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DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO AUTOR: FRANCISCO ARAÚJO MAGALHÃES MOURÃO CRO-DF: 12305 – CIRURGIÃO DENTISTA – CIRURGIÃO BUCOMAXILOFACIAL. TELEFONE: 61-986553967 INSTAGRAM: BUCOMAXILO123 SEM FINS LUCRATIVOS. BRASÍLIA -DF, 2019. PROTOCO DE ATENDIMENTO AO PACIENTE COM TRAUMA MAXILO- FACIAL. Caros colegas tenho a honra de compartilhar meus conhecimentos de atendimento ao paciente traumatizado com este protocolo que irá orientá-los sobre as principais condutas frente ao trauma maxilofacial. O atendimento inicial ao paciente vítima de trauma de face deve ser realizado de maneira criteriosa e integral. Queixa principal, história da queixa principal, história médica, história médica pregressa, revisão dos sistemas, exame físico, exame maxilofacial devem ser avaliados e documentados para se chegar a hipótese de diagnóstico e conduta. Palavras Chaves: Trauma Maxilo-facial, protocolo, paciente traumatizado. SUPORTE DE VIDA Uma avaliação primária rápida e eficiente deve ser realizada estabelecendo as prioridades de tratamento. O processo constitui o ABCDE dos cuidados do doente traumatizado e identifica as condições que implicam risco à vida através da seguinte sequência: • A: Via aérea com proteção da coluna cervical A via aérea deve ser a primeira estrutura avaliada em um doente traumatizado para assegurar sua permeabilidade. Essa rápida avaliação para identificar obstrução da via aérea deve incluir aspiração e inspeção para a presença de corpo estranho e fraturas faciais e mandibulares que podem resultar em obstrução de via aérea. As manobras para estabelecer permeabilidade da via aérea devem ser feitas com proteção da coluna cervical, evitando-se movimentação excessiva . A cabeça e pescoço não devem ser hiperestendidos, hiperfletidos ou rodados com intuito de estabelecer via aérea. Como medida inicial para permeabilizar a via aérea é recomendada a manobra de elevação do mento (chin lift) ou de tração da mandíbula (jaw thrust). Na manobra de elevação do mento, os dedos de uma mão são colocados sob a mandíbula que é elevada cuidadosamente para deslocar o mento em direção anterior. O polegar da mesma mão afasta levemente o lábio inferior, para abrir a boca. A manobra de tração da mandíbula é realizada colocando uma mão em cada ângulo da mandíbula e deslocando-a para cima. • B: Ventilação e Respiração A permeabilidade da via aérea, por si só, não garante ventilação adequada. Uma troca de gases é necessária para que seja possível a oxigenação e a eliminação de dióxido de carbono num grau máximo. Uma boa ventilação exige um funcionamento adequado dos pulmões, parede torácica e diafragma. O pescoço e tórax devem ser expostos para avaliar a distensão das veias jugulares. A inspeção visual e palpação poderão identificar lesões da parede do tórax capazes de comprometer a ventilação. C: Circulação com controle da hemorragia Os principais fatores circulatórios a considerar são volume sanguíneo, débito cardíaco e hemorragia. É essencial a avaliação rápida e precisa do estado hemodinâmico do doente traumatizado. Os elementos clínicos que oferecem informações importantes dentro de poucos segundos são o nível de consciência, cor da pele e o pulso. Se houver hemorragia a fonte deve ser identificada, interna ou externa. Hemorragia DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 2 externa deve ser controlada durante avaliação primária, realizando compressão manual direta sobre o ferimento. D: Disfunção, Estado neurológico No final da avaliação primária, realiza-se uma avaliação neurológica rápida, a fim de estabelecer nível de consciência, reatividade das pupilas. A Escala de Coma de Glasgow (GCS) é um método rápido e simples para determinar o nível de consciência e que permite prever a evolução do doente. O rebaixamento do nível de consciência pode representar diminuição da oxigenação e/ou da perfusão cerebral ou ser resultado de um trauma direto ao cérebro. A alteração do nível consciência implica necessidade imediata de reavaliação de ventilação, oxigenação e perfusão. E: Exposição e Controle do ambiente O doente deve ser totalmente despido, usualmente cortando as roupas para facilitar o exame e avaliação completos, mantendo-se a temperatura corporal normal de forma a evitar hipotermia. Portanto, cobertores e outros dispositivos de aquecimento externo devem ser utilizados se necessário. Após realização da avaliação primária, um exame maxilofacial criterioso deve ser executado de forma a diagnosticar lesões e fraturas do complexo maxilofacial, como se segue. Obs.: Os exames estão separados de acordo com as estruturas da face, porém todas as estruturas devem ser examinadas em um paciente vítima de trauma facial. FRATURAS DE NARIZ Nestes tipos de lesões o edema atrapalha no reposicionamento da estrutura óssea, fator decisivo para preferir o retorno do paciente após 5-7 dias com a diminuição do processo inflamatório local. As fraturas nasais devem ser tratadas até o 14º dia após o trauma. Compreender a importância desta afirmativa é essencial para evitar sequelas. EXAMES RADIOGRÁFICOS NECESSÁRIOS PARA O PREPARO DO PACIENTE: DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 3 1- WATERS ( PA DE SEIOS DA FACE) 2- PERFIL DOS OSSOS NASAIS ( OSSOS PRÓPRIOS DO NARIZ) 3- TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA ( QUANDO HÁ DESONFIANÇA DO ENVOLVIMENTO DO COMPLEXO NASO-ORBITO-ETMOIDAL. ACOMPANHAMENTO Remoção do tamponamento nasal com 3-5 dias. A data para a remoção será estabelecida pelo Cirurgião Responsável ou Cirurgião Operador após a finalização da cirurgia de redução. O curativo externo deverá ser mantido pelo menos por quatorze dias. Cobertura antibiótico torna-se necessária pela utilização do tampão intranasal. Analgésico e Aines são essenciais para promover conforto para o paciente. Esteróides podem ser utilizados em conformidade com o trauma do ato cirúrgico. Após a remoção do curativo interno é prescrito lavagem cuidadosa com S.F. 0,9% 6x/dia para hidratar a mucosa. FRATURAS DO COMPLEXO ZIGOMÁTICO Exames radiográficos necessários para o preparo do paciente: É importante a verificação do estado ósseo em duas incidências sempre que possível. 1- WATERS 2- HIRTZ 3- TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (CORTES CORONAL, AXIAL, SAGITAL). REDUÇÃO DO OSSO ZIGOMÁTICO – TÉCNICA OPERATÓRIA SIMPLIFICADA Esquema retirado do artigo ´´ Analysis of treatment for isolated zygomaticomaxillary complex fractures´´ do Dr. Edward Ellis III, onde cita a sequência e necessitade de fixação em 1, 2 e 3 pontos. Uma fixação adcional no arco zigomático (4) pode ser necessária dependendo do deslocamento do zigoma. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 4 redução de 1 ponto redução e fixação de 2 pontos redução e fixação de 3 pontos MÉTODOS DE REDUÇÃO DO OSSO ZIGOMÁTICO DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 5 Via trans-oral (método de keen) Via Gancho de barra Via parafuso Carroll-Girard Acesso intra-oral (pilar zigomático-maxilar) Acesso preferido quando é possível tratar a fratura e deixá-la com estabilidade suficiente empregando um único acesso. • Incisão a 5mm da linha muco-gengival com bisturi eletrônico estendendo-se de canino ao 1º molar homolateral; • Descolamento e rebatimento de retalho mucoperiosteal total; Obs.: Ter cuidado na área do nervo infra-orbitário. Obs.: Casos tardios deverão ter suas extremidades liberadas do tecido de granulação. Fixação da fratura com 1 mini-placa do sistema 2.0; Reposicionamento do retalho muco-periosteal; Sutura com fio vicryl 4.0; Acesso superciliar (área da sutura fronto-zigomática) Incisão com bisturi frio com cerca de 1,5cm de extensão na pele; Dissecção do tecido incisado; Incisão do periósteo; Exposiçãodos cotos fraturados; Redução da fratura Fixação DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 6 da fratura com 1 mini-placa de titânio do sistema 2.0; Sutura, com fio vicryl 4.0, dos planos profundos divulsionados; Sutura com fio de nylon 5.0 na pele; Acesso subtarsal Proteção do globo – tarsorrafia temporária (fio de Nylon 5-0). • Incisão com bisturi frio em pele 2mm abaixo da linha ciliar da pálpebra inferior; • Dissecção em direção a margem infra-orbitária com cerca de 1cm de extensão; Obs.: Deve-se ter o cuidado de evitar lesão do tarso palpebral. • Dissecção vertical, tunelização e incisão com bisturi eletrônico do músculo orbicular do olho; • Incisão e descolamento do periósteo; • Exposição dos cotos fraturados; • Inspeção da integridade do assoalho orbital (apenas nos casos suspeitos); • Redução da fratura; • Fixação da fratura com 1 mini-placa de titânio do sistema 1.5 ou 2.0; • Sutura, com fio vicryl 4.0, dos planos profundos divulsionados; • Sutura com fio de nylon 5.0 ou 6.0 na pele; • Colocação de curativo compressivo sobre a área de incisão; Acompanhamento Remoção dos pontos extra-orais com 14 dias de pós operatório. Datas para retorno 7 dias, remoção de sutura facial. Avaliação de raiox PO 14 dias, Avaliação PO e Alta. FRATURA DO ARCO ZIGOMÁTICO Exames radiológicos necessários para o paciente: Radiografia de Hirtz demostrando fratura no arco zigomático Waters REDUÇÃO FECHADA Se o cirurgião só é capaz de obter a confirmação radiográfica pósoperatória, o paciente deve estar preparado para a possibilidade de ter uma redução inadequada. Indicações: A indicação relativa para o tratamento de fraturas isoladas do arco DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 7 zigomático (tratados abertamente sem fixação usando um acesso transoral (keen) ou temporal (Gillies) inclui fratura do arco deslocado, que geralmente se apresenta como uma fratura deprimida. A principal indicação do tratamento cirúrgico desta fratura é corrigir a assimetria facial e preservar a largura do terço médio da face. A indicação absoluta se dá quando a fratura deprimida do arco zigomático impede o paciente de abrir a boca por travamento mecânico. Contra-indicações: Deformidade grave o bastante para que não possa ser tratada adequadamente com uma abordagem sem acesso direto (quando é demasiado estável para ser tratado, sem fixação) Vantagens: Operação simples e rápida Sem cicatriz externa Permite a palpação digital direta da redução Desvantagens: Redução a cega Estabilidade limitada da redução TÉCNICA SIMPLIFICADA TÉCNICA TRANORAL (KEEN) Incisão de 2 cm é realizada no fundo de vestíbulo para acessar o pilar zigomaticomaxilar. A incisão é realizada apenas na mucosa. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 8 Por causa da proximidade da incisão com o arco, um instrumento pode ser facilmente inserido para a redução do arco zigomático fraturado. A mão, palpando o arco, guiará todo o processo de redução. ACOMPNHAMENTO Paciente deverá ser orientado a não dormir sobre o lado afetado Diminuição das atividades desportivas Orientação sobre a fratura e reabilitação. DATAS PARA RETORNO 7 dias, Avaliação + Raiox PO ( se nao feita na alta) 14 dias, Avaliação PO e Alta. FRATURA ORBITÁRIA Exames radiográficos necessários para preparo do paciente: Tomografia Computadorizada ( Corte axial, coronal e sagital). Achados radiográficos: Cortes coronais (com janela para tecido ósseo) demonstram fratura isolada do assoalho orbital. É possível visualizar possivel conteúdo orbitário com herniação para dentro da cavidade do Seio Maxilar. O aumento volumétrico é possível de ser analisado sob a referência da órbita contralateral. Associa-se à análise o corte com janela para tecido mole que demonstra de uma maneira ímpar, o envolvimento dos músculos extraoculares e o grau de herniação para o Seio maxilar. Tratamento Tratamento não cirúrgico pode ser indicado se existir uma fratura não deslocada ou levemente deslocada, que não apresente distúrbios visuais na motilidade e funcionalidade orbital. Tratamento cirúrgico deve ser indicado na presença de: - Defeitos ósseos internos significativos provados pela imagem DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 9 - Distúrbios na motilidade ocular - Enoftalmo - Exoftalmo secundário a fratura blow-in - Hipoftalmo O tratamento cirúrgico deve ser contraindicado nos casos de: - trauma ocular severo como por exemplo: ruptura do globo, hifema, descolamento da retina, lesão traumática no nervo óptico. Estas e outras lesões necessitam de reparo ósseo tardio - após o tratamento do trauma severo. Nos casos onde após a redução o segmento ósseo permaneceu estável, a fixação pode não ser necessária. Em outros casos, uma placa pequena pode ser utilizada para manter o fragmento reduzido. Nestes dois casos, o paciente deve passar por um acompanhamento clínico criterioso. A maioria dos casos necessitam de reconstrução do assoalho orbital para suportar a posição do globo e restaurar a forma da órbita e, restaurar as paredes cominuidas e fragmentos perdidos. A respeito do material de reconstrução, a literatura é consideravelmente ampla . No entanto, o Serviço recomenda a utilização de osso autógeno, malhas de titânio e metilmetacrilato. O acesso para este tipo de defeito será realizado por via transcutânea. O Serviço realiza as cirurgias utilizando o acesso subtarsal (defendido por Ellis em detrimento ao acesso subciliar, que possui maior taxa de ectrópio). Após a definição do acesso, visualização da fratura e escolha do material reparador, temos a fixação que pode ser realizada de duas maneiras: Fixação do material dentro da órbita, (01) Após a instalação, realiza-se o teste de ducção forçada com o objetivo de verificar possíveis retenções musculares – o que impossibilitaria a finalização do tratamento. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 10 Fixação do material na parte externa da margem orbital.(2) Após a instalação, realiza-se o teste de ducção forçada com o objetivo de verificar possíveis retenções musculares - o que impossibilitaria a finalização do tratamento. Fraturas da parede medial As fraturas da parede medial seguem o mesmo princípio das fraturas do assoalho orbital. Fraturas da parede lateral O tratamento das fraturas da parede lateral podem ser visualizadas na seção “fraturas zigomáticas”. Fraturas da parede superior As fraturas da parede superior seguem o mesmo princípio das fraturas orbitárias. Porém, o que pode modificar é a abordagem que pode ser feita para este tipo de acesso: DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 11 a. Acesso Coronal b. - Acesso lateral (frontozigomática) (A) - Acesso da blefaroplastia (B) Acesso coronal. Acompanhamento Remoções dos pontos extras-orais com 14 dias; Avaliação com oftalmologia se necessário. Datas para retorno 7 dias, remoção de sutura facial. Avaliação de raiox PO. 14 dias, Avaliação PO e Alta. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 12 FRATURAS DE MANÍBULA Fratura de sínfise e parassínfise, exames radiográficos; São utilizadas nesta região, radiografias em duas dimensões e sempre com duas incidências. Assim, utilizamos como regra as seguintes radiografias: - Oclusal de mandíbula - Pa de mandíbula Tomografia computadorizada pode ser indicada para avaliar corte axial e coronal. TRATAMENTO Este tipo de fratura pode ser abordada pelo tratamento não cirúrgico, tratamento com dois parafusos tipo Lag Screws, Lag Screw e placa, uma placae barra de erich e duas placas. Nosso Serviço aconselha geralmente duas placas. Para ilustrar a importância de técnicas na região sinfisiária, Ellis publica um artigo onde compara o uso de Lag Screw X placas. Sua conclusão é que os dois tem ótimos resultados. As indicações para o tratamento não cirúrgico incluem: c. - Não deslocamento da fratura em pacientes que aceitam BMM d. -Pacientes que não aceitam tratamento cirúrgico (questões e. culturais/religiosas) f. - Pacientes que não possuem condições médicas gerais g. - Inviabilidade de placa e parafuso h. As indicações para a utilização de duas placas incluem: - Todas as outras indicações que não cabem no tratamento não cirúrgico. ACESSO O acesso mais utilizado para este tipo de fratura é o intra-oral. Este acesso pode ser estendido para posterior com o objetivo de abordar fraturas de corpo e angulo mandibular. Se a fratura for cominuída, paciente for edêntulo e o tratamento requerer uma placa load-bearing, então um acesso transfacial pode ser mais indicado. Incisão é realizada entre caninos, posterior a infiltração anestésica para vasoconstrição. Deve ser realizada de 10-15mm da gengiva inserida. Ao nível do nervo mentual deve ser realizada apenas a 5 mm da gengiva inserida, como mecanismo para preservar e permanecer superior ao nervo. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 13 A primeira incisão é realizada para expor o músculo mentual e a segunda realizada perpendicular ao mesmo, incisando-o. Tenha em mente que fibras devem permanecer anexas a superfície superior da incisão - o que facilita na sutura e diminui a incidência de deiscência. Caso exista a necessidade de acesso posterior, o nervo mentual deve ser dissecado (esqueletização) para permitir a liberação do retalho. Na síntese tecidual, deve-se fechar primeiramente o músculo mentual com ponto interno e posteriormente a mucosa. Um curativo compressivo é extremamente indicado para este tipo de fratura. TRATAMENTO Miniplacas para promover a osteossíntese é provavelmetne a técnica mais utilizada frequentemente nos vários serviços de CTBMF. Assim, duas placas são inseridas em paralelo. Uma neutraliza a zona de compressão e a outra neutraliza a zona de tração. Os parafusos da placa superior (zona de tração) devem ser inseridos de maneira monocortical (geralmente com parafusos de 6mm) e a placa inferior pode ser fixada com parafusos monocorticais ou bicorticais. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 14 ACOMPANHAMENTO Remoção de curativo compressivo com 07 dias; DATAS PARA RETORNO: 7 dias, remoção de curativo compressivo. Avaliação de RX PO. 14 dias, Avaliação PO e Alta. Fratura de corpo e angulo mandibular Exames Radiográficos: As incidências mínimas são uma PA, oblíqua de mandíbula e/ou panorâmica. Tomografia computadorizada pode ser uma alternativa. ACESSO: O acesso para o corpo mandibular e ângulo pode ser efetuado por via intraoral ou transcutânea. Nos casos de fraturas lineares, poucos deslocadas e com paciente que se permita utilizar a oclusão para referência, indica-se acesso intra-oral. Para fraturas cominutivas, oclusão desfavorável ou mandíbula atrófica, indica-se acesso transcutâneo. Acesso realizado para tratamento de corpo e ângulo mandibular (mesmo princípio do acesso para sínfise). Acesso Submandibular: - Incisão: - 2-3 cm abaixo da borda mandibular -Incisão de pele e tecido subcutâneo -Dissecação através do platisma -Dissecação através da camada superficial da fascia cervical profunda (CUIDADO) -Proteção do ramo marginal da mandíbula -Ligadura da artéria e veia facial, se necessário -Divisão da cinta pterigomassetérica -Incisão periósteo -Exposição da fratura FECHAMENTO: Sutura da cinta pterigomassetérica -Sutura do platisma -Sutura do tecido subcutâneo e pele. TRATAMENTO: Champy em seu estudo clássico onde analisou a linha ideal de osteossíntese em mandíbula demonstrou que é possível inserir somente uma placa para tratamento de fraturas do angulo mandibular. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 15 Para este tipo de tratamento, uma placa 2.0 mm é moldada de maneira rotacional (twist) aproximadamente 90graus. Esta placa é inserida na linha obliqua externa com dois furos para anterior e dois furos para posterior do traço de fratura. Parafusos de 6mm são fixados, tendo em mente que a primeira fixação corresponde a porção superior do traço. Este tipo de abordagem é consagrado pela literatura . O método deve ser utilizado no manuseio de fraturas simples de ângulo que ocorram isolada ou nos casos em que outras fraturas possam ser utilizadas com fixação interna rígida. Existe a possibilidade de se utilizar duas placas na região do ângulo mandibular. Este método de tratamento é reservado para: (1)os casos em que não se consiga uma fixação interna rígida na outra fratura associada (como no caso de fratura contralateral de côndilo que recebe tratamento não cirúrgico) para fraturas mais deslocadas com acesso intra-oral. (2) quando existe fratura bilateral de ângulo, onde pelo menos uma tenha que se reabilitar com sistema de fixação interna rígida. (3) quando existe uma fratura maxilar associada tendo uma necessidade de mandíbula intacta para posicionar corretamente a Le Fort I,II ou III. Neste caso é importante que a mandíbula esteja estável de um processo condilar a outro. Outra possibilidade de tratamento consiste na aplicação de placa de reconstrução para o tratamento de fraturas angulares. Esta alternativa é conhecida por fixação tipo Load-bearing e deve ser reservada aos casos: • paciente com falta de conformidade. • fraturas simples que foram infectadas durante vários dias ou semanas, com a dissolução de extremidades dos fragmentos ósseos. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 16 • as fraturas que se estendem através do angulo onde a altura do osso é muito diminuída, como fraturas em mandíbulas atróficas ou desdentadas. - fraturas cominuidas. ACOMPANHAMENTO Remoção de curativo compressivo com 7 dias; DATAS PARA RETORNO: 7 dias, Remoção de curativo compressivo. Avaliação de RX PO. 14 dias, Avaliação PO e Alta. Fratura de côndilo, ramo e processo coronóide EXAMES RADIOGRÁFICOS: O padrão mínimo requerido para a visualização destes tipos de fraturas são a projeção AP de Towne, lateral obliqua. Fraturas do côndilo mandibular geralmente necessitam de tomografia computadorizada sendo considerada o padrão ouro para diagnóstico pré- operatório e acompanhamento. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 17 ACESSO Para se obter acesso a região do côndilo mandibular pode-se utilizar a via extra-bucal ou intra-bucal. Indicamos acessos transcutâneos por entender que a experiência com a abordagem intra-bucal ainda é pequena no nosso serviço. Exposição do acesso submandibular O acesso retromandibular expõe a totalidade do ramo. Pode ser útil em procedimentos envolvendo a área próxima da cabeça da mandíbula ou o próprio ramo. Existem duas maneiras técnicas do acesso retromandibular. As técnicas diferem na localização da incisão e da dissecação anatômica. Acesso transparotídeo tem a vantagem da proximidade da pele com a área de interesse. Acesso retroparotídeo possui a vantagem de não dissecar através da glândula parótida. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 18 Acesso pré-auricular pode ser utilizado para acessar e tratar fraturas altas na cabeça mandibular e colo. Ritidectomia provê a mesma exposição do acesso retromandibular e pré-auricular combinado. A única diferençaé que a incisão na pele é localizada em uma área mais cosmética. Acesso Transparotídeo. Incisão vertical através da pele e tecido subcutâneo. Ela deve ser paralela a borda posterior da mandíbula. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 19 O tecido subcutâneo é incisado, expondo o sistema musculoaponeurótico superficial . Uma incisão vertical é realizada através do SMAS. Dissecação romba em direção a parótida que deve ser paralela à direção dos ramos faciais e para a borda posterior da mandíbula. A dissecação deve ser anterior a veia retromandibular. Uma vez que a margem posterior da mandíbula foi atingida, é feita uma incisão através da cinta pterigomassetérica. Dissecação subperiosteal do ramo mandibular é realizada pelo auxílio de um elevador de periósteo que é usado por toda a borda posterior com o objetivo de expor o processo condira. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 20 Fechamento de acordo com as camadas anatômicas. A cápsula da glândula parótida deve ser cuidadosamente fechada para prevenir uma fístula salivar. A pele e tecido subcutâneo é então fechado baseado na preferência do Cirurgião. Acesso retroparotídeo Uma alternativa frequentemente utilizada diferente da descrita acima é a abordagem retroparotídea, onde a glândula parótida é levantada, em vez de dissecada. Isto requer que a incisão seja deslocada mais para posterior, o que significa menor exposição mandibular. Ao invés de se aproximar da mandíbula diretamente, ela é abordada mais posteriormente. Uma incisão obliqua através da pele e tecido subcutâneo é feita, estendendo do processo mastóideo a um ponto abaixo do ângulo mandibular. O tecido subcutâneo é afastado, expondo o sistemamusculoaponeurótico superficial (SMAS). Uma incisão oblíqua é realizada DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 21 através do SMAS. O aspecto posterior da glândula é identificado e a dissecação continua atrás da glândula. A glândula é então afastada e o músculo masseter retraído anteriormente. Após a borda posterior da mandíbula ser visualizada, uma incisão é feita através da cinta pterigomassetérica. Dissecação subperiosteal do ramo mandibular é feita por uma elevador para separar a cinta do ramo. Após, dissecação superior a borda posterior é realizada com o intuíto de expor o processo condilar. O fechamento se dá por camadas anatômicas e a sutura de pele é realizada baseada na preferência do Cirurgião. Tratamento não cirúrgico DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 22 Tradicionalmente todos os tipos de fratura do processo condilar foram reabilitadas com o tratamento não cirúrgico. As vantagens das técnicas deste tipo de tratamento é invasão mínima e que as técnicas podem ser utilizadas sob anestesia local. As fraturas do processo condilar podem ser reabilitadas com 1) aplicação de barra, 2) período de BMM, 3)terapia funcional, ou combinação de 1 e 2. O termo redução fechada apresenta-se como um equívoco, já que muitas vezes não há redução anatômica da fratura. Logo, os resultados dependem da adaptação funcional do paciente. Pode-se utilizar o tratamento com BMM ou o tratamento funcional com guias elásticos e um regime ativo de mobilização. Alguns autores citam que os pacientes devem utilizar os elásticos pelo período de 3 meses. No começo ele é utilizado por todo o tempo, sendo o seu uso diminuído apenas para o período noturno. O propósito do guia elástico é permitir que o paciente morda e recupere sua relação oclusal. ACOMPANHAMENTO Acompanhamento com fisioterapia Avaliação semanal de oclusão com trocas de ligas Orientação sobre ligas e exercícios fisioterápicos DATAS PARA RETORNO: 7 dias, Avaliação Oclusão + Ligas + RX 14 dias, Avaliação Oclusão + Ligas. 21 dias, Avaliação Oclusão + Ligas. 28 dias, Avaliação Oclusão + Ligas. TRATAMENTO CIRÚRGICO Se apenas uma placa for utilizada, o Cirurgião deve preferir uma de perfil mais grosso e parafusos bicorticais, se possível. Uma placa 2.0 de perfil, preferencialmente 2.0 locking, pode ser utilizada. É necessário pelo menos 2 parafusos de cada lado da fratura. Se duas placas forem utilizadas, existem algumas combinações, como por exemplo: DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 23 ESTRATÉGIA PARA REDUÇÃO COM UMA PLACA: Perfure o primeiro furo no fragmento mais próximo possível da linha de fratura utilizando uma broca de 1.5mm de diâmetro. O uso do guia de perfuração é indicado para evitar injúrias no tecido mole. Posicione a placa e insira o parafuso sem dar o torque total, deixando o frouxo e possibilitando a manipulação da placa. Tração manual. Redução da fratura é feita sobre visão direta pelo alinhamento da borda posterior do ramo. