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1. 1. Texto: O Caso dos Exploradores de CavernasAutor: Lon Luvois Fuller – 1902 -1978 – Professor de Filosofia do DireitoHarvard defende uma aproximação da norma com as questões éticas envolvidas na Lei.Contexto da ObraO livro trata-se de um ensaio com motivações didáticas, que cumpre fundamentalmenteo papel de expor várias concepções distintas sobre o direito.Discussão da ObraCasoFato:Cinco membros de uma Sociedade Amadora de Exploradores de Cavernas foramacometidos por um desabamento, durante uma expedição na caverna, que os deixouaprisionados.Após a sociedade ter tomado ciência do ocorrido, os resgates foram iniciados.Porém estas atividades não foram inicialmente bem sucedidas. Dez operários morreramem um deslizamento durante as tentativas de resgate. No período em que estavamaprisionados (20° dia após a avalanche) descobriram que os exploradores possuíam umrádio transmissor, e, a partir disto, a sociedade conseguiu realizar uma brevecomunicação com os aprisionados e passar-lhes algumas informações.Dentre elas, a mais importante, foi a informação de que diante dos perigos que o resgaterepresentava, seria necessário, ao menos, mais dez dias de prazo para a desobstrução dacaverna.O longo período de reclusão na caverna, juntamente com a ausência total demantimentos, colocava em risco de morte iminente os exploradores. Após o final doresgate, descobriu-se que um dos membros foi morto para servir de alimento aosdemais. Os quatro sobreviventes foram condenados, em primeira instância, de acordocom a Lei de Stowfield à forca. O livro se passa no momento do julgamento em 2°instância.Elementos do caso:Configuração, ou não, de um estado de necessidade. (risco de morte e ação em legítimadefesa).A possível celebração de um acordo (ou contrato). Qual a legitimidade para contratarnessa situação?Uma ação voluntária ou involuntária. Os exploradores tinham consciência do ato,tinham alternativas ao ato, agiram com o amparo da lei. Discussão relacionado aoconceito de intencionalidade.Lei penal de Commonwealth : “Quem quer que intencionalmente prive a outrem da vidaserá punido com a morte”. 2. 2. Detalhe importante: a lei de Commonwealth não permite nenhuma exceção aplicável aeste dispositivo. Truepenny.Em primeira instância o julgamento foi realizado com uma composição entre o Júri e oJuiz. O júri pediu ao juiz para elaborar um veredicto especial, o qual, com base nele,deveria o juiz dar a palavra final. O júri apresentava a contradição de possuir um juristade profissão e foi dissolvido desta forma. O porta-voz do júri (o advogado de profissão)relatou um veredicto profundamente desfavorável aos sobreviventes, mas os demaismembros do júri dissolvido, ofereceram uma petição ao tribunal pedido a comutação dapena de morte para uma pena de prisão de 6 meses.Princípio da Prevenção. Idéia que informa que o papel do direito penal é dissuadir oshomens das práticas penais. Idéia utilitarista.Problema Jurídico:A obra oferece os cinco votos do tribunal de Newgarth que julga em 2° instância acondenação à forca dos exploradores que sobreviveram ao desastre. O foco do problemadiscutido é a de se saber se eles são, ou não, culpados (em sentido amplo) pela morte deum dos membros (Whetmore).Debate1 - C. J. Truepenny (Presidente do Tribunal)Voto: extinção da execução penal.Argumentos: Não há elementos na lei que possam excluir a culpabilidade dosexploradores. Porém, dada a circunstância excepcional em que se encontraram esseshomens e o clamor público em torno do caso, o melhor é a clemência executiva, ou seja,o perdão da pena por parte do Poder Executivo.2 – J. FosterVoto: absolvição e não configuração de crime.Argumentos:A situação da caverna, o risco de morte em que se encontravam os exploradores, seconfigurou como um momento de exceção da vigência da Lei. Cessada a razão da lei,cessada a letra da lei.A lei é incapaz de prever toda a complexidade das relações humanas. Quando ela foraplicada de forma abstrata e rígida, ela pode gerar injustiças e decisões absurdas, asquais conflitam frontalmente com os propósitos mais elementares do direito.Desenvolve um argumento baseado na analogia. Por não existir em Newgarth exceçõesao dispositivo penal, ele invoca a tradição e o princípio da legítima defesa. 