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Resumo de Direito do Trabalho para os alunos

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RESUMO DE DIREITO DO TRABALHO
SUMÁRIO
01. Direito do Trabalho: Conceito e Divisão.
02. História do Direito do Trabalho no Mundo e no Brasil.
03. Direito Coletivo do Trabalho. Conceito. História.
04. Organização Sindical Brasileira.
05. Negociação Coletiva. Instrumentos Normativos Negociados.
06. Direito Coletivo e os Conflitos de Trabalho.
07. Direito de Greve. Greve no Serviço Público. Greve nos Serviços e Atividades Essenciais. Abuso do Direito de Greve. Lock Out.
08. Fontes do Direito do Trabalho.
09. Princípios Informadores do Direito do Trabalho.
10. Relação de Trabalho. Natureza Jurídica: Teorias Contratualistas e Anti-contratualistas. Relação de Emprego. Características.
11. Sujeitos do Contrato de Trabalho. O Empregado. Conceito. O Empregador. Conceito. Empresa. Estabelecimento. Grupo Econômico.
12. Terceirização.
13. Tipos Especiais de Contratos de Trabalho e Emprego. Outras Relações de Trabalho.
14. Tipos Especiais de Contratos de Trabalho e Emprego Com Proteção Específica: Aprendiz, Trabalho da Mulher. Licença Gestante. Salário Maternidade. Proteção Contra a Discriminação. Trabalho da Criança e do Adolescente. Condições Legais. Restrições. Combate ao Trabalho Infantil. 
15. Formação do Contrato de Trabalho. Capacidade, Objeto. Forma. Modalidades. Prazo.
16. CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social.
17. Alteração do Contrato de Trabalho.
18. Suspensão e Interrupção do Contrato de Trabalho.
19. Salário e Remuneração.
20. Jornada de Trabalho.
21. Períodos de Descanso.
22. Extinção do Contrato de Trabalho. Iniciativa do Empregado. Iniciativa do Empregador. Extinção Com Justa Causa e Sem Justa Causa. Despedida Coletiva. 
23. Efeitos Econômicos da Dispensa Imotivada - A Indenização de Dispensa do Empregado. Aviso Prévio. FGTS. Indenizações. Homologação.
24. Seguro Desemprego.
25. Estabilidade e Garantia do Emprego.
26. Prescrição e Decadência no Direito do Trabalho. 
27. Segurança e Medicina do Trabalho. Deveres do Estado, do Empregado e do Empregador. Fiscalização Trabalhista.
28. Dano Extrapatrimonial.
OBSERVAÇÃO
COM A REFORMA TRABALHISTA (LEI Nº 13.467/2017) VÁRIOS DISPOSITIVOS DE DIREITO MATERIAL DO TRABALHO FORAM ALTERADOS NA CLT. 
IMPORTA MENCIONAR QUE AS REGRAS DE DIREITO MATERIAL DO TRABALHO SÃO APLICADAS SOB O SISTEMA DA LEI REGENTE NO TEMPO. 
ISTO QUER DIZER QUE, QUANTO AO DIREITO MATERIAL, VAMOS CONVIVER COM DOIS DIPLOMAS LEGISLATIVOS NO TEMPO. O PRIMEIRO, A CLT ANTIGA, QUE VAI VIGORAR PARA OS DIREITOS TRABALHISTAS VIOLADOS ATÉ 10/11/2017 E O SEGUNDO, A CLT NOVA, QUE PASSOU A VIGORAR NO DIA 11/11/12017 PARA OS DIREITOS TRABALHISTAS A PARTIR DE ENTÃO. 
01. DIREITO DO TRABALHO: CONCEITO E DIVISÃO.
01.1. Conceito – Amauri Mascaro Nascimento – é o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade. (definição mista).
01.2. Divisão do Direito do Trabalho: 
O Direito do Trabalho assim se divide: 
introdução ao direito do trabalho;
direito internacional do trabalho;
direito individual do trabalho;
direito coletivo do trabalho ou direito sindical;
direito público do trabalho: direito processual do trabalho, direito administrativo do trabalho e direito penal do trabalho.
Muito se discute se o Direito do Trabalho é ramo do Direito Público ou do Direito Privado. De um lado encontram-se os doutrinadores que sustentam ser o Direito do Trabalho ramo do Direito Privado, eis que oriundo do contrato de prestação de serviços do Código Civil. Por outro lado, alguns doutrinadores sustentam se tratar de ramo do Direito Público, na medida em que o grau de intervenção do Estado é tão significativo que as partes não podem livremente contratar. 
02. HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO MUNDO E NO BRASIL. 
 
O homem sempre trabalhou, mas o Direito do Trabalho é um fenômeno típico da sociedade surgida após a Revolução Industrial. As formas de trabalho anteriores ao nascimento da sociedade industrial podem ser assim resumidas:
02.1. Escravidão: a primeira forma de trabalho foi a escravidão; o escravo não era considerado sujeito de direito, mas objeto (coisa) do direito de propriedade de outrem (dominus). A escravidão, embora fosse regra na Antigüidade, nunca efetivamente deixou de existir em nosso mundo, bastando ver-se que até os dias atuais a escravidão vigora, como forma aceita, em países africanos e asiáticos. 
02.2. Servidão: num segundo momento da história, mas precisamente na Idade Média, surge o sistema de trabalho denominado servidão; esta é uma das características da sociedade feudal, fundada na agricultura e na pecuária e na qual o senhor feudal, na qualidade de possuidor da terra, impunha sistema de trabalho em que o indivíduo, sem ter a condição jurídica de escravo, na realidade não dispunha de sua liberdade, ficando sujeito a severas restrições em troca de uma parcela ínfima da produção capaz de garantir-lhe subsistência e de proteção familiar. A servidão começou a desaparecer no final da Idade Média.
02.3. Corporações de Ofício: - paralelamente à servidão, surgiram as corporações de ofício ou “Associações de Artes e Misteres”. A necessidade de fugir dos campos, onde o poder dos nobres era quase absoluto ia permitindo aos poucos a concentração de massas de população nas cidades; a identidade de profissão, como forma de aproximação entre os homens, obrigava-os a se unir em corporações ou associações, que possuíam suas próprias leis profissionais. Nessa organização, a figura que concentrava o poder, não só profissional, mas também pessoal sobre o trabalhador, era o mestre, proprietário das oficinas. Os mestres tinham sob suas ordens, em rígido sistema de disciplina, os aprendizes e os companheiros, os primeiros menores que eram entregues aos mestres em troca de ensino metódico do ofício ou profissão, e os segundos trabalhadores que produziam em troca de salário, proteção em caso de doença e possibilidade participação do monopólio da profissão. As corporações de ofício foram suprimidas, na Europa, a partir da Revolução Francesa, vez que a igualdade, inclusive de ofício, apregoada por esta era incompatível com o monopólio e o rigor disciplinar das corporações de ofício. 
02.4. Locação: a locação de serviço também era uma das formas de trabalho verificadas na sociedade pré-industrial. Desdobrava-se em:
02.4.1. Locatio Operarum: configurando-se um contrato através do qual uma pessoa se obriga a prestar serviços (promessa de atividade) durante certo tempo a outra mediante remuneração.
02.4.2. Locatio Operis Faciendi: configurando-se um contrato pelo qual alguém se obriga a executar determinada obra (promessa de resultado) a outra pessoa mediante remuneração. 
Observação: A locatio operarum é apontada como precedente da relação de emprego moderna, objeto do Direito do Trabalho. Essas figuras são encontradas nos artigos 593 a 609 do Novo Código Civil Brasileiro. Hoje, a regulamentação do Direito Civil só é válida para prestação de serviços autônomos, pois a prestação de serviços sob subordinação passou a ser objeto do Direito do Trabalho.
