ 4. ( n∑ i=1 ai.bi )2 6 4. ( n∑ i=1 a2i ) . ( n∑ i=1 b2i ) ⇔ ( n∑ i=1 ai.bi )2 6 ( n∑ i=1 a2i ) . ( n∑ i=1 b2i ) , como queríamos demonstrar. 8. Sejam a,b ∈ R. Mostre que: max(a,b) = a+ b+ |a− b| 2 min(a,b) = a+ b− |a− b| 2 Solução: Fica a cargo do aluno. 9. Prove que |a− b| < ε⇒ |a| < |b|+ ε. Demonstração: De fato, |a| = |a− b+ b| 6 |a− b|+ |b| < ε+ |b|⇔ |a− b| < ε⇒ |a| < |b|+ ε. 10. Use a desigualdade de Cauchy-Schwarz( n∑ i=1 ai.bi )2 6 ( n∑ i=1 a2i ) . ( n∑ i=1 b2i ) para mostrar que n2 6 ( n∑ i=1 xi ) . ( n∑ i=1 1 xi ) , para xi > 0, i = 1, 2, . . . ,n. (Dica: na desigualdade de Cauchy-Schwarz, tome ai =√ xi). Demonstração: Tomando ai = √ xi e bi = 1√ xi e substituindo na desigualdade de Cauchy-Shwarz, obetmos( n∑ i=1 √ xi. 1√ xi )2 6 ( n∑ i=1 ( √ xi) 2 ) . ( n∑ i=1 ( 1√ xi )2) ⇔( n∑ i=1 1 )2 6 ( n∑ i=1 xi ) . ( n∑ i=1 1 xi ) ⇔ n2 6 ( n∑ i=1 xi ) . ( n∑ i=1 1 xi ) 5 11. Responda: (a) Seja X ⊂ R limitado superiormente e não-vazio. Defina o supremo do conjunto X, notação supX. Definição: Um elemento b ∈ R chama-se supremo de X quando b é a menor das cotas superiores de X em R. Assim, b ∈ R é o supremo de X se, e só se, b satisfaz as duas condições abaixo: (S1) b > x, ∀ x ∈ X; (S2) Se c ∈ R é tal que c > x, para todo x ∈ X, então c > b. A condição (S2) é equivalente à condição (S2’) a seguir: (S2’) Dado c ∈ R, c < b, então existe x ∈ X tal que x > c. E ainda, a condição (S2’) nos diz que ∀ε > 0, ∃x ∈ X; b− ε < x. Dado c < b, basta tomar ε = b− c. (b) Seja X ⊂ R limitado inferiormente e não-vazio. Defina o ínfimo do conjunto X, notação inf X. Definição: Um elemento a ∈ R chama-se ínfimo de X quando a é a maior das cotas inferiores de X em R. Assim, a ∈ R é o ínfimo de X se, e só se, a satisfaz as duas condições abaixo: (I1) a 6 x, ∀ x ∈ X; (I2) Se c ∈ R é tal que c 6 x, para todo x ∈ X, então c 6 a. A condição (I2) é equivalente à condição (I2’) a seguir: (I2’) Dado c ∈ R, c > a, então existe x ∈ X tal que x < c. E ainda, a condição (I2’) nos diz que ∀ε > 0, ∃x ∈ X; x < a+ ε. Dado c > a, basta tomar ε = c− a. (c) Enuncie o Teorema da completeza do conjunto dos números reais. Teorema da Completeza: O corpo ordenado R é COMPLETO, isto é, todo subconjunto não-vazio e limitado superiormente X de R possui supremo supX = b, com b ∈ R. (d) Demonstre as seguintes consequências da completeza de R. ”Teorema: (i) O conjunto N ⊂ R não é limitado superiormente; (ii) O ínfimo do conjunto X = {1/n;n ∈ N} é igual a 0 (zero); (iii) Dados a,b ∈ R+, existe n ∈ N tal que n.a > b. Demonstração: 6 (i) Se N ∈ R fosse limitado superiormente, existiria c ∈ R, c = supN. Assim, c − 1 não seria cota superior de N (pois o supremo é a menor das cotas superiores), isto é, existiria n ∈ N com c− 1 < n⇔ c < (n+ 1) ∈ N, logo c não seria cota superior de N, contradição, pois