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1 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 2 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 3 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 6 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professor: Mauro C. Rezende 7 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Esta unidade analisará os princípios básicos do sistema ner- voso e a apresentação de algumas de suas partes mais importantes ligadas ao processamento e o funcionamento cerebral. Apresentar no- ções de anatomia cerebral e suas correlações funcionais permitem um entendimento mais aprofundado dos quadros neurológicos e psi- quiátricos que são mais predominantes na clínica neuropsicopedagó- gica. Entender particularidades e as sutilezas relacionadas ao neuro- desenvolvimento permitem uma melhor compreensão dos fenômenos psíquicos e do entendimento das formas de comunicação neuronal. Após esses conhecimentos, o profissional terá um olhar mais refinado e criterioso referente a observação mais acurada de comportamentos ditos normais ou aqueles desviantes da norma e poder assim, enten- der a semiologia dos transtornos e da epidemiologia. Anatomia Funcional. Sistema Nervoso. Nervos Cranianos. Funções e Estruturas Neuronais. Epidemiologia e Semiologia. 9 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 INTRODUÇÃO A NEUROLOGIA BÁSICA Apresentação do Módulo ______________________________________ 11 12 33 14 Neurologia Geral _______________________________________________ Anatomia Funcional do Córtex Cerebral _________________________ Funções e Estruturas Neuronais _________________________________ CAPÍTULO 02 ANATOMIA CEREBRAL Divisões do Sistema Nervoso __________________________________ 32 28Recapitulando ________________________________________________ Nervos Cranianos ______________________________________________ 43 19Formas de Abordagem da Cognição Humana __________________ 35Anatomia do Telencéfalo _______________________________________ Áreas Funcionais do Córtex Cerebral ____________________________ 46 24Introdução as Técnicas de Estudo do Cérebro ____________________ 26Ciência Computacional Cognitiva _______________________________ Recapitulando _________________________________________________ 47 10 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Semiologia Conceitos Introdutórios ______________________________ 50 Divisões da Semiologia __________________________________________ 54 Epidemiologia dos Transtornos __________________________________ 58 CAPÍTULO 03 SEMIOLOGIA NEUROPSICOLÓGICA Recapitulando __________________________________________________ 64 Considerações Finais ____________________________________________ 68 Fechando a Unidade ____________________________________________ 69 Referências _____________________________________________________ 73 11 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Nesse trabalho, será realizada a apresentação de questões re- levantes para que o profissional da neuropsicopedagogia possa adquirir habilidades específicas dessa área, refinar seu olhar clínico e ter um maior embasamento teórico para propor suas intervenções e desenvol- ver competências de entendimento dos processos cognitivos que englo- bam o raciocínio e a transmissão de informações via corticais. Inicialmente são apresentados alguns aspectos básicos de neurologia geral, com destaque para o funcionamento do sistema ner- voso, das partes constitutivas desse sistema e das funções mais nobres de algumas reais mais relevantes para o bom funcionamento cognitivo. Na segunda parte são apontadas as estruturas da anatomia geral do sistema nervoso. Demonstrando como se dá divisão e subdi- visões do sistema nervoso, bem como as suas correlações com partes cerebrais responsáveis pelas funções nobres do raciocínio humano. São mostrados os aspectos filogenéticos do sistema nervoso e explicitadas as formas com que o organismo orquestra os estímulos externos e inter- nos para promover conhecimento. Nessa parte, os nervos cranianos têm um destaque mais relevante, pois, são por meio deles que o corpo faz o processamento das informações advindas dos mundos externo e interno. Finalmente abordamos a semiologia neuropsicológica e seu papel nacoleta de dados relevantes à promoção do entendimento mais abrangente, dos sinais e sintomas presentes nos mais variados trans- tornos neuropsicológicos. De forma bem sucinta são apresentados al- guns tópicos da epidemiologia clínica e suas particularidades. 12 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S NEUROLOGIA GERAL Vivemos em um mundo de constantes transformações e mar- cado por avanços nas mais variadas áreas do conhecimento humano. Atualmente somos capazes de realizar façanhas que há 50 anos atrás eram apenas especulações, ou da criatividade exposta nos filmes de ficção. Isso pode, no mínimo, nos levantar algumas inquietações: O que nos aguarda em desenvolvimentos daqui há mais 50 anos, tendo como base as grandes descobertas do homem? Todavia, alguns outros ques- tionamentos, até mais relevantes, deveriam ser outra natureza: como conseguimos chegar a este avanço tecnológico e de conhecimento? A biologia, a neurologia, a pedagogia, a psicologia vêm produ- zindo um vasto número de publicações científicas que, de certa forma, se INTRODUÇÃO À NEUROLOGIA BÁSICA IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 12 13 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S inter-relacionam e respondem a alguns dos questionamentos anteriores. Produzimos muita informação que nos permitiu avançar tecnologicamen- te. Entretanto, a produção dessas informações, na verdade, abriram ain- da mais o leque para o conhecimento, mas ao mesmo tempo, nos torna- ram cientes de que muito desconhecemos do que deveríamos conhecer, sobre como conseguimos realizar nossos feitos mais grandiosos. Inicialmente vamos refletir: como nós sabemos o que sabe- mos? Onde estão localizados nossos conhecimentos? Conhecemos al- gum ser vivo sem sistema nervoso que é capaz de aprender? Sternberg (2008) conta que uma antiga lenda indiana apresen- ta a figura mitológica de “Sita”. Ela era casada com um homem, mas que nutria afeição por outro. Os dois homens se enfrentaram e, com um golpe de espada sincronizado, ambos se decapitaram. Sita muito entristecida pela dupla perda, reza a Kali (Deus da vida), para que os traga de novo à vida. Seu pedido foi atendido, porém, com pressa para que retornassem a vida, Sita troca as cabeças dos seus dois amores. E a partir daí vive com uma constante dúvida, quem era quem? Um possuindo a cabeça do outro, ou seja, um corpo com outra mente. Ela nunca mais teve como saber com quem