 	 
02.5. O Surgimento do Direito do Trabalho no Mundo:
O Direito do Trabalho nasce com a sociedade industrial e o trabalho assalariado. A revolução tecnológica consubstanciada na invenção das máquinas (máquina de tear, máquina a vapor, etc.) possibilitou que o serviço feito antes por vários trabalhadores, de forma artesanal, fosse feito por poucos deles, causando grande desemprego. Houve, então, o aviltamento dos salários e a depreciação das condições de trabalho. Aos poucos, com o aumento da produção industrial em larga escala, foram aparecendo pequenos aglomerados industriais, que reuniam grande número de trabalhadores em péssimas condições de vida;a reunião desses trabalhadores descontentes gerou o surgimento de grandes movimentos de protesto, muitas vezes violentos, por melhores condições de vida. Tais protestos paralisavam a produção e causavam grandes transtornos sociais, o que fez com que o Estado, que até então não intervinha nessas relações de trabalho assalariado, passou a discipliná-las, garantindo condições mínimas de dignidade nas fábricas. Assim nasceu o Direito do Trabalho. As causas do nascimento da nossa matéria podem assim ser resumidas:
a) causas econômicas: a causa econômica do surgimento do Direito do Trabalho é, como visto, o conjunto de fatores denominados de Revolução Industrial (século XVIII): desenvolvimento tecnológico que gerou produção industrial em larga escala de bens de consumo, em fábricas. 
b) causas políticas: como causa política do surgimento do Direito do Trabalho temos a transformação do Estado de abstencionista para intervencionista. Como visto, o excesso de oferta de mão-de-obra (desemprego) causada pela invenção das máquinas fez com que o tomador de serviços, proprietário dos meios de produção (patrão), pudesse admitir quem quisesse, nas condições que quisesse, cometendo, pois, abusos e impondo condições desumanas para o trabalho nas fábricas, tais como jornadas de 12, 14, 16 horas diárias de trabalho, salários ínfimos e exploração de trabalho de mulheres e menores. Com a revolta dos trabalhadores manifestada em movimentos grevistas o Estado deixou de ser um Estado liberal, que tudo permitia, pois presumia que as partes, trabalhador e patrão, eram formalmente iguais e podiam livremente negociar o conteúdo do contrato de trabalho, para ser um Estado intervencionista, que reconhecia a desigualdade de forças entre os sujeitos da relação de trabalho assalariado e coibia os abusos cometidos pela parte economicamente soberana (empregador), dando garantias mínimas a parte mais fraca (empregado). 
c) causas jurídicas: - o exercício do direito de associação e reivindicação por parte dos trabalhadores atingidos pelas péssimas condições de trabalho nas fábricas (excessivas jornadas de trabalho, salários infames, falta de proteção diante de acidentes de trabalho, etc.), que exigiram um Direito que os protegesse é apontado como causa jurídica. 
d) a idéia de justiça social e o marxismo: motivada pela deterioração das condições de vida dos trabalhadores surgiram doutrinas que influenciaram a criação do Direito do Trabalho: a doutrina social da igreja católica, representada pela Encíclica Rerum Novarum (“coisas novas”) de 1891, até hoje presente em nosso meio, e a doutrina marxista, que pugnou pela união dos trabalhadores e convivência pacífica com os empregadores. 
02.6. Fatos Históricos Que Demonstram a Criação e a Evolução do Direito do Trabalho:
02.6.1 - As primeiras leis trabalhistas eram ordinárias:
a) Na Inglaterra - Lei de Peel - estabelecia jornada máxima de 12 horas para os menores que trabalhavam nas fábricas – 1802. 
b) Na França: proibia trabalho de menores de oito anos – 1814. 
c) Na Alemanha, as leis sociais de Bismark – 1833. 
d) Na Itália as leis de proteção ao trabalho da mulher e do menor – 1886. 
02.6.2 - constitucionalismo social: a partir do término da primeira grande guerra iniciou-se a inclusão de leis trabalhistas nas Constituições de alguns países, o que ficou conhecido como constitucionalismo social, de que são exemplos:
a) Constituição do México – 1917. Foi a primeira constituição do mundo a tratar de direitos trabalhistas - seu artigo 123 disciplinava a jornada diária de 8 horas, a jornada máxima noturna de 7 horas, a proibição de trabalho aos menores de 12 anos, descanso semanal, direito a salário mínimo, proteção a maternidade, direito de sindicalização e de greve, etc.
b) Constituição de Weimar (Alemanha), 1919. Foi a segunda Constituição a abordar os direitos trabalhistas: previa participação dos trabalhadores nas empresas, criação de um direito unitário do trabalho, sistema de seguros sociais, representação dos trabalhadores nas empresas, liberdade de associação e união para defesa de melhores condições de trabalho, etc.
02.6.3 - o Tratado de Versailles – 1919: criação da OIT - Organização Internacional do Trabalho, para proteger as relações entre empregados e empregadores no plano internacional, expedindo convenções e recomendações nesse sentido. 
02.6.4 - a Carta Del Lavoro: documento criado na Itália fascista, de 1927, fundamento dos sistemas corporativistas, que tem como base a intervenção do Estado na ordem econômica, o controle total sobre os entes de direito coletivo do trabalho e, em contrapartida, a dação de direitos aos trabalhadores por força de lei. O corporativismo pode ser expresso na seguinte frase: “tudo dentro do Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”. A greve é tida como crime. O nosso imposto sindical (exercício de função de tributação, delegada do poder público, por parte dos sindicatos) é apontado como resquício da influência corporativista no nosso Direito. 
02.7. Evolução do Direito do Trabalho no Brasil:
A formação e o desenvolvimento do Direito do Trabalho no Brasil foi resultado da influência de fatores externos e internos:
02.7.1 - influências externas: a crescente evolução legislativa do Direito do Trabalho em muitos países levou o Brasil a elaborar leis trabalhistas. A criação de leis trabalhistas no Brasil também foi resultado de sua adesão ao Tratado de Versailles e assunção do compromisso de observância de normas laborais mínimas (ingresso na OIT – Organização Internacional do Trabalho).
02.7.2 - influências internas: são apontados como causas do Direito do Trabalho em nosso país os seguintes fatos: o movimento operário organizado por imigrantes com inspirações anarquistas, em fins de 1800 e início de 1900; o surto industrial resultante do fim da primeira guerra mundial, com a elevação do número de fábricas e de operários; e a política trabalhista de Getúlio Vargas (1930).
02.7.3 - principais marcos:
a) em nosso meio foram aprovadas leis ordinárias esparsas que tratavam de trabalho de menores (1891), da organização de sindicatos rurais (1903) e urbanos (1907), de férias, etc.
b) em 1930 foi criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que passou a expedir decretos sobre profissões, trabalho de mulheres (1932), salário mínimo (1936), Justiça do Trabalho (1939);
c) por influência do constitucionalismo social, a Constituição Federal brasileira de 1934 tratou pela primeira vez de Direito do Trabalho, garantindo: liberdade sindical, isonomia salarial, salário mínimo, jornada de oito horas de trabalho, proteção do trabalho das mulheres e menores, repouso semanal, férias anuais remuneradas (artigo 121). Observação: A Constituições de 1824 (império) e 1891 (república) não falaram diretamente de Direito do Trabalho: a 1824 limitou-se a abolir as corporações de ofício, criando a liberdade de exercício de ofícios e profissões, não devendo ser esquecido que a essa época ainda existia, como regime geral de trabalho em nosso país, a escravidão, somente abolida em 1888. A Constituição Federal de 1891 somente garantiu liberdade de associação em caráter genérico. 
d) a Constituição de 1937 de cunho eminentemente corporativista, inspirado na Carta Del Lavoro. Foi criado nessa época o imposto sindical e uma série de outras regras, como forma do Estado intervir e controlar a atividade das entidades de classe (sindicatos) e também o poder normativo da Justiça do Trabalho. 
e) o Decreto-Lei nº 5.452/43, de 01/05/1943, editou a Consolidação das Leis do Trabalho juntando em um só diploma legal as várias normas esparsas sobre direitos trabalhistas até então existentes. A Consolidação das Leis do Trabalho não é um “código” porque através dela não se criou Direito novo, mas apenas se reuniu legislação esparsa já existente. Embora não tenha sido a primeira lei de Direito do Trabalho em nosso país, lembrando-se, por exemplo, que já existia uma normapara tratar do trabalhado de industriários e comerciários, de 1935 (Lei nº 62/35), a Consolidação das Leis do Trabalho foi a primeira lei geral, aplicável a todos os empregados, sem distinção entre a natureza do trabalho técnico, manual ou intelectual. 
f) a Constituição de 1946 rompeu com o corporativismo do texto constitucional anterior; fez previsão do direito a participação dos trabalhadores nos lucros (artigo 157, IV), repouso semanal remunerado (artigo 157, IV), estabilidade (artigo 157, XII), direito de greve (artigo 158) e outros;
g) outras leis ordinárias importantes na evolução do Direito do Trabalho: Lei nº 605/49 (repouso semanal remunerado), Lei nº 3.207/57 (empregados vendedores, viajantes e pracistas), Lei nº 4.090/62 (décimo terceiro salário), Lei nº 4.266/63 (salário-família, etc.), Lei nº 5.859/72 (empregados domésticos), Lei nº 6.019/74 (trabalhador temporário), Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), etc. 
h) a Constituição Federal de 1967 - manteve direitos trabalhistas estabelecidos nas Constituições anteriores (artigo 158, alterado para 165 pela Emenda Constitucional nº 01/1969);
i) a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 representa um marco na consolidação do direito do trabalho em nível constitucional - neste texto foi adotado um modelo prescritivo, não sintético, de regulamentação constitucional trabalhista, com a inclusão de grande rol de direitos trabalhistas, em dimensão ampla até então inexistente. Assim, foram criados direitos novos no texto constitucional e foram constitucionalizados direitos trabalhistas antes só previstos na legislação ordinária. Na Constituição Federal de 1988 há regras gerais de Direito Constitucional aplicáveis no âmbito do Direito do Trabalho, como por exemplo, a garantia de respeito ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e a coisa julgada, aplicação imediata de direitos e garantias fundamentais (artigo 5º) e há normas específicas de direito do trabalho, individual e coletivo, concentradas, respectivamente, nos artigos 7º a 11º do Texto Constitucional. 
