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RESENHA - Caso Matell

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós-graduação em Direito do Consumidor
Resenha crítica dos artigo ‘O VERÃO LONGO E QUENTE DA MATTEL’
Caroline Ireny de Souza Freitas
Trabalho da disciplina de ‘APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO PELOS TRIBUNAIS’
Tutor: Profa. Soraya Victoria Goodman
EAD Porto Seguro/BA
2019
O CASO MATTEL E O INSTITUTO DO RECALL
O Verão Longo e Quente da Mattel (MATTEL'S LONG HOT SUMMER). Caso elaborado por Jane Wei-Skillern e Sonia Marciano, da New York University Stern School of Business e Barbara Passy (MBA Chicago GSB 2007). Harvard Business School. 20 de junho de 2008
O caso ‘O Verão Longo e Quente da Mattel’ aborda sobre os três recolhimentos (recalls) voluntários de brinquedos da Mattel que ocorreram durante o verão de 2007. Esses recolhimentos foram resultado, principalmente, das próprias investigações da Mattel em sua produção e em suas mercadorias. Um repórter observou que mais de 22 milhões de brinquedos foram recolhidos. Embora a maioria deles tivesse falhas de design causadas por fabricantes de brinquedos, uma parte substancial do problema envolvia o uso de tinta à base de chumbo, aparentemente como resultado de práticas de fabricação inadequadas na China. E a quantidade de chumbe era quase 200 vezes mais que a permitida segundo averiguou a Comissão de Segurança de Produtos ao Consumidor.
Robert A. Eckert, CEO e Presidente da Mattel teve a participação no recolhimento bastante ativa e altamente visível. A empresa estabeleceu canais de informações em vários idiomas, voltados para a mídia, os analistas do mercado de ações e para os clientes, que descreveram o recolhimento e recomendaram as providências, na tentativa de proteger os consumidores contra os riscos do produto.
Conforme explica o caso, embora a Mattel pedisse desculpas por suas mercadorias defeituosas e potencialmente perigosas, os especialistas aparentemente acreditavam que, ou a China era a fonte dos problemas, ou a vítima de acusações injustas. Alguns analistas atribuíram estas falhas à incapacidade de garantir uma produção segura fora dos Estados Unidos, e como a Mattel tinha um longo histórico de fabricação na China, um relatório sugere que o excesso de confiança pode ter causado os problemas de produção.
Entretanto o problema na China pareceu ganhar maiores proporções por meio da imprensa e a Mattel não queria demonstrar que estava culpando o país. O impacto dos recolhimentos da Mattel afetou, de forma desigual, todo o cenário da indústria de brinquedos. Outras empresas, como a Disney, implementaram planos de testes para garantir que os produtos que levam seu nome eram seguros.
Por fim, outro problema destacado em muitos relatórios foi a inadequação da Comissão de Segurança de Produtos ao Consumidor - o órgão americano incumbido pela prevenção da chegada e pela remoção da presença de produtos perigosos do mercado - no momento não tinha a autoridade necessária para testar brinquedos e outras mercadorias de segurança antes que estes produtos chegassem ao mercado no varejo.
O caso ora resenhado, portanto, se trata do instituto do recall (chamamento) ou aviso de risco, fundamental na proteção dos direitos básicos do consumidor à informação, prevenção e segurança contra produtos perigosos ou nocivos postos no mercado de consumo, onde os fornecedores de produtos ou serviços devem informar ao público da retirada do mercado de tais produtos que apresentam riscos para os consumidores.
No âmbito brasileiro tem-se a previsão do procedimento do recall no § 1º do art. 10, do Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei 8078/90), assim, o produto ou serviço será considerado defeituoso nos termos do CDC, quando apresenta potencialidade de causar dano além do previsto, defeito inerente ou, ainda, quando apresentar defeito adquirido. Verificando o fornecedor da existência do defeito após a colocação do produto ou serviço no mercado, deverá, em razão do princípio da segurança máxima e prevenção, prestar de imediato, todas as informações necessárias e adequadas a respeito do defeito apresentado e retirar o mesmo do mercado. 
A prevenção e a reparação dos danos aos consumidores estão intimamente ligadas, consequentemente, havendo ou não o chamamento para conserto ou substituição do bem, qualquer dano em virtude desse defeito será exclusivamente de responsabilidade do fornecedor Pois, nos termos do CDC, a responsabilidade do fornecedor é objetiva, independente da existência de culpa (art. 12 a 14 da Lei 8.078/90). Assim, se o defeito existe (CDC 12 § 3º II) e o dano ocorre, o fornecedor que colocou o produto no mercado (CDC 12 § 3º I), deverá indenizar o consumidor, mesmo que esse não tenha feito o recall, pois o STJ já se pronunciou no sentido de que não há culpa exclusiva do consumidor no caso (CDC 12 § 3º III), pois a título de exemplo a circunstância de o adquirente não levar o veículo para conserto, em atenção a recall, não isenta o fabricante da obrigação de indenizar, mas tão somente diminui proporcionalmente a responsabilidade do fornecedor.
Portanto, o caso ora resenhado traz grande contribuição ao para o estudo do recall, por de uma análise de exemplos ocorridos com os brinquedos da Mattel. Conclui-se que tal instituo busca minimizar os prejuízos causados pelo fornecedor ao consumidor. Mas, por si só o recall traz um abalo a confiança do consumidor, visto que demonstra que o fornecedor pôs no mercado um serviço ou produto perigoso ou nocivo. Por fim, indica-se a leitura do caso as pessoas leigas ao assunto e aos curiosos operadores e estudantes de Direito que buscam entender melhor este instituto.

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