estava. Assim sendo, questões que envolvem a mente e o corpo já há muito tempo instigam as ciências e a filosofia. Levantando questiona- mentos sobre: como se dá a interação entre corpo e à mente? Como so- mos capazes de pensar, falar, lembrar que falamos, o que pensamos? Quais são as bases físicas de nossas capacidades cognitivas ? O gran- de número de questionamentos apresentado anteriormente evidencia que muitas respostas estão sendo buscadas por muitos pesquisadores para entender o desenvolvimento humano. E você agora é convidado a se debruçar sobre estas dúvidas e ser mais um agente pesquisador e produtor de material científico, sobre como a mente funciona e quais são as suas bases biológicas. Segundo Eysenk (2017), estamos no terceiro milênio, e cada vez mais se multiplica a produção científica sobre os mistérios do cére- bro e da mente humana. É impressionante a quantidade de dados que já se tem acesso sobre o cérebro humano, porém, ainda há muito a se descobrir. Portanto, o ponto de partida será apresentar uma introdução sobre informações básicas sobre o cérebro. O cérebro, de acordo com Sternberg (2008, pg.,29), é: o órgão que controla mais diretamente os pensamentos, as emoções e mo- tivações[...] está no topo da hierarquia do corpo, como um chefe, com vários outros órgãos respondendo a ele. Contudo, como qualquer bom chefe; escu- ta seus subordinados e é influenciado por ele, que são os órgãos do corpo. 14 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Dessa forma cérebro é tanto diretivo como reativo. O veio condutor dessa comunicação entre corpo e cérebro e vice versa se dá pelo Sistema Nervoso (SN). Ele é a base da aptidão para perceber, adaptar e interagir com o mundo. A base estrutural do SN está sustentada nos – Neurônios- que são células neurais individuais, que transmitem sinais elétricos de um local para outro do SN. A maior concentração de neurônios está no Neocórtex do cérebro. O córtex é a parte associada às cognições mais complexas (responsável pela ca- pacidade para aprender conceitos, símbolos e concatenar ideias novas com outras já aprendidas). Sabe-se hoje que o homem possui em torno de cem bilhões de neurônios. Sua organização tende a ser similar a uma rede interligada, trocando informações e promovendo uma diferen- ciada gama de processamento de informações (Sternberg, 2008). LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fun- damentais de neurociência. In: Cem bilhões de neurônios: concei- tos fundamentais de neurociência. 2° Ed Atheneu, RJ. 2004. FUNÇÕES E ESTRUTURAS NEURONAIS Os neurônios possuem variações em sua estrutura, mas basi- camente possuem quatro partes, como ilustrado na figura 1: Figura 1 – Diagrama representativo de um neurônio. As setas vermelhas representam a propagação do impulso nervoso pela célula neural Fonte: Bonfim, (s/d) 15 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Neste diagrama do neurônio é demonstrada a forma de condu- ção das informações, do ponto de vista neuronal. Quanto as suas partes e funções, observe abaixo: - Núcleo celular neurônio (chamado também por soma), é com- posto pelo núcleo e citoplasma (membrana que envolve a célula). Ele realiza as funções metabólicas, promove a síntese proteica e reproduti- va da célula. O núcleo mantém a vida do neurônio e faz a ligação entre os dendritos e as terminações axonais. O citoplasma do corpo celular recebe também o nome de pe- ricário. O corpo celular é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de todas as proteínas neuronais, assim como pelos proces- sos de degeneração e renovação das partes das células. A forma e o tamanho do corpo celular são extremamente variáveis conforme o tipo do neurônio (Machado, 2014). O veio condutor da comunicação entre corpo e cérebro e vice-versa se dá pelo Sistema Nervoso (SN). Ele é a base de nossa aptidão para perceber, adaptar e interagir com o mundo a nossa volta. A base estrutural do SN está sustentada nos – Neurônios- que são células neurais individuais que transmitem sinais elétricos de um local para outro do SN. Do corpo celular partem os prolongamentos neuronais (dendritos e axônio, vistos a seguir) e são os locais de recepção de estímulos através de contatos sinápticos, conforme será discutido no item 1.1.3 (ver abaixo). - Dendritos: De acordo com Machado e Haertel (2014) os dendritos ramifi- cam-se abundantemente semelhante a uma raiz de uma árvore. Todavia são bem mais curtos que o axônio. Dendritos tem a especialização de receber estímulos e os propagar ao corpo do neurônio. Na estrutura do dendrito destacamos as espinhas dendríticas, elas correspondem a uma expansão da membrana plasmática do neurônio. Pesquisas evidencia- ram que o número das espinhas dendríticas em algumas áreas do cére- bro aumentam em relação a estímulos do ambiente; em modelo animais mostraram que ambientes com riqueza de cores e estímulos causavam 16 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S alteração na morfologia dos dendritos, o que ocasionava uma maior ca- pacidade do neurônio de fazer conexões e realizar aprendizado. Dados em microscopia do neurônio mostraram o desaparecimento e o apareci- mento de espinhas dendríticas no neurônio refletindo sobre as sinapses em algumas regiões do cérebro. Tais evidências apontam que “o am- biente pode modificarsinapses do SNC, demonstrando sua plasticidade, que pode estar relacionada a memória e ao aprendizado” (Machado & Haertel, 2014). Estudos têm mostrado que em crianças com déficits inte- lectuais como na Síndrome de Down existe uma redução no número das espinhas dendríticas, daí a importância da estimulação precoce para au- mentar a reserva cognitiva dessas crianças (Machado & Haertel, 2014). - Axônio De acordo com Machado e Haertel (2014), a maioria dos neurô- nios possui um prolongamento longo e fino, que emerge do corpo do neurônio. Os axônios apresentam uma grande variedade de tamanhos, que pode variar de milímetros a metros de comprimento – basta pensar que, para sentirmos dor no dedo do pé existem fibras de axônios que partem do cérebro a chegam ao pé, e mandam informações do pé ao cérebro para executar algum comportamento-. O axônio após emitir seus colaterais, geralmente sofre uma arborização nos terminais axonais, am- pliando sua capacidade de emitir informações para vários neurônios. Organelas celulares - Pericário comumente chamado de corpo celular ou soma é a parte mais abundante do córtex cerebral. Nele se encontra o núcleo e demais organelas celulares como os- Ribossomas envolvidos na síntese enzimática e responsável pela síntese das proteínas da célula. - Mitocondrias realizam a respiração celular (entrada de O² e saída de CO²), utilizam o oxigênio e a glicose transformando em energia em forma de ATP (trifosfato de adenosina) que é devolvido para a célula. Para saber mais sobre esse assunto,acesse: MOREIRA, Catarina. Modelo Endossimbiótico. Revista de Ciência Elementar, v. 3, n. 3, 2015. 