3. DIREITO COLETIVO DO TRABALHO. CONCEITO. HISTÓRIA 
3.1. Aspectos Históricos do Direito Coletivo do Trabalho. Direito Sindical.
O sindicalismo surge da necessidade dos trabalhadores se unirem para evitar a odiosa opressão e a exploração a que eram submetidos.
a) individualismo: o liberalismo da Revolução Francesa, de forte componente individualista e, posteriormente, a Revolução Industrial, de forte componente opressor, é que impulsionou a uma coalizão dos trabalhadores no início da sociedade industrial, fazendo nascer a idéia de associativismo. 
b) solidarismo: Amauri Mascaro Nascimento, citando Norberto Bobbio, Matteucci e Gianfranco Pasquino, em Dicionário de Política (1986) asseverou que o sindicalismo nasceu, como reação dos trabalhadores, fundado, de um lado, na solidariedade e defesa dos interesses dos trabalhadores, e, de outro, na revolta contra o modo de produção capitalista. Para outros, o sindicalismo foi uma forma de enfrentar os efeitos, na ordem social, do liberalismo político, econômico e jurídico, inspirado nos princípios da Revolução Francesa de 1789.
Preleciona o citado jurista que não se pode questionar ferozmente a Revolução Francesa que revelou expoentes do pensamento, afirmou valores, como a auto-suficiência dos direitos inatos do homem, a autonomia da vontade como fonte geradora da ordem social e política e o livre consentimento como fundamentação da convivência social e limite natural do Poder. Contudo, diz o jurista, a liberdade absoluta do homem, na procura do seu próprio interesse, sem interferência do Estado, desfavoreceu a união dos trabalhadores. Como exemplo disso, cita o renomado jurista a supressão das corporações de ofícios, primeiramente em razão da prevalência da liberdade de comércio e, posteriormente, com o advento da Lei “Chapelier” (França) que assim decretou:
a) a proibição de toda espécie de corporação de cidadãos do mesmo estado ou profissão, e do seu restabelecimento, sob qualquer pretexto, e sob qualquer forma;
b) a proibição de reuniões dos cidadãos, do mesmo estado social ou profissão, obreiros e companheiros de uma arte qualquer, da designação de presidente, secretário ou síndico, de lavrar registros, tomar resoluções e sancionar regulamentações sobre seus pretensos direitos comuns;
c) a proibição de todas as corporações, administrativas ou municipais, de receber qualquer solicitação ou petição sob o nome de um estado social ou profissão, ou de respondê-las, ficando obrigadas a declarar nulas as resoluções que tomassem.
Disso resulta a liberdade individual do trabalho na França, ideal difundido em outros países.
3.2. Regramento em Alguns Países Europeus - Some-se à Lei “Chapelier” (França) o Código Penal de Napoleão (1810) que puniu a associação de trabalhadores como delito, a antiga elaboração da common law da Grã-Bretanha que considerou contrário ao interesse público todo pacto limitativo da liberdade de comércio individual, pelo que privilegiou a livre iniciativa, o “Codice Penale Sardo” (1859), da Itália, que considerou crime toda forma de coalizão dos trabalhadores, entre outros.
3.3. Mudança da fase proibitiva para a fase de tolerância - 	Assim, como já dito, a coalizão de trabalhadores em alguns países era considerada crime. Com o advento de uma nova fase, qual seja a da tolerância, os países começaram a mudar seus ordenamentos jurídicos para descriminalizar a coalizão de trabalhadores. Em decorrência disso, em meados do século 19, na Europa, a associação sindical começou a se tornar uma realidade, pelo que sobrevive até os dias de hoje.
Logicamente que, daquele período até estes dias, mudanças significativas têm ocorrido na economia internacional, como por exemplo, a globalização dos mercados, que em seu bojo tem trazido a flexibilização das normas trabalhistas. Isso obriga os sindicatos de trabalhadores a adotarem um novo papel nas negociações com os patrões. Apesar disso, não se pode perder de vista os princípios que regem o direito laboral, entre outros o da proteção e do caráter alimentar do salário, sempre lembrando que o desequilíbrio entre ambos é patente.
Diploma importante foi elaborado pela OIT – Organização Internacional do Trabalho qual seja a Convenção nº 87, que consagrou o princípio da liberdade sindical. Todavia, referida Convenção Internacional não foi ratificada pelo Brasil.
Na Inglaterra o direito sindical nasceu em 1720. Na França em 1884. Na Alemanha em 1919. 
No início do século XIX, com a chegada dos imigrantes ao Brasil, em decorrência de influência dos mesmos os primeiros sindicatos foram fundados sob a denominação de “ligas operárias” em fins de 1800 e início de 1900. Assim, foram fundados:
-o sindicato de trabalhadores rurais em 1903.
-o sindicato de trabalhadores urbanos em 1907.
Com a criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio em 1930, o modelo de organização sindical sofreu forte influência do corporativismo, com o que forte interferência estatal o caracterizou, em prejuízo da liberdade de organização e de ação que informa os sistemas democráticos. 
Por conta disso, os sindicatos estiveram extremamente ligados ao Estado até o advento da Constituição Federal de 1988, que adotou o princípio da unicidade sindical, a partir de quando ficou consagrado que tais entidades são particulares, razão pela qual há vedação da interferência estatal em sua criação ou administração.
4. ORGANIZAÇÃO SINDICAL BRASILEIRA.
A organização sindical brasileira é composta dos seguintes entes: sindicatos, federações e confederações.
4.1.Sindicato: conceitos:
Cesarino Junior – a associação profissional reconhecida pelo Estado como representante legal da categoria.
Délio Maranhão – uma forma de associação instituída para proteger os interesses profissionais dos que a integra.
Amauri Mascaro Nascimento – é a forma de organização de pessoasfísicas ou jurídicas que figuram como sujeitos as relações coletivas de trabalho.
Natureza jurídica do sindicato – ente de direito privado.
Com o advento da Constituição Federal de 1988 – desnecessária a anuência do Estado para criação de sindicatos, eis que vedada a sua intervenção.
4.2. Federações: são entidades sindicais de segundo grau, situadas acima dos sindicatos da respectiva categoria, abaixo das confederações. São constituídas por Estados. Devem ser compostas de, no mínimo, 05 sindicatos que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas.
4.3. Confederações: são as organizações sindicais de maior grau numa determinada categoria. São entidades de grau superior criadas por, no mínimo, três federações. 
4.4. Central Sindical: Lei nº 11.648/2008 - é a maior unidade representativa de trabalhadores na organização sindical. São entidades de cúpula. Situam-se, na estrutura sindical, acima das confederações, federações e sindicatos. Representam outras organizações sindicais que a elas se filiam espontaneamente. São intercategoriais, expressando-se como um referencial de concentração da pirâmide sindical. Não tem poderes de representação de determinada categoria, mas apenas de representação em fóruns nacionais de trabalhadores.
 
As centrais sindicais foram proibidas desde o Estado Novo. 
Antes mesmo da Lei nº 11.648/2008 a Portaria nº 3.100 de 1985 do Ministério do Trabalho e Emprego revogou a proibição.
Requisitos para a formação de uma central sindical:
a) uma central sindical deverá ser composta de, no mínimo, 100 sindicatos distribuídos em 5 regiões do País, e
b) filiação em pelo menos 3 regiões do País de, no mínimo, 20 sindicatos em cada uma, 
c) filiação de sindicatos em, no mínimo, 5 setores de atividade econômica, e
d) filiação de sindicatos que representem, no mínimo, 7% do total de empregados sindicalizados em âmbito nacional.
Unicidade sindical: é a proibição, por lei, da existência de mais de um sindicato na mesma base de atuação. Difere de unidade sindical. 
Convenção nº 87 da OIT – Organização Internacional do Trabalho: trata da pluralidade sindical – como já dito esta Convenção Internacional não foi ratificada pelo Brasil. 
Receitas do Sindicato:
Quatro são as principais receitas de um sindicato, a saber:
contribuição sindical;
contribuição assistencial;
contribuição confederativa;
mensalidade do sindicato.
Reforma Trabalhista: 
Os artigos 578 e 579 da CLT, que tratam da contribuição sindical dos empregados e dos empregados têm nova redação com o advento da Lei nº 13.467/2017, a saber:
Art. 578.  As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas.                       
Art. 579.  O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação.    