c = supN. Isto prova (i). (ii) Temos que 0 é evidentemente uma cota inferiorde X, pois 0 6 1 n , ∀n ∈ N. Basta mostrarmos que dado c ∈ R, c > 0, c não pode ser cota inferior de X (ou seja, 0 é a maior das cotas inferiores). De fato, dado c ∈ R, c > 0, temos que existe n ∈ N, por (i) anterior, tal que n > 1 c ⇔ 1 n < c⇔ c > 1 n ∈ X, ∀ c > 0, o que prova (ii). (iii) Como a > 0 e b > 0, temos que existe n ∈ N tal que n > b a ⇔ n.a > b, o que prova (iii). (e) Dado x ∈ R e B = {t ∈ Q; t < x} ⊂ R. Mostre que supB = x. Demonstração: De fato, (S1) x¯ > t, ∀ t ∈ B; (S2) Queremos mostrar que ∀ ε > 0, ∃ t¯ ∈ B, tal que, x¯ − ε < t¯. De fato, como Q é denso em R e, como x¯, (x¯ − ε) ∈ R, com x¯ − ε < x¯, pois ε > 0, ∃ t¯ ∈ Q, tal que t¯ ∈ (x¯− ε, x¯), ou seja ∃ t¯ ∈ B tal que x¯− ε < t¯ < x¯. (f) Seja A = { 1 n ; n ∈ N } . Mostre que o infA = 0. Demonstração: Fica a cargo do aluno. 12. Diz-se que uma função f : X −→ R é limitada superiormente quando sua imagem f(X) = {f(x); x ∈ X} é um conjunto limitado superiormente. Então, põe-se sup(f) = sup{f(x); x ∈ X}. Prove que se f,g : X −→ R são limitadas superiormente então: (a) f+ g : X −→ R é limitada superiormente, onde (f+ g)(x) = f(x) + g(x). Demonstração: (i) f é limitada superiormente, então existe k1 ∈ R tal que f(x) 6 k1, ∀ x ∈ X. (ii) g é limitada superiormente, então existe k2 ∈ R tal que g(x) 6 k2, ∀ x ∈ X. (iii) Assim, (f+ g)(x) = f(x) + g(x) 6 k1 + k2, ∀ x ∈ X, ou seja, (f+ g)(x) 6 k, ∀ x ∈ X , onde k = k1 + k2. Logo, (f+ g) é limitada superiormente. 7 (b) sup(f+ g) 6 sup(f) + sup(g). Dê um exemplo com sup(f+ g) < sup(f) + sup(g). Demonstração: Devemos mostrar que o sup(f + g) 6 sup(f) + sup(g). Temos que, (i) { f 6 sup(f) g 6 sup(g) ⇒ (f+ g) 6 sup(f) + sup(g). Isto nos diz que ( sup(f) + sup(g) ) é uma cota superior de (f+ g). (ii) Também temos (f + g) 6 sup(f + g). Como sup(f + g) é a menor das cotas superiores de (f+ g), então sup(f+ g) 6 sup(f) + sup(g). Exemplo: Sejam f;g : [0; 1] −→ R dadas por f(x) = x e g(x) = −x, vale sup f = 1, supg = 0, (f+ g)(x) = 0, ∀ x ∈ [0, 1], logo sup(f+ g) = 0. Vale então que sup f+ supg = 1 > sup(f+ g) = 0. Vale ainda, inf f = 0, inf g = −1, (f+ g)(x) = 0, ∀ x ∈ [0, 1], inf(f+ g) = 0, logo inf f+ inf g = −1 < inf(f+ g) = 0. (c) Considere agora f,g : X −→ R+ são limitadas superiormente. Mostre que f.g : X −→ R+ é limitada superiormente, onde (f.g)(x) = f(x).g(x). Demonstração: (i) f é limitada superiormente, então existe k1 ∈ R+ tal que f(x) 6 k1, ∀ x ∈ X. (ii) g é limitada superiormente, então existe k2 ∈ R+ tal que g(x) 6 k2, ∀ x ∈ X. (iii) Assim, (f.g)(x) = f(x).g(x) 6 k1.k2, ∀ x ∈ X, ou seja, (f.g)(x) 6 k, ∀ x ∈ X ,onde k = k1.k2. Logo, (f.g) é limitada superiormente. (d) Considerando as condições do item anterior, mostre que sup(f.g) 6 sup(f). sup(g). Dê