17 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Atividade Elétrica dos Neurônios A membrana celular faz a distinção entre dois ambientes celu- lares (interno e externo) e apresenta composições de íons próprios: no ambiente intracelular (citoplasma) existe uma predominância de íons com carga negativas; já o ambiente extracelular as cargas são positi- vas. Cargas intra e extracelular da membrana são responsáveis pelo estabelecimento do potencial elétrico neuronal. O movimento dos íons, para dentro e fora da membrana celular permitem a ativação neuronal. Ou seja, a entrada de íon positivo dentro da célula e saída de íons nega- tivos para fora e, posteriormente, sua reversão, fazendo como um movi- mento de onda pelo corpo do neurônio e o axônio. Essas alterações são denominadas fenômenos de despolarização e hiperpolarização celular. A despolarização é sempre excitatória e em termos gerais, significa o aumento de carga negativa no citoplasma da membrana celular. Já a hiperpolarização é fruto de uma ação inibitória, e significa um aumento da carga negativa no lado de dentro da célula, ou o aumento da carga positiva do lado de fora da célula (Machado & Haertel, 2014). De acordo com Moreira (2013), o potencial de ação neuro- nal é caracterizado por uma rápida alteração do potencial elétrico do neurônio. De forma mais significativa a mudança na concentração de íons de Na (Sódio) e K (potássio) dentro e fora da membrana celular. Ver na íntegra: MOREIRA, Catarina. Neurónio. Revista de Ciência Elementar, v. 1, n. 1, 2013. O axônio é, portanto, especializado em conduzir o potencial de ação na célula. Cabe ressaltar ainda que no SNC existem canais iôni- cos sensíveis a: potencial elétrico no neurônio, a neurotransmissores ou estímulos mecânicos, assim como de distensão e pressão, dentre outros (Machado & Haretel, 2014). Sinapses Os neurônios entram em contato com outros neurônios, pas- sando-lhes e recebendo informações, principalmente pelos terminais 18 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S axonais, sem que haja um contato direto entre eles. Os locais de troca dessas informações é denominado de sinapseinterneural. No sistema nervoso periférico, os terminais axonais podem também relacionar-se com células não neurais, com células musculares controlando suas fun- ções. Quanto à tipificação, as sinapses podem ser elétricas ou químicas (Machado & Haertel, 2014). Nas sinapses elétricas existe a comunicação iônica, através dos canais iônicos concentrados em cada uma das membranas em contato. Esses canais são projetados no espeço intercelular, de modo a estabelecer comunicações intercelulares, que permitem a passa- gem direta de moléculas pequenas, como os íons do citoplasma de uma célula para outras. Elas acontecem por exemplo, no centro respi- ratório situado no bulbo, e permitem o disparo de forma sincronizada dos neurônios desse local, responsáveis pela respiração ritmada. Já as sinapses químicas são a maioria em vertebradas, a comunicação intercelular depende da liberação de substâncias químicas chamadas de neurotransmissores. Neurotransmissores Acreditava-se até pouco tempo atrás que cada neurônio sin- tetizasse apenas um tipo específico de neurotransmissor. Atualmente já se sabe que não ocorre especialização de neurotransmissores, ou seja, um único neurônio é capaz de sintetizar vários tipos de neurotrans- missores. Os neurotransmissores são os responsáveis pelas sinapses químicas. A sinapse química ocorre via polarização celular, ou seja, pos- sui neurotransmissores apenas em um dos lados da comunicação, nos terminais axonais entre os neurônios que são ativados, nesse caso, ele é chamado de elemento pré-sináptico. O neurotransmissor é sintetiza- do no neurônio e fica armazenado nas vesículas sinápticas e liberado na fenda sináptica de acordo com o tipo de informação a ser efetuada (Machado & Haretel, 2014). 19 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Por muito tempo, a ciência tinha o entendimento que as ve- sículas sinápticas eram produzidas apenas no pericárdio, sendo pos- teriormente levadas até as terminações axonais, por meio do fluxo axoplasmático. Porém, na atualidade já se tem ciência de que em al- gumas situações, elas podem ser produzidas na própria terminação axônica a partir do reticulo endoplasmático (Machado & Haertel,2014). Para que haja uma perfeita comunicação neuronal via sinapses, é necessário que o neurotransmissor seja rapidamente retirado da fenda sináptica. Do contrário, aconteceria a excitação ou inibição da membra- na por um tempo mais que o necessário, podendo gerar impactos ne- gativos no processo de adaptação a demandas variadas. A degradação do neurotransmissor excedente na sinapse, pode ser feita por ação de enzimas, como por exemplo a monoamina-oxidase -MAO- (utilizada em alguns medicamente antidepressivos para o tratamento de alguns tipos de depressão) no passado eram prescritas medicações que realizavam a inibição da MAO, permitindo que o neurotransmissor ficasse mais tempo na fenda sináptica e pudesse ser assimilado pelo canal pós-sináptico, o que gerava a melhoria do humor. Todavia, tais medicações inibidoras da monoamino-oxidase IMAO causavam muitos efeitos colaterais, atual- mente, é raramente prescrito IMAO para tratamento da depressão, pois, existem vários outros tipos de medicações que agem de outras formas e com menor intensidade de efeitos colaterais (Machado & Haertel, 2014). Para que haja uma perfeita comunicação neuronal via sinap- ses, é necessário que o neurotransmissor seja rapidamente retirado da fenda sináptica. Do contrário, aconteceria a excitação ou inibição da membrana por um tempo mais que o necessário podendo gerar impactos negativos no processo de adaptação a demandas variadas. FORMAS DE ABORDAGEM DA COGNIÇÃO HUMANA É admirável que a abordagem cognitiva esteja sendo cada vez 20 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S mais relevante no campo das ciências. Nessa área, é reconhecido que os processos cognitivos exercem um papel relevante para a compreensão do desenvolvimento e na abordagem de transtornos, das mais variadas áreas do saber, ligados à comunicação social. Os processoscognitivos são mecanismos internos existentes para extrair significado do ambiente e determinar qual ação é a mais apropriada para um determinado contex- to, dentre esses processos destacamos a atenção, a percepção, a apren- dizagem, a memória, a tomada de decisão, o raciocínio e o