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 24 Puxe a mandíbula para inferior e anterior com o objetivo de restaurar a altura posterior do ramo e facilitar a redução. Alinhamento da borda posterior é feito utilizando uma tração puxando a parte mais distal da placa. Fixação da placa com o paciente em oclusão. Aperte firmemente os dois parafusos. Após, complete a perfuração e coloque os parafusos de superior para o mais inferior. Estratégia para redução com duas placas: DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 25 Faça os mesmos passos descritos anteriormente com uma placa mais superior conforme visualizado ao lado. Fixe a placa superior emolde a placa inferior para seguir a borda posterior do côndilo. A fixação desta placa segue a mesma seqüência mostrada anteriormente. ACOMPANHAMENTO Remoção de curativo compressivo com sete dias; Remoção de ponto externo (Trocater) com sete dias; DATAS PARA RETORNO : 7 dias, Remoção de sutura ( avaliação da oclusão e RX) 14 dias, Avaliação PO. 30 dias ( 1 mês), Avaliação PO. FRATURA DA MAXILA O padrão para todas as fraturas maxilares é a tomografia computadorizada com corte axial, sagital e coronal. ACESSO VESTIBULAR PARA MAXILA DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 26 O primeiro passo para acessar a maxila é infiltrar anestésico local (de acordo com a área em verde). O objetivo é promover vasoconstrição através da injeção submucosa acima da junção mucogengival. Depois, quantidade mínima de anestésico é inserida entre a base alar e os sulcos nasolabiais para contrair os vasos faciais. A região da espinha nasal anterior e junção do septo, saída no nervo infraorbitário, fossa canina, tuber e região da fossa pterigopalatina também sãoinfiltradas compequenas quantidades adicionais de anestésico. A incisão deve ser realizada 3-5 mm acima da junção mucogengival utilizando um bisturi frio ou eletrocautério. O uso do eletrocautério deve ser criterioso, evitando-se ao máximo dano desnecessário aos tecidos subjascentes. O traço deve ultrapassar a mucosa, submucosa, músculos e periósteo. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 27 Na região anterior, a incisão não deve ser feita muito alta sob a possibilidade de perder contato ósseo e adentrar na abertura piriforme. Palpacão da espinha nasal anterior deve ser realizada para guiar o local da incisão. Dissecação subperiosteal da maxila anterior é realizada por descolador de Molt de forma sistemática: Primeiro, a fossa canina é liberada no sentido ascendente em direção à localização do forame infraorbital. Em seguida, os pilares ósseos medial e lateral são abordados. A musculatura nasolabial ao longo da abertura piriforme é destacada, seguida de uma dissecação sobre a crista zigomaticomaxilar e a superfície anterior do corpo zigomático. Dissecação submucosa da cavidade nasal A mucosa nasalpode ser destacada a partir da parede lateral, assoalho, e septo nasal com elevadores de periósteo ou descolador de Freer, se necessário. A espinha nasal anterior e a borda inferior do septo cartilaginoso são abordados pela retração do tecido mole com um afastador e a borda do septo cartilaginoso é incisada. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 28 A mucosa nasal é dissecada por via subperiostea e subcondral, começando com instrumentos afiados em torno da abertura piriforme e crista óssea da maxila. Assim que o plano correto é atingido, a dissecação é então continuada. Antes de fechar a incisão da mucosa vestibular, duas estratégias podem ser utilizadas para compensar a contração dos músculos nasolabiais divulsionados: Identificação e redefinição da base alar (sutura de apertamento) Sutura V-Y Como conseqüência da dissecação subperiosteal, as inserções dos músculos nasolabiais são removidas e os músculos vão se contrair. Este fato conduz a inversão do lábio superior, achatamento do nariz (diminuição da projeção da ponta) e alargamento da base alar. IDENTIFICAÇÃO E REDEFINIÇÃO DA BASE ALAR Os músculos são expostos, segurando o sulco labial e base alar entre o polegar e o dedo indicador. Um fio de sutura é passado através da área de inserção dos músculos labiais. Em seguida, o fio de sutura é passado pelo lado oposto com o objetivo de criar um laço. Quando o laço é apertado a base alar é puxada medialmente. O efeito é verificado externamente. A sutura é finalizada se o efeito compressivo é visualizado e adequado, caso contrário, a manobra tem de ser repetida. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 29 Para neutralizar a força lateral do músculo orbicular da boca, a incisão vestibular superior é fechada pela sutura V-Y. A mucosa vestibular é retraída com um gancho de pele na linha média para puxar o envelope de tecido mole anteriormente. As bordas da incisão que se encontram na linha média (vertical) são suturadas em conjunto ao longo de uma distância de até 1cm. Isto cria volume e everte a vermelhidão do lábio. Após o fechamento anterior da V-Y, suturas são realizadas para realinhar o lábio para o centro da maxila. Na ilustração, uma sutura de cada lado do fecho da VY é mostrada. Ao fechar a incisão horizontal, um avanço da borda superior da mucosa vestibular deve ser feito. Começando posteriormente, as suturas são colocadas através da mucosa, submucosa, musculatura e periósteo de forma escalonada, trazendo a mucosa vestibular superior para uma posição anterior. Tratamento - Le Fort I A intubação nasotraqueal é necessária para se utilizar a relação oclusa durante o ato operatório. Se isto não for possível, uma derivação submentual deve ser considerada. Dependendo da condição geral do paciente, uma traqueostomia pode também ser indicada. O objetivo da reconstrução bem sucedida das fraturas do terço médio da face é restabelecer os pilares verticais do terço médio facial. Estes pilares podem desempenhar um papel ainda mais importante em pacientes que não tem dentição (desdentado parcial ou total). Um princípio de todas as fraturas tipo Le Fort é restabelecer a oclusão dentária pré-morbidade. Como princípio geral, todas as fraturas devem ser expostas, alinhadas e reduzidas antes da instalação de placas. É difícil oferecer diretrizes absolutas para guiar a instalação de placas DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 30 para uma fratura tipo Le Fort I. Contudo, algumas considerações devem ser apresentadas: Uma placa inserida no pilar zigomaticomaxilar é geralmente uma placa larga porque é este ponto que irá fornecer uma maior estabilidade para este tipo de fratura. As maiores forças de mastigação incidem nesta área. Dependendo do padrão, uma placa em L, T ou Y podem ser utilizadas. Uma outra placa pode ser instalada na abertura piriforme. MOBILIZAÇÃO Depois de expor os segmentos da fratura por meio do acesso vestibular, a fratura tem que ser mobilizada para permitir a redução e fixação. Os fórceps de Rowe permitem uma aplicação de grande quantidade de força para desimpactar e reposicionar a maxila e o terço médio. Uma observação deve ser dada para a verificação do padrão de fratura no doente. Se a fratura não estiver toda solta - de modo a resultar em força significativa na base do crânio ou órbita - complicações graves, como cegueira podem ocorrer. Maneira correta do de posicionar o Fórceps de Rowe DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 31 Depois da fratura ser adequadamente mobilizada, o paciente é colocado em bloqueio maxilo- mandibular (BMM). Para a redução e reposição da maxila, o Cirurgião deve assegurar que os côndilos estão encaixados corretamente dentro da cavidade glenóide (1), então o complexo maxilo- mandibular é girado superiormente até o ponto onde o contato máximo ósseo ocorre no local da fratura (2). A placa da região do pilar zigomaticomaxilar deve ser instalada primeiramente. Insira pelo menos dois parafusos em cada lado da linha da fratura. Se o contato ósseo é bom e a fratura aparenta estar estável, placa adicional pode não ser necessária. Se placa adicional for necessária, ela deve ser instalada no pilar nasomaxilar bilateralmente. Após a fixação interna, o BMM é liberado e a oclusão é avaliada. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 32 Se existir uma mordida aberta anterior e tendência para classe III durante a avaliação da oclusão, um ou dois côndilos podem estar mal posicionados. Nestes casos, é necessário remover as placas e parafusos, reaplicar o BMM, e reposicionar o complexo maxilomandibular novamente, assegurando-se da posição condira ideal. A razão para a maloclusão, pode ser pelo fato da cabeça do côndilo não estar posicionada corretamente na cavidade glenóide durante o BMM. Nos casos de fraturas cominuidas, pode ser necessário utilizar uma placa maior e enxerto ósseo para manter o contato ósseo. LE FORT II Le Fort II é também conhecida como fratura maxilar piramidal. A linha da fratura estende-se desde a região pterigoidea de um lado, por baixo do pilar zigomaticomaxilar sobre a porção média do arco infraorbitário, atrás do osso lacrimal e ao longo da parede medial da órbita para o dorso nasal, onde cruza e progride para o lado oposto da mesma forma. Várias vezes, o processo pterigóide costuma permanecer ligado a maxila posterior. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 33 Pacientes que possuem trauma tipo Le Fort II costumam ser admitidos no hospital inconscientes e intubados. Atenção especial deve ser dada para corpos perdidos como dente ou fragmentos dentários obstruindo as vias aéreas. Hemorragia grave ou perda do líquor (LCR) pode acompanhar este tipo de padrão de fratura, afetando o tratamento e evolução. Deve ser reconhecido que o envolvimento orbitário existe, assim, avaliação geral da acuidade visual é obrigatório no paciente consciente. No paciente inconsciente, o teste com lanterna pode ser útil para a comprovação ou para a exclusão de defeitos pupilares aferentes. É importante determinar oclusão pré-trauma. Para o diagnóstico de extravasamento do LCR podem ser realizadas análises laboratoriais para beta-transferrina; ACESSOS Os seguintes acessos são indicados para o tratamento deste tipo de fratura Acesso vestibular para maxila ( já descrito) Acesso transcutâneo para órbita Acesso glabelar Acesso Coronal Acesso transcutâneo para Órbita (iremos descrever apenas o acesso subtarsal, devido aos comentários já realizados anteriormente). Após a proteção do globo por meio de tarsorrafia, a linha de incisão é planejada sobre uma ruga natural no nível abaixo damargem inferior do tarso inferior. A incisão é orientada diagonalmente e começa cerca de 2-3 mm abaixo da margem palpebral em uma direção laterocaudal. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 34 A incisão inicial pode ser realizada através da pele e da musculatura orbital. Entretanto, ela pode ser efetuada apenas através da pele como é demonstrada por esta seqüência e é adotada pela nosso Serviço. O músculo orbicular é exposto… e inicia-se a dissecação pela camada muscular orbicular por meio de uma elevação lateral pelo septo orbital. Uma pequena abertura é realizada utilizando uma tesoura de divulsão. Através desta abertura o músculo orbicular é dividido. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 35 Em seguida, a camada muscular é separada de lateral para medial ao longo do curso das fibras musculares, deixando intacto o septo orbital. A dissecação prossegue inferiormente em um plano pré-septal suborbicular, até atingir a margem óssea infraorbital. Exposição da borda infraorbital é conseguida pela dissecação do plano supraperiosteal auxiliada por um afastado de minessota ou orbital com o objetivo de delimitar a região e proteger o globo ocular da incisão sobre o periósteo. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 36 Acesso garantido pela incisão e dissecação periosteal. O acesso é suturado com a aproximação das bordas da camada do periósteo por sutura reabsorvível. Após, pequenos pontos de suspensão são realizados na camada muscular. Então, uma sutura intradérmica com fio de nylon 5-0 ou 6-0 finaliza o processo. Um curativo deve ser realizado com o intuito de fortalecer a adesão do epitélio. ACESSO GLABELAR O acesso da glabela pode ser particularmente vantajoso em pacientes idosos que desenvolveram sulcos horizontais na região da glabela, devido a ação muscular. Esta DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 37 abordagem também pode ser considerada, afim de evitar uma incisão coronal, onde é necessário uma exposição limitada em um paciente mais jovem calvo. Um exemplo onde possa ser necessário a exposição limitada na região frontonasal é em Le Fort II ou III. A abordagem mais comum para a redução de fraturas NOE é a combinação de incisão coronal, palpebral e incisão vestibular maxilar.Alguns cirurgiões utilizam incisões combinadas, mas substituem a abordagem da gabela para a incisão coronal. Incisão na pele é planejada em um sulco de expressão glabelar, e se apropriado, na região camuflada entre a sobrancelha. Uma incisão com profundidade periosteal é realizada. A exposição do osso é realizada pela utilização de afastadores. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 38 O fechamento se da por suturas simples em camada única. ACESSO CORONAL O acesso coronal ou bi-temporal é utilizado para expor a abóbada craniana anterior, a testa e as regiões do terço superior e médio do esqueleto facial. A extensão e posição da incisão, bem como a camada de dissecação, depende do procedimento cirúrgico e da área anatômica de interesse. A abordagem coronal é realizada a distância, com o escopo de evitar cicatrizes faciais visíveis. O plano subperiosteal ou subgaleal são comumente utilizados para dissecar o retalho coronal. A incisão no couro cabeludo é estendida lateroinferiormente para a região pré-auricular para ter acesso ao arco zigomático e/ou articulação temporomandibular. Para proteger o ramo temporal do nervo facial, a camada superficial da fáscia temporal é dividida ao longo de uma linha inclinada em relação ao nível do tragus a borda supraorbital para entrar na camada gordurosa temporal. A dissecação abaixo desta linha fascial é feita apenas dentro da camada gordurosa, profunda a camada superficial da fáscia temporal até o arco zigomático, expondo assim o zigoma. ÁREAS DE EXPOSIÇÃO Camada anterior da calvária Base de crânio anterior e lateral Seio frontal/etmoidal DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 39 Zigoma Arco zigomático Órbita (lateral, cranial e medial) Dorso nasal Articulação temporomandibular Côndilo e região subcondilar A localização da incisão depende da linha do couro cabeludo. Sempre deve ser localizada atrás desta linha. A extensão inferior depende da área de interesse cirúrgica. Se a exposição for limitada a região supraorbital, é suficiente estender a incisão ao nível da hélix auricular. Se o arco zigomático tem que ser exposto, é necessário que de desça a nível pré-auricular. Se a ATM deve ser exposta, uma extensão pré-auricular até o lóbulo da orelha é necessário. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 40 É conveniente raspar de 15-25 m sobre a linha de incisão. Isto facilita o descolamento do retalho e no fechamento da ferida cirúrgica. O cabelo é preparado com o uso de um shampoo e amarrado em tiras. O delineamento da linha de incisão pode ser efetuado com azul de metileno, caneta para demarcação ou ainda as costas da lâmina de bisturi. O campo é suturado atrás da linha de incisão. Algumas técnicas hemostáticas são utilizadas para diminuir a hemorragia transoperatória, vejamos: Infiltração de anestésico com vasoconstrictor no plano subgaleal próximo a zona de incisão. Inserção de sutura continua sobre o lado da linha incisional Utilização de calor e eletrocautério durante a incisão Utilização de clipes hemostáticos (clipes de Raney) depois da elevação do retalho. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 41 O couro cabeludo é a camada de tecido molde do crânio. Em termos simples, o couro cabeludo é composto por cinco camadas, como visto na representação esquemática: pele, tecido subcutâneo, gálea aponeurótica, tecido areolar frouxo e pericrânio. A incisão é feita com lâmina de bisturi sobre a pele até a profundidade do pericrânio. O pericrânio pode ser elevado como um retalho vascularizado separado, anteriormente pediculado para fins de reconstrução. Com o aumento e liberação das margens da ferida, utiliza-se eletrocautério, clipes e suturas continuas com o objetivo de promover a hemostasia e assim, diminuição do sangramento operatório. Extensão temporal da linha de incisão DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 42 Abaixo do plano subgaleal da linha temporal superior continua profundamente a fáscia temporoparietal. Uma incisão inadvertida através da fáscia temporal no músculo subjacente pode resultar em sangramento. Por esta razão, antes de estender a incisão na pele inferolateralmente, o envelope de tecido mole é dividido no plano subgaleal em direção a hélice auricular com tesoura curva. As tesouras são introduzidas sobre a fáscia temporal, como mostra a ilustração e o desenho clínico. Uma vez que a ponta da tesoura alcança a área deinserção do arco zigomático, a pele, os tecidos subcutâneos, bem como a fáscia temporoparietal são sucessivamente incisados com um bisturi. A incisão pode ser feita com tesouras que são introduzidas no túnel de tecido para a proteção da fáscia temporal. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 43 A extensão pré-auricular da incisão pode ser feita dentro de uma dobra de pele ou sobre o tragus descendo ao nível do lóbulo da orelha. A pele é dissecada com a profundidade da fáscia temporal e os tecidos moles são afastados sob hemostasia meticulosa. Os músculos preauriculares são seccionados e a parte cartilaginosa do tragus e do canal auditivo externo podem ser diretamente expostos. A elevação do retalho coronal procede anteriormente com uma dissecação bilateral. Ao longo dos músculos temporais, a fáscia branca prateada temporal ésuavemente exposta utilizando uma dissecação aguda. A fásciatemporal funde com o pericrânio na linha temporal superior. A porção parietal e frontal do retalho coronal são elevadas rapidamente cortando o tecido areolar frouxo que se sobrepõe ao pericrânio com um bisturi ou agulha deeletrodissecação. O retalho pode ser conseguido também com um dedo ou dissecação com um elevador sem corte. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 44 Este espécime anatômico mostra a fáscia temporal (branca prateada) que se estende ao longo da face lateral do crânio. Aqui, o pericrânio foi incisado na linha temporal superior e levantou, ligado ao retalho coronal das áreas parietal e osso frontal. O plano de dissecação segue estritamente a fáscia temporal para baixo e para a frente, onde a zona de gordura temporal superficial amarelo brilha. Esta zona começa na área pré- auricular inferior ao nível da raiz do arco zigomático, que é palpável e estende-se através da fossa temporal para o aspecto posterior do corpo do zigoma. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 45 Quando o retalho coronal é suficientemente liberado anterior e inferiormente, ele pode ser virado passivamente e deixado nesta posição refletida. A dissecação do retalho coronal continua até o nível da margem supraorbital. Para a maioria dos procedimentos do esqueleto facial, o pericrânio é incisado horizontalmente sobre a testa em um ponto de 2-3 cm acima da margem supraorbital. A incisão prolonga-se a partir da linha temporal superior a outra e dissecação subperiosteal prossegue para a frente e para baixo. Uma extensão mais lateral para além da linha temporal superior requer uma incisão através do periósteo no processo zigomático frontal. Esta extensão libera a tensão e facilita a retração necessária para expor a região nasofrontal e supraorbital. Se for necessário a elevação do retalho coronal pode ser realizada para diversos procedimentos. Incisões são criadas então para criação de um retalho pericraniano. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 46 Incisão na fáscia temporal superficial para exposição do arco zigomático é feita por uma dissecação lateral. Logo que o esboço amarelo da gordura temporal é visível, uma incisão oblíqua através da fáscia é realizada. Observar o plano da dissecação que permite a proteção do ramo temporal do nervo facial. Dissecação subperiosteal no arco zigomático e corpo permite uma emersão do retalho coronal mais anteriormente e inferiormente. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 47 Dissecação para a ponta do nariz, após liberação no nervo supra-orbitário através de osteotomia local. Fechamento é realizado com fio de reabsorção lenta 2-0 e 3-0 e utilização de drenagem de sucção fechada. Fio de nylon 2-0/3-0 devem ser utilizados para a síntese do couro cabeludo. Tratamento - Le Fort II Como a redução é realizada similar a Le Fort I, aprofundaremos na fixação da fratura. A estabilidade da redução guiará a fixação, ou seja, o número de acessos depende da extensão do deslocamento e da cominuição. Considerações relacionadas com a oclusão dentária foram observadas na fratura do tipo Le Fort I e não precisam ser novamente abordadas. A placa instalada para a fixação do pilar zigomaticomaxilar é geralmente maior, pois as potentes forças da mastigação incidem neste local. Dependendo do padrão de fratura uma placa em L ou reta pode ser considerada. Se for necessário utilizar uma placa no rebordo infra-orbital, ela deve ser de perfil baixo. As forças nesta região são menores, e os pacientes podem queixar-se de ser capaz de palpar o implante se uma placa maior for utilizada. Se uma placa é usada na região frontonasal, existem vários opções, incluindo configurações de placas X ou Y. Em muitos casos, após a fixação adequada, a instalação de placa nesta região não é necessária. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 48 A fixação geralmente se inicia no pilar mais confiável, sempre considerando qualquer linha de fratura em três dimensões. A fratura Le Fort deve ser reduzida e fixada antes de abordar as fraturas das paredes da órbita. No caso demonstrado, a primeira placa é instalada no pilar zigomaticomaxilar esquerdo. A placa é posicionada com instrumentos apropriados e o primeira perfuração é realizada, próximo a linha de fratura. Uma placa em L é ideal para este tipo de fratura. É importante que a perna do L seja inserida na porção mais lateral do pilar, onde o osso é bastante espesso. Assim, o “pé" do L é inserido ao longo do osso alveolar, de maneira que os parafusos não danifiquem as raízes dentárias. Um problema frequentemente visualizado com este tipo de fixação é a instalação do parafuso na parede fina do seio maxilar anterior. Neste caso uma placa em L com vários furos pode ser ideal. O segundo parafuso deve ser instalado no furo do lado oposto da linha de fratura. Após a instalação da placa, a fixação do pilar contralateral acontece da mesma maneira. Uma decisão a ser tomada neste momento refere-se a estabilidade alcançada com esta fixação. Se o Cirurgião acreditar que existe estabilidade, então os fios do BMM são removidos e a DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 49 oclusão é verificada. Se estabilidade adicional é necessária, então continua-se com a fixação que dar-se-à na borda infraorbitária. Duas placas de contorno e perfil apropriado são selecionadas, adaptadas e aplicadas no rebordo infraorbitário. O primeiro parafuso é instalado no fragmento estável, próximo a linha de fratura. Dependendo do padrão da fratura uma placa apropriada é selecionada. Neste caso, uma placa Y invertida foi utilizada para auxiliar na redução e estabilidade do esqueleto nasal. Duas placas retas também podem ser utilizadas, dependendo do padrão de fratura. Abaixo exemplos de fixação adicional que podem ser utilizadas em caso de fraturascominuídas. Após alcançado a estabilidade, o BMM é removido, oclusão avaliada. Caso o paciente apresente mordida aberta anterior e/ou contato prematuro posterior, as fixações devem ser removidas, côndilo novamente posicionado e fixação refeita (conforme explanado na Le Fort I). Le Fort III Le Fort III é também conhecida como disjunção craniofacial porque toda a massa de ossos faciais é separada da base do crânio. A linha de fratura inicia-se na sutura frontozigomática ao longo da porção lateral da órbita interna/sutura esfenozigomática/fissura órbital inferior, se estende medial ao longo do assoalho orbital, subindo na parede medial da órbita e dorso DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 50 nasal, onde cruza para o lado contralateral e prossegue da mesma maneira. A avaliação inicial deve ser a mesma descrita na fratura Le Fort I e II. Os acessos já foram descritos nas fraturas anteriores. Assim, iremos focar a forma de tratamento. A redução da maxila deve ser realizada da mesma forma descrita anteriormente. O gancho para a redução do zigoma deve ser inserido 4cm abaixo do canto lateral diretamente através da pele ou na sequência de uma incisão pequena neste local. O gancho pode ser puxado com o intuíto de reduzir o segmento fraturado. Da mesma forma, um parafuso de Carroll-Girard pode ser inserido com o mesmo objetivo. Após a redução, o DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 51 BMM é realizado. A quantidade, morfologia e tipo da placa depende do padrão de fratura. O segmento “móvel" da sutura frontozigomática é fixado ao segmento fixo. Neste caso, uma placa reta de 04 furos do sistema 2.0 foi moldada para assentamento passivo na região da sutura frontozigomática direita. Um parafuso é inserido próximo a linha da fratura, no processo frontal do zigoma Depois de perfurar, o segundoparafuso é inserido próximo a linha de fratura no seu lado oposto. Se a redução estiver satisfatória, então a placa é fixada com os demais parafusos. Deve-se respeitar o mínimo de dois parafusos em cada lado da fratura. O zigoma contralateral é fixado da mesma maneira que o descrito. Para fraturas isoladas Le Fort III, a fixação bilateral na região frontozigomática pode ser suficiente, porém é mais comum a necessidade de fixação adicional. Uma placa em Y invertida pode ser utilizada para a redução e estabilidade da fratura. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 52 Se for necessário uma estabilidade adicional, utiliza-se uma placa na região do arco zigomático. Cuidado deve ser tomado para permitir um reposicionamento normal das estruturas, possibilitando o respeito dos pilares da face. Após a fixação, remove-se o BMM e procede da mesma maneira como foi descrito para as fraturas maxilares anteriormente. ACOMPANHAMENTO: Remoção de curativo compressivo com sete dias; Remoção de dreno ( se utilizado ) no terceiro dia; DATAS PARA RETORNO 7 dias, remoçao de sutura ( avaliação da oclusão e RX) 14 dias, Avaliação PO 30 dias 1 mes, avaliação PO. Fraturas NOE Exames Radiográficos: Tomografia computadorizada é essencial neste tipo de lesão. O cirurgiao deve saber distinhuir entre o tipo de fratura NOE I e II/III, para amenizar danos na parede NOE. Teste de LCR Os seguintes procedimentos de diagnósticos podem ser realizados se houver suspeita de vazamento de LCR (sinal clínico: drenagem nasal de coloração de palha ou claro): Teste de inclinação com sinal de halo positivo DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 53 • TC com cortes coronais finos (0,5mm) da placa cribiforme • Comparação de concentração de glicose entre o fluído e o soro do paciente • Análise laboratorial de beta-transferrina • Aplicação de corantes fluorescentes e visualização direta do vazamento via endoscópia transnasal Avaliação do aparato lacrimal O sistema de drenagem lacrimal é intimamente relacionado com a região NOE e pode ser danificado durante o trauma. O cirurgião deve avaliar a viabilidade/continuidade do sistema nasolacrimal no tempo do tratamento cirúrgico. Avaliação oftalmológica é necessária. • Acesso Os acessos já foram discutidos nas seções anteriores. Tratamento NOE TIPO I por ser uma injuria que representa uma fratura não cominuida, o objetivo será uma redução perfeita do processo frontal da maxila. A fratura então requer FIR para manter sua posição adequada. Isto pode ser conseguido através de um,dois, ou de fixação em três pontos. O reposicionamento adequado do fragmento, e assim, do LCM é crucial para o resultado final. Extremo cuidado deve ser tomado quando se considera colocar placas anteriores ao ligamento cantal medial, pois estas podem ser vistas sobrejacente a pele fina. A fratura NOE tipo I não é usualmente difícil de reduzir porque o fragmento não apresenta cominuído. O Cirurgião deve avaliar continuamente a redução por meio das incisões cirúrgicas. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 54 A primeira placa é geralmente instalada inferiormente, a partir do fragmento fraturado ao osso maxilar sólido da abertura piriforme. Isto pode ser alcançado por meio de uma incisão vestibular. Em alguns casos, o fragmento ósseo fica estável com uma placa e esta fixação pode ser suficiente. Se a fixação em dois pontos for necessária, a segunda placa é instalada na sutura frontonasal. Uma terceira placa pode ser necessária no caso de fraturas associadas DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 55 NOE tipo II representa uma fratura cominuída. O fragmento ósseo largo precisa ser reduzido e estabilizado. Por isto, é necessário pelo menos 2-3 pontos de fixação. A distância intercantal necessita ser restaurada. Nos deslocamentos severos de fraturas NOE bilaterais, a projeção nasal tem que ser restaurada por meio da abordagem da fratura nasal e pela adição de enxerto, se necessário. Descartar saída de LCR principalmente nas f raturas deslocadas bilateral, afim de minimizar o risco de meningite precoce ou tardia. Certifique-se sempre de descartar lesões nos olhos e nas vias lacrimais. Se a região dos ossos nasais também estão fraturadas, eles devem ser reduzidos. Fixação com placas pode ser necessário. Se a região do dorso nasal estiver cominuída ou se ela não puder ser reduzida, reconstrução com enxerto ósseo em cantiléver é realizada. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 56 Se uma fratura NOE tipo II bilateral ocorrer pode ser necessário a utilização de fio transnasal. Uma ligeira sobrecorrigida da distância intercantal deve ser considerada. A distância intercantal recomendada para homens brancos é de 33-34 mm e para mulheres brancas 32-33 mm. Poucos dados disponíveis para outros grupos étnicos. Inúmeras modalidades podem ser utilizadas com o objetivo de segurar o fio transnasal na posição adequada (placas, malha, enxerto….) A fixação do fio deve ser realizada antes da instalação de outras placas. Uma perfuração é realizada no fragmento onde está inserido o LCM. Outra DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 57 perfuração se dá contralateral na região NOE com o objetivo de fornecer um caminho para a passagem do fio de aço. O fio de aço é puxado para a região tracionando o fragmento. Normalmente, um mínimo de três pontos de fixação será necessário. Placa na região do osso frontal/NOE(1), placa na região da margem orbital(2), e uma placa ao longo da abertura piriforme. Recomenda-se seguir esta sequência de instalação. • NOE tipo III representa uma fratura cominuída em que o LCM é removido do osso. Assim, uma cantopexia transnasal deve ser realizada. O mais importante aspecto é o posicionamento medial e posterior do LCM. No mínimo três placas devem ser inseridas (de acordo com o tipo II). Em adição a estas placas, podem ser necessárias outras com o objetivo de reduzir e fixar outros fragmentos ósseos. O fio transnasal tem que ser instalado. Identificação do canto medial é o primeiro passo para realizar a cantopexia. O LCM pode ser identificado utilizando um fórceps, por via de um acesso coronal. A pinça é utilizada para achar e puxar o LCM observando a pele na área cantal para confirmar se a estrutura foi identificada. • Depois do LCM ser identificado, um fio transnasal é colocado através DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 58 do canto medial. Normalmente, isto é suficiente para pinçar o LCM. • Passar o fio de aço através de uma placa com o objetivo de fixar o ligamento e passar transnasal para fixar contralateral. Ancorar o canto medial na sua posição original. Avaliar o telecanto. Alternativas para suporte da contopexia transnasal. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 59 Acompanhamento: Remoção de curativo compressivo com sete dias; Remoção de ponto externo com sete dias; 7 DIAS, REMOÇÃO DE SUTURA ( AVALIAÇÃO DA OLCUSÃO E RAIO X ) DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 60 14 DIAS, AVALIAÇÃO PO 30 DIAS, AVALIAÇÃO PO + RADIOGRAFIA FRATURA FRONTAL Têm-se as seguintes opções de tratamento: Observação Redução aberta com fixação interna rígida Obliteração Cranialização Ablação Como a Bucomaxilofacial realiza o tratamento somente das fraturas da parede anterior do Seio Frontal, iremos abordar apenas os tipos de tratamento reservado a esta injúria. Redução aberta com fixação interna Fraturas com grande deslocamento (maior do que 2mm) não envolvendo o ductonasofrontal e representando pequeno risco para a função do Seio. Entretanto, o risco da deformidade estética aumenta correspondente ao tamanho da fratura Existem várias técnicas para reduzir os fragmentos ósseos. A escolha deverá levar em conta a experiência do Cirurgião. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 61 Redução através da mobilização de fragmentos utilizando um descolador de periósteo Um cuidado que se deve ter na redução é não prender a mucosa do Seio. Isto poderá resultar em sinusite, ou formação de mucocele tardia. Assim, qualquer mucosa danificada na periferia da fratura ou sobre os fragmentos ósseos isolados deve ser removida. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 62 Se fragmento da tábua anterior for removida, o defeito deve ser utilizado para permitir a inspeção do ducto nasofrontal Fragmento ósseo deve ser reposicionado e fixado. O número de placas depende da estabilidade da redução DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 63 Uma alternativa é posicionar uma longa placa curva para segurar vários fragmentos. Obliteração Severa cominuição da tábua anterior (com ou sem envolvimento do ducto nasofrontal) pode tornar a redução aberta com os fragmentos ósseos existentes desafiadores. Rompimento da mucosa pode resultar em um seio não-funcional no pós-operatório. Nesta situação, a obliteração da cavidade pode ser necessária. Muitos materiais podem ser utilizados para a obliteração do Seio Frontal. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 64 Fáscia Gordura abdominal Músculo Pericrânio Osso Cada material tem sua vantagem e desvantagem e a utilização é reservada a experiência e técnica do Cirurgião. Abaixo temos as etapas para a realização da Obliteração: Exposição Definição da margem do Seio Frontal (transluminação, navegação intraoperatória…) Osteotomia da parede anterior do Seio Frontal Remoção da parede anterior Remoção da mucosa do Seio Frontal Obliteração do ducto do seio frontal com material escolhido Obliteração do espaço do seio frontal Reposicionamento da parede anterior Fixação da parede anterior DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 65 Acompanhamento: Remoção do dreno de sucção ativa com três dias 7 DIAS, REMOÇAO DOS PONTOS 14 DIAS, AVALIAÇÃO PO + TOMOGRAFIA 30 DIAS, AVALIAÇÃO PO TRAUMATISMO DENTOALVEOLAR Fratura Alveolar • Tratamento: Posicionamento do segmento deslocado. Realizar contenção flexível por 4 semanas. Sutura de lacerações, se houver. • Acompanhamento: 4 semanas: remoção da contenção; 6-8 semanas; 4 meses; 6 meses; 1 ano e 5 anos. Luxação Extrusiva • Tratamento: Contenção flexível por 2 semanas. Encaminhar ao endodontista para realização de tratamento endodôntico. DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 66 • Acompanhamento: 2 semanas: remoção da contenção; 4 semanas; 6-8 semanas; 6 meses; 1 ano e 5 anos. Luxação Lateral • Tratamento: Reposicionamento do elemento manualmente e contenção flexível por 4 semanas. Encaminhar ao endodontista para avaliação da condição pulpar e consequentemente realização de tratamento endodôntico. • Acompanhamento: 2 semanas; 4 semanas: remoção da contenção; 6-8 semanas; 6 meses; 1 ano e 5 anos. Luxação Intrusiva • Tratamento: Dente com formação radicular incompleta: Permitir erupção sem intervenção; se não movimentar em poucas semanas iniciar reposicionamento ortodôntico; Se a intrusão for maior que 7mm reposicionar cirurgicamente ou ortodonticamente. Dente com formação radicular completa: Permitir erupção sem intervenção se a intrusão for menor que 3mm; se não movimentar após 2-4 semanas iniciar reposição cirúrgica ou ortondontica antes do desenvolvimento de anquilose. Se intrusão for de 3-7mm, reposicionar cirurgicamente ou ortodonticamente. Após reposicionamento estabilizar com contenção flexível por 4 semanas. Encaminhar ao endodontista para realização de tratamento radicular com hidróxido de cálcio iniciando 2-3 semanas após contenção. • Acompanhamento: 2 semanas; 4 semanas: remoção da contenção; 6-8 semanas; 6 meses; 1 ano e 5 anos. Avulsão de Dente Permanente Dente permanete avulsionado com ápice fechado • Dente foi reimplantado antes do atendimento de urgência • Lavar o dente no local; • Limpar a área com spray de água, solução salina ou Clorexidina 0,12%; • Suturar lacerações gengivais, se presente; • Verificar posição do dente reimplatado, clinica e radiograficamente; DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 67 • Realizar contenção flexível por 2 semanas; • Checar imunização antitetânica; • Administrar atb sistêmicos, se necessários; • Instruir paciente; • Encaminhar paciente ao endodontista para realização de canal 7- 10 dias após reimplante e antes da remoção da contenção. • Dente armazenado em meio fisiológico e tempo extraoral é menor que 60 minutos • Lavar superfície radicular e forame apical com solução salina e embebedar o dente na solução salina removendo contaminação e células mortas da superfície radicular; • Anestesia local; • Irrigar alvéolo com solução salina; • Avaliar alvéolo. Se estiver fraturado, reposioná-lo com instrumental delicado; • Reimplantar dente gentilmente com pressão digital. Não utilizar força; • Suturar lacerações gengivais; • Verificar posição do dente reimplatado, clinica e radiograficamente; • Realizar contenção flexível por 2 semanas; • Checar imunização antitetânica; • Administrar atb sistêmicos, se necessários; • Instruir paciente; • Encaminhar paciente ao endodontista para realização de canal 7- 10 dias após reimplante e antes da