Prévia do material em texto
1Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 3Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS SUMÁRIO PREFÁCIO 05 INTRODUÇÃO 06 ANATOMIA E FUNCIONAMENTO NORMAL 09 DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO 10 DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO 10 TECIDO NERVOSO 11 SINAPSES 13 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP) 15 SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) 17 VIAS MOTORAS - TRATOS 21 CONTROLE MOTOR 22 MOVIMENTO 22 TEORIAS DO CONTROLE MOTOR 24 APRENDIZAGEM E REAPRENDIZAGEM MOTORA 26 AVALIAÇÃO GERAL 30 PRINCIPAIS PATOLOGIAS 32 AVE 34 DEFINIÇÃO 34 EPIDEMIOLOGIA 34 FISIOPATOLOGIA / TIPO DE AVC 35 HEMIPLEGIA / HEMIPARESIA 37 AVALIAÇÃO 40 CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA 43 CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES 43 DOENÇA DE PARKINSON 46 PATOLOGIA / FISIOLOGIA 47 4Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA 47 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 49 DIAGNÓSTICO 51 CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA 51 AVALIAÇÃO 52 CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES 53 DOENÇA DE ALZHEIMER 56 PATOLOGIA / FISIOLOGIA 56 ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA 57 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 57 DIAGNÓSTICO 58 CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA 58 AVALIAÇÃO 59 CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES 60 ESCLEROSE MÚLTIPLA 62 PATOLOGIA / FISIOLOGIA 62 ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA 62 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 63 DIAGNÓSTICO 64 CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA 65 AVALIAÇÃO 66 CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES 67 CONSIDERAÇÕES FINAIS 73 A PRÁTICA DO MÉTODO PILATES – EXERCÍCIOS 74 SOLO 74 BOLA 96 REFORMER 122 CADILLAC 153 BARREL 188 CHAIR 197 5Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Este livro foi elaborado com o intuito de fornecer informações claras e precisas a respeito do funcionamento normal do corpo humano no que diz respeito ao controle motor e a biomecânica normal do movimento. Alguns conceitos básicos de neurologia e como os sistemas podem ser afetados por patologias neurológicas também são explanados. E por fim, como o método pilates pode ser usado como recurso terapêutico e de reabilitação nesses casos em específico. Serão abordadas 4 (quatro) patologias neurológicas: Acidente vascular encefálico (AVE); Doença de Parkinson (DP); Doença de Alzheimer (DA); e a esclerose múltipla (EM); Exercícios baseados no método pilates foram elaborados e direcionados para cada patologia em questão. Não significa que sejam os únicos exercícios que podem ser utilizados em cada caso, mas já é um começo e uma luz para nortear as aulas de pilates para esta população. Cada capítulo do livro tem sua particularidade e seu valor no contexto geral, estabelecendo interações entre os temas, comparações entre os métodos de avaliação, tratamento e patologias, dissertando sobre pormenores neurológicos e expondo tendências, idéias e soluções que o método pilates pode apresentar. É um livro de extrema utilidade e que irá agradar ao leitor. PREFÁCIO 6Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS A população brasileira tem ficado cada vez mais velha com o passar dos anos. Desde a década de 1940, o Brasil experimenta um aumento na expectativa de vida, de 45,5 anos para 75,2 anos, em 2014, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O que é preocupante, porém, é que este aumento não esta, necessariamente, ligado ao crescimento da qualidade de vida. Em um estudo publicado pelo The Lancet, em 2014, mostra um levantamento feito em 188 países, relatando o aumento da expectativa de vida mundial. Além disso, o periódico destaca que o número de pessoas que morreram em função de condições como doenças do coração ou neurológias aumentou de acordo com o crescimento populacional, porém, esse número diminuiu entre as faixas etárias específicas, mais suscetíveis à essas enfermidades. Essas doenças então entre as dez principais causas de morte mundiais, sendo os acidentes vasculares cerebrais ( AVC’s) como a segunda maior cauda e a Doença de Alzheimer (DA) como a quinta maior causa de morte. O fato dessas duas patologias citadas estarem entra as que mais levam à óbito na população em geral, mas estarem diminuindo sua incidência entre as faixas etárias que nas quais compete sua maior incidência, pode ser vista como uma evolução na área de prevenção e tratamento dessas patologias. Mesmo assim, não podemos deixar de perceber a relevância que estas doenças têm nos dias de hoje e todo o impacto social e econômico que elas causam em nosso país, seja pelo óbito ou pelas complicações e/ou sequelas consequências dessas patologias instaladas. Entre as patologias neurológicas que mais acometem a geração mais velha, o AVC apresenta a primeira causa de morte e incapacidade no Brasil. A Doença de INTRODUÇÃO 7Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Parkinson também entra nas estatísticas, atingindo 1% da população com mais de 65 anos, com sua etiologia ainda desconhecida, está é ainda mais difícil diagnosticar e prevenir. Outra doença relacionada com o aumento da expectativa de vida é DA. Não há dados sobre a incidência desta doença em nosso país, porém, em um estudo, os autores encontraram uma prevalência de Doença de Alzheimer em 54% dos casos, em pessoas com demência, após 85 anos. Lembrando que a DA é a causa mais frequente de demência. Mas não podemos relacionar todas as patologias neurológicas com a velhice. Até porque num processo de envelhecimento natural nem sempre elas estarão relacionadas. No Brasil, em função de nossa história e do momento socioeconômico, é normal o processo de envelhecimento vir acompanhado de disfunções físicas e funcionais. Porém, esta visão já esta mudando. Estudos epidemiológicos recentes, como os relacionados com o crescimento do número de idosos saudáveis, estão forçando uma mudança nas hipóteses teóricas da velhice como sinônimo de doença. Outra patologia de grande impacto social e que não está diretamente relacionada com a velhice é a esclerose múltipla. A associação brasileira de esclerose múltipla (ABEM), estima que 35 mil brasileiros apresentem a doença. Em contrapartida, um fator que esta em constante crescente são os estudos relacionados a busca pela qualidade de vida. Para cada área de pesquisa existe diversos significados diferentes que giram em torno de uma possível definição para este tema. Pensando na área médica, muitas vezes, a qualidade de vida esta vinculada à relação custo/benefício no que diz respeito à manutenção da vida ou à capacidade funcional dos doentes. Algumas patologias podem ser prevenidas com hábitos saudáveis de vida. Porém, uma vez diagnosticadas, o tratamento deve ser inicializado o quanto antes. Além da terapia medicamentosa, psicológica e todo acompanhamento médico e de toda equipe multidisciplinar, temos diversas opções para tratar a parte muscular e cognitiva. O tratamento Neuroevolutivo - Bobath, a Facilitação neuromuscular 8Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS proprioceptiva - Kabat, fazem parte dessas opções e agora, utilizamos também, o Método Pilates. Sabemos que cada patologia neurológica acarreta alguma alteração específica e que os acometidos pode apresentar os mais diferentes sintomas. Mesmo assim,o que todas as patologias citadas tem em comum, além de serem problemas neurológicos é que todas apresentam em maior ou menor incidência, alterações motoras e cognitivas como: distúrbios de movimento, alterações no equilíbrio, fraqueza muscular, déficit de atenção, e que podem se beneficiar utilizando o Método Pilates. Tal método vem se mostrado benéfico para melhora desses inúmeros fatores. Iniciando pela utilização do princípio da concentração, o paciente se encontra necessitando dessa correlação, mente / corpo ao realizar os exercícios. Com isso, a melhora tanto cognitiva, quanto motora acaba acontecendo. Precisamos deixar claro, que, na maioria das vezes, as patologias neurológicas, são irreversíveis e algumas até progressivas, porém podemos nos beneficiar, com esses paciente de uma melhora na força muscular, no alongamento muscular, no alinhamento corporal, no equilíbrio estático e dinâmico, na capacidade pulmonar, entre outros benefícios. E em consequência disto, tal paciente melhora sua performance nas atividades de vida diárias (AVD’s), na melhoria ou manutenção da independência e da qualidade de vida. Como podemos proporcionar tudo isto a nosso paciente é o que veremos a seguir, na continuação teórica deste livro e toda parte prática do mesmo. 9Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS ANATOMIA E FUNCIONAMENTO NORMAL Este capítulo não tem como objetivo aprofundar-se em toda neuroanatomia e fisiologia do sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP), mas sim apresentar as características mais funcionais relacionados a ele, fornecendo ao leitor embasamento para compreender o funcionamento normal do sistema e, num segundo momento, as condições patológicas. Interagir com o meio, seja recebendo informações provenientes dele ou fornecendo à ele responsivamente, depende da integridade, mesmo que parcial, de nosso sistema nervoso (SN). Podemos dividir o SN relacionando sua estrutura ou função. Angelo Machado, 2010 cita a divisão desse sistema em quatro bases: em critérios anatômicos, embriológicos, funcionais e na segmentação (metameria). Duas dessas divisões são importantes relacionando os temas abordados neste livro, a baseada em critérios anatômicos e funcionais. Com relação as outras o leitor deve considerar a busca em literaturas mais específicas. 10Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DIVISÃO ANATÔMICA DO SN Toda essa esquematização do SN é puramente didática, uma vez que existe uma comunicação entre os sistemas. Mesmo assim, separamos em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). No primeiro podemos citar como parte integrante o encéfalo, composto pelo cérebro, cerebelo e tronco encefálico, e a medula espinhal, envoltos pela proteção óssea do crânio e da coluna vertebral. No segundo, os nervos, gânglios e as terminações nervosas constituem este sistema. Eles fazem a ligação do SNC aos órgãos receptores e efetores em todo âmbito corporal. DIVISÃO FUNCIONAL DO SN Esta divisão está relacionada com a integração funcional dos sistemas em função das informações recebidas tanto internamente (regulação das funções corporais internas) quanto externamente (relação com o meio). Sendo assim, duas partes são definidas: sistema nervoso somático (SNS) e sistema nervoso visceral (SNV). O primeiro consiste da relação do corpo com o meio externo, apresentando componentes aferentes, que levam as informações provenientes de estímulos externos, na periferia corporal, aos centros nervosos; e os componentes eferentes, que trata-se da questão voluntária de nossas ações, uma resposta vinda dos centros nervosos aos músculos estriados esqueléticos. O segundo preocupa-se em manter a homeostasia (equilíbrio fisiológico), através da inervação e controle das estruturas viscerais. Também trabalhando com vias aferentes, levando informações das vísceras ao sistema nervoso; e eferentes, denominado sistema nervoso autônomo, fazem o caminho inverso da via aferente e pode ser subdividido em sistema simpático e parassimpático. 11Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS TECIDO NERVOSO O tecido nervoso é composto por neurônios e células gliais ou neuroglia. O neurônio (fi gura 1) é a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso. Eles recebem, processam e enviam informações a todo sistema. Já as células gliais aparecem em maior número que os neurônios, localizam-se entre os mesmos, e funcionam fazendo sustentação, revestimento ou isolamento, modulam a atividade neural e proteção. NEURÔNIO A principal função do neurônio é a condução de impulsos nervosos. Dito isso, entende-se que são células extremamente excitáveis, em função de uma linguagem elétrica, acarretando modifi cações do potencial de membrana. Figura 1. Neurônio Fonte: Google imagens, 2016 12Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Este potencial de membrana é a diferença elétrica (de voltagem) existente dentro e fora da célula nervosa. As cargas elétricas são responsáveis pelo potencial elétrico da membrana. Fora da mesma, predominam íons orgânicos de Sódio (Na+) e cloro (Cl-), já em seu interior existe um predomínio de íons com cargas negativas e potássio (K+). A movimentação desses íons por entre a membrana faz com que ocorram alterações no potencial elétrico. O recebimento correto de um estímulo e a consequente transmissão de um impulso nervoso, depende do correto funcionamento desta movimentação. A estruturação de um neurônio, basicamente, e em sua maioria, pode ser dividido em três regiões: corpo celular, dentritos e axônio. O corpo celular ou soma é composto pelo núcleo e citoplasma com várias organelas. Possuem formas e tamanhos extremamente variados. Do corpo surgem os dentritos e os axônios. E nele, assim como nos dentritos, é onde ocorre as sinapses (local de recepção de estímulos). Os dentritos tem como função receber estímulos, transformando o potencial de repouso da membrana, que, em repouso, tem predomínio de cargas negativas. Essas transformações podem ser dita despolarizadas (excitatória, com diminuição de carga negativa no interior da célula) ou hiperpolarizada (inibitória com aumento da carga negativa no interior da célula ou aumento da positividade fora da mesma). E os axônios são encontrados na grande maioria dos neurônios, apresentam comprimentos variáveis, de milímetro a mais de um metro. São especializado em gerar e conduzir o potencial de ação ou impulso nervoso, pela despolarização da membrana. 13Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS NEURÓGLIA Em proporções bem maiores que os neurônios, não geram potencial de ação por não serem excitáveis. Mesmo assim, ajudam a manter as funções da células nervosas. No SNC podemos encontrar, entre outros, astrócitos e oligodendrócitos. Os astrócitos estão localizados principalmente na substancia cinzenta deste sistema e provavelmente tem funções relacionadas a troca de substancias específicas com a corrente sanguínea. Os oligodendrócitos são encontrados na substância branca e alguns são responsáveis pela formação de bainha de mielina nos axônios localizados no SNC. No SNP podemos encontrar as células de Schwann, também responsáveis pela mielina do axônio de um único neurônio. A mielina é uma substância gordurosa e proporciona um alto grau de resistência elétrica. SINAPSES Figura 2. Sinapse Fonte: Google imagem, 2016 14Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS As sinapses, que são a transmissão de impulsos nervosos, pode ocorrer por um processo elétrico ou químico. O processo elétrico ocorre com menos frequência, é maissimples e permite a transferência rápida e direta da corrente iônica de uma célula para a outra. No processo químico se faz necessário uma substância química, um neurotransmissor, para que a comunicação entre os elementos da estrutura neural aconteça. A maioria das sinapses ocorre por este processo. Nele, o elemento pré-sináptico (terminal axônico da célula pré-sináptica) é separado do soma do neurônio pós-sinático por uma fenda sináptica. Nesta fenda serão liberados os neurotransmissores encontrados nas vesículas transmissoras dos neurônios pré-sinápticos. Essa liberação é feita por canais de Cálcio. Os íons de cálcio entram na célula pré-sináptica e estimulam o aumento da velocidade da abertura das vesículas, que se ligam a proteínas (sítios de liberação). As vesículas transmissoras, com função inibitória ou excitatória, liberadas na fenda sináptica, passam para o neurônio pós-sináptico. Proteínas receptoras encontradas na membrana do neurônio pós-sináptico, ligam o neurotransmissor à um componente ionóforo, da fenda sináptica até o interior da célula. O componente ionóforo pode ser de canal iônico, que permite a passagem de tipos específicos de íons. Os neurotransmissores são estruturas pequenas e de ação rápida. Serotonina, dopamina e acetilcolina são alguns exemplos dessas moleculas que induzem uma resposta mais aguda ao SN. 15Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO Para tentarmos agir influenciando o SNC de alguma maneira, precisamos entender as vias que nos levam a obter e fornecer informações motoras ou sensitivas para o sistema. O SNP auxilia nesse processo, é composto por nervos, gânglios e terminações nervosas. NERVOS E TERMINAÇÕES NERVOSAS Os nervos são feixes de fibras nervosas que unem o sistemas nevoso central aos órgãos na periferia. Tais fibras são prolongamentos dos axônios reforçadas por tecido conjuntivo e podem ser, de acordo com sua origem ou onde está localizadado o corpo celular, em espinhais (proveniente da medula espinhal) ou cranianos (proveniente do encéfalo), ou de acordo com sua composição, em mielínicas com neurilema ou amielinicas ou ainda, classificamos, próxima à sua terminação, em sensitivos ou mistos (motores e sensoriais). Como dito, em suas terminações, as fibras nervosas podem ser sensitivas ou aferentes e motoras ou eferentes. Quando estimuladas em seus receptores, as fibras sensitivas levam informação da periferia e órgãos até uma area específica no SNC. Esses receptores podem diferenciar-se em especiais ou gerais. Os especias são mais específicos e complexos, relacionados à gustação, audição, equilíbrio… e os gerais aparecem em maior concentração na pele, que responde ao contato ou ao seu estiramento durante o movimento. Pensando na parte nauroanatômica mais funcional alguns receptores devem ser analizados mais a fundo, como é o caso dos fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos (OTG). Ambos controlam a geração de força muscular, o primeiro tem como função detectar o movimento do músculo e suas variações enquanto o segundo identifica a tensão muscular. 16Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS FUSOS MUSCULARES O fuso é formado por finas fibras musculares intrafusais envoltas por uma cápsula de tecido conjuntivo na região central que, paralelamente são fixadas nas fibras extrafusais. As fibras intrafusais são controladas por motoneurônios gama e as extrafusais por motoneurônios alfa. Estão relacionados com a postura e os movimentos voluntarios finos. É o principal órgão sensitivo do músculo, detectam e transmitem ao SNC modificações no comprimento (alongando ou encurtando) do músculos e até na velocidade com que essas modificações podem acontecer. ÓRGÃOS NEUROTENDINOSOS DE GOLGI Os OTG são mecanoceptores encontrados nos tendões dos músculos, mas especificamente nos pontos em que as fibras musculares ligam-se em um tendão (junções músculo-tendinosas). Sendo assim, pela sua localização, ele consegue supervisionar a tensão que o músculo desenvolve ao contrair. Eles apresentam um maior limear de excitabilidade para o alongamento do que para a contração muscular, ou seja, respondem melhor a contração muscular do que ao alongamento. Sua principal função é fornecer, ao SNC, feedback de força, evitando a utilização excessiva dessa força protegendo toda fibra muscular. GÂNGLIOS Corpos de neurônios fora do SNC tendem a se agrupar e são denomidados de gânglios. São dilatações espalhadas pelo corpo funcionando como ligação entre neurônios e partes do SNC com todas as outras estruturas e órgãos. 17Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS O SISTEMA NERVOSO CENTRAL É dividido em encéfalo e medula espinhal. Podemos dizer que tais regiões são as que comandam o restante do corpo. A primeira é protegida pela caixa craniana e a segunda pela coluna vertebral. Os corpos dos neurônios desse sistema, quando emaranhados, damos o nome de substância cinzenta, e, os prolongamentos desses corpos damos o nome de subtância branca. CÉREBRO: É a parte mais desenvolvida do encéfalo e é dividido em hemisfério direito e esquerdo unidos por uma conformação denominada corpo caloso. Podemos separar cada hemisfério em quarto lobos cerebrais, de acordo com suas principais funções: lobo frontal (cortex motor e pré-frontal), lobo parietal (cortex somatossensorial), lobo temporal (cortex auditivo) e lobo occipital (cortex visual). (Fig. 1.3) Deixando claro que aqui apenas algumas funções estão relacionadas com cada lobo, uma vez que encontramos em um mesmo lobo áreas com funções e estruturas bem distintas. O córtex cerebral é dito o principal centro intregrador de impulsos sensoriais e respostas motoras. Cada região tem sua vital importância dentro de um processo de reabilitação, porém falaremos mais a fundo sobre as áreas do córtex que participam do controle motor, direta ou indiretamente, em todo seu processo de planejamento, execução, além de todos os pormenores relacionados a este controle. CÓRTEX SENSORIOMOTOR: Esta região do cérebro compreende as áreas motora primária (área 4 de Brodmann), área motora suplementar (área 6), o córtex pré-motor (área 6), córtex somatossensorial primário (áreas 1 e 3) e o córtex parietal posterior (áreas 5 e 7). As conexões de estímulo-resposta desta região são inúmeras. As entradas e saídas do córtex apresentam uma organização somatotópica, representada por 18Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS um mapa corporal, onde os neurônios infl uenciam os músculos e a informação sensorial por todo o corpo. No mapa motor, duas característas chamam a atenção, primeiro que as células corticais infl uenciam os músculos do outro lado de sua localização e a segunda característica é o tamanho da representatividade dos músculos faciais e da mão. Figura 3. Homúnculo Sensitivo e motor Fonte: Google imagem, 2016 Cada área citada esta relacionada a algum componente do movimento, não exclusivamente, mas apresentam uma função principal para que os movimentos voluntários aconteçam. O cortex pré-motor é responsável pela organização e orientação correta do corpo antes do movimento acontecer e por toda orientação sensorial dos membros além disso, quando aprendemos uma nova tarefa é esta área que esta ativa. Nesta área localiza-se o conhecido “homúnculo motor”. É dela que provem 19Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS todas as respostas relacionados à movimentação voluntária, desde controle até coordenação dessa moticidade. Nessa região o controle é cruzado, ou seja, lesões nessa área ocasionam atrofia de alguns músculosdo lado contralateral do corpo. Agora, para comandar esse controle e coordenação, aprender como o movimento funciona, como refiná-los, mesmo sem necessariamente executá-los é o cortex pré-motor que realiza tal função. A interpretação e tranformação da informação sensorial para coerencia na resposta motora é realizada no cortex parietal posterior. Quando precisamos iniciar um movimento esta região também se faz ativa. Lesão que acomentem essas duas áreas acarretam incapacidade de produzir estratégias corretas para que o movimento aconteça. A área motora suplementar reage diante da necessidade de planejar um movimento e certificar o seguimento correto de ativação muscular do mesmo ou de outro. Já, o cortex somatossensorial tem a responsabilidade de fornecer informações sensoriais para realização do planejamento de um movimento mais específico e sua iniciação, além da modulação de um movimento já iniciado. E por fim, o cortex motor primário sintetiza os impulsos de outras áreas do SNC. Ele gera e transmite informações centrais para o tronco cerebral e medulla para que o movimento se inicie e seja modulado. Quando falamos em planejarmos alguma tarefa, que demande um pouco mais de atenção e seja um pouco mais complexa, que necessite de uma projeção de resposta é o lobo frontal que necessita estar íntegro para esta função. Neste lobo estão inseridas funções como cognição e emoção também. Lesões no cortex motor acarretam frequeza ou paralisia de determinados musculos. Lesões no cortex pré-motor podem ocasionar dificuldades na velocidade dos movimentos automáticos. E lesões no lobo frontal acaretam dificuldade de planejar ou planejar erroneamente determinados movimentos. 20Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS CEREBELO: Localizado na fosse craniana posterior. Ele apresenta uma configuração parecida com a do cérebro no que diz respeito a composição e distribuição da susbtância branca e da cinzenta. Sua principal diferenciação é que o cerebelo funciona num nível inconsciente e involuntário e exclusivamente com função motora. O conhecimento sobre o cerebelo é de extrema importância, pois suas funções estão relacionadas com a gerência do equilíbrio e da postura, com o controle do tônus e da movimentação voluntária, além da aprendizagem motora. Diante de todas essas funções fica mais claro relacionar as possíveis alterações quando esta região do sistema nervoso é lesada. Podemos encontrar incoordenação dos movimentos (ataxias), perda de equilíbrio e hipotonia. NÚCLEOS DA BASE: São um conjunto de corpos de neurônios (como os gânglios) localizados abaixo do cortex. Participam do planejamento e controle dos movimentos, através de uma interacção com o cortex realizada através no tálamo. E não só fatores relacionados ao movimento, mas participam do processo cognitivo e de aprendizado também. E mesmo esses núcleos não fazendo conexão com a medulla, alterações nessa região causam dirtúrbios motores como os característicos na Doença de Parkinson (vide capítulo Doença de parkinson). TRONCO ENCEFÁLICO: Todas as estruturas citadas a seguir apresentam funções comuns, porém não unicamente, de controlar funções vitais (respiração, sistema cardiovascular, sistema gastrointestinal), além do equilíbrio corporal e movimentos esteriotipados do mesmo. Isto acontece através da integração de informações oriundas dos aparelho vestibular (órgão do equilíbrio), cortex cerebral e cerebelo. O Mesencéfalo está localizado entre o cérebro e a ponte encontra-se anteriormente com o tálamo e o hipotálamo. É uma região de trânsito de estímulos provinientes do cérebro e direcionados a ele. Além disso, o controle postural 21Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS também está ligado a esta estrutura. A doença de Parkinson afeta a substância negra localizada nesta região. A Ponte encontram-se localizados na Ponte alguns núcleos de nervos cranianos. Lesões nessa região podem causar desde alterações na sensibilidade da face até alterações de equilíbrio. Já o Bulbo é uma região contínua da medula espinhal. Controla sinais vitais com ajuda da ponte. Apesar de ser pequeno em estrutura se comparado à outras do SNC, por ele passam um grande número de tractos motores e sensitivos, e quando lesionado pode acarretar as mais diversas alterações com os mais variados sintomas. VIAS MOTORAS - TRATOS As vias motoras existem para conduzir estímulos que entram (aferente) ou saem (eferente) do SNC, através dos tratos. Os tratos são feixes de axônios que percorrem o caminho entre o cérebro e a medula. As vias podem ser diretas (piramidais) ou indiretas (extra-piramidais). A primeira controla os movimentos voluntários e a segunda controla e coordena os movimentos voluntários automáticos, a postura e o tônus. Vale lembrar que a resposta oriunda do comando neural irá depender das condições em que se encontra, também, o sistema musculoesqueléticos, pois este sistema nem sempre gera o mesmo efeito biomecânico que foi comandado pelo SN. Entender como todo esse processo se dá normalmente deixa mais clara a compreensão das falhas existentes nele. A fisiopatologia, assim como as lesões morfológicas existentes nas lesões neurológicas serão abordadas especificamente em cada capítulo das doenças estudadas neste livro. 22Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS CONTROLE MOTOR Movimento é vida, ou pelo menos uma parte essencial da mesma. Segundo Dicionário Michaelis movimento é, dentro várias definições, ato de mover ou de se mover; mudança de lugar ou de posição; deslocação. Maneira como alguém move o corpo. E o Controle motor é a capacidade que o ser humano tem de regular e/ou orientar os mecanismos essenciais para que este movimento aconteça. Saber sobre como o movimento acontece, como controla-lo, como aprender novos movimentos é tarefa primordial para o fisioterapeuta e para todos os outros profissionais que trabalham nessa área e que ensinam, educam, reeducam, analisam qualquer situação e pormenores relacionados a esta questão. Estudar o controle motor compete investigar todos os sistemas que controlam a execução de uma determinada ação. Para conseguirmos entender as debilidades existentes, com relação ao controle motor, em pacientes com patologias neurológicas, devemos antes conseguir entender como funciona toda estrutura normal deste controle, para depois sermos capazes de agir diante de uma disfunção aparente. O MOVIMENTO O movimento surge da influência e da ação mútua ou compartilhada de três fatores: o indivíduo, a tarefa e o ambiente (Fig. 1.1) E não só isso, vários processos em conjunto, como os associados à percepção, à cognição e à ação, fazem parte do estudo do controle motor para o movimento, muitas vezes restringindo a ação do mesmo. 23Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS A cognição é parte fundamental na execução de uma tarefa, incluem a atenção, a motivação e aspectos emocionais relacionados a um movimento específi co, tanto para o planejamento como para a execução. Entender o processo cognitivo relacionado à percepção e a ação são de suma importância para que consigamos um resultado positivo sobre a resposta motora que nosso paciente possa apresentar. A ação ou o simples fato de coordenar uma tarefa através dos muitos músculos e articulações chamamos de problemas de graus de liberdade. Controlar a ação implica em entender o resultado motor do sistema nervoso para os sistemas efetores. O sistema nervoso se organiza de tal maneira para limitar os graus de liberdade para que a tarefa aconteça. Para a ação acontecer a percepção comoinformações sensoriais e psicológicas se faz essencial. O sistema sensorial, por meio de seus receptores, responde a estímulos internos e externos, além de detectar e perceber o corpo no espaço (propriocepção). Isso signifi ca perceber as características do ambiente e do corpo para que o movimento aconteça. Figura 4. Movimento resulta da ação mútua entre indivíduo, a tarefa e o ambiente. Fonte: SHUMWAY-COOK, A.; WOOLLACOT, M. H., 2003, p. 2. 24Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Quando um dano ao sistema nervoso central acontece, como num acidente vascular cerebral, ocorre alterações aos sistema cognitivo, motor e sensorial / perceptual, em conjunto ou isoladamente. Para que uma melhora ou aquisição de uma função aconteça, o paciente precisa desenvolver novos padrões de movimento para executar suas tarefas funcionais, uma vez que os sistemas citados encontram-se comprometidos. Parte do tratamento desse tipo de patologia gira em torno de restabelecer a capacidade funcional, buscando independência funcional, ajudando o paciente a aprender ou reaprender a executar determinada tarefa, utilizando padrões de movimentos diferentes do que estava habituado. TEORIAS DO CONTROLE MOTOR As teorias do controle motor existem para tentarmos explicar como o movimento acontece e como ele é controlado. São conhecimentos especulativos e abstratos, e talvez por este motivo não exista um consenso sobre as teorias que conhecemos, de qual seria a mais “correta” e aceita. Mas ai perguntamos, porque preciso entender de controle motor e isto tem realmente função na prática clínica diária, uma vez que são só teorias? E a resposta é, com certeza tem função em nossa vivência profissional. Tentar entender como tudo funciona, com relação a todo controle motor, nos ajuda a interpretar, tanto o comportamento, quanto as ações do paciente a fim de possibilitar opções para uma linha de tratamento, seja utilizando o método pilates ou qualquer outra técnica ou metodologia para este fim. Antes de colocarmos um paciente para subir um lance de escada, precisamos perceber o que esta impedindo o paciente de o fazê-lo. Seria a dificuldade do mesmo de se perceber no espaço? Seria a falta da capacidade de planejar qual o ângulo que devo flexionar o quadril e o joelho para subir o degrau? Seria uma 25Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS espasticidade em membro inferior que não estaria deixando? Muitas vezes não conseguimos tratar o problema, pois não sabemos o que está ocasionando tal adversidade. E muitas vezes não saberemos a causa, mas as teorias, juntas ou isoladamente, nos dão suporte para que saibamos de onde, possivelmente e/ou provavelmente, origina-se o problema que acarreta a perda de função ou dificuldade de execução da mesma. Pensando nas patologias neurológicas o modelo clássico de controle motor, o modelo hierárquico, é o que embasa a terapia neurológica tradicional. Tal modelo sugere, através de um controle organizacional, que níveis superiores controlam e comandam níveis inferiores, em suma, um centro superior seleciona e transmite o programa motor a centros inferiores para execução do movimento ou uma tarefa. Já, a teoria reflexa, descreve que os reflexo são a base para o comportamento motor. Para Charles Sherrington, idealizador desta teoria, não existe movimento se não existir algum estímulo sensitivo. O estímulo provoca uma reação, que culmina em outra reação e assim sucessivamente, gerando um comportamento motor. E, na teoria dos sistemas, defende-se que para entender o funcionamento do controle neural dos movimentos precisamos considerar todo o sistema motor, conhecendo a forças extrínsecas e intrínsecas que atuam sobre nós. Para que um programa de reabilitação motora ou mesmo de atividade física com algum ganho de aquisição se mostre eficaz para indivíduos em fase de plasticidade cerebral, seja um recém nascidos (RN) ou um adulto, dependerá primariamente das teorias de controle motor que foram utilizadas para embasar a terapia. 26Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Pacientes com doenças neurológicas são incapazes de ter um comportamento motor “normal” porque o dano no SNC alterou a capacidade integrativa do cérebro. Fatores biomecânicos e metabólicos são igualmente alterados. O padrão de movimento executado pelo paciente é considerado um padrão de movimento funcional utilizado para atingir o objetivo. Dependendo da fisiopatologia do trauma e das complicações decorrentes, o padrão pode não ser eficiente, em termos de custos neurológicos, biomecânicos ou metabólicos, para o sistema. Todavia, o padrão é o preferido (propriedade emergente), oriundo de um sistema de auto-organização que permite ao indivíduo agir. Esse padrão preferido é resultado de limitações impostas ao indivíduo pela condição neurológica, assim como pelo ambiente e pela tarefa. O profissional identifica a forma de controle motor inapropriada e com base no sistema de controle motor, fisiológico ou biomecânico desenvolve hipóteses para fundamentar a linha de tratamento ou atividade a ser seguida. APRENDIZAGEM E REAPRENDIZADO MOTOR Assim como o controle motor, o aprendizado também não tem um consenso quanto ao seu funcionamento. Newell descreve o aprendizado motor como sendo a procura pela solução do problema, que resulta da interação do ser humano com a tarefa e o ambiente. Mas os mecanismos para que isso ocorra não são claros. Antigamente, duas teorias de controle e aprendizagem chamavam a atenção: a teoria de circuito aberto e a teoria de circuito fechado. A principal diferença entre as duas era a respeito do papel do “feedback” no controle de movimentos. 27Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Hoje é consensual que fatores centrais e periféricos atuam no controle de movimento, que dependendo do tipo, terá um maior ou menor interferência desses centros. O cérebro apresenta capacidade de aprender, mesmo após algum tipo de lesão. Plasticidade é como denominamos esta capacidade de demonstrar uma modificação, adaptando-se e reorganizando-se estruturalmente. Os aspectos de recuperação funcional após uma lesão cerebral se mostram semelhantes ao aprendizado motor que ocorre em um cérebro integro, sendo assim muito do que se sabe sobre aprendizado motor no cérebro intacto pode ser utilizado no tratamento de portadores de doenças cerebrais a repetição é um desses aspectos. As frequentes repetições estimulam a criação de sinapses, favorecendo a plasticidade e por fim, a aprendizagem. Começamos com a realização de movimentos mais simples e seletivos (monoarticulares) para progressão de movimentos complexos (pluriarticulares). INPUT Para que o reaprendizado aconteça o input (informações) é essencial e deve ser utilizado da maneira correta para que seja eficaz. Num geral, eles precisam ser variáveis, para que aconteça formação de redes nervosas, precisam significar algo para o indivíduo, para que ele se interesse pela atividade e potencialize o efeito do aprendizado pelas emoções e pela motivação, além disso as atividade treinadas precisam ser o mais parecidas com as situações cotidianas do aluno / paciente. Para que o mesmo tenha interesse nas atividades propostas, que goste e que seja algo motivador, o indivíduo precisa de consciência e atenção suficientes para que o aprendizado motor seja eficaz. 28Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS FEEDBACK É uma importante ferramenta utilizada pelos profissionais da área da saúde que atuam com reabilitação e também pelos professores de pilates e, que se não for usado de maneiracorreta e/ou excessivamente pode inibir o processo de aprendizado. Em que momento forneceremos o feedback ao aluno / paciente irá depender da tarefa dada a ele. Se for uma tarefa simples, podemos fornecer informações de maneira verbal, tátil e/ou visual após, aproximadamente, 20 repetições. Se for uma atividade mais complexa a frequência dos feedback pode ser após 4 a 6 tentativas. Tanto para os acertos, quantos para os erros que acontecem durante a execução do movimento devemos comunicar através desta ferramenta. Num geral, quando estamos desenvolvendo ou reaprendendo alguma nova habilidade motora, nossos neurônios aumentam o número de sinapses para que, através delas, consigamos coordenar e executar as novas atividades. Massey, relata que para aprendermos novas habilidades através do pilates precisamos construir metas de estabilidade, de equilíbrio, resistência muscular e coordenação. E para que isto aconteça, a integração sensorial se faz necessária para obtenção de repostas adaptativas de aprendizado motor. Em função dessa relação de sentidos e reposta motora, um modelo de teoria de desenvolvimento motor estabelecida é utilizada para que desenvolvamos uma progressão de exercícios dentro do método pilates. Pensando nessa teoria citada acima, podemos dividi-la em 3 (três) fases: a cognitiva, a associativa e a automática. Na primeira fase precisamos compreender e planejar o movimento. Repetir e ver (estímulo visual) a realização do exercício a ser aprendido ocorre nesta etapa que dura, em média, de 3 a 6 semanas. Na segunda, com duração de 8 semanas a 4 meses, acontece a associação do movimento, a 29Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS consciência, a coordenação e a lapidação na execução do mesmo. Por fim, na última fase, que acontece continuamente, a automatização dos movimentos, coordenados e com qualidade. Como exemplo dentro da técnica podemos citar que na primeira fase, aprendemos o padrão respiratório e a ativação da região do core, estabilizando centro conseguirmos habilidades em extremidades. Na fase associativa, fortalecemos o centro com desafios e os movimentos são mais coordenados. E, na fase automática, a realização completa dos exercícios é adquirida, sem exigir grande atenção. É interessante saber sobre este processo. Ele ajuda a guiar o profissional na tomada de decisões, tanto relacionados as atividades propostas, quanto o tempo (estimado) necessário que o aluno/paciente precisa para adquira tal habilidade, independente da existência de lesões encefálicas ou não. 30Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS AVALIAÇÃO GERAL Neste capítulo abordaremos alguns aspectos gerais que devem ser observados na avaliação de indivíduos com patologias neurológicas. Testes, exames e escalas mais específicos relacionados a sintomas mais próprios de determinada patologia serão abordados nos respectivos capítulos. Antes de darmos inicio a qualquer tipo atividade com nosso aluno / paciente, é necessário a realização de uma avaliação pelo profissional. Ela serve para nortear as possíveis condutas a serem adotadas com esse novo praticante. Devemos lembrar que esse paciente apresenta alguma sequela neurológica proveniente de alguns distúrbio, podendo ser por muitas vezes progressivo. Em cima da queixa principal desse aluno / paciente ou dos motivos que o levaram a procurar o pilates como atividade física é que devemos iniciar nossa observação. A anamnese e o exame físico faz parte integrante do processo avaliativo. Por se tratar da aplicação método pilates a avaliação postural é extremamente importante e necessária, uma vez que esses indivíduos apresentam grande assimetria postural, em função de alterações neuromusculoesqueléticas. Devemos realizar a avaliação postural estática ou dinâmica. Na primeira observamos desvios posturais através de desequilíbrios musculares ou mesmo alterações no componente muscular (interessante investigar o porque essas alterações estão instaladas, se são resultados de lesões no SNC ou se são musculoesqueléticas. Na dinâmica solicitamos ao indivíduo que realize algum exercício e observamos padrões incorretos de movimento, que posteriormente facilitarão a tomada de decisão na hora de determinar os melhores exercícios a serem aplicados. 31Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS AVALIANDO O MOVIMENTO No pilates não temos uma padrão de avaliação específico, mas além da avaliação postural, que deve ser realizada na vistas anterior, lateral e posterior, podemos analisar determinados movimentos para nos ajudam a identificar possíveis instabilidades e desequilíbrios. MASSEY sugere a aplicação de 9 (nove) exercícios, repetido 5 (cinco) vezes, sem que o avaliado receba informações sobre o método ou sobre a direção do movimento. Os exercícios propostos para avaliação são: o agachamento (para estabilidade e controle dos membros inferiores); o avanço (observar instabilidade dinâmica dos membros inferiores e estabilidade de tronco no movimento combinado do quadril); equilíbrio em pé com uma perna (observar estabilidade do tronco à movimentação quadril); flexão de ombro (realizada em pé, observar estabilidade do ombro em relação ao tronco estável); flexão de braço (determinar a força e controle dos membros superiores e tronco); curl-up – abdominal com flexão parcial de tronco (observar a sequencia de movimento); desafio de quatro apoios (observar a capacidade do tronco de manter o alinhamento); Ponte (avaliar a estabilidade do centro em extensão); e a marcha (observando todos os pormenores da marcha como: movimento dinâmico, controle central, equilíbrio nas descargas de peso,...) AVALIANDO A COORDENAÇÃO MOTORA Para pacientes neurológicos, é indispensável a avaliação da coordenação motora. Claramente já conseguimos observar se o paciente apresenta algum déficit nessa questão (ataxias) quando avaliamos a marcha, o equilíbrio e a movimentação voluntário. Mesmo assim, alguns testes de rápida e fácil aplicabilidade podem ser realizados. 32Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS A manobra calcanhar-joelho para identificar falta de coordenação em membros inferiores. Em decúbito dorsal, solicitamos que o avaliado encoste o calcanhar de uma perna sobre o joelho da outra e deslize sequencialmente pela tíbia. Devemos realizar o teste de olhos abertos e fechados, identificando assim se a ataxia é cerebelar ou sensitiva. A manobra índex-índex é utilizada para identificar ataxias em membros superiores. Com membros superiores em abdução e os dedos indicadores estendidos, o avaliado deverá encostar os pontas dos indicadores, pode ser realizada com olhos abertos e/ou fechados. AVALIANDO TÔNUS Para avaliarmos o tônus necessitamos realizar a movimentação passiva ao nível da articulação, em todos os membros. Ele pode ficar acima do normal (hipertônico) ou abaixo dele (hipotônico). REFLEXOS DE ESTIRAMENTOS FÁSICOS Importante avaliar pois relacionam-se com a origem do movimento corporal. A hiperatividade das respostas quase sempre se traduz em sinal patológico. Testar o reflexo patelar e o aquileu, em membros inferiores e os reflexos cubitopronador, estilorradial, bicipital e tricipital em membros superiores. 33Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS REFLEXOS EXTEROCEPTIVOS – CUTANEOPLANTAR Para testar este reflexo o examinador passa algum objeto (como uma caneta) na borda lateral do pé, partindo do calcanhar e continuando o caminho pé. Como resposta normal os artelhos flexionam. O sinal de Babinski é uma resposta patológica em resposta a uma lesão neurológica e quando oteste é realizado ocorre extensão do hálux com abertura em leque dos demais artelhos. AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE Importante testar, pois o alterações neste quesito alteram as respostas motoras. A sensibilidade exteroceptiva relacionada a dor epicrítica e a sensibilidade táctil devem ser testadas. Assim como a sensibilidade proprioceptiva consciente também (cinestesia e artrestesia). Muitos das opções de avaliação descritas são simples e fáceis de serem aplicadas dentro do estúdio de pilates. Não são as únicas formas de avaliação existentes. Encontramos na literatura maneiras e ferramentas mais específicas que devem ser consultadas caso o profissional acredite existir a necessidade para tal. 34Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO Apesar de parte deste capítulo se intitular acidente vascular cerebral (AVC), abordaremos de forma mais ampla sua principal síndrome, a hemiplegia ou hemiparesia, uma vez que ela pode ser ocasionada por diversas outras doenças (tumores, traumas, esclerose múltipla). Tanto a hemiplegia, perda da mobilidade de um hemicorpo, quanto a hemiparesia, perda parcial dessa mobilidade, são sequelas cada vez mais comuns, graves e potencialmente incapacitantes. Os AVC’s acontecem de forma súbita e específica, e o grau de incapacidade gerados por eles se devem, principalmente, à extensão da área acometida. DEFINIÇÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 1992, o AVC é uma síndrome clínica caracterizada por sintomas/sinais neurológicos focais e de rápida evolução, com duração de mais de 24 horas ou que levem à morte sem outra causa aparente que não a vascular. Podemos dizer que esta definição já se faz um tanto antiga, uma vez que exames de imagens, tão fundamentais para auxiliar no diagnóstico correto, não eram realizados na época em que a definição foi elaborada. 35Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS EPIDEMIOLOGIA As doenças que afetam o sistema cardiovascular são a principal causa de morte no Brasil. O AVC é a origem mais simples de incapacidade neurológica e a primeira causa de morte dentre as doenças cardiovasculares. Tanto sua etiologia quanto os fatores de risco que causam esta patologia são, em sua maioria, já bem conhecidos. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é o fator mais predominante, além do histórico familiar de doença cardíaca, diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo, fumo e uso de pílula anticoncepcional. É sabido também que com o aumento da idade, após 65 anos, a incidência aumenta significativamente, mas mesmo assim, não pode ser considerado um processo natural de envelhecimento. Os AVCs isquêmicos são mais comuns do que os hemorrágicos, numa proporção de 70% no primeiro, para 20% no segundo, e 10% dos casos permanecem inespecíficos. FISIOPATOLOGIA / TIPOS DE AVC Para que o tecido nervoso permaneça vivo e em atividade ele necessita de vascularização ininterrupta, sendo totalmente dependente de oxigênio e glicose. Caso esse fluxo seja interrompido por mais de 3 minutos, as células nervosas começam a sofre apoptose e, muitas vezes, as alterações decorrentes dessa necrose celular se tornam irreversíveis. Um AVC pode acontecer proveniente de dois processos: a isquemia ou a hemorragia. A isquemia é a causa mais comum. Ocorre uma obstrução em uma das artérias cerebrais ou em suas ramificações. Ela pode tanto ser ocasionada por placas ateroscleróticas que bloqueiam o fluxo sanguíneo causando a isquemia de determinada região ou por êmbolos secundários provenientes do coração ou 36Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS de outros locais, e também causando esse processo. Menos comum, porém com sequelas geralmente muito mais graves e incapacitantes do que as ocasionadas por um acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi), é o acidente vascular cerebral causado por uma hemorragia (AVCh). A hipertensão, o aneurisma e malformação arteriovenosa podem causar este tipo de AVC. Independente da maneira como esse processo ocorra, as insuficiências focais provenientes dele dependerão do tamanho e da localização da lesão, além da quantidade de fluxo sanguíneo colateral. Grandes artérias cerebrais, a média, posterior e anterior, ou suas ramificações são mais acometidas pela obstrução. Na tabela abaixo estão relacionados os sintomas clínicos das lesões vasculares em função do vaso afetado e das possíveis estruturas envolvidas. 37Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Figura 5. Sintomas Clínicos de Lesões Vasculares Fonte: Umphered, Darcy. Reabilitação Neurológica, 2002. A HEMIPLEGIA E A HEMIPARESIA Podemos dizer que a hemiplegia ou hemiparesia é a sequela motora mais aparente e mais impactante pós-avc. No caso da hemiparesia aparecer em função do AVC temos um início súbito onde pode apresentar-se, no início, de forma flácida e, normalmente, evoluir para uma fase espástica. Caso não seja esta patologia a 38Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS etiologia deste padrão, a evolução do quadro hemiplégico pode ser progressivo e variar bastante. Na fase flácida, os músculos acometidos ficam flácidos, hipotônicos. Uma hipo ou arreflexia é notada e os sinais de automatismo medular (conjunto de reações reflexas que aparecem na lesões graves de medula) estão ausentes. Na fase espástica, uma hipertonia muscular (espasticidade) é percebida nos músculos afetados, os reflexos estão presentes ou mesmo hiperativos e sinais de automatismo medular estão ativos como, clônus, sinal de Babinski e exacerbação de reflexos discretos. Quando um paciente hemiplégico vem a procura do método pilates, na maioria das vezes, ele já está na fase espástica da sequela. Não raro é a associação de outros transtornos no lado acometido em comparação ao lado são, distúrbios tróficos na pele e sensitivos, artropatias dolorosas e edema são alguns deles. E também apresentarem outros sintomas em conjunto, como distúrbios sensoriais, sensitivos e cognitivos. Topograficamente podemos classificar as hemiplegias em completa ou incompleta, direta ou alterna. Completa quando a via piramidal é acometida superiormente a sua decussação, afetando um dimidio, e incompleta quando acomete um segmento. Pode ser direta quando as manifestações se dão do mesmo lado do corpo ou ser alterna quando a lesão piramidal se dá abaixo da cápsula interna, comprometendo partes em lados opostos. E ainda podemos dize-las proporcionais ou desproporcionais. A primeira é quando os déficit são equivalentes em todos os membros afetados e no segundo não, um membro é mais acometido que o outro. Essa classificação é importante, pois ajuda na possível localização da lesão, além de norteia um melhor jeito de traçar uma conduta a ser adotada. 39Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS PADRÃO MUSCULAR COMUM Mesmo não sendo uma via de regra, pois sequelas que provem de patologias neurológicas nunca tem, podemos identificar alguns padrões que geralmente aparecem em alguns grupos de pacientes. Quando o hemiplégico evolui para a fase espástica, é observado um padrão flexor em membro superior e extensor em membro inferior acometido, isto devido a hipertonia predominante nos músculos antigravitacionais. A espasticidade é um fator de grande interferência no prognóstico. Ela pode mascarar atividade motora voluntária, juntamente com a força muscular, resultando muitas vezes em padrões anormais de movimento, principalmente com movimentos em bloco. O MEMBRO SUPERIOR No membro superior uma rotação interna e adução é percebida com pronação de antebraço, e os punhose dedos estão flexionados e o polegar aparece aduzido. Quando solicitada a movimentação ativa desse membro ela acontece em bloco e o ombro mantem esse padrão de rotação interna e adução. A articulação escapuloumeral é a que mais sofre e apresenta alterações. Na fase flácida ela fica praticamente suspensa, somente com auxílio de ligamentos para mante-se posicionada. Tanto a gravidade quanto falhas no manuseio podem acarretar alterações significativas e irreversíveis que podem se manter até a fase espástica e perdurar durante toda a vida do paciente. O cuidado com está articulação é especialmente importante, pois precisamos estabiliza-la para conseguir movimentar as outras articulações mais distais a ela, além da mesma auxiliar no equilíbrio na hora da marcha e ser importante componente no que diz respeito a locomoção em cadeira de rodas e tranferências caso paciente necessite deste tipo de movimentação. 40Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS O MEMBRO INFERIOR No membro inferior, a articulação coxofemoral aparece em rotação externa, joelho em extensão e o pé em equino. Principalmente na fase flácida, a falha na maneira correta de posicionar o membro mantem esse padrão, além da retração do tendão-de-aquiles que gera o padrão presente na articulação do tornozelo. Quando o padrão de extensão é completo, a flexão dorsal ativa não acontece. Mas esse tipo de padrão é bem visto, uma vez que auxilia no processo de recuperação da marcha, mesmo que se mantenha uma postura anormal para este fim. Algumas compensações musculares e articulares acontecem em função do padrão patológico instalado. No caso da hiperextensão do joelho, é compensada por báscula da pelve em consequência de uma escoliose presente. Os exercícios presente neste livro facilitarão o estímulo ao correto posicionamento das articulações envolvidas, tentando quebrar o padrão aparente e facilitando a movimentação normal das articulações. Mas não podemos pensar somente na questão motora de forma isolada. Esses paciente apresentam, muitas vezes, distúrbios de atenção e concentração, de linguagem, alterações de sensibilidade, e todos esse fatores irão influenciar diretamente no prognóstico do paciente, assim como na elaboração e seleção das atividades o mesmo. AVALIAÇÃO Antes de traçarmos uma conduta, é primordial a realização de uma avaliação. A avaliação ajuda a verificar os objetivos para aquele paciente e a nortear nossa rotina de atendimento / aula. Para este tipo de pessoa que busca o Pilates como forma de reabilitação ou manutenção da qualidade de vida, dentro de suas reais 41Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS condições, devemos utilizar testes específicos para quantificar e qualificar nossa análise inicial. Quando fazemos um exame físico geral deste paciente, devemos olhá-lo como um todo, e não somente à hemiplegia. Outro fator de extrema importância é que quando falamos em processo de recuperação funcional, não podemos esquecer que o mesmo depende da capacidade do paciente de compreender as instruções recebidas. Precisamos conseguir estabelecer uma forma eficiente de comunicação. Para isto, a linguagem – como capacidade de compreender, elaborar e / ou emitir recursos, mesmo que de maneira não tão apurada e completa, deve estar preservada. AVALIAÇÃO POSTURAL A avaliação postural, como em todos os outros grupos de alunos e pacientes, deve ser realizada. Por definição, “postura é o modo como o indivíduo se apresenta no espaço e é determinada pelo equilíbrio dinâmico do sistema neuromusculoesquelético.” Uma boa postura se apresenta quando temos um melhor rendimento funcional com um menor gasto energético. Qualquer coisa diferente disto podemos considerar alteração postural. Existe hoje, inúmeros softwares e aplicativos que podem auxiliar neste tipo de avaliação. O SAPO é o programa mais conhecido, porém não acessível nos estúdios de pilates. A tecnologia dos aplicativos tem ajudado nessa questão. O PostureScreen e o Boa Postura são alguns desses aplicativos. Esta avaliação consiste em observamos e registrarmos alterações anatômicas que resultem em desvios posturais, e para isto inspecionamos o indivíduo nos planos anterior, posterior e lateral. Podemos utilizar como base o fio de prumo para posicionar o indivíduo e assim fazer as corretas observações. Tal avaliação deve ser feita para percebermos os desequilíbrios musculares e fazer com que consigamos 42Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS prescrever corretamente os exercícios a fim de favorecer o posicionamento correto das estruturas e consequente melhora funcional evitando acentuação dos desequilíbrios aparentes. AVALIAÇÃO ESPECÍFICA Pensando na questão do sistema neuromusculoesquelético, precisamos verificar alguns pontos importantes. Devemos avaliar o desempenho motor; a amplitude articular, tanto a ativa, a ativa assistida, quanto a passiva; a força; o tônus muscular; o equilíbrio, estático e dinâmico; a coordenação; e a marcha. A funcionalidade também deve ser avaliada. Algumas escalas existem para facilitar este processo, como o Índice de Barthel e a Escala de Avaliação motora que são de fácil e rápida aplicabilidade. Para o desempenho motor podemos utilizar o teste Fugl-Meyer, porém o tempo de duração da aplicação do teste é relativamente alto e se torna um empecilho para a sua realização dentro do estúdio, mesmo sendo um teste com boa validade. Para o equilíbrio a Avaliação de equilíbrio de Berg (Berg Functional Balance Scale) pode ser utilizada, respeitando as alterações para pacientes com AVC. E para marcha temos o Timed Up & Go Test, também de fácil empregabilidade. Toda avaliação se faz importante, como enfatizada a todo momento. Ela fornecerá informações para percebermos quais os movimentos e funções do paciente são possíveis de serem realizados ou não, e como os padrões anormais de movimentos vão interferir na capacidade ou no desempenho funcional. Em suma, com ela, podemos identificar os problemas, desenvolver estratégias para tentar sanar estes problemas e acompanhar o progresso ou regresso dos mesmos. 43Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA O tratamento medicamentoso para o AVC irá depender da etiologia do processo e de quais são os problemas associados que necessitem de uma intervenção mais específica e contínua farmacológica. Se isquêmico, ocasionado por um trombo ou êmbolo, a terapia anticoagulante geralmente é a mais indicada. Se for por hemorragia, de maneira profilática, a uso de drogas anti-hipertensivas são mais utilizadas. Independente de qual maneira aconteça, a conduta médica é sempre preventiva. Para alguns problemas associados, os pacientes fazem uso de medicação contínua. No caso da espasticidade, temos drogas que atuam no sistema nervoso central e as que atuam na periferia. A desvantagem das drogas que atuam no SNC, como o diazepam, é que elas deprimem todo o sistema, causando sonolência e ansiedade, que pode interferir nas sessões de pilates. As drogas que atuam perifericamente apresentam um efeito temporário, mas conseguem diminuir os efeitos da espasticidade na musculatura acometida e, consequentemente, melhorar a funcionalidade ou posicionamento da estrutura. CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES Quando recebemos um paciente com disfunções motoras tão aparentes como a hemiplegia ou a hemiparesia, acabamos dando mais importância a este padrão patológico do que ao que o paciente realiza de maneira correta ou apresenta de qualidade motora. Focar no paciente como um todo é de vital importância para que ele melhorefuncionalmente e seja cada vez menos dependente nas atividade de vida diárias. É exatamente o que o conceito pilates se propõem, trabalhar o indivíduo como um todo. 44Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Antes que qualquer movimento ocorra precisamos dar ao paciente estabilidade central. Para que os movimentos de membros superiores e inferiores aconteçam com qualidade e eficiência, minimizando o risco de possíveis lesões, devemos ensinar ao nosso paciente o princípio da centralização. Como já vimos, a hemiparesia acomete um dimidio, e isto inclui não só os membros e a face, mas também o tronco do indivíduo. Este muitas vezes esquecido durante os tratamentos. Com a perda da musculatura estabilizadora aumentamos a sobrecarga em outras estruturas e consequentemente aumentamos o gasto energético para realizar uma tarefa ou exercício podendo acarretar dor e fadiga. O tronco também tem fator primordial na mecânica respiratória. A paralisia de um lado do tórax causa a insuficiência respiratória levando a fadiga. A fadiga é o maior problema que acomete os pacientes hemiplégicos. A diminuição da capacidade respiratória associada ao aumento da demanda de oxigênio resultante dos padrões anormais de movimento atípicos causam esta condição de cansaço. A fraqueza muscular ou paralisia resultante da hemiparesia nos músculos abdominais, eretores da espinha e do trapézio médio e inferior influenciam negativamente na capacidade respiratória, que depende de uma postura e de um bom equilíbrio muscular para ser ideal. Esses músculos debilitados dificultam a retificação da coluna superior incapacitando a mecânica do tórax de levantar e expandir para que a capacidade pulmonar seja maximizada. A respiração no pilates acontece de forma tridimensional ou costo lateral, procurando utilizar toda a capacidade que os pulmões tem para captar oxigênio. Exige atenção e consciência para sua realização, mesmo sendo o mais natural possível. Para estes pacientes devemos enfatizar ainda mais as inspirações longas e profundas para expansão da caixa torácica e lembrar que na expiração não devemos forçar o esvaziamento dos pulmões para que os músculos oblíquos não sejam ativados excessivamente, fazendo com que acarretem alterações na estabilidade da coluna. Sabemos, depois de realizar a avaliação, que algumas coisas o paciente consegue fazer e apresenta capacidade muscular para ativar determinados músculos 45Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS e o que não. Importante salientar, que mesmo depois de muito tempo de lesão, vale acreditar na plasticidade neural e vale a estimulação de todas a musculatura a fim de melhorar toda capacidade neuromusculoesquelética deste indivíduo. Autores citam a plasticidade como uma propriedade intrínseca do SNC e que acontece durante toda a vida, e não somente 3 ou 6 meses após algum tipo de lesão. Além disso nosso sistema modifica-se continuamente em função de estímulos sensoriais e da atividade motora. Outro ponto importante é o direcionamento de atividade bimanuais. Alguns conceitos de reabilitação após o AVC dão ênfase somente a reabilitação do lado comprometido. Como já visto, o conceito pilates trabalha o paciente globalmente, Alguns estudos citam, que se movimentos bimanuais forem realizados simultaneamente, sugere-se uma interação coordenada do SNC, pois ambos atuando agem como uma unidade que supera a ação de um único membro. Quando inserimos o Pilates no programa de tratamento de um paciente, não devemos pensar como acontece com alguns protocolos de reabilitação que tem receio em fortalecer musculaturas espásticas pelo aumento de padrões anormais de movimentos, pois isto não acontece. Tanto o fortalecimento muscular quanto e/ou o condicionamento físico, ambos também proporcionados pelo conceito em questão, são capazes de beneficiar os pacientes acometidos com ganhos funcionais, sem que para isso ocorra alguma alteração no tônus. E ainda, quando comparada a outras formas de fortalecimento muscular, a utilização de treinamento combinando movimentos concêntricos e excêntricos apresentam resultados com maiores ganhos na força muscular e na performance funcional do membro inferior. Quando pensamos no paciente hemiparético, existem várias abordagens distintas que podem ser aplicadas. Facilitar os padrões normais de movimento e inibir padrões espásticos e estereotipados, como a teoria neuroevolutiva descreve é uma boa intervenção. O Pilates surge para complementar esta abordagem e incrementar as terapias/aulas conforme o terapeuta acredite que seja melhor para o paciente/aluno em questão. 46Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DOENÇA DE PARKINSON A Doença de Parkinson (DP) é uma patologia crônica, de caráter progressivo, lento e degenerativo do sistema extrapiramidal, e caracterizada por produzir, principalmente, mas não exclusivamente, um conjunto de distúrbios motores. É uma das doenças neurodegenerativas mais prevalentes do SNC. Vale destacar que para as manifestações clínicas geradas pela DP damos o nome de parkinsonismo ou síndrome parkinsoniana, e que algumas outras patologias podem apresentar o parkinsonismo como característica. PATOLOGIA / FISIOLOGIA Como processo patológico, acontece no SNC, ou mais especificamente, na região dos núcleos da base (substância negra e corpo estriado) ocorre uma degeneração celular em função da redução da concentração de dopamina na sinapse. A dopamina é um importante neurotransmissor, de papel singular no controle dos movimentos e quando não funcionam adequadamente, afetam a dinâmica no circuito dos núcleos da base, acarretando os principais sinais e sintomas desta patologia. Este processo ocorre de maneira progressiva e irreversível. Não só de sintomas motores é descrita esta patologia. Os distúrbios mentais e autonômicos, por exemplo, são ocasionados por deficiência dopaminérgica, porém, não nos núcleos da base. 47Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA A DP não apresenta uma causa definida, mas acredita-se que alguns fatores podem pré-dispor esta patologia, entre eles: neurotoxinas ambientais (uso de heroína), fatores genéticos e idade avançada. Estatisticamente a prevalência desde doença aumenta com a idade, em 74% dos casos aparecem na faixa acima de 70 anos de idade. Isto não impede o aparecimento precoce dos sintomas até mesmo antes dos 21 anos. Estima-se que 0,1% da população geral seja acometida pela doença. O sexo masculino acaba sendo o mais acometido, numa proporção pequena se comparado ao feminino. Outros fatores como classe social e diferenças geográficas parece não ter influência significativa na incidência desta patologia. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Como manifestações básicas do DP, o parkinsonismo apresenta 4 distúrbios de movimento mais característicos: acinesia ou bradicinesia, rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural. Estas são as principais, porém não os unicos sinais e sintomas. Com a progressao da doença outros fatores aparecem, tanto pela própria progressão fisiológica da doença quanto decorrentes dos sintomas físicos e de fatores psicossociais de cada pessoa acometida. ACINESIA E BRADICINESIA Acinesia e bradicinesia são, respectivamente, a ausência e diminuição dos movimentos, e são manifestações bem características desta patologia. Afeta os 48Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS movimentos voluntários e os automáticos, tanto na iniciação quanto na execução dos mesmos. A predisposição em adotar e manter posturas fixas provem deste sintoma. Este fenômeno acontece em todotipo de movimentação e em todos os aspectos, desde a redução na expressão facial e na marcha em bloco, que acontece sem a movimentação dos braços, até em alterações na direção do movimento e em parar esta atividade. Os movimentos mais complexos sofrem mais com essas alterações do que os movimentos simples. A acinesia pode ser subita (freezing), não tão comum no inicio dos sintomas, mas especialmente incapacitante numa fase mais avancada da DP e interfere muito na aplicabilidade de qualquer terapia ou atividade física. O indivíduo nao consegue iniciar o movimento ou acontece uma perda abrupta da capacidade de sustentar um movimento mais específico. Geralmente ocorre durante a marcha, mediante um obstáculo físico ou visual ou por uma tensão emocional. RIGIDEZ MUSCULAR A rigidez muscular presente nesses indivíduos e do tipo plástica. A resistência a movimentação em uma articulação é regular aumentada em toda a amplitude de movimento. Essa resistência pode ser suave (“cano de chumbo”) ou intermitente (“roda denteada”). Esse processo faz com que o indivíduo tenha um gasto energético maior para realizar os movimentos, percebendo um aumento no esforço o que pode acarretar em sensação de fadiga. Acomete principalmente a musculatura flexora, surgindo alterações de tronco e membros (postura simiesca) que, geralmente, são assimétricas e unilateral. 49Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS TREMOR DE REPOUSO O tremor acontece por contrações alternadas de grupos musculares opostos, acometendo mais extremidade em membro superiores do que inferiores. Também apresenta carater assimétrico ou unilateral. A movimentação voluntária diminui este padrão, enquanto a marcha, fatores emocionais e esforço cognitivo exacerbam este sintoma. Mesmo sendo esteticamente incapacitante, este sintoma dificilmente interfere nas AVD’s. INSTABILIDADE POSTURAL Esta manifestação clínica acontece em função da perda dos reflexos de readaptação postural, fazendo com que o tronco, que fica levemente caído a frente do corpo, não consiga reajustar o movimento, para voltar a posição anatômica e ereta, facilitando episódios de queda. As quedas são um problema sério no parkinsonismo e a terapia medicamentosa, geralmente, não é eficiente para diminuir a ocorrência deste problema. Não se sabe ao certo o que causa esta instabilidade postural, porém, entre as hipóteses existentes para explicá-la está a inefetividade do processamento sensorial ou também a falta de reações antecipatórias para controle postural, com defeitos na seleção das estratégias produzindo respostas inadequadas e mal-adaptadas. A MARCHA O padrão da marcha adotado pelo parkinsoniano é bem característico e vale a descrição em um tópico a parte. Os passos são curtos, de baixa velocidade 50Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS e ocorre um aumento da cadência. Conforme a doença progride, os passos se tornam mais curtos e mais rápidos, a este padrão de deambulação damos o nome de festinação que pode ser para frente (propulsão) ou para trás (retropulsão), tentando sempre encontrar o centro de gravidade. Tanto a marcha quanto a instabilidade postural são principal fator causador de incapacidade em casa e no trabalho desses indivíduos. Além dessas principais alterações motoras citadas, existem outras que também são de suma importância durante a elaboração de um programa de aula / terapia, uma vez que interferem diretamente no andamento do programa, são elas: as manifestações cognitivas, psiquiátriacas e autonômicas. A primeira, quando presente na fase inicial, é discreta, mas com a progressão da doença pode até evoluir para uma grave demencia. A depressão esta presente em quase metade dos portadores desta patologia. Por este motivo deve-se ter cautela com os exercícios propostos, pois o risco de queda de nivel desses indivíduos é grande pelas manifestações motoras e pode agravar ainda mais o grau de depressão e descontentamento. E a última esta relacionada com obstipação intestinal e hipotensão postural. Ainda aparecem sintomas relacionados a percepção e atenção, apresentando uma dificuldade em dividir esta atenção e ativar a “memória em atividade”. Estas deficiência interferem, e muito, nas estratégias de tratamento, em função da dificuldade em prender a atenção quando necessário, em selecionar respostas motoras corretas oriundas de um estímulo sensorial ou ainda, como já dito, dificuldade em dividir a atenção. Déficits de aprendizagem são comuns nesses indivíduos, sendo necessário uma prática maior na realização de uma atividade aprendida. Observação: A broncopneumonia é uma das complicações mais sérias relacionais a DP e é a maior causa morte da mesma. Tal patologia provem da diminuição da atividade geral concomitante à falta de expansibilidade torácica. 51Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DIAGNÓSTICO O Diagnóstico é basicamente clínico realizado através de exames físicos e histórico médico. Para caracterizar esta patologia é necessário que pelo menos duas, das quatro principais manifestações motoras se façam presentes. CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA Como não se sabe a etiologia da DP, fica difícil fazer algo preventivo ou que combata a patologia. Sempre voltamos na premissa de tratar o indivíduo como único, pois mesmo a doença apresentando padrões e sintomas bem determinados, o acometimento e as desordens decorrentes dos principais sintomas são específicos de cada portador, e se manifestam e acometem lugares diferentes, com intensidades diferentes. Dentro de um processo de reabilitação ou mesmo de atividade física qualquer, para este tipo de população, uma equipe multidisciplinar se faz necessária. A principal terapia medicamentosa é realizada com a utilização da L-dopa, que é um precursor da dopamina no SNC. Apesar de não restaurar os neurônios perdidos, este medicamente ajuda aumentando a função dopaminérgica, amenizando os sintomas, mas nunca freando a evolução da DP. O principal problema é o tempo de utilização da droga associado aos efeitos colaterais decorrentes da mesma. Quanto maior a dose, mais intenso pode ser o feito colateral e independe de à quanto tempo o paciente / aluno usufrui do medicamento. Importante saber sobre, pois o uso do medicamento influencia o desempenho motor. O paciente / aluno estará num período “on” ou “off” da interação medicamentosa, no primeiro com efeito máximo da droga e, no segundo com 52Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS efeito mínimo sendo que no período “on” é onde eles estão mais preparados para realização de exercícios físicos. A conduta cirúrgica pode ser adotada quando o indivíduo não responde a medicação e/ou já se encontra em um estágio avançado da doença. AVALIAÇÃO Quando pensamos em nosso paciente / aluno portador do DP, precisamos avalia-lo perante sua deficiência e seu desempenho funcional. A avaliação postural, assim como testes de força, comprimento muscular, tônus e, principalmente, a marcha (padrões e tempo de execução) e equilíbrio dinâmico (teste de alcance funcional), devem ser realizados sempre que necessários. Outro recurso de rápida e fácil utilização nos dias de hoje, é a filmagem do aluno / paciente realizando algum exercício ou durante a marcha, podendo utilizar como parâmetro para comparação na avaliação inicial e após algum tempo da realização das aulas de pilates. Podemos utilizar as escalas para avaliar tanto os sintomas quanto alguma outra condição que o indivíduo apresente. A Escala de Contagem unificada da Doença de Parkinson (UPDRS) auxilia monitorando a progressão da doença e da eficáciamedicamentosa. Outra escala que pode ser aplicada é a Escala de Atividade de Parkinson (PAS), que mesmo uma escala nova e com poucos estudos para afirmar sua confiabilidade, parece útil na caracterização de problemas funcionais, num estagio moderado a severo da patologia. Não esquecer dos índices e escalas já citadas neste livro e que podemos utilizar para deixar mais completa nossa avaliação. 53Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES Com uma avaliação bem fundamentada e aplicada, fica mais fácil elaborar objetivos específicos para nosso aluno / paciente. Dentre as principais alterações que esses indivíduos apresentam, faremos uma abordagem pelo conceito pilates a fim de entender como e porque realizar determinado tipo de exercício. Somente neste momento, tiraremos o foco específico do aluno / paciente e pensaremos nos mecanismos fisiopatológicos, como eles agem e o que causam no sistema neuromuscular, para que assim possamos traçar objetivos gerais para uma intervenção com essa população. O Pilates como um conceito de reeducação do movimento auxilia na melhora das alterações motoras e em vários sintomas colaterais provenientes da DP. Em suma, para esses indivíduos, precisamos aumentar a quantidade de movimento e sua amplitude, para melhorar a capacidade de expansão da caixa torácica, facilitando as reações de equilíbrio que, por fim, resultará em melhora funcional, facilitando a independência e as AVD’s, beneficiando e melhorando a qualidade de vida. Mesmo sabendo que o exercício físico é essencial para esta população, existem poucos artigos que falam sobre esta questão. Alguns estudos relatam uma tendência do exercício físico, principalmente o aeróbico, em reduzir sintomas como bradicinesia e distúrbios da marcha, desde que realizados regularmente. O Pilates, entre outros pormenores, proporciona um trabalho muscular resistido e a realização de alongamentos dinâmicos que juntamente realizados com os seus princípios, desenvolvem tanto força, o alongamento, quanto melhoram o coordenação motora e o equilíbrio beneficiando os portadores da DP. 54Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS O padrão respiratório aplicado no método é tão importante para trazer o indivíduo para realização do exercício (atenção direcionada para atividade) quanto para melhorar a expansibilidade da caixa torácica e a rigidez diafragmática, fator tão comprometido e de extrema importância nesses alunos / pacientes. A aplicação dos exercícios flui de maneira mais adequada se conseguirmos diminuir o padrão de rigidez, para isso, a rotação das extremidades e do tronco assim como o balanço suave e lento proporcionam um relaxamento do indivíduo para que o mesmo consiga realizar as atividade subsequentes. Para que a assimilação de um estímulo externo ocorra e o indivíduo consiga interpretar e executar determinado movimento, uma constante estimulação cognitiva deve ser realizada. Estímulos verbais e visuais, além de feedback tátil são importantes e necessários para realização do movimento. Tais instruções fazem parte dos princípios da aprendizagem motora que, através da prática aleatória, faz com que o aluno / paciente aprenda a maneira correta de executá-lo e consiga com isso regular a extensão, a velocidade e a direção do mesmo. Os padrões de contração muscular e alongamento utilizados no método pilates, como as contrações isotônicas (concêntricas e excêntricas) e isométricas realizadas de maneira ampla e lenta auxiliam na reorganização do movimento do portador de DP. A amplitude de movimento acontecendo em sua totalidade é essencial para evitar mudanças nas propriedades dos músculos. Dentro da técnica e para este pacientes / alunos, podemos começar os exercícios com padrões simétricos bilaterais, que são mais fáceis de executar, para depois trabalhar com padrões recíprocos de movimento e, por fim, os padrões diagonais. Técnicas de mobilização (vide exercícios) auxiliam no ganho de mobilidade escapular e pélvica, para melhorar desempenho na realização dos movimentos. 55Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS A instabilidade postural e os desequilíbrios presentes nessa população pode ser trabalhada através da estabilização dinâmica. Para isso utilizamos os aparelhos de pilates e a infinidade de acessórios que, nos dias de hoje, a técnica dispõem. Estimular as reações de equilíbrio em todos os planos de movimento também são benéficas e essenciais. Os treinos de força funcional apresentam melhor resposta muscular do que a atividade de levantamento de peso e assim que a força for reestabelecida ou conquistada, o movimento melhora e as atividades funcionais podem ser realizadas. Por apresentar um padrão flexor muito acentuado a musculatura extensora do tronco deve ser trabalha assim como toda a mobilidade da coluna, diminuindo o padrão cifótico, proporcionando um alongamento axial, melhorando assim o padrão da marcha e rigidez. Para essa população, uma boa aula de pilates deve conter: Muitas repetições; exercícios rítmicos e sequencias; feedbacks e estímulos sensoriais; movimentos de coluna, principalmente extensão e rotação; e os padrões respiratórios bem definidos. Devemos lembrar, que mesmo com tantos benefícios, sabendo que os exercícios melhoram a qualidade de vida, o humor, a iniciativa, além de diminuir a sintomas característicos da doença, a atividade física não impede a evolução da mesma, mas propicia ao aluno / paciente as vantagens acima descritas e por esse motivo o Pilates se faz uma ótima opção de atividade, seja para tratamento quanto para manutenção de benefícios já adquiridos. 56Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DOENÇA DE ALZHEIMER Com o aumento da expectativa de vida e, consequentemente, do envelhecimento, aumenta também a prevalência de algumas patologias próprias desta faixa etária, como é o caso das síndromes demenciais. Estima-se que, no Brasil, cerca de 38,9% dos idosos com mais de 85 anos apresentem algum tipo de demência. A Doença de Alzheimer (DA) é a causa principal desta condição, respondendo por 60% do total de casos. Segundo a Associação Brasileira de Alzheimer a demência é uma doença mental caracterizada por prejuízo cognitivo que pode incluir alterações de memória, desorientação em relação ao tempo e ao espaço, raciocínio, concentração, aprendizado, realização de tarefas complexas, julgamento, linguagem e habilidades visuais-espaciais. Todas essas características, em associação ou não, em maior ou menor grau, resultam em déficits nas atividades laborais e também nas AVD’s. PATOLOGIA / FISIOLOGIA A DA é uma patologia neurodegenerativa, progressiva além de irreversível, e por vezes, incapacitante. Nesses indivíduos, uma atrofia cortical difusa é aparente. Regiões como o córtex cerebral, hipocampo, córtex entorrinal e o estriado ventral sofrem pela morte neuronal e pela perda sináptica. Tal morte neuronal acontece por dois mecanismos: formação de placas amilóides (partes de proteínas) externas aos neurônios e, hiperfosforilação (acúmulo de filamentos anormais) da proteína tau, formando novelos neurofibrilares dentro dos neurônios. Há ainda uma falha que pode ocorrer na neurotransmissão de impulsos da atividade cognitiva, os núcleos de Meynert, também afetados pela degeneração, acarretam na diminuição da acetilcolina no córtex cerebral. 57Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS ETIOLOGIA / EPIDEMIOLOGIA Mesmo apresentando etiologia desconhecida, podemos relacionar a DA à fatores genéticos, não exclusivamente, mas o histórico familiar,além da idade avançada são os principais pormenores relacionados ao aparecimento desta patologia. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Suas principais manifestações clínicas estão relacionadas a perda de memória. É o sintoma mais impactante, mas não o único e, com a progressão da doença eles surgem e se agravam cruelmente. No estágio inicial da doença à perda de memória recente e dificuldade na aquisição de novas habilidades o indivíduo apresenta dificuldade no desempenho das atividades instrumentais de vida diária (AIVD), mas ainda mantem-se independente. Progressivamente, há um declínio das funções cognitivas, alterações de comportamento e sintomas psicóticos. Na fase moderada, o déficit cognitivo é maior, e as AIVD e as atividade básicas de vida diárias (ABVD) tornam-se difíceis de realizar carecente de auxílio. Na fase final ou grave, a dependência é total. A depressão é um dos sintomas potencialmente incapacitante, interferindo tanto nas execução das ABVD quanto na qualidade de vida desses indivíduos. É sabido que atividade física regular além de ser considerada uma alternativa de tratamento para este sintoma, diminui os sintomas depressivos em idosos com cognitivo preservado. Não se pode afirmar o mesmo com relação a depressão em portadores de DA, pela falta de literatura disponível. Vital TM realizou uma revisão sistemática sobre a atividade física e os sintomas de depressão em indivíduos com DA. Nele não foi encontrado um consenso em relação aos benefícios da realização de exercícios nessa população e ainda, opiniões divergentes aparecem sobre o 58Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS detalhamento de um programa de exercícios físicos como qual o melhor tipo, qual intensidade e durante quanto tempo tais exercícios devem ser aplicados. Quanto ao fator cognição o mesmo se repete. Existem estudos relatando os benefícios cognitivos alcançados pela ação de exercícios físicos sistematizados, porém nunca com grupo de indivíduos com DA e sim com a população idosa em geral. Mesmo assim, diante de outros achados, mesmo controversos, a prática regular de um programa de atividade física, concomitante à estimulação cognitiva pode trazer benefícios sobre as funções cognitivas, principalmente atenção, funções executivas e linguagem. Não só de alterações cognitivas se caracteriza esta doença. Alterações motoras e funcionais se fazem presentes e deve-se dar a devida atenção a elas. Tanto na fase inicial da patologia ou mesmo em estágios pré-clínicos da DA distúrbios de marcha, fraqueza muscular global e alterações no controle postural são observados. O próprio déficit cognitivo leve já acarreta alterações de equilíbrio e coordenação. DIAGNÓSTICO O Diagnóstico da DA definitivo é realizado post-mortem, por análise histopatológica. Em função disto, para que o diagnóstico seja realizado em vida, por não existirem marcadores específicos, exames de imagens e laboratoriais auxiliam na exclusão de outras patologias e, quando diagnosticada, auxiliam no acompanhamento da progressão da doença. 59Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA Ainda não existe cura para esta patologia e seu quadro é irreversível, além de progressivo, como já mencionado. Atualmente a terapia medicamentosa é a mais utilizada. Ela atua na tentativa de diminuir os déficits cognitivo e distúrbios de comportamento. Para um trabalho mais efetivo com esses alunos / pacientes, uma abordagem multidisciplinar é defendida. Um estudo explana sobre as principais técnicas dentro dessa abordagem multidisciplinar que devemos seguir, são elas: treinamento cognitivo, técnica para melhor estruturação do ambiente, orientação nutricional, programas de exercícios físicos, orientação e suporte psicológico aos familiares e cuidadores. AVALIAÇÃO Além da avaliação postural que devemos fazer deste aluno / paciente, devemos aproveitar a existência de outras ferramentas validadas para enriquecer ainda mais nossa avaliação. Todos os testes de função motora já foram citados neste livro, mas vale salientar a importância deles e de poder tê-los como opções. Para avaliarmos desempenho do equilíbrio a Escala de Berg é uma opção. Para avaliar o deslocamento e controle do centro de gravidade sobre uma base fixa utilizamos o Teste de Alcance Funcional. E, para equilíbrio associado a fluência verbal podemos utilizar o TUG (timed up and Go) modificado. Uma avaliação cognitiva a título de conhecimento pode ser realizada caso o profissional sinta a necessidade do mesmo, mas, o ideal é solicita-la a um profissional especializado. 60Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES Mesmo um programa de atividade física ser dito um importante coadjuvante no tratamento de indivíduos com DA, ainda é muito escasso a quantidade de estudos e muito controverso os tipos de programas que podemos utilizar. O Método Pilates entra como terapia coadjuvante . Mesmo com déficit na literatura, podemos relacionais as principais alterações motoras e algumas outras com os benefícios encontrados pela aplicação do pilates para melhora dos mesmos. Vale ressaltar que mais estudos devem ser feitos nessa área para que as respostas a terapia obtenha os resultados mais benéficos possível para o aluno / paciente. Pensando na parte motora, observamos algumas alterações na cinética e cinemática da marcha desses indivíduos. Existe uma diminuição na velocidade da marcha, no comprimento e na largura do passo. Tais alterações serão trabalhadas, também, pelo princípio da centralização, dando suporte para que os movimentos dos membros aconteça de forma mais biomecânica correta possível, minimizando o risco de lesões e quedas em função do padrão anormal da marcha. A fraqueza em membros e ainda o déficit no controle postural, são outros sintomas que podem aparecer e que o portador de DA pode se beneficiar com a prática do pilates. Os exercícios propostos não podem ser nem tão difíceis, impossibilitando sua execução, mas também nem tão fáceis que não careça de um determinado esforço cognitivo para tal. Um recurso a ser utilizado é a música durante a aula. Se for uma que remeta a infância ou adolescência do indivíduo pode auxiliar na memória recente. Outro recurso é demonstrar o exercício ao indivíduo, contar como realizá-lo e pedir que ele repita a explicação e, posteriormente a execução. Com relação a realização e a periodização dos exercícios, podemos seguir os mesmos critérios utilizados no aprendizado motor citados neste livro, juntamente 61Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS com os citados para aplicação do método pilates. Um estudo cita a importância da atividade física regular beneficiando a manutenção do equilíbrio, da força e da cognição em indivíduos com DA, aumentando a capacidade funcional global e a habilidade para desempenhar as ABVD. Por esse motivo, a aplicação do método de maneira correta pelo profissional deverá ser de grande valia para o aluno / paciente. 62Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS ESCLEROSE MÚLTIPLA A Esclerose Múltipla (EM) é uma patologia neurológica crônica, de caráter autoimune, mais comum em adulto jovens. Mesmo não sendo uma patologia tão conhecida e tão divulgada, apresenta-se como potencialmente incapacitante. A dificuldade em um prognóstico ocorre em função de seus sintomas serem tão imprevisíveis e as suas manifestações clínicas tão diferentes, apesar de bem conhecidas. PATOLOGIA / FISIOLOGIA Num indivíduo normal, a rapidez com que a condução de impulsos nervosos no SNC acontece, principalmente, é determinadapela propriedade isolante da mielina. A mielina é produzida pelos oligodendrócitos. Ambos são estruturas que sofrem lesões inflamatórias (placas) ocasionadas por um provável processo auto- imune. E é este processo de desmielinização que se faz prejudicial no dinamismo da neurotransmissão. As lesões inflamatórias afetam o SNC e aparecem mais frequentemente na substância branca periventricular, no nervo óptico, na medula porção cervical e no tronco cerebral. EPIDEMIOLOGIA / ETIOLOGIA O diagnóstico geralmente é realizado na fase adulto-jovem (entre 20 e 40 anos) e raramente acontece na puberdade ou no período após 60 anos. 63Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Num estudo não muito recente, estima-se que, na cidade de São Paulo, existam aproximadamente 5/100.00 habitantes, sendo o Brasil considerado um país com baixa incidência. Pessoas do sexo feminino, brancas e que possuem casos de EM na família apresentam uma maior propensão a desenvolver a patologia. Fatores prováveis de gatilho da doença são os ditos ambientais. Pessoas com predisposição genética associados a esses fatores podem desencadear a EM, possivelmente por algum agente externo, como um vírus, resultando em auto-imunização. Outra teoria existente é que o sistema imunológico da pessoa predisposta interpreta uma parte da lipoproteína mielínica como sendo um vírus e a destrói. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As manifestações clínicas são extremamente variáveis em função da desmielinização poder acontecer em uma infinidade de locais dentro do SNC. A localização e o volume das lesões, assim como a sequencia de tempo que elas acontecem determinarão o tipo e os sinais e sintomas da EM. Alterações cognitivas aparecem em até 70% dos portadores de EM, englobando comprometimentos na memória de curto prazo, no raciocínio conceitual e na resolução de problemas, mas não são as principais alterações. A fraqueza muscular, o cansaço, a parestesia, a espasticidade, as alterações visuais como visão dupla e diminuição da acuidade visual, a instabilidade na marcha e tremor (como resultado de doenças cerebelares), além de manifestações vesicais, podem ser descritas como sintomas comumente, recorrentes e/ou permanentes encontrados nessa patologia. Os transtornos emocionais também se fazem presentes nos portadores desta doença, como a depressão, e podem competir frequentemente com a resposta obtida pelos pacientes / alunos durantes as aulas. 64Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Uma observação importante e que não pode ser esquecida é que a temperatura influencia diretamente a propagação de um potencial de ação ao longo de uma membrana, podendo resultar em bloqueio na condução, fazendo com que os sintomas piorem muito. Sendo assim, o paciente / aluno deve evitar os extremos de temperaturas, principalmente o calor e exercícios exagerados. A patologia é caracterizada por surtos, que são déficits neurológicos agudos em partes não tão próximas dentro do SNC, alternados com períodos de remissão. O que irá definir o tipo de EM que o paciente/aluno apresenta, será como ele irá se recuperar de cada surto ou se irá. Saber sobre isto se torna de extrema importância na hora de elaborarmos exercícios físicos para este tipo de paciente. Saber se ele encontra-se em surto ou não e entender, mais ainda, que seus sintomas poderão ser diferentes ao longo da vida e com isso, sua conduta como profissional, precisará ser reavaliada a todo momento, assim como seu paciente/ aluno também. Pensando na evolução clínica da patologia, podemos classificar a EM em 4 tipos: EM recidivante-remissiva; progressiva primária; progressiva secundária e; progressiva recidivante. Os gráficos abaixo descrevem os tipos da doenças e suas características. 65Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Figura 6. Tipo de Esclerose Múltipla Fonte: Google imagem, 2016 DIAGNÓSTICO O diagnóstico é realizado, basicamente, pela clínica do paciente. Como critérios adotados precisamos observar traços de múltiplas lesões no SNC e traços de, pelo menos, dois incidentes de distúrbios neurológicos num indivíduo entre 10 e 59 anos. Esses distúrbios neurológicos apresentam-se de forma clínica ou paraclínica. Neste segundo, exames de imagem, como a ressonância magnética (RM) e tomografia computadorizada (TC), tem ajudado a identificar a presença de placas desmielinizadas nos axônios, favorecendo a confirmação do diagnóstico. 66Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS CONDUTA GERAL / MEDICAMENTOSA Além de um acompanhamento multidisciplinar, que nem sempre acontece, entender como agem os medicamentos administrados para este tipo de população são importantes em função de sabermos que respostas esperar ou não dependendo da interação medicamentosa existente. Duas intervenções são aceitas atualmente: a administração de fármacos que modificam a doença tentando diminuir o processo patológico subsequente e, fármacos específicos para tratamento dos sintomas que surgirem. No primeiro caso, a terapia medicamentosa tem como finalidade diminuir a taxa de recorrência ou a gravidade das recidivas e tem-se conseguido resultados satisfatórios. Na fase aguda, corticóides endovenosos são utilizados e tem-se mostrado eficazes no aumento do intervalo entre os surtos. Na segunda forma de tratamento medicamentoso, sua aplicação é muito relativa e específica. Para controlar a espasticidade pode-se utilizar o Baclofen; para o tremor pode-se usar drogas com efeitos sedativos (clonazepan); para fadiga a administração de amantadina mostra-se eficaz; e dá-se sequencia dependendo dos sintomas. O que deve ser observado, principalmente pelo paciente e pelo profissional que o atende com mais frequência, é que toda medicação pode acarretar algum efeito colateral. Na espasticidade o medicamento pode aumentar a fraqueza muscular e dificultar as AVD’s e, no caso do tratamento da fadiga o medicamento pode levar à insônia, por exemplo. Não é da alçada do educador físico, fisioterapeuta ou qualquer outro profissional da área da saúde que não o médico, interferir na administração de medicamentos, porém, é importante tentar observar como os medicamentos agem e o que podem trazer de possíveis efeitos colaterais e tentar observar se o paciente/aluno apresenta mais uma manifestação da EM ou se é um efeito provocado em reação a algum medicamento. 67Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS AVALIAÇÃO Além da realização da anamnese, da avaliação postural, nesse perfil de pacientes, percepções subjetivas dos problemas, por muitas vezes, podem ser mais significativas do que algumas mensurações objetivas, mas isso não significa que essas mensurações não devam ser feitas, mesmo, as vezes, a avaliação funcional não correspondendo à clínica. Ainda assim, para avaliar funcionalidade podemos utilizar a Escala de Independência Funcional (FIM) ou índice de Barthel. Além da Escala de Kurtzke, utilizada para graduar a incapacidade na EM. Outro instrumento utilizado especificamente para portadores de EM, é o Multiple Sclerosis Quality of Live Inventory (MSQLI), trazendo dados relacionados a vários aspectos da vida do indivíduo, entre eles, o estado de saúde, a fadiga e o déficit visual. CONDUTA BASEADA NO MÉTODO PILATES Pensando na questão reabilitativa, o paciente / aluno só procura ou é encaminhando a algum centro de reabilitação ou relacionado a alguma atividade física especializada, quando a patologia já gerou danos irreversíveis ao SNC, gerando determinada incapacidade. O paciente/aluno deve ter a consciência que suas restrições com relação as incapacidadesjá instaladas não serão sanadas, porém, o objetivo principal da reabilitação é POTENCIALIZAR as funções, atenuando a invalidez e beneficiando a funcionalidade. Porém, não podemos pensar somente na reabilitação funcional do indivíduo, uma fez que tal processo corre o risco de fracassar pelo caráter crônico e progressivo, que tanto a fisiologia da doença quanto os sintomas, podem apresentar. O enfoque compensatório, trabalhado de forma positiva, motiva o indivíduo a investir seu 68Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS tempo e energia em alguma atividade, enfrentando as dificuldades a curto-prazo e planejando seu curso de vida a longo-prazo. Dito isso, é percebido a importância dos feedbacks positivos para esses pacientes/alunos durante a intervenção/aula de pilates. Os feedback tem como objetivo motivar o paciente/aluno, fornecer informações sobre a atividade em questão, além de reforçar instruções dadas. Existem 4 tipos de feedbacks, e a resposta que obteremos dependerá do tipo de feedback que daremos. São eles: positivo (repetição de um determinado comportamento / movimento); corretivo (mudança de um determinado comportamento / movimento); ofensivo (gera desprezo) e; insignificante (gera resposta mínima). Claramente os feedbacks ofensivo e insignificante, são pouco interessantes para aplicabilidade durante a execução de um exercício. Já, os feedbacks corretivos podem ser utilizados, mas devem ser transmitidos com cautela, uma vez que quadros de ansiedade e depressão são frequentes nessa população. Antigamente a realização de qualquer tipo de atividade física era contra indicada para pacientes com EM, em função do mínimo aumento da temperatura corporal aumentar a fadiga, um dos principais sintomas. Este conduta tem outra visibilidade nos dias de hoje. O Pilates aparece como complemento de terapia que, quando bem aplicado, ajuda a combater os principais sintomas que acometem os portadores de EM, como veremos a seguir. FADIGA Como já dito, a fadiga é a mais comum manifestação clínica, afetando em torno de 90% dos pacientes / alunos. Além disso é dito o pior sintoma para a média de 55% desses indivíduos. Mesmo desconhecendo sua etiologia, é sabido que muitos fatores influenciam na manutenção ou exacerbação desse sintoma 69Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS entre eles está a insônia (causada pelo aumenta da frequência urinária e /ou por espasmos musculares), o descondicionamento, fatores neuromusculares (axônios desmielinizados gastam mais energia), incapacidade (pela alteração do tônus, maior esforço para realização das AVD’s, etc). Na literatura não temos nada específico sobre intervenção através do método Pilates sobre a melhora na fadiga. Porém, estudos descreveram que exercícios físicos aplicados de maneira correta para este tipo de população especificamente reduzem a fadiga geral e, para isso, melhora dos níveis de força e condicionamento aeróbio, contribuíram para esta aquisição. Com isso, o esforço para realização das AVD`s é reduzido e, consequentemente, a fadiga também. Quando elaboramos uma aula para esse público, devemos seguir algumas recomendações: Executar os exercícios em um ritmo moderado; obedecer alguns períodos de descanso; manter uma postura adequada durante as atividades. E não só durantes as aulas, mas estas são algumas das recomendações que devem ser seguidas também no cotidiano deste aluno/paciente. OBSERVAÇÃO: Para facilitar a realização de atividade física e não aumentar muito a temperatura e, consequentemente a fadiga, podemos fazer uso de recursos como: ar condicionados e ventiladores. A hora em que as sessões acontecem também podem facilitar este processo, sendo realizadas no período da manhã ou no final da tarde. E também, a hidratação constante durante a atividade auxiliam neste fator. FRAQUEZA MUSCULAR A redução da força pode ser desencadeada por vários fatores, entre eles o desuso; o déficit na condução dos impulsos nervosos diminuindo o acionamento das unidades motoras; a fadiga; e ainda a espasticidade num músculo antagonista. 70Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS Para compensar esse déficit de força ou ajudar no ganho da mesma, podemos adotar algumas condutas. Novamente, estudos com o conceito pilates e essa população ainda não são explorados, porém a realização de exercícios ativos assistidos, ativos ou contra-resistência tem se mostrado eficazes no ganho de força. Ganho que podemos alcançar com a aplicação deste conceito nesses pacientes/alunos. Embora exercícios fortalecedores não alterem a condição neurológica, o fortalecimento compensatório de grupos musculares não comprometidos, prevenindo fraqueza secundária por desuso, e o fortalecimento de músculos agonistas para superar a espasticidade em grupos musculares antagonistas podem favorecer a função. O Pilates surge como método que condiciona o corpo e integra toda a função do mesmo com a mente. O ganho de controle muscular, força, equilíbrio e a consciência corporal decorrentes dessa integração, ampliam a capacidade de manter e melhorar os movimentos. Além disso a sistematização dos exercícios associados os princípios possibilita uma maior integração do indivíduo no seu cotidiano. Por ser um trabalho global, procura corrigir a postura e realinhar a musculatura, melhorando a estabilidade corporal. ESPASTICIDADE Para controlar essa manifestação, devemos considerar a movimentação anormal, a hipertonicidade e a hiperexcitabilidade do reflexo. A utilização de uma rotina de alongamento é consensual para diminuição da espasticidade e consequente aumento da amplitude de movimento voluntário nos membros inferiores. Exercícios direcionados para as funções e sustentar o peso, em todos os planos de movimento, ajudarão a melhorar a movimentação normal além da manutenção da amplitude de movimento. 71Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS ALTERAÇÕES CEREBELARES Tais alterações provocam problemas relacionados com déficit de equilíbrio e coordenação. Quando formos aplicar a técnica com esses pacientes/alunos devemos pensar em trabalhar com exercícios em sequencia (sequencia de exercícios funcionais), começar sempre em posturas mais baixas (exemplo: evoluir do decúbito dorsal, para o lateral, depois ajoelhado, depois semi-ajoelhado, para depois em pé). Podemos utilizar algumas referências visuais para facilitar a aquisição de equilíbrio, além da diminuição do tremor. A MARCHA Em função dos sintomas acima descritos, em associação ou não com outras manifestações, faz com que a marcha desde paciente/aluno não se encontre normal. Como a técnica do pilates prega, controlar o centro é o primeiro passo para dar a este indivíduo uma marcha com mais qualidade e que gaste menos energia para sua realização. Após isso o alongamento, como forma de adequar o tônus e aperfeiçoar a amplitude de movimento deve ser introduzido nas aulas / terapias. Estes não são os únicos sintomas, além disso, cada paciente/aluno deve ter sua própria linha de conduta adotada em função da evolução da EM e a intensidade e os tipos de manifestações encontradas. Não esquecer dos déficits cognitivos que podem aparecer e podem interferir no processo de reabilitação merecendo uma atenção especial. O que podemos concluir é que aplicação do conceito pilates em cima de todos esses sintomas pode melhorar a funcionalidade, assim como a manutenção da independência funcional. Não por trabalhos específicos, mas por correlações existentes entre os benefícios do pilates nos sintomas que esse tipo de população 72Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICASapresenta e o que a literatura atual nos fornece sobre a atividade física. O Pilates apresenta uma enorme possibilidade de movimentos, entre eles alguns demonstrados neste livro. Todos devem acontecer de forma rítmica, controlada, associando padrões respiratórios e correções posturais e quando aplicados corretamente, pode beneficiar amplamente os portadores de EM. 73Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento deste livro se deu para que exista um aporte teórico sobre o Método Pilates relacionado à patologias neurológicas. Mesmo não abordando todas as existentes, até porque são inúmeras, as principais incidentes nos dias de hoje apresentam uma abordagem mais específica neste descrito. Contudo, muito das condutas explanadas aqui podem e devem ser relacionadas a outras patologias que acometem o SN. Uma avaliação bem elaborada, mesmo que sucinta, nos mostra os pontos forte e os limitantes de cada indivíduo, seja do estado do sistema motor ou todos pormenores relacionados a ele ou a outros fatores incapacitantes, para que com isso, possamos traçar metas funcionais reais para cada um. Concentrar-se no processo de aprendizado ativo do aluno / paciente deve ser sempre a conduta adotada, exatamente o que estamos preconizando aqui. O conceito em questão irá ajudar no fortalecimento global do aluno / paciente fazendo com que ele recupere ou mantenha o controle funcional nas ABVD ou em atividades laborais. E não só isso, a aplicação dos princípios oriundos do método pode ainda prevenir ou retardar o aparecimento de alteração no sistema neuromusculoesquelético, evitando possíveis disfunções. Os exercícios que fomentam este livro foram selecionados e / ou elaborados em função das principais alterações encontradas na população acometida por patologias neurológias e que a aplicação do método pode se fazer eficiente. Só não podemos esquecer que estabilidade emocional e a motivação, são alguns dos fatores que interferem drasticamente tanto no aprendizado motor quanto no desempenho do mesmo, pois isso, incorporar nosso aluno / paciente a rotina de aula e fazer com que seja agradável e satisfatório é função primordial do profissional que aplicará a técnica. 74Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS A PRÁTICA COM O MÉTODO PILATES EXERCÍCIOS NO SOLO 75Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 1. QUATRO APOIOS OBJETIVOS Estabilizar músculos cintura escapular e pélvica, preparando-os para exercícios mais intensos. Fortalecer os flexores da coluna, trasnverso abdominal e extensores do joelho. INSTRUÇÕES 1. Em seis apoios, mãos apoiadas no solo alinhadas com ombros; joelhos apoiados no solo e abduzidos na distância dos quadris; pés apoiados no solo. Coluna e pelve neutras.Inspirare antes de iniciar o movimento. 2.Realizar a elevação dos joelhos do solo enquanto expira. 3. Retornar à posição inicial inspirarando. DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Manter o alinhamento da coluna cervical e cabeça com o restante da coluna. - Manter a coluna na neutra 76Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Evitar a retroversão da pelve - Evitar tensão no trapézio MODIFICAÇÕES - Para dificultar: quando elevar os joelhos do solo, estender um dos quadris, em direção ao teto, mantendo joelho flexionado. COMENTÁRIOS Os exercícios trabalhados em 4 apoios são benéficos para pacientes hemiplégicos e atáxicos. Exercícios com essa característica recrutam grandes grupos musculares como extensores do quadril e flexores da coluna, além de enfatizar a ativação da musculatura estabilizadora profunda. 77Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 2. QUATRO APOIOS ALTERNANCIA DE MEMBROS OBJETIVOS Manter a estabilidade das cinturas escapular e pélvica e de toda coluna na posição de 4 apoios. Fortalecer os extensores do quadril, flexores da coluna e flexores do ombro. INSTRUÇÕES 1. Em seis apoios, mãos apoiadas no solo alinhadas com ombros; joelhos apoiados no solo e abduzidos na distância dos quadris; pés apoiados no solo. Coluna e pelve neutras, inspire. 2. Realizar a extensão de um dos ombros com cotovelo estendido e a extensão do quadril e joelho da perna contralateral ao expirar. 3. Retornar à posição inicial e realizar para o outro lado. 78Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Manter o alinhamento da coluna cervical e cabeça com o restante da coluna. - Manter a coluna na neutra - Não estender a coluna cervical ou lombar - Movimentar os membros sem perder a estabilidade região escapular e pélvica - Manter o alinhamento da coluna cervical e cabeça com o restante da coluna. - Manter a coluna na neutra MODIFICAÇÕES 79Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Para facilitar: pode-se colocar uma bola apoiada na região abdominal e realizar o exercício. - Pode-se começar primeiro somente com membros superiores e depois só os membros inferiores, isoladamente. - Para dificultar: Retire o contato dos joelhos com solo, igual no exercício Quatro Apoio, e, então, realizar a alternância. COMENTÁRIOS Exige muita concentração de quem realiza. Trabalhar realizando exercícios em padrão cruzado estimula os dois hemisférios do cérebro, o que torna a tarefa bastante difícil para os pacientes com patologias neurológicas. 80Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 3. GATO OBJETIVOS Mobilizar a coluna, partindo da posição 4 apoios. Fortalecer os flexores da coluna e extensores do quadril. INSTRUÇÕES 1. Em seis apoios, mãos apoiadas no solo alinhadas com ombros; joelhos apoiados no solo e abduzidos na distância dos quadris; pés apoiados no solo. Coluna e pelve neutras, inspire. 2. Realize a flexão da coluna, mobilizando-a, iniciando do cóccix até a cabeça ao expirar. 3. Retornar à posição inicial Inspirarando. 81Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Permita durante a flexão que as escápulas protraiam, mas não tensione trapézio. - O movimento acontece de forma ascendente e descendente, nunca para frente e para trás - Não flexionar joelhos - Não hiperestender coluna cervical e lombar na volta do movimento. MODIFICAÇÕES - Realizar a mobilização com os joelhos sem o contato com o solo. - Variar o início da sequencia do movimento: primeiro começando do cóccix até a cabeça; depois aoo contrário, ou também, iniciando pela coluna torárica. - Mudar o padrão respiratório, realizar em 4 tempos de respiração. COMENTÁRIOS Exercícios de difícil aplicação, exigem muita consciência corporal e atenção para realização. 82Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 4. EXTENSÃO COM EXTENSÃO DE OMBROS OBJETIVOS Fortalecer os extensores da coluna e hiperextensores dos ombros. INSTRUÇÕES 1.Em decúbito ventral, pelve e coluna neutras. Membros superiores no ao lado do corpo. Membros inferiores com quadril aduzido e joelhos estendidos. 2.Realizar a extensão da coluna em bloco e a hiperextensão dos ombros. 3. Retornar à posição inicial. DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Não mobilizar a coluna para realizar a extensão. - Manter os olhos na direção do colchonete. 83Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Os pés não devem perder apoio com solo. - Ativação de glúteos e musculatura abdominal deve ser pedida a todo tempo. - Manter a pelve neutra. - Hiperestender os ombros um pouco além da altura da linha do corpo - Manter as escápulas sempre estabilizadas MODIFICAÇÕES - Realizara mobilização da coluna até a altura das últimas costelas. - Colocar o dorso das mãos sob a testa e realizar a extensão da coluna em bloco. COMENTÁRIOS Indicado para pessoas com hipercifose torácica. 84Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 5. ONE LEG UP AND DOWN OBJETIVOS Fortalecer os flexores do quadril e extensores do joelho. Estabilização da região lombo-pélvica. 85Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS INSTRUÇÕES 1.Em decúbito dorsal, pelve e coluna neutras, membros superiores ao lado do corpo. Um membro inferior deve estar com flexão de quadril e joelho e pé apoiado no solo; O outro membro inferior inicia com quadril em posição neutra, joelho estendido e tornozelo em flexão plantar. 2. Realize a flexão de quadril do membro inferior com o joelho estendido. 3. Retorne à posição inicial com dorsiflexão do tornozelo. DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Realizar a flexão do quadril até onde seja possível manter a pelve na posição neutra. - Evite compensações com o quadril. MODIFICAÇÕES - Posicionar os dois membros inferiores no solo com joelhos estendidos e flexionar um dos quadris até 90 graus. - Utilizar acessórios para facilitar (elásticos) ou dificultar (caneleiras). - Retirar o movimento de tornozelo facilita a execução. COMENTÁRIOS Deve-se evitar o contato do membro inferior com o solo a cada extensão do quadril, isso evita períodos de descanso durante o exercício. 86Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 6. CÍRCULO COM AS PERNAS OBJETIVOS Fortalecer músculos flexores e adutores de quadril. Estabilizar a região lombo- pélvica. INSTRUÇÕES 1.Em decúbito dorsal, pelve e coluna neutras. Membros superiores alinhados ao lado do corpo. Um membro inferior deve estar com flexão de quadril e joelho e pé apoiado no solo; O outro membro inferior inicia com quadril em posição neutra, joelho estendido e tornozelo em flexão plantar. 2. Realize a circundação do quadril. 3. Retornar à posição inicial. DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Realizar a circundação do quadril nos dois sentidos. - Evitar hiperlordose lombar. - Não deixar que o quadril oposto compense o movimento. 87Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Evitar movimentar os ombros para frente, tensionando musculatura da cintura escapular e pescoço - Começar com uma amplitude pequena de movimento. MODIFICAÇÕES - Posicionar os dois membros inferiores no solo com os joelhos estendidos e realizar o movimento com dos membros inferiores. - Utilizar acessórios para facilitar (elásticos) ou dificultar (caneleiras). - Realizar movimentos para membro superior com o auxílio de um Magic Circle. - Flexionar o joelho do membro inferior que realiza a circundução do quadril. COMENTÁRIOS Lembre-se, estamos tratando de paciente neurológicos, apesar de precisarmos de grandes movimentos, precisamos ter cautela. Por mais que o exercício seja simples, melhor iniciar com pequenas amplitudes e depois evoluir para amplitudes maiores, diminuindo o risco de lesões e de mais compensações. 88Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 7. FLEXÃO LATERAL OBJETIVOS Fortalecer flexores laterais da coluna, transverso abdominal e abdutores do quadril. INSTRUÇÕES 1. Sentado de lado, apoiado em um quadril, mantendo pelve e coluna neutras. Joelhos flexionados, o membro inferior de cima em rotação externa, pé apoiado no solo. Tronco sustentado pelo antebraço apoiado no solo, alinhando cotovelo fletido e ombro abduzido, apoiar o outro membro superior o joelho da perna de cima. 2.Realize a flexão lateral da coluna, estabilizando o ombro e as escápulas, estendendo os joelhos e mantendo o quadril estendido. O membro superior sobre a perna deve abduzir o ombro no prolongamento do corpo, formando um arco. 3. Retorne à posição inicial 89Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Manter o olhar sempre à frente, evitando rotação da cervical. - A cabeça deve acompanhar a flexão do restante da coluna. - Cuidar para não perder estabilidade do ombro de apoio. - Ativar os flexores da coluna e transverso abdominal, solicitando-os sempre; - Evitar a flexão e rotações de coluna MODIFICAÇÕES - Para dificultar, realizar com o braço de apoio com o cotovelo estendido, apoiando sobre a mão. - Para facilitar, realizar a flexão lateral mantendo o joelho de apoio, apoiado no solo. COMENTÁRIOS Quanto mais próximo os pés estiverem do corpo, maior será a amplitude de flexão lateral de coluna, quando mais afastado do corpo, menor. 90Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 8. CÍRCULOS COM OS BRAÇOS OBJETIVOS Estabilizar região lombo-pélvica e cintura escapular pelo movimento dos braços. Fortalecer os flexores e flexores horizontais do ombro. INSTRUÇÕES 1.Em decúbito dorsal, pelve e coluna neutra. Membros superiores ao lado do corpo, joelhos e quadril flexionados e pés apoiados no mat. 2.Realize a flexão dos ombros até onde as escápulas se mantenham estáveis e extenda horizontalmente os ombros, aduzindo-os na sequência. 3. Retorne à posição inicial. 91Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Não encostar os membros superiores no solo. - Realizar o movimento nos dois sentidos, partindo da abdução dos ombros. MODIFICAÇÕES - Realizar somente o movimento de flexão e extensão do ombro. - Realizar o movimento para sentindos opostos com cada membro superior. Enquanto um membro superior abduz, flexiona horizontalmente e estende, o outro flexiona, estende horizontalmente e aduz. expirar. 3. Retornar à posição inicial Inspirarando. 92Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 9. PONTE OBJETIVOS Mobilizar o quadril em flexão e extensão e coluna. Fortalecer os exetensores do quadril e coluna. INSTRUÇÕES 1.Em decúbito dorsal, pelve e coluna neutras. Mantenha os membros superiores ao lado do corpo. Joelhos e quadril flexionados e calcanhares apoiados no solo. 93Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 2.Realizar a extensão do quadril, mobilizando coluna e mantendo a dorsiflexão do tornozelo. 3. Retornar à posição inicial DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Mobilizar a coluna até a altura das escápulas. - Não apoiar o peso do corpo na coluna cervical. - Não hiperextender a coluna cervical - Manter a estabilidade da pelve. - Manter os tornozelos em dorsiflexão. MODIFICAÇÕES - Realizar a ponte com as plantas dos pés apoiadas no solo. - Realizar a ponte unilateral. COMENTÁRIOS A dorsiflexão é solicitada em função de muitos pacientes apresentarem um padrão de pé equino. 94Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 10. SIDE KICKS OBJETIVOS Fortalecer abdutores do quadril. Estabilizar região lombo-pélvica e cintura escapular. INSTRUÇÕES 1.Em decúbito lateral, pelve e coluna neutras. Manter alongamento axial. O membro superior de apoio deve estar com ombro fletido no prolongamento do corpo e cotovelo estendido, com palma da mão para baixo e cabeça repousando sobre ele. O membro superior de cima deve estar com cotovelo flexionado e a mão apoiada no solo. 2.Realizar abdução do quadril do membro inferior de cima. 3. Retornar à posição inicial 95Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Manter estabilidade região lombo-pélvica e escapular. - Manter a cabeça alinhada em conformidade com o restante da coluna, olhar para frente. MODIFICAÇÕES - Colocar o membro superiorde apoio mais a frente da linha do corpo facilita no controle do equilíbrio, aumentando a base de apoio. - Flexionar o quadril e joelho do membro inferior de apoio, aumentando a base e melhorando a estabilidade. - Manter o membro superior de cima abduzido para aumentar a dificuldade - Associar movimentos de flexão plantar e flexão dorsal do tornozelo estimulando a coordenação - Realizar a circundução do quadril quando este estiver abduzido. 96Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS A PRÁTICA COM O MÉTODO PILATES EXERCÍCIOS COM BOLA 97Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 1. ABDUÇÃO EM PÉ OBJETIVOS Estabilização da região lombo-pélvica e cintura escapular. Fortalecimento abdutores do quadril. INSTRUÇÕES 1.Em pé, corpo levemente inclinado sobre bola que está apoiada na parede. Pelve e coluna neutras. Membros inferiores aduzidos, joelhos estendidos e pés apoiados no solo. 2.Realizar a abdução do quadril do membro inferior mais longe da bola. 3.Retornar à posição inicial. 98Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Cabeça mantem-se alinhada com o restante da coluna; - Não relaxar a musculatura abdominal; - Evitar rotações de quadril; - Manter a estabilidade da coluna; MODIFICAÇÕES - Realizar movimentos de circundação do quadril em ambos sentidos; COMENTÁRIOS Exercício ótimo para estimular a lateralidade do paciente hemiparético. 99Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 2. ADUÇÃO NA BOLA OBJETIVOS Fortalecer os adutores do quadril e flexores laterais da coluna. Estabilizar cintura escapular. INSTRUÇÕES 1.Em decúbito lateral, antebraço e mão apoiados no solo com ombro abduzido e cotovelo estendido. O membro superior oposto abduzido. Quadril e joelho do membro inferior de apoio em contato com o solo. O membro inferior de cima levemente abduzido, joelho estendido e pé apoiado na bola. 2.Realizar a flexão lateral da coluna ao mesmo tempo que aduz o quadril pressionando a bola contra o solo. 3.Retorne à posição inicial. 100Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Não deixar que somente os flexores laterais da coluna contribuam para retirar o quadril do solo. - Forçar a bola para baixo com a perna para potencializar o trabalho dos adutores MODIFICAÇÕES - O membro superior de cima pode auxiliar o movimento apoiando a mão no chão à frente do tronco; - Estender joelho do membro inferior de apoio para dificultar o exercício; - Utilizar uma bola menor facilita a execução do movimento. COMENTÁRIOS Controlar quanta força será colocada tanto nos estabilizadores de tronco e cintura escapular quanto no membro inferior apoiado na bola exige muita atenção, concentração e capacidade de planejar o movimento. 101Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 3. AFUNDO NA BOLA OBJETIVOS Fortalecer extensores do quadril e joelho e alongar os flexores do quadril do membro inferior contralateral.. INSTRUÇÕES 1.Em pé, de costas para bola, um membro inferior estendido apoiado com o pe no solo; o membro inferior contralateral deve estar com joelho flexionado, quadril estendido e com o dorso do pé apoiado sobre uma bola atrás. 