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Fatos e Negócios Jurídicos

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APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
 
APRESENTAÇÃO 
Conteúdo selecionado e disponibilizado pelo professor Antônio 
Henrique Maia Lima para a disciplina de Fatos e Negócios Jurídicos 
da Faculdade Mato Grosso do Sul (FACSUL). 
Esta apostila é um instrumento de auxílio aos estudos não 
substituindo de forma alguma o referencial teórico básico e 
complementar apresentado como guias da disciplina. Tampouco a 
presente apostila será ou servirá como único referencial para a 
elaboração de avaliações ao longo do semestre. É da ciência de todos 
os alunos que o professor fica totalmente desobrigado de utilizá-la 
para a elaboração de questões, podendo, no entanto, fazê-lo. 
Eventuais inconsistências ou erros de digitação no presente 
compêndio podem ser informados através dos e-mails: 
henrick_maia@hotmail.com e ahenriquemaia@gmail.com. O 
instrumento será atualizado e reenviado a todos. 
I – DOS FATOS COMUNS E DOS FATOS JURÍDICOS 
 
Todo acontecimento da vida é um fato, todo fato é único no tempo e 
no espaço, de sorte que, por mais que fatos sejam idênticos, são, 
também, independentes. Ocorre que, a partir do momento que um 
fato, por mais banal que possa parecer tiver alguma relevância para o 
mundo do direito ele deixa de ser um simples fato (Fato Comum) e 
passa a ser um Fato Jurídico. Assim, podemos sem medo afirmar 
que, o que torna um “fato” “fato jurídico” é a produção de “efeitos” 
jurídicos. 
O direito também tem o seu ciclo vital: nasce, desenvolve-se e 
extingue-se. Essas fases ou momentos decorrem de fatos jurídicos, 
exatamente por produzirem efeitos jurídicos. Somente o 
acontecimento da vida relevante para o direito, mesmo que seja fato 
ilícito, pode ser considerado fato jurídico. Nessa ordem, exemplifica 
Caio Mário: “a chuva que cai é um fato, que ocorre e continua a 
ocorrer, dentro da normal indiferença da vida jurídica, o que não 
quer dizer que, algumas vezes, este mesmo fato não repercuta no 
campo do direito, para estabelecer ou alterar situações jurídicas”. 
O raciocínio é o seguinte: o fato de chover é um fato comum, pois 
ele em si não nos interessa juridicamente, porém, o fato de chover ao 
ponto de fazer com que uma rua alague é um fato jurídico, pois os 
efeitos jurídicos do alagamento são soberanos. No mínimo, o Estado 
experimentará um ônus com esse alagamento, nem que seja somente 
pela necessidade de limpeza da rua, pós-chuva. Isso implica em 
movimentação da máquina pública, em movimentação do erário 
público, etc. Logo, há efeitos para o direito. Por outro lado, 
particulares também podem sofrer prejuízos, como, por exemplo, um 
muro que cai, uma calçada que se despedaça, etc. 
Se o fato gera efeitos jurídicos, isto é, faz nascer, faz modificar ou 
faz extinguir um direito, ele é um fato jurídico. Logo, é oportuno 
dizer que todo fato, para ser considerado jurídico, deve passar por 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
um juízo de valoração, que avaliará justamente a extensão desses 
efeitos. 
 
I.I - FATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO 
Todo acontecimento da vida que o ordenamento jurídico considera 
relevante no campo do direito. Para ser erigido à categoria de fato 
jurídico basta que esse fato do mundo — mero evento ou conduta — 
seja relevante “à vida humana em sua interferência intersubjetiva, 
independentemente de sua natureza. Tanto o simples evento natural 
como o fato do animal e a conduta humana podem ser suporte fático 
de norma jurídica e receber um sentido jurídico”. 
I.i.a Classificação dos Fatos Jurídicos em sentido amplo (latu 
sensu): 
Naturais: decorrem da natureza. Exemplo: um raio, um incêndio, 
um terremoto. 
Humanos: decorrem da ação do homem. Essa ação humana pode 
ser: voluntária, quando os efeitos jurídicos são desejados pelo agente 
(atos jurídicos em sentido estrito e negócios jurídicos); ou, 
involuntário, quando os efeitos não são desejados pelo agente, o 
melhor exemplo é o do ato ilícito culposo. 
Efeitos dos fatos jurídicos em sentido amplo: aquisição, 
conservação, transferência, modificação e extinção de direitos. 
Exemplo: um contrato, um crime. 
 