remoção da contenção. • Tempo extraoral acima de 60 minutos ou outras razões que indiquem células não viáveis • Remover células não viáveis do ligamento periodontal com gaze; • Realizar tratamento endodôntico antes do reimplante ou no DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 68 período de 7-10 dias; • Anestesia local; • Irrigar alvéolo com solução salina; • Avaliar alvéolo. Se estiver fraturado, reposioná-lo com instrumental delicado; • Reimplantar dente gentilmente com pressão digital. Não utilizar força; • Suturar lacerações gengivais; • Verificar posição do dente reimplatado, clinica e radiograficamente; • Realizar contenção flexível por 4 semanas; • Checar imunização antitetânica; • Administrar atb sistêmicos, se necessários; • Instruir paciente; • Encaminhar paciente ao endodontista para realização de canal 7- 10 dias após reimplante e antes da remoção da contenção. Obs.: Para diminuir a reabsorção óssea, é recomendado tratar a superfície radicular com fluoreto de sódio 2% por 20 minutos, mas não é recomendação absoluta. Dente permanete avulsionado com ápice aberto • Dente foi reimplantado antes do atendimento de urgência • Lavar o dente no local; • Limpar a área com spray de água, solução salina ou Clorexidina 0,12%; • Suturar lacerações gengivais, se presente; • Verificar posição do dente reimplatado, clinica e radiograficamente; • Realizar contenção flexível por 2 semanas; • Checar imunização antitetânica; • Administrar atb sistêmicos, se necessários; • Instruir paciente; • Reimplante de dente ainda em desenvolvimento tem o intuito de estimular revascularização do espaço pulpar. Caso isso não DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 69 ocorra, o tratamento do canal é indicado. • Dente armazenado em meio fisiológico e tempo extraoral é menor que 60 minutos • Se contaminado, lavar superfície radicular e forame apical comsolução salina; • Aplicação tópica de atb tem mostrado grandes chances de revascularização da polpa; • Anestesia local; • Irrigar alvéolo com solução salina; • Avaliar alvéolo. Se estiver fraturado, reposioná-lo com instrumental delicado; • Remover coágulo e reimplantar dente gentilmente com pressão digital. Não utilizar força; • Suturar lacerações gengivais; • Verificar posição do dente reimplatado, clinica e radiograficamente; • Realizar contenção flexível por 2 semanas; • Checar imunização antitetânica; • Administrar atb sistêmicos, se necessários; • Instruir paciente; • Reimplante de dente ainda em desenvolvimento tem o intuito de estimular revascularização do espaço pulpar. Reabsorção é muito rápida em dente de criança, Se a revascularização não ocorrer, o tratamento do canal é indicado. • Tempo extraoral acima de 60 minutos ou outras razões que indiquem células não viáveis • Remover células não viáveis do ligamento periodontal com gaze; • Realizar tratamento endodôntico antes do reimplante ou depois; • Anestesia local; • Remover coágulo do alvéolo com solução salina; • Avaliar alvéolo. Se estiver fraturado, reposioná-lo com instrumental delicado; DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 70 • Reimplantar dente gentilmente com pressão digital. Não utilizar força; • Suturar lacerações gengivais; • Verificar posição do dente reimplatado, clinica e radiograficamente; • Realizar contenção flexível por 4 semanas; • Checar imunização antitetânica; • Administrar atb sistêmicos, se necessários; • Instruir paciente; Obs.: Para diminuir a reabsorção óssea, é recomendado tratar a superfície radicular com fluoreto de sódio 2% por 20 minutos, mas não é recomendação absoluta. Antibióticos Administração de atb sistêmicos após o reimpante dentário é questionável e estudos clínicos mostram efeito positivo sobre células periodontais e pulpares, especialmente quando administrado topicamente. Antibióticos tópicos (doxiciclina 1mg em 20ml de solução salina por 5 minutos) mostra efeito benéfico aumentando a chance de revascularização pulpar e periodontal e deve ser considerada em dentes com ápice aberto. Considerações Endodônticas Se o tratamento de canal é indicado (dentes com ápice fechado), o tempo ideal para começar o tratamento é 7-10 dias após o reimplante. Instruções aos pacientes • Evitar esportes de contato; • Dieta líquida por 2 semanas; • Utilizar escova macia para higienização bucal após refeições; • Utilizar bocecho com clorexidina 0,12% 2x/dia por 7 dias. Acompanhamento Dentes reimplantados devem ser monitorados por controle clínico e radiográfico após 4 semanas, 3 meses, 6 meses, um ano e anualmente. O exame clínico e radiográfico fornecerá informações para determinar o resultado. A avaliação pode incluir os resultados descritos a seguir. Resultados favoráveis: • Ápice fechado DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 71 • Ausência de sintomas; • Mobilidade normal; • Som normal de percussão; • Ausência de evidência radiográfica de reabsorção ou osteíte perirradicualr: lâmina dura deve parecer normal. • Ápice aberto • Ausência de sintomas; • Mobilidade normal; • Som normal de percussão; • Evidência radiográfica de continuidade de formação radicular e erupção. Obliteração da câmara pulpar é esperada. Resultados desfavoráveis: • Ápice fechado • Presença de sintomas; • Mobilidade excessiva ou nenhuma mobilidade (anquilose); • Evidência radiográfica de reabsorção (reabsorção inflamatória, relacionada à infecção ou reabsorção por substituição associada à anquilose). • Ápice aberto • Presença de sintomas; • Mobilidade excessiva ou nenhuma mobilidade (anquilose). No caso de anquilose, a coroa do dente, aparecerá estar em infraposição; • Evidência radiográfica de reabsorção (reabsorção inflamatória relacionada à infecção ou reabsorção por substituição associada à anquilose); • Ausência de formação de raiz. INFECÇÃO ODONTOGÊNICA Infecções Odontogênicas derivam dos elementos dentários e possuem uma flora característica. Cáries, doenças periodontais e pulpites são infecções iniciais que podem se disseminar através dos dentes para os processos alveolares e tecidos profundos da face, cavidade oral, cabeça e pescoço. Essas infecções podem variar de infecções bem localizadas de baixo grau que necessitam somente de um tratamento mínimo até infecções graves, podendo comprometer a vida ao envolver os espaços faciais profundos. Embora a grande maioria das infecções odontogênicas sejam facilmente DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 72 tratada com procedimentos cirúrgicos menores e suporte terapêutico, o profissional deve sempre ter em mente que essas infecções podem se tornar graves e trazer risco de morte em um curto período de tempo. Microbiologia das Infecções Odontogênicas As bactérias que causam infecção odontogênica são comumente bactérias nativas da flora bucal normal, aquelas que compreendem a placa bacteriana, as que são achadas na superfície da mucosa e as encontradas no sulco gengival. São principalmente cocos aeróbios e anaeróbios Gram-positivos e bastonetes anaeróbios Gram-negativos. Quase todas as infecções odontogênicas são causadas por múltiplas bactérias, por isso é fundamental entender a natureza polimicrobiana. Outro fator importante é a tolerância ao oxigênio que as bactérias possuem. A maioria das infecções odontogênicas possui bactérias aeróbias e anaeróbias. MICRORGANISMO SOMENTE ANAERÓBICOS -> 44% SOMENTE AERÓBIOS -> 6% ANAERÓBIOS E AERÓBIOS -> 50% As bactéria aeróbias predominantes em infecções odontogênicas (65% dos casos) são do grupo Streptococcus milleri, o qual é composto por 3 membros do grupo S. viridans: S. anginosus, S. intermedius, S. constellatus. Esses organismos facultativos podem iniciar o processo de invasão aos tecidos profundos. As bactérias anaeróbias encontrada em infecções odontogênicas incluem dois principais grupos, cocos anaeróbios Gram-positivos (65% dos casos) – Streptococcus e Peptostreptococcus e bastonete anaeróbios Gram- negativos (3/4 das infecções) – Prevotella, Porphyromonas e Fusobacterium. MICRORGANISMO GRUPO STREPTOCOCCUS MILLERI ESPÉCIES DE PREPTOSTREPTOCOCCUS OUTROS STREPTOCOCCUS ANAERÓBIOS ESPÉCIES DE PREVOTELLA ESPÉCIES DE PORPHYRONAS ESPÉCIES DE FUSOBACTERIUM Após a inoculação inicial dos tecidos mais profundos, o grupo facultativo do S. milleri sintetiza hialuronidase que permite aos microrganismos passarem pelo tecido conjuntivo, iniciando o processo infeccioso do tipo celulite. Os produtos metabólicos oriundo do estreptococcus criam um ambiente favorável para o crescimento dos DR. FRANCISCO RAÚJO MAGALHÃES MOURÃO 73 anaeróbios: liberação de nutrientes essenciais, diminuição do pH dos tecidos e consumo de oxigênio local. As bactérias anaeróbias são então capazes de crescer, causando necrose de liquefação dos tecidos pela síntese de colagenase. Como o colágeno subjacente é fragmentado, ocorre invasão leucocitária, lise e necrose, formando microabscessos que pode fundir-se dentro de um abscesso clinicamente reconhecível. Infecções precoces que aparecem inicialmente como celulite podem ser caracterizadas como infecções estreptocóccicas aeróbias e as tardias, como abscessos crônicos, caracterizando como infecções anaeróbias. A progressão da flora infecciosa, de aeróbia para anaeróbia, parece estar relacionada ao tipo de tumefação. Nos primeiros três dias de sintomas há uma tumefação branda, levemente endurecida que representa o estagio de inoculação. Após três a cinco dias, a tumefação torna-se
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