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12 - Anticonvulsivantes

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INTRODUÇÃO
Os  anticonvulsivantes  são  medicamentos  utilizados  em  pacientes  que  apresentam  convulsões  ou  alterações
cerebrais,  como agressividade,  síndrome  cerebral  etc. São utilizados  como medicamento  único  em cães  que
apresentam epilepsia idiopática ou em associação a outros medicamentos quando a origem das convulsões se
deve a uma alteração metabólica ou orgânica em progressão.
Os  anticonvulsivantes  agem  evitando  os  diferentes mecanismos  que  dão  início  às  crises  convulsivas:  (1)
alteração da função da membrana neuronal, que pode conduzir a uma despolarização excessiva; (2) diminuição
de neurotransmissores  inibitórios,  tais como o ácido gama­aminobutírico (GABA), o neurotransmissor  inibitório
mais  amplamente  distribuído  no  sistema  nervoso  central;  (3)  aumento  dos  neurotransmissores  excitatórios,
como o glutamato; (4) alteração da concentração extracelular de potássio e cálcio. Vários novos medicamentos
têm  sido  utilizados  visando  ao  controle  das  crises  convulsivas,  com  pouco  ou  nenhum  efeito  colateral.  Em
Medicina  Veterinária  são  utilizados  os  medicamentos  que  são  lançados  no  mercado  para  uso  em  Medicina
Humana, e tentativas terapêuticas são feitas em cães e gatos a fim de se descobrirem a farmacocinética e os
efeitos colaterais nestas espécies.
CONVULSÃO E EPILEPSIA
Convulsão  é  uma  alteração  comportamental  transitória  causada  por  disparos  rítmicos,  sincronizados  e
desordenados  de  populações  de  neurônios  cerebrais.  Enquanto  a  convulsão  é  definida  como  um  sintoma
apresentado pelos animais ou seres humanos, a epilepsia indica recorrência dessas crises. Antigamente definia­
se epilepsia como a recorrência de crises sem um processo ativo no cérebro; atualmente a definição segue a
mesma preconizada para seres humanos. Assim, quando o paciente apresentar recorrência das crises devido a
uma lesão anatômica no cérebro, como, por exemplo, um tumor cerebral, denomina­se epilepsia sintomática.
Se  as  crises  forem  causadas  por  uma  alteração  estrutural,  mas  sem  confirmação  do  diagnóstico,  então
denomina­se  de  epilepsia  criptogênica.  Por  último,  denomina­se  epilepsia  idiopática,  quando  não  se
encontra a causa para tais crises convulsivas.
CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES CONVULSIVAS
Foram feitas várias  tentativas para se classificarem as crises convulsivas em cães, visando auxiliar os clínicos
quanto às prováveis causas, localizações e à escolha adequada da medicação a ser usada. Uma classificação
utilizada  é  aquela  descrita  por  Chrisman  em  1991.  Esse  autor  classifica  as  convulsões  em:  convulsões
generalizadas  brandas  ou  graves,  convulsões  parciais,  subdivididas  de  acordo  com  a  sua  localização;  e
convulsão focal com generalização secundária.
  
  
  