Observação: Difícil chegar a uma conclusão sobre a obrigatoriedade ou a facultatividade do pagamento de contribuição sindical. O sistema adotado antes da reforma trabalhista era de obrigatoriedade, herança da era Vargas no poder. Contudo, a partir da reforma trabalhista as contribuições sindical é facultativa tanto para o empregado como para o empregador. Sob a ótica de melhorar o sistema de representatividade sindical dos empregados parece-nos que a medida é salutar. Contudo, a nosso ver a facultatividade da referida contribuição pode levar muitos sindicatos a fecharem suas portas por falta de recursos, na medida em que o trabalhador brasileiro é destituído de consciência da necessidade de coalização sindical.                    
Observação:
Sexta-feira, 29 de junho de 2018.
STF declara constitucionalidade do fim da contribuição sindical obrigatória.
Por 6 votos a 3, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na manhã desta sexta-feira (29), declarar a constitucionalidade do ponto da Reforma Trabalhista que extinguiu a obrigatoriedade da contribuição sindical. O dispositivo foi questionado na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5794, em outras 18 ADIs ajuizadas contra a nova regra e na Ação Declaratória de constitucionalidade (ADC) 55, que buscava o reconhecimento da validade da mudança na legislação. Como as ações tramitaram de forma conjunta, a decisão de hoje aplica-se a todos os processos.
Prevaleceu o entendimento do ministro Luiz Fux, apresentado ontem (28), quando o julgamento foi iniciado. Entre os argumentos expostos por ele e pelos ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Cármen Lúcia, está o de não se poder admitir que a contribuição sindical seja imposta a trabalhadores e empregadores quando a Constituição determina que ninguém é obrigado a se filiar ou a se manter filiado a uma entidade sindical. Além disso, eles concordaram que o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical não ofende a Constituição.
O ministro Fux foi o primeiro a divergir do relator dos processos, ministros Edson Fachin, que votou pela inconstitucionalidade do fim contribuição sindical obrigatória. Entre os argumentos expostos por Fachin e pelo ministro Dias Toffoli e pela ministra Rosa Weber, o fim da obrigatoriedade do tributo vai impedir os sindicatos de buscar formas de organização mais eficazes para defender os direitos dos trabalhadores perante os interesses patronais.
A ADI 5794, à qual as demais ações foram apensadas, norteou o julgamento. A ação foi ajuizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos (CONTTMAF). Nela e nos demais processos, o objeto de contestação foi o artigo 1º da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), que deu nova redação aos artigos 545, 578, 579, 582, 583, 587 e 602 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para condicionar o recolhimento da contribuição sindical à expressa autorização dos trabalhadores.
Contribuição facultativa.
Nesta manhã, o julgamento foi retomado com o voto do ministro Alexandre de Moraes, para quem a liberdade associativa, uma premissa constitucional, é a questão primordial envolvida na discussão sobre o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical. Na avaliação do ministro, essa regra constitucional amplia a liberdade do trabalhador de se associar ou não a um sindicato e de contribuir ou não com essa representação.
Segundo o ministro, desde a Constituição de 1988 houve uma diminuição do tradicional "sistema de cabresto", instituído pelo Estado Novo em 1937, tanto no nível do Estado perante os sindicatos, quanto no dos sindicatos sobre os trabalhadores. Nesse sentido, em sua avaliação, a Reforma Trabalhista busca a evolução de um sistema sindical centralizador, arcaico e paternalista para um modelo mais moderno, baseado na liberdade. “Se o empregador tem a opção de se filiar a um sindicato, ele também tem a opção de se não se filiar, de não recolher essa contribuição”, disse.
“Não há autonomia enquanto um sistema sindical depender de dinheiro estatal para sobreviver”, complementou, acrescentando que o legislador constituinte não constitucionalizou a contribuição sindical, mas apenas recepcionou a legislação que a havia criado e permitiu a existência da contribuição sindical de forma subsidiária, mas não compulsória. “Não criou e também não vetou”, disse.
O ministro Luís Roberto Barroso também acompanhou a divergência iniciada pelo ministro Fux ao defender que o fim da contribuição sindical obrigatória não está em desarmonia com a ConstituiçãoFederal. Na avaliação dele, não há que se falar em inconstitucionalidade formal ou material, uma vez que é o Congresso Nacional o protagonista dessa discussão que é eminentemente política, por envolver modelo de gestão sindical que se pretende adotar no Brasil.
“O Congresso Nacional é o cenário para que essas decisões sejam tomadas. O STF deve ser autocontido, de forma a respeitar as escolhas políticas do Legislativo”, disse, aproveitando para fazer um apelo para que o Poder Legislativo conclua a Reforma Trabalhista, acabando com a chamada unicidade sindical.
Para Barroso, o princípio constitucional envolvido no caso é o da liberdade sindical, o direito de o trabalhador filiar-se ou não, ou e de contribuir ou não, a uma entidade. Nesse sentido, ele considera o modelo de contribuição compulsória ruim porque não estimula a competitividade e a representatividade, levando um verdadeiro “business” privado. “O sistema é bom para os sindicalistas, mas não é bom para os trabalhadores.”
Também seguindo a divergência, o ministro Gilmar Mendes não verificou nenhuma inconstitucionalidade nas novas regras sobre a contribuição sindical. A seu ver, o modelo anterior causou uma “brutal distorção” com a criação de 16,8 mil sindicatos no país. “Era um modelo de associativismo subsidiado pela contribuição sindical. A África do Sul tem 191 sindicatos, os Estados Unidos, 160, e a Argentina, 91”, citou.
Para ele, o novo regime não suprime a sustentabilidade do sistema. “Simplesmente irá fazer com que os sindicatos sejam sustentados como todas as demais associações por contribuições voluntárias”, ponderou.
O ministro Marco Aurélio, por sua vez, ressaltou que não considera a contribuição sindical como tributo propriamente dito. “Não concebo que pessoa jurídica de direito privado seja parte ativa tributária”, sustentou.
Na sua avaliação, a contribuição sindical não se enquadra no artigo 149 da Constituição Federal, que trata das contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas. “Não me consta que essa contribuição vise a atuação do estado. Visa sim a atuação do fortalecimento das entidades sindicais”, assinalou.
O ministro Marco Aurélio frisou ainda que o artigo 8º da Carta Magna repete duas vezes que é livre a associação profissional ou sindical e o inciso X do artigo 7º prevê a proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa.
A presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, finalizou o julgamento avaliando que as novas regras não ofendem a Constituição Federal. “Seria conveniente haver normas de transição. Entretanto, não considero que isso seja suficiente para tornar incompatível com a Constituição Federal as normas promulgadas”, apontou.
Para a presidente do Supremo, a mudança leva a um novo pensar da sociedade de como lidar com todas as categorias econômicas e trabalhistas e com todas as formas de atuação na sociedade, sem depender necessariamente do Estado, que nem sempre pode acudir todas as demandas de forma automática.
Contribuição compulsória.
Na sessão de hoje, a primeira a acompanhar o voto do ministro Edson Fachin foi a ministra Rosa Weber. Ela iniciou sua fala destacando não ter “simpatia nenhuma pela contribuição sindical obrigatória”, porém destacou que da Constituição Federal emerge um sistema sindical que tem três pilares. “Não podemos mexer em parte sem que haja uma alteração do todo, sob pena de uma desarmonia que atenta contra os comandos constitucionais”, disse a ministra. “É um tripé. Afasta um, a casa cai”, complementou.
Rosa Weber explicou que a Constituição Federal, sem materializar em sua completude o princípio da liberdade sindical, afasta de forma expressa o pluralismo e impõe a unicidade sindical para a legitimidade da representação da atuação sindical. De acordo com ela, é nessa perspectiva que se insere a contribuição compulsória, receita fundamental para o fortalecimento e manutenção dos sindicatos.
A ministra citou dados que apontam para uma queda de 79,6% na arrecadação da contribuição sindical, a maior fonte de receita do sistema, após a Reforma Trabalhista. 
“É inegável, portanto, o enorme prejuízo na arrecadação do sistema sindical brasileiro, com profundos reflexos na atuação das entidades sindicais como agentes centrais da representação coletiva trabalhista, responsáveis pela defesa dos interesses e direitos de todos os integrantes das respectivas categorias”.
O ministro Dias Toffoli, por sua vez, deu o terceiro voto acompanhando o relator. “Do ponto de vista constitucional, me convenceram os votos dos ministros Edson Fachin e o veemente voto da ministra Rosa Weber.” Toffoli disse concordar com afirmação feita pelo ministro Barroso no sentido de que o país precisa de mais sociedade, argumentando que, “no Brasil, o Estado veio antes da sociedade”.
Mas ponderou que seria necessário que o Congresso fizesse uma reforma gradativa na área, e não, “da noite para o dia”, subverter todo o sistema sem ter uma regra de transição, sem ter uma preparação para a substituição desse financiamento. “Penso que aí está a grande fragilidade do ponto específico que estamos a discutir. Não é possível essa subtração que houve da contribuição sindical sem ter preparado essa transição, sem ter preparado a assunção de mais sociedade civil com menos Estado”, finalizou.