3. 3. 3 – J. TattingVoto: omite-se da decisão por questões morais.Argumentos:Não é possível estabelecer o momento da ruptura com a normalidade legal. A admissãoda hipótese de um Estado de Natureza colocaria em cheque todo o ordenamentojurídico.Desmonta o argumento da legítima defesa: se houve uma ruptura do estado de direito,um elemento do direito não pode ser invocado como elemento para a defesa dos réus.4 – J. KeenVoto: condenação com base na Lei.Argumento:Dirige um ataque frontal ao argumento do Juiz Foster argumentando que não existelacuna na lei no caso analisado, o que por sua vez, excluiria a possibilidade de aplicar aanalogia (inclusão do princípio da legitima defesa).Reforça a idéia de que a motivação de Foster foi de ordem moral e pessoal e defende aidéia de que o papel do Direito é julgar conforme à lei.O Juiz Keen apresenta que o termo intencionalidade tem uma interpretação específicana lei de Newgarth. Na situações em que ela se aplica, é necessário uma reaçãoespontânea e impossível de ser evitada. De forma diferente, os exploradores tinhamconsciência do ato que estavam praticando.5 – J. HandyVoto: julga que os réus são inocentes.Argumento: Desenvolve o argumento de que o Direito deve se aproximar dos usos ecostumes dos povos, que deve existir uma correspondência nas expectativas morais eéticas dos povos com as decisões e o papel exercido pelo judiciário.Fundamenta seu voto fazendo apelo a figura do Júri, mostrando que a própria lei penalprevê a possibilidade do julgamento pelos seus próprios pares. De acordo com seusdesenvolvimentos, se o júri não tivesse sido dissolvido de forma especial e não contassecom um profissional da área do Direito, certamente ele (o júri) teria absolvido osexploradores.Conclusão do CasoCom o empate de votos, a decisão (1º instância) foi mantida e os exploradores foramexecutados. 4. 4. PropostaTrabalho em Grupo (até 7 pessoas).Data para a entrega: 06/06/08Valor: 0 - 2,0 (de zero a dois pontos)Formato: não necessita de capa – nome completo dos participantes na primeira página –pode ser manuscrito ou digital-impresso. (trabalhos impressos muito semelhantes serãoanulados).Tamanho máximo: duas laudas.AtividadeApós acompanhar o debate e o desfecho da história, você considera que se tratou deuma decisão justa ou injusta? Chegou o momento de vocês ocuparem o papel de Juizneste processo.Com base na discussão desenvolvida no Livro, elabore um Voto a respeito do caso,condenando ou absolvendo os exploradores e desenvolva a fundamentação para adecisão.Para fundamentar o voto, vocês podem explorar, dentre outros temas :a) a vinculação (ou não) do jurista à Lei, e o seu papel enquanto intérprete eaplicador (criador) do Direito;b) as dificuldades e os modos (jurídicos ou não) de interpretar a Lei e o Direito;c) os meios de aplicação do Direito e suas interfaces com outras áreas (cultura,sociedade, política, ética, moral e costumes);d) os elementos e as argumentações apresentadas pelos personagens, que podemser associados, ou não, aos debates sobre as Escolas Jurídico-Científicas. Caso dos Exploradores de Caverna 1. 1. O Caso dos Exploradores de Caverna Lon L. Fuller Grupo: Bruna Hatje Carolina Goulart Guilherme Ruschel Rosemeri Munhoz de Andrade 2. 2. Resumo Cinco integrantes de uma organização amadorística de exploradoresde cavernas, ficam presos ao fazerem uma escavação em que ocorre um desmoronamento. No momento que tentaram ser resgatados, acontece outro desabamento e dez operários, contratados para resgatá-los, morrem soterrados Quando ficaram sem mantimentos fizeram um acordo entre si: quem perdesse na sorte, entre os cinco, teria sua vida tirada para servir de alimento para os demais, para que não morressem de inanição, acordo sugerido por Roger Whetmore. Ao serem resgatados, descobriu-se que Roger Whetmore fora morto e servira de alimento aos outros exploradores. Os sobreviventes são processados e condenados a morte pela forca, pelo assassinato de Roger. Os acusados recorrem da decisão. Foram julgados então por mais quatro juízes, que expuseram seus argumentos, deram dois votos a favor da absolvição (Foster e Handy), um os condenou (Keen) e outro se recusou a participar da decisão do caso(Tatting), contando com o voto do presidente do Tribunal de Primeira Instância(Truepenny), dá-se o empate e a sentença condenatória foi confirmada. 