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Convulsões generalizadas brandas
Caracterizam­se por alterações motoras em todos os membros, além da musculatura do pescoço e da cabeça,
sem a perda de consciência dos pacientes. Estes podem apresentar uma aura ou uma percepção de que a crise
está vindo, procurando locais para se abrigar ou procurando o proprietário para confortá­los. Logo em seguida a
esta alteração comportamental começam, espontaneamente, contrações clônicas  incontroláveis nos membros,
pescoço e cabeça; o animal em geral mantém­se em decúbito lateral, ansioso e confuso, mas não inconsciente,
e com frequência tenta rastejar até o proprietário. Podem ocorrer neste período sialorreia moderada a excessiva
e, algumas vezes, vômitos. Proprietários  relatam que a duração destas crises varia de 1 a 10 min, mas pode
chegar  a  1  hora,  reduzindo­se  quando  os  cães  são  confortados  pelos  proprietários.  O  período  pós­ictal
caracteriza­se por exaustão e vômitos, se estes não ocorreram no período ictal.
Essas  crises  generalizadas  brandas  estão  frequentemente  associadas  a  epilepsia  idiopática  em Poodles,
mas também a distúrbios metabólicos e tóxicos.
Convulsões generalizadas graves
Também denominadas crises  tônico­clônicas ou  “grande mal”; de modo diferente das generalizadas brandas,
caracterizam­se  pela  perda  de  consciência.  Os  animais  apresentam  sialorreia  abundante  e  contrações
mandibulares seguidas de contrações  tônico­clônicas das musculaturas dos membros, pescoço e  face; alguns
vocalizam, devido à passagem de ar pela laringe contraída; os olhos em geral mantêm­se abertos com dilatação
pupilar  bilateralmente.  Ocorre  também  micção  ou  defecação  espontânea  pelo  relaxamento  dos  esfíncteres.
Durante o período das fases tônico­clônicas os animais não conseguem respirar e tornam­se cianóticos; as vias
respiratórias  dos  cães  e  gatos  raramente  se  tornam  obstruídas  pela  língua,  portanto,  devem­se  alertar  os
proprietários  quanto  aos  riscos  de  acidentes  por  mordedura  ou  obstrução  das  vias  respiratórias  superiores
quando da tentativa de exteriorizar a língua.
A duração da fase ictal é de aproximadamente 30 a 90 s. O período pós­ictal, que varia de alguns minutos
até  1  hora,  é  representado  pela  exaustão  do  animal  com  sonolência  acentuada  ou  hiperatividade,  andar
compulsivo, amaurose devido à dilatação pupilar e desorientação; alguns apresentam­se famintos ou sedentos.
As convulsões generalizadas graves estão associadas a distúrbios metabólicos, tóxicos ou a epilepsia idiopática
ou  verdadeira  na  maioria  das  raças  de  cães  e  gatos,  estando  as  de  longa  duração  ligadas  a  distúrbios
metabólicos ou tóxicos.
Convulsões parciais
Também chamadas de  focais,  decorrem de uma descarga  focal  e  envolvem apenas uma  região  do  cérebro.
Caracterizam­se pela presença paroxística de espículas ou complexos ponta­onda lentos nas regiões próximas
ao foco e com sintomatologia clínica, na dependência da área envolvida. Estas crises parciais estão comumente
associadas a uma lesão focal no cérebro causada por uma infecção, a lesão metabólica ou traumática ou, ainda,
a neoplasia.
As convulsões parciais podem ser subdivididas em:
Convulsão parcial do lobo frontal ou focal motora: o animal apresenta contrações em musculatura do
lado oposto do lobo frontal afetado; a cabeça pode desviar­se para o local da descarga
Convulsão  parcial  do  lobo  temporal  ou  psicomotora:  período  comportamental  anormal  com
desorientação e confusão mental ou corrida com agressividade, estando associada a descargas neuronais
no lobo temporal ou sistema límbico
Convulsão psíquica ou de  lobo  temporal ou occipital:  alterações  comportamentais  que  surgem como
alucinações (p. ex., “caçar moscas”); têm sido observadas em Schnauzer e Cavalier King Charles Spaniels
Convulsão do lobo parietal ou automutilação: os pacientes apresentam esporadicamente automutilação
de alguma região do corpo ou mesmo a cauda; alguns animais apresentam eletroencefalograma anormal e
podem responder à terapia anticonvulsivante. O foco provável está em região sensorial ou somestésica do
lobo parietal
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Convulsão do  sistema  límbico ou hipotalâmica:  poucos  casos  de  vômitos  e  diarreia  crônica  têm  sido
constatados por descargas no sistema límbico, incluindo o hipotálamo, apresentando espículas nos traçados
eletroencefalográficos e melhora após o uso de anticonvulsivantes.
Convulsões focais com generalização secundária
Pacientes com crises focais ou parciais podem apresentar generalização da descarga neuronal a partir do foco
para outras regiões do cérebro, resultando em crise generalizada grave; a fase focal pode ser tão rápida que os
proprietários  relatam  ao  médico­veterinário  apenas  a  generalização.  Este  tipo  de  convulsão  pode  ser
diagnosticado por meio de uma anamnese acurada, pela presença de espículas ou pontasondas nos traçados
eletroencefalográficos ou alteração neurológica no exame físico do animal, compatível com uma lesão orgânica
em um dos hemisférioscerebrais. Se a causa da convulsão for uma afecção ativa e presente, como encefalite,
intoxicação,  deficiência  nutricional,  distúrbios  metabólicos  ou  neoplasias,  o  animal  pode  não  se  recuperar
completamente.
Quando o  foco estiver  em  região motora,  o  animal  pode apresentar  desvio  lateral  da  cabeça e alteração
motora contralateral ao  local do  foco, que em geral é  relatada pelo proprietário. Se a crise se  iniciar em uma
área  não  motora,  a  convulsão  focal  pode  ser  ignorada  pelos  proprietários.  Alguns  pacientes  demonstram
alterações focais após a generalização, como andar compulsivo e em círculos do mesmo lado da lesão.
Outras crises
Existem outros tipos de crises convulsivas que não foram ainda perfeitamente caracterizadas. São elas:
Ausências:  são  muito  comuns  em  seres  humanos,  caracterizadas  por  perda  transitória  e  rápida  de
consciência,  associadas ou não a  sinais  vegetativos e/ou motores e  com um padrão eletroencefalográfico
típico. Tais  crises  têm sido descritas em animais,  embora não  confirmadas. Em Medicina Veterinária  elas
podem ser confundidas com síncopes ou convulsões focais motoras
Convulsões mioclônicas:  caracterizam­se por contrações breves e  repentinas de um ou mais músculos.
Podem aparecer isoladamente ou desenvolver crises tônico­clônicas. Este tipo de crise tem sido descrito em
cães  idosos  que  desenvolvem  doença  de  Lafora  (epilepsia mioclônica),  uma  doença  de  armazenamento.
Dorothea Schwartz­Porsche (1994) observou esta crise apenas em Basset Hounds
Convulsões clônicas; caracterizam­se por contrações musculares clônicas. Assemelham­se às convulsões
do tipo “grande mal”, sem a fase tônica. São encontradas raramente em cães e ocorrem com frequência em
gatos. Sem o uso do eletroencefalograma,  torna­se difícil distingui­las das convulsões focais complexas ou
psicomotoras
Convulsões  tônicas:  ocorrem  principalmente  em  cães,  com  ou  sem  perda  de  consciência.  O  tônus
muscular está aumentado em todos os músculos esqueléticos. São encontradas primariamente em Poodle,
Dachshund e Terrier.
QUANDO UTILIZAR A TERAPIA ANTICONVULSIVANTE
A terapia anticonvulsivante é  indicada quando o padrão das crises convulsivas ou a sua  frequência estiverem
interferindo  na  vida  do  animal.  Crises  generalizadas  brandas  ou  focais  esporádicas  ou  mesmo  crises
generalizadas  graves,  não  ultrapassando  algumas  por  ano,  não  necessitam de  controle medicamentoso. Por
outro  lado, quando  tais crises se  tornarem frequentes ou os proprietários  forem afetados emocionalmente por
elas, dá­se início à terapia.
Os proprietários devem ser  informados sobre a necessidade de manter o  tratamento  ininterruptamente, a
posologia recomendada e a variação individual quanto aos medicamentos e suas dosagens entre os diferentes
pacientes. Portanto,  uma  vez  iniciada a  terapia,  não  se  deve  interrompê­la. É  importante  também manter  os
proprietários  informados  que,  neste  período  de  adaptação,  os  pacientes  poderão  apresentar  novas  crises
convulsivas, até o ajuste adequado da dose do medicamento.
Recomenda­se  que  os  proprietários  anotem  em  um  calendário  as  frequências  das  crises,  o  número  de
  
convulsões por período e a duração das mesmas, auxiliando assim o profissional a avaliar o sucesso ou não da
terapia  utilizada. Como a maioria  das  crises  convulsivas  é  controlada  e  não  curada,  o  sucesso  desta  terapia
anticonvulsivante depende primariamente da compreensão e cooperação dos proprietários.
Atualmente, escolhe­se um ou no máximo dois medicamentos para o controle das crises, uma vez que a
associação de vários agentes pode dificultar a identificação do medicamento que está prejudicando o paciente
ou qual deles deve ter sua dose ajustada.
O tratamento das convulsões depende da sua etiologia. Os anticonvulsivantes são indicados em pacientes
que  apresentam  epilepsia  idiopática  ou  adquirida,  mas  não  com  doenças  em  evolução.  Pacientes  que
apresentam convulsões por lesão estrutural requerem terapia adicional dependendo da causa (p. ex., neoplasia,
encefalite),  enquanto  os  animais  que  apresentam  convulsões  de  origem  extracraniana  têm  o  seu  uso
contraindicado,  uma  vez  que  a  causa  das  crises  deve  ser  avaliada  e  eliminada  (hipoglicemia,  encefalopatia
hepática ou renal).
Geralmente,  inicia­se  o  tratamento  com  fenobarbital,  por  ser  o medicamento  que  apresenta melhor  nível
sérico em pouco tempo, com controle das crises, e poucos efeitos colaterais quando usado por período longo.
Cerca de 60 a 80% dos animais apresentam sucesso no controle das convulsões empregando­se o fenobarbital
como medicamento único. Se as crises persistirem ou os pacientes apresentarem efeitos colaterais, devem­se
ajustar as doses ou fazer a determinação sérica desse medicamento.
Quando há persistência da sintomatologia, substitui­se a medicação ou associa­se outro anticonvulsivante,
além de  se  verificar,  por meio  de  exames  físicos  ou  complementares,  se  o  paciente  apresenta  uma  afecção
orgânica  progressiva,  como,  por  exemplo,  uma  neoplasia  cerebral.  Se  houver  controle  parcial  do  quadro
convulsivo com crises brandas em intervalos  longos pode­se associar a  flunarizina ao barbitúrico; se as crises
persistirem  com  uma  intensidade  maior  pode­se  utilizar  o  brometo  de  potássio.  Cães  resistentes  a  esses
medicamentos poderão receber medicamentos mais novos disponíveis no mercado, como a gabapentina ou o
topiramato.  Recentemente,  Podell  et  al.  (2016),  em  um  consenso  realizado  por  ocasião  do  congresso  do
American College of Veterinary Internal Medicine (ACVIM) realizado em 2015 sobre manejo de convulsões em
cães, preconizaram como medicamentos antiepilépticos iniciais eficazes o fenobarbital ou a imepitoína, seguidos
do brometo de potássio e, posteriormente, a zonisamida e o levetiracetam, os quais podem ser menos eficazes.
A primidona não é recomendada, pois pode ser ineficaz e/ou perigosa para os pacientes.
Se as crises convulsivas estiverem controladas, monitoram­se a função hepática e a medula óssea destes
pacientes  (os barbitúricos a  cada 6 ou 9 meses, enquanto os demais devem ser monitorados a cada 1 ou 3
meses). Uma vez controladas por mais de 6 meses, pode­se retirar, de forma gradativa, o medicamento utilizado
e só retornar à dose inicial se houver recidiva das crises.
ANTICONVULSIVANTES USADOS EM MEDICINA VETERINÁRIA
A  seguir  são  apresentados  os  anticonvulsivantes  empregados  em  Medicina  Veterinária  para  o  controle  das
convulsões.
Fenobarbital
O fenobarbital limita a disseminação da atividade da crise e também eleva o limiar para a mesma, primariamente
por meio do aumento da concentração de GABA (ver Capítulo 11).
Por via oral,  o  fenobarbital  é absorvido completamente, porém de maneira  lenta. A concentração máxima no
plasma ocorre várias horas após uma única dose. Cerca de 40 a 60% ligam­se às proteínas plasmáticas, e o
medicamento se liga em proporção semelhante aos tecidos, incluindo o cérebro. O pKa do fenobarbital é de 7,3
e até 25% da dose sofrem eliminação  renal pH­dependente, em  forma  inalterada, sendo o  restante  inativado
pelas  enzimas  hepáticas microssômicas.  O  principal metabólito,  o  derivado  para­hidroxifenílico,  é  inativado  e
excretado parcialmente na urina como glicuronídio conjugado. Outro metabólito do fenobarbital é o derivado N­
glicosídio. Os níveis plasmáticos se estabilizam entre 7 e 10 dias e a meia­vida está em tomo de 47 a 74 h no
cão; é um potente  indutor enzimático, aumentando sua própria eliminação, que pode variar entre 30 e 102 h
nesta espécie.
  
