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1/30/17 1 Anestésicos gerais e locais Profa. Camila Figueirêdo Universidade Federal da Bahia Instituto de Ciências da Saúde Depto de Biorregulação Histórico - AG • Etanol / ópio – reduzem a consciência • Óxido nitroso (Priestley 1776) e éter – uso a partir de 1845 • Corrida intelectual por anestésicos – 1800 • Wells e Morton, 1845-46 – óxido nitroso na odontologia • Simpson, 1847 – clorofórmio • Ciclopropano, 1929 Vídeo história da anestesia: https://www.youtube.com/watch?v=_j7MUhwlfQw 1/30/17 2 Histórico - AG • Longe de serem ideais!!! – NO2: baixa potência e [ ] irreais p/ produzir anestesia – Éter: manisfestação lenta, irritante, inflamável – Ciclopropano: inflamável – Clorofórmio: hepatotóxico e arritmogênico (1842 - primeira cirurgia com Éter) Histórico -AG • Descoberta do efeito hipnótico dos barbitúricos – Tiopental – John Lundy (MN, USA, 1936) – anestesia balanceada • Descoberta do primeiro hidrocarbonetos halogenados, protótipo da classe, o Halotano, na década de 50 por Raventos 1/30/17 3 Anestésicos gerais 1. CONCEITO DE ANESTESIA GERAL. 2. ANESTÉSICOS INALATÓRIOS. 3. ANESTÉSICOS INTRAVENOSOS Anestésicos gerais Em que situação utilizá-los? Cirurgia, em resposta ao estímulo nociceptivo. Alterações simpáticas, neuromotoras e cardiorespiratórias. 1/30/17 4 1. Perda de consciência. 2. Analgesia: – Ausência de resposta motora a estímulo. – Ausência de resposta vegetativa a estímulo. 3. Relaxamento muscular. Conceito de anestesia geral Fases da anestesia geral 1. A indução da anestesia 2. A manutenção anestésica 3. O despertar (finalização) 1/30/17 5 Tipos de anestesia geral segundo os fármacos empregados • Intravenosa • Inalatória • Mista Mecanismos de ação • Estimulação GABAérgica • Tiopental, propofol, etomidato e inalatório • Excitação glutamatérgica reduzida Cetamina (antagonista NMDA) • Inibição aumentada via extravasamento dos canais de K+ Inalatórios Depressão da transmissão sináptica, especialmente no tálamo e no córtex cerebral Qual o efeito? Controlam todos os estímulos sensoriais, exceto olfato, determina sono e estado de alerta. 1/30/17 6 Anestésicos intravenosos • Hipnóticos: Tiopental, Metoexital, Propofol, Cetamina, Etomidato. • Opióides: Fentanil, Morfina, Meperidina, Remifentanil • Bloqueadores neuromusculares: Succinilcolina, pancurônio Hipnóticos: Barbitúricos • Usado intravenosamente como anestésicos (tiopental) – Rápido início de ação (30’’) – Rápida redestribuição e lenta metabolização – Manutenção – doses repetidas – volta lenta • Outros usos: – Usado como anticonvulsantes (para epilepsia) – Usado para induzir a morte (cocktails suicidas) 1/30/17 7 Hipnóticos: Propofol (agente fenólico) • Induzem perda de consciencia (sono). – Começo de ação rápido: • Tempo de circulação para cérebro ( 20” ). – Duração de açao curta: • Em 5-10 minutos o paciente desperta. • Indução anestésica. • Manutenção da anestesia Hipnóticos: RAM • Perda do tônus muscular. • Perda de reflexos protetores. • Depressão respiratória: Hipoventilação. Apneia. • Depressão cardiovascular: Hipotensão. Bradicardia 1/30/17 8 BNM • Usados p/ impedir o reflexo muscular mediante intervenção: – Nas vias aéreas – Cirurgias abdominais – Cirurgias toráxicas • Succinilcolina • Roncurônio Benzodiazepínicos • Utilizados para sedação consciente • Aliviam a ansiedade e a dor, aumentando a aceitação do procedimento • Reduz a necessidade de analgesia • Inconsciencia súbita – risco de complicações 1/30/17 9 Opióides • Receptores opióides nociceptivos • Retorno de consciência com analgesia • Impedir reflexos mediante estímulos nociceptivos Função do receptor opióide 1/30/17 10 Como os opióides podem inibir a passagem do estímulo nervoso? - Hiperpolarizando as membranas pre ou pós-sinapticas; Ativando