I.i.b Classificação dos Fatos Jurídicos Naturais 
Ordinários: como o nascimento e a morte, que constituem 
respectivamente o termo inicial e final da personalidade, bem como 
a maioridade, o decurso do tempo, todos de grande importância, e 
outros. Os FJ ordinários estão dentro do espectro da previsibilidade, 
da probabilidade, da possibilidade, da normalidade. 
Extraordinários: que se enquadram, em geral, na categoria do 
fortuito e da força maior: terremoto, raio, tempestade etc. 
Caso fortuito e força maior 
Para a corrente tradicional: caso fortuito é o evento extraordinário 
e inesperado decorrente da ação humana e força maior é o evento 
extraordinário e inesperado decorrente da natureza. 
Se tomarmos ambos como sinônimos temos o conceito de que são 
fatos ou eventos imprevisíveis ou de difícil previsão, que não podem 
ser evitados, mas que provocam consequências ou efeitos para outras 
pessoas, porém, não geram responsabilidade nem direito de 
indenização. O maior expoente dessa corrente é Orlando Gomes. 
Muitos doutrinadores tratam os institutos como se fossem sinônimos, 
até hoje há divergências a respeito do tema, mas o Código Civil não 
fez distinção entre os termos e adotou a seguinte definição: 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de 
caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por 
eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força 
maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível 
evitar ou impedir. 
Numa classificação quanto à origem do fato (tributária do Direito 
Romano) temos que os casos fortuitos são aqueles que se originam 
da natureza e a força maior é aquela que a fraqueza humana não 
pode resistir (vis major est cui humana infirmitas resistire non 
potest). Um fato imprevisível, resultante da ação humana, gerando 
efeitos jurídicos, independente da vontade das partes. 
“ a força maior evidencia um acontecimento resultante do ato 
alheio (fato de outrem) que sugere os meios de que se dispõe para 
evita-lo, isto é, além das próprias forças que o indivíduo possua 
para se contrapor, sendo exemplos: guerra, greve, revolução, 
invasão de território, sentença judicial específica que impeça o 
cumprimento da obrigação assumida, desapropriação etc.” Ou seja, 
todos os atos ou ações humanas que se tornem obstáculos a outrem, 
impedindo-os de agir ou cumprir com seus direitos ou deveres” 
(Orlando Cecco, 1981) 
Quanto à previsibilidade, de maneira breve e simples, podemos 
dizer que o caso fortuito é o evento que não se pode prever e que não 
podemos evitar. Já os casos de força maior seriam os fatos humanos 
ou naturais, que podem até ser previstos, mas da mesma maneira não 
podem ser impedidos; por exemplo, os fenômenos da natureza, tais 
como tempestades, furacões, raios, etc ou fatos humanos como 
guerras, revoluções, e outros. 
 