2.Realizar a flexão do joelho e quadril do membro inferior de apoio empurrando a bola para trás. Ao mesmo tempo, estenda o quadril do membro inferior sobre a bola. 3.Retorne à posição inicial. 102Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Não permitir que na flexão de joelho o mesmo passe a linha do dedão do pé de apoio. - Manter cada perna alinhada com seu quadril, evitando compensações e movimentos errôneos. - Manter a ativação do transverso abdominal facilita a realização do movimento. MODIFICAÇÕES 103Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Podemos realizar o exercício em frente a uma parede, com as mãos apoiadas. Dá mais segurança quando ensinamos este exercício pela primeira vez. - Manter-se em flexão de quadril e joelho do membro inferior de apoio e, então, realizar a flexão e extensão do joelho sobre a bola. - Para dificultar, associar movimentos dos braços durante a execução do exercício. COMENTÁRIOS Tomar cuidado com a solicitação da realização de dupla tarefa. Apesar de um ótimo recurso para estimular as sinapses, alguns pacientes necessitam começar a aprender tarefas mais simples, para posteriormente, evoluir para as mais complexa, como é o caso de pacientes com a Doença de Parkinson e Alzheimer. 104Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 4. AGACHAMENTO NA BOLA OBJETIVOS Fortalecer os extensores do quadril e joelho. INSTRUÇÕES 1.Em pé, apoiar a bola na parede e as costas sobre a bola. Levar os dois pés levemente à frete. Manter membros inferiores paralelos, abduzidos na distância do quadril e membros superiores ao lado do corpo. 2. Flexione o quadril e joelhos, empurrando a bola contra a parede 3. Retornar à posição inicial. 105Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Cuidar para não realizar rotação do quadril; - Manter pelve e coluna neutra durante todo o exercício; - Não transferir o peso corporal para frente e sim para a bola. - Mantenha a cabeça alinhada com o restante do troco. - Mantenha a organização entre cinturas pélvica e escapular; - Evitar que os joelhos passem a ponta dos pés da hora da flexão. - Não realizar retroversão da pelve. MODIFICAÇÕES - Para dificultar podemos associar o movimento dos membros superiores à execução do movimento proposto. - Apoiar somente o antepé e realizar a flexão do joelho e quadril dando ênfase à musculatura tríceps sural. - Realizar o exercício unilateralemnte com um dos membros inferiores em flexão de quadril e extensão de joelho, sem contato com o solo. COMENTÁRIOS O exercício parece simples, mas devemos tomar cuidado com as compensações aparentes, déficit de equilíbrio e para que o aluno não se sinta frustrado caso não consiga realizar a atividade proposta. 106Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 5. COORDENAÇÃO NA BOLA OBJETIVOS Fortalecer os flexores da coluna, transverso abdominal e flexores do quadril. Dissociar cinturas escapular e pélvica. INSTRUÇÕES 1.Em decúbito dorsal, membros inferiores em flexão de quadril e joelhos à 90 graus e ombros flexionados, cotovelos estendidos. Posicione uma bola entre as mãos e os joelhos. 2. Realizar a extensão do quadril e joelho, sem que o membro inferior encoste no solo e, simultaneamente, flexione o ombro do membro superior contralateral até o prolongamento do corpo. 3.Retorne à posição e faça com outro lado. 107Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Manter cinturas escapular e pélvica apoiadas confortavelmente no solo. - Manter a pelve e coluna neutras. - Evitar que a bola caia no chão. MODIFICAÇÕES Realizar os movimentos só dos membros superiores e, depois, só dos membros inferiores, para ganhar melhor consciência corporal e depois sim realizar o movimento completo. 108Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 6. EQUILÍBRIO EM PÉ OBJETIVOS Estimular equilíbrio na postura em pé e ativação de glúteo médio da perna de apoio. INSTRUÇÕES 1.Em pé, de frente para bola, flexione o quadril de um membro inferior e apoie o pé sobre a bola. Mantenha os membros superiores à frente do corpo.Inspire nessa posição. 2. Realizea extensão do joelho do membro inferior sobre a bola ao expirar. 3.Retorne à posição inicial inspirando. DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Cuidar para não realizar a inversão do pé de apoio - Manter a estabilidade da pelve e não permitir uma hiperlordose lombar 109Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Manter o peso do corpo no membro inferior de apoio e não no membro inferior sobre a bola. MODIFICAÇÕES - Alongar isquiotibiais quando realiza o movimento. - Movimentos dos braços podem ser explorados numa dupla tarefa do movimento. - Acessórios como: Magic Circle, Tooning Ball, elásticos ou outra bola, podem ser usados. - Fechar os olhos durante a execução do exercício pode dificultar o movimento. COMENTÁRIOS Fechar os olhos só será desafiador para o paciente se o mesmo não apresentar déficits visuais que prejudiquem seu equilíbrio quando de olhos abertos. Se isso acontecer, não ter a percepção visual facilitará no ganho de conscientização corporal e equilíbrio. 110Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 7. EQUILÍBRIO SENTADO OBJETIVOS Estimular a estabilidade da região lombo-pélvica. Fortalecer os estabilizadores do tornozelo e extensores do joelho. INSTRUÇÕES 1.Sentado na bola, em cima dos ísquios; quadris e joelhos flexionado e com pés apoiados no solo. Pelve e coluna neutras, membros superiores ao lado do corpo com as mãos repousando sobre a bola. 2.Realizar a extensão unilateral do joelho de forma alternada. 3.Retornar à posição inicial. DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Não pressionar a bola com os membros superiores. - Evitar tensão em trapézio superior; - Evitar retroversão da pelve. 111Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Para facilitar, apoiar a bola na parede. - Para dificultar, flexionar os ombros até 90 graus ou até o prolongamento do corpo. - Para dificultar, colocar um pé à frente do outro e manter o alongamento axial e a estabilidade das cinturas escapular e pélvica. 112Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 8. EXTENSÃO DE COLUNA NA BOLA OBJETIVOS Fortalecer os extensores da coluna. Estimular controle equilíbrio em decúbito ventral. INSTRUÇÕES 1.Em decúbito ventral sobre a bola. Posicione-se apoiado na altura do abdômen sobre a bola e estenda levemente a coluna, mantendo os membros superiores no prolongamento do corpo. 2.Realize a adução dos ombros e acentue a extensão de coluna. 3.Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Mesmo com o abdômen apoiado não esquecer de ativar os flexores da coluna e transverso abdominal para estabilizar pelve, assim como o glúteo máximo. 113Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Cuidar com a hiperextensão cervical durante o movimento. - Durante a atividade a bola não deve se movimentar. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, pode-se apoiar os pés na parede. - Pode-se iniciar o movimento com as mãos apoiadas no solo e depois, estenda a coluna e aduza os ombros. COMENTÁRIOS Combinação desafiadora de extensão de coluna com controle do powerhouse para manutenção do equilíbrio nesta posição. 114Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 9. PRANCHA LATERAL NA BOLA OBJETIVOS Fortalecimento dos flexores laterias da coluna e abdutores do quadril. Estabilidade região lombo-pélvica e cintura escapular. INSTRUÇÕES 1.Sentada no solo e encostada lateralmente sobre a bola, abraçando-a com ombro abduzido. Mantenha quadril e joelhos fletidos e em rotação externa. O membro superior oposto à bola deve estar acomodado sobre o joelho do mesmo lado. 2.Realize a extensão dos joelhos, flexionando lateralmente a coluna e subindo na bola até apoiar a mão no solo. 3.Mantenha a posição de prancha por alguns instantes ou retorne à posição inicial. 115Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Manter a estabilidade do ombro no braço que apoia no solo. - Observar o alinhamento para que não haja compensações pela falta de estabilidade. MODIFICAÇÕES - Realizar o exercício sem a bola. COMENTÁRIOS Este exercício é um pouco mais intenso, exigindo um controle muscular e consciência corporal maior por parte do paciente. 116Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 10. HUNDRED NA BOLA – VARIAÇÕES OBJETIVOS Fortalecer os flexores da coluna e transverso abdominal. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito dorsal, com os pés apoiados na bola, joelhos e quadris flexionados a 90 graus; mãos posicionadas atrás da cabeça com cotovelos fletidos e ombros abduzidos. 2. Realizar a flexão da coluna ao inspirar. 3. Retorne à posição inicial expirando. 117Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Não tensionar a região cervical quando elevar o tronco. - Evitar que os membros superiores se aproximem, com flexão horizontal dos ombros, no momento da flexão da coluna. MODIFICAÇÕES - Estender o quadril e joelhos quando a coluna flexiona, empurrando a bola. - Alternar movimentos de flexão de quadril, sem movimentar a bola ao flexionar a coluna. 118Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 11. PONTE NA BOLA (APOIO ESCAPULAR) OBJETIVOS Mobilizar a coluna, fortalecer extensores do quadril coluna e joelhos. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito dorsal sobre a bola, mantenha as escápulas, cervical e cabeça apoiadas na bola; os quadris e joelhos devm estar flexionados com pés apoiados no solo. 2.Realizar a mobilização de coluna, partindo da coluna lombar até à coluna torácica ao mesmo tempo que estende o quadril e o joelhos. 3.Retornar à posição inicial mobilizando primeiro a coluna torácica e por último a coluna lombar. 119Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - Mantenha o peso distribuído igualmente entre os dois pés; - Mantenha a pelve nivelada. - Cabeça e escápulas devem estar sempre em contato com a bola - Cuidar com a hiperextensão do quadril e coluna sem a ativação abdominal adequada, devido ao possível desconforto na região lombar. MODIFICAÇÕES - Realizar a extensão do quadril unilateral com somente um membro inferior em contato com o solo; - Realizar atividades com membros superiores enquanto mantemos a extensão do quadril isométrica, sem perder o nivelamento da pelve. - Associar a rotações da coluna sobre a bola, mantendo a extensão do quadril. 120Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 12. SERRA NA BOLA OBJETIVOS Alongar os extensores do quadril, rotadores, extensores e flexores laterais da coluna. Fortalecer os rotadores, flexores laterais e extensores da coluna INSTRUÇÕES 1.Sentado sobre a bola, em cima dos ísquios, mantenha os ombros abduzidos a 90 graus, quadril e joelhos flexionados e pés apoiados no solo. Mantenha o alongamento axial. 2.Realize uma rotação de coluna no próprio eixo, e, sequencialmente, flexione a coluna associando a flexão lateral da coluna e entensão do joelho, tentando alçancar o pé. Retorne das flexões e depois para a posição inicial. 121Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS - A perda de amplitude na hora da rotação da coluna são indicativos de déficit na ativação muscular dos oblíquos ou de consciência corporal. - Usar como dica verbal: “crescer a tampa da cabeça para o teto” pode ajudar no crescimento axial. MODIFICAÇÕES - Realizar o exercício em cima de uma meia lua ou uma caixa. 122Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICASA PRÁTICA COM O MÉTODO PILATES EXERCÍCIOS NO REFORMER 123Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 1.ABERTURA DOS COTOVELOS OBJETIVOS Fortalecer os extensores horizontais de ombro. INSTRUÇÕES 1. Sentado sobre o carrinho do Reformer, de frente para as alças, com pelve e coluna neutras. Os membros inferiores devem estar com joelhos estendidos e quadril aduzido ou com membros inferiores cruzados um sobre o outro. Mantenha os ombros e cotovelos flexionados a 90 graus, com a radio-ulnar supinada e as alças apoiadas cima dos cotovelos. 2. Realize a extensão horizontal do ombro com os cotovelos sempre fletidos. 3. Retorne à posição inicial. 124Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Cuidar com a anteriorização da cabeça; - Solicita que os cotovelos “cresçam” para longe; - Manter a pelve e coluna na posição neutra. - Manter cotovelos alinhados com ombros. - Manter estabilização escapular, evitando tensões na região cervical. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, sente sobre uma caixa para auxiliar na manutenção da pelve neutra devido ao encurtamento muscular e/ou falta de consciência corporal. - Para dificultar, realize o movimento diferentes posturas: ajoelhado, semi- ajoelhado ou em pé, diminuindo a base de apoio e aumentado a instabilidade. COMENTÁRIOS Movimentos realizados com os braços, sejam com o objetivo de fortalecer ou alongar, atuam diretamente na qualidade da movimentação da caixa torácica e consequente capacidade pulmonar. Tais exercícios devem ser abordados principalmente em associação à padrões respiratórios, para melhor controle fisiológico e estrutural do paciente com disfunções neurológicas. 125Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 2. ABERTURA DOS BRAÇOS OBJETIVOS Estabilizar região lombo-pélvica. Fortalecer os extensores horizontais de ombro. INSTRUÇÕES 1. Sentado sobre o carrinho do Reformer, de frente para as alças, com pelve e coluna neutras. Os membros inferiores devem estar com joelhos estendidos e quadris aduzidos ou com membros inferiores cruzados um sobre outro. Ombro flexionados e cotovelos estendidos e em rotação interna, palma das mãos voltadas para fora, segurando as alças. 2. Realize a extensão horizontal dos ombros com os cotovelos estendidos. 3. Retornar à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Cuidar com a anteriorização da cabeça; - Evitar que os ombros anteriorizem durante o movimento; - Manter a pelve e coluna na posição neutra. - Manter a estabilização escapular, evitando tensões na região cervical. - Evitar a retroversão da pelve - Manter os punhos estáveis. 126Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Para facilitar, sente sobre uma caixa para auxiliar na manutenção da pelve neutra devido ao encurtamento muscular e/ou falta de consciência corporal. - Para dificultar, realize o movimento diferentes posturas: ajoelhado, semi- ajoelhado ou em pé, diminuindo a base de apoio e aumentado a instabilidade. - Mudar o posicionamento das rádio-ulnar. COMENTÁRIOS Movimentos realizados com os braços, sejam com o objetivo de fortalecer ou alongar, atuam diretamente na qualidade da movimentação da caixa torácica e consequente capacidade pulmonar. Tais exercícios devem ser abordados principalmente em associação à padrões respiratórios, para melhor controle fisiológico e estrutural do paciente com disfunções neurológicas. 127Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 3. ARM FLEXION (SUPINE) OBJETIVOS Fortalecer os flexores do cotovelo e extensores do joelho. INSTRUÇÕES 1. Deitado em decúbito dorsal sobre o carrinho do Reformer, com os membros inferiores na direção das cordas com quadril e joelho felitods a 90 graus; os membros superiores devem estar ao longo do corpo a radio-ulnar pronada segurando as alças com as mãos. 2. Inspire e então flexione o cotovelo ao expirar. 3.Retornar à posição inicial inspirando. DICAS E CUIDADOS - Muitas vezes a movimentação do carrinho com o movimento dos cotovelos 128Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS gera insegurança no paciente; - Cuidar com os cabelos compridos para que não se prendam na mola; - Caso o paciente seja muito alto, podemos retirar o apoio de ombros para melhor acomodá-lo. - Evite flexionar os joelhos ou estender o quadril. - A pelve e a coluna devem permanecer neutras. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, diminua a resistência das molas. - Para dificultar, associe movimentos dos membros inferiores aos dos braços. - Fazer uso de acessórios nos membros inferiores. Pode-se utilizá-los entre tornozelos para ativar musculatura adutora ou por fora dos tornozelos para ativar musculatura adutora do quadril. - Mudar o posicionamento da radio-ulnar, realizando o movimento em supinação. COMENTÁRIOS Pacientes hemiparéticos que apresentam déficit de resposta motora nesta região em função do padrão flexor adotado pela espasticidade, podem ser estimulados a realizar somente a flexão de punho em pronação ou o movimento completo. Caso o paciente não consiga segurar a alça em função desse padrão, podemos auxiliar num movimento ativo assistido, porém nunca amarrar a mão do paciente junto aos equipamentos. 129Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 4. SHOULDER EXTENSION (CAT POSITION) OBJETIVOS Estabilizar região lombo-pélvica. Fortalecer flexores do ombro e flexores da coluna juntamente com o trasnverso abdominal. Trabalhar a dissociação de cinturas escapular e pélvica, mantendo a conformidade entre as duas. INSTRUÇÕES 1. Em posição de seis apoios sobre o carrinho do Reformer, mãos alinhadas com os ombros e posicionadas na parte fixa do reformer. Enquanto isso, os pés devem estar alinhados com joelhos, e estes com os quadris e encostados no apoio de ombros. Mantenha a pelve e coluna neutras. 2. Realize a flexão dos ombros. 3. Retorne à posição inicial 130Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Manter sempre os joelhos na mesma linha dos quadris, ou seja, não sentar nos calcanhares. - Não travar os cotovelos em extensão. - Estabilizar as escápulas. - A cabeça deve acompanhar o alinhamento do restante da coluna. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, colocar molas menos resistentes. - Para dificultar, colocar molas mais resistentes ou executar o exercício de maneira unilateral. COMENTÁRIOS A postura em quatro apoios funciona como educativo para o paciente aprender a estabilizar musculatura profunda da coluna lombar. É importante manter um correto posicionamento, como o que foi descrito aqui, para que a prática de alguns exercícios não acarrete compensações, dores e possíveis lesões. O paciente hemiplégico com padrão espástico flexor em membro superior beneficia-se deste exercício pela co-contração e contração ativa da musculatura de membros superiores. Caso o paciente não consiga manter o posicionamento do membro superior adequadamente, o instrutor deve ajudá-lo. 131Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 5. HIP EXTENSION (CAT POSITION) OBJETIVOS Estabilizar região lombo-pélvica. Fortalecer os estabilizadores de ombros, extensores do quadril e joelhos, flexores da coluna e transverso abdominal. Trabalhar dissociação de cinturas escapular e pélvica, mantendo a conformidade entre as duas. INSTRUÇÕES 1. Em posição de seis apoios sobre o carrinho do Reformer, mãos alinhadas com os ombros e posicionadas na parte fixa do reformer. Os pés devem estar alinhados com joelhos, e este com os quadris e encostados no apoio de ombros. Pelvee coluna neutras. 2. Realize extensão do quadril e joelho. 3. Retornar à posição inicial. 132Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Não travar os cotovelos em extensão; - Estabilizar escápulas - A cabeça deve acompanhar o alinhamento do restante da coluna. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, colocar molas menos resistentes. - Para dificultar, colocar molas mais resistentes ou executar o exercício de maneira unilateral. COMENTÁRIOS Os exercícios em quatro apoios, além de recrutar grandes grupos musculares, também auxiliam no controle neuromuscular. Tal postura faz parte do processo de desenvolvimento motor normal e, quando atendemos pacientes com alterações neurológicas, precisamos entender que a memorização de aquisições motoras são facilitadores e parte integrante no surgimento de novas habilidades funcionais. 133Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 6. COMBINATION MOVEMENT SHOULDER AND HIP (CAT POSITION) OBJETIVOS Estabilizar dinamicamente e manter alinhamento do tronco. Fortalecer flexores dos ombros, extensores do quadril e joelho, flexores da coluna e trasnverso abdominal. 134Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS INSTRUÇÕES 1. Em posição de seis apoios sobre o carrinho do Reformer. Alinhe as mãos com os ombros e as posicione na parte fixa do Reformer. Os pés devem estar alinhados com joelhos, e este com os quadris e encostados no apoio de ombros. Pelve e coluna neutras. 2. Realize a flexão do ombro e posteriormente a extensão do quadril e joelhos. 3. Retorne à posição inicial, iniciando pela extensão do ombro e posteriormente flexão do quadril e joelhos. DICAS E CUIDADOS - Não travar os cotovelos em extensão. - Estabilizar as escápulas. - A cabeça deve acompanhar o alinhamento do restante da coluna. - Coordenar o movimento em fases e não realizar todos os movimentos de uma só vez. COMENTÁRIOS Pacientes hemiplégicos com padrão espástico flexor em membro superior beneficia-se deste exercício pela co-contração e contração ativa dos músculos dos membros superiores. Caso o paciente não consiga manter o posicionamento dos membros superiores adequadamente o instrutor deve ajudá-lo. 135Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 7. FLYING LONG BOX OBJETIVOS Fortalecer os extensores da coluna, quadril e ombros. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito ventral, deitado sobre a caixa na altura do inicio do esterno. Os membros inferiores devem estar com joelhos estendidos e quadris aduzidos. Os membros superiores devem estar em extensão, segurando as cordas com as mãos e cotovelos também estendidos. 2. Realize a extensão dos ombros até a linha do quadril. 3.Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Não aumentar o grau de extensão da coluna; - Não realizar hiperextensão da cervical; - Manter os quadris sempre levemente estendidos. - Manter ativação do powerhouse durante todo movimento. 136Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Para facilitar, utilizar molas menos resistentes ou diminuir a amplitude do movimento; - Realizar adução e abdução do ombro. - Para dificultar, associar extensão de coluna ao movimento dos ombros, - utilizar algum acessório para adução do quadril, ou aumentar a amplitude de movimento, partindo de uma flexão da coluna. 137Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 8. FOOTWORK SIDE OBJETIVOS Fortalecer extensores do quadril e joelho e adutores do quadril da perna de apoio. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito lateral sobre o carrinho do Reformer, pelve e coluna neutra. A cabeça deve estar apoiada sobre o apoio de cabeça elevado. O membro superior de baixo deve estar segurando apoio de ombro com o cotovelo flexionado. O membro superior de cima deve estar com a mão apoiada na frente do corpo com votovelo fletido. Mantenha o membro inferior de apoio no prolongamento do corpo com joelho estendido e quadril aduzido. O membro inferior de cima deve estar com quadril e joelho flexionados e com o pé apoiado na barra de pés. 2. Realize a extensão do quadril e joelho da perna de cima. 3.Retorne à posição inicial. 138Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Não permitir que a perna debaixo encoste no aparelho. - Colocar uma bolinha murcha como apoio de cabeça; - Manter a cabeça alinhada com o restante do corpo; - Não permitir que o paciente faça uma hiperextensão lombar ao final do movimento; - Manter estabilidade da região lombo-pélvica e cintura escapular. - Estenda completamente o joelho e quadril, sem travar. - Não pressionar o carrinho com o ombro. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, utilizar molas menos resistêntes; - Para dificultar, utilizar molas mais resistentes. - Realizar o exercício com o ombro abduzido. - Realizar o exercício com rotação externa de quadril. 139Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Realizar o exercício com apoio do antepé na barra de pés. - Para dificultar, utilizar uma caneleira na perna de baixo como resistência à adução do quadril. COMENTÁRIOS É um exercício fundamental para reeducação motora. Além de estimular a lateralidade, também estimula a consciência corporal para realizar a passada na marcha. 140Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 9. FRONT SPLITS OBJETIVOS Alongar os flexores e extensores do quadril, ao mesmo tempo, fortalecer os extensores do quadril e joelho. INSTRUÇÕES 1. Em pé, ao lado do carrinho, mantenha um pé no solo perto do início do Reformer com joelho e quadril semi-flexionado. O outro membro inferior deve estar sobre o carrinho do Reformer, com joelho semi-flexionado e quadril levemente estendido e pé sobre o apoio de ombros. Segure a barra de pés com as mãos. 2. Realize a flexão do joelho e quadril do membro inferior de apoio empurrando o carrinho para trás enquanto o membro inferior contralateral estende o quadil e joelho. 