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Gerador de Van de Graaff Eduardo Destefani Stefanato Física exp. II – Licenciatura em Física – CCA Universidade Federal do Espírito Santo – UFES 2019/2 - Alegre-ES Resumo. O vigente trabalho relata oito breves experimentos feitos no gerador de Van de Graaff. Visando a compreensão e a observação de alguns fenômenos da eletrostática, o relatório aborda a correlação dos conceitos físicos com o funcionamento do aparato experimental. Desse modo, pôde ser observado como ocorre a eletrização por contato, atrito e por indução, bem como suas aplicações cotidianas. Palavras chave: Van de Graaff, eletrostática, gerador. _______________________________________________________________________________________ 1. Introdução O presente trabalho visa abordar os conceitos observados na aplicação experimental do gerador de Van de Graaff. A definição do mesmo é dita como “um gerador eletrostático no qual a carga elétrica é ... transferida para um grande eletrodo esférico oco por uma correia em movimento rápido, produzindo potenciais acima de um milhão de volts e usada com um tubo de aceleração como acelerador de elétrons ou íons”. [1] O intuito do procedimento é observar e analisar alguns fenômenos eletrostáticos. Tais fenômenos estão diretamente ligados a existência de um campo elétrico, campo incitado por uma carga elétrica envolvida. “Existem dois tipos de carga elétrica, que o cientista e político americano Benjamin Franklin chamou de carga positiva e carga negativa.” [2] O campo elétrico pode ser facilmente definido como “um campo vetorial, já que contém informações a respeito de uma força, e as forças possuem um módulo e uma orientação.” [2] A natureza do campo está diretamente associada a natureza da carga. Ou seja, as informações da força, como módulo e orientação, são regidas de acordo com a carga evolvida. Portanto, como “partículas com cargas de mesmo sinal se repelem e partículas com cargas de sinais opostos se atraem” [2], os campos elétricos também respeitam essa lei. Além disso, quando um determinado corpo possui um arranjo de cargas, devido sua forma macroscópica, tais cargas podem interagir de tal modo, que a força resultante entre elas afeta diretamente na organização das mesmas, superficialmente no corpo. Portanto, a geometria do objeto portador de carga afeta diretamente na orientação e distribuição do campo elétrico. Outro fator decisivo no desempenho do gerador é a composição dos materiais utilizados. O campo elétrico é algo intrínseco a carga, e a mesma se comporta de acordo com o substancia utilizada. Logo, a composição do material afeta diretamente na interação entre as cargas (elétrons no átomo). Tendo um material isolante, as cargas alojadas internamente ou na superfície de contato não conseguirão se reorganizar (mover-se). Materiais isolantes são conhecidos por sua alta resistividade e rigidez dielétrica. Os materiais condutores possuem propriedades eletroestáticas opostas aos isolantes, geralmente são os metais que apresentam as devidas características. Condutores tem sua eficiência relacionada ao grau de condutividade elétrica, ou também, pela baixa resistividade. Isso permite com que os elétrons portadores de carga possam se mover livremente na presença de um campo elétrico. Tal atributo, permite que os elétrons possam ser espontaneamente induzidos a se movimentarem sem contato. “Em materiais condutores, alguns dos elétrons do átomo estão fracamente ligados ao núcleo e tem a capacidade de se moverem com uma certa facilidade quando na presença de campos elétricos.” [3] O experimento irá demonstrar os trés métodos de eletrização. Sendo elas, atrito, contato e indução eletrostática. Todas favorecidas pela engenharia do gerador, materiais utilizados e componentes alocados. 