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BIOTERRORISMO

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BIOTERRORISMO
Introdução
A idéia de utilizar agentes infecciosos para o surgimento de grandes epidemias é antiga e vários acontecimentos históricos em períodos distintos relatam isso.
O homem de Neanderthal já aplicava o conceito de arma biológica ao colocar fezes de animais nas pontas das flechas para causar maior letalidade a seus inimigos nas guerras, com o objetivo de desestabilizar um possível contra ataque.
Já os cavaleiros romanos jogavam carcaça de animais nos poços dos inimigos para contaminar a água. Ainda, em 1346 os tártaros lançavam os cadáveres de pessoas mortas pela peste bubônica sobre a cidade de Caffa e o exército britânico em uma das suas guerras mandava cobertores de pacientes com varíola para os índios que ocupavam as margens do rio Delaware.
Hoje, o bioterrorismo é uma realidade mais completa e complexa com o avanço da engenharia genética, que tem a capacidade de alterar genes dos agentes visando proporcionar uma maior letalidade e, de acordo com alguns especialistas, seria algo possível e realizável por pessoas com formação adequada.
Em 1972 foi assinada entre as principais potências a Convenção sobre Armas Biológicas que proibia a criação e o armazenamento de armas biológicas. Entretanto, apesar do acordo, nem todos os países cumpriram as resoluções como, por exemplo, a União Soviética quando o acidente em Sverdloks, em 1979 ficou evidenciado pela liberação de esporos do B. Anthracis causando contaminação no pessoal envolvido na manipulação dos esporos.
Alguns autores nas últimas décadas do século XX alertaram sobre os riscos e terror de uma guerra biológica onde o Anthrax, a Varíola e a toxina butolínica seriam os principais agentes do uso em potencial, o que justifica a importância do conhecimento sobre o assunto.
DESENVOLVIMENTO
O Bioterrorismo é considerado como sendo o uso de agentes que provocam danos nocivos a uma determinada população e a sua eficácia não só dependerá da classificação da sua virulência de seu agente.
O grau avançado de desenvolvimento de armas biológicas ficou evidente depois da revelação de detalhes do acidente de Sverdlovsk, em 1979. Por um motivo qualquer, houve a dispersão acidental de uma quantidade desconhecida de esporos do B. anthracis. Inúmeros casos e óbitos por antraz em humanos e em animais foram detectados, os humanos tanto da forma inalatória como da digestiva. Esse episódio sugere que os soviéticos teriam conseguido uma forma eficiente para disseminar os esporos do B. anthracis por via aérea. Um livro (Biohazard) escrito por um ex-diretor adjunto do programa de armas biológicas da União Soviética, Kanatjan Alibekov, e publicado no Ocidente, revelou que a União Soviética estava preparada para lançar um ataque biológico com o vírus da varíola sobre os Estados Unidos, no caso de uma guerra nuclear.
O grupo ultranacionalista japonês, Aum Shinrikyo, autor do ataque com gás Sarin no metrô de Tóquio, já havia empregado esporos do B. anthracis, mas sem causar vítimas.
O bioterrorismo data de 1340, quando cadáveres de cavalos doentes eram catapultados sobre as muralhas de castelos na França. Corpos humanos infectados com a peste também foram usados como munição na Europa central durante os séculos 14 e 15. Em 1763, um general do exército britânico ordenou que cobertores usados por pacientes com varíola fossem enviados a tribos indígenas americanas. Na Guerra Revolucionária britânica, os soldados se infectavam com traços de varíola, tornando-se imunes, com a intenção de transmitir a doença para o inimigo.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os alemães infectaram com antraz o gado que era enviado aos Aliados. Apesar de o ataque ter se mostrado bem-sucedido, ele levou à criação do Protocolo de Genebra em 1925. Esse protocolo proibia o uso de agentes biológicos e químicos em épocas de guerra, mas permitia que a pesquisa e o desenvolvimento desses agentes continuasse. Os exércitos britânico e alemão podem ter se envolvido com guerra biológica, mas os Japoneses tomaram a dianteira nos anos que antecederam a Segunda Guerra Munidal (em inglês). Centenas de milhares de civis chineses foram mortos por meio de ataques biológicos nas mãos do exército japonês. Um desses ataques incluía jogar, de aviões em vôo rasante, sacos de papel contendo pulgas infestadas com a peste.