3.Retorne à posição inicial. 141Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Deve-se manter o alinhamento da pélve durante todo o movimento; - Mantenha o joelho sempre apoiado no carrinho. - Não realizar a hiperextensão da lombar. MODIFICAÇÕES - Posicionar o membro inferior de apoio mais a frente. - Retirar o joelho do apoido do carrinho. - Estender o joelho do membro inferior de apoio ao realizar o movimento COMENTÁRIOS O movimento de avanço é um importante educativo para melhorar a qualidade das trocas posturais que realizamos com nossos pacientes. Principalmente vindo de posturas mais baixas para as mais altas, como sentado para o de pé. 142Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 10. LEG SERIES – ON LEG OBJETIVOS Estabilizar região lombo-pélvica. Fortalecer flexores e extensores do quadril simultaneamente. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito dorsal sobre o carrinho do Reformer, posicione uma alça na planta em de um dos pés. Inicie com os quadris flexionados a 90 graus e joelhos estendidos. Mantenha os membros superiores ao longo do corpo. 2. Realize a extensão dos quadris até onde se consiga manter a pelve neutra. 3.Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Certifique-se de que a alça que não será utilizada está travada. - Manter a estabilidade da região lombo-pélvica durante todo o movimento 143Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Flexionar o quadril no início do movimento até onde a pelve consiga se manter na neutra, não necessariamente até 90 graus. MODIFICAÇÕES - Realizar movimentode flexão e extensão dos joelhos. - Realizar movimentos de circundução do quadril. - Associar movimento dos de membros superiores COMENTÁRIOS Muita atenção e concentração deve ser dada a este exercício. Existe a necessidade de ativar o powerhouse para manter a estabilidade pélvica. Enquanto um membro inferior ativa os flexores de quadril o membro contralateral ativa os extensores, essa diferença de contração de segmento para o outro, ao mesmo tempo, carece de uma seletividade estimula a coordenação neuromucular. 144Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 11. REMADA (SENTADA E AJOELHADA) OBJETIVOS Fortalecer os extensores do ombros e flexores do cotovelo. INSTRUÇÕES 1. Sentada de frente para as alças, sobre o carrinho do Reformer, mantenha os membros inferiores cruzados com joelhos flexionados e quadril flexionado em rotação externa. Os membros superiores deveme star à frente do corpo com cotovelos estendidos e segurando as alças com as mãos. 2. Realize a flexão dos cotovelos e extensão dos ombros. 3.Retorne à posição inicial. 145Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Sentar em cima de uma caixa, caso exista a necessidade, para melhorar o alinhamento corporal e ajudar a mante a estabilização lombo-pélvica. - Sentar com os joelhos estendidos e quadris alinhados. - Começar com a radio-ulnar em pronação e supinar até a posição neutra durante o movimento. - Para dificultar, realizar o exercício na posição ajoelhada ou em pé. COMENTÁRIOS Realizar na posição ajoelhado exige maior controle. 146Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 12. ROTATION OR TWIST OBJETIVOS Estabilização da região lombo-pélvica e cintura escapular. Fortalecimento dos rotadores da coluna. INSTRUÇÕES 1. Sentado sobre o Reformer, com pernas cruzadas, de lado para os apoios de ombro. Inicie o movimento em rotação da coluna em direção às alças. Mantenha os membros superiores à frente do corpo com cotovelos fletidos e mãos unidas segurando as alças. 2. Realize a rotação da coluna em direção à barra de pés. 3.Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Não permita que movimentos de membros superiores. 147Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Busque sempre o alongamento axial. - Mantenha a pelve alinhada durante todo movimento. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, posicione um Magic Circle apoiado entre o processo xifoide e as mãos, auxiliando na consciência do movimento. - Realizar sentado sobre uma caixa mais alta. - Para dificultar, realizar o exercício na posição ajoelhada. COMENTÁRIOS Este exercício exige muita consciência corporal. 148Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 13. SHOULDER EXTENSION OBJETIVOS Estabilizar região lombo-pélvica e cintura escapular. Fortalecer os extensores do ombro. INSTRUÇÕES 1. Ajoelhada sobre o carrinho do Reformer, de frente para as alças e com os joelhos apoiados no apoio de ombros. Segure as alças com as mãos mantendo a radio-ulnar em pronação e cotovelos estendidos. 2. Realize a extensão dos ombros. 3. Retorne à posição inicial. 149Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Cuidar com o movimento inicial, paciente não uma consciência corporal adequada pode se desequilibrar e cair. - Os pés devem permanecer apoiados sobre o carrinho. - Não anteriorizar os ombros durante a execução do movimento. MODIFICAÇÕES - Realizar o exercício na posição sentada com joelhos estendidos e membros inferiores cruzados um sobre o outro. - Para dificultar, pode-se modificar o padrão respiratório. - Para dificultar, pode-se realizar a extensão dos ombros, mantê-la e realizar a rotação da coluna cervical para os dois lados, e após, alinhar a cervical e retornar à posição inicial. COMENTÁRIOS Cuidar com a intensidade das molas, se muito resistentes podem desequilibrar o aluno para frente, se pouco resistentes o aluno terá maior dificuldade de manter a estabilidade do tronco. Associar padrões respiratórios com movimento da cabeça pode ser benéfico para melhorar a capacidade pulmonar e o controle durante a movimentação. Se for realizar a rotação da coluna cervical faze-lo de forma lenta. 150Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 151Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 14. SKIN MODIFIED OBJETIVOS Fortalecer estabilizadores quadril da perna de apoio assim como os extensores de quadril e joelho. Alongar os flexores do quadril do membro inferior sobre o aparelho e o extensore do membro contralateral. INSTRUÇÕES 1. Em pé, ao lado do Reformer, posicione um membro inferior apoiado na base do carrinho e com joelho flexionado. Os membros superiores devem estar ao longo do corpo. 2. Realizar a flexão do joelho e quadril do membro inferior de apoio. Ao mesmo tempo estenda o quadril e o joelho do membro inferior sobre o carrinho, empurrando-o. Ainda, flexione os ombros a 90 graus. 3.Retorne à posição inicial. 152Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Não permitir que rotações do joelho. - Não realizar uma hiperextensão lombar. - Manter pelve e coluna sempre neutras. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, pode-se segurar a barra de pés com as mãos. - Para dificultar, pode-se fechar os olhos durante a realização do movimento. - Associar movimentos de membros superiores concomitantes ao de membros inferiores; - Acessórios podem ser acrescentados para dificultar o exercício. COMENTÁRIOS Este é um exercício difícil que exige muito controle de powerhouse para equilibra-se na posição e realizar o movimento. Tomar cuidado ao exolher a ressitência das molas. Molas muito resistentes podem desequilibrar o aluno. 153Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS A PRÁTICA COM O MÉTODO PILATES EXERCÍCIOS NO CADILLAC 154Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 1. ELBOW KNEELING EXTENSION OBJETIVOS Fortalecer os estensores do cotovelo, flexores da coluna e trasnverso abdominal. INSTRUÇÕES 1. Ajoelhada, entre os postes verticais do Cadillac. Segure a barra de madeira com as mãos, com molas vindas de trás. Iincline levemente o tronco para frente com a radio-ulnar pronada, mantendo ombros e cotovelos a 90o. 2. Inspire antes de iniciar e realize a extensão dos cotovelos expirarando. 3. Retorne à posição inicial inspirarando. 155Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - A inclinação é realizada pela extensão do joelho; - Não realizar hiperextensão lombar; - Oriente o posicionamento correto dos ombros, punhos e cabeça, mesmo durante a execução. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, utilize molas menos resistentes. - Ao invés da barra de madeira, podemos utilizar as alças de mão para realizar o exercício de forma unilateral. - Para dificultar, feche os olhos durante a realização do exercício, ou utilizar molas mais resistentes. - Realizar na postura semi-ajoelhada. - Realizar o exercício em pé. COMENTÁRIOS Pacientes hemiparéticos apresentam grande incidência de lesões de ombro do lado não acometido. Dessa forma, visto que este exercício é indicado para estabilização da cintura escapulo-umeral se torna uma boa opção. O exercício é contra-indicado para pacientes com lesões agudas de escápula, ombro e/ou cotovelo. Pacientes idosos e/ou com dificuldade de subir no Cadillac podem realizar este exercício em pé ao lado do aparelho, ajustando a barra às suas necessidades. 156Karla Vergaças Seleme PILATESNAS patologias NEUROLÓGICAS Lembrando que trabalhar as posturas ajoelhadas e semi-ajoelhada são importantes no processo de aprendizado motor, principalmente de pacientes com desequilíbrios musculares que provoquem uma assimetria corporal por influencia de alterações de tônus e também por apresentarem déficit de equilíbrio. O fechamento dos olhos durante a execução do exercício pode facilitar o mesmo quando o paciente apresenta alguma alteração visual, como diplopia. Entretanto, pode dificultar em função da manutenção do equilíbrio na postura ajoelhada e consciência corporal durante a realização do movimento com a perda da referencia visual. 157Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 2. MERMAID WITH ARM FLEXION OBJETIVOS Fortalecer os flexores laterais da coluna e flexores do cotovelo. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito lateral, mantenha a pelve e coluna neutras. Posicione o membro superior de apoio com cotovelo estendido sob a cabeça. O membro superior de cima deve estar com o ombro semi-abduzido e segurando a alça com a mão. Mantenha um quadril fletido e outro estendido, com os pés apoiados nas baras verticais do Cadillac. 2. Inspire e realize a flexão lateral da coluna, ao mesmo tempo que flexiona o cotovelo em direção ao ombro expirarando. Permita a adução do membro superior de apoio. 3. Retorne à posição inicial inspirando. 158Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Evite sobrecarga no punho; - Evite “prender” o membro superior que fará a flexão do cotovelo próximo ao corpo, mantenha o alinhamento. - Mantenha o alinhamento pélvico. - A cabeça e a coluna cervical deve acompanhar o movimento d e flexão lateral da coluna. - Não realizar a hiperextensão lombar; MODIFICAÇÕES - Ao utilizar molas menos resistentes a flexão do cotovelo fica facilitada, enquanto a flexão lateral da coluna se torna mais difícil. - Ao utilizar molas mais resistêntes se dificulta a flexão do cotovelo, porém facilita-se a flexão lateral da coluna. - Posicionar a radio-ulnar do membro inferior de apoio em supinação e, quando realizar a flexão lateral da coluna, tirá-la do apoio mantendo a abdução do ombro. COMENTÁRIOS Indicado para quem tem déficit de lateralidade e equilíbrio. Observar atentamente a estabilidade da cintura escapular. A mudança no posicionamento das pernas, invertendo-as, poderá aumentar a ativação muscular por desafiar estabilidade pélvica, e, dependendo das alterações de tônus ou características musculares do paciente, pode facilitar ou dificultar o movimento. 159Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 3. ABDUCTION STANDING OBJETIVOS Fortalecer musculatura abdutora do quadril. INSTRUÇÕES 1. Em pé, em cima do Cadillac e de frente para barra horizontal segure a barra com as mãos. Prenda a alça de pés no membro inferior mais distante e inicie o movimento em leve flexão do quadril. 2. Realize a abdução do quadril ao expirar. 3. Retorne à posição inicial ao inspirar. 160Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Manter a coluna sempre alinhada e neutra, evitando rotações e flexões; - Manter o alinhamento pélvico - Evitar sobrecarga na cintura escapular; - Estimular o alongamento axial; - Manter a extensão dos joelhos durante todo o movimento. MODIFICAÇÕES - Para dificultar, retira uma das mãos do apoio. COMENTÁRIOS Indicado como educativo para pacientes com dificuldade na marcha por oferecer estímulos de fortalecimento da musculatura estabilizadora do quadril e coluna. O glúteo médio, responsável pela abdução do quadril tem função estabilizadora e são recrutados durante diversos movimentos de vida diária. O trabalho dos estabilizadores da marcha deve ser priorizado uma vez que esta habilidade é uma das mais prejudicadas por patologias neurológicas. 161Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 4. ADUCTION STANDING OBJETIVOS Fortalecer musculatura adutora do quadril INSTRUÇÕES 1. Em pé, em cima do Cadillac e de frente para barra horizontal segure a barra com as mãos. Prenda a alça de pés no membro inferior mais próximo e inicie o movimento em leve flexão do quadril. 2. Realize a adução do quadril ao expirar. 3. Retorne à posição inicial ao inspirar. 162Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Manter a coluna sempre alinhada, evitando rotações e flexões; - Manter a estabilidade e alinhamento pélvicos. - Evitar a sobrecarga na cintura escapular; - Estimular o alongamento axial; - Manter os joelhos estendidos durante todo movimento; MODIFICAÇÕES - Para dificultar, retire uma das mãos do apoio na barra horizontal; COMENTÁRIOS Indicado como educativo para pacientes com dificuldade na marcha por oferecer estímulos de fortalecimento da musculatura estabilizadora do quadril e coluna. Os adutores do quadril são responsáveis pela estabilização da pelve e são recrutados durante diversos movimentos de vida diária. O trabalho dos estabilizadores da marcha deve ser priorizado uma vez que esta habilidade é uma das mais prejudicadas por patologias neurológicas. 163Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 5. EXTENSION WITH CROSS SPRING OBJETIVOS Fortalecimento dos extensores do quadril e coluna, abdutores do quadril e flexores plantares do tornozelo. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito dorsal, um membro inferior em flexão de quadril e joelho e pé apoiado no solo; o outro membro inferior deve estar em flexão de quadril e extensão de joelho com alça oposta fixa na planta do pé. Segure as barras verticais com as mãos, tendo ombros fletidos e cotovelos semi-flexionados. 2. Inspire antes de iniciar e expire realizando a extensão do quadril com leve abdução até a amplitude em que se mantêm a pelve e lombar neutras 3. Retorne à posição inicial inspirando. DICAS E CUIDADOS - Não realizar hiperextensão lombar ou cervical, mas também não retificá-las. 164Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Manter a pelve na posição neutra. - Evitar tensionar a cintura escapular; - Manter a perna contralateral estável; MODIFICAÇÕES - Quanto mais baixa a fixação da mola, menor será a resistência para extensão do quadril e maior será a necessidade de ativação dos flexores do quadril. - Quanto mais alta a fixação da mola, maior será a resistência para extensão. - Para dificultar, posicione os membros superiores ao longo do corpo ou - combine a circundução do quadril nos dois sentidos. COMENTÁRIOS A alça cruzada faz com que os músculos abdutores tenham que ser ativados para vencer a tendência de adução do quadril promovida pelas molas. 165Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 6. ARM FLEXION OBJETIVOS Fortalecimento dos flexores do cotovelo. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito dorsal, joelhos e quadris flexionados com pés apoiados no solo. Posicione os membros superiores ao lado do corpo, cotovelos estendidos e radio- ulnar pronada, segurando as alças com as mãos. 2. Inspire e realize a flexão do cotovelo expirando. 3. Retorna à posição inicial inspirarando. DICAS E CUIDADOS - Manter pelve e coluna na posição neutra. - Evitar tensão na cintura escapular. - Evitar abdução dos ombrosdurante a realização do movimento. - Evitar movimentos de flexão do punho durante a flexão do cotovelo 166Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Manter o quadril flexionado a 45 graus e joelhos estendidos sem apoio dos pés com o solo. - Realizar somente o movimento de extensão e flexão dos punhos - Realizar a flexãocotovelo, com a radio-ulnar em supinação. - Realizar o exercício alternadamente. COMENTÁRIOS Apesar de um paciente hemiparético apresentar padrão flexão de membro superior, fortalecer essas estruturas se faz importante, uma fez que musculaturas com aumento de tônus não podem ser consideradas fortes. Além disso, não foram encontrados dados na literatura pesquisada que indica aumento do padrão patológico ao fortalecer essas estruturas. 167Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 7. COORDENATION STANDING OBJETIVOS Fortalecer os flexores do ombro, extensores do cotovelo, rotadores e flexores da coluna, assim como o trasnverso abdominal. INSTRUÇÕES 1. Em pé de costas para o aparelho, posicione os membros inferiores abduzidos na largura dos quadris. Segure as alças com as mãomantendo os cotovelos fletidos e radio-ulnar neutra. 2. Alternadamente realize a flexão do ombro, extensão do cotovelo e pronação da radio-ulnar simultaneamente. Ao mesmo tempo, flexione o quadril contralateral e apoie o pé à frente com leve flexão do joelho. O membro inferior de apoio irá estender o quadril como consequência do movimento. 3. Retorna à posição inicial. 168Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Não realizar hiperextensão lombar; - Não realizar a anteriorização da cabeça; - Manter a coluna estável, sem rotações ou flexões contra as tendências. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, realize somente movimento dos membros superiores. - Para facilitar realizar o exercício de forma concentrada. COMENTÁRIOS Indicado para pacientes com patologias que acarretem déficit de equilíbrio dinâmico e de coordenação motora, especialmente patologias que causem alterações na dinâmica da marcha. Se o paciente apresentar algum déficit de equilíbrio já pré-instalado, como uma ataxia ou uma alteração de tônus, molas de baixa resistência irão dificultar ainda mais a execução do exercício. Vale inicialmente utilizar molas de maior resistência para que ele consiga os benefícios oriundos da coordenação e não se sinta frustrado com a não realização do exercício. 169Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 8. FLYING OBJETIVOS Fortalecer os extensores da coluna e do cotovelo. Alongar os flexores do ombro e da coluna. INSTRUÇÕES 1. Decúbito ventral sobre o cadillac. Mantenha os ombros estendidos com flexão dos cotovelos apoiados sobre a coluna lombar segurando as alças nas mãos. Mantenha a cervical alinhada e inspire antes de iniciar o movimento. 2. Realize extensão da coluna cervical e torácica e lombar, mobilizando-as. Ao mesmo tempo estenda os cotovelos e hiperestenda os ombros ao expirar. 3. Retorne à posição inicial inspirarando. 170Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Não realizar hiperextensão da coluna cervical. - Manter a estabilidade escapular. - Ativar musculatura abdominal durante todo o movimento. MODIFICAÇÕES - Realizar somente movimento dos membros superiores; - Colocar acessórios para auxiliar na ativação da musculatura adutora do quadril como uma bola pequena ou o Magic Circle. COMENTÁRIOS Pacientes com doença de parkison, que apresentam padrão flexor corporal, necessitam de exercícios de extensão da coluna para melhora da consciência corporal e alinhamento global. A capacidade pulmonar, juntamente com os movimentos da caixa torácica devem ser enfatizados nestes pacientes. As molas de maior resistência facilitam e auxiliam o movimento de extensão do ombro e coluna. 171Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 9. FLYING 2 OBJETIVOS Fortalecer extensores de coluna e extensores do ombro. Alongar os flexores da coluna. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito ventral sobre o Cadillac. Mantenha os membros superiores no prolongamento do corpo segurando as alças com as mãos. Inspire antes de iniciar o movimento. 2. Realize extensão da coluna cervical e torácica e extensão dos ombros ao expirar. 3. Retorne à posição inicial inspirarando. 172Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Não realizar hiperextensão da coluna cervical. - Manter a estabilidade escapular. - Ativar musculatura abdominal durante todo o movimento. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, realize somente movimento de membros superiores. - Pode utilizar acessórios para estimular a ativação da musculatura adutora do quadril, como uma bola pequena ou Magic Circle. - Para dificultar, inverter o padrão respiratório. COMENTÁRIOS Quando invertemos o padrão respiratório nos movimentos de extensão de coluna, estimulamos a expiração a ser realizada no curso do movimento, para que com ela, ativando os músculos abdominais, exista suporte para facilitar e estabilização lombo-pélvica evitando que uma hiperextensão lombar. Para algumas pessoas inverter o padrão torna-se muito difícil para coordenação da respiração com o movimento, o que é normal, visto que o padrão respiratório invertido vai “contra” a mecânica normal do movimento. 173Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 10. LOW TRÍCEPS OBJETIVOS Fortalecer os extensores do cotovelo. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito dorsal, joelho e quadris flexionados e pés apoiados no aparelho. Segurar a barra torre com as mãos com os ombros e cotovelos flexionados a 900. A barra torre deve estar presa a molas ascendentes. Inspire antes de iniciar o movimento. 2. Realize a extensão do cotovelo ao expirar. 3. Retorne à posição inicial inspirarando. DICAS E CUIDADOS - Não realizar hiperextensão da cervical. 174Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Manter a estabilidade escapular. - Ativar musculatura abdominal durante todo o movimento. - Evitar sobrecarga sobre os punhos. MODIFICAÇÕES - Pode-se utilizar acessórios para estimular a ativação dos adutores de quadril como uma bola pequena ou o Magic Circle. - Colocar uma bola sob os membros inferiores em flexão de quadril e joelhos a 90 graus. - Alterar o padrão respiratório: Inspirar em 3 tempos flexionando os cotovelos e expirar em 1 tempo fazendo a extensão completa do cotovelo. COMENTÁRIOS Podemos variar o padrão respiratório para melhorar expansibilidade da caixa torácica e para aumentar o tempo de ativação concêntrica dos extensores do cotovelo. 175Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 11. OFFERING 176Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS OBJETIVOS Fortalecer os extensores do cotovelo e flexores dos ombros. INSTRUÇÕES 1. Sentada, de costas para as alças de mãos, mantenha os membros inferiores com joelhos estendidos e quadris aduzidos. Inicie o movimento com os cotovelos flexionados a 90 graus segurando as alças com as mãos tendo a radio-ulnar em supinação. 2. Realize a extensão do cotovelo e flexão ombros ao expirar. 3. Retorne à posição inicial inspirando. DICAS E CUIDADOS - Não realizar hieperextensão ou flexão lombar. - Não realizar hiperextensão da coluna cervical. - Manter a estabilidade escapular e pélvica. - Manter alinhamento dos punhos. - Ativar musculatura abdominal durante todo o movimento. MODIFICAÇÕES - Para dificultar, utilizar molas mais resistentes. - Pode-se utilizar acessórios para proporcionar ativação dos adutores do 177Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS quadril, como uma bola pequena ou um Magic Circle. - Para facilitar, pode-se sentar sobre umacaixa ou outro apoio caso paciente não consiga manter a pelve neutra com os joelhos estendidos. - Para facilitar, pode-se sentar com quadrilabduzido e joelhos flexionados envolvendo o aparelho com os membros inferiores. - Para daptar, flexionar levemente os joelhos em busca do correto posicionamento da pelve pode ser uma alternativa; - Alternar movimentos de pronação e supinação da radio-ulnar. - Após a realização da flexão de ombro e extensão de cotovelo, realizar a extensão horizontal dos ombros e depois retornar à posição inicial. COMENTÁRIOS Paciente com doença de parkison, esclerose múltipla, hemiplegias, entre outras patologias que apresentam padrão flexor corporal, se beneficiam de exercícios sentados, pois é nesta posição que os eretores de coluna são mais recrutados para a manutenção da postura e consequente ganho de consciência corporal e alinhamento global. A capacidade pulmonar, juntamente com os movimentos da caixa torácica devem ser enfatizados nestes pacientes. 178Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 12. POSTURAL CHANGE OBJETIVOS Fortalecer os extensores do quadril e joelhos, estimular o equilíbrio dinâmico. INSTRUÇÕES 1. Em pé, de frente para as barras verticais, com as molas fixas através das alças de coxa acima dos joelhos. Inspire antes de iniciar o movimento. 2. Realize a flexão do joelho e quadril do membro inferior à frente e a extensão do quadril e flexão do joelho do membro inferior atrás ao expirar. 3. Retornar à posição inicial inspirando e realize o movimento alternadamente. DICAS E CUIDADOS - Evitar transferir o peso corporal para o membro inferior atrás 179Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Solicitar ao paciente que “empurre o chão com o pé da frente” para retornar à posição inicial. - Evitar a inversão do tornozelo. - O membro inferior de trás também deve auxiliar no movimento de retorno à posição inicial. - Ativar músculos do powerhouse para auxiliar na estabilidade do tronco. - Estabilizar cintura escapular. MODIFICAÇÕES - Se o paciente necessitar ele pode segurar-se com as mãos nas barras do aparelho. - Associar exercícios com membros superiores para dificultar. COMENTÁRIOS Indicado para auxiliar pacientes com dificuldade nas trocas posturais, na marcha e com déficits de equilíbrio. As molas estão inseridas no contexto do exercício para facilitar a passagem da postura semi-ajoelhada para em pé. Pacientes com patologias neurológicas apresentam dificuldades nas trocas posturais com consequente impacto na realização de atividades funcionais. Podemos facilitar utilizando molas mais pesadas e diminuir a intensidade progressivamente até que o paciente não precise mais de auxílio. 180Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 13. ROLLING BACK WITH ROTATION OBJETIVOS Fortalecer musculatura extensora da coluna e do quadril, flexores do cotovelo e extensores horizontais do ombro. INSTRUÇÕES 1. Sentada, de frente para as molas segure as alças com as mãos. Mantenha os joelhos estendidos e os ombros fletidos à frente do corpo. 2. Realize a extensão da coluna e do quadril, mobilizando-a. Simultaneamente, associe a rotação da coluna com a flexão do cotovelo e extensão horizontal do ombro para o mesmo lado. 3. Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Mantenha os membros inferiores apoiados no aparelho o tempo todo. - A pelve deve se manter neutra durante todo o movimento. 181Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Evitar anteriorização da cabeça; - Caso paciente apresente muito encurtamento muscular em extensores do quadril pode-se flexionar levemente os joelhos para facilitar. MODIFICAÇÕES - Realizar o movimento por partes, primeiro a extensão da coluna e depois a rotação. - Associar com padrões de contagens invertidos, como contar até 10 de trás para frente, por exemplo. COMENTÁRIOS Indicado para pessoas com desvios posturais e pessoas que apresentem distúrbios de lateralidade ou assimetria corporal muito intensa. O profissional precisa saber graduar bem a escolha da intensidade da mola aplicaca aos pacientes. Neste caso, se ela for muito resistente o paciente terá dificuldade em extender a coluna, dificultando a mobilização da coluna. 182Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 14. SHOULDER BRIDGE OBJETIVOS Mobilizaçao de coluna e fortalecimento dos extensores do quadril, joelho e coluna. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito dorsal, com os membros superiores ao longo do tronco, quadril e joelhos flexionados e pés apoiados no aparelho. Posicione as alças acima dos joelhos. 2. Realize a extensão do quadril e joelhos mobilizando a coluna. 3. Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Mantenha o alinhamento dos tornozelos, joelhos e quadris, não deixando que o quadril abduza ou aduza. 183Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Utilizar molas de menor resistência dificulta a extensão do quadril. - Para dificultar, flexione os ombros até 90 graus. - Para dificultar, associe movimentos de membros inferiores e superiores, utilizando ou não por acessórios. - Realizar o exercício em flexão plantar. - Realizar a extensão do quadril de maneira unilateral, com o membro contralateral sem contato com o solo, associando movimentos de flexão e extensão de joelhos e/ou quadril. COMENTÁRIOS As molas auxiliam na execução do movimento, fazendo uma leve tração nos membros inferiores à medida que o quadril estende. Essa tração proporciona em uma descompressão da articulação coxo-femora. 184Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 15. SIDE PLANK (WITH ARM ADUCTION) OBJETIVOS Fortalecer músculos estabilizadores de cintura escapular e pélvica. Fortalecer os flexores laterais da coluna, abdutores do quadril e adutores do ombro. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito lateral, apoie o cotovelo e antebraço no Cadillac mantendo a abdução do ombro e flexão do cotovelo. O membro superior livre deve estar com ombro abduzido a 90 graus, cotovelo estendido e segurando a alça com a mão. Mantenha os joelhos estendidos. 2. mantaneha a postura e realize a adução do ombro. 3. Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Manter o cotovelo de apoio alinhando com o ombro. 185Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Manter a pelve alinhada com o restante do corpo. - Ative musculatura abdominal. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, flexione o joelho do membro inferior de apoio mantando-o em contato com o solo. - Para facilitar, posicionar um membro inferior a frente do outro. - Para dificultar, abduzir o quadril do membro inferior livre e sutente em isometria durante todo o movimento. - Associar movimentos de membros inferiores e superiores. 186Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 16. SQUAT OBJETIVOS Fortalecer extensores do quadril e joelhos. INSTRUÇÕES 1. Em pé, de frente para as molas, posicione alças de coxas logo acima dos joelhos. 2. Realize a flexão quadril e joelho, mantendo o alinhamento corporal e flexionando os ombros à frente. 3.Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Realizar o movimento de forma lenta e controlada. - Não realizar grande amplitude de movimento. 187Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Evitar a anteriorização da cabeça. - Evitar compensações na cintura escapular. - Não realizar hiperextensão lombar. - Cuidado para não tirar o antepé do apoio durante a realização do exercício. - Evitar rotações dos joelhos. MODIFICAÇÕES - Pode-se posicionar uma caixa atrás do paciente para aumentar a sensação de segurança, como se fosse um banco para sentar-se. - Utilizar molas de menorresistência podem dificultar a execução. - Realizar o exercício com os olhos fechados; COMENTÁRIOS Indicado para auxiliar pacientes com dificuldade nas trocas posturais, na marcha e com déficits de equilíbrio. 188Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS A PRÁTICA COM O MÉTODO PILATES EXERCÍCIOS NO BARREL 189Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 1. ELBOW EXTENSION TIP OBJETIVOS Fortalecer extensores do cotovelo, flexores dos ombros e da coluna e transverso abdominal. INSTRUÇÕES 1. Em pé, com tornozelos em flexão plantar, joelhos estendidos em frente ao Barrel, pelo lado de fora do aparelho, apoie as duas mãos no aparelho com cotovelos estendidos e ombros fletidos a 90 graus. 2. Realize a flexão do cotovelo e extensão do ombro. 3.Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Cuidado para não anteriorizar. - Não realizar hiperextensão lombar; - Manter o alinhamento corporal como se o aluno fosse uma flecha. 190Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Manter os tornozelos em posição neutra. - Aproximar-se do Barrel para facilitar o movimento. - Afastar-se do Barrel para dificultar o movimento. - Apoiar somente um membro inferior no solo e o outro permanece suspenso em extensão do quadril. - Mudar a posição das mãos, segurando o barrel pelas laterais, alterando assim o movimento que passa de extensão e flexão para extensão e flexão horizonta. - Discos de equilíbrio podem ser colocados sob os pés para dificultar o movimento. COMENTÁRIOS Indicado para patologias que necessitam de um controle postural e de equilíbrio em posição ortostática. É um ótimo exercício para pacientes que ainda apresentem dificuldade realizar o exercício prancha, seja em função de fraqueza muscular em membros superiores, ou em flexores da coluna e trasnverso abdominal. 191Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 2. SIDE BODY OBJETIVOS Fortalecer os flexores laterais da coluna e mobilizar a coluna vertebral. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito lateral, sobre o barrel, apoie os pés sobre a base do barrel com joelhos estendidos, pelve e coluna neutras. Posicione os dorsos das mãos na testa com ombros abduzidos e cotovelos fletidos. Inspire antes de iniciar o movimento. 2. Realize a flexão lateral da coluna contra a gravidade ao expirar. 3. Retorne à posição inicial inspirarando. DICAS E CUIDADOS - O dorso das mãos é colocado na testa para evitar a flexão cervical durante o movimento. 192Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Evitar desequilíbrios da pelve tanto para trás quanto para frente. - Ativar o powerhouse. MODIFICAÇÕES - Aproximar o barrel do paciente. - Apoiar os pés no espaldar em posições mais altas. - Aumentar o torque resistente estendendo os cotovelos e posicionando os membros inferiores no prolongamento do corpo. Pode-se ainda, utilizar bastões ou pesinhos para criar maior resistência. - Associar movimentos de rotação da coluna com a flexão lateral; - Realizar a flexão lateral em sua amplitude completa. COMENTÁRIOS Pacientes com Alzheimer beneficiam-se deste exercício por ser simples de realizar, o comando verbal e a demonstração dos exercícios pelo profissional auxiliam no aprendizado dos exercícios. 193Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 3. STRETCHING AND MOBILIZATION OBJETIVOS Alongar os extensores do quadril e coluna. INSTRUÇÕES 1. Em pé, do lado de fora do barrel, flexione o quadril e joelho de um dos membros inferiores e apoie o pé em um degrau alto do espaldar. Segure com as mãos o espaldar no nível mais alto. Inspire antes de iniciar o movimento. 2. Realize a extensão do joelho e flexão da coluna ao expirar. 3. Retorne à posição inicial inspirando. DICAS E CUIDADOS - Pode usar a dica verbal de “crescer” o calcanhar para longe; - Procure manter os joelhos estendidos ao final do movimento. 194Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Apoiar o pé mais abaixo no espaldar para facilitar. - Mobilizar a coluna em flexão enquanto estende joelho. - Apoiar o pé mais alto no espaldar para dificultar 195Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 4. SUPINE STRETCH OBJETIVOS Mobilizar coluna em extensão e flexão, alongar e fortalecer os extensores da coluna. INSTRUÇÕES 1. Em pé, de costas para o barrel, mantenha os joelhos levemente flexionados. Membros superiores devem estar à frente do corpo, alinhados. Inspire antes de iniciar o movimento. 2. Expire e extenda a coluna mobilizando-a, inspire ao final do movimento. 3.Retorne à posição inicial flexionando a coluna ao expirar. DICAS E CUIDADOS - Manter o posicionamento da cabeça em conformidade com o restante da coluna. - A coluna deve ficar bem apoiada no barrel. 196Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Pode-se solicitar ao paciente que coloque as mãos apoiadas na nuca. - Cuidar com tonturas e vertigens que o paciente possa apresentar, nesse caso, diminua a amplitude de movimento ou interrompa a execução. MODIFICAÇÕES - Quanto mais distante o paciente estiver do barrel, menor a amplitude de movimento e mais fácil será executar. - Para dificultar, pode-se segurar pesinhos nas mãos, ou outros acessórios. - Apoiar-se mais próximo ao topo do barrel para dificultar o movimento ao aumentar a amplitude de movimento. - Para dificultar, aproximar os pés, diminuindo a base de apoio e aumento a instabilidade. - Distribuir o peso corporal igualmente entre os dois pés. COMENTÁRIOS Indicados para pacientes com hipercifose torácica, que apresentam fraqueza na musculatura flexora do tronco e dificuldade em manter-se em pé sobre uma base estável pequena. Fique atento quando diminuir a base de apoio do pacienteneste exercício. Pacientes acostumados a um padrão de marcha com base alargada, como os portadores de Parkinson, sentem maior dificuldade, tanto na extensão da coluna, quanto na manutenção da postura em bases de apoio menores. 197Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS A PRÁTICA COM O MÉTODO PILATES EXERCÍCIOS NO CHAIR 198Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 1. CALF OBJETIVOS Fortalecer os flexores plantares do tornozelo. INSTRUÇÕES 1. Em pé, de frente para cadeira, flexione um joelho e quadril e apoie o antepé sobre o pedal. O membro inferior de apoio deve estar com joelho estendido e quadril em leve extensão com o pé apoiado no solo. Mantenha a coluna alinhada com o membro inferior de apoio e apoie as mãos no assento da cadeira. 2. Realizar a flexão plantar do tornozelo contra a resistência das molas. 3. Retornar à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Manter estabilidade cintura escapular. 199Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Manter cabeça alinhada com o restante da coluna. - Não realizar hiperextensão lombar. - Não permitir que o joelho se movimente ou perca o apoio com a Chair. - Não permitir elevação do calcanhar do membro inferior de apoio. MODIFICAÇÕES - Para dificultar realize o movimento sem apoiar as mãos no assento da cadeira. COMENTÁRIOS Indicado para pacientes com déficit equilíbrio, dificuldades em manter-se em pé com alinhamento da coluna, ou mesmo durante a marcha, seja por déficit em controle muscular ou falta de consciência corporal. Este exercício promove estímulos de forma mais segura para a estabilização do quadril, utilizando o apoio das mãos, para posterior controle mais complexo, sem auxilio dos membros superiores, exigindomais da consciência corporal e equilíbrio estático. 200Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 2. FOOTWORK – ONE LEG PUMP FRONT OBJETIVOS Fortalecer estabilizadores do quadril, trasnverso abdominal e extensores do joelho e quadril. OBS: Este exercício deve ser realizado com molas mais leves inicialmente, priorizando a estabilização do movimento. INSTRUÇÕES 1. Em pé, de frente para a cadeira, flexione o quadril e joelho de um dos membros inferiores e apoie o antepé sobre pedal da Chair. Mantenha os membros superiores à frente do corpo. 2.Realizar a extensão do quadril e joelho, empurrando o pedal para baixo. 3.Retornar à posição inicial. 201Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Cuidado para não perder a alongamento axial. - Não realizar hiperextensão lombar; - Manter o pé de apoio em posição neutra, evitando a inversão do tornozelo. - Evitar tensões em cintura escapular. - Ao estender o joelho e quadril evite que o pedal toque no solo entre as repetições. MODIFICAÇÕES - Apoiar as mãos na barra da cadeira para facilitar. - Posicionar as mãos atrás da cabeça com ombros abduzidos e cotovelos fletidos. - Utilizar acessórios em membros superiores para associar movimentos alternados por segmento. - Utilizar acessórios que proporcionem uma superfície instável sobre o membro inferior de apoio, como discos de rotação ou espumas. 202Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS COMENTÁRIOS Além de indicado nas patologias ortopédicas relacionadas a articulação dos joelhos, pacientes que apresentam necessidade em estimular a atividade do glúteo médio e seletividade do quadril também são beneficiados por esse exercício devido a necessidade estabilizadora do membro inferior de apoio. 203Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 3. GOING UP AND FRONT WITH COORDENATION OBJETIVOS Fortalecer os extensores do quadril e joelhos. Estimular equilíbrio dinâmico e o controle excêntrico do movimento. INSTRUÇÕES 1. Em pé, de frente para cadeira, flexione o quadril e o joelho de um dos membros inferiores e apoie o pé sobre o assento da Chair. O outro membro inferior deve estar com o pé sobre o pedal do aparelho. Segure as barras laterais com as mãos. 2. Realizar, primeiramente, a flexão dorsal e plantar do tornozelo do membro inferior sobre o pedal. Após, mantnha a flexão plantar e estenda o quadril e joelho do membro inferior a frente permitindo que o pedal eleve. 3.Retorne à posição inicial. 204Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS DICAS E CUIDADOS - Evitar a flexão da coluna. - Não realizar hiperextensão lombar; - Evite sobrecarregar em membros superiores, principalmente punhos. - Retornar completamente o pedal ao chão, de forma lenta e controlada, para realizar os movimentos de tornozelo antes de estender quadril e joelho novamente. MODIFICAÇÕES - Para dificultar, subir sem segurar nas barras. - Para dificultar, pode-se ainda, associar movimentos de membros superiores com auxílio de acessórios, como faixas elástica, halteres e Magic Circle. - Ainda, pode-se utilizar acessório para aumentar a instabilidade a apoio do membro inferior que está sobre o assento da Chair. COMENTÁRIOS Uma vez que os tratamentos da maioria das patologias neurológicas buscam a melhora da capacidade funcional do paciente, este exercício pode ser utilizado como educativo, além de fortalecimento muscular, para diversas atividades do dia a dia, como subir e descer escadas, por exemplo. Se a execução inicialmente for muito difícil pode-se começar o exercícios com molas de maior resistência, apoio das duas mãos sobre a barra e sem associar os movimentos de tornozelo. Evolua progressivamente tornando a tarefa mais complexa. 205Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 4. FOOTWORK - ALTERNATE OBJETIVOS Fortalecer os extensores do quadril e joelho. Fortalecer e estabilizar músculos eretores da coluna, favorecendo o alongamento axial. INSTRUÇÕES 1. Sentado sobre os ísquios no assento da cadeira, mantenha os quadris e joelhos flexionados, coluna e pelve neutra, e os pés sobre pedais dissociados. 2. Realize a extensão do joelho e quadril de unilateral, enquanto o outro lado sustenta o pedal sem que haja movimentação porém, com certa resistência. 3. Repetir alternadamente e retornar à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - O paciente deve sentar-se bem à frente no assento cadeira; 206Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Cuidado para não realizar retroversão ou anteversão da pelve. - Evitar tensões excessivas em cintura escapular. MODIFICAÇÕES - Manter os pés em posição neutra. - Não segurar as barras de apoio para dificultar o movimento. - Apoiar nos pedais com o antepé estimula o fortalecimento dos flexores platares. COMENTÁRIOS Em se tratando de uma pequena base de suporte para o sentar, nossos pacientes terão bastante dificuldade em manter o alongamento axial, ocasionado tanto pela fraqueza de eretores de coluna, quanto também pelo encurtamento muscular da cadeia muscular posterior. Como uma opção para aumentar a amplitude do movimento pode-se solicitar que o paciente sente sobre uma caixa pequena, podendo diminuir o desconforte devido à pouca flexibilidade. 207Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 5. HOLDING BACK OBJETIVOS Fortalecer extensores do joelho e quadril. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito dorsal sobre a cadeira e o seu extensor, mantenha os ombros flexionados a 90 graus. Flexione os joelhos e quadril e apoie os pés sobre os pedais da Chair. 2. Realizar a extensão do quadril e joelho. 3.Retornar à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Cuidado para não flexionar a coluna cervical durante o exercício. - Não realizar hiperextensão da coluna lombar. - Manter os pés apoiados sobre os calcanhares durante todo o movimento. - Manter o alongamento axial nessa postura. 208Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Executar o mocimento de forma unilateral, mantendo o membro inferior livre com flexão de quadril e extensão de joelho. - Associar movimentos de membros superiores com o uso de acessórios como, halteres, faixa elástica ou Magic Circle. - Pode-se utilizar o apoio sobre o antepé nos pedais dando ênfase ao fortalecimento dos flexores plantares do tornozelo. COMENTÁRIOS Alguns pacientes apresentam um padrão postural flexor acompanhado da retroversão de pélvica, como é o caso de pacientes com Alzheimer e Parkinson. Por outro lado, pacientes hemiparético tendem a apresentar anteversão da pelve. Este exercício se adequa aos dois perfis de pacientes, buscando sempre a pelve neutra. 209Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 6. SITTING SIDEWAYS OBJETIVOS Fortalecer os extensores do quadril e joelho. Fortalecer e estabilizar músculos eretores da coluna, favorecendo o alongamento axial. INSTRUÇÕES 1. Sentada de lado na cadeira, com membros inferiores abduzido, quadril e joelho flexionados, pelve e coluna neutra. Apoie um pé sobre o pedal da Chair e o outro sobre uma caixa. Mantenha os ombros fletidos a 90 graus a frente do corpo. 2.Realiza a extensão do quadril e joelho contra a resistência do pedal. 3.Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Cuidado para não realizar retroversão ou anteversão da pelve durante o movimento. 210Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS - Manter alongamento axial. - Não realizar a flexão lateral da coluna associada ao movimento do pedal,procure manter estabilidade. MODIFICAÇÕES - Para facilitar, pode-se posicionar uma caixa para pacientes com encurtamento muscular em cadeia posterior sentarem sobre. - Associar movimentos com os membros superiores utilizando acessórios como faixa elástica e Tonning ball. COMENTÁRIOS Alguns pacientes se beneficiam de exercícios que trabalham grandes amplitudes de movimento, como no caso do paciente com doença de Parkinson. Todos os exercícios em que o paciente necessita manter a manutenção da postura da coluna, sem auxílios externos, são exercícios que visam o recrutamento dos músculos eretores da coluna e musculatura abdominal estabilizadora, necessários nas atividades funcionais, como nas trocas posturais. 211Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 7. SWAN WITH ARM FLEXION OBJETIVOS Fortalecer extensores da coluna e dos ombros. Mobilizar coluna em extensão. INSTRUÇÕES 1. Em decúbito ventral no solo de frente aos pedais da cadeia apoie as mãos no pedal. Mantenha os membros superiores no prolongamento do corpo com cotovelos estendidos. 2. Realize a extensão dos ombros contra a resistência dos pedais e, ao mesmo tempo estenda a coluna a coluna. 3. Retorne à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Evitar extensão excessiva da coluna cervical. - Manter o alinhamento corporal, principalmente entre as cinturas escapular e pélvica - Evitar tensionar músculos da cintura escapular. 212Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Colocar molas mais resistentes facilitam a extensão da coluna, mas dificultam a extensão do ombro. - Colocar molas menos resistentes dificultam a extensão da coluna, mas facilitam a extensão do ombro. - Colocar acessórios entre os membros inferior para estimular os adutores do quadril. 213Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS 8. TRICEPS OBJETIVOS Fortalecer os extensores do cotovelo, quadril e joelhos. INSTRUÇÕES 1. De costas para o pedal da Chair, flexione quadril e joelhos e permaneça em flexão plantar. Segure o pedal do aparelho com as mãos, tendo os ombros em hiperextensão e em rotação interna. 2. Realizar a extensão do cotovelo. 3. Retornar à posição inicial. DICAS E CUIDADOS - Manter a flexão do joelho durante o movimento. - Manter o alinhamento corporal, alongamento axial. 214Karla Vergaças Seleme PILATES NAS patologias NEUROLÓGICAS MODIFICAÇÕES - Para facilitar, pode-se sentar o aluno sobre uma caixa, com joelhos e quadril flexionados à 900 e pés apioados no solo. - Fechar os olhos durante a realização do movimento. COMENTÁRIOS Trabalhamos o equilíbrio graduando a tensão que a mola exerce durante o exercício. Se deixarmos o exercício ser realizado com molas menos resistentes, ficará muito mais intenso o estímulo para os membros inferiores e estabilizadores da coluna. Se optarmos por molas mais resistentes, será proporcionada maior estabilidade, menor recrutamento da musculatura de mebros inferiores, entretanto será maior a demando para os extensores do cotovelo. Escolha a resistência das molas de acordo com o objetivo traçado para seu paciente.