Cabe ressaltar que o tema é bastante polêmico e a doutrina possui 
diversos conceitos para cada um deles ou para os dois quando 
considerados expressões sinônimas. 
Ver no Código Civil os artigos: 246, 393, 399, 575, 583, 667 e 868. 
A exceção dos art. 575, 667 e 868 todos os demais o caso fortuito e a 
força maior se equivalem quanto aos seus efeitos. Nestes três 
últimos, no entanto, o caso fortuito é tratado em separado, por se 
tratarem de realizações eminentemente humanas. Daí deduzir que 
caso fortuito para o Código Civil diz respeito às ações humanas e os 
de força maior dizemrespeito à ocorridos da natureza. 
I.i.c Classificação dos Fatos Jurídicos Humanos ou atos jurídicos 
em sentido amplo 
Os fatos humanos ou atos jurídicos em sentido amplo são ações 
humanas que criam, modificam, transferem ou extinguem direitos e 
dividem-se em: 
Lícitos: atos humanos a que a lei defere os efeitos almejados pelo 
agente. Praticados em conformidade com o ordenamento jurídico, 
produzem efeitos jurídicos voluntários, queridos pelo agente; 
Ilícitos: por serem praticados em desacordo com o prescrito no 
ordenamento jurídico, embora repercutam na esfera do direito, 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
produzem efeitos jurídicos involuntários, mas impostos por esse 
ordenamento. Em vez de direito, criam deveres, obrigações. Hoje se 
admite que os atos ilícitos integram a categoria dos atos jurídicos 
pelos efeitos que produzem (são definidos no art. 186 e geram a 
obrigação de reparar o dano, como dispõe o art. 927, ambos do CC). 
I.i.d Classificação dos atos jurídicos ilícitos: 
Absoluto: não existe relação jurídica pretérita entre o ofensor e o 
ofendido. É oponível erga omnes. Exemplo: uma batida de carro, 
uma morte que decorre de acidente de trânsito, etc. 
Relativo: existe relação jurídica pretérita entre o ofensor e o 
ofendido. Exemplos: devedor que não paga a dívida em dia, marido 
que abandona o lar. 
I.i.e Classificação dos atos jurídicos lícitos: 
Fato jurídico humano em sentido estrito (strictu sensu) ou atos 
jurídicos ou meramente lícitos: o efeito da manifestação da 
vontade está predeterminado na lei, como ocorre com a notificação, 
que constitui em mora o devedor, o reconhecimento de filho, a 
tradição, a percepção dos frutos, a ocupação, o uso de uma coisa etc., 
não havendo, por isso, qualquer dose de escolha da categoria 
jurídica. A ação humana se baseia não numa vontade qualificada, 
mas em simples intenção, como quando alguém fisga um peixe, dele 
se tornando proprietário graças ao instituto da ocupação ou do 
assenhoramento. O ato material dessa captura não demanda a 
vontade qualificada que se exige para a formação de um contrato. 
Por essa razão, nem todos os princípios do negócio jurídico, como os 
vícios do consentimento e as regras sobre nulidade ou anulabilidade, 
aplicam-se aos atos jurídicos em sentido estrito não provenientes de 
uma declaração de vontade, mas de simples intenção (CC, art. 185). 
Ato-fato jurídico: ressalta-se a consequência do ato, o fato 
resultante, sem se levar em consideração a vontade de praticá-lo. 
Muitas vezes, o efeito do ato não é buscado nem imaginado pelo 
agente, mas decorre de uma conduta e é sancionado pela lei, como 
no caso da pessoa que acha, casualmente, um tesouro. A conduta do 
agente não tinha por fim imediato adquirir-lhe a metade, mas tal 
acaba ocorrendo, por força do disposto no art. 1.264 do Código 
Civil, ainda que se trate de um absolutamente incapaz. É que há 
certas ações humanas que a lei encara como fatos, sem levar em 
consideração a vontade, a intenção ou a consciência do agente, 
demandando apenas o ato material de achar. Assim, o louco, pelo 
simples achado do tesouro, torna-se proprietário de parte dele. 
Negócio jurídico: Segundo Flávio Tartuce: “toda ação humana de 
autonomia privada, com a qual os particulares regulam entre si os 
próprios interesses, havendo uma composição de vontades, cujo 
conteúdo deve ser LÍCITO”. 
Francisco Amaral: declaração de vontade privada destinada a 
produzir efeitos que o agente pretende e o direito reconhece. Tais 
efeitos são a constituição, modificação ou extinção de relações 
jurídicas, de modo vinculante, obrigatório para as partes 
intervenientes. o negócio jurídico é o meio de realização da 
autonomia privada, e o contrato é o seu símbolo. 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
Miguel Reale, por sua vez, preleciona que tais atos “não se 
confundem com os atos jurídicos em sentido estrito, nos quais não 
há acordo de vontade, como, por exemplo, se dá nos chamados atos 
materiais, como os da ocupação ou posse de um terreno, a edificação 
de uma casa no terreno apossado etc. Um contrato de compra e 
venda, ao contrário, tem a forma específica de um negócio jurídico... 
I.II DO NEGÓCIO JURÍDICO 
I.ii.a: Objetivo: eleger os efeitos jurídicos produzidos pela 
manifestação de vontade, dentro das possibilidades da lei, daí o 
caráter lícito. 
I.ii.b Finalidade do negócio jurídico  negocial: No negócio 
jurídico, a manifestação da vontade tem finalidade negocial, que 
abrange a aquisição, conservação, modificação ou extinção de 
direitos. 
I.ii.c Da aquisição de direitos 
Ocorre a aquisição de um direito com a sua incorporação ao 
patrimônio e à personalidade do titular. Pode ser originária ou 
derivada. 
Classificação quanto à origem 
Originária: quando se dá sem qualquer interferência do anterior 
titular. Ocorre, por exemplo, na ocupação de coisa sem dono (res 
derelicta ou res nullius — CC, art. 1.263), na avulsão (art. 1.251) 
etc. 
Res derelicta: (coisa abandonada): art. 1263 CC. A renúncia à 
propriedade da res acarreta a situação de abandono, que habilita a 
ocupação, um dos modos originários de aquisição da propriedade. É 
necessária a intenção do dono de deixar a coisa, que pode ser tácita. 
Há a presunção que havia um proprietário anterior, a coisa embora 
abandonada ou esquecida pertencia a alguém. Por exemplo: um 
cachorro que se encontra em abrigo para adoção, presume-se que o 
dono anterior não mais manifesta interesse em possuí-lo, pois 
tacitamente deixou de agir como se proprietário fosse do bichinho. 
Res nullius (coisa de ninguém): art. 1251 CC. Não se confunde com 
res publica (coisa pública). Não há proprietário anterior, pelo menos 
determinável. Exemplos: caça à solta, peixes no mar ou no rio, etc. 
As res nullius podem vir a ser propriedade de alguém, pois se acham 
à disposição de quem as encontrar ou apanhar. Por exemplo, uma 
porção de peixes pescada em uma lagoa. Deve-se levar em conta que 
essa apropriação possa ser regulamentada em lei (ex.: leis de 
proteção ambiental, leis de restrição de pesca, como a Piracema), o 
que consistiria em ato ilícito. 
Derivada: quando decorre de transferência feita por outra pessoa. 
Nesse caso, o direito é adquirido com todas as qualidades ou defeitos 
do título anterior, visto que ninguém pode transferir mais direitos do 
que tem. A aquisição se funda numa relação existente entre o 
sucessor e o sucedido. O contrato de compra e venda é o grande 
exemplo de aquisição derivada. 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
Inter vivos (entre pessoas vivas): destinam-se a produzir efeitos 
desde logo, isto é, estando as partes vivas. Como é o caso da 
promessa de compra e venda. 
Causa mortis (em decorrência da morte): negócios destinados a 
produzir efeitos após a morte do agente. Exemplo: testamento. 
Classificação quanto à extensão 
Título singular: ocorre no tocante a bens determinados, abrangendo 
uma parte do todo patrimonial. 
Título universal: quando o adquirente sucede o seu antecessor na 
totalidade dos seus direitos. É o caso do herdeiro legítimo universal. 
Classificação quanto à forma 
Gratuita: quando só o adquirente aufere vantagem. Exemplo: 
herança/doação. 
Onerosa: se exige do adquirente uma contraprestação, 
possibilitando a ambos os contratantes a obtenção de benefícios. 
Exemplo: compra e venda, locação etc. 
I.ii.d Da conservação de direitos 
Para resguardar ou conservar seus direitos muitas vezes necessita o 
titular tomar certas medidas ou providências preventivas ou 
repressivas, judiciais ou extrajudiciais. As relações econômicas e 
sociaistornam inevitável e constante o conflito de interesses e a 
violação de direitos. 
Finalidade negocial 
Quanto à incorporação 
ao patrimônio 
originária 
derivada 
quanto à s vantagens 
patrimoniais 
gratuita 
onerosa 
Quanto à extensão 
a título singular 
a título universal 
Aquisição 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
Classificação 
Preventiva: visam garantir e acautelar o direito contra futura 
violação. Podem ser de natureza extrajudicial, para assegurar o 
cumprimento de obrigação creditícia, por exemplo, como as 
garantias reais (hipoteca, penhor, alienação fiduciária em garantia 
etc.) e as pessoais (fiança, aval), bem como de natureza judicial, 
correspondentes às medidas cautelares previstas no Código de 
Processo Civil (arresto, sequestro, caução, busca e apreensão, 
protesto, notificação, interpelação etc.). 
Repressiva: visam restaurar o direito violado. A pretensão é 
deduzida em juízo por meio da ação. Ao Poder Judiciário compete 
dirimir os conflitos de interesses, salvo as hipóteses de escolha pelas 
partes do sistema de mediação e arbitragem. A todo direito deve 
corresponder uma ação que o assegure. Nessa linha, dispõe a 
Constituição Federal que “a lei não excluirá da apreciação do Poder 
Judiciário lesão ou ameaça a direito” (art. 5º, XXXV). 
Autotutela ou defesa privada: só é admitida excepcionalmente, 
porque pode conduzir a excessos. É prevista no art. 188, I e II, do 
Código Civil, concernentes à legítima defesa, ao exercício regular de 
um direito e ao estado de necessidade, e no capítulo da posse, em 
que se permite ao possuidor fazer uso da legítima defesa e do 
desforço imediato, para manter-se ou restituir-se por sua própria 
força, contanto que o faça logo e não se exceda (art. 1.210, § 1º). 
 