Os ministros Ricardo Lewandowski e Celso de Mello não participaram do julgamento, pois estavam ausentes justificadamente. O ministro Luiz Fux será o redator do acórdão. 
5. NEGOCIAÇÃO COLETIVA. INSTRUMENTOS NORMATIVOS NEGOCIADOS.
5.1. Conceito:
Para Amauri Mascaro Nascimento é a forma de desenvolvimento do poder normativo dos grupos sociais segundo uma concepção pluralista que não reduz a formação do direito positivo à elaboração do Estado. É a negociação destinada à formação consensual de normas e condições de trabalho que serão aplicadas a um grupo de trabalhadores e empregadores. 
Em suma: é a possibilidade de resultar normas que não aquelas previstas nos códigos e leis esparsas. Ou seja, o direito positivo trabalhista não estatal.
5.2. Fases de negociação coletiva:
Para Amauri Mascaro Nascimento as fases da negociação coletiva são:
a) assembléia do sindicato de trabalhadores para autorizar a diretoria a iniciar as negociações (artigo 612 da Consolidação das Leis do Trabalho).
b) discussões entre os dirigentes dos sindicatos de empregados e de empregadores no caso de convenção, e entre aqueles e os diretores da empresa no caso de acordo coletivo (artigo 616 da Consolidação das Leis do Trabalho).
c) possibilidade de mediação do Delegado Regional do Trabalho visando à aproximação entre as partes e com poderes de convocação compulsória destas para o diálogo, ato que tem o nome de mesa-redonda na DRT (artigo 616, parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho).
d) havendo o ajuste de vontades, segue-se a redação do documento com as cláusulas objeto da negociação, e que é feita pelos advogados das partes, segundo a praxe (artigo 613 da Consolidação das Leis do Trabalho).
e) aprovação do ajuste pelas assembléias dos dois sindicatos convenentes.
f) depósito do documento redigido na Delegacia Regional do Trabalho no prazo de 8 dias da sua assinatura pelos representantes dos sindicatos ou empresas (artigo 614 e parágrafo 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho).
g) publicidade da convenção ou acordo com afixação, de modo visível, nas sedes dos sindicatos ou empresas, dentro de 5 dias da data do depósito.
h) início da vigência após 3 dias do depósito na DRTE – Delegacia Regional do Trabalho e Emprego.
i) duração máxima de 2 anos, podendo ser prorrogada, revista ou denunciada, significando prorrogação o ato pelo qual as partes, antes do término da duração da convenção ou acordo, resolvem reapreciar as suas cláusulas; e denunciam o ato pelo qual uma das partes comunica à outra a sua intenção de por fim antecipadamente à convenção, o quesó ocorrerá também bilateralmente, isto é, com o consentimento da outra parte. 
5.3. Modalidades de instrumentos coletivos negociados:
 Os instrumentos coletivos negociados são: 
a) convenção coletiva de trabalho – acordo de caráter normativo pelos qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho.
b) acordo coletivo de trabalho – ajuste entre o sindicato dos trabalhadores e uma ou mais empresas. Não se aplica à categoria, mas somente às empresas acordantes.
Segundo Vólia Bomfim Cassar as espécies de cláusulas coletivas são:
a) cláusulas normativas: fixam condições genéricas de trabalho para os membros da categoria. Por exemplo: cláusula que prevê adicional noturno superior àquele previsto na CLT, cláusula que prevê adicional de horas extras superior àquele previsto na Consolidação das Leis do Trabalho, etc.
As cláusulas normativas podem ser assim divididas: econômicas, sociais e de adaptação. 
a1) as cláusulas econômicas dizem respeito às condições de trabalho que criam benesses e vantagens aos trabalhadores. Por exemplo: cláusula que prevê reajuste salarial, cláusula que prevê gratificação de função, etc. 
a2) as cláusulas sociais representam apoio social aos empregados. Por exemplo: cláusula que prevê concessão de plano de assistência médica, odontológica, cláusula que prevê o pagamento de creche, etc. 
a3) as cláusulas de adaptação são aquelas que permitem a redução dos direitos trabalhistas adequando os direitos dos trabalhadores à realidade econômica da empresa. Embora a citada doutrinadora não tenha mencionado de forma exemplificativa pode-se trazer como exemplo a cláusula que prevê a instituição de Banco de Horas. 
 
b) cláusulas obrigacionais: as quais se dirigem às partes formais (sindicatos) criando obrigações entre elas. Exemplo mencionado por Sérgio Pinto Martins: cláusula que prevê multa para o sindicato que descumprir a convenção coletiva de trabalho.
Reforma Trabalhista:
O artigo 620, caput, da CLT, sofreu alteração por força da Lei nº 13.467/2017, in verbis:
Art. 620.  As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho.      
A redação anterior do artigo supracitado falava na prevalência da convenção coletiva de trabalho sobre o acordo coletivo de trabalho quando aquela fosse mais favorável.
A partir de agora, independentemente desta ou daquele ser mais favorável este – o acordo coletivo de trabalho – prevalecerá sobre a convenção coletiva de trabalho.
5.4. Jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho sobre o tema:
Em setembro de 2012 o Pleno do Tribunal Superior do Trabalho reuniu-se com o intuito de aprovar novas súmulas, alterar o conteúdo de algumas súmulas e até mesmo cancelar súmulas. Pois bem.
Uma dessas súmulas, a de número 277 teve sua redação alterada para constar o seguinte:
Súmula 277 – CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. ULTRATIVIDADE.
As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou convenções coletivas integram os contratos individuais de trabalho e somente poderão ser modificadas ou suprimidas mediante negociação coletiva de trabalho.
Importa, aqui, esclarecer como era a redação anterior em comparação com a redação atual e o que vem a ser ultratividade das normas coletivas. 
A redação anterior desse verbete fazia expressa a que as normas coletivas de trabalho (acordos coletivos de trabalho ou convenções coletivas de trabalho) vigoravam apenas e tão-somente no prazo assinado, ou seja, pelo prazo máximo de dois anos ou, eventualmente, em período até mesmo inferior a esse. Ou seja, não se podia falar em ultratividade das normas coletivas, assim entendida como a possibilidade de o período de vigência ser ultrapassado. 
Contudo, a redação anterior teria deixado os entes sindicais patronais e os empregadores em situação muito cômoda, na medida em que o legislador constituinte derivado houve por bem, quando da aprovação da Emenda Constitucional nº 45/2004, acrescentar o prazo o parágrafo 2º ao artigo 114 da Carta Constitucional de 1988 para estabelecer o seguinte:
Art. 114...
...
Parágrafo 2º - Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente (o grifo é meu).
Ora, é sabido que três são as formas de solução dos conflitos coletivos de trabalho: 
autocomposição - que é a solução do litígio entre as próprias partes com a celebração de acordos coletivos de trabalho ou de convenções coletivas de trabalho.
heterocomposição – que é a solução do litígio dada por um terceiro nas modalidades de mediação, arbitragem ou jurisdição estatal. 
autodefesa – que é a solução do litígio quando uma das partes força a outra a negociar nas modalidades de greve (direito do Brasil) e lock-out (proibido no Brasil). 
Assim, os sindicatos patronais e os empregadores não concediam o “de acordo” para o ajuizamento das ações de dissídio coletivo de natureza econômica, repeliam a greve embora se trate de um direito alegando abusividade do movimento e, ao mesmo tempo, se recusavam à negociação coletiva.
Sobreleva mencionar que os mecanismos existentes na legislação trabalhista se prestam a buscar pacificação social entre capital e trabalho. Mas com tal conduta, sindicatos patronais e empregadores inviabilizavam essa busca pela pacificação social.
Foi por conta disso, que o Tribunal Superior do Trabalho houve por bem alterar o conteúdo da Súmula 277 para admitir a ultratividade das normas coletivas, ou seja, se os sindicatos patronais e os empregadores se recusarem à negociação coletiva as convenções coletivas de trabalho e os acordos coletivos de trabalho ultrapassarão o período de vigência neles mencionado e vigorarão sem prazo até que nova negociação coletiva ocorre entre os atores sociais (sindicatos de empregados e sindicatos de empregadores ou entre sindicatos de empregados e empregadores). 