  
Indicação. Convulsões generalizadas e focais, e/ou quando o custo da terapia é o fator a ser considerado, pois
é um medicamento de baixo custo.
Dose. A dose recomendada para cães é de 2 a6 mg/kg a cada 12 h, ao passo que para gatos é de 1 a 5 mg/kg
a cada 12 h. O  fenobarbital aplicado por via  intravenosa pode demorar de 20 a 30 min até que se consiga o
efeito anticonvulsivo. Para obter concentrações terapêuticas (20 μg/mℓ) imediatas, pode­se administrar na dose
de  12  mg/kg.  Se  associado  ao  diazepam  por  via  intravenosa,  deve­se  administrar  o  fenobarbital  por  via
intramuscular,  o  que  evita  a  depressão  respiratória  e  cardiovascular.  Os  níveis  séricos  efetivos  como
medicamento isolado variam de 15 a 40 μg/mℓ.
Efeitos colaterais.  Os  principais  efeitos  colaterais  produzidos  pelo  fenobarbital  são  sedação,  hiperatividade
paradoxal,  poliúria,  polidipsia e polifagia;  raramente ocorre anemia. Alteração hepática,  particularmente  se as
concentrações  plasmáticas  estiverem  próximas  do  nível  terapêutico  máximo,  pode  ser  uma  sequela
potencialmente letal do tratamento a longo prazo. O aumento das transaminases séricas e da fosfatase alcalina,
por si só, não indica dano hepático ou alteração da função hepática, mas pode refletir simplesmente a indução
enzimática ocasionada pelo fenobarbital. As provas de função hepática são mais adequadas para refletir o efeito
clínico do dano hepático causado pelos agentes anticonvulsivantes. A hepatotoxicidade melhora com a retirada
ou a diminuição do medicamento antes da produção de lesões irreversíveis (p. ex., fibrose).
Primidona
O mecanismo de ação da primidona é similar ao do  fenobarbital, uma vez que, após sua biotransformação, o
metabólito mais potente é o próprio fenobarbital.
A primidona é rápida e quase completamente absorvida após a administração oral. A concentração máxima
ocorre geralmente 3 h após a ingestão. A meia­vida plasmática varia, em média, de 5 a 15 h.
Este  medicamento  sofre  biotransformação  no  fígado,  formando  dois  metabólitos  ativos:  fenobarbital  e
feniletilmalonamida (FEMA). Aproximadamente 40% do medicamento são excretados sem alterações, enquanto
o restante se transforma em FEMA não conjugada e, em menor proporção, fenobarbital e seus metabólitos.
Indicação. Convulsões generalizadas e  focais. Atualmente, evita­se o uso desse medicamento, uma vez que
não  tem  nenhuma  vantagem  quando  comparado  ao  uso  do  fenobarbital  e  também  pelo  alto  risco  de  os
pacientes apresentarem efeitos colaterais, principalmente hepatotoxicidade.
Dose.  Em  cães,  a  dose  recomendada  é  de  35  a  70 mg/kg/dia,  divididos  em  2  vezes.  Não  se  recomenda  a
primidona para utilização em gatos, por  ser muito  tóxica nesta espécie. Uma vez que 85% de primidona são
biotransformados em fenobarbital, monitora­se este metabólito.
Efeitos  colaterais.  Frequentemente  maiores  do  que  aqueles  com  o  fenobarbital:  sedação,  hiperatividade
paradoxal, polidipsia, poliúria e polifagia. A atividade enzimática hepática está mais aumentada com a primidona
do que com o fenobarbital, estando a primidona associada a uma frequência alta de hepatotoxicidade.
Fenitoína
A  fenitoína, antigamente denominada difenil­hidantoína,  tem efeito estabilizador em membranas excitáveis de
várias células,  incluindo neurônios e células musculares cardíacas. Pode diminuir o  influxo de sódio durante o
repouso, bem como o influxo de sódio que ocorre durante o potencial de ação ou de polarização por substâncias
químicas. Reduz o potencial pós­tetânico e limita o espraiamento da atividade das convulsões, e se a convulsão
ocorrer, não será grave.
Após  ingestão  oral,  a  fenitoína  é  absorvida  lentamente,  distribuindo­se  por  todos  os  tecidos.
Aproximadamente 90% da substância ligam­se às proteínas plasmáticas, principalmente à albumina. A ligação
fracionada dos tecidos,  incluindo o cérebro, é quase a mesma do plasma. Menos de 5% do medicamento são
eliminados  pelos  rins  sem  alteração  e  o  restante  é  biotransformado,  principalmente  pelo  sistema
reticuloendoplasmático do  fígado,  cujo principal metabólito, o para­hidroxifenílico, é  inativo. A meia­vida deste
medicamento é de 4 h no cão e de 24 a 108 h no gato.
Indicação.  Convulsões  generalizadas  e  focais;  raramente  utilizada  em  cães  e  não  recomendada  em  gatos.
Cães que apresentam efeitos colaterais  causados pelos outros medicamentos ou  refratários aos mesmos ou,
  
