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O mestre da xilogravura Revista Bravo! Medium

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17/03/2019 O mestre da xilogravura – Revista Bravo! – Medium
https://medium.com/revista-bravo/o-mestre-da-xilogravura-41d2a930a705 1/6
O mestre da xilogravura
Exposição que marca os 80 anos de trajetória de J.
Borges roda o Brasil e desembarca no agreste
pernambucano, onde tudo começou
Alguns nomes �cam marcados no imaginário popular quando se fala
em cultura nordestina. É impossível, por exemplo, falar em
modernismo regionalista e não se lembrar de Jorge Amado. Com
tramas que satirizavam o coronelismo, a sensualidade feminina e
personagens de sua terra natal, ele garantiu a importância devida à
Bahia, desde a pacata Ilhéus de Gabriela, Cravo e Canela, até a boêmia
Salvador de Dona Flor e Seus Dois Maridos, passando pela rústica
Santana do Agreste de Tieta.
Um de seus contemporâneos, Ariano Suassuna foi, talvez, o
representante mais aclamado entre os intelectuais de sua região. Além
das célebres obras O Auto da Compadecida e O Romance d’A Pedra do
Reino, o paraibano radicado em Recife enxergou léguas à frente ao criar
o Movimento Armorial, que, em suas próprias palavras, “tem como
traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos “folhetos”
do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a
Música de viola, rabeca ou pífano que acompanha seus ‘cantares’, e com
a xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a
Igor Zahir Follow
Jun 18, 2018 · 4 min read
17/03/2019 O mestre da xilogravura – Revista Bravo! – Medium
https://medium.com/revista-bravo/o-mestre-da-xilogravura-41d2a930a705 2/6
forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo Romanceiro
relacionados”.
Certamente, quem entende um pouco da temática, de imediato se
lembrou de outro nome pernambucano ao ler o conceito acima sobre
xilogravura. A�nal, é impossível falar dessa técnica sem ter J. Borges
entre as referências.
Mestre da literatura de cordel, considerado por Suassuna como o
melhor gravador popular do país, o artista nascido em 1935 na cidade
de Bezerros começou a trabalhar na terra com o pai agricultor aos dois
anos de idade. Com dez anos, já fabricava suas próprias colheres de pau
para vender na feira. Os passos iniciais na arte que o consagrou até hoje
foram dados logo após sair da adolescência, quando vendeu 2 mil
exemplares do seu primeiro folheto de cordel, O Encontro de Dois
Vaqueiros no Sertão de Petrolina. Sem dinheiro para pagar um ilustrador
das criações seguintes, o próprio J. Borges entalhou na madeira a igreja
de sua cidade. Descobria-se ali o talento que o consagrou.
De garoto pobre e autodidata, ele ganhou o mundo nas últimas
décadas, expondo em lugares que vão de Zurique ao Novo México, da
Europa aos Estados Unidos. Premiado pela Unesco, condecorado com a
comenda da Ordem do Mérito pelo então presidente Fernando
Henrique Cardoso, J. Borges viu suas ilustrações estamparem o
calendário anual das Nações Unidas; o livro As Palavras Andantes, do
escritor uruguaio Eduardo Galeano; e a abertura da novela Roque
Santeiro. O jornal The New York Times, em 2002, fez uma resenha
a�rmando que “José Francisco Borges é o mestre da tradição popular.
Simplesmente fabuloso, um verdadeiro gênio”.
Falando assim, parece até conto de fadas. Não para ele, que só foi para
a escola aos 12 anos e precisou interromper para ser feirante, pedreiro,
Com o mentor e amigo Ariano Suassuna (à esq.)
17/03/2019 O mestre da xilogravura – Revista Bravo! – Medium
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agricultor, carpinteiro e oleiro. Mas que nunca desistiu. E lá se vão 83
anos de jornada. Nada mais justo do que uma exposição que contemple
a vida inteira dedicada à arte manual.
J. Borges — 80 anos tem uma seleção de 10 xilogravuras exclusivas que
marcaram várias fases da carreira, e mais 30 xilogravuras já conhecidas
por fãs e entusiastas de sua obra. Nelas, estão os temas que levaram
para o mundo a cultura sertaneja que o autor viu desde pequeno:
retirantes, cortadores de cana, matutos, boiadeiros e festas populares.
Folclore e lendas urbanas aparecem no misticismo que mistura Deus e
personagens bíblicos aos reles mortais e a monstros imaginários.
A exposição, que já passou por São Paulo, Brasília, Salvador e Recife,
agora está em cartaz no Galpão das Artes, em Caruaru, no Agreste de
Pernambuco. Não poderia acontecer em época melhor, visto que,
durante o mês de junho, a cidade é palco do famoso “Maior e Melhor
São João do Mundo”, o que pode atrair mais visitantes ao local de
exibição. Além disso, pode-se dizer que é um evento marcante e
histórico, já que Caruaru é vizinha de Bezerros — onde J. Borges mora
até hoje e mantém seu ateliê — e sempre valorizou sua arte.
17/03/2019 O mestre da xilogravura – Revista Bravo! – Medium
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Pai de 24 �lhos — 18 de sangue e seis adotivos –, J. Borges viu alguns
deles morrerem. Conheceu desde nascença a pobreza. Sentiu na pele o
que os personagens sertanejos passam nos enredos do Movimento
Armorial ou nas novelas e peças de Dias Gomes, um dos seus
dramaturgos preferidos. Nos últimos anos, encarou a morte de amigos
próximos. Com tudo isso, podemos imaginar que uma frase
inesquecível de Ariano Suassuna seja compatível com o mestre da
xilogravura: “Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a
tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso
que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver”.
Fascinante mesmo é para nós, que temos J. Borges, o�cialmente um
Patrimônio Vivo de Pernambuco.
______
J. Borges 80 Anos. Galpão das Artes, na Estação Ferroviária de
Caruaru. Até 30 de junho, das 17h às 22h. Grátis
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