Observação: No mês de outubro de 2016 o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal houve por bem suspender liminarmente a aplicabilidade da Súmula 277 do Tribunal Superior do Trabalho, como se vê pela notícia abaixo: 
Sexta-feira, 14 de outubro de 2016 
Ministro suspende efeitos de decisões da Justiça do Trabalho sobre ultratividade de acordos
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu nesta sexta-feira (14) medida cautelar para suspender todos os processos e efeitos de decisões no âmbito da Justiça do Trabalho que discutam a aplicação da ultratividade de normas de acordos e de convenções coletivas. A decisão, a ser referendada pelo Plenário do STF, foi proferida na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 323, ajuizada pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), questionando a Súmula 277 do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Segundo a entidade, ao estabelecer que as cláusulas previstas em convenções ou acordos coletivos integram os contratos individuais de trabalho, mesmo depois de expirada sua validade, a súmula contraria os preceitos constitucionais da separação dos Poderes (artigo 2º da Constituição Federal) e da legalidade (artigo 5º).
A Confenen relata que a alteração jurisprudencial na justiça trabalhista “despreza que o debate relativo aos efeitos jurídicos das cláusulas coletivas no tempo sempre esteve localizado no plano infraconstitucional, fato evidenciado pela edição da Lei 8.542/1992, que tratou do tema, mas foi revogada”. Argumenta que a teoria da ultratividade das normas coletivassempre esteve condicionada à existência de lei, não podendo ser extraída diretamente do texto constitucional.
Ao conceder a liminar o ministro justificou que “da análise do caso extrai-se indubitavelmente que se tem como insustentável o entendimento jurisdicional conferido pelos tribunais trabalhistas ao interpretar arbitrariamente a norma constitucional”. Ele ressaltou que a suspensão do andamento de processos "é medida extrema que deve ser adotada apenas em circunstâncias especiais", mas considerou que as razões apontadas pela Confederação, bem como a reiterada aplicação do entendimento judicial consolidado na atual redação da Súmula 277 do TST, "são questões que aparentam possuir relevância jurídica suficiente a ensejar o acolhimento do pedido".
Com todo o respeito à decisão, mas, se esta for confirmada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, voltará a colocar os sindicatos patronais em condição de extrema comodidade perante os sindicatos de empregados, ou seja, vão se recusar a negociar e requerer a extinção sem exame do mérito das ações de dissídio coletivo de natureza econômica.
Reforma Trabalhista:
Ao artigo 614 da CLT foi acrescentado o parágrafo 3º, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, que vedou a ultratividade da norma coletiva, cujo conteúdo é o seguinte:
§ 3o Não será permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a ultratividade.   
Assim, com a nova legislação parece-nos que a Súmula 277 terá que ser cancelada ou modulada.
6. DIREITO COLETIVO E OS CONFLITOS DE TRABALHO.
Para Amauri Mascaro Nascimento direito coletivo do trabalho ou direito sindical é o ramo do direito do trabalho que estuda os sindicatos, as demais organizações sindicais, os conflitos de trabalho e suas formas de solução, inclusive as convenções coletivas e a greve.
Para o citado doutrinador os conflitos de trabalho podem ser individuais e coletivos.
Os conflitos individuais de trabalho ocorrem entre um trabalhador ou diversos trabalhadores individualmente considerados e o empregador, via de regra, com base no contrato individual de trabalho. Já os conflitos coletivos de trabalho alcançam um grupo de trabalhadores e um ou vários empregadores e se refere a interesses gerais do grupo. 
Os conflitos coletivos de trabalho se subdividem em: conflitos econômicos e conflitos jurídicos.
Nos conflitos econômicos os trabalhadores reivindicam novas e melhores condições de trabalho.
Nos conflitos jurídicos os trabalhadores o que se pleiteia é a solução de divergência que existe na aplicação ou interpretação de uma norma jurídica. 
7. DIREITO DE GREVE. GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO. GREVE NOS SERVIÇOS E ATIVIDADES ESSENCIAIS. ABUSO DO DIREITO DE GREVE. LOCK OUT.
7.1.Conceito: É a cessação coletiva do trabalho para fins reivindicatórios. É a paralisação temporária dos serviços ou suspensão temporária do trabalho realizada para atender a interesses dos trabalhadores, condicionada a aprovação em assembléia. É um instrumento de pressão que uma parte utiliza para forçar a outra a adotar determinada posição (autodefesa).
7.2. Diferenciação da greve de outras figuras: 
Greve não é qualquer ato coletivo de protesto. Assim pode-se dizer que não é greve:
a) boicotagem: boicote é obstrução do negócio, ato de não cooperar. 
b) sabotagem: destruição ou inutilização de máquinas ou mercadorias pelos trabalhadores, como forma de protesto.
c) piquetes: forma de pressão dos trabalhadores para completar a greve sob forma de dissuadir os recalcitrantes. É lícito, se pacífico e ilegal, se violento.
d) ocupação de estabelecimento: invasão de propriedade por parte dos trabalhadores.
e) braços cruzados: ficam de braços cruzados, sem trabalhar. 
f) greve de excesso de zelo: excesso de zelo e meticulosidade como forma de emperrar os serviços.
g) greve tartaruga: executam os serviços com demasiada lentidão.
7.3. Natureza Jurídica da Greve:
a) a greve como liberdade: a greve seria um fato não sujeito a restrição ou disciplina em lei. É a concepção adotada em Estados liberais, em que há um desinteresse pelo fato social da greve, que fica apenas sujeito a punições quando ensejar violência ou atos de perturbação da ordem. O Estado é mero espectador das lutas entre as forças do capital e do trabalho. 
b) a greve como direito do empregado (caso do Brasil): forma autorizada de autodefesa pelos trabalhadores em conflitos coletivos. Corresponde a concepção social-democrática do Estado. A greve passa a ser considerada socialmente útil e é protegida pelo ordenamento jurídico. 
c) a greve como delito: há países em que a greve é proibida ou considerada crime. A greve como delito corresponde a concepção autoritária de Estado. Não se admite possam os grupos sociais discordar das soluções impostas pelo Estado.
 
7.4. Fundamento: princípio da liberdade de trabalho: ninguém pode ser constrangido a trabalhar contra a própria vontade. 
7.5. Conceito legal de greve no Brasil:
a) até 1937 – a greve não era regulamentada pelo Direito
b) a partir de 1937 – passou a ser considerada delito, recurso nocivo ao interesse social e à economia;
c) a partir de 1946 – greve passou a ser um direito;
d) a partir de 1967 - greve como um direito, mas com fortes limitações.
e) a partir de 1988 – a greve é um direito, pelo artigo 9º da CF/88, a saber:
Artigo 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devem por meio dele defender.
Parágrafo 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Parágrafo 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
7.6. Procedimento de Greve:
negociação coletiva obrigatória;
decisão em assembléia convocada pelo sindicato
dação do aviso-prévio da greve: 48 horas. Será de 72 horas no caso de serviços essenciais quando deverão ser pré-avisados o empregador e os usuários.
7.7.Garantias dos Grevistas:
a) emprego de meios pacíficos de persuasão;
b) arrecadação de fundos;
c) livre divulgação do movimento.
7.8. Efeitos Sobre o Contrato de Trabalho: o período de greve é qualificado como de suspensão do contrato de trabalho (artigo 7º da Lei nº 7.783/89). Não configura abandono de emprego ou justa causa. Todavia, o mesmo artigo retromencionado dispõe que as relações obrigacionais durante o período devem ser regidas pelo acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho. 
7.9. Greve em Atividades Essenciais (artigo 10 da Lei nº 7.783/89): são atividades que atendem a necessidades sociais impreteríveis sob pena de ameaça a sobrevivência, saúde ou a segurança da população. O MPT pode interferir. Os envolvidos no conflito devem garantir a manutenção de trabalhadores em percentual capaz de garantir a prestação dos serviços inadiáveis devidos à comunidade. A jurisprudência não tem sido uniforme quanto ao percentual que deve permanecer nos serviços essenciais. 
7.10. Abuso de Direito de Greve:
7.10.1. A lei de greve garante o uso do direito e não o abuso do direito:
Constitui abuso do direito de greve o ato de violar ou constranger garantias constitucionais ou a realização da greve sem obediência do procedimento legal (assembléia, tentativa de negociação coletiva, aviso prévio, manutenção de equipes em serviços essenciais, etc.). 
7.10.2. Abuso de direito de greve: uso imoderado, indevido, irregular ou anormal de um direito, capaz de ocasionar prejuízos ao direito de outrem. Nenhum direito é absoluto atualmente. Todos os direitos têm limitações. 
7.11. Alargamento da Competência da Justiça do Trabalho em Outros Litígios Decorrentes da Greve - Emenda Constitucional nº 45/2004:
Com o advento da Emenda Constitucional nº 45/2004 todas as questões relativas às greves devemser decididas perante a Justiça do Trabalho e não aquelas ligadas à abusividade ou não das mesmas. Ex: ação de interdito proibitório visando obstaculizar os trabalhadores que, além de estar em greve, ameaçam invadir as dependências da empresa (grifei e negritei). 
7.12. Decisão do Supremo Tribunal Federal de 2008 sobre a greve dos servidores públicos:
É aplicável aos servidores públicos a Lei nº 7.783/89 no tocante aos serviços cujas atividades são essenciais, enquanto não sobrevier a lei específica de que trata o artigo 37, inciso VII, da Carta Republicana de 1988. É o que se conhece por Ativismo Judicial.