ainda,  cães  de  trabalho  ou  utilizados  em  espetáculos,  nos  quais  a  sedação  pode  ser  um  efeito  colateral
indesejado. Não se recomenda a utilização da  fenitoína pela via parenteral em cães, como utilizada em seres
humanos.
Dose. Para cães, recomendam­se 20 a 35 mg/kg a cada 6 ou 8 h; o nível sérico efetivo é de 10 a 20 μg/mℓ. Este
medicamento  não  é  recomendado  para  gatos,  mas,  se  utilizado,  devem­se  monitorar  as  concentrações
plasmáticas, evitando intoxicação medicamentosa.
Efeitos colaterais.  A  administração  da  fenitoína  pode  causar  hepatopatia;  raramente  verificam­se  anemia  e
hiperplasia gengival. Este medicamento esporadicamente apresenta sedação como efeito colateral.
Benzodiazepínicos
Dentre as várias substâncias deste grupo, as mais utilizadas em animais  são o diazepam, o clonazepam e o
clorazepato dipotássico. Os demais benzodiazepínicos praticamente não são utilizados e, quando substituem o
diazepam, apresentam praticamente os mesmos efeitos.
Os  benzodiazepínicos  aumentam  a  inibição  sináptica  mediada  pelo  GABA.  O  receptor  para
benzodiazepínico  é  uma  parte  integrante  do  receptor  GABAA  (maiores  detalhes  sobre  as  ações  dos
benzodiazepínicos são descritos no Capítulo 14).
Diazepam
Características.  Absorvido  por  via  oral,  é  rapidamente  biotransformado  pelo  fígado  em  vários  metabólitos
predominantemente ativos; o principal metabólito do diazepam, o N­desmetildiazepam, é um pouco menos ativo
que  o  medicamento  original  e  pode  funcionar  como  agonista  parcial.  Tanto  o  diazepam  quanto  o  N­
desmetildiazepam  são  lentamente  hidroxilados  em  outros metabólitos  ativos  como  o  oxazepam.  A meia­vida
plasmática do diazepam é de 1 a 2 dias, enquanto a do N­desmetildiazepam é de cerca de 60 h. Menos de 1%
do medicamento é eliminado pelos rins de forma inalterada.
Após administração por via intravenosa, o diazepam penetra rapidamente no sistema nervoso central (SNC),
sendo, por isso, o anticonvulsivante de eleição em caso de emergência.
Indicação: Status epilepticus, convulsões generalizadas e focais, convulsões mioclônicas e crises de ausência.
Não  se  utiliza  o  diazepam  como  anticonvulsivante  único  em  cães,  pois  desenvolve  tolerância  em  1  a  2
semanas. Em gatos mantém a sua eficácia, sendo o segundo medicamento de eleição, depois do fenobarbital.
Na  espécie  humana  usa­se,  em  crianças,  a  administração  retal  com  soluções  injetáveis  para  o  controle
emergencial das crises; esta opção é também razoável para o uso em cães, assim como a via nasal.
Dose. A dose  recomendada para cães de pequeno porte é de 0,5 a 1,0 mg e de 10 a 50 mg para cães de
grande porte; para gatos, a dose utilizada é de 1 a 2 mg cada 8 h. Quando se utiliza a via intravenosa, a dose
recomendada é de 0,5 a 1,0 mg/kg para cães e gatos.
Efeitos  colaterais.  Sedação  e  polifagia.  Em  gatos,  a  administração  oral  pode  levar  à  necrose  hepática
fulminante aguda.
Clonazepam
É  biotransformado  principalmente  pela  redução  do  grupamento  nitro  e  produz  derivados  7­amino  inativos.  A
meia­vida  plasmática  é  de  1  dia.  Também  é  recomendado  para  uso  no  status  epilepticus,  convulsões
generalizadas e  focais,  crises de ausência ou convulsões mioclônicas; desenvolve  tolerância em cães e pode
piorar as convulsões generalizadas tônicas. Este medicamento é mais efetivo quando utilizado em combinação
com o fenobarbital. Até o momento, não se têm relatos de sua utilização em gatos.
A  dose  recomendada  é  de  1,5  mg/kg,  dividida  em  3  doses,  e,  quando  associadoao  fenobarbital,
recomenda­se 0,06 a 0,2 mg/kg, dividido em 3 a 4 doses. No status epilepticus utiliza­se por via intravenosa, na
dose  de  0,05  a  0,2 mg/kg.  Os  níveis  séricos  efetivos  estão  entre  0,02  e  0,08  μg/m ℓ .  O  efeito  colateral  é  a
sedação.
Clorazepato
  
  
Após a absorção é descarboxilado  rapidamente no estômago e  transformado em N­desmetildiazepam, que é
absorvido no  intestino delgado. O  clorazepato dipotássico é  indicado para uso em pacientes  com convulsões
refratárias  a  outros  medicamentos.  A  tolerância  aos  efeitos  anticonvulsivos  do  clorazepato  não  parece
desenvolver­se  tão  rapidamente  como  com  os  outros  benzodiazepínicos.  Por  outro  lado,  a  meia­vida  deste
medicamento é tão curta que precisa ser administrado várias vezes ao dia para se ter o efeito desejado. Alguns
autores recomendam a administração a cada 3 h, e observou­se que há desenvolvimento de dependência física
tão  grande  que,  quando  retirado  abruptamente,  os  cães  podem apresentar  convulsões  levando  até  à morte.
Quando utilizado em associação com o fenobarbital, torna­se mais efetivo. Forrester et al. (1993) recomendam 2
mg/kg  2  vezes/dia  em  cães,  mantendo  a  mesma  concentração  terapêutica  considerada  ótima  em  seres
humanos.
A dose recomendada é de 2 a 6 mg/kg/dia, divididos em 2 a 3 doses; quando utilizado com o fenobarbital
deve­se  aumentar  a  dosagem.  Também  não  existem  relatos  até  o momento  sobre  a  utilização  em  gatos. O
principal efeito colateral produzido pelo clorazepato é a sedação; alguns pacientes apresentam ataxia e sedação
transitória. A hepatotoxicidade também é um efeito colateral em potencial.
Carbamazepina
A carbamazepina e a fenitoína têm ação semelhante nos canais de sódio; ambas parecem produzir uma inibição
diferencial  de  descargas  de  alta  frequência  no  foco  epiléptico  e  em  suas  adjacências,  com  pouco  efeito  na
função  neuronal  normal.  Uma  outra  ação  provável  está  relacionada  com  descarga  dos  neurônios
noradrenérgicos do locus coeruleus, contribuindo assim para a ação anticonvulsivante deste medicamento.
A carbamazepina é absorvida lenta e irregularmente após administração oral; as concentrações plasmáticas
máximas ocorrem geralmente 4 a 8 h após a ingestão oral, mas podem ocorrer até 24 h depois, especialmente
após a administração de grandes doses. O medicamento se distribui  rapidamente para  todos os  tecidos, com
aproximadamente 75% ligando­se às proteínas plasmáticas, e a concentração no liquor parece ser semelhante
à concentração livre no plasma. A carbamezepina é biotransformada no fígado, cujo principal metabólito, 10,11­
epóxido,  é  tão  ativo  quanto  o  medicamento  original.  Tanto  a  carbamazepina  quanto  este  metabólito  são
biotransformados no fígado e eliminados através dos rins. A meia­vida plasmática varia de 10 a 20 h, quando
utilizada  como medicamento  único;  quando  associada  à  fenitoína  ou  ao  fenobarbital,  a meia­vida  é  reduzida
para 9 a 10 h.
Indicação. Convulsões generalizadas e focais.
Dose.  Em  cães,  recomendam­se  4  a  10  mg/kg/dia,  divididos  em  2  a  3  vezes,  podendo  ser  associada  ao
fenobarbital.  Em  gatos  a  carbamazepina  foi  utilizada  na  dose  de  25  mg,2  vezes/dia,  para  o  controle  de
comportamento agressivo.
Efeitos  colaterais.  A  administração  de  carbamazepina  pode  produzir  sedação,  nistagmo,  vômitos  e
hepatopatia.
Ácido valproico
A hipótese atual para o mecanismo de ação do valproato baseia­se nas interações possíveis com os canais de
sódio  voltagem­dependentes  e  em  possível  acúmulo  de  GABA  (in  vitro,  observou­se  que  o  valproato  pode
estimular  a  atividade  da  glutamato­descarboxilase,  e  inibir  a  GABA­transaminase,  enzimas  responsáveis,
respectivamente, pela síntese e degradação do GABA).
Características. O  ácido  valproico  é  rápida  e  totalmente  absorvido  após  administração oral. A  concentração
plasmática máxima surge em 1 a 4 h, mas pode ocorrer após várias horas se o medicamento for administrado
em  preparações  para  absorção  entérica  ou  com  as  refeições.  Aproximadamente  90%  se  ligam  às  proteínas
plasmáticas. A maior parte do medicamento é biotransformada pelo fígado e excretada na urina; apresenta um
metabólito  potencialmente  ativo  que  é  o  ácido  2­propil­2­pentenoico.  A  meia­vida  do  ácido  valproico  é  de
aproximadamente 15 h, mas pode ser menor quando em associação com outros agentes anticonvulsivantes.
Indicação. Convulsões generalizadas e focais; crise de ausência. Não se recomenda para gatos.
Dose. 15 a 200 mg/kg (divididos em 3 ou 4 doses). Pode ser associado ao fenobarbital.
  