 
 
I.ii.e Da modificação de direitos 
Os direitos subjetivos nem sempre conservam as características 
iniciais e permanecem inalterados durante sua existência. Podem 
sofrer mutações quanto ao seu objeto, quanto à pessoa do sujeito e, 
às vezes, quanto a ambos os aspectos. A manifestação da vontade, 
com finalidade negocial, pode objetivar não apenas a aquisição e a 
conservação de direitos, mas também sua modificação. 
Finalidade negocial 
Medidas de caráter 
preventivo 
Extrajudicial 
Judicial 
visam acautelar o 
direito 
Medidas de caráter 
repressivo 
Judicial 
Defesa privada ou 
autotutela 
visam restaurar o 
direito violado 
Conservação do 
direito 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
“Sem sacrifício de sua integridade específica e lógica, os direitos 
são suscetíveis de modificação, quer em relação aos seus 
respectivos titulares, quer em relação ao seu conteúdo. Essa 
modificação pode ocorrer, seja para elevar a intensidade da 
eficácia do negócio jurídico, seja para diminuí-la, enquanto que se 
pode encontrar igualmente uma categoria que não implique nem em 
aumento nem em diminuição dessa eficácia, como no caso de apenas 
ser alterada a cláusula referente ao lugar da execução da 
obrigação”(SERPA LOPES). 
Classificação 
Objetiva: quando diz respeito ao seu objeto. 
Qualitativa: o conteúdo ou a qualidade do direito se converte em 
outra espécie, sem que aumentem ou diminuam as faculdades do 
sujeito. Por exemplo, o pagamento de dívida que deveria ser feita em 
dinheiro, mas o credor concorda em receber um objeto de valo 
estimado igual ao do montante debitório. 
Quantitativa: o objeto aumenta ou diminui no volume ou extensão, 
sem também alterar a qualidade do direito. Por exemplo: quando um 
terreno à beira rio tem acréscimo em decorrência da aluvião ou a 
amortização de débito (caixa econômica). 
Subjetiva: quando se altera pessoa do titular, permanecendo 
inalterada a relação jurídica primitiva. 
Causa mortis: desaparece o titular do direito (morre), que se 
transmite aos herdeiros com a morte do de cujus. 
Inter vivos: O titular se modifica assumindo a posição uma pessoa 
viva. É o caso da cessão de crédito, quando o credor transfere sua 
posição ativa no vínculo obrigacional a um cessionário que passa a 
fazer as vezes do credor originário. Também serve de exemplo a 
alienação, quando o alienante “troca de posição” com terceiro 
exterior à relação que assume as obrigações com a concordância do 
credor. A relação jurídica, porém, permanece a mesma. 
Direitos personalíssimos ou intuitu personae: dizem respeito à 
personalidade do indivíduo e são, portanto, insuscetíveis de 
modificação subjetiva, como sucede com os direitos de família 
puros. Ver art. 11 do CC/2002. Exemplos, direito à honra, ao corpo 
do morto, à imagem, à privacidade, etc. 
I.ii.f Da extinção de direitos 
Por diversas razões podem extinguir-se os direitos. Costumam ser 
mencionadas, dentre outras, as seguintes: o perecimento do objeto 
sobre o qual recaem, alienação, renúncia, abandono, falecimento do 
titular de direito personalíssimo, prescrição, decadência, confusão, 
implemento de condição resolutiva, escoamento do prazo, 
perempção da instância e desapropriação. Extinção significa 
destruição da relação jurídica, é absoluta, ou seja, as faculdades 
jurídicas não serão exercidas nem pelo sujeito atual, e nem por outro 
qualquer. Exemplo o pagamento integral de uma dívida para o 
credor, ela deixará de existir, pois não se transferirá para outro 
sujeito. 
 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
Classificação 
Objetiva: perda ou perecimento do objeto sobre o qual recaem. 
Exemplo: duas pessoas estejam discutindo a propriedade de um 
cavalo de corrida, se este cavalo morrer, extinguirá qualquer direito 
que os titulares possam exercer sobre o bem. Ex-cônjuges 
disputando a guarda de um filho, se este vier a falecer extingue-se o 
direito de ambos os titulares. 
Subjetiva: quando o titular do direito, por alguma razão, não pode 
mais exercer o direito subjetivo. Exemplo. o direito de alcançar o 
reconhecimento da paternidade pelo filho, somente pode ser exigido, 
enquanto este filho estiver vivo, se o filho morrer, extingue-se o 
direito de reconhecer a paternidade, já que é uma ação 
personalíssima. Do mesmo modo o direito de exigir alimentos de um 
filho em relação ao pai, se o filho morre, morre com ele o direito de 
exigência. 
Vínculo jurídico: o liame que liga o titular ao direito perece. É o 
caso da prescrição e da decadência. Por exemplo, do titular de um 
título de crédito já prescrito, ou seja, de um cheque vencido há mais 
de 03 (três) anos, o titular/credor do cheque, ainda, tem o direito 
natural de receber o débito, que é o objeto, contudo, o ordenamento 
jurídico não mais lhe garante os meios para que ele possa cobrar 
referida dívida do emitente do cheque. Ou das ações trabalhistas 
(até dois anos), passado esse tempo o direito preclui. 
 