3. 3. O ministro Foster, seguindo a corrente jusnaturalista, defendeu os reús, utilizando dois argumentos: 1 ° Argumento Premissa segundo a qual os homens deviam conviver em sociedade encontrava-se na base do princípio territorial. - Os acusados estavam fora de uma abrangência territorial por estarem presos na caverna, e encontravam-se não em um “estado de sociedade civil”, mas em um “estado natural” e que a lei que deve ser-lhes aplicada não era a civil, mas a lei natural. - Acordo celebrado entre os exploradores, semelhante em espécie ao contratos que vigoraram nas comunidades remotas. -“Caso os dramáticos acontecimentos constantes do processo houvessem ocorrido a um quilômetro e meio além de suas fronteiras territoriais, ninguém postularia a aplicação da lei local em relação aos réus”. “Até que ponto seria válido o sacrifício das dez vidas de trabalhadores, que morreram ao tentar resgatar os cinco indivíduos presos na caverna?” Assim ele encerra o primeiro fundamento de seu voto 4. 4. O juiz Foster concede para fins de argumentação que esteja errado, supõe que a legislação consolidada tenha o poder de penetrar 500 pés de rocha e impor aos condenados. 2° Argumento A lei não pode ser levada ao pé da letra quando se diz que “qualquer um que, de própria vontade, retira a vida de outrem, deverá ser punido com a morte”. Ressalta: um dos mais antigos princípios gerais do Direito estabelecia que um homem podia violar a letra da lei sem infringir o seu espírito. Como exemplo a exceção da legítima defesa, que não estava na lei, mas podia ser aceita mediante a utilização da razão e do bom senso, instrumentos que também poderiam ser aplicados no caso dos réus que tiveram uma terrível experiência naquela caverna e que de certa forma agiram na legítima defesa de suas próprias. Conclui que os réus eram inocentes em relação ao crime de homicídio. 5. 5. Opinião do grupo 6. 6. VOTO PELA CONDENAÇÃO A vida é um bem indisponível. Matar alguém ainda que seja para sobrevivência própria é homicídio. Nenhuma vida é mais valiosa do que a outra. Os réus praticaram de forma livre e consciente, sem pudor o delito de homicídio qualificado, no 23° dia. Ficaram em silêncio por nove dias (o dia do resgate), tendo como desculpa o término da bateria do aparelho. Foram resgatados no 32° dia. - Estavam a três dias sem comer, porque não esperaram mais tempo conforme propôs a Wheltmore ? - Porque não se auto-flagelaram, mutilando a si próprio, e assim fazendo uso de partes do seu corpo para se alimentar? - Porque não esperar até que o primeiro viesse a falecer por inanição? MORAL ÉTICA VALORES VIRTUDES 7. 7. Será que a fome no interior de uma caverna justifica assassinatos ? E fora dela não? Segundo relatório da ONU, a fome e a desnutrição, levam à morte todos os anos mais de 5 milhões de crianças, a maioria nos países em desenvolvimento. https://secure.unicef.org.br/assets/pdf/UNICEF_relatorio2011.pdf publicado em março,2012 Existem, pelo menos, 36 milhões de brasileiros que nunca sabem quando terão a próxima refeição (pesquisas – médico voluntário Flávio Valente) Na Somália, 750.000 pessoas correm o risco de morrer nos próximos quatro meses na ausência de uma resposta adequada em termos de envio de ajuda“ 06/09/2011 pelo menos 20% das residências confrontadas com uma grave penúria alimentar 30% da população com desnutrição aguda taxa de mortalidade diária de dois sobre 10.000 pessoas Fonte: www.veja.abril.com.br/onu publicada em set/2011 8. 8. Qual a fronteira entre a razão e a emoção ? Emoção Razão Intransigência Indiferença Argumentação 9. 9. - Consequência da decisão sobre casos futuros. Precedentes, com o surgimento de casos semelhantes. - A lei é dura mas é a lei (a de Newgarth). Foi escrita pelos legisladores dentro daquele contexto social. - Um aplicador não pode julgar amparado por suas emoções e razões pessoais. - Mudanças futuras nas Leis de Newgarth. Cabe a reflexão da manifestação da população a favor da absolvição ou amenização da pena dos réus para pressionar os legisladores acerca da promoção de possíveis mudanças na lei. 10. 