receptores de K+ aumentando sua saída, e inibindo VOCS de Ca, reduzindo Ca++ nas terminações pré-sinaptica; levando a uma menor liberação de um NT excitatório Proteína G inibitória - ↓ AMPc í ↓ Subtipos de receptores Ação µ κ Analgesia ✔ ✔ Depresão respiratoria ✔ _ Euforia ✔ _ Disforia _ ✔ Sedação ✔ ✔ Miose ✔ _ Alteração da motilidade GI ✔ ✔ 1/30/17 11 Efeitos em orgãos e sistemas • Analgesia – SNC e SNP – Sensação agradável de estar flutuando, diminuição da ansiedade, mal-estar, nervosismo, desorientação, alucinações e delírio • Depressão respiratória – tronco cerebral • Supressão da tosse – centro da tosse no tronco cerebral e/ou receptores via aérea. Efeitos em orgãos e sistemas • Rigidez de tronco – mecanismo desconhecido – via inibição GABA (?) • Náuseas e vômitos – ativam a zona de gatilho tronco cerebral • Sistema imune – imunosupressão • Cardiovascular – vasodilatação – hipotensão / bradicardia (+vago) • TGI – Constipação / Refluxo • T. genitourinário – retenção urinária 1/30/17 12 Indicações • Dor: (moderada-grave) – Agudo/crônico (somática, visceral, neuropática…) • Anestesia – Fentanil e análogos • Edema agudo de pulmão – Morfina • Antitussígenos – Codeína. • Diarréia – Loperamida 5. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO • Oral • Transcutânea • Intravenosa • Epidural • Subcutanea na infusão contínua • Retal • Intramuscular 1/30/17 13 6. CUIDADOS • SÃO PREVISÍVEIS • PLANO DE CUIDADOS TENDEM A MINIMIZÁ-LOS • Não ministrar outros fármacos depresores do SNC. ⇒ Parametros: sedação +++, FR < 8 resp/min ou pCO2 > 50 mm Hg ⇒ Ventilação assistida ⇒ Naloxona intravenosa. Sedação e confusão mental Coma Depressão respiratória Náuseas/vómitos Retencão urinaria Constipação ð Antieméticos. ð Sonda ð Dieta rica em fibra Hipotensão arterial • Administrar lentamente a dose de ataque. • Manter a volemia. Prurido • Administração antiH1 Bradicardia • Por estimulação vagal Efeitos colaterais e seus tratamentos 1/30/17 14 Mecanismo de tolerância Opióide Inibição da ADC (+) PKC Fosforila a G1glutamiltranspeptidase (receptorµ) Enzima que inativa a ADC - Modulação dos canais de K - Aumento de Ca intracelular via PKC - Redução do bloqueio NMDA ↓AMPC Hiperexcitabilidade das células nervosa ∼ transmissão do estímulo doloroso Penildon 8 ed. PKC também pode provocar: Dependência • O desenvolvimento de dependência não ocorre em pacientes que os recebem como analgésicos • A maioria dos pacientes com dependencia física adquire pelo uso crônico. 1/30/17 15 7. ANTAGONISTAS. • Naloxona – Não ativa via oral • Administração IV – Reversão efeitos dos agonistas (RAM) • Efeito rebote • A dor reaparece. • Sind.de Abstinencia – t1/2 curto (←) • Repetir doses • Infusão IV • Naltrexona – Ativa via oral. – t1/2 longa – Tratamento dependência a opiáceos Anestésicos inalatórios • Gases: Óxido Nitroso • Halogenados (Líquidos voláteis): Halotano, Sevoflurano, Desflurano. Ø O paciente respira o anestésico através de um circuito Ø MAC [alveolar mínima] – IC50 1/30/17 16 Anestésicos inalatórios Óxido Nitroso • Potência anestésica fraca • A dose de 50%: propriedades analgésicas. • Leve efeitodepressor cardiovascular e respiratorio. RAM • Não se recomenda o uso no 1º trimestre de gravidez. • Causa inibição da médula ósea. Halogenados • Início e recuperação rápidos. RAM • Depressão respiratória • Depressão cardiovascular • Arritmias • Diminuição do fluxo renal e hepático • Toxicidade renal e hepática • Náuseas e vómitos pos- operatorios • Hipertermia malígna Anestésicos inalatórios Halotano Isoflurano Desflurano MAC 105% 1,2% 6% Coeficiente de partição sangue:gás 2,5 1,5 0,42 Rapidez da manifestação e ressucitação lenta média rápida Metabolismo 20% 0,2% <0,02% Risco hepatite 1:10.000 rara rara 1/30/17 17 Cirurgia 2 ou mais anestésicos IV (incluindo analgésicos opióides e benzodiazepínicos) + Um agente inalatório = Controle hemodinâmico Histórico - AL • (Viena, 1884) Koller & Freud - cocaína e olho • Síntese de outros AL: – Procaína, 1905 – Lidocaína, 1943 Anel aromático lipofílico Amina terciária Cadeia de hidrocarbonetos 1/30/17 18 Anestésicos locais Anestésicos locais 1. CONCEITO ANESTESIA LOCAL. 2. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS. 3. APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS E TIPOS DE ANESTESIA LOCAL. 4. REAÇÕES ADVERSAS 1/30/17 19 Conceito • “Fármacos que bloqueiam, de forma reversível, a transmissão nervosa em qualquer parte do SN em que se apliquem” – Apenas afeta os neurônios próximos a lugares de sua administração – Suprimem a dor sem deprimir a consciência – Menos riscos que a anestesia geral Mecanismo de ação • Atuam sobre proteínas localizadas na superfície interna da membrana: – Bloqueiam os canais de sódio • Impedem a despolarização… 1/30/17 20 Mecanismo de ação Não ionizado Ionizado, cátions Receptor localizado negativamente, Fecha o canal, impede a despolarização! pH=7 Bases: ph > pka = nao ionizada Bases: ph < pka = ionizada Lidocaína (pKa=7.9) Lidocaína (pKa=7.9) Mecanismo de ação Benzocaína (pKa=3.5) fracamente se ioniza em ph=7!!! Bases: ph > pka = nao ionizada Bases: ph < pka = ionizada 1/30/17 21 Efeitos • São mais sensíveis as fibras tipo C não-mielinizadas que medeiam as sensações dolorosas e fibras mielinizadas pequenas Aδ (sensações dolorosas e térmicas) – Qualquer fibra nervosa cujo anestésico local alcançe concentração suficiente pode ser afetada Classificação Tipo éster • Instáveis em solução • Inativação rápida por esterases plasmáticas • Podem produzir reações alérgicas cruzadas comos fármacos deste grupo. Tipo amida: • Estáveis em solução. • Metabolização hepática mais lenta. • As reações alérgicas são raras • Procaína (ação curta). • Cocaína (ação intermediária). • Tetracaína (ação prolongada). • Lidocaína (ação curta). • Mepivacaína (ação intermediária). • Bupivacaína (ação prolongada). 1/30/17 22 Fatores que condicionam a ação de AL Característica O que determina? Lipossolubilidade Potência Ligação a proteínas duração de ação pKa Início da ação Fatores que condicionam a ação Lidocaína Bupivacaína Classificação química Amida Amida pKa (manifestação) 7,9 (rápida) 8,1 (lenta) Lig. a proteínas (duração/h) 70% (1-2h) 90% (4-8h) Lipossolubilidade (potência) 2,9 (1) 28 (4) 1/30/17 23 Por que AL são ineficazes em tecido infectado? • Explicação por pKa; • Ambiente de pH ácido na inflamação; • Aumenta o grau de ionização do AL; • Menos AL atinge o interior das fibras nervosas; • Menor será sua ação. Administração com vasoconstrictores • Risco de isquemia em territórios com irrigação terminal (dedos) • Adrenalina: – Diminui o fluxo sanguíneo → ↓ a passagem p/ a circulação sistêmica... 1/30/17 24 • Anestesia superficial ou tópica • Anestesia por infiltração • Anestesia regional intravenosa • Anestesia raquidiana (atravessa a dura mater-líquor) • Anestesia epidural APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS E TIPOS DE ANESTESIA LOCAL. 4. RAM 1. Níves plasmáticos elevados de anestésico local por… • Sobredose • Administração intravenosa inadvertida • Absorção rápida. • Alterações no metabolismo. Manifestações Neurológicas e cardiovasculares… • Sabor metálico • Parestesias, Ansiedade, Tremor, Convulsão, Coma. • Bradicardia, Alt. contractibilidade, Hipotensão 1/30/17 25 RAM 2. Reações alérgicas (raras 1%): – Preparados do tipo éster (alergias cruzadas entre eles) - PABA • Dermatológicas, asmáticas e choque anafilático. Em caso de choque anafilático - adrenalina, anti-histamínico, de preferência a difenidramina, corticoesteróides, beta-agonista de curta ação e lí- quidos para reposição de volume.