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Resenha Toshiba

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA
Resenha Crítica de Caso 
Túlio Carlos de Lima Silva
Trabalho da disciplina Governança Corporativa e Excelência Empresarial
 Tutor: Prof. Ricardo Barbosa da Silveira 
Maceió 
2019
ESCÂNDALO DA CONTABILIDADE DA TOSHIBA: COMO A GOVERNANÇA CORPORATIVA FALHOU
Referência: 
MISAWA, M. Escândalo da contabilidade da Toshiba: como a governança corporativa falhou. Hong Kong: Asia Case Research Centre, The University of Hong Kong, c2016. 
		A Companhia Toshiba (Toshiba) atingiu as manchetes em 2015 por todos os motivos errados. Na sequência de uma auditoria interna, surgiu que as contas do conglomerado japonês, que fabricava tudo, desde eletrônicos de consumo até tecnologia de energia nuclear, continham grandes irregularidades e que os lucros tinham sido significativamente inflacionados. O escândalo, que surgiu pela primeira vez quando a própria Toshiba investigou as práticas contábeis da divisão de energia do grupo em abril de 2015, levou à demissão do então executivo-chefe e presidente, Hisao Tanaka, em setembro desse ano, juntamente com oito membros adicionais do conselho, incluindo o vice-presidente Norio Sasaki.
		Passada a violação, o novo presidente e CEO da Toshiba, Masashi Muromachi, imediatamente instruiu um comitê de terceiros a realizar uma auditoria detalhada das práticas contábeis do grupo. As descobertas desta revisão revelaram que a Toshiba havia sobreavaliado os lucros em 151,8 bilhões de ienes (US $1,2 bilhão) ao longo de um período de sete anos. 
 	O texto de Misawa (c2016), “Escândalo da contabilidade da Toshiba: como a governança corporativa falhou” tem o intuito de apresentar o caso de vexame que a Companhia Toshiba passou publicamente em 2015 acerca das práticas contábeis da empresa. Misawa é professora de finanças e levou o caso Toshiba para ser discutido em sala de aula com seus alunos da Universidade do Havaí em Manoa. Em 2015, período da crise pública da Toshiba, houve demissão do executivo-chefe e de mais 8 membros do conselho. Com a chegada do novo CEO, Masashi Muromachi, foi instaurado um comitê para avaliar novamente as práticas contábeis do grupo e chegou-se a conclusão de que a empresa estava sobreavaliando os seus lucros em bilhões durante os últimos sete anos. O texto de Misawa (c2016) analisa as falhas da governança corporativa, os fatos envolvendo a cultura da trapaça e mostra diversos dados através de Anexos ou no próprio corpo do texto que estão atrelados aos lucros e aos prejuízos durante esse escândalo. 
		Em 2015 dados de análise fiscal foram divulgados e a Toshiba teve uma perda, até março, de mais de 2 bilhões de dólares. Através de estudos, chegou-se a conclusão de que a maior parte dessas perdas vieram através da linha de produtos de computadores e bens de consumos duráveis (mais de 1,8 bilhões em prejuízos). Misawa (c2016) explica que todos esses bilhões a menos na Toshiba estavam diretamente ligados a estratégia falha que a empresa adotou em 2000 de mudar a maior participação na fabricação de bens de consumo duráveis. Com a desvalorização do Iene, essa estratégia de mudança falhou drasticamente. Porém, os semicondutores da empresa ainda prosperavam e sustentavam a corporação. 
		A auditoria realizada na Toshiba foi revelando outras “trapaças” que ocorriam dentro da empresa, como amortizações. Após análises sobre os casos desde 2011, ano em que a Toshiba teve um escândalo de fraude contábil, chegou-se ao fato de que profissionais de alto escalão tinham consciência da verdade por trás dos números fraudulentos. Após essa onda de escândalos, a Toshiba soltou uma nota em resposta pedindo desculpas aos seus acionistas e sócios pelas inconveniências perdas no valor das ações e alegou que trabalharia arduamente para a Toshiba conseguir recuperar seus princípios, mesmo sabendo que demoraria para retomar a confiança e o respeito do público. 
		Misawa (c2016) bota em pauta a questão de como se deu essa prática de ações fraudulentas na Toshiba. Para a autora, a alta pressão em cima dos funcionários, onde esses deviam atingir metas difíceis e que estes deveriam demonstrar fidelidade total aos seus superiores, resultou em todas essas ações ilegais. A construção da cultura do engano, onde funcionários tinham ações indesejáveis para conseguir atingir os desafios emitidos pelos seus superiores, começou a mudar quando a nova equipe de gerenciamento adotou ações positivas para acabar com essas ações desonestas. O Anexo 4 “Contrastes culturais entre empresas note-americanas e japonesas” faz um comparativo entre as culturas adotadas nas empresas dos EUA e as do Japão. Com funcionários focados somente no lucro, a manipulação de números dentro da Toshiba tornou-se corriqueira e o caminho a ser seguido para mudar isso foi a reestruturação. 
		Misawa (c2016) alega que a Toshiba, anteriormente, já havia sido considerada uma pioneira em governança corporativa, onde esse processo teve inicio no final da década de 90, ficando mais forte em 1998 com a criação de um sistema de funcionário corporativo. Com foco total nos lucros e tendo uma visão de que esse fato estava acima de todos os princípios, em 2008 o atual presidente e seus executivos sêniors começaram um processo de modificação de números e a governança corporativa não os impediu. Destaque-se no texto um problema de governança no que diz respeito a nomeação de membros externos do conselho. A falta de experiência de alguns nomeados, atrelado a funcionários focados somente no lucro, ajudaram na construção de uma cultura de trapaças. 
		De forma sucinta, Misawa (c2016) mostra a deterioração do patrimônio ligado a marca Westinghouse Electric, que foi comprada pela Toshiba em 2006 por mais de 5 bilhões de dólares. Com essa aquisição, a Toshiba tornou-se a principal empresa de energia nuclear do mundo, porém, com o desastre nuclear em Fukushima em 2011 e, consequentemente, a diminuição do interesse por energia nuclear, a Westinghouse se viu numa posição de ter que registrar as perdas por depreciação. A Toshiba teria que, diante desse fato, reportar as quedas do valor da Westinghouse ao publico e aos investidores. Porém, a Toshiba preferiu violar as regras da Bolsa de Valores de Tóquio e não realizou a divulgação. Esse evento colocou em dúvida as praticas contábeis da empresa. 
Em 2015 a empresa alega que começará a ter ações mais transparentes tanto com o público quanto com os seus investidores. Quando essas ações começaram, o valor de mercado das Toshiba começou a se deteriorar devido a falta de confiança dos investidores e assim se iniciou uma onda de processos judiciais por parte dos acionistas para solicitar os danos por perdas incorridas. Masashi Muromachi foi nomeado em julho de 2015 como o novo CEO da Toshiba e o seu foco era investigar a estrutura governamental da empresa, o porquê da governança corporativa dentro da Toshiba ter falhado, os fracassos acerca da transparência da empresa. 
Conforme foi atuando como CEO, Muromachi apontou várias ações que ele deveria tomar de imediato, como desenvolver uma visão, missão e renovar a estratégia da Toshiba; modificar a ideia de valores dos funcionários; e reestruturação do plano de negócios. 
Misawa (c2016) termina o texto explicando os pontos que o CEO Muromachi alegava ser de extrema importância para alavancar novamente a empresa. Com um texto complexo, cheio de números e informações atreladas a economia do Japão, Misawa (c2016) consegue resumir bem um dos maiores escândalos financeiros da história japonesa.

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