Em 1984, ocorreu o primeiro caso de bioterrorismo nos Estados Unidos. Membros de uma seita na zona rural do Oregon espalharam salmonela em bares que vendiam saladas na região do condado de Wasco County, com o objetivo de influenciar o resultado de um voto judicial. No fim das contas, foram relatados 750 casos de intoxicação alimentar e 45 vítimas tiveram de ser hospitalizadas. Em 1995, outro culto matou 12 pessoas e feriu muitas mais em Tóquio ao liberar gás sarin em um metrô lotado.
O bioterrorismo é, portanto, uma realidade. Ataques mais graves possivelmente não teriam acontecido pela dificuldade ou mesmo incapacidade de disseminar de maneira eficiente os agentes infecciosos, sem dúvida o aspecto mais complexo no desenvolvimento das armas biológicas.
Em tese, praticamente qualquer agente biológico pode ser usado como arma. O B. anthracis, o vírus da varíola, a Yersinia pestis e a toxina do Clostridium botulinum podem ser considerados os “clássicos” das armas biológicas.
Desses, dois já foram sérios problemas de saúde pública, o vírus da varíola e a Y. pestis. A Y. pestis se prestaria para ser usada como arma biológica por sua capacidade de transmissão inter-humana na forma pulmonar. Epidemias de peste pulmonar foram poucas, mas ocorreram e apresentam uma alta letalidade.
Ainda que exista uma vacina contra a peste, esta é de eficácia limitada, sendo seu uso em massa impraticável. A possibilidade de existirem cepas de Y. pestis, modificadas geneticamente para serem resistentes aos antibióticos não é uma paranóia, cepas resistentes já foram encontradas na natureza num surto em Madagascar.
O vírus da varíola talvez seja o mais preocupante dos agentes potencialmente utilizáveis como arma biológica. Causador de epidemias devastadoras até época recente, seu desaparecimento não se deu de forma natural, mas por força de uma campanha mundial de erradicação através da vacinação, a primeira doença a ser erradicada por ação humana deliberada. O último caso de varíola se deu em 1977.
Mas ainda houve um último caso documentado em 1978, em Birmingham, na Inglaterra, resultado de um acidente de laboratório, em que houve disseminação do vírus num centro de pesquisa.
Sintetizando o termo “guerra biológica” nos referimos ao uso de patógenos que ao serem liberados podem gerar grande epidemia com elevado índice de mortalidade para o lado oposto. Quanto ao Bioterrorismo seria o uso indevido ou, até criminoso, de agentes que provocam danos nocivos a uma determinada população.
Há uma vasta gama de agentes que podem ser usados como armas biológicas, tais como, bactérias, fungos, vírus ou toxinas. Esses agentes também podem ser usados não só para contaminação humana, mas também para a contaminação de alimentos ou águas.
A eficácia da arma biológica dependerá não só da sua virulência e capacidade de dispersão, como também, suas características gerais como, por exemplo, cor, sabor e odor. Isso fará com que a população só se dê conta de que está infectada quando começar a expressar os primeiros sinais e sintomas.
Para ajudar a categorizar e priorizar o estudo desses agentes, o Centro de Controle de Doenças (CDC) os separa em três grupos principais.
Categoria A - facilmente disseminado e com alto potencial para pânico, desordem e perdas em massa.
Categoria B - maior dificuldade de disseminação, com taxas moderadas de doença e baixas taxas de mortes.
Categoria C - patógenos emergentes que possuem potencial de serem letais e facilmente disseminados.
Os agentes da categoria A são os únicos suspeitos de serem ameaças bioterroristas viáveis. Os agentes que são classificados como “Classe A” (Bacillus anthracis, Virus Varíola, Yersinia pestis, Clostridiumbotulinum, Francisella tularensis e Febres hemorrágicas) são definidos como classe A, por alguns critérios que incluem: Elevada morbidade e mortalidade; são transmitidos de pessoa para pessoa; possuir baixa dosagem infecciosa; serem altamente infectante ao ser disseminado em forma de aerosol; não exista vacina contra o agente ou que esta tenha disponibilidade limitada; potencial de produção em larga escala e permanecerem estáveis no meio ambiente.
Os organismos “Classe B” (Coxxiella burnetti, Brucella spp., Burkholderia mallei, Alfa-virus, Enfermidades originadas por alimentos) são caracterizados como classe B por possuir dispersão moderada, resulta em taxa de morbilidade moderada, baixa mortaliade e exigir aprimoramentos específicos da capacidade de diagnóstico.