um exemplo com sup(f.g) < sup(f). sup(g). Demonstração: Devemos mostrar que o sup(f.g) 6 sup(f). sup(g). Temos que, (i) { f 6 sup(f) g 6 sup(g) ⇒ (f.g) 6 sup(f). sup(g). Isto nos diz que ( sup(f). sup(g) ) é uma cota superior de (f.g). (ii) Também temos (f.g) 6 sup(f.g). Como sup(f.g) é a menor das cotas superi- ores de (f.g), então sup(f.g) 6 sup(f). sup(g). Exemplo: Sejam f;g : [1; 2] −→ R+ dadas por f(x) = x e g(x) = 1 x , vale sup f = 2, supg = 1, (f.g)(x) = 1, ∀ x ∈ [1, 2], logo sup(f.g) = 1. Vale então que sup f. supg = 2 > sup(f.g) = 1. Vale ainda, inf f = 1, inf g = 1 2 , (f.g)(x) = 1, ∀ x ∈ [1, 2], inf(f.g) = 1, logo inf f. inf g = 1 2 < inf(f.g) = 1. 8 13. Responda: (a) Defina limite de uma sequência (xn), com lim(xn) = a. Se o limite existe, isto é, a ∈ R, então diz-se que (xn) é convergente. Definição: Dizemos que o número real a é limite da sequência (xn)n∈N de nú- meros reais, ou simplesmente (xn), e escrevemos a = lim n→+∞ xn quando para cada número real ε > 0 é possível obter um número natural n0 tal que |xn− a| < ε, para todo natural n > n0. Em símbolos, a = lim n→+∞ xn ⇔ ∀ ε > 0, ∃n0 ∈ N; ∀n > n0, então |xn − a| < ε, Equivalentemente, a = lim n→+∞ xn ⇔ ∀ ε > 0, ∃n0 ∈ N; ∀n > n0, então a− ε < xn < a+ ε, ou, a = lim n→+∞ xn ⇔ ∀ ε > 0, ∃n0 ∈ N; ∀n > n0, então xn ∈ (a− ε,a+ ε). (b) Mostre que o limite de uma sequência é único. Demonstração: Se a = lim n→+∞(xn) e b = limn→+∞(xn), então a = b. Suponhamos a 6= b e seja ε = 1 2 |b− a| > 0. Temos que (a− ε,a+ ε) ∩ (b− ε,b+ ε) = ∅, pois se existisse x ∈ (a− ε,a+ ε) ∩ (b− ε,b+ ε) implicaria que: |b− a| = |b− x+ x− a| 6 |b− x|+ |x− a| < ε+ ε = 2ε = |b− a|⇔ |b− a| < |b− a| um absurdo. Logo, para ε = 1 2 |b− a| > 0 ∃n0 ∈ N; ∀n > n0, então xn ∈ (a− ε,a+ ε) o que implica que ∃n0 ∈ N; ∀n > n0, então xn 6∈ (b − ε,b + ε). Então, temos que b 6= lim n→+∞(xn), sempre que b 6= a. Logo, o limite a = limn→+∞(xn) é único. (c) Defina sequência monótona. Mostre que toda sequência monótona limitada é convergente. 9 Definição : Uma sequencia (xn) é crescente quando xn < xn+1 para todo n ∈ N, ou seja, x1 < x2 < ... < xn < .... Se xn 6 xn+1 para todo n ∈ N, a sequen- cia é não-decrescente. De forma análoga, Uma sequencia (xn) é decrescente quando xn > xn+1 para todo n ∈ N, ou seja, x1 > x2 > ... > xn > .... Se xn > xn+1 para todo n ∈ N, a sequencia é não-crescente. As sequencias crescentes, não-decrescentes, decrescentes e não-crescentes são chamadas se- quencias monótonas. Demonstração : Toda sequência monótona limitada é convergente. De fato, suponhamos que (xn) é não-decrescente, isto é, xn 6 xn+1 para todo n ∈ N e, seja a = sup xn; n ∈ N, assim, xn 6 a, ∀n ∈ N. Afirmamos que a = lim(xn). Com efeito, dado ε > 0, como (a − ε) não é cota superior de (xn), existe n0 ∈ N tal que a− ε < xn0 6 a