  
  
Efeitos colaterais. Sedação e hepatopatia.
Brometo de potássio
O brometo de potássio era utilizado em seres humanos desde o século 19, sendo abandonado por  ter vários
efeitos  colaterais  nesta  espécie.  Em Medicina  Veterinária,  foi  introduzido  para  uso  em  cães,  sem  os  efeitos
colaterais  encontrados  no  homem.  Mostrou­se  um  produto  eficaz,  diminuindo  a  frequência  das  crises
convulsivas até o seu controle total.
O  mecanismo  de  ação  do  brometo  de  potássio  não  está  perfeitamente  elucidado;  sugere­se  que  esta
substância  agiria  mimetizando  a  ação  dos  cloretos  nos  neurônios,  alterando  a  excitabilidade  celular  e
promovendo hiperpolarização dos neurônios.
Este medicamento não promove a indução enzimática e nem interage com nenhum outro medicamento. A
meia­vida é de aproximadamente 16,5 dias e sua eliminação é de 25 dias, e ocorre quase que exclusivamente
através dos rins. Em virtude da meia­vida longa deste medicamento, pode­se utilizá­lo 1 vez/dia; alguns autores
recomendam fracionar a dose em duas a cinco tomadas diárias, em razão do sabor amargo e da hipertonicidade
deste medicamento, evitando distúrbios gastrintestinais. A administração é feita na concentração de 220 mg por
cada mℓ de água. Devido ao fato de o brometo competir com os cloretos no nível dos túbulos renais, dietas ricas
em cloretos promovem a não  reabsorção do brometo, diminuindo com  isso a sua concentração plasmática, o
que exige um reajuste na dose.
Indicação.  Tem sido utilizado  com sucesso em cães que apresentam convulsões generalizadas  refratárias a
outros medicamentos ou que desenvolveram hepatopatia pelo uso dos mesmos. Alguns autores recomendam
como medicamento inicial em cães de grande porte. Em gatos, foi realizado um estudo mostrando que ele pode
ser eficaz.
Dose. Preconiza­se a dose de 22 a 40 mg/kg 1 vez/dia ou dividida em duas tomadas, utilizada como medicação
única ou associada a outros anticonvulsivantes, como o fenobarbital. Em gatos pode ser utilizado na dose de 30
mg/kg/dia. Os níveis séricos efetivos do brometo de potássio utilizado como medicação única variam de 88 a 300
mg/dℓ, ao passo que associado a outros anticonvulsivantes, os níveis alternam­se entre 81 e 240 mg/dℓ.
Efeitos colaterais. O brometo de potássio apresenta como efeito colateral mais  frequente ataxia  locomotora,
principalmente  com  os  membros  pélvicos,  que  desaparece  com  a  redução  da  dose;  raramente  favorece  o
desenvolvimento de pancreatite ou, algumas vezes, hiperatividade. Pode desenvolver­se quadro de dermatite
alérgica  em  pacientes  com  histórico  de  atopia.  Em  alguns  animais  o  brometo  de  potássio  pode  promover
aumento  nos  níveis  séricos  de  potássio,  principalmente  quando  ocasionados  por  distúrbios  renais.  Nesses
animais deve­se substituir o potássio por outro cátion, o sódio; como este é mais difícil de se solubilizar em água
e mais pesado, deve­se diminuir a sua concentração para até 211 mg de brometo de sódio para cada mℓ  de
água.  Em  gatos,  35  a  42%  destes  animais  podem  desenvolver  pneumonite,  caracterizada  por  tosse  e  um
padrão brônquico observado em radiografias torácicas.
Precauções.O brometo de potássio deve ser administrado com o uso de  luvas, evitando­se o contato com a
pele devido à possibilidade de lesões cutâneas.
Flunarizina
A flunarizina é um bloqueador de canal de cálcio utilizado para a redução do excesso do  fluxo de cálcio para
dentro dos neurônios, os quais estão associados a um aumento da excitabilidade do neurônio. Até o momento
não  há  nenhuma  evidência  clínica  para  a  sua  indicação  como  medicamento  anticonvulsivante  em  animais,
embora nossa experiência clínica tenha mostrado ser útil como medicamento suplementar, na dose de 1,25 a 10
mg/animal, 2 vezes/dia, em cães ou gatos apresentando crises convulsivas isoladas e pouco frequentes.
Gabapentina
É  um  aminoácido  sintético  muito  semelhante  ao  GABA,  mas,  ao  contrário  do  próprio  GABA,  ultrapassa  a
barreira  cerebral  rapidamente.  Esta  substância  química  tem  o  seu  espectro  de  ação  similar  ao  da
carbamazepina e ao da fenitoína; possui características farmacocinéticas que favorecem seu uso, como o fato
  