pensamento. Um ponto relevante sobre o psiquismo relacionado à cognição diz respeito às neurociências. Ela é uma ciência que busca analisar o comportamento das pessoas enquanto executam tarefas cognitivas. Nessa perspectiva, o termo cognição passa a ser entendido de forma bem abrangente, incluin- do a atividade, a estrutura cerebral que entra em atividade, na tentativa de compreender a cognição humana (Eysenck & Keane, 2017). É relevante frisar que os objetivos dos neurocientistas são bem próximos aos dos psicólogos cognitivos. Dessa forma, como apontam Eysenck e Keane (2017): Os neurocientistas cognitivos defendem de forma convincente que precisa- mos estudar o cérebro, bem como o comportamento, enquanto as pessoas estão envolvidas em tarefas cognitivas. Afinal de contas, os processos inter- nos envolvidos na cognição humana ocorrem no cérebro. Assim sendo, os neurocientistas cognitivos utilizam vários recur- sos tecnológicos, de diferentes formas, para entender a cognição humana, que pode ser pela: Ressonância Magnética Funcional RNMf, a Eletroen- cefalografia EEG ou o estudo das lesões cerebrais na cognição humana. Acredita-se que os padrões de prejuízos demonstrados por pacientes com lesões em áreas cerebrais podem ajudar a entender o funcionamento ce- rebral normal. Existem hoje, predominantemente, quatro grandes aborda- gens principais no estudos da cognição, que são a psicologia cognitiva; a neuropsicologia cognitiva; a neurociência cognitiva e a ciência cognitiva computacional (ver próximo capítulo) (Eysenck & Keane, 2017). Psicologia Cognitiva Segundo Eysenck e Keane (2017), no ano de 1956 no Massachu- setts Institute of Tecnology – MIT-, grandes expoentes da ciência cognitiva fizeram exposição muito importante sobre a cognição e deram start para o entendimento da mente humana correlacionada com o modelo computa- cional. George Miller, falando sobre o extraordinário número sete (ligado a memória operacional), bem como, Newell e Simon (ver Newellet al, 1958) 21 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S apresentando o General Problem Solver (solucionador geral de proble- mas). Nesse encontro, deu início a tentativa sistemática de compreender o processo de formação de conceitos, partindo de uma perspectiva cognitiva. Eysenk e Keane (2017) ressaltam que um grande efetivo de psicó- logos cognitivos adotou o entendimento do processamento de informação, a partir de uma analogia entre: mente e computador. A mente funcionando de forma similar ao software e o corpo o hardware. Nessa visão, um estí- mulo que poderia ser um evento ambiental, um problema ou uma tarefa, é apresentado ao cérebro; isso desencadearia determinados processos cog- nitivos na busca pela tradução ou percepção acurada do estímulo e, con- sequentemente, o processamento de ideias e a tomada de decisão. Veja abaixo uma versão inicial da abordagem do processamento de informação: Figura 02 – Processamento de informação Fonte: Eysenck e Keane, (2017 pg. 02) Um estímulo ativa fenômenos atencionais, que carecem de ser interpretados via percepção e processamento de pensamentos, emo- ções ou modelos mentais, e promove a tomada de decisão, sobre qual a resposta ou ação é a mais adequada àqueles determinados estímulos. Sternberg (2008) ressalta que “a atenção é o meio no qual pro- cessamos ativamente uma quantidade limitada de informação, a partir da enorme quantidade disponível”. Sternberg (2008), por meio dos nos- sos órgãos do sentido, bem como das memórias armazenadas que nos permitem decodificar o que são os objetos ou pensamentos que povoam as mentes. A atenção também sofre impacto dos nossos processos cog- nitivos, tanto básicos quanto superiores. Nossa capacidade de manter atenção focada, determina o grau de competência com que realizamos tarefas como: é feito a compreensão de ideias, símbolos e metáforas, o que tem forte impacto sobre nosso aprendizado, bem como no aprimo- ramento da memória. Ela permite a percepção das emoções e o porquê das mesmas estarem como estão, e não de outra forma; por exemplo, ao ficar com raiva de alguém, podemos perceber a emoção raiva e dar um significado ou razão para sentir essa emoção negativa. 22 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Para Eysenck e Keane (2017) seguindo o esquema apresenta- do anteriormente, o processamento cognitivo pode se dar de diferentes formas com algumas peculiaridades muito relevantes: - Processamento Botton-up (baixo para cima), um tipo de proces- samento acionado diretamente pela emissão de estímulos. Possui uma dimensão mais pré-consciente, pois, os seus conteúdos codificados são considerados automáticos ou melhor dizendo, proceduralizados (estado que muda de um estado de consciência para o automático, poupando energia no processamento de informações). Algumas de suas caracterís- ticas são: opera em milissegundos, de forma muito veloz, pois, o sujeito já tem “modelo mental” esquematizado e, portanto, não precisa perder tempo com o que já é conhecido (ainda que de forma não assertiva). Alguns teóricos apontam que existe uma certa conotação intuitiva sobre as coisas, o que contribui para fazer nossas rotinas habituais, com pouco desgaste de energia e, de certa forma, guia nossas ações. - Processamento serial: A literatura sugere que ele ocorra so- mente um processo por vez em determinado momento, ou seja, é um processo serial. Nosso cérebro apenas dá conta de uma ideia por vez, ao contrário do que muitos pensam que conseguem fazer muitas coisas ao mesmo tempo. - Processamento Top-down (cima para baixo) é um tipo de pro- cessamento mais complexo, que sofre interferência de vários proces- sos como: das expectativas, do conhecimento prévio do sujeito e do histórico de tomada de decisões arquivadas na memória. Ele ocorre de forma mais lentificada, pois, exige que o sujeito acesse a memória, a atenção e verificar se já existe uma informação válida para ser utilizada no instante da apresentação de determinado estímulo. Portanto, ele tem um caráter mais voluntário, portanto, exige um esforço para que a in- formação possa ser processada e compreendida corretamente, ou não. Com isso,o homem é capaz de aprender novos modelos, fazer novas estratégias de ação, para que posteriormente sejam proceduralizadas ou automatizadas, poupando energia. Neuropsicologia Cognitiva Essa corrente teórica possui como objeto de estudo os padrões do desempenho cognitivo que se mantém preservado ou deficitário nos sujeitos. Os pacientes que buscam esse profissional, normalmente so- freram lesões, ou existe a suspeita de alguma disfunção, devido a da- nos nas estruturas cerebrais (Eysenk & Keane, 2017). A princípio pode-se achar que o neuspsicólogo tem como ob- 