10. “(...)Um Estado não pode subsistir quando as sentenças legais nele não tem força, e o que é mais grave, quando os indivíduos as desprezam e destroem(...)” Sócrates, em um de seus diálogos com CRÍTON, que lhe aconselhava a fugir, às vésperas de sua condenação à morte. Fonte: www.JurisWay.com.br publicado em 21/9/2011 11. 11. Se a sociedade absolveu, eu não condeno. 12. 12. Se a sociedade absolveu, eu não, condeno. Já faz algum tempo que li o livro que aborda o tema. Acredito que os sobreviventem devem ser condenados. E a razão para tanto reside na indisponibilidade da vida ainda que seja pelo seu titular. Outro aspecto diz respeito à dessitência do indivíduo quanto ao que ficou pactuado, naquele momento em que a emoção sobreveio à razão. Os contratos podem ser rompidos. Mas fundamentalmente, a defesa deve firmar-se no sentido de apontar a morte do indivíduo como desnecessária para a sobrevivência dos demais, simplesmente por que havia outras alternativas de prover a alimentação de cada um. Como? Ora, ao invés de sacrificar a vida do próximo como justificativa alimentar, porque que cada um não se auto- flagelou, mutilando a si próprio, e assim fazer uso de partes do seu corpo para se alimentar. Não fizeram porque a natureza racional do homem é sempre preterida pela natureza animal em situações de perigo, não acredito que é apenas instinto de sobrevivência, não numa situação como esta. Sabemos que é muito mais fácil buscar solução para os nossos problemas quando podemos sacrificar o bem de uma outra pesso pa, como frequentemente observamos no nosso cotidiano. Daí a dificuldade que surge para a solução de problemas como distribuição de renda, da corrupção, da exploração desordenada do meio ambiente e outros tantos. O fato é que o indivíduo não possui na sua excência o verdadeiro altruísmo. Este figura apenas no imaginário de cada um, mas na prática, e sobretudo, nos momentos em que a solidariedade deve ser aflorada as pessoas não pessam duas vezes em se proteger daquilo que lhes ameaçam, ainda que para isso tenham que sacrificar um inocente, mesmo que seja possível, por um lapso de tempo, pensar e veredar por outra altenativa, disponibilzando um ganho minorado em virtude da divisão necessária. O caso dos exploradores de caverna 1. 1. Introdução ao Estudo do Direito Brasiliano Brasil BorgesO Caso dos Exploradores de Caverna Diego Haneiko Lemes Jonas Vieira de Kepe Agassis SouzaRodrigues da Silva Luis Gustavo da Silva Welton de Oliveira Capitelli Fabiola Evangelista da Silva Várzea Grande/MT 2. 2. 29/08/2012 O Caso dos Exploradores de Caverna Newgharth, 4299. Cinco membros de uma sociedade espeleologica entram emuma caverna e acabam soterrados. As vitimas conseguem entrar em contato com asequipes de resgate que estão do lado de fora da caverna através de um radio. Depois devinte dias são informados de que o resgate irá demorar e podem morrer de fome. Umdos exploradores, Whetmore, convence os outros de quem um deve ser sacrificado paraservir de comida aos outros e propõe um sorteio para escolher o sacrificado. Whetmoreresolve não participar desse sorteio, e seus amigos se sentem traídos por ele, porém,consistem em sacrificar alguém e o sorteado acaba sendo Whetmore aquele que deu aideia. Depois que são resgatados os quatros vão a julgamento por homicídio. Começaentão o debate entre quatro Juizes sobre o Direito Natural e Direito Positivo. Direito Positivo é o conjunto de princípios de regras que regem a vida social dedeterminado povo em determinada época.Diretamente ligado ao conceito de vigência,oDireito Positivo,em vigor para um povo determinado,abrange toda a disciplina daconduta humana e inclui as leis votadas pelo poder competente,os regulamentos e asdemais disposições normativas,qualquer que seja sua espécie. Direito Natural é uma teoria que procura fundamentar a partir da razão praticauma critica a fim de distinguir o que não é razoável humana na pratica do Direito do queé razoável,e,por conseguinte,o que é realmente importante de se considerar na pratica doDireito em oposição ao que não é. A partir destes dois princípios a uma discussão importante a ser consideradaentre o Direito Positivo e o Direito Natural referente ao um caso desta natureza.Arealização de investigação seria dificilmente compatível com a função do Executivo.Foidado assim uma forma de clemência aos acusados. Foster,J. Defende a tese naturalista que alega a