Já os organismos “Classe C” (Virus Nipha, Hantavirus, Febres hemorrágicas viral, Febre amarela e Tuberculose farmacoressistente) são reconhecidos por serem patógenos emergentes com maior disponibilidade; facilidade de produção e difusão, e potencial de morbidade e mortalidade e impacto na saúde maior. Esses são os agentes usados para fins de arma biológica, mas provavelmente os mais escolhidos são o vírus da varíola, os esporos do Bacillus anthracis, a toxina butolínica e Yersinia pestis, assim como, a Tularemia e Febres hemorrágicas por serem da Classe A.
As mais temidas armas biológicas:
Bacillus anthracis – Anthrax
A infecção é denominada conforme a origem do termo grego antrakus, que significa carvão, isso é devido a lesões enegrecidas na sua forma cutânea. É considerada uma doença histórica, uma vez que, ela teria sido responsável por pragas que atingiram o antigo Egito.
“O poeta e cientista grego Virgil legou-nos ricos detalhes sobre a doença: “Se qualquer um usar uma roupa feita com lã infectada, seus membros logo serão atacados por pápulas inflamatórias e um horrível exsudato, e se ele demorar muito para retirar o material, uma violenta infecção cobrirá as partes onde este entrou em contato.”
O cientista Robert Koch em 1877 descreveu o crescimento do B. anthracis invitroe conseguiu por meio de experiências com animais saudáveis apontar esse agente como isso, foi possível reduzir o número de infectados na Inglaterra causador da patologia. Na mesma época John Bell observou a forma inalante do agente e, com isso, foi possível reduzir o número de infectados na Inglaterra.
O B. anthracisé uma bactéria em forma de bacilo Grampositivo, encapsulado, imóvel que mede entre 1 a 1,5 μm e pode assumir a forma de esporos. Esses, por sua vez, apresentam resistência ao calor e a desinfetantes químicos, seu tamanho é adequado para a transmissão por meio de aerossóis e suas propriedades garantem a sobrevivência a diversos fatores ambientais em liberação nas explosões de projéteis como bombas e foguetes. Ainda, levando em conta que o esporo pode sobreviver por até 200 anos no ambiente, estes podem se manter viáveis por longos períodos no solo, derivados seja de excrementos de animais, seja por liberação após produção industrial. Quando o esporo invade o corpo humano através da inalação, pele ou por ingestão, eles são fagocitados por macrófagos e se instalam nos gânglios linfáticos onde começam a germinação na forma de bacilo que libera sua exotoxina. Esta, por sua vez, entra em contato com a corrente sanguínea gerando uma grave septsemia e doenças respiratórias que podem levar a parada cardíaca, fatal em 90% dos casos, sendo uma doença não contagiosa de pessoa para pessoa e período curto de incubação suas características são propícias para
uma das armas biológicas mais interessantes já criadas.
Manifestações clínicas sintomáticas do Anthrax
Cutânea – lesão na pele que evolui, durante um período de dois a seis dias, do estágio de pápula para vesícula e pústula, progredindo para cicatriz negra profunda.
Inalatória – inicia com febre, cefaléia, vômitos, tontura, fraqueza, dor abdominal e dor torácica, progride com piora do quadro respiratório e evidência radiológica de expansão do mediastino.
Intestinal – inicia com náusea, vômito e mal-estar, com progressão rápida para diarréia sanguinolenta, abdome agudo ou sépsis.
Orofaringe – lesão de mucosa, na cavidade oral ou da orofaringe, adenopatia cervical, edema e febre.
Cutânea - após o período de incubação, aparece pápula inflamatória, seguida de formação vesicular que logo exsuda e transforma-se em pústula com porção central de cor amarela, evoluindo para o negro, com formação de escara. Dois a três dias após o início da lesão, esta já apresenta o aspecto característico de escara indolor, seca, com centro negro e borda edemaciada e acompanhada de adenopatia satélite (para os linfonodos regionais), febre discreta (37ºC a 38ºC) e bom estado geral. Pode haver evolução espontânea para cicatrização e cura, porém em alguns casos não tratados, quando há comprometimento da resistência, pode disseminar-se para os gânglios linfáticos regionais e a corrente sangüínea, com conseqüente septicemia.