23 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S jeto de estudo o cérebro, todavia esse não é o principal foco, mas sim, de acordo com Collherat como citado por Eysenk e Keane,( 2017), “o objetivo principal da neuropsicologia cognitiva não é aprender sobre o cérebro. Em vez disso, seu objetivo principal é aprender sobre a mente, elucidar a arquitetura funcional da cognição”. Vejamos a seguir algumas suposições básicas da neuropsi- cologia que propiciam o entendimento de como se estrutura a mente humana. Para Eysenk e Keane (2017), existem alguns aspectos consti- tutivos da mente que são: (I) Modularidade: o sistema cognitivo consiste de vários mó- dulos ou estratégias de processamento, que operam de forma mais ou menos independente. Acredita-se que exista uma especificidade de do- mínio, ou seja, estímulos precipitam respostas apenas sob determina-dos domínios, que possuam ligação com alguns esquemas cognitivos de reconhecimento; por exemplo, o modo reconhecimento de face é acionado apenas quando o estímulo é apresentado, no caso ao estar frente a faces conhecidas ou não. (II) Modularidade anatômica: cada módulo apresenta uma cor- relação direta com alguma área específica do cérebro; essa ideia en- contra alguns opositores, pois, alguns pacientes apresentavam a mes- ma ativação do cérebro ao realizar tarefas bem distintas. (III) Uniformidade da arquitetura funcional entre as pessoas: por esse conceito é possível relacionar áreas e funções, seguindo mo- delos de entendimento das funções corticais; por exemplo, aspecto de reconhecimento de faces está relacionado no córtex cerebral, mais pre- cisamente no giro fusiforme em todas as pessoas. Neurociência Cognitiva Bullmore e Sporns como citado por Eysenk e Keane (2017) defendem dois princípios importantes sobre como se dá a organização cerebral. Para os autores, a organização se dá por meio do controle de custos e pelo princípio da eficiência. O cérebro busca sempre a redução do gasto de energia para compreender o mundo, para tal, ele cria rotas cognitivas, e consolida modelos de entendimento dos estímulos que, posteriormente são evocados e, seguindo o princípio da eficiência; caso o modelo mostre “resultado satisfatório”, ele será sempre acionado ao menor sinal de percepção entre os estímulos semelhantes ao modelo, poupando assim energia. 24 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S INTRODUÇÃO PARA AS TÉCNICAS PARA O ESTUDO DO CÉREBRO Os constantes avanços tecnológicos estão possibilitando cada vez mais a compreensão do funcionamento e da estrutura cerebral em sujeitos ainda com vida. De acordo com Eysenk e Keane (2017): Em princípio, podemos descobrir onde e quando ocorrem processos cog- nitivos específicos. Isso nos permite determinar a ordem em que diferentes áreas cerebrais se tornam ativas quando alguém realiza uma tarefa. Também nos permite descobrir se duas tarefas envolvem as mesmas áreas cerebrais da mesma maneira ou se existem diferenças importantes. Vejamos a seguir algumas das principais técnicas empregadas para o estudo do cérebro: - Registro de Unidade Isolada: consiste na instalação de um mi- croelétrodo para estudar a atividade típica de um neurônio específico. Ela é uma técnica das mais minuciosas para estudo neuronal. Todavia é também uma técnica muito invasiva, sendo raramente usada em humanos. Utiliza- -se esse modelo mais para estudar a cognição com modelos animais. - Potenciais Relacionados a Eventos (ERPs): nesse expe- rimento existe a apresentação de um ou mais estímulos para que o paciente faça alguma “correlação” pessoal entre os estímulos. Eletro- dos são colocados no couro cabeludo para medir a atividade elétrica cerebral acionada, quando estímulos são apresentados. Essa técnica permite investigar vários processos cognitivos com uma precisão tem- poral excelente, apresenta-se o estímulo e a atividade é coletada ins- tantaneamente. Todavia esse processo peca em relação à identificação espacial da área ativada (qual região cortical realmente foi acionada ao apresentar o estímulo). Nessa técnica é avaliado o tempo de reação em média no eletroencefalograma EEG que pode ter picos positivos cha- mados de P300 ou picos negativos N400. - Tomografia por Emissão de Pósitrons (TEP) Técnica que avalia quais áreas realizaram maior gasto de o² frente a algum estímulo. Essa técnica tem uma grande vantagem por mostrar o evento com muita preci- são temporal e espacial. Ela consiste na emissão de um pulso magnético que causa um alinhamento dos prótons, e, posteriormente, retornam a sua posição original. Assim, as regiões mais brilhantes no cérebro após o pulso, marcam o local de maior gasto de energia. Essa técnica é apta a informar apenas sobre a estrutura cerebral e não sobre as funções cerebrais. 25 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Ao estudar a relação entre estrutura e função cerebral po- demos descobrir onde e quando ocorrem processos cognitivos específicos. Isso nos permite determinar a ordem em que diferen- tes áreas cerebrais se tornam ativas quando alguém realiza uma tarefa. Também nos permite descobrir se duas tarefas envolvem as mesmas áreas cerebrais da mesma maneira ou se existem diferen- ças importantes. - Magnetoencefalografia (MEG): técnica utilizada na mensura- ção dos campos magnéticos produzidos pela atividade elétrica cere- bral. Fornece informações minuciosas em milissegundos sobre o curso temporal dos processos cognitivos, porém, sua resolução espacial é parcialmente boa. - Estimulação Magnética Transcraniana (TMS): técnica não invasiva que consiste em posicionar uma bobina próxima ao crânio do paciente e faz-se a emissão de um pulso magnético que inibe o proces- samento cognitivo na região cerebral. Vários estudos têm utilizado essa técnica para tratamento de depressão refratária, pois, acredita-se que esse transtorno afete o córtex dorsolateral frontal; os resultados, apesar de promissores, ainda não são conclusivos, carecendo de mais pesquisa. Potencial relacionado a estímulos P300 e N400 de acordo com TSOLAKI, A. et al (2015) é uma medida de tempo da ativida- de elétrica na superfície cerebral representando a ativação de uma fase distinta do processamento cognitivo. Eles são uma importan- te ferramenta para estudo dos processos cognitivos, tais como re- cepção e processamento de informações sensoriais. P300 Ele é o mais estudado dos EPRs utilizando o paradigma odball, que consiste em um processo de ativação de memória ope- racional no córtex frontal, que produz um pico positivo por um tempo de 300milisegundos. N400 De maneira geral o N400 representa um índice de dificuldade 26 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S para acionar padrões de