2. Procedimento Experimental Antes da aplicação do experimento, algumas precauções foram estabelecidas, dentre elas a verificação de todos os itens do gerador. Para isso, fora descrito suas respectivas finalidades, no intuito de verificar a máxima eficiência deles em relação a suas localidades no gerador. Ou seja, averiguar se cada componentes estava encaixado no devido lugar e o porque disso. O processo de redução de riscos é o método experimental feito com objetivo de garantir os melhores resultados e evitar falhas intuitivas. A começar pela análise do aparato experimental, contagem de peças e mal funcionamento das mesmas. Em seguida, uma pequena revisão bibliográfica dos conceitos físicos para um melhor manuseio seguro do experimento, bem como, o manual em mãos. Para o experimento foram utilizados os seguintes materiais: ✔ Base para gerador eletrostático montada 110V(220v); ✔ Braço do gerador montado, cabo de força cabo de ligação com 1m (preto/vermelho) banana/banana; ✔ Correia grande de borracha; ✔ Esfera auxiliar para descargas Ø100mm (esfera de prova); ✔ Esfera de alumínio Ø250mm com pino de metal; ✔ Frasco plástico com sementes de grama; ✔ Suporte para eletroscópio; ✔ Suporte para torniquete; ✔ Torniquete eletrostático; Para o estudo das linhas de força de campos elétricos, os seguintes materiais a mais são necessários: ➢ Eletrodo anel; ➢ Dois eletrodos retos; ➢ Eletrodo ponteira circular; ➢ Óleo de Rícino, frasco com 250ml. Itens complementares (não inclusos): • Papel alumínio (tiras); • Lampada fluorecente tubular; • Algodão. Para iniciar a etapa experimental, após a redução de riscos, sucedeu-se a montagem do gerador. Para obter um potencial eletrostático elevado é necessário um bom isolamento. Para isso, as partes do gerador devem estar limpas e secas (esferas, escovas, correia de borracha e polias), bem como o laboratório. Após a checagem, bastou montar a base do gerador (Fig. 1). Fig. 1: Base e braço para gerador eletrostático montados (polias, escovas e correia). A parte fundamental responsável pelo funcionamento do gerador de Van de Graaff, o conjunto braço/base. Nele, está localizado três componentes importantes, as escovas de alumínio e dois isolantes (correia de borracha e polia de acrílico). Tais peças geram o acumulo de cargas para o gerador, consequentemente, quando alocada a esfera de alumínio (Ø250mm), no suporte (braço), as cargas se direcionam diretamente para a superfície da esfera condutora. Feita a montagem completa Braço/base e esfera de alumínio, basta ligar o gerador. Deve-se ajustar o controlador de velocidade para que o gerador funcione em velocidade média e deixar o gerador funcionar na velocidade média por alguns minutos até que se eletrize completamente. A primeira parte do procedimento experimental foi observar as linhas de força do campo elétrico da esfera carregada. O procedimento consiste em utilizar um fio de barbante ou algodão bem fino e, segurando-o por uma das extremidades, aproximá-lo da esfera metálica do gerador sem tocá-la, conforme mostra a figura 2. Depois , solta-se o algodão ou barbante para ver o que ocorre. Fig. 2: Observação das linhas de força do campo elétrico da esfera carregada. O segundo experimento ocorre após a obervação dos fenômenos acima, coloca-se o eletroscópio de folha conectado a esfera. E então, ligado o gerador para esperar o que acontece com as tiras de alumínio, vide figura 3. Em seguida, no mesmo encaixe utilizado para por o eletroscópio, conecta-se o torniquete e aumenta-se a velocidade da correia de média para alta. Observa-se o que ocorrenesse terceiro experimento. O efeito por trás é o mesmo do quarto experimento, que aponta-se uma extremidade pontiaguda para esfera carregada cedendo cargas para outra esfera (neutra), aterrada e fixada em um tripé, na forma “leiga” de faísca (Fig. 4). Recomenda-se por a esfera auxiliar neutra (esfera de prova) certa de 4cm da principal. O quinto experimento, com o gerador funcionando, foi