  
  
de  não  ser  biotransformada  em  seres  humanos,  ser  bem  tolerada  e  ter  pouca  interação  com  outros
anticonvulsivantes.
Em  cães,  a  gabapentina  sofre  biotransformação  hepática  parcial,  sendo  30%  transformadas  em N­metil­
gabapentina,  mas  não  ocorre  indução  apreciável  de  enzimas  microssomais  hepáticas.  A  absorção  intestinal
depende do sistema transportador de aminoácidos, mostrando propriedade de saturabilidade, o que indica que o
aumento da dose não aumenta a quantidade absorvida.
Em  cães,  a meia­vida  é  de  cerca  de  2  a  4  h,  requerendo  administração  frequente  para  alcançar  o  nível
sérico ideal.
Indicação e dose. Recomenda­se a utilização de terapia complementar na dose de 10 a 20 mg/kg 3 vezes/dia.
Em  gatos,  foi  utilizada  na  dose  de  5  a  10  mg/kg  2  vezes/dia,  mas  não  há  informações  da  sua  eficácia  e
segurança quando do uso crônico nessa espécie.
Efeitos colaterais. Sedação é o efeito colateral primário da gabapentina.
Felbamato
É um anticonvulsivante utilizado em pacientes epilépticos humanos como medicação única ou em associação
com  outros  medicamentos  antiepilépticos.  Age  como  antagonista  direto  nos  receptores  do  neurotransmissor
excitatório, glutamato. No Brasil o felbamato não é comercializado e no exterior é encontrado como Felbatol™,
em apresentação de solução oral (600 mg/mℓ) e em comprimidos de 400 e 600 mg.
Indicação e dose. Em cães, é utilizado para controle de crises parciais; a vida média do  felbamato está em
torno de 5 a 8 h e a dose oral recomendada é de 15 a 60 mg/kg, 3 vezes/dia. É um fármaco pouco utilizado em
Medicina  Veterinária  devido  aos  seus  efeitos  colaterais,  à  interação  com  outras  substâncias  e  ao  alto  custo.
Quando associado ao fenobarbital, devem­se monitorar os níveis séricos deste último, uma vez que há interação
destes medicamentos.
Efeitos  colaterais.  Os  efeitos  colaterais  mais  importantes  são  discrasias  sanguíneas  e  hapatopatias.
Recomenda­se a realização de hemograma completo e avaliação das enzimas hepáticas séricas a cada 2 ou 3
meses, quando da utilização desse medicamento.
Topiramato
É um monossacarídio derivado da D­frutose que apresenta uma substituição com sulfamato, utilizado em seres
humanos adultos que apresentam crises parciais. Age em canais de sódio voltagem­dependentes, bloqueando
disparos  repetitivos,  de  maneira  similar  à  fenitoína.  Além  disso,  o  topiramato  ativa  a  corrente  de  potássio
hiperpolarizada  e  também  limita  a  ativação  de  receptores  de  glutamato  do  subtipo  AMPA/cainato.  Também
causa fraca inibição sobre a anidrase carbônica.
É  rapidamente  absorvido  após  administração  oral,  sendo  excretado  inalterado,  sobretudo  na  urina.  Sua
meia­vida no homem é de cerca de 24 h. Em cães a meia­vida do topiramato é curta.
Indicação e dose. Recomenda­se a dose de 5 a 10 mg/kg, 2 vezes/dia, como medicação adicional no controle
de crises parciais e generalizadas. Em nossa experiência clínica utilizamos como medicação suplementar, na
dose de 2 a 10 mg/kg, 2 vezes/dia.
Efeitos colaterais. Transtornos gastrintestinais e irritabilidade são os efeitos colaterais primários.
Levetiracetam
É  uma  pirrolidina,  o  5  enantiômero  racemicamente  puro  do  α­etil­2­oxo­1­pirrolidinacetamida;  no  Brasil  é
comercializado com o nome de Keppra® sob a forma de comprimido revestido nas concentrações de 250 mg e
750  mg  e  de  solução  oral  na  concentração  de  100  mg/m ℓ .  Apresenta  estrutura  química  semelhante  à  do
piracetam  (nootrópico,  isto  é,  substância  química  que  melhora  o  desempenho  cognitivo),  porém  com  ações
farmacológicas diferentes, inibindo as convulsões parciais e tônico­clônicas secundárias.
O mecanismo de ação do levetiracetam é desconhecido. Um local de ligação seletivo foi identificado em uma
proteína vesicular sináptica (SVA2), regulando a transmissão sináptica mediada pelo cálcio. Esse medicamento
possui  absorção  completa  e  rápida  após  administração  oral,  com  um  mínimo  de  ligação  às  proteínas
  
  
  
plasmáticas; não apresenta biotransformação hepática e no cão 89% são eliminados de maneira inalterada pela
urina.
Indicação e dose. Utiliza­se o levetiracetam como tratamento suplementar em cães com epilepsia refratária ao
fenobarbital,  brometo  de  potássio  ou  ambos. A  dose  recomendada é  de  20 mg/kg,  por  via  oral,  3  vezes/dia,
podendo  ser  aumentada  de  20  em  20  mg/kg  até  alcançar  a  eficácia.  Esse  medicamento  também  pode  ser
administrado por via parenteral na dose de 20 mg/kg, alcançando concentração sérica desejável em um período
curto quando utilizada a via intravenosa e de 40 min quando da utilização pela via intramuscular.
Efeitos colaterais. São descritos andar cambaleante, sialorreia, redução do apetite, vômitos e sedação.
Zonisamida
A  zonisamida  (1,2­benzisoxazol­3­metanossulfonamida)  é  um  derivado  da  sulfonamida,  originalmente
desenvolvido para ser um antibacteriano e que, casualmente, demonstrou possuir propriedades antiepilépticas.
Não é comercializado no Brasil (no exterior é encontrado como Zonegran™, em comprimidos de 25, 50 e 100
mg). O mecanismo de ação mais provável parece ser a  inibição de canais de cálcio  tipo T. Também causa a
deflagração repetida e mantida dos neurônios da medula espinal provavelmente pelo prolongamento do estado
de inativação dos canais de sódio voltagem­dependentes (semelhante à fenitoína e à carbamazepina).
Após  a  administração  oral,  ocorre  absorção  quase  que  inteiramente  da  zonisamida. No  ser  humano  tem
meia­vida longa, cerca de 63 h, e apresenta 40% de ligação com as proteínas plasmáticas. Em cães, sua meia­
vida de eliminação é de 15 a 20 h.
A  zonisamida  é  predominantemente  biotransformada  pelo  fígado  e,  quando  administrada  junto  com  o
fenobarbital, há um aumento do clearance desse medicamento em aproximadamente 50% com redução da sua
meia­vida. O  tratamento  com a  zonisamida  pode  afetar  a  função  tireoidiana,  diminuindo  os  níveis  séricos  de
tiroxina (T4) total; no entanto, os níveis de T4 livre e TSH (hormônio tireoestimulante) permanecem dentro dos
valores de referência. A zonisamida é também um inibidor fraco da anidrase carbônica; portanto, deve­se evitar
sua utilização concomitante com outros inibidores dessa enzima.
Indicação e dose. Utiliza­se a zonisamida para controle de crises parciais e generalizadas como monoterapia
na dose de 5 mg/kg, 2 vezes/dia, ou como medicação adicional, na dose de 4 a 10 mg/kg, 2 vezes/dia, em cães.
Efeitos colaterais. São sedação, ataxia, anorexia e inapetência; a ataxia e a sedação podem ser transitórias.
Deve  ser  utilizada  com  precaução  em  pacientes  hepatopatas  e  nefropatas,  existindo  relatos  de  hepatopatia
tóxica em cães.
Pregabalina
A  pregabalinafoi  sintetizada  visando  superar  a  gabapentina,  em  termos  de  potência.  Esperava­se  que  este
medicamento  pudesse  oferecer  melhores  resultados  do  que  a  antecessora,  mas  observou­se  que  controla
apenas crises parciais e tem sido utilizada também como antidepressivo e nas crises de neuralgia. No Brasil é
comercializada com o nome de Lyrica® em cápsulas contendo 75 mg ou 150 mg de pregabalina.
Indicação  e  dose.  É  empregada  medicação  adicional  no  controle  de  crises  convulsivas  e  também  para  o
tratamento de dor neuropática, à semelhança da gabapentina. A dose utilizada em um trabalho envolvendo seis
cães  foi de 2 a 4 mg/kg, 3 vezes/dia, associada ao  fenobarbital, brometo de potássio ou ambos,  reduzindo a
média de crises na maioria dos animais.
Efeitos colaterais. Foram observadas sedação e ataxia.
Imepitoína
A  imepitoína  foi  inicialmente  desenvolvida  para  o  tratamento  de  ansiedade  e  epilepsia  no  homem.  Devido  à
variabilidade  farmacocinética  individual,  a  qual  foi  relacionada  à  indução  enzimática metabólica  causada  pelo
tabagismo,  foi  suspensa  e  desenvolvida  apenas  para  uso  em  cães,  com  base  em  trabalhos  pré­clínicos
realizados nessa espécie. Foi então aprovada como anticonvulsivante para cães em 2013 na Europa, em 2015
na Austrália e, atualmente, nos EUA. É comercializada no exterior com o nome de Pexion®, em comprimidos de
100 e 400 mg.
  
