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Instituto Federal de Brasília Campus: São Sebastião Aluna: Ana Rita de Souza dos Santos Práticas de Ensino I HARPER, Babette [et al.]. Cuidado, Escola! Desigualdade, domesticação e algumas saídas. 22. ed. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986. Primeiramente, penso que seja fulcral estabelecermos alguns pontos importantes dessa leitura. O Cuidado, Escola! surge como uma espécie de guia informativo sobre os enormes problemas encontrados nos espaços escolares. A linguagem é cativante e instigante, os temas são abordados de formas sérias e bastante pedagogizadas. Há ilustrações que, ao passo que enfatizam e facilitam o entendimento, formam críticas bastante duras ao sistema educacional, sentimo-nos inquietados. O primeiro encontro que temos quando iniciamos a leitura é com Paulo Freire, na apresentação. A fala freiriana faz-se importantíssima para o início do nosso estudo, uma vez que ela nos insere e nos prepara para as abordagens dos autores do Cuidado, Escola! dizendo que precisamos acompanhar criticamente o movimento do texto de forma que entendamos os significados mais profundos, e deixemos de lado as impressões que não condizem com a tarefa de, de fato, quem lê. O Cuidado, Escola! possui oito capítulos que seguem uma linha de raciocínio interpretativa, ou seja, é de fácil percepção que esses capítulos não são segregados, há um direcionamento temático sem a necessidade de cortar um primeiro aporte reflexivo. Por isso trago como uma linha contínua de raciocínio. Os pontos pré definidos de reflexões partem dos escritos sobre a crise da escola, sob uma aparência tranquila, mas que muita coisa vai mal - em que são abordadas as tribulações existentes entre os pais e mães/filhos(as)/escola; professores(as)/escola; fracassos/escola; Brasil e sua situação de falta de escola para todos(as) e afunilamento educacional. Inserido a esse contexto, segue-se a discussão de onde vem a escola que temos hoje, que traz reflexões acerca da educação sem escolas de antigamente. As sociedades não tinham escolas e nem professores(as), todo adulto ensinava e aprendia-se através da experiência. Chegamos, então, a Idade Média que, na Europa, a Educação se tornou produto da escola da nobreza. Um conjunto de pessoas religiosas, em sua maioria, especializou-se na transmissão do saber. Esquece-se a ideia do aprender com as experiências e delimita-se os espaços de aprendizagem, cuidadosamente isolados e sem qualquer relação com a vida de todo dia. Além dessa discussão, temos pré-tópicos que contam sobre escola para ricos e outra para os pobres; questionamentos sobre uma escola democrática; e constatações sobre a realidade dos espaços escolares, desigualdade social, reprodução e divisão da sociedade. Nos três últimos capítulos fala-se sobre como a escola reproduz as desigualdades sócio-culturais, não respeitando as diferenças de condições materiais da vida de cada aluno(a), a multiculturalidade, as experiências adquiridas fora da escola e as atitudes dos familiares em relação ao espaço escolar. Há um questionamento sobre a posição da escola, trata-se de uma simples peça de uma engrenagem maior? Nesse momento voltamos à apresentação de Paulo Freire, quando ele diz sobre a escola como subsistema de um sistema muito maior. De tanta reprodução de desigualdade e aprendizado de dependência, perde-se a capacidade de trabalho, criação, vivência em comunidade. Perde-se a visão crítica da realidade e de construção de alternativas. Ao final do estudo, para aliviar a inquietação, presumo eu, os autores trazem algumas saídas pertinentes para uma atuação mais significativa dentro das escolas. Cuidado, Escola! é uma obra de 1986 que, ainda hoje, em 2019, é de tamanha relevância para educadores(as), educandos(as), pais, mães, tios, tias, cachorros e papagaios. A verdade é que não há como fugirmos da enorme necessidade de problematização da escola, respeitar as diversidades, as multiculturas, os diferentes ritmos de aprendizagem. Aos que buscam um olhar crítico e consciente na educação, leiam, releiam o Cuidado, Escola!. A educação não pode continuar estagnada, é preciso considerar que somos indivíduos das sociedades do século XXI, vivemos a hipermodernidade, não há mais espaço para uma educação excludente e segregadora vinda do século XII.
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