 
Modos de extinção de direitos 
Alienação: negocia-se o direito em função de terceiro. Exemplo, 
venda, permuta, doação, etc. 
Renúncia: quando o titular atual de um direito declara sua vontade 
de desfazer dele, sem transferir a quem quer que seja. É ato de 
vontade unilateral (abdicativa), já que não precisa da concordância 
Finalidade 
negocial 
Objetiva 
Perecimento do 
objeto 
Subjetiva 
Morte do titular 
Vínculo jurídico 
perecimento da 
pretensão 
Extinção de 
direitos 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
de outras pessoas ou quando se nomeia um favorecido (translativa) 
este precisa aceitar. É irrevogável. O exemplo mais comum é a 
renúncia à herança, também o locador que renuncia à garantia 
(fiador ou avalista). 
Perecimento do objeto: O perecimento do objeto é um dos fatos 
extintivosque atingem o direito na própria substância. Quando se dá 
o perecimento do objeto, o próprio bem acaba, e se perde para tanto 
para seu titular, como para qualquer outro, ou seja, não existe 
possibilidade de transferi-lo. Normalmente advém de fatos 
originados pela natureza, tais como enchentes, terremotos, raios, 
etc., ou através da próprio destruição pelo ser humano. 
Prescrição: ocorre a perda, em função do tempo, da relação jurídica 
existente entre o sujeito e o objeto, apesar de os dois ainda existirem, 
o sujeito perde os meios legais de fazer exercer o seu domínio. 
Exemplo do cheque prescrito, ainda há o direito natural (teorético) 
do possuidor do título de receber a quantia, porém, o próprio título 
perdeu sua eficácia e exequibilidade. O direito subsiste, portanto, e 
pode ser exigível por outros meios, seria o caso de Ação Monitória. 
Art. 205 do CC: a prescrição ocorre em 10 anos quando a lei não 
houver lhe fixado prazo menor. 
Decadência: neste caso, ocorre a perda do direito em si pelo decurso 
do tempo, é o caso das ações trabalhistas e da maioria dos crimes em 
espécie, por exemplo: um crime cuja pena máxima seja superior a 12 
anos, prescreve em 20 anos, transcorrido esse lapso temporal, 
extingue-se para o estado o direito de condenar e punir o agente. 
Desapropriação: quando sob os mandamentos do interesse público 
o agente público substitui de forma coativa o sujeito titular do 
direito. O direito do expropriado passa a incidir no preço, 
transferindo-se, com seu conteúdo primitivo, ao expropriante. 
Verifica-se, assim, extinção subjetiva com a substituição do titular 
do direito de propriedade. 
Morte do titular: no caso de direitos personalíssimos, que são 
intransferíveis e inalienáveis. 
Caducidade: extinção de um direito como consequência legal de um 
ato do titular. Exemplos: Art. 554/CC: a doação a entidade futura 
caducará se, em dois anos, esta não estiver constituída regularmente. 
Art. 1.124/CC na falta de prazo estipulado em lei ou em ato do poder 
público, será considerada caduca a autorização se a sociedade não 
entrar em funcionamento nos doze meses seguintes à respectiva 
publicação. E ainda a perda do pátrio poder nos casos de negligência 
do progenitor. 
Nascimento de direito incompatível que suplanta o direito 
preexistente: o caso da usucapião. Surge um direito que suplanta o 
direito do proprietário do bem usucapido. 
Confusão: Art. 381 do CC/2002: quando se confundem as pessoas 
do credor e do devedor a ponto de não se poder definir mais quem 
deve o quê a quem. 
 
