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As regras do método Sociológico

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As regras do método Sociológico - Capitula 1
 (Emile Durkheim)
	
	
O QUE É UM FATO SOCIAL 
Introdução à Ciência Social não expõe os processos de que a sociologia deve servir-se. 
É impossível definir o fato social pela sua generalidade no interior da sociedade, generaliza-se por ser social. 
São as maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a notável propriedade de existir fora das consciências individuais. 
A consciência pública reprime todos os atos que as ofendam através da vigilância que exerce sobre o comportamento dos cidadãos e das penas especiais de que dispõe. A coerção não é menos eficaz por ser indireta. Nem toda coerção é normal. 
Só há fatos sociais onde houver organização definida. As correntes sociais têm a mesma objetividade e o mesmo ascendente sobre o indivíduo. 
A educação tem por objetivo fazer o social. A sociedade exerce uma pressão sobre a criança que tende a moldá-la à sua imagem. Um fato social é constituído pelas crenças, tendências e práticas do grupo tomado coletivamente. O hábito coletivo não existe apenas em estado de imanência nos atos sucessivos, exprime-se numa fórmula que se repete de boca em boca, transmitida pela educação (que se fixa mesmo por escrito). 
O fato social é distinto das suas repercussões individuais. Os fenômenos sociais, quanto às suas manifestações privadas, têm algo de social, uma vez que reproduzem, em parte, um modelo coletivo. 
Um fenômeno não pode ser coletivo se não for geral (é geral porque é coletivo). Um sentimento coletivo, que se manifesta numa assembleia, é uma resultante da vida comum e se ressoa em cada uma das reações entre as consciências individuais. Cada um é arrastado pelos outros. 
Um fato social reconhece-se pelo poder de coerção externa que exerce e a presença desse poder se reconhece pela existência de uma sanção determinada. Podemos defini-lo, também, pela difusão que tem no interior do grupo, de acordo com as observações precedentes, desde que se tenha o cuidado de acrescentar como segunda e essencial característica que ele existe independentemente das formas individuais que toma ao difundir-se. 
A sociologia não pode desinteressar-se do que diz respeito ao substrato da vida coletiva. 
É somente por meio do direito público que é possível estudar como uma sociedade é dividida politicamente, pois essas divisões são morais e é esse direito que a determina. 
A estrutura política de uma sociedade é apenas a maneira como os diferentes segmentos que a compõe se habituaram a viver uns com os outros. Destarte, fato social é toda maneira de fazer (fixada ou não), suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior. É geral no âmbito de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais.
 CAPITULO 2 
Regras relativas à observação dos fatos sociais
 
Emile Durkheim
“A primeira regra, e a mais fundamental, consiste em considerar os fatos sociais como coisas.”
 
O homem não consegue viver sem formular ideias/raciocínios/noções sobre tudo aquilo que o cerca. Todavia, esse mecanismo espontâneo pode muitas vezes comprometer a qualidade do conhecimento científico que o homem se dispõe produzir, uma vez que não é fácil reconhecer e limitar essa atividade. Durkheim, portanto, começa seu texto enfatizando o quanto é necessário tratar os fatos sociais como coisas. Para Comte e Spencer, dois expoentes da sociologia, os fatos sociais são fatos da natureza e a sociologia enquanto ciência que trata dos fatos sociais deve fazê-lo da mesma forma que as ciências naturais tratam os fatos da natureza. Esse raciocínio, entretanto, levou a sociologia a tratar de conceitos e não de coisas.
 
Como deveria. Para Durkheim, a sociologia existe para estudar a evolução social. Mas todas as ideologias a que estamos mergulhados muitas vezes nos leva a ter uma visão histórica da sociedade onde homens simplesmente se sucedem ignorando, pois, complexidade da evolução social:
“Zombamos hoje dos raciocínios originais que os médicos da Idade Média construíam com as noções de quente, frio, úmido, seco, etc., e não percebemos que continuamos a aplicar o mesmo método a ordens de fenômenos que menos ainda o comportam, em
razão de sua extrema complexidade.” 
 
Durkheim enfatiza ainda enfatiza:
“E, todavia, os fenômenos sociais são coisas e devem ser tratados como coisas. Para demonstrar esta proposição não é necessário filosofar sobre a natureza deles, discutir as análogas que apresentam com os fenômenos dos reinos inferiores. Na verdade, é coisa tudo que é dado, tudo que se oferece, ou antes, se impõe à observação. Tratar  fenômenos como coisas, é tratá-los na qualidade de ‘data’ que constituem o ponto de partida das ciências. Os fenômenos sociais apresentam incontestavelmente tal caráter.” 
Portanto, devemos manter certa distância do fenômeno social que estamos estudando para garantir exterioridade do mesmo. Para Durkheim, essa regra deve e pode ser aplicada a realidade social inteira e não há razão para que se abra qualquer exceção. Porém, tratar o fato social como coisa não garante por si só que estaremos produzindo ciência. Para tanto devemos ainda afastar todas as pre-noções. Para Durkheim, eis aqui constituída a base de todo método científico. Há de se considerar que no caso da sociologia essa libertação é especialmente mais difícil porque muitas vezes o sociólogo estará estudando um objeto pelo qual ele já carrega um sentimento afetivo. Durkheim az ainda uma ressalva:
“O sentimento é objeto de ciência, não critério de verdade científica.” 
Para Durkheim, a primeira tarefa do sociólogo deve ser definir as coisas de que trata -isso é importante para que se saiba o que ele está estudando e para que ele mesmo saiba. Todavia, essa definição também exige cautela porque ela deve ser feita deforma objetiva.
“Procedendo dessa maneira desde seus primeiros passos, o sociólogo toma imediatamente pé na realidade.” 
 
