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DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO

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DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO
Decadência
 
A origem da palavra decadência vem do verbo latino cadere, que significa cair.
A decadência é a extinção do direito pela inércia do titular, quando a eficácia desse direito estava originalmente subordinada ao exercício dentro de determinado prazo, que se esgotou, sem o respectivo exercício.
Os prazos de decadência podem ter origem legal, ou por meio de acordo entre as partes envolvidas. Esses prazos estão dispostos em diversas partes no Código Civil, porém se encontram principalmente na Parte Especial do Diploma Civil.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade (BRASIL, 2002).
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato (BRASIL, 2002).
ESPÉCIES DE DECADÊNCIA
a) Decadência legal: advém de expressa previsão em lei, sendo de ordem pública e irrenunciável. Em razão disso, os prazos decadenciais não admitem renúncia e, em regra, não se suspendem ou interrompem, salvo as exceções já citadas. Também o Código de Defesa do Consumidor estabelece uma hipótese específica de suspensão do prazo da decadência, através da reclamação do consumidor na assistência técnica.
b) Decadência convencional: possui caráter de ordem privada , originada da previsão das partes em negócios jurídicos, sendo renunciável e não podendo ser conhecida de ofício pelo juiz. O tratamento dedicado à decadência convencional deve ser o mesmo da prescrição, não podendo seguir as diretivas da decadência legal. Essa admite renúncia, suspensão ou interrupção.
PRESCRIÇÃO
A prescrição acontece quando alguém perde o direito de exigir de outrem o cumprimento de alguma ação, por não tê-lo feito dentro de determinado período de tempo.
Os prazos prescricionais estão determinado nos artigos 205 e 206 do Código Civil, e eles não podem ser modificados. Porém, eles podem sofrer suspensão, interrupção ou impedimento, uma única vez.
Em caso de impedimento, não chega a se iniciar o prazo prescricional, enquanto na suspensão, o prazo de prescrição que estava em curso sofre uma parada, e continua do mesmo ponto assim que o problema for solucionado. 
Já na interrupção, o prazo de prescrição que estava em curso deve ser reiniciado, desconsiderando o período anterior. 
E o que é pretensão?
Originado do direito germânico (anspruch, que em tradução livre significa reinvindicação), é o poder de exigir de outrem, de maneira coercitiva, o cumprimento de um dever jurídico.
Se analisarmos o art. 190 do Código Civil, veremos a seguinte redação: “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão”. O que seria essa exceção? Simples! A exceção nada mais é do que a “defesa” que, obviamente, deverá ter o mesmo prazo do “ataque” – é o caso da contestação ou da reconvenção, agora proposta dentro da contestação.
Além disso, saber quais são os prazos prescricionais é muito fácil. Basta ler os arts. 205 e 206 do Código Civil. Todos os prazos prescricionais estão, exclusivamente, lá. Então, se o prazo estiver em qualquer outro artigo, você já sabe que se trata de um prazo decadencial!
No entanto, algumas pretensões são imprescritíveis! Isso porque tratam, por exemplo, dos direitos da personalidade (direito à vida, honra, liberdade, integridade física ou moral, imagem, nome, obras literárias, artísticas ou científicas); do estado das pessoas (estado de filiação, qualidade de cidadania, condição conjugal); de exercício facultativo, onde não existe direito violado; pretensões que são referentes a bens públicos; ou que tratam do direito de propriedade, no caso da ação reivindicatória.
PRESCRIÇÃO X DECADÊNCIA
O QUE É
PRESCRIÇÃO
A prescrição extingue o direito à pretensão, ou seja, o poder de exigir algo de alguém por meio de um processo jurídico, caso esse direito não tenha sido utilizado em determinado espaço de tempo.
O direito material ainda existe, porém ele não pode ser alcançado por vias jurídicas.  
A prescrição pode ser alegada a qualquer momento pelas partes.
DECADÊNCIA
Na decadência, também chamada de caducidade, o que se perde é o próprio direito material, por falta do uso desse direito.