e como xn > xn0 , ∀n > n0 (sequencia não-decrescente), tem-se que ∀ ε > 0, ∃n0 ∈ N;n > n0 ⇒ a− ε < xn0 6 xn < a+ ε⇔ lim(xn) = a. Semelhantemente, se (xn) é não-crescente e limitada, então lim(xn) = inf xn; n ∈ N. (d) Dadas as sequências (xn) e (yn), defina (zn) pondo z2n−1 = xn e z2n = yn. Se lim(xn) = a e lim(yn) = a, prove que lim(zn) = a. Demonstração: Questão 2(seção 1, cap.3, pag 33). Resposta está no livro do Elon (respostas e sugestões). (e) Se lim(xn) = a, prove que lim |xn| = |a|. Demonstração: Temos que a = lim n→+∞ xn ⇔ ∀ ε > 0, ∃n0 ∈ N; ∀n > n0, então |xn − a| < ε. Mas,∣∣|xn|− |a|∣∣ 6 |xn − a| < ε, isto é, a = lim n→+∞ xn ⇔ ∀ ε > 0, ∃n0 ∈ N; ∀n > n0, então ∣∣|xn|− |a|∣∣ < ε. 14. Responda: (a) Mostre, usando a definição, que lim ( 1 n ) = 0. Demonstração: Como N é ilimitado superiormente, existe n0 ∈ N tal que, dado ε > 0, n0 > 1 ε ,∀n > n0. Isto implica que, n > 1 ε ⇒ 1 n < ε⇒ ∣∣∣∣ 1n ∣∣∣∣ < ε. 10 (b) Seja (xn) uma sequência. Se xn > 0 para todo n natural e lim ( xn+1 xn ) = a < 1, então lim(xn) = 0. Resolução: Fica a cargo do aluno. (c) Use o resultado do item (b) para mostrar que lim n→∞ ( n! nn ) = 0. Demonstração: Observe que xn = n! nn e xn+1 = (n+ 1)! (n+ 1)n+1 = (n+ 1).n! (n+ 1).(n+ 1)n = n! (n+ 1)n . Daí, lim n→∞ ( xn+1 xn ) = lim n→∞ ( n! (n+ 1)n . nn n! ) = lim n→∞ ( n n+ 1 )n = lim n→∞ ( n+ 1− 1 n+ 1 )n = = lim n→∞ ( 1− 1 n+ 1 )n Agora, tomando u = −(n+ 1) temos que 1 u = −1 n+ 1 e n→∞⇒ u→ −∞. Daí, e como limn→∞ ( 1+ 1 n )n = e, temos lim n→∞ ( 1− 1 n+ 1 )n = lim u→−∞ ( 1+ 1 u )−u−1 = lim u→−∞ [( 1+ 1 u )−u( 1+ 1 u ) ] = e−1 1 = e−1 < 1. (d) Use o fato do item (b) para mostrar que lim n→∞ ( cn n! ) = 0, onde c é uma constante real, com c > 1. Demonstração: Observe que xn = cn n! e xn+1 = cn+1 (n+ 1)! = cn.c (n+ 1).n! . Daí, lim n→∞ ( xn+1 xn ) = lim n→∞ ( cn.c (n+ 1).n! . n! cn ) = lim n→∞ c n+ 1 = c. lim n→∞ 1 n+ 1 = c.0 =0 (e) Defina valor de aderência de uma sequência (xn). Definição: Um número real a é dito valor de aderência de uma sequência (xn), quando existe uma subsequência de (xn) que converge para a. 11 (f) A fim de que o número real a seja valor de aderência de (xn) é necessário e suficiente que, para todo ε > 0 e todo k ∈ N dados, exista n > k tal que |xn−a| < ε. Demonstração: Temos que, (i) (⇒) Se a é valor de aderência de (xm), então existe subsequência (xmi) de (xm) tal que xmi → a, isto é, ∀ ε > 0 e para cada k (fixo) ∈ N; ∃n > k tal que xmn ∈ (a− ε,a+ ε), pois, ∀n > k⇒ xmn ∈ (a− ε,a+ ε). (ii) (⇐) Supondo que ∀ ε > 0, ∀ k ∈ N exista n > k tal que |xn − a| < ε. No primeiro passo tomamos ε = 1 e k = 1, daí existe n1 > 1 tal que xn1 ∈ (a − 1;a + 1). Podemos tomar agora ε = 1 2 e k = n1, então existe n2 > n1 tal que xn2 ∈ ( a− 1 2 ,a+ 1 2 ) . Na (t+ 1)-ésima etapa tomamos ε = 1 t+ 1 e k = nt, daí existe nt+1 > nt tal que xnt+1 ∈ ( a− 1 t+ 1 ,a+ 1 t+ 1 ) . Logo, construimos uma subsequência (xnt) de (xn) tal que lim(xnt) = a (g) Prove que uma sequência limitada converge se, e somente se, possui um único valor de aderência. Demonstração: Fica a cargo do aluno. 