Nas infecções respiratórias (carbúnculo por inalação) - os sintomas iniciais são discretos, inespecíficos e assemelham-se aos de uma infecção comum das vias aéreas superiores. Ao término de três a cinco dias, aparecem os sintomas agudos de insui ciência respiratória, sinais radiológicos sugestivos de exsudado pleural, febre e choque, que evolui rapidamente para a morte.
O intestinal - é raro e mais difícil de ser identificado, exceto quando sob a forma de surtos epidêmicos explosivos, do tipo causado por intoxicação alimentar. As manifestações clínicas são mal-estar abdominal, seguido de febre, sinais de septicemia e morte.
Caso de suspeita de Bacillus Anthracis no Brasil:
Ocorreu no Brasil em Dezembro de 2001 um episódio referente a esse assunto, quando foram encontrados “pó” suspeitos em diferentes lugares causando uma mobilização do Ministério da Saúde, órgãos municipais, estaduais e federais, concentrando a análise na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e, só a partir desse fato, foi estabelecida uma rotina bacteriológica para a identificação do agente, chegando a conclusão que nenhuma amostra apresentava B. anthracis.
Clostridium botulinum - Botulismo
A bactéria C. botulinum é um bacilo gram-positivo, seus esporos são muito resistentes a altas temperaturas, anaeróbio, não capsulado, com flagelo, possuidor de endotoxinas O C. botulinum produz sete tipos sorológicos de toxinas, designados por letras de A a G. Os tipos A, B e E são relacionados ao Botulismo humano, é uma doença não transmissível, a sua contaminação pode-se dar por meio da toxina por diferentes vias:
inalação,
ingestão;
contaminação de pele lesada.
Porém sua forma inalatória pode ser usada como arma biológica, usando-se aerossóis. O botulismo é considerado de alto potencial, pois um grama de toxina botulínica é o suficiente para matar mais de um milhão de pessoas.
A toxina botulínica É 10 mil a 100 mil vezes mais potente que qualquer outra.Ela provoca sintomas de paralisia progressiva, principalmente paralisia dos músculos da respiração, levando á falta de ar. Não tem tratamento. A mortalidade é alta.Numa guerra biológica, é espalhada sobre reservatórios de água ou estoques de alimentos. Com spray, pode contaminar alimentos prontos. O consumo dessa água ou desses alimentos leva à imediata intoxicação. Depois de contaminados, não há como purificar essa água ou esses alimentos. Nem com o calor , caso os alimentos sejam cozidos ou assados. A evolução da doença acontece de 12 a 36 horas após a ingestão desses produtos. A morte pode ocorrer em 48 horas.
A toxina passa através do sangue e da linfa até os locais de ação; no caso, as terminações sinápticas periféricas colinérgicas, que se unem de forma irreversível e conseguem bloquear a liberação da acetilcolina que é um neurotransmissor importante no corpo humano, esse bloqueio gera vários sinais e sintomas relacionados ao relaxamento muscular anormal como: paralisia flácida, simétrica, podendo ou não ser associada a febre, visão turva, vômitos,náuseas, falha na capacidade de expansão do pulmão na respiração, disfagia, mucosa oral seca, fraqueza muscular e parada cárdio-respiratória que leva o indivíduo a morte no período de uma semana.
O tratamento médico deve ser feito por meio da administração da antitoxina precocemente e a prevenção de infecções secundárias, além de cuidados intensivos e o uso de suporte ventilatório para ajudar na respiração.
 Orthopoxvirus variolae – Varíola
A varíola é adquirida através de um vírus, transmitido pelo ar, por isso a contaminação ocorre através da respiração. Essa doença, como as outras usadas como armas biológicas, apresenta sintomas semelhantes aos da gripe. A erupção de pústulas na pele é uma das características da doença. Essa patologia é causada por um vírus constituído por DNA que pertence ao gênero Orthopoxvirus e da família Poxviridae, no microscópio podem ser vistos os corpúsculos de Pasche e finas granulações, são resistentes se forem mantidas em baixas temperaturas, porém pouco resistentes ao calor, podem permanecer viáveis por muitos anos.