posicionar uma pessoa em uma base isolada com as mãos em contato com a esfera de alumínio principal (Ø250mm). A implicação é similar ao episódio do eletroscópio (Fig. 3). O próximo passo (sexto experimento) foi utilizar a lampada fluorescente perto das interações do campo elétrico formado pela esfera. Coloca-se a mão no meio e na extremidade mais distante da lampada em relação à esfera (Fig. 5). Questionamentos são levantados. Como sétimo experimento, com a esfera de prova e gerador funcionando, aproximou-se cuidadosamente a esfera auxiliar da esfera principal até que fosse vista a primeira centelha de descarga elétrica. Em seguida, através dos devidos cálculos, foi calculado a diferença de potencial entre as esferas considerando a rigidez dielétrica do ar igual a 1,5.10 V/m.⁶ V/m. Outro questionamento proposto foi quanto a coloração da centelha formada. Recomenda-se realizar o experimento em baixa luminosidade, vide figura 6. 2.1 Configuração das linhas de força A segunda parte do procedimento experimental (oitavo experimento) diz respeito a utilização do gerador de Van de Graaff para configurar as linhas de força do campo elétrico geradas por eletrodos de diferentes formas e combinações. Combinações de um eletrodo anel e um ponteira circular, dois eletrodos retos, um ponteira circular e um reto. Para a realização da pratica deve-se colocar uma camada de aproximadamente 2 mm de óleo de rícino na cuba de vidro e fixar dois eletrodos de prova nos bornes da placa de acrílico. Depois, espalhar sobre o óleo um pouco das sementes e conectar o borne de um dos eletrodos na parte superior da esfera e o outro, na conexão fio terra próximo às polias inferiores. Feito isso, o gerador é ligado e as sementes são analisadas. O resultado e a configuração dos eletrodos estarão expostos vide figura 7. 3. Resultados e Discussão Em primeira instância, no decorrer do procedimento experimental, foi questionado o funcionamento do gerador meio a redução de riscos. O gerador de Van de Graaff trabalha com os trés métodos de eletrização, ambos relacionados aos materiais utilizados, sendo eles condutores ou isolantes. A primeira polia inferior direita (primaria), de acordo com figura 1 (Introdução), possui o papel fundamental de eletrizar a correia de borracha por meio do atrito, uma vez que, tal método permite a retirada de elétrons a medida que a correia se atrita com a polia. Essa é a principal forma de materiais isolantes trocarem cargas, isso de acordo com a natureza triboelétrica do material (Tabela 1), que dita quem recebe e doa elétrons. Vale ressaltar, que a área da correia é muito maior em relação à polia, consequentemente, a polia ficará extremamente eletrizada positivamente comparada a correia, que estará negativa. Tabela 1: Tendência de eletrização de alguns materiais por atrito. Material Tendência Pele humana + Acrílico + Borracha - Cobre - Perceba que a tabela mostra a natureza triboelétrica de dois materiais utilizados na correia e polia. Os materiais são a borracha e acrílico, respectivamente. Partindo da polia primaria, com o movimento da correia no sentido horário, chega-se à primeira escova de alumínio (condutor). Por ser condutora, os elétrons presentes no material conseguem facilmente se movimentar. Pela indução, a polia que está do outro lado da correia carregada positivamente, induz os elétrons portadores de cargas negativas da escova irem ao encontro da mesma, porém acabam se deparando com a continuidade da correia isolante. Tais elétrons, por consequência, acabam se alojando na superfície da correia que está em contato com a escova. Como é isolante, a correia acaba aprisionando os elétrons e os leva para cima, resultado do movimento da própria. Por conta disso, a correia fica ainda mais eletrizada negativamente, uma vez que, a polia primaria não seria o suficiente para tal. O setor inferior do braço, portanto, é