15. Responda: (a) Sejam lim(xn) = a e lim(yn) = b. Se a < b, prove que existe n0 ∈ N tal que para todo n > n0, então xn < yn. Demonstração: Temos que, lim(xn − yn) = lim(xn) − lim(yn) = a− b < 0. Como lim(xn − yn) < 0, então, pelo teorema da conservação do sinal, ∃n0 ∈ N; ∀n > n0 ⇒ xn − yn < 0, ou seja, xn < yn. (b) Diz-se que (xn) é uma sequência de Cauchy quando, para todo ε > 0 dado, existe n0 ∈ N, tais que ∀m,n ∈ N com m,n > n0 ⇒ ∣∣xm − xn∣∣ < ε. Prove que uma sequência (xn) é convergente se, e somente se, é de Cauchy. Demonstração: Fica a cargo do aluno. 16. Calcule os seguintes limites: (a) limn→+∞ 3n2 + 4n− 22n2 + 1 . Solução: Fica a cargo do aluno. 12 (b) limn→+∞(√n+ 3−√n). Solução: Fica a cargo do aluno. (c) limn→+∞ ( 1 n2 + 2 n2 + . . .+ n n2 ) . Solução: Fica a cargo do aluno. 17. Defina indutivamente a sequência (xn) pondo x1 = √ 2 e xn+1 = √ 2.xn. Prove que lim n→∞(xn) = 2, sabendo que (xn) é monótona crescente, limitada e L = √ 2. √ 2. √ 2.√. . .. Demonstração: Para mostrarmos que (xn) é convergente, devemos mostrar que (xn) é monótona (crescente) e limitada. [Mostremos por indução, sobre n que (xn) é monótona] (i) x2 = √ 2. √ 2 > √ 2 = x1. Para n = 1, xn+1 > xn (ok!) (ii) (HI) Suponha que seja verdade para n = k−1, i.e, xk > xk−1, sendo, xk = √ 2.xk−1. (iii) Vamos mostrar que vale para n = (k − 1) + 1 = k, ou seja, vamos mostrar que xk+1 > xk. De fato, xk = √ 2.xk−1 ⇒ (xk)2 = 2.xk−1 < 2.xk = (xk+1)2 ⇔ (xk) 2 < (xk+1) 2 ⇔ xk < xk+1 Logo, xn < xn+1 para todo n ∈ N. Portanto, (xn) é monótona. [Mostremos que (xn) é limitada] Temos que xn > 0, ∀n ∈ N. Afirmo que existe L > 0, tal que xn < L, ∀n ∈ N. Fazendo indução sobre n, e tomando L = 2 (pois√ 2 < 2), temos (i) Para n = 1, x1 = √ 2 < 2. (ii) Suponha que vale para n = k, i.e, xk < 2. (iii) Vamos mostrar que vale para n = k + 1, ou seja, vamos mostrar que xk+1 < 2. De fato, xk+1 = √ 2.xk ⇒ (xk+1)2 = 2.xk < 2.2 = 22 ⇔ (xk+1) 2 < 22 ⇔ xk+1 < 2 Logo, xn < a para todo n ∈ N. Portanto, (xn) é limitada. Como (xn) é monótona e limitada, então (xn) é convergente, i.e, xn → L, L ∈ R. Assim, xk+1 = √ 2.xk ⇔ (xk+1)2 = 2.xk, ao limite com n→ +∞, lim(xk+1)2 = lim(2.xk)⇔ L2 = 2.L⇔ L2 − 2.L = 0⇔ L = 2 ou L = 0. Mas L = 2, pois xn > 0 ∀n ∈ N. 13 18. Dado a > 0, defina indutivamente a sequência (xn) pondo x1 = √ a e xn+1 = √ a.xn. Prove que (xn) é converegente (use o teorema de Bolzano-Weierstrass) e calcule seu limite L = √ a. √ a. √ a.