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa por meio do convívio e geralmente pelas vias respiratórias. Uma vez dentro do organismo, o vírus da varíola permanece incubado de sete a 17 dias. A seguir, ele se estabelece na garganta e nas fossas nasais e causa febre alta, mal-estar, dor de cabeça, dor nas costas e abatimento, esse estado permanece de dois a cinco dias, para finalmente atingir sua forma mais violenta: a febre baixa e começa a aparecer erupções avermelhadas, que se manifestam na garganta, boca, rosto e que depois espalham-se pelo corpo inteiro. Isso ocorre, porque o O. variolae parasita as células do tecido epitelial para se reproduzir. Com o tempo, as erupções evoluem e transformam-se em pústulas (pequenas bolhas cheias de pus), que provocam coceira intensa e dor – nesse estágio o risco de cegueira é maior, pois, ao tocar o olho, o enfermo pode causar uma inflamação grave.
Os últimos casos confirmados de varíola foram diagnosticados há mais de duas décadas. existem, no mundo, dois laboratórios conhecidos com estoque de vírus vivo: um nos estados unidos e o outro na Rússia. após exposição respiratória e um período de incubação de 12 dias, a varíola evolui, em pacientes não vacinados, com taxas de mortalidade em torno de 30%.
Dois antivirais disponíveis comercialmente têm atividade contra o vírus da varíola: o cidofovir e a ribavirina. não se dispõe, atualmente, de vacina comercialmente disponível; o centers for disease control (cdc) tem uma reserva de alguns milhões de doses da vacina para prevenir uma nova emergência da doença e outro tanto de imunoglobulina para tratar os potenciais complicações da vacina.
A variolização, processo de vacinação da varíola, não era totalmente desprovido de riscos pois apresentava uma alta incidência de efeitos colaterais. Essa vacinação foi suspensa em 1972, porém após a exposição ao vírus a vacina foi indicada para atenuar a severidade da doença ou preveni-la, se aplicada em um prazo de quatro dias sua alta incidência de efeitos adversos da vacina faz com que a vacinação em massa não seja uma estratégia indicada contra a patologia. A vacina da varíola apresenta um alta incidência de efeitos colaterais, sendo estimada uma letalidade de um óbito para cada milhão de pessoas vacinadas, isso numa época de poucos indivíduos imunocomprometidos. Essa relativamente alta incidência de eventos adversos é o principal aspecto que contra-indica a estratégia de vacinação em massa. Além disso, há a dificuldade operacional de vacinar um grande número de pessoas num espaço curto de tempo, principalmente desde que os injetores de pressão foram considerados de risco para transmissão de vírus como o da hepatite C,AIDS e hepatite B. A vacinação de pessoal de maior risco, como funcionários de aeroportos e hospitais, além de bombeiros e policiais, estaria na dependência da magnitude e continuidade do risco, isto é, a possibilidade de número maior de casos-índice.
Algumas medidas seriam razoáveis para serem adotadas a priori: a obtenção de um estoque estratégico de vacinas contra a varíola e o aprimoramento dos sistemas de vigilância epidemiológica para fazer frente a um novo tipo de ameaça de introdução de uma doença.
Concluindo, caso o uso do vírus tenha finalidade terrorista haverá um impacto imensurável, uma vez que, boa parte da população mundial não está imune ao vírus, tudo isso somado ao fato de não haver tratamento antiviral ou disponibilidade suficiente da vacina.
Yersinia pestis - Peste bubônica
A peste bubônica é uma infecção bacteriana produzida por bacilos Gram-negativos que pertencem a família das enterobactérias, não esporulado, anaeróbio facultativo, oxidase negativo e catalase positiva que tem como hospedeiro natural alguns roedores, chega a infectar o homem através de pulgas infectadas.
É uma patologia conhecida desde a Idade Antiga, quando houve uma pandemia no Egito, conhecida como Peste Negra, a Y. pestis usada como arma biológica, em forma de aerossóis, tem a capacidade de transmissão de pessoa para pessoa quando na forma pulmonar, que é uma variante da doença.
Os primeiros sintomas da infecção de pulmão por Y. pestis são a febre, cefaléia, fadiga, aparecimento de muco pulmonar purulento ou sanguinolento. Esse quadro pode se agravar gerando um choque séptico evoluindo para óbito. O diagnóstico clínico é baseado pelo aparecimento de ínguas, que é confirmado na cultura de aspiração do linfonodo, também pode ser confirmado por meio de técnicas de imunohistoquímica, seu tratamento é feito a base de antibióticos, com extremo cuidado, pois é uma bactéria altamente contagiosa.
Existe uma vacina contra a peste bubônica, mas sua eficácia ainda é duvidosa para a forma pulmonar da doença.