APOSTILA DE FATOS E NEGÓCIOS JURÍDICOS NP1 1ª PT
 
I.III CLASSIFICAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO 
I.iii.a Teoria Dualista do Negócio Jurídico 
A respeito da classificação do negócio jurídico como sendo, via de 
regra, bilateral existe alguma divergência na doutrina. O Código 
Civil de 2002 adota a posição dualista, com referência expressa a o s 
negócios e aos atos jurídicos lícitos. Segundo Moreira Alves, é na 
disciplina dos negócios jurídicos que a Parte Geral apresenta maiores 
alterações em face do anterior. O novo Código substituiu a expressão 
genérica ato jurídico, que era empregada no art. 81 do diploma 
anterior, pela designação específica negócio jurídico, aplicando a 
este todos os preceitos do Livro III da Parte Geral. E, no tocante aos 
atos jurídicos lícitos que não são negócios jurídicos, abriu-lhes um 
título, com artigo único, em que se determina, seguindo a orientação 
adotada no art. 295 do Código Civil português de 1966, que se lhes 
apliquem, no que couber, as disposições disciplinadoras do negócio 
jurídico. No negócio jurídico, há uma composição de interesses, um 
regramento bilateral de condutas, como ocorre na celebração de 
contratos. A manifestação de vontade tem finalidade negocial, que, 
em geral, é criar, adquirir, transferir, modificar, extinguir direitos 
etc. Diante disso se pode dizer que, em regra, o negócio jurídico é 
bilateral, embora existam negócios jurídicos unilaterais por 
disposição expressa dos respectivos artigos. 
Nos negócios jurídicos unilaterais ocorre o seu aperfeiçoamento com 
uma única manifestação de vontade. Podem ser citados, como 
exemplos, o testamento, a instituição de fundação, a renúncia da 
herança, a procuração, a confissão de dívida e outros, porque nesses 
casos o agente procura obter determinados efeitos jurídicos, isto é, 
criar situações jurídicas, com a sua manifestação de vontade. O 
testamento presta-se à produção de vários efeitos: não só para o 
testador dispor de seus bens para depois de sua morte como também 
para, eventualmente, reconhecer filho havido fora do matrimônio, 
nomear tutor para filho menor, reabilitar indigno, nomear 
testamenteiro, destinar verbas para o sufrágio de sua alma etc. Na 
instituição da fundação, em que o instituir pode obter múltiplos 
efeitos, exige-se o registro como pressuposto de sua personificação, 
mas não se tem como essencial outra manifestação de vontade. A 
doação, sendo um contrato (aperfeiçoa-se com a aceitação), não é 
negócio jurídico unilateral, mas bilateral, malgrado a doutrina a 
classifique como contrato unilateral quanto aos efeitos, porque gera 
obrigação somente para o doador, sendo pura. Negócios jurídicos 
unilaterais, contudo, são os que se aperfeiçoam com uma única 
manifestação de vontade (classificação quanto à origem). 
I.iii.b Quanto ao número de declarantes ou de manifestações de 
vontade 
Bilaterais: são os que se perfazem com duas manifestações de 
vontade, coincidentes sobre o objeto. Essa coincidência chama-se 
consentimento mútuo ou acordo de vontades, que se verifica nos 
contratos em geral. 
Bilaterais simples: são aqueles em que somente uma das partes 
aufere vantagens, enquanto a outra arca com os ônus, como ocorre 
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na doação e no comodato, por exemplo. Concedem, assim, 
vantagens a uma das partes e ônus à outra. 
Bilaterais Sinalagmáticos: são aqueles em que há reciprocidade de 
direitos e obrigações, estando as partes em situação de igualdade. 
São os que outorgam ônus e vantagens recíprocos, como na compra 
e venda e na locação, por exemplo. Essa denominação deriva do 
vocábulo grego sinalagma, que significa contrato com reciprocidade. 
Unilaterais: são os que se aperfeiçoam com uma única manifestação 
de vontade, como ocorre no testamento, no codicilo, na instituição 
de fundação, na renúncia de direitos, na procuração, nos títulos de 
crédito, na confissão de dívida, na renúncia à herança, na promessa 
de recompensa etc. 
Unilateais receptícios: são aqueles em que a declaração de vontade 
tem de se tornar conhecida do destinatário para produzir efeitos, 
como sucede na denúncia ou resilição de um contrato, na revogação 
de mandato etc. 
Unilaterais Não receptícios: são aqueles em que o conhecimento por 
parte de outras pessoas é irrelevante, como se dá no testamento, na 
confissão de dívida etc. 
Plurilaterais: são os contratos que envolvem mais de duas partes, 
como o contrato de sociedade com mais de dois sócios e os 
consórcios de bens móveis e imóveis. As deliberações nesses casos 
não decorrem de um intercâmbio de declarações convergentes, de 
unanimidade de manifestações, mas da soma de sufrágios, ou seja, 
de decisões da maioria, como sucede nas deliberações societárias, 
nas resultantes de assembleia geral de acionistas e dos credores que 
deliberam no processo de concurso. A doutrina menciona os 
negócios jurídicos plurilaterais como figura diferenciada dos 
contratos e os trata como acordos, em razão de se destinarem à 
adoção de decisões comuns em assuntos de interesses coletivos. Os 
contratos pressupõem,necessariamente, interesses opostos e 
divergentes, que afinal se harmonizam. Nos negócios jurídicos 
plurilaterais ou acordos existiriam interesses convergentes ou 
paralelos, como na fusão das sociedades comerciais e nos negócios 
de direito familiar. 
I.iii.c Quanto às vantagens patrimoniais que podem produzir 
Gratuitos: são aqueles em que só uma das partes aufere vantagens 
ou benefícios, como sucede na doação pura e no comodato, por 
exemplo. Nessa modalidade, outorgam-se vantagens a uma das 
partes sem exigir contraprestação da outra. 
Onerosos: ambos os contratantes auferem vantagens, às quais, 
porém, corresponde um sacrifício ou contraprestação. São dessa 
espécie quando impõem ônus e ao mesmo tempo acarretam 
vantagens a ambas as partes, ou seja, sacrifícios e benefícios 
recíprocos. É o que se passa com a compra e venda, a locação, a 
empreitada etc. Todo negócio oneroso é bilateral, porque a prestação 
de uma das partes envolve uma contraprestação da outra. Mas nem 
todo ato bilateral é oneroso. Doação é contrato e, portanto, negócio 
jurídico bilateral. 
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Onerosos Comutativos: são os de prestações certas e determinadas. 
As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que 
geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não 
envolvem nenhum risco. 
Onerosos aleatórios: ao contrário, caracterizam-se pela incerteza, 
para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que deles pode 
advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato futuro e 
imprevisível. O risco é da essência do negócio, como no jogo e na 
aposta. Já se disse que o contrato de seguro é comutativo, porque o 
segurado o celebra para se acobertar contra qualquer risco. No 
entanto, para a seguradora é sempre aleatório, pois o pagamento ou 
não da indenização depende de um fato eventual. 
Neutros: há negócios que não podem ser incluídos na categoria dos 
onerosos, nem dos gratuitos, pois lhes falta atribuição patrimonial se 
caracterizam pela destinação dos bens. Em geral coligam-se aos 
negócios translativos, que têm atribuição patrimonial. Enquadram-se 
nessa modalidade os negócios que têm por finalidade a vinculação 
de um bem, como o que o torna indisponível pela cláusula de 
inalienabilidade e o que impede a sua comunicação ao outro 
cônjuge, mediante cláusula de incomunicabilidade. A instituição do 
bem de família também se inclui na categoria dos negócios de 
destinação, isto é, de afetação de um bem a fim determinado, não se 
qualificando como oneroso, nem como gratuito, embora seja 
patrimonial. A renúncia abdicativa, que não aproveita a quem quer 
que seja, e a doação remuneratória também podem ser citadas como 
exemplo. 
Bifrontes: são os contratos que podem ser onerosos ou gratuitos, 
segundo a vontade das partes, como o mútuo, o mandato, o depósito. 
A conversão só se torna possível se o contrato é definido na lei como 
negócio gratuito, pois a vontade das partes não pode transformar um 
contrato oneroso em benéfico, visto que subverteria sua causa. Frise-
se que nem todos os contratos gratuitos podem ser convertidos em 
onerosos por convenção das partes. A doação e o comodato, por 
exemplo, ficariam desfigurados, se tal acontecesse, pois se 
transformariam, respectivamente, em venda e locação. 
I.iii.d Quanto ao momento da produção dos efeitos 
Inter vivos: destinam-se a produzir efeitos desde logo, isto é, 
estando as partes ainda vivas, como a promessa de venda e compra, 
a locação, a permuta, o mandato, o casamento etc. O seguro de vida, 
ao contrário do que possa parecer, é negócio inter vivos, em que o 
evento morte funciona como termo (condição). 
Mortis causa: são os negócios destinados a produzir efeitos após a 
morte do agente, como ocorre com o testamento, o codicilo e a 
doação estipulada em pacto antenupcial para depois da morte do 
testador. O evento morte nesses casos é pressuposto necessário de 
sua eficácia. Os negócios jurídicos mortis causa são sempre 
nominados ou típicos. Ninguém pode celebrar senão os definidos na 
lei e pelo modo como os regula. Não podem as partes, desse modo, 
valer-se da autonomia privada e realizar negócios inominados ou 
atípicos dessa natureza. Podem, no entanto, criar tipos novos de 
negócios inter vivos. 
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I.iii.e Quanto ao modo de existência 
Principais: são os que têm existência própria e não dependem, pois, 
da existência de qualquer outro, como a compra e venda, a locação, a 
permuta etc. 
Acessórios: são os que têm sua existência subordinada à do contrato 
principal, como se dá com a cláusula penal, a fiança, o penhor e a 
hipoteca, por exemplo. Em consequência, como regra seguem o 
destino do negócio principal (acessorium sequitur suum principale), 
salvo estipulação em contrário na convenção ou na lei. Desse modo, 
a natureza do acessório é a mesma do principal. Extinta a obrigação 
principal, extingue-se também a acessória; mas o contrário não é 
verdadeiro. 
Derivados: são os que têm por objeto direitos estabelecidos em 
outro contrato, denominado básico ou principal (sublocação e 
subempreitada, p. ex.). Têm em comum com os acessórios o fato de 
que ambos são dependentes de outro. Diferem, porém, pela 
circunstância de o derivado participar da própria natureza do direito 
versado no contrato-base. Nessa espécie de avença, um dos 
contratantes transfere a terceiro, sem se desvincular, a utilidade 
correspondente à sua posição contratual. O locatário, por exemplo, 
transfere a terceiro os direitos que lhe assistem, mediante a 
sublocação. O contrato de locação não se extingue. E os direitos do 
sublocatário terão a mesma extensão dos direitos do locatário, que 
continua vinculado ao locador. 
 