reconhecimento de relações entre estímu- los, imagens ou palavras. Portanto, no EEG ao apresentar o estímu- lo não reconhecido, existe uma demora em processar a informação e gera um pico negativo por aproximadamente 400 milissegundos. Para saber mais acesse em: TSOLAKI, A. et al. Brain source localization of MMN, P300 and N400: Envelhecimento e diferença de gênero. Brain research, v. 1603, p. 32-49, 2015. Acesso em: 02/19 Eysenk e Keane (2017), ao apresentar a TMS ressaltam que: Essa técnica foi (jocosamente) comparada a bater no cérebro de alguém com um martelo. Os efeitos da TMS são frequentemente mais complexos do que o sugerido até o momento. De fato, ocorre muitas vezes uma interferência porque a área cerebral na qual a TMS é aplicada é envolvida no processa- mento da tarefa, assim como na atividade resultante da estimulação da TMS. A neurociência cognitiva é muito útil quando combinada com ou- tras abordagens, pois, fica evidente que existe uma integração e correlação entre as atividades cognitivas, em diferentes áreas do cérebro, o que abre espaço para que várias ciências possam contribuir para o entendimento do funcionamento cognitivo, saberes como da neurologia, da psiquiatria, da psicologia, da pedagogia dentre outros (Eysenk & Keane, 2017). CIÊNCIA COMPUTACIONAL COGNITIVA Cabe aqui esclarecer a distinção entre inteligência artificial IA e a modelagem computacional. A IA de acordo com Eysenk e Keane (2017) “envolve a construção de sistemas de computador que produ- zem resultados inteligentes, mas os processos envolvidos podem ter pouca semelhança com os usados pelos seres humanos”. Já a mode- lagem computacional, ainda segundo os autores, diz respeito “a pro- gramação de computadores para simularem ou imitarem aspectos do funcionamento cognitivo humano". A maior parte dos modelos computacionais tem como intenção avaliar aspectos comportamentais, a partir de experimentos em psicolo- gia cognitiva. Atualmente os modelos estão sendo correlacionados com os dados neuropsicológicos.O ponto de partida desse modelo é con- seguir explicar o desempenho cognitivo em sujeitos sadios, ao realizar algumas tarefas específicas. Posteriormente, será possível criar mode- los computadorizados com “lesões” e permitir investigar quais as altera- ções hipoteticamente iram afetar o processamento cognitivo, e depois realizar a comparação com os comportamentos de sujeitos com lesão 27 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S cerebral (Eysenk & Keane, 2017). A ciência cognitiva computacional, portanto, apresenta muitas vantagens dentre as quais destacamos, conforme aponta Eysenk e Ke- ane (2017): (I) Fornece a perspectiva abrangente que possibilita compre- ender processos complexos da cognição. (II) Amplificação da possibilidade de fazer correlação entre da- dos comportamentais e de neuroimagem funcional. Neurocientista ela- boram um modelo específico no computador para estudar o impacto das lesões corticais sobre o processamento cognitivo e fazer uma ana- logia quanto a possíveis alterações cognitivas em seres humanos. (III) Exige do pesquisador uma maior precisão e adoção de critérios mais rigorosos na construção dos modelos para que sejam apli- cáveis ao estudo em humanos. (IV) A possibilidade de fazer uma imagem incremental animada dos processos cognitivos. Fica assim evidente a importância da necessidade por aprofun- dar os estudos sobre as tecnologias existentes, que já estão à disposição para o entendimento das funções cognitivas. Cabe agora aos profissio- nais envolvidos na ciência do entendimento do funcionamento cerebral, refletir sobre como pode ser mais um parceiro na produção de material que traga luz para o entendimento dos impactos das alterações cogniti- vas sobre as crianças, e avaliar a eficiência/eficácia dos estímulos expos- tos em sala de aula e analisaras metodologias de ensino-aprendizagem atuais. Pois, as crianças serão os novos cientistas que irão se desenvol- ver e trazer mais perguntas e respostas a questões ainda obscuras sobre como se dá o processamento de informações corticais. 28 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2013 Banca: IBFC Órgão: EBSERH Prova: neuropsicologia: superior. As preocupações com o estabelecimento de relação entre o cére- bro e o comportamento são muito antigas e o estudo da relação cérebro-comportamento definiu o campo da neuropsicologia. So- bre a avaliação neuropsicológica assinale a alternativa incorreta: (A) A avaliação neuropsicológica é considerado um procedimento fun- damental a investigação da natureza, grau e extensão dos mais diver- sos quadros neurológicos e psiquiátricos, assim como no planejamento de intervenções direcionadas aos déficits cognitivos e comportamentais identificados na avaliação. (B) Dentre os métodos mais comumente utilizados na avaliação neurop- sicológica destaca-se o uso de um conjunto de testes para a avaliação das diversas funções cognitivas. (C) Testes psicométricos são instrumentos padronizados que podem ser utilizados para a comparação dos resultados dos pacientes com os de uma amostra representativa da população normal. (D) A avaliação qualitativa só é importante em casos de planejamento de programas de reabilitação neuropsicológicas. (E) Os testes padronizados são considerados os melhores instrumentos para quantificar o grau de comprometimento cognitivo. QUESTÃO 02 Ano: 2006 Banca: FEPESE Órgão: UFSC Prova: Neurologista: su- perior. Não há dúvidas sobre a indicação de um eletroencefalograma para: (A) O diagnóstico das convulsões febris. (B) O diagnóstico etiológico das epilepsias. (C) Melhor definir as síndromes epilépticas. (D) O diagnóstico diferencial das cefaleias agudas. (E) Definir a necessidade de tratamento na primeira crise epiléptica. QUESTÃO 03 Ano: 2006 Banca: FEPESE Órgão: UFSC Prova: Neurologista: su- perior. Nos primeiros 2 anos de vida, a causa mais frequente de estado de mal epiléptico é: (A) Doenças metabólicas. (B) Convulsões febris. 