Nele, existe um direito, e seu pedido deve ser formalizado na justiça dentro de determinado prazo. Caso a formalização não seja feita, o direito deixa de existir.
Na decadência, a ação deve ser reconhecida de ofício pelo juiz.
LEI
PRESCRIÇÃO	
Artigos 205 e 206 do Código Civil.
DECADÊNCIA
Está espalhado por todo o Diploma Civil.
RENÚNCIA
PRESCRIÇÃO
Admite renúncia.
DECADÊNCIA
Não admite a renúncia da decadência legal (estabelecida na lei), mas admite da decadência convencional (convencionada entre as partes).
INSTITUTO DE INTERESSE
PRESCRIÇÃO
Privado
DECADÊNCIA
Público
INTERRUPÇÃO
PRESCRIÇÃO
Pode ser interrompida, nos casos descritos no art. 202 do Código Civil. A interrupção só pode ocorrer uma vez.
DECADÊNCIA
Não pode ser suspenso ou interrompido. 
EXCEÇÕES
PRESCRIÇÃO
A prescrição não ocorre para todos. Segundo o artigo 197, não ocorre a prescrição entre cônjuges, entre ascendentes e descendentes, e entre tutelados e seus tutores.
DECADÊNCIA
Não há exceções para casos de decadência, ela ocorre para todos.
INICIO DO PRAZO
PRESCRIÇÃO
O prazo prescricional se inicia após a violação do direito, e geralmente é de 10 anos.
Porém, a lei aponta prazos diferentes para casos específicos.
DECADÊNCIA
Na decadência, o prazo de perecimento se inicia junto com o próprio direito.
EXEMPLO
PRESCRIÇÃO
Uma empresa mandou seu funcionário embora, sem pagar pelos seus direitos.
O funcionário então decide não colocar a empresa na justiça. Porém, 10 anos depois, ele resolve entrar com ação pedindo o que lhe é devido.
Nesse caso, o juiz irá negar o pedido, pois o prazo para entrar com ação já havia prescrito. 
Porém, se a empresa resolver pagar a sua dívida, e depois se arrepender, ela não poderá exigir o dinheiro de volta, visto que o direito material do funcionário ainda era válido. 
DECADÊNCIA
Maria comprou um eletrodoméstico na loja de João. Chegando em casa, ela percebeu que o produto estava com problema, porém, ela não conseguiu ir reclamar no mesmo dia, e logo saiu de viagem, voltando apenas 30 dias depois.
Quando chegou de volta, ela foi até a loja para reclamar sobre o eletrodoméstico, porém, o vendedor já não podia fazer nada, pois o prazo já havia decaído. 
Que outros casos não ocorrem prescrição?
- entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
- entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
- entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela;
- contra os incapazes (ver tópico Incapacidade Civil);
- contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
- contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.
Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for indivisível.
INTERRUPÇÃO
A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário
ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.
A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.
PRAZOS
A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Prescreve:
- Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza, com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembleia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
- Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.
- Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembleia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembleia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
- Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
- Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
REFERÊNCIAS BIBLIORAFICAS
SILVA, M.; FERNANDES, M. O. Direito tributário. Coleção Para Aprender Direito. Volume 7. 5ª edição. São Paulo. Bafisa. 2008. p. 94-95. ISBN 978-85-88749-77-1
Rodrigo Costa Chaves (2 de junho de 2004). «Prescrição e decadência no Direito Civil - Linhas Gerais». Consultado em 2 de abril de 2012
Júlio César Matias Lobo (10 de outubro de 2005). «Prescrição extintiva e decadência no novel Código Civil». Consultado em 2 de abril de 2012
Art. 132, § 3º, do Código Civil: “Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência”.
      MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997. p. 251.
     Art. 182 do CPC/1973: “É defeso às partes, ainda que todas estejam de acordo, reduzir ou prorrogar os prazos peremptórios […]”.

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