A falta de método, por exemplo, pode levar um observador a aplicar a sua moral no estudo de uma sociedade totalmente distinta da sua e que, por óbvio, não tem os mesmos valores.
“A ciência, para ser objetiva, não deve partir de conceitos que se formaram sem ela,
mas da sensação. É aos dados sensíveis que deve diretamente tomar os elementos de suas definições iniciais. É da sensação que se desprendem todas as ideias gerais, verdadeiras ou falsas, científicas ou não. O ponto de partida da ciência ou do conhecimento especulativo não poderia, pois, ser senão idêntico ao do conhecimento vulgar ou prático. É somente em seguida, na maneira pela qual essa matéria comum
passa a ser elaborada, que começam as divergências.” 
 
Não se pode negar, porém, que a sensação é facilmente subjetiva. Para evitar o comprometimento do estudo, os caracteres exteriores em função dos quais se define o objeto de suas pesquisas, devem ser considerados ao máximo possível.
“Porém, se desejarmos seguir uma abordagem metódica, será necessário estabelecer 
os primeiros fundamentos da ciência, não em areia movediça, mas em terreno firme. É  preciso abordar o domínio do social pelos aspectos que oferecem melhor possibilidade de apreensão à investigação científica. Somente em seguida será possível levar mais longe a pesquisa e, por meio de trabalhos progressivos de abordagem, ir cingindo mais de perto essa realidade fugidia, que o espírito humano talvez não possa jamais abarcar completamente.
Capítulo 3 - Regras Relativas à Distinção entre Normal e Patológico
Segundo Durkheim os fatos são divididos em duas ordens: Patológicos (deveriam ser diferentes do que são) e Normais (são como deveriam ser). E um dos papeis da ciências humanas, em especial, é observar esses fatos e explicá-los, sem julgá-lo (o julgamento é dever do inconsciente, dos sentimentos, dos instintos, etc.).
Para fugir do misticismo, de só se encontrar os fins pelo inconsciente, tentaram ligar os fatos em algum conceito que os dominasse (algo em comum), através de comparações.Porém a prática utilizada neste método foi a Prática Refletida, e a reflexão, assim empregada não é cientifica.
Durkheim então conclui essa parte afirmando que o fato normal é a saúde plena da pessoa e a doença o fato patológico.
Durkheim levanta teses de como traçar a linha que divide o que é normal e o que é patológico nas ciências humanas:
- O sofrimento como indicio de doença: relação falha de constância e precisão. Exemplos: Doenças que não causam dores e podem causar até prazer e fenômenos fisiológicos e comuns como a fome e o parto que podem causar dor.
- A não adaptação ao meio (possibilidade de sobrevivência) como indicio de doença: Estados normais podem causar alguns tipos de fraqueza, mas, nem por isso, a pessoa esta doente. Exemplos: Crianças, idosos, nem grávidas, tem as plenas capacidades, como um adulto normal, porém não estão doentes.
Alguns doentes, como quem tem gastrite, só tem que se adaptar ao meio de uma maneira diferente da média dos homens de seu tempo (mas todos temos que nos adaptar de maneiras diferentes para maximizar nossa possibilidade de sobrevivência).
Mesmo em um grupo onde a taxa de mortalidade seja a menor conhecida, não pode-se garantir que essa população esteja maximizando sua possibilidade de sobrevivência, pode haver maneiras de abaixar ainda mais esta taxa. Mas o fato de uma pessoa ter maior possibilidade de sobrevivência do que a outra em certa situação é impraticável na ciência humana, já que não conhecemos o corpo como a biologia.
 Para o sociólogo não há como separar as pessoas em grupos e compará-los, pois existiriam milhões de grupo. Então a sociologia se encarrega de supor subjetivamente os efeitos de cada fato. Porém os fatos humanos tem sempre uma esfera edificante e outra desastrosa, o que para um individuo seria o normal, para um outro, com outras crenças, seria o patológico.
Durkheim então tenta entender os fenômenos de maneira mais objetiva: A partir do princípio que é sempre possível descobrir a forma mais geral de uma espécie social. Ele chama as características que há em quase todo individuo de fato normal, os desvios que são pouco encontrados de patologias e o tipo médio de esquemático. Ou seja, o tipo normal se confunde com o médio e qualquer desvio no padrão torna o caso patológico. Porem cada espécie tem sua saúde media diferente e precisamos analisar isso sem pré-concepções do que é bom ou mal nas sociedades. Mais um ponto que deve-se considerar na hora de analisar a sociedade, é a época histórica e a evolução da mesma.
A espécie é por excelência a norma e, por conseguinte, nada poderia conter de anormal.
Durkheim termina essa parte concluindo que as formas de organização mais espalhadas são superiores, pelo menos em seu conjunto, pois elas desenvolveram em seus indivíduos melhores formas de resistir a destruição.
A distinção entre normal e patológico é precisamente uma das intermediações entre a observação dos fatos e os preceitos. Se um fenômeno é normal não há porque querer eliminá-lo, mesmo que nos afete moralmente. Mas, se é patológico, temos um argumento científico para justificar projetos de reforma.
Durkheim então irá considerar o crime um fenômeno norma;
Um crime é pois, necessário, ele se liga às condições fundamentais de toda vida social, e por isso mesmo tem sua utilidade, pois estas condições de que é solidário, são elas próprias indispensáveis à evolução da normal da moral e do direito
 Então, será considerado normal o fenômeno que encontrarmos mais frequentemente numa dada sociedade, num certo momento de seu desenvolvimento. Mas o primeiro sinal e decisivo da normalidade é a sua frequência.
É necessário analisar as condições que regiam no passado e depois investigar se essas condições verificam no presente. Se essas condições já não são pertinentes, o fenômeno não pode ser considerado normal.

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