responsável pelo carregamento da correia, enquanto o setor superior, composto por apenas uma polia eletrostática e escova, são responsáveis por capturar os elétrons alojados na correia e transportá-los para as extremidades elevadas do gerador (esfera de alumínio). “Isso resulta na ionização da haste de carregamento superior e na transferência contínua de carga elétrica do terminal para a correia móvel, que neutraliza a carga levantada e deixa um resíduo de carga do sinal oposto a ser transportado.” [4] O resíduo citado são as cargas negativas que não foram transportadas para as elevações (esfera) do gerador, isso ocorre devido a intensa velocidade da correia. Contudo, a parte inferior ainda conta com uma escova auxiliar aterrada, localizada acima da polia primaria, essa escova tem a finalidade de retirar os resíduos de carga. Todo esse procedimento resulta em uma diferença de potencial intensa nas extremidades da esfera de alumínio e nas laterais direita e esquerda da correia. Isso ocorre devido as cargas se movimentarem no intuito de estabelecerem o equilíbrio eletroestático. Após esclarecimentos sobre o funcionamento do gerador de Van de Graaff, fora aplicado o primeiro experimento (Fig. 2). Como observado, o algodão era induzido a ir de encontro com a esfera, tanto que quando solto, o mesmo adquiri um movimento espontâneo em direção à superfície da esfera. O campo elétrico formado pela esfera era análogo a uma partícula pontual com carga negativa. Portanto, o campo elétrico era caracteristicamente convergente, pois suas linhas de campo convergiam ao centro da esfera. Um fenômeno interessante ocorre quando o algodão toca a esfera, pois o mesmo é “cuspido” em direção oposta a da esfera. A explicação do fenômeno é simples, quando o algodão encontra a esfera, os elétrons são transferidos para o algodão pelo contato, e o mesmo fica eletrizado negativamente assim como a esfera. A implicação disso é a geração de campos da mesma natureza, que consequentemente, se repelem. O segundo experimento, como dita o procedimento, foi a acoplagem do eletroscópio de tiras de alumínio no gerador. Ao ligar o gerador, as tiras começaram a se afastar uma da outra, isso ocorre devido as cargas se propagarem até as extremidades das folhas, e como esperado, o campo elétrico formado por ambas as tiras, por possuírem a mesma natureza, se repelem. O mesmo efeito ocorre no quinto experimento, em que uma pessoa é posta em contato com a esfera e seus fios levantam. Nesse caso os fios de cabelo se comportam como as tiras de alumínio do eletroscópio, conforme a figura 3. Fig. 3: Eletroscópio e cabelos arrepiados pelo contato com o gerador. Observa-se que ambos os experimentos possuem o mesmo conceito físico por trás. Porém, o que diferencia o eletroscópio dos cabelos é o material, o alumínio em comparação ao fio de cabelo é um condutor mais eficiente. Isso torna o eletroscópio um instrumento mais sensível a campos elétricos. O terceiro experimento realizado é relativo ao torniquete, assimcomo o eletroscópio, ele é acoplado na extremidade superior da esfera. O efeito por trás do movimento circular do torniquete é chamado de efeito de ponta. 17,53 mm O efeito consiste no intenso campo elétrico e acumulo de cargas negativas nas pontas do torniquete, resultado da tentativa de escape dos elétrons pelas extremidades. Com isso, as cargas ionizam o ar próximo criando uma nuvem eletrizada negativamente, que consequentemente devido aos campos elétricos de mesma natureza, repelem as extremidades do torniquete. A força é gerada em todas as pontas do instrumento resultando numa aceleração angular do objeto. “Os íons gerados eventualmente transferem cargas para áreas próximas de menor potencial ou se recombinam para formar moléculas de gás neutras. Após a ionização das moléculas de ar circundantes, os íons criados são repelidos dos pontos agudos do condutor (tanto o condutor quanto os íons acabam ficando carregados com a mesma polaridade - positiva ou negativa), criando um tipo de vento elétrico” [5] O quarto experimento consiste em apontar uma extremidade pontiaguda para esfera carregada cedendo cargas para outra esfera (neutra), através da ionização do ar. A explicação do efeito é análoga ao torniquete, pois envolve uma extremidade pontiaguda. O objeto com a ponta se torna muito mais atrativo para as cargas da esfera maior, pois oferece um campo elétrico mais intenso, todavia de natureza oposta (positiva) ao campo das pontas do torniquete. O resultado disso é a interrupção das descargas elétricas em direção a esfera menor. Essa aplicação é a mesma do pára-raios, “o mecanismo de descarga elétrica … se dá por ionização do ar, devido ao campo elétrico muito intenso na região do … (pára-raios).” [6] As nuvens carregadas negativamente nas tempestades são análogas a esfera do gerador e a extremidade pontiaguda ao pára-raios. Veja os resultados do torniquete e do objeto pontiagudo na figura 4, abaixo. Fig. 4: Torniquete rotacionando e descargas elétricas interrompidas pela ponta metálica. O sexto experimento refere-se a lâmpada fluorescente usada nas proximidades da esfera com o gerador funcionando. O que ocorre é a incitação do gás no interior da lâmpada pelo campo elétrico, consequentemente, os elétrons do gás, procurando o equilíbrio eletrônico, emitem fótons em direção à superfície interna de fósforo da lampada. Os elétrons da substância interna absorvem os fótons, e novamente buscando o equilíbrio eletrônico, emitem novos fótons no espectro visível que conhecemos. Isso só ocorre quando estalecido uma diferença de potencial, no caso, a mão da pessoa que segura a lâmpada. Logo a luminosidade, que indica a ionização do gás e passagem dos elétrons no decorrer do tempo (corrente), é vista a partir da extremidade próxima do gerador até a mão da pessoa onde quer que ela esteja segurando na lâmpada (Fig. 5). Fig. 5: Lâmpada fluorescente ligada através do campo elétrico com diferentes posições potenciais. O sétimo e último experimento da primeira parte procedimental é relativo ao tamanho da centelha entre a esfera principal e secundaria. E através da distancia entre ambas, calcular a diferença de potencial estabelecida quando a primeira centelha é vista (Fig. 6). Fig. 6: Descargas elétricas para um corpo neutro. A distância medida entre os globos metálicos por uma régua foi cerca de 6,50 + 0,05 cm. Essa medida foi feita entre dois pontos menos distantes das esferas, dos quais ligavam a centelha de descarga elétrica. Considerando a rigidez dielétrica do ar (Ear = 1,5.10 V/m), pode-se calcular⁶ V/m. a diferença de potencial pela expressão abaixo. ΔV = E Δd dΔd Δd Δd Δd Δd Δd Δd Δd Δd Δd(1) Aplicando os devidos valores de distância e rigidez, encontra-se um valor de diferença de potencial elétrico igual à 9,75.10⁴ + 7,5.10² V. Como observado na figura 6, a coloração da centelha de plasma é roxa, mais precisamente no espectro violeta. “Esse efeito resulta da ocorrência de descargas de coroa, pelas quais uma corrente de íons flui de um eletrodo com alto potencial elétrico para um fluido neutro (ar, por exemplo), ionizando esse fluido para criar uma região de plasma ao redor do eletrodo.” [5] Através da ionização do fluido, os elétrons incitados emitem fótons na frequência característica da substância presente no ar no intuito de entrarem em equilíbrio eletrônico. A frequência da onda emitida determina a cromaticidade observada. Cada substância necessita de uma determinada energia potencial capaz de romper sua rigidez dielétrica e permitir a passagem dos elétrons no decorrer do tempo, e consequentemente, a ionização dos átomos. “Estes íons são produzidos ao redor do condutor de menor curvatura (portanto com maior potencial elétrico) devido ao chamado efeito corona e, uma vez criados, eles