Francisella tularensis – Tularemia
A Tularemia é uma doença bacteriana causada por um bacilo aeróbio, não esporulado, Gram-negativo, altamente resistente, com necessidades nutricionais específicas para crescimento, a F. tularensis se divide em subespécies que são a tipo (A) altamente virulenta e tipo (B) de baixa virulência, sua transmissão em humanos se dá através da picada de insetos infectados como carrapatos e mosquitos, a transmissão direta nunca foi descrita em literatura. Pode se apresentar em seis diferentes formas: oculoglandular, orofaringeana, ulceroglandular, pulmonar e séptica, depois do período de incubação começa a aparecer os primeiros sintomas que são febre, linfadenopatia regional, fadiga, diarréia, lesões cutânea e vesicopapulares, sem tratamento adequado ocorre a parada respiratória e o óbito.
A sua forma eficiente para o uso terrorista seria em aerossóis, é considerada uma arma em potencial, pela capacidade de dispersão, alta virulência e pela capacidade de causar morte.
Filovirus e Arenavirus - Febre hemorrágica
A febre hemorrágica é caracterizada pela infecção com vírus RNA de diferentes famílias, cada uma provocará um tipo de febre hemorrágica em uma determinada região do corpo humano, sua transmissão ocorre por contato direto, através de animais infectados, a transmissão por via aérea ainda é bem discutida e controversa, apresentam alta mortalidade em humanos, fato que leva sua escolha como arma biológica.
Na família Filoviridae encontra-se os vírus Ebola.
O ebola, como os outros vírus, adere à célula do hospedeiro, onde entra ou apenas injeta seu material genético, o genoma. Este usa a estrutura da célula para se reproduzir e cada nova cópia do genoma obriga a célula a fazer o invólucro de proteína. Os novos vírus deixam a célula do hospedeiro com capacidade de infectar outras células. O início dos sintomas é súbito com febre alta, calafrios, dor de cabeça, anorexia, náusea, dor abdominal, dor de garganta e prostração profunda. Em alguns casos, entre o quinto e o sétimo dia de doença, aparece exantema de tronco, anunciando manifestações hemorrágicas: conjuntivite hemorrágica, úlceras sangrentas em lábios e boca, sangramento gengival, hematemese (vômito compresença de sangue) e melena (hemorragia intestinal, em que as fezes apresentam sangue). Nas epidemias observadas, todos os casos com forma hemorrágica evoluíram para morte. Nos períodos epidêmicos e de surtos, a taxa de letalidade variou de 50 a 90%. Seu contágio pode ser por via respiratória, ou contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada.
Não há vacina, cura, nem tratamentos eficazes. Os doentes devem ser postos em quarentena e os familiares devem ser impedidos de ter qualquer forma de contato com o doente, ou mesmo de tocar o corpo após o falecimento. Devem ser administrados cuidados básicos de suporte vital como restabelecimento de eletrólitos e fluidos perdidos, além de possíveis tratamentos paliativos.
O ebola não pode infectar outras pessoas pelo ar, só é contagioso pelo contato direto com secreções e sangue. Hoje o pessoal médico é aconselhado apenas a usar luvas de látex e filtro respiratório. Devido a isso é praticamente impossível haver uma epidemia em larga escala de ebola nos países ocidentais, pois a higiene bloquearia qualquer expansão de casos. No entanto, o risco para o pessoal médico e laboratorial, se não forem observadas as regras de higiene, é considerável.
Já na família Arenaviridae encontra-se o vírus Lassa, com incubação de cinco a quinze dias e o vírus Arenavirus do Novo Mundo, com incubação de sete a quatorze dias, os principais sintomas dos vírus desta família são: febre gradual, náuseas, mialgias, conjuntivites, petéquias, linfadenopatia generalizada, dores absominais em alguns casos ocorre sangramentos, derrame pleural, choque ou hipotensão, e por fim o óbito.
O diagnóstico de um paciente infectado por febre hemorrágica é feito através de técnicas de imunoenzimática, como ELISA ou PCR, deve-se ter cuidado para não confundir os sintomas com infecções virais como dengue hemorrágica, rubéola, meningococcemia, entre outras.
Ainda não existe vacina e nem tratamento específico para esses tipos de febres hemorrágicas, apenas se sabe que o paciente deve ser encaminhado ao isolamento a e terapia intensiva, receber suporte hídrico com reposição de eletrólitos, oxigenoterapia, transfusões e cuidados para complicações hemorrágicas secundárias.