  
  
  
  
A  imepitoína  atua  como agonista  parcial  em  receptores GABAA,  embora  sua  estrutura  química  difira  dos
benzodiazepínicos.
Nenhuma alteração significativa na atividade das enzimas hepáticas foi observada com o uso da imepitoína
em  cães;  o  tratamento  crônico  não  leva  ao  desenvolvimento  de  dependência  ou  tolerância;  portanto,  a
suspensão abrupta do tratamento não resulta em efeitos graves, como convulsões e status epilepticus.
Indicação e dose. Recomenda­se como medicação suplementar na dose de 10 a 15 mg/kg, 2 vezes/dia.
Efeitos  colaterais.  São  discretos  e  incluem  sonolência,  sedação,  polifagia  transitória,  poliúria,  polidipsia  e
hiperatividade. Esses efeitos são menos intensos quando comparados com aqueles do fenobarbital.
Oxcarbazepina
A oxcarbazepina apresenta o mesmo modo de ação da carbamazepina, sem ser biotransformada em epóxido.
Na  espécie  humana  e  nos  gatos  é  rápida  e  quase  totalmente  biotransformada  em  10,11­di­hidro­10­
hidroxicarbamazepina,  que  tem  as  mesmas  propriedades  do  medicamento  original.  Ao  contrário  da
carbamazepina,  este  medicamento  não  promove  indução  enzimática.  Em  cães,  a  transformação  neste
metabólito é mínima, embora a meia­vida seja de apenas 4 h.
Progabide
Agente que mimetiza o GABA, é empregado com sucesso como terapia auxiliar em alguns cães com convulsões
refratárias a outros medicamentos. Em um estudo em cães,  foi utilizado e suspenso após várias semanas de
tratamento, pelo aparecimento de lesões hepáticas graves. Não é comercializado no Brasil, porém é encontrado
no exterior com o nome Gabrene™.
Vigabatrina
A vigabatrina  (gamavinil­GABA) é um bloqueador  irreversível  da GABA­transaminase,  cuja  ação persiste  por
muito tempo mesmo após a biotransformação, aumentando, assim, a concentração de GABA no cérebro. Não é
biotransformada  no  fígado,  portanto,  não  promove  indução  do  sistema  enzimático  do  citocromo  P­450.  Os
efeitos anticonvulsivantes da vigabatrina em seres humanos têm sido constatados e são bem tolerados; contudo,
ratos, camundongos e cães intoxicados após exposição prolongada mostraram aparecimento de microvacúolos
na substância branca do cérebro, em doses variando de 50 a 100 mg/kg/dia. Em um estudo realizado em 14
cães  apresentando  epilepsia  refratária  a  outros medicamentos,  houve melhora  clínica  em  4  animais;  2  cães
apresentaram anemia hemolítica, com melhora após a suspensão deste medicamento. Cães com hepatopatia
devido ao uso crônico do fenobarbital apresentaram melhora quanto à função hepática após a mudança para a
vigabatrina.
Lamotrigina
A  lamotrigina  age  provavelmente  em  canais  de  sódio  sensíveis  à  diferença  de  potencial,  estabilizando  as
membranas  neuronais  e  inibindo  a  liberação  de  neurotransmissores,  principalmente  o  glutamato,  que  é
considerado um dos principais  responsáveis pela geração das crises epilépticas. Em seres humanos, a meia­
vida  deste medicamento  é  de  15  a  35  h;  combinada  com o  ácido  valproico,  pode  ultrapassar  50  h. Nenhum
metabólito ativo foi encontrado na espécie humana.
Em  cães,  a meia­vida  da  lamotrigina  varia  de  2  a  5  h,  e  após  biotransformação  surge  na  circulação  um
metabólito  cardioativo,  o  N­lamotrigina,  que  causa  prolongamento  dose­dependente  da  condução
atrioventricular.
Tiagabine
É  um  derivado  do  ácido  nipecótico;  não  é  comercializado  no  Brasil,  porém  no  exterior  é  encontrado  com
Gabitril™, em comprimidos de 2 e 4 mg. O tiagabine inibe o transportador do GABA, o GAT­1, reduzindo assim
a captação deste neurotransmissor pelos neurônios da glia. É rapidamente absorvido após a administração oral,
ligando­se  intensamente às proteínas plasmáticas;  é biotransformado pela CYP 3A. Sua meia­vida é de 8 h,
  
  
  