I.iii.f Quanto à formalidade 
Solenes: são os negócios que devem obedecer à forma prescrita em 
lei para se aperfeiçoarem 
Não Solenes: são os negócios de forma livre. Basta o consentimento 
para a sua formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade 
para o seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer 
forma, inclusive a verbal. Podem ser mencionados como exemplos, 
dentre inúmeros outros, os contratos de locação e de comodato. Em 
regra, os negócios jurídicos (contratos) têm forma livre, salvo 
expressas exceções. Dispõe, com efeito, o art. 107 do Código Civil 
que “a validade da declaração de vontade não dependerá de forma 
especial, senão quando a lei expressamente a exigir”. 
I.iii.g Quanto ao número de atos necessários 
Simples: são os negócios que se constituem por ato único. Exemplo: 
compra paga à vista. 
Complexos: são os que resultam da fusão de vários atos sem 
eficácia independente. Compõem-se de várias declarações de 
vontade, que se completam, emitidas pelo mesmo sujeito, ou 
diferentes sujeitos, para a obtenção dos efeitos pretendidos na sua 
unidade. Pode ser mencionada, como exemplo desta última 
modalidade, a alienação de um imóvel em prestações, que se inicia 
pela celebração de um compromisso de compra e venda, mas se 
completa com a outorga da escritura definitiva; e, ainda, o negócio 
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que exige a declaração de vontade do autor e a de quem deve 
autorizá-la. 
De complexidade objetiva: quando as várias declarações de vontade, 
que se completam, são emitidas pelo mesmo sujeito tendo em vista o 
mesmo objeto. É essencial, nessa forma de complexidade, a 
identidade tanto do sujeito como do objeto do negócio. 
De complexidade subjetiva: se caracteriza pela pluralidade de 
declarações de diferentes sujeitos, devendo convergir para o mesmo 
objeto, ou seja, ter umaúnica causa, mas podendo ser emitidas 
contemporânea ou sucessivamente. 
Coligados: que se compõe de vários outros, como, por exemplo, o 
arrendamento de posto de gasolina, coligado pelo mesmo 
instrumento ao contrato de locação das bombas, de comodato de área 
para funcionamento de lanchonete, de fornecimento de combustível, 
de financiamento etc. Neste caso há multiplicidade de negócios, 
conservando cada qual a fisionomia própria, mas havendo um nexo 
que os reúne substancialmente. Não se trata somente de contratos 
perfeitamente distintos celebrados no mesmo instrumento, porque 
então haveria apenas união meramente formal. O que caracteriza o 
negócio coligado é a conexão mediante vínculo que una o conteúdo 
dos dois contratos. É necessário que os vários negócios se destinem 
à obtenção de um mesmo objetivo. No exemplo citado o vínculo que 
une todos os contratos é a exploração do posto de gasolina como um 
complexo comercial. 
 