exclusão de ilicitude do Estado denecessidade.Ele ressalva que é inaplicável a este caso pois os mesmos se encontravamnum estado que os antigos escritores europeus chamavam de Lei da Natureza.Elefundamentou esse entendimento na proposição de que o Direito Positivo pressupõe apossibilidade da coexistência do homem em sociedade.Surgindo uma situação que tornaa coexistência impossível a partir daí a condição que se encontra os mesmos asdisposições legisladas cessou de existir. Quando a suposição de que os homens podemviver em comum deixa de ser verdadeira a conservação da vida apenas tornou- sepossível pela privação da vida,a nossa ordem jurídica perde seu significado. 3. 3. Foster compara também na suposição do lugar onde ocorreu o trágicoacontecimento,por exemplo: se tivessem ocorrido a uma milha dos nossos limitesterritoriais ninguém pretenderia que nossas leis fossem aplicadas sendo reconhecidaassim que a lei tem bases territoriais. Ele concluiu assim que no momento em que RogerWhetmor foi morto pelos réus, eles se encontravam não em um estado de sociedadecivil, mas em um estado natural, por não ser necessário para eles elaborar por assimdizer uma nova constituição peculiar a situação. Tatting, J. Defende a tese do Direito Positivo iniciando seu julgamento dizendo que oanterior a este é contraditório e cheio de falácias. Para ele não parece claro que emvirtude da espessura da rocha ou porque estavam famintos ou talvez tinham estabelecidouma nova constituição segundo o qual as regras usuais do Direito deviam sersuplantadas por um lanço de dados. Estes Homens passaram da jurisdição da nossa leipara lei do naturismo em que momento? Diante disso ele diz que é inaceitável o pontode vista do Juiz Foster pois seus argumentos são intelectualmente infundadas ecompletamente abstratos. Tattinginicia a justificativa de abstinência de seu voto comentado a dificuldadede se julgar o caso desprovido de qualquer interferência emocional, dado a tragédia queo caso afigura. Tatting questiona se o estado de natureza se deve pelo fato de estaremos exploradores presos na caverna, pela fome ou pelo contrato firmado. Do momentoem que este fato realmente ocorreu, questiona se foi à obstrução da entrada na caverna,no agravamento da fome ou no ato contratual. A partir desta interrogação, o juiztambém utiliza de exemploa inconsistência na argumentação do colega na hipótese decomo se deveria proceder no caso de um desses indivíduos ter adquirido a maioridadeenquanto no interior da caverna, não submetido ao direito positivado, no sentido de qualseria a data apropriada a considerar. Ele exclui a hipótese de que os acusadosencontravam-se à luz do direito natural, bem com a obrigação do tribunal em julgar ocaso baseando-se nesta espécie de direito, visto que não é sua matéria. Keen, J. O juiz afirma que e irrelevante ao cumprimento da sua função decidir se o que elesfizeram foi justo ou injusto, deixando assim de lado suas concepções de moralidade, eapenas exercendo o cumprimento suas funções. Ele alega ainda que não é passível de sepleitear atribuir aos acusados, em uma interpretação extensiva, o princípio da legitimadefesa, pois, segundo ele, este princípio somente “se aplica aos casos de resistência a 4. 4. uma ameaça agressiva à própria vida de uma pessoa”. Sucede que excelentíssimosenhor Juiz Keen esqueceu-se de considerar as circunstâncias vivenciadas pelosexploradores; uma vez que a escassez de alimentos, luz, e sabe-se lá mais o quê; bemcomo o desgaste físico, psicológico e emocional a que foram submetidos, constituiu,sem qualquer resquício de dúvida, um caso de resistência à situação por eles vivida, e,esta situação, era sim, uma ameaça agressiva à vida dos mesmos, e que exigia que elesresistissem a ela, com os meios de que dispunham; quaisquer que fossem eles. Outra postura defendida por Keen é o fato de que a lei deve ser aplicada tal qualestá escrita. Este é, sem dúvidas, um tremendo equívoco; uma vez que a lei é passível deinterpretação para que se adeque aos casos, e, também, para que se sanem eventuaiserros e brechas que ela possa apresentar. A concessão máxima que o JuizKeen faz àrespeito da interpretação da norma jurídica, é que esta deve ser contígua ao significadoevidente desta. Outro ponto que o Magistrado Keen interpõe