7.13. LOCK OUT
Conceito: É a paralisação das atividades pelo empregador, com a finalidade de frustrar negociação coletiva e dificultar o atendimento das reivindicações dos trabalhadores. É vedada no Brasil. São devidos os salários dos dias de paralisação.
08. FONTES DO DIREITO DO TRABALHO.
As fontes do direito do trabalho são:
08.1. Fontes materiais: são os fatos reais, de ordem social, econômica ou psicológica, que influenciaram na criação da norma. Dependem da investigação das causas sociais que ditaram a criação da norma, o que é objeto da Sociologia Jurídica. 
08.2. Fontes formais: são as formas de exteriorização do Direito consubstanciadas nas regras jurídicas: Constituição, leis, costumes, etc. Classificam-se em:
08.2.1. Fontes formais heterônomas: são normas impostas por agente externo que não participa da relação de emprego. Normalmente são aprovadas pelo Estado: Constituição, leis, decretos, sentença normativa, etc.).
08.2.2. Fontes formais autônomas: são as normas elaboradas pelos próprios agentes interessados. Ex: acordo coletivo de trabalho, convenção coletiva de trabalho, costume.
08.3. O Pluralismo Jurídico do Direito do Trabalho:
O Direito do Trabalho é exemplo da teoria pluralista do Direito (plurinormatividade), que defende a idéia de que o Estado não é a única fonte produtora de normas. Isso significa que, a par das normas estatais, há também as normas elaboradas por outros centros de poder, quais sejam as normas jurídicas trabalhistas elaboradas no âmbito das categorias econômicas e profissionais e das empresas (ex: acordos e convenções coletivas de trabalho, regulamento de empresas, etc.).
08.4. Quadro das Principais Fontes Formais do Direito do Trabalho
a) Constituição Federal.
b) leis (Consolidação das Leis do Trabalho e leis esparsas): é competência privativa da União em legislar sobre Direito do Trabalho. Também o Código civil é fonte de aplicação subsidiária ao direito do trabalho no caso de omissão e compatibilidade.
Reforma Trabalhista:
Na redação anterior do artigo 8º da CLT havia expressa menção ao parágrafo único que consagrava a aplicação subsidiária do direito comum, no caso do direito civil, em caso de omissão da CLT.
O referido parágrafo único foi transformado em parágrafo 1º. Isto porque ao referido artigo foi inserido o parágrafo 2º do artigo 8º, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.467/2017, in verbis: 
Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público.
§ 1º O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho.                 
§ 2o Súmulas e outros enunciados de jurisprudência editados pelo Tribunal Superior do Trabalho e pelos Tribunais Regionais do Trabalho não poderão restringir direitos legalmente previstos nem criar obrigações que não estejam previstas em lei.          
§ 3o  No exame de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho analisará exclusivamente a conformidade dos elementos essenciais do negócio jurídico, respeitado o disposto no art. 104 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), e balizará sua atuação pelo princípio da intervenção mínima na autonomia da vontade coletiva.        
1ª Observação: O parágrafo 2º acima citado, a nosso ver, revela manifesta inconstitucionalidade na medida em que não permite ao juiz do trabalho interpretar as normas aprovadas pelo Poder Legislativo.
2ª Observação: O parágrafo 3º acima citado também é, a nosso ver, de grande preocupação, na medida em que não permite ao juiz verificar eventual inconstitucionalidade do conteúdo da cláusula de convenção coletiva de trabalho ou de acordo coletivo de trabalho se os requisitos formais de elaboração da norma estiverem presentes sem qualquer vício. 
c) usos e costumes.
d) normas provenientes do Poder Executivo: medidas provisórias, decretos regulamentadores (ex: Lei Complementar nº 150/2015 que regulamenta o trabalho doméstico, Portarias ex: Portaria nº 3.214/78 - meio ambiente do trabalho).
e) sentenças normativas - os tribunais do trabalho (Tribunais Regionais do Trabalho e Tribunal Superior do Trabalho) possuem capacidade de criar normas fixando condições de trabalho para as categorias econômicas (patrões) e profissionais (empregados) envolvidas em Dissídio Coletivo – artigo 114, parágrafo 2º da Constituição Federal de 1988. Esses documentos têm “corpo de sentença e alma de lei”, porque formalmente são sentenças, mas contém normas gerais de conduta para as categorias envolvidas, assim como as leis. 
f) acordo coletivo de trabalho – firmado entre uma ou mais empresas e o sindicato dos empregados.
g) convenção coletiva de trabalho – firmada entre sindicatos de empregadores e sindicatos de empregados.
h) regulamento de empresa.
i) contrato de trabalho.
Observação: a jurisprudência e a doutrina, embora não vinculem o juiz, também são fontes formais do direito. 
08.5. Hierarquia das Normas Trabalhistas:
A Constituição Federal é a norma de hierarquia máxima e as demais normas também seguem a hierarquia de Direito Comum, mas em Direito do Trabalho há uma peculiaridade: quando há confronto de normas trabalhistas, prevalecerá a norma mais favorável ao empregado. Isto ocorre porque as normas estatais garantem sempre um mínimo de garantia para os empregados, de forma que as fontes autônomas (acordo ou convenção, coletiva, costume, contrato de emprego, regulamento de empresa) podem adicionar garantias àquelas já previstas na Constituição e nas Leis. Isso faz com que o intérprete, no caso concreto, procure, entre as várias normas que dispõem sobre uma mesma matéria, aquela que garante maiores vantagens ao empregado: esta é que será, naquele caso, a norma de maior hierarquia. 
Não vai, contudo, ser aplicada a norma mais favorável em duas hipóteses: existindo lei proibitiva (quando o Estado proíbe as partes de negociarem a matéria tratada na lei, nem para o mais, nem para o menos), ou existindo norma coletiva baseada em autorização expressa para flexibilização com vistas à diminuição de direitos (artigo 7º, incisos VI, XIII e XIV, da Constituição Federal de 1988). 
09. PRINCÍPIOS INFORMADORES DO DIREITO DO TRABALHO.
09.1.Conceito de Princípio: Princípios são proposições básicas fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturas subsequentes da ciência em foco. São os mandamentos nucleares do sistema, ou seja, o seu alicerce. 
09.2. Os Princípios São Divididos em:
09.2.1. Princípios gerais de Direito: são os princípios comuns ao Direito em Geral, aplicável em todos os seus ramos. Ex: princípio da dignidade da pessoa humana, princípio da igualdade, princípio da proibição do enriquecimento sem causa, princípio da proibição do abuso de direito, etc.
09.2.2. Princípios de Direito do Trabalho: são as proposições básicas fundamentais próprias do Direito do Trabalho, visto como um ramo específico do Direito. Podem ser subdivididosem:
09.2.2.1. Princípio próprio de todo o Direito do Trabalho.
09.2.2.2. Princípios setoriais: referem-se a apenas um setor do Direito do Trabalho. Ex: princípio da liberdade de organização sindical.
09.3. Função dos Princípios:
Os princípios servem de critério para a exata compreensão das normas de Direito do Trabalho, de forma a permitir que estas componham um sistema harmônico e integrado. Também servem de inspiração e orientação para o legislador (e os demais agentes capazes de criar normas jurídicas trabalhistas) na tarefa de criação de novas regras jurídicas laborais. Os princípios do Direito do Trabalho desempenham, pois, as seguintes funções:
09.3.1. Função informadora – os princípios servem de inspiração ao legislador e de fundamento para a criação de novas normas de Direito do Trabalho. 
09.3.2. Função normativa: atua como fonte supletiva de Direito, nas hipóteses de lacuna ou omissões da lei.
09.3.3. Função interpretativa: os princípios servem de critério orientador para os intérpretes e aplicadores da lei.
09.4. Princípios constitucionais atrelados ao direito do trabalho:
09.4.1. princípio da dignidade da pessoa humana;
Observação: O Brasil ratificou as seguintes Convenções Internacionais da OIT – Organização Internacional do Trabalho, a saber:
a) nº 29 que trata da abolição do trabalho forçado;
b) nº 105 que trata da abolição do trabalho forçado. 
04.4.2. princípio da valorização social do trabalho;
04.4.3. princípio da função social da propriedade;
04.4.4. princípio do pleno emprego. 
09.5. Os Princípios do Direito do Trabalho São:
09.5.1. Princípio da proteção:
As regras de Direito do Trabalho surgiram para proporcionar superioridade jurídica ao empregado, como forma de compensar sua natural inferioridade em face da superioridade econômica do empregador. São normas que visam, portanto, o equilíbrio, a igualdade real, entre os dois sujeitos da relação jurídica de emprego. Dessa forma, o Direito do Trabalho tem como idéia básica o chamado “princípio da proteção”, que se desmembra em três subprincípios:
1º subprincípio: Princípio do in dubio pro operario: se houver duas ou mais interpretações de uma norma deve o operador do direito optar pela interpretação mais favorável ao empregado.