são imediatamente acelerados pela configuração do campo elétrico existente, produzindo múltiplas colisões com as moléculas de ar, causando a transferência de momento.” [5] Tais colisões são as responsáveis pelas múltiplas ionizações e “em cada processo de ionização, uma molécula de ar perde um elétron. Eventualmente, um outro elétron livre pode tomar o lugar deste elétron ionizado.” [3] Esse fenômeno de “salto” dos elétrons permite a emissão dos fótons portadores de um diferencial de energia (energia excedente) resultado da ionização. Esses fótons, como citado anteriormente, possuem uma frequência de emissão característica. A emissão dos fótons indica um plasma no espectro violeta, próximo do azul, e vermelho. Como o espectro não é dispersado, vemos a coloração roxa. O gás (substância) que emite tal espectro visível é o Nitrogênio, um gás abundante que ocupa cerca de 78% da atmosfera. 3.1 Configuração das linhas de força Após a conclusão das análises da primeira parte do experimento, foi observado que tipo de comportamento o campo elétrico estabeleceu entre os pares de eletrodos, cuja configuração se materializou pela distribuição das sementes. As linhas de força em função do campo elétrico criado, dada a superfície de cada eletrodo, estão indicadas na figura 7, a seguir. Fig. 7: Disposição das linhas de força para cada conjunto de eletrodos. Como introduzido anteriormente, o campo elétrico tem a configuração conforme a forma do objeto com determinada densidade de cargas. O resultado disso pode ser visto na disposição das sementes acima. Vale ressaltar, que a utilização do óleo de Rícino é de grande importância, pois se trata de uma substância isolante, e portanto, não influencia nos campos elétricos de cada eletrodo. Podemos ver as linhas orientadas de acordo com o tipo de carga presente em cada eletrodo. Desse modo, as componentes direcionais do campo induzem forças no sentido eletricamente positivo para o negativo (Fig. 8). “As linhas de campo elétrico se afastam das cargas positivas (onde começam) e se aproximam das cargas negativas (onde terminam).” [2] Fig. 8: Linhas de força do campo elétrico de um dipolo elétrico. 4. Conclusão Por meio dos experimentos vigentes no trabalho, podemos mostrar a existência de cargas elétricas, e as propriedades de atração, repulsão e métodos de eletrização (contato, atrito e indução) tanto no funcionamento do gerador de Van de Graaff quanto em suas aplicações experimentais. Também podemos dizer que os fenômenos elétricossó podem ser observados em determinadas condições, ou seja, para que haja repulsão ou atração entre dois ou mais materiais é necessário que suas cargas não sejam nulas, portanto, é preciso que haja cargas positivas ou negativas em excesso no material. Tal excessividade é alcançada com os métodos descritos no exercício do gerador. O fruto disso, são as diversas aplicações produzidas sob condições distintas, porém com o mesmo efeito motor. 5. Referências [1] F. A. T. Furfari, “A History of the Van de Graaff Generator,” IEEE Ind. Appl. Mag., vol. 11, no. 1, pp. 10–14, 2005. [2] D. W. jearl Halliday, Fundamentos de Física 3 : eletromagnetismos, 10th ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. [3] G. F. Cunha, “Ruptura dielétrica,” p. 1, 2010. [4] J. G. Trump, F. H. Merrill, and F. J. Safford, “Van de Graaff generator for general laboratory use,” Rev. Sci. Instrum., vol. 9, no. 12, pp. 398– 403, 1938. [5] M. Cattani, A. Vannucci, and V. G. Souza, “Lifter - High voltage plasma levitation device,” Rev. Bras. Ensino Física, vol. 37, no. 3, pp. 3307-1- 3307–5, Sep. 2015. [6] C. E. Laburú, O. H. M. da Silva, and M. A. Barros, “Laboratório caseiro pára-raios: um experimento simples e de baixo custo para a eletrostática,” Cad. Bras. Ensino Física, vol. 25, no. 1, pp. 168–182, 2008. Gerador de Van de Graaff
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