ao caso é sua defesa quanto àssentenças ditas severas; que segundo ele gera na população um sentimento deresponsabilidade ante a legislação. Ele alega ainda que esta legislação é uma criação dopovo [e, neste ponto está parcialmente certo, uma vez que o povo é responsável por ela,mediante a eleição (poder de voto) que concede àqueles que foram da escolha popular opoder de legislar e criar as leis], e ressalta ainda que, “não há nenhum princípio deperdão pessoal que possa aliviar os erros” dos representantes populares. Handy, J. O juiz Handy inicia seu texto com uma crítica ao legalismo exacerbado apresentadopor seus colegas, sobre o caso em questão; e apresenta as minúcias dos votos da turmade juízes que se manifestaram. Ele preza ainda por uma análise da natureza jurídica docontrato celebrado entre os acusados, e que deu início aos atos praticados. Pode-sedizer, portanto, que o juiz Handy, em similitude com o juiz Foster, busca aplicar a lei aocaso concreto que se apresenta ao tribunal. O magistrado defende ainda que a problemática que pertine a eles, é deliberaracerca do que fazer com os acusados; uma vez que eles são funcionários públicos quedevem primar pelo bem-estar social, e cujo cargo lhes dá a incumbência de decidir oque deve suceder aos acusados, mediante a expediçãode uma sentença condenatória ouabsolvedora. Ele corrobora a si mesmo, e age em uma postura condizente com o cargoque ocupa, e com a sabedoria que se espera de um alto dignitário do Poder Judiciário;ao alegar que a questão que se impõe ao tribunal, é uma questão de sabedora prática, eque esta deve ser exercida na realidade humana vivenciada, e não no campo daabstração.O M. senhor juiz Handy expõe outro fator relevante que tem sido o foco a priori docaso; o fato de que “o governo é um assunto humano, e que os homens são governadosnão por palavras sobre o papel, mas por outros homens”. Isto prova que não é a normaque rege a sociedade e as relações humanas, mas sim, as relações humanas quedeterminam as leis. O mesmo se evidencia na aplicação das leis, que serve paragovernar as relações humanas. Não é a lei ad litteram(literalmente, em sua forma literal)que estabelece o governo dos homens; mas sim a interpretação humana da mesma, e suaadequação às relações humanas que se evidenciam na concretização dos fatos. 5. 5. No que pertence à interpretação, excelentíssimo senhor Juiz Handy, afirma que“sempre que houver regras e princípios abstratos os juristas poderão fazerdistinções(sendo) um mal necessário que une todo regulamento formal das condutashumanas”. Nisto nota-se que a postura humana e o a que dela provém é e deve serpassível de interpretação. Sendo que, para ele, as formalidades e os conceitos abstratosconstituem apenas instrumentos a serempregada para se alcançar a justiça; de modo quea abstração é necessária para o efetivo efeito positivo da norma; e para que ela seja justae equânime. A Luz Da Constituição Brasileira. Vimos, portanto, que os réus foram culpados por homicídio doloso na qual,o juizde primeiro grau decidiu que os réus eram culpados de homicídio doloso cometidocontra Roger Wheltmore...” Porém não basta a conduta típica para que exista o crime, pois para que este seconfigure faz-se necessário que nosso ordenamento reprove tal conduta, considerandofato ilícito e antijurídico. De acordo com o Art. 23 do Código Penal como nesse casoconvém o inciso I que diz respeito ao Estado de Necessidade. Considera-se em estadode necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou porsua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício,nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. Caso dos explordores 1. 1. O Caso dos Exploradores de CavernaObra Fictícia. Baseada na História de 5 exploradores amadores queenvolven-se em um acidente em uma expedição. Através decomunicação precária e limitada com o mundo exterior, sãoinformados da improbabilidade de resgate em tempo hábil. Comonão havia provisões necessárias, buscaram informações sobre o fatode que, na busca da sobrevivência até a chegada do resgate, seriapossivel o grupo se alimentar da carne de um destes, e, apóstomarem conhecimento desta possibilidade, decidiram em comumacordo que um dos integrantes deveria ser sacrificado para asobrivencia dos demais. Após tentar a aprovação por parte dasautoridades, sem que tivessem êxito. Após 32 dias na caverna,depois da morte de 10 pessoas da equipe de resgate, quatrosobreviventes foram resgatados, julgados e condenados pela mortede um dos integrantes do grupo inicial. O livro trata do julgamento dareforma ou não da sentença condenatória do grupo de sobreviventes.A todo momento os juízes que deverão decidir sobre a matéria, 2. 