2º subprincípio: Princípio da aplicação da norma mais favorável ao trabalhador: princípio que rege a solução de problemas de aplicação do direito no caso concreto, diante da pluralidade de fontes de normas (hierarquia das normas).
3º subprincípio: Princípio da aplicação da condição mais benéfica: princípio que se regula a solução de problemas de aplicação de normas no tempo: devem ser resguardadas as vantagens que o trabalhador tem nos casos de alterações prejudiciais das condições de trabalho; é expressão, no Direito do Trabalho, do princípio do direito adquirido, do direito comum, nos termos do artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal de 1988. 
09.5.2. Princípio da primazia da realidade (contrato-realidade): em Direito do Trabalho a verdade real tem prioridade sobre a verdade formal; nesse sentido prevalecem os fatos declinados em juízo, em detrimento dos documentos escritos. O referido princípio está consagrado no artigo 9º, da CLT, in verbis: 
Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
09.5.3. Princípio da irrenunciabilidade dos direitos: o empregado, em princípio, não tem poder de abrir mão dos direitos que lhe são conferidos pelas normas jurídicas, sendo eles, portanto, irrenunciáveis, nos termos do artigo 9º da Consolidação das Leis do Trabalho. Referido princípio tem sido mitigado ante o fenômeno da flexibilização.
09.5.3.1. A flexibilização dos direitos trabalhistas
Conceito – Amauri Mascaro Nascimento – É o afastamento da rigidez de algumas leis para permitir, diante de situações que a exijam, maior dispositividade das partes para alterar ou reduzir as condições de trabalho.
Arnaldo Süssekind - sustenta existir diferença entre Desregulamentação e Flexibilização, a saber:
a) desregulamentação: retirada total da proteção estatal ao trabalhador permitindo a autonomia privada, individual ou coletiva.
b) flexibilização: pressupõe intervenção estatal, ainda que básica, com normas gerais abaixo das quais não se pode conceber a vida do trabalhador com dignidade. 
Arnaldo Süssekind - A transformação da economia e a flexibilização:
Revolução tecnológica – informática e a robótica, o que acarreta desemprego estrutural.
Globalização econômica – internacionalização dos mercados.
Necessidade de redução de custos – concorrência entre os países.
Desregulamentação da economia em algumas regiões do planeta – governos fortes e sindicatos fracos com parcial ou total supressão de direitos trabalhistas.
Desemprego Estrutural: com a finalidade de reduzir o desemprego estrutural tem-se fomentado a utilização da flexibilização dos direitos trabalhistas.
Exemplos de flexibilização das leis trabalhistas:
a) Lei nº 5.107/66 que trata do FGTS como opção à estabilidade decenal.
b) Lei nº 6.019/74 que trata do trabalho temporário.
c) Constituição Federal de 1988, artigo 7º, inciso VI, que trata da redução salarial como regra e da redutibilidade como exceção, desde que feita por meio de acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho.
d) Lei nº 10.101/2000 que trata da participação dos lucros desvinculada do salário.
e) Lei nº 9.601/98 que trata da contratação por prazo determinado para admissão de pessoal acima do quadro fixo da empresa, mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho.
f) O labor das mulheres em jornada noturna, extraordinária, em ambiente insalubre ou periculoso.
g) Reajustes salariais mediante negociação coletiva e não de forma automática.
h) Lei nº 9.608/98 que trata do trabalho voluntário.
i) Medida Provisória 2.164-41/2001 que trata do trabalho a tempo parcial.
j) Medida Provisória 2.164-41/2001 que trata do Banco de Horas.
k) Medida Provisória 2.164-41/2001 que trata da suspensão do contrato de trabalho por período de dois a cinco meses para participação do empregado em curso ou programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador, com duração equivalente à suspensão contratual, mediante previsão em acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho e aquiescência formal do empregado.
l) Lei nº 11.718/2008 que trata da contratação de pequeno prazo de natureza temporária na área rural.
m) Lei nº 13.189/2015 que trata da possibilidade de redução de salário e de jornada até o limite de 30% (lay-off). Nesse caso, 50% do valor da redução até o limite de 65% do valor da parcela do seguro desemprego será paga pelo FAT – Fundo de Amparo do Trabalhador. 
09.5.3.2. Renúncia e Transação.
Importa, agora, estudar a diferença entre o conceito de renúncia e o conceito de transação.
Renúncia - é o ato jurídico voluntário e unilateral do empregado, no qual este desiste de um direito ou de alguma coisa.
A renúncia pode ser:
antecipada – nula de pleno direito em matéria trabalhista.
na vigência do contrato – desde que não traga prejuízos diretos ou indiretos ao empregado.
após o término do contrato – está condicionada a liberdade de opção do empregado.
Transação – é um ato bilateral, em virtude do qual, mediante concessões recíprocas, as partes interessadas extinguem obrigações litigiosas ou duvidosas. 
Reforma Trabalhista:
O grande chamariz da reforma trabalhista, que foi aprovada pela Lei nº 13.467/2017, foi a aprovação de dispositivo legal que trata da prevalência do negociado com o sindicato sobre o legislado, o que só faz reforçar o menor rigor do princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas. Também foi aprovado dispositivo legal que trata das matérias, as quais não é permitida a negociação coletiva. São os dispositivosdos artigos 611-A e 611-B, a saber:
Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: 
 I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;                     
II - banco de horas anual;                          
III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas;                           
IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015;                        
V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança;                        
VI - regulamento empresarial;                         
VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho;                            
VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;                           
IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual;                       
X - modalidade de registro de jornada de trabalho;                        
XI - troca do dia de feriado;                        
XII - enquadramento do grau de insalubridade;  
XIII – prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho;  
XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo;                         
XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.                       
§ 1o No exame da convenção coletiva ou do acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho observará o disposto no § 3o do art. 8o desta Consolidação.                          
§ 2o A inexistência de expressa indicação de contrapartidas recíprocas em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho não ensejará sua nulidade por não caracterizar um vício do negócio jurídico.                      
§ 3o Se for pactuada cláusula que reduza o salário ou a jornada, a convenção coletiva ou o acordo coletivo de trabalho deverão prever a proteção dos empregados contra dispensa imotivada durante o prazo de vigência do instrumento coletivo.                   
§ 4o Na hipótese de procedência de ação anulatória de cláusula de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, quando houver a cláusula compensatória, esta deverá ser igualmente anulada, sem repetição do indébito.                          
§ 5º Os sindicatos subscritores de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho deverão participar, como litisconsortes necessários, em ação individual ou coletiva, que tenha como objeto a anulação de cláusulas desses instrumentos. 
Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos:                     
I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social;                      
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;                     
III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS);                   
IV - salário mínimo;                  
V - valor nominal do décimo terceiro salário;                    
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;                      
VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;                        
VIII - salário-família;                        
IX - repouso semanal remunerado;                     
X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal;                      
XI - número de dias de férias devidas ao empregado;                    
XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;                   
XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias;      
XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei;                         
XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;                          
XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;                     
XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho;                    
XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas;                      
XIX - aposentadoria;                         
XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador;                  
XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho;        
XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência;                    
XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos;                    
XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes;                        
XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso;                     
XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho;                            
XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender;                      
XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve;                        
XXIX - tributos e outros créditos de terceiros;                    
XXX - as disposições previstas nos arts. 373-A, 390, 392, 392-A, 394, 394-A, 395, 396 e 400 desta Consolidação.                    
Parágrafo único.  Regras sobre duração do trabalho e intervalos não são consideradas como normas de saúde, higiene e segurança do trabalho para os fins do disposto neste artigo.                   
Observação: Em nosso entendimento esses dispositivos legais serão objeto de muita discussão perante o Poder Judiciário Trabalhista, em especial o artigo 611-A e o parágrafo único do artigo 612-B. 
09.5.4. Princípio da continuidade da relação de emprego: presume-se que o contrato de trabalho terá validade por tempo indeterminado, ou seja, que haverá a continuidade da relação de emprego no tempo. O contrário, ou seja, os contratos por prazo determinado dependem de prova escrita e da existência de condições especiais que justifiquem a transitoriedade do vínculo. Nesse sentido a Súmula 212 do TST, a saber:
DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA. 
O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. 
09.5.5. Princípio da integralidade do salário: o salário é impenhorável, salvo para pagamento de pensão alimentícia decorrente de decisão judicial (artigo 833, inciso IV, parágrafo 2º, do Novo Código de Processo Civil). 
09.5.6. Princípio da intangibilidade do salário: a legislação trabalhista veda ao empregador que faça descontos abusivos no salário do empregado. Nos termos

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