√. . . Demonstração: Para mostrarmos que (xn) é convergente, devemos mostrar que (xn) é monótona (crescente) e limitada. [Mostremos por indução, sobre n que (xn) é monótona] (i) x2 = √ a. √ a > √ a = x1. Para n = 1, xn+1 > xn (ok!) (ii) (HI) Suponha que seja verdade para n = k − 1, i.e, xk > xk−1, sendo, xk =√ a.xk−1. (iii) Vamos mostrar que vale para n = (k − 1) + 1 = k, ou seja, vamos mostrar que xk+1 > xk. De fato, xk = √ a.xk−1 ⇒ (xk)2 = a.xk−1 < a.xk = (xk+1)2 ⇔ (xk) 2 < (xk+1) 2 ⇔ xk < xk+1 Logo, xn < xn+1 para todo n ∈ N. Portanto, (xn) é monótona. [Mostremos que (xn) é limitada] Temos que xn > 0, ∀n ∈ N. Afirmo que existe L > 0, tal que xn < L, ∀n ∈ N. Fazendo indução sobre n, e tomando L = a (pois√ a < a), temos (i) Para n = 1, x1 = √ a < a. (ii) Suponha que vale para n = k, i.e, xk < a. (iii) Vamos mostrar que vale para n = k + 1, ou seja, vamos mostrar que xk+1 < a. De fato, xk+1 = √ a.xk ⇒ (xk+1)2 = a.xk < a.a = a2 ⇔ (xk+1) 2 < a2 ⇔ xk+1 < a Logo, xn < a para todo n ∈ N. Portanto, (xn) é limitada. Como (xn) é monótona e limitada, então (xn) é convergente, i.e, xn → L, L ∈ R. Assim, xk+1 = √ a.xk ⇔ (xk+1)2 = a.xk, ao limite com n→ +∞, lim(xk+1)2 = lim(a.xk)⇔ L2 = a.L⇔ L2 − a.L = 0⇔ L = a ou L = 0. Mas L = a, pois xn > 0 ∀n ∈ N. 14 19. Defina indutivamente a sequência (xn) pondo x1 = √ 2 e xn+1 = √ 2+ xn. Prove que lim n→∞(xn) = 2, sabendo que (xn) é monótona crescente, limitada e L = √ 2+ √ 2+ √ 2+√. . .. Demonstração: Para mostrarmos que (xn) é convergente, devemos mostrar que (xn) é monótona (crescente) e limitada. [Mostremos por indução, sobre n que (xn) é monótona] (i) x2 = √ 2+ √ 2 > √ 2 = x1. Para n = 1, xn+1 > xn (ok!) (ii) (HI) Suponha que seja verdade para n = k − 1, i.e, xk > xk−1, sendo, xk =√ 2+ xk−1. (iii) Vamos mostrar que vale para n = (k − 1) + 1 = k, ou seja, vamos mostrar que xk+1 > xk. De fato, xk = √ 2+ xk−1 ⇒ (xk)2 = 2+ xk−1 < 2+ xk = (xk+1)2 ⇔ (xk) 2 < (xk+1) 2 ⇔ xk < xk+1 Logo, xn < xn+1 para todo n ∈ N. Portanto, (xn) é monótona. [Mostremos que (xn) é limitada] Temos que xn > 0, ∀n ∈ N. Afirmo que existe c > 0, tal que xn < c, ∀n ∈ N. Da relção x2n+1 = 2+ xn, obtemos a seguinte equação x2 − x− 2 = 0. Portanto, se c é raiz positiva de tal equação, isto é, c2 = 2 + c. Vamos mostrar que xn < c, ∀n ∈ N. Fazendo indução sobre n, temos (i) Para n = 1, x1 = √ 2 < c⇔ 2 < c2 (ok!). (ii) Suponha que vale para n = k, i.e, xk < c. (iii) Vamos mostrar que vale para n = k + 1, ou seja, vamos mostrar que xk+1 < c. De fato, xk+1 = √ 2+ xk ⇒ (xk+1)2 = 2+ xk < 2+ c = c2 ⇔ (xk+1) 2 < c2 ⇔ xk+1 < c Logo, xn < c para todo n ∈ N. Portanto, (xn) é limitada. Como (xn) é monótona e limitada, então (xn) é convergente, i.e, xn → L, L ∈ R. Assim, xk+1 = √ 2+ xk ⇔ (xk+1)2 = 2+ xk, ao limite com n→ +∞, lim(xk+1)2 = lim(2+ xk)⇔ L2 = 2+ L⇔ L2 − L− 2 = 0⇔ L = 2 ou L = −1. Mas L = 2, pois xn > 0 ∀n ∈ N. Bom Proveito!!!! 15
Compartilhar