Hantavírus - Febre hemorrágica viral,
Febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR);
Síndrome pulmonar por Hantavirus (SPHV).
É um gênero que agrupa vários vírus ARN, pertencente à família bunyaviridae. Existem sete gêneros dentro da família bunyaviridae, todos tendo artrópodes como agente etiomiológico, exceto pelo hantavírus, que é transmito por roedores, que causam infecções.
A doença foi pela primeira vez reconhecido pela medicina ocidental durante a Guerra da Coréia, no início dos anos de 1950. Em 1993, uma espécie de hantavírus foi encontrada como causadora da síndrome cardiopulmonar por hantavírus, causada pelo vírus Sin Nombre, no Novo México e em outros quatro estados.
Hantavírus tem um tempo de incubação de 2 a 4 semanas em seres humanos, antes de ocorrer sintomas de infecção. Estes sintomas podem ser divididos em cinco fases:
Fase febril: Os sintomas incluem febre, calafrios, mal-estar, dores de cabeça, náuseas, dor abdominal e dor nas costas, problemas respiratórios, tais como os vírus da gripe comum, assim como problemas gastro-intestinal. Estes sintomas normalmente ocorrem de três a sete dias.
Fase hipotensora: Isso ocorre quando os níveis de plaquetas sanguíneas queda e sintomas podem levar à hipoxemia e taquicardia. Esta fase pode durar de 2 dias.
Fase oligúrica: Esta fase tem a duração de três a sete dias e é caracterizada pelo aparecimento de insuficiência renal e proteinúria ocorre.
Fase diuréica: Esta é caracterizada por diurese de 3 a 6 litros por dia, que podem durar vários dias e e até semanas.
Fase convalescente: Isto normalmente ocorre quando se inicia a recuperação e os sintomas começam a melhorar.
CONCLUSÃO
A ameaça de ataques terroristas é algo iminente com a crescente globalização, todo avanço na área científica e o desenvolvimento político mundial, levando-se em consideração que as armas biológicas são pouco dispendiosas em relação a outras armas de destruição em massa, como uma arma nuclear por exemplo que precisaria investimento de mais ou menos 750 a 800 dólares a mais para cada dólar investido com a arma biológica , a capacidade da criação de vacinas tanto quanto de agentes, o uso legal de instalações com fins farmacêuticos e os profissionais com o mínimo de instrução na manipulação dos agentes, também ajuda a baixar o custo da produção de armas biológicas.
Para um microorganismo (bactérias, fungos e vírus) se transformar em uma arma biológica, ele deve ser, antes de tudo, capaz de causar doenças e mortes no homem, nos animais ou nas plantas, ser de fácil dispersão e disseminação, não possuir vacina contra o agente ou que sua vacina seja limitada e tenha estabilidade no meio ambiente. Ainda existe a vantagem de se usar uma arma com alto potencial de destruição, sendo ela incolor, insípida e inodora. Isso faria com que o inimigo nem percebesse de imediato que está sendo atacado, como uma arma “silenciosa”, ou seja uma arma que tem o efeito retardado, porém o desejado são atributos importantes em uma guerra, tudo isso faz com que a natureza imprevisível do bioterrorismo leve os países a não desconsiderar a ameaça
de um ataque bioterrorista.
Assegurar uma resposta estratégica de prevenção e contenção ao ataque com o reforço da vigilância militar e o surgimento de um sistema de comunicação entre as agências de saúde e defesa, assim como, a criação de laboratórios forenses, centro de pesquisas biológicas, produção de vacinas, preparação de profissionais treinados prontos a lidar com as conseqüências de um ataque, discussão de planos e protocolos de ações e medidas educativas para que a população saiba como proceder em caso de ato bioterrorista deve ser a preocupação não só para o Brasil, mas para todos os países. Sabendo que o principal objetivo do uso de armas biológicas é a eliminação de inimigos e o enfraquecimento da segurança militar implica em um desdobramento criminalístico, porém, ainda é a saúde pública que tem a incumbência da neutralização ou minimização de atos bioterrorista o que faz com que se invista cada vez mais no surgimento de novas tecnologias e pesquisas na área médica, pois conforme apresentado no decorrente artigo apenas uma bactéria manipulada de forma correta em laboratório pode se tornar uma arma de destruição em massa e há a necessidade de preparação para que no futuro esses ataques não sejam considerados ameaças de grande magnitude em nossa população.
BIBLIOGRAFIA
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