2. DIREITO NATURAL DIREITO POSITIVO 3. 3. Na Antigüidade, o Direitotinha como fundamento asleis naturais, normasconsideradas divinas, àsquais os homens estariamsubordinados. Heráclitoconsidera que todas as leishumanas são subordinadasà lei divina do Cosmo. Diz eleque Dike (a justiça) assumiatambém a face de Eris (olitígio). Daí se compreendeque o binômio Dike-Eris nãoapenas governava oshomens, mas também omundo. 4. 4. Escola Jusnaturalista A concepção do Direito Natural surge com os filósofos gregos: Heráclito, Aristóteles,Sócrates, Platão e outros. Em Roma, foi adotada por Cícero. Foram eles os grandesrepresentantes e expoentes do período da era clássica. No dizer do insigne SergioCavallieri Filho: "O direito é um conjunto de idéias ou princípios, eternos, uniformes,permanentes, imutáveis, ou outorgados ao homem pela divindade, quando da criação, afim de traçar-lhe o caminho a seguir e ditar a conduta a ser mantida. O Direito Natural é o Direito Perfeito, incorruptível, utópico, segundo Aristóteles ohomem fora da sociedade torna-se um deus ou um bruto. Aristóteles foi considerado opai do Direito Natural, ele afirma “ademais das leis "particulares" que cada povo tem queestabelecer para si próprio, há uma lei "comum" conforme à natureza”. A formulação de todas as normas , de todos os códigos foram inseridos nasociedade através do conceito de Direito Natural. O Apóstolo Paulo de Tarso escreveuem sua Epístola aos Romanos, 2:14-15: "Porque, quando os gentios, que não têm lei,fazem por natureza as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, osquais mostram a obra da lei escrita em seus corações, de acordo com sua consciência". Ohistoriador intelectual A.J. Carlyle comentou sobre essa passagem da seguinte forma:"Não pode haver dúvida de que as palavras de São Paulo implicam uma concepçãoanáloga à "lei natural" de Cícero, uma lei escrita no coração dos homens, reconhecidapela razão do homem, um direito distinto do direito positivo de qualquer Estado, ou doque São Paulo reconhece que é a lei revelada de Deus. 5. 5. O Positivismo filosófico floresceu no século XIX, quando o método experimentalera amplamente empregado, com sucesso, no âmbito das ciências da natureza.O positivismo pretendeu transportar o método para o setor da ciências sociais.O método experimental adotado pelo positivismo, compõem-se de três fases; a)observação; b) formulação de hipótese; c) experimentação. Em seu afã defocalizar apenas os dados fornecidos pela experiência, o positivismo despreza osjuízos de valor, para apegar-se apenas a fenômenos observáveis. A suapreocupação é com o Direito existente. Em relação à justiça a atitude positivistaé a de um ceticismo absoluto. Augusto Comte ( 1798-1857) foi considerado ofundador dessa corrente filosófica. Direito positivo é o conjunto de normasestabelecidos pelos Estados (através da leis. É o ordenamento jurídico é oDireito posto. 6. 6. Teoria Tridimensional do Direito – Miguel Reale Valor Fato Norma 7. 7. pressuposto, é superior ao Estado. Possui validade universal é imutável (é válido DIREITO em todos os tempos). NATURAL Se liga a princípios fundamentais, de ordem abstrata; corresponde à ideia de Justiça. É posto pelo Estado. é válido por determinado tempo (tem vigência temporal)DIREITO POSITIVO e base territorial. Tem como fundamento a estabilidade e a ordem da sociedade 8. 8. Na caverna foram criadasregras?Foi celebrado um contrato?Quais normas deveriam serobservadas,as estabelecidas por eles, oua do mundo exterior? 9. 9. Truepenny, C.J – Votou pela condenação. Baseando-seno Direito Positivo Foster, J – Votou pela inocência dos 4 baseando- se do Direito Natural. Tatting, J. – Absteve-se de votar, dada a complexidade do caso. Keen, J – Votou na condenação dos 4, baseando-se no Direito Positivo Handy, J – Vota pela absolvição, observando a condição humana, e não em teorias abstratas.