  
mas  é  reduzida  para  2  a  3  h  quando  administrado  junto  com  indutores  de  enzimas  hepáticas,  como  o
fenobarbital, a fenitoína ou a carbamazepina. Pode causar vertigem, sonolência e tremores em seres humanos,
enquanto em cães causa ataxia, sonolência e alteração visual. Até o momento este medicamento parece não
ser útil para a utilização em cães epilépticos.
OUTROS ANTICONVULSIVANTES
Vários anticonvulsivantes estão  sendo  testados e  lançados no mercado para o  controle  de  crises parciais  ou
generalizadas em seres humanos, podendo ser uma alternativa futura no controle de crises convulsivas em cães
ou  gatos.  Dentre  eles,  destacam­se  fosfenitoína,  talampanel,  carisbamato,  soretolida,  brivaracetam,
seletracetam e estiripentol. No entanto,  nenhuma dessas substâncias  foi  testada até o momento em cães ou
gatos.
Tanto o brivaracetam quanto o seletracetam são derivados do levetiracetam, possuindo afinidade de ligação
com as proteínas das vesículas sinápticas SVA2. São dez vezes mais potentes que o  levetiracetam; portanto,
são  uma  opção  no  futuro  para  o  tratamento  de  cães  epilépticos  refratários  a  outros  anticonvulsivantes
tradicionais. Em particular,  o brivaracetam  foi  aprovado  recentemente nos EUA,  sendo comercializado com o
nome Briviact™, em comprimidos, solução oral e solução injetável. A dose preconizada para seres humanos é
de 50 a 100 mg, 2 vezes/dia. Os efeitos colaterais relatados foram sonolência, sedação, tontura, fadiga, náuseas
e vômitos.
A  seguir  são  relacionados  alguns medicamentos  lançados  recentemente  no mercado  para  uso  em  seres
humanos; o uso destes em animais neste momento é desaconselhado, pois não há estudos em cães e gatos.
Retigabina ou ezogabine
É  um medicamento  antiepiléptico,  com  um  novo  mecanismo  de  ação  que  envolve  a  abertura  de  canais  de
potássio  voltagem­dependentes  dos  neurônios,  estabilizando  o  potencial  de  membrana  e  controlando  a
excitabilidade neuronal. Recomenda­se para uso em seres humanos como medicamento adicional no controle
de  crises  parciais.  A  dose  de  retigabina  recomendada  para  seres  humanos  é  de  100  mg  até  400  mg,  3
vezes/dia, por via oral. Nos EUA recebe o nome comercial Potiga™ e na Europa de Trobalt™, sendo formulado
em comprimidos de 100, 200, 300 e 400 mg.
Rufinamida
Seu nome químico é 1,2,3­triazolcarboxamida; foi desenvolvida para controle de convulsões associadas com a
síndrome de Lennox­Gastaut em crianças com 4 anos ou mais. Trabalhos recentes mostram que a rufinamida é
eficaz também no controle de crises parciais.Seu mecanismo de ação é desconhecido, embora haja evidência
de sua ação na modulação de canais de sódio voltagem­dependentes. A dose de rufinamida recomendada para
seres  humanos  varia  de  50  a  400  mg  2  vezes/dia,  podendo  ser  aumentada  até  3.200  mg/dia.  Nos  EUA  é
comercializada com o nome de Banzel™ e na Europa como Inovelon™, em apresentação de comprimidos com
100, 200 e 400 mg e solução oral na concentração de 40 mg/mℓ (frasco com 460 mℓ).
Lacosamida
Foi  aprovada  nos  EUA  e  na  Europa  para  controle  de  crises  parciais  e  dor  neuropática  diabética.  É
comercializada no Brasil com o nome de Vimpat®, em comprimidos de 50, 100, 150 e 200 mg.
Estiripentol
Foi  desenvolvido  para  o  controle  de  crises  convulsivas  em  crianças  apresentando  síndrome  de  Dravet  e
epilepsia refratária da infância; parece ser menos efetivo em adolescentes e adultos. Seu mecanismo de ação
envolve receptores GABAérgicos, semelhante ao fenobarbital. A dose inicial preconizada para seres humanos é
de  50 mg/kg/dia  dividida  em  duas  ou  três  tomadas,  associadas  a  outros  anticonvulsivantes.  O  estiripentol  é
comercializado com o nome Diacomit®, na apresentação de cápsulas gelatinosas de 250 e 500 mg.
FRACASSO NA TERAPIA ANTICONVULSIVANTE
Vários são os fatores que contribuem para o fracasso no uso de medicamentos anticonvulsivantes. Em primeiro
lugar, deve­se verificar o tipo de convulsão para a escolha do medicamento adequado. A seguir, observam­se a
eficiência  da  posologia  e  os  níveis  séricos  do  medicamento  no  paciente  avaliado.  Muitas  vezes  ocorre  a
utilização  de  doses  subclínicas,  que,  além  de  não  controlarem  as  crises,  podem,  ao  contrário,  favorecer  as
convulsões. O fenobarbital, por exemplo, em doses baixas,  inibe sistemas inibitórios, aumentando, com isso, o
número  de  crises  convulsivas  e  contribuindo  para  o  descrédito  deste  potente medicamento  anticonvulsivante
junto aos proprietários dos animais.
Como  doenças  progressivas  (p.  ex.,  neoplasias, meningoencefalite  granulomatosa)  e metabólicas  (p.  ex.,
hipoglicemia  por  insulinoma)  também  contribuem  para  o  fracasso  no  uso  de  anticonvulsivantes,  os  animais
tratados, para um controle adequado das crises, devem ser  também avaliados quanto à possibilidade de uma
afecção progressiva.
A associação com outros medicamentos pode alterar a eficácia destes agentes utilizados com a finalidade
de  coibir  as  crises  convulsivas;  o  fenobarbital,  por  exemplo,  aumenta  a  biotransformação  da  digitoxina,  da
dipirona, da griseofulvina e da fenilbutazona, ao passo que o cloranfenicol pode aumentar as concentrações da
fenitoína e do fenobarbital, produzindo intoxicação por estes medicamentos.
O  uso  de  várias  substâncias  químicas  ao  mesmo  tempo  pode  alterar  a  absorção  ou  mesmo  promover
competição  na  ligação  às  proteínas  plasmáticas,  alterando  os  efeitos  terapêuticos  dessas  substâncias.
Tolerância medicamentosa pode ocorrer principalmente se for utilizado o fenobarbital ou a primidona, que são
potentes indutores enzimáticos, aumentando com isso a sua biotransformação hepática.
O  estro  pode  aumentar  a  frequência  das  crises  convulsivas  em  algumas  cadelas;  nestes  casos  a
ovariossalpingo­histerectomia seria recomendada, visando à solução desse problema.
Doenças  sistêmicas  com  vômitos  e/ou  diarreia  alteram  a  absorção  dos  medicamentos,  diminuindo  sua
concentração  plasmática;  doenças  hepáticas  alteram  a  biotransformação  da  maioria  deles,  aumentando  os
riscos de intoxicação medicamentosa.
Anfetaminas, tranquilizantes fenotiazínicos e organofosforados podem estimular crises convulsivas em cães
e  gatos  epilépticos;  portanto,  estes medicamentos  não  devem  ser  administrados  concomitantemente  com  os
anticonvulsivantes.A  ivermectina,  administrada  mensalmente  para  a  prevenção  da  dirofilariose  canina,  pode
exacerbar as crises em alguns cães.
É possível também que cães epilépticos com controle adequado das crises pelo uso de anticonvulsivantes
apresentem  uma  outra  afecção  neurológica  caracterizada  por  convulsões.  De  fato,  hipoglicemia,  encefalite,
neoplasia,  por  exemplo,  podem  contribuir  para  o  descontrole  das  crises,  sendo  necessária  uma  reavaliação
clínica do paciente, a qual evidenciará um novo processo mórbido.
A  obesidade  é  outro  fator  a  ser  considerado  no  tratamento  com  anticonvulsivantes;  a  maioria  dos
medicamentos  promove  polifagia  nos  animais,  aumentando  gradativamente  o  peso,  promovendo  com  isso  a
diminuição  da  concentração  plasmática  e  nos  tecidos  destes  agentes.  Os  cães  com  obesidade  induzida  por
estes  medicamentos  necessitam  de  controle  alimentar  ou  monitoramento  dos  níveis  séricos  dos
anticonvulsivantes.
BIBLIOGRAFIA
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