29 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S (C) Traumas cranianos. (D) Infecções neurológicas. (E) Intoxicações exógenas. QUESTÃO 04 Ano: 2018 Banca: FEPESE Órgão: UFSC Prova: Neuropsicologia: superior. No que se refere à neuropsicologia e à neuroanatomia, julgue os itens subsecutivos. Marque V para as verdadeiras e F para as falsas. ____De acordo com Alexander Luria, são dois os sistemas funcionais do cérebro humano: o sistema de recepção,elaboração e conserva- ção de informações; e o sistema deativação e controle da atividade. ____ A plasticidade é uma importante característica do sistema nervoso verificada, entre outros traços, pelo aumento no tamanho dos dendritos, e não por sua diminuição. ____ O tecido neuronal é capaz de se transformar e se adaptar às exigências do meio interno. Marque a opção correta (A) FFV (B) FVV (C) VFV (D) VVV (E) Nenhuma das Alternativas Anteriores QUESTÃO 05 Ano: 2018 Banca: FEPESE Órgão: UFSC Prova: Neuropsicologia: superior. No que se refere à neuropsicologia e à neuroanatomia, julgue os itens subsecutivos: I - Vivências traumáticas ou experiências dolorosas não promovem impactos na plasticidade neuronal após o primeiro ano de vida do indivíduo. II - A experiência pode estimular ou restringir a neurogênese. III - O sistema nervoso central não mantem conexão com o meio interno do corpo apenas o externo. São afirmativas verdadeiras apenas o que se afirma em: (A) I, II, III (B) II (C) III (D) I e II (E) NDA 30 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÃO 06 Ano: 2012 Banca: QUADRIX Órgão: CFP Prova: Neuropsicologia: superior. O funcionamento cerebral ocorre graças à comunicação entre neu- rônios. Um neurônio típico se divide em: (A) Dendritos e axônios (B) Corpo,celular, dendritos e axônios (C) Corpo celular, dendritos, axônios e sinapse. (D) Soma a dendritos (E) Sinapse e corpo celular QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Ter conhecimento sobre os instrumentos utilizados para a avaliação das funções cognitivas é muito importante para o profissional contribuir com o médico, para a escolha do melhor instrumento que esclareça as dificuldades encontradas nas criança, para assimilar o aprendizado. Comente sobre que aspectos da tomografia por emissão de pósitrons possui como instrumento de avaliação. TREINO INÉDITO Em relação à comunicação no cérebro, é possível afirmar que: I - Para que haja uma perfeita comunicação neuronal via sinapses, é necessário que o neurotransmissor seja rapidamente retirado da fenda sináptica. II - Os neurotransmissores são os responsáveis pelas sinapses químicas. A sinapse química ocorre via polarização, ou seja, pos- sui o neurotransmissor apenas em um dos lados da comunicação entre neurônios que é ativado, nesse caso, ele é chamado de ele- mento pré-sináptico. III - Os neurônios entram em contato com outros neurônios, pas- sando-lhes e recebendo informações, principalmente pelos termi- nais axonais. Os locais de troca dessas informações é denomina- do de sinapse Inter neurais. É considerado correto apenas o que se afirma em: (A) I (B) II (C) III (D) I,II e III (E) NDA NA MÍDIA CONTRIBUIÇÕES DA NEUROIMAGEM PARA O DIAGNÓSTICO DE 31 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO A dislexia é uma disfunção que apresenta alta incidência e que tem en- volvidomuitos especialistas e pesquisadores da área do aprendizado. As novas tecnologias, como as técnicas da neuroimagem, tem trazido grande contribuição para a elaboração de um diagnóstico mais preciso, que acarretará em intervenções mais eficientes no processo de apren- dizagem. Pesquisadores em seu estudo apontam a relevância das téc- nicas e dos instrumentos diagnóstico de imagiologia. Fonte: SCIELO Data: 03/03/2019 Leia artigo na íntegra em: ht tp: / /pepsic.bvsalud.org/sc ielo.php?scr ipt=sci_ar t text&pi- d=S0103-84862013000300008 NA PRÁTICA OS NEUROTRANSMISSORES As pesquisas em neurociências sobre como o cérebro faz para produ- zir a mente humana é um grande mistério, mas que é necessário para que possamos explorar nossas potencialidades sem causar prejuízos. Uma das formas que o cérebro utiliza para produzir a aprendizagem é a liberação das moléculas mensageiras nas fendas sinápticas inter neurônios. Não se sabe ao certo o número de neurotransmissores que somos capazes de produzir. E ainda mais com as novas tecnologias que vem reescrevendo a re- lação entre atividade neuronal normal e patologias psiquiátricas. Por exemplo, acreditava-se que a esquizofrenia era uma alteração na libe- ração de dopamina, o que foi confirmado. Todavia novos estudos vem mostrar também a relação entre a doença e as vias glutamatérgicas que as de maior número no cérebro humano. Portanto ainda é um mistério saber como o cérebro é capaz de produzir as alucinações e delírios e o quanto eles são danosos ou não; pois em crianças até aos 6 7 anos é considerado normal a ideia de amigos imaginários. Sendo assim conhecer os neurotransmissores é atribuição de todos os que estão lidando com as crianças, principalmente no período da pri- meira infância. PARA SABER MAIS Infoescola navegando e aprendendo Acesse os links:ttps://www.infoescola.com/neurologia/neurotransmissores/ 32 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S O cérebro humano, sem sombra de dúvida, é o órgão mais extraordinário do universo. Pois, o próprio universo é estruturado e com- preendido somente por intermédio desse órgão. Estudar então o cére- bro é embarcar em uma viajem com muita informação sobre suas partes e sua organização. Sabemos que ainda há muito a se descobrir sobre ele, então vamos em frente. DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO A apresentação do sistema nervoso aqui será realizada levan- do em conta critérios anatômicos, embriológicos e funcionais. A divisão apresentada por Machado e Haertel (2014) é bastante didática e clara: ANATOMIA CEREBRAL IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 32 33 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Figura 03: Divisão do sistema nervoso por critérios anatômicos. Fonte: Machado e Haertel (2014, pg. 13) - Sistema nervoso central: está localizado dentro do esqueleto na cavidade craniana e no canal vertebral. O cérebro é constituído pelo telencéfalo (que constitui os hemisférios cerebrais) e diencéfalo (consti- tui o tálamo, hipotálamo, epitátalo e subtálamo), constitui a porção mais desenvolvida e de maior importância do encéfalo. ANATOMIA FUNCIONAL DO CÓRTEX CEREBRAL A possibilidade de estudar o funcionamento cortical com o su- jeito vivo, sem anestesia ou qualquer outro procedimento invasivo é relativamente recente, por meio da imagiologia. Isso causou um forte impacto na neuroanatomia funcional, pois, processos completamente desconhecidos e que ocorrem o tempo todo na mente humana, hoje já se começa a entender. Isso possibilita desenvolver estratégias interven- cionais mais eficientes em casos que se fizerem necessários. Aspectos Filogenéticos do Sistema Nervoso De acordo com Schimidek e Cantos (2008) o cérebro humano 34 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S é proporcionalmente o mais pesado e o maior entre os animais. Sua formação vai desde a terceira semana de gestação, e vai atingir o seu mais alto grau de maturação próximo aos cinco anos de idade. A zona mais externa do cérebro é chamada de córtex, e ela é muito desen- volvida no homem, quando comparado aos outros animais. A evolução filogenética do