I.iii.h Quanto as modificações que podem produzir 
Dispositivos: os utilizados pelo titular para alienar, modificar ou 
extinguir direitos. Com efeito, pode o titular de um direito de 
natureza patrimonial dispor, se para tanto tiver capacidade, de seus 
direitos, como, por exemplo, conceder remissão de dívida, constituir 
usufruto em favor de terceiro, operar a tradição etc. 
Obrigacionais: os que, por meio de manifestações de vontade, 
geram obrigações para uma ou para ambas as partes, possibilitando a 
uma delas exigir da outra o cumprimento de determinada prestação, 
como sucede nos contratos em geral. Frequentemente o negócio 
dispositivo completa o obrigacional. A alienação de uma 
propriedade, de natureza dispositiva, que se consuma com o registro 
do título ou da tradição, é precedida do contrato de compra e venda, 
de natureza obrigacional, pelo qual o adquirente se obriga a pagar o 
preço e o alienante a entregar a coisa objeto do negócio. 
I.iii.i Quanto a obtenção do resultado 
Fiduciário: é aquele em que alguém, o fiduciante, “transmite um 
direito a outrem, o fiduciário, que se obriga a devolver esse direito 
ao patrimônio do transferente ou a destiná-lo a outro fim”. É 
caracterizado pela circunstância de que o meio utilizado transcende o 
fim perseguido, não se compatibilizando o aspecto econômico com o 
aspecto jurídico do negócio, como ocorre, por exemplo, quando 
“alguém transmite a propriedade deum bem com a intenção de que o 
adquirente o administre, obtendo dele o compromisso, por outro 
negócio jurídico de caráter obrigacional, de lhe restituir o bem 
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vendido. Trata-se de negócio lícito e sério, perfeitamente válido, e 
que se desdobra em duas fases. Na primeira, ocorre verdadeiramente 
a transmissão de um direito pertencente ao fiduciante. Na segunda, o 
adquirente fiduciário se obriga a restituir o que recebeu, ou seu 
equivalente. Esses negócios compõem-se de dois elementos: a 
confiança e o risco. A transmissão da propriedade, quando feita ao 
fiduciário para fins de administração, é verdadeira. Tanto que, se o 
fiduciário recusar-se a restituir o bem, caberá ao fiduciante somente 
pleitear as perdas e danos, como consequência do inadimplemento 
da obrigação de o devolver. A expressão negócio fiduciário provém 
do latim fiducia, que significa confiança ou garantia. O negócio 
fiduciário não é considerado negócio simulado, malgrado a 
transferência da propriedade seja feita sem a intenção de que o 
adquirente se torne verdadeiramente proprietário do bem. Não há a 
intenção de prejudicar terceiros, nem de fraudar a lei. 
Simulado: o que tem a aparência contrária à realidade. Embora 
nesse ponto haja semelhança com o negócio fiduciário, as 
declarações de vontade são falsas. As partes aparentam conferir 
direitos a pessoas diversas daquelas a quem realmente os conferem. 
Ou fazem declarações não verdadeiras, para fraudar a lei ou o Fisco. 
O negócio simulado não é, portanto, válido. O novo Código retirou-o 
do rol dos defeitos do negócio jurídico, em que se encontrava no 
diploma de 1916 (arts. 102 a 105), deslocando-o para o capítulo 
concernente à invalidade do negócio jurídico, considerando-o nulo 
(art. 167). 
 
Fluxogramas e mapas mentais 
 
1. Espécies de fatos 
 
2. Classificação quanto ao número de declarantes 
 
 
 
 
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3. Classificação quanto às vantagens patrimoniais 
 
 
REFERÊNCIAS 
FERNANDES, Alexandre Cortez. Direito Civil: fatos jurídicos. 
EDUCS: Caxias do Sul-RS, 2010. (disponível na biblioteca virtual). 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: parte geral. 
v. 1.16 ed. São Paulo: Saraiva, 2018. 
_______. Direito Civil Esquematizado. Parte Geral, obrigações e 
contratos. Org. LENZA, Pedro. v.1. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

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