sistema nervoso possui três etapas básicas: (I) encéfalo reptiliano, responsável pela manutenção da vida, pela vida vegetativa, controlando a respiração, frequência cardíaca e etc., consiste nas áreas da medula, tronco encefálico, amigdala (ligado às respostas de medo) e hipocampo (forte ligação à memória; (II) encéfalo límbico (ligado aos aspectos emocionais) e (III) encéfalo humano (responsáveis pelas nos- sas funções cognitivas superiores como linguagem, funções executivas, planejamento, raciocínio, controle inibitório dentre outros). Com o desenvolvimento do encéfalo humano, houve o desen- volvimento de dois hemisférios cerebrais idênticos (esquerdo e direito). Do ponto de vista funcional, o hemisfério esquerdo especializou em pro- cessar e criar relações lógicas, analíticas e de controle da linguagem, dentre outros. Já o hemisfério direito é mais especializado em aspectos não verbais, afetivos, criativos, intuitivos e emocionais. Quadro 01: Funções dos hemisférios cerebrais Fonte: Elaborado pelo autor, 2019 Schimidek e Cantos (2008) apresentam que os dois hemisfé- rios cerebrais são ligados por um feixe de nervos chamado de corpo caloso. É nessa região que um hemisfério passa a interagir com o outro, compondo a arquitetura do pensamento, do raciocínio e da percepção. Os autores ressaltam, porém, que alterações na estrutura cerebral es- tão ligados a disfunções no processo de tomada de decisão e resolver problemas complexos. Entretanto, os pesquisadores salientam que: Embora os dois “cérebros” estejam altamente conectados e dependam cons- tantemente um do outro, visando um funcionamento integrado, cada um con- tribui de modo diverso para nossa experiência de vida e para nosso com- 35 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S portamento. O resultado da interação determina o que sentimos, a nossa relação com o mundo e os nossos relacionamentos com os outros. Quando há cooperação ocorre uma harmonia interna (Schimidek& Cantos, 2008). De acordo com Schimidek e Cantos (2008), para que haja uma boa comunicação entre os hemisférios cerebrais existem ainda várias substâncias que permitem o circular das informações, nos meios interno externo, que são: - Neurotransmissores: substâncias produzidas pelos neurô- nios, também chamadas de moléculas mensageiras. Elas agem nas sinapses (espaço entre os neurônios). Elas atuam no encéfalo, na me- dula espinhal, nos nervos e músculos. - Neuromoduladores: são produzidos pelos neurônios e libera- dos nas terminações do axônio e causam modificação no estado funcio- nal das células que estão conectadas. Geralmente têm uma ação mais prolongada que os neurotransmissores. - Hormônios: São substâncias químicas produzidas por órgãos do sistema endócrino, transmitidas diretamente pelo sangue. Sua fun- ção é mais reguladora do funcionamento de órgãos e regiões do corpo, podendo ser inibitória ou excitatória. Normalmente essas substâncias interagem de forma integra- da, sendo liberadas em situações específicas. ANATOMIA DO TELENCÉFALO Todos os vertebrados têm um sistema nervoso central -SNC- que é composto pelo encéfalo e a medula espinhal. O encéfalo é consti- tuído por três partes estruturais: cérebro, cerebelo e o tronco encefálico. O tronco encefálico é subdividido por três porções: mesencéfalo, ponte e bulbo. O bulbo está ligado na medula espinhal; a demarcação entre o fim do buldo e início da medula se dá muito mais por uma demarcação convencional, o chamado forame magno no crânio humano (Cosenza, 2005; Machado & Haertel, 2014). O telencéfalo é constituído por dois hemisférios e separados por um grupo de feixes neuronais, chamado de corpo caloso, - pacien- tes que possuem agenesia de corpo caloso manifestam um obscura classe de sintomas por apresentarem o cérebro dividido; nesses sujei- tos as informações não convergem entre si -. Cada hemisfério cerebral é dividido em lobos denominados: frontal, parietal, temporal e occipital delimitados por sulcos (depressões no córtex) e giros (abaulações no córtex) (Figura 01) (Machado & Haertel, 2014). 36 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Figura 04:Cérebro vista superior Fonte: Nether, 2000 A existência de sulcos no encéfalo acontece por causa do gran- de desenvolvimento do córtex cerebral que, para caber no crânio, pre- cisa se espremer, e essa capacidade possibilita um aumento no volume do cérebro. Observa-se que dois terços da porção ocupada pelo córtex cerebral, estão ocultas por sulcos. Alguns sulcos são mais constantes no cérebro e recebem nomeações e contribuem para a delimitação dos lobos cerebrais. Os mais relevantes são os sulcos lateral e sulco central (Fig 02) (Machado & Haertel, 2014). Do telencéfalo é constituído por dois hemisférios e separa- dos por um grupo de feixes neuronais chamado de corpo caloso – pacientes que possuem agenesia de corpo caloso manifestam uma obscura classe de sintomas por terem o cérebro dividido, as infor- mações não convergem entre si -. Cada hemisfério é dividido em lo- bos denominados: frontal, parietal, temporal e occipital delimitados por sulcos (depressões no córtex) e giros (abaulações no córtex). 37 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Figura 05 Vista lateral cérebro Fonte: Nether, 2000 a) Sulco Central: É um sulco que separa os lobos frontal e pa- rietal. Ele separa duas áreas muito importantes na função cerebral. Ele divide o cérebro entre as áreas motoras (anterior ao sulco central) das áreas sensitivas (posterior sulco central); chamados respectivamente de giro pré-central motor e pós central sensitivo. b) Sulco lateral: Separa o lobo temporal do frontal. Os ossos do crânio são utilizados como referência para deno- minar as áreas com as quais se relacionam. Portanto, existem o lobo frontal, temporal, parietal e occipital. Para além desses ainda existe a região da ínsula. De acordo com Machado e Haertel (2014) a suas partes fun- cionais são: (I) Lobo frontal: Na parte inferior do lobo frontal apresenta um importante sulco, chamado olfatório profundo a de direção anteroposte- rior. O sulco olfatório abriga o bulbo olfatório. De acordo com Machado e Haertel (2014) o tronco encefálico fica entre a medula e o diencéfalo. A sua constituição é composta por núcleos e fibras nervosas -os núcleos do tronco encefálico são um agru- pamento de corpos de neurônio fora do neo-córtex-, que se agrupam novamente formando os tratos, fascículos ou lemniscos – essas estru- turas são demarcadas por relevos ou depressões na superfície do cére- bro. Grande parte dos núcleos do tronco encefálico recebem e emitem fibras que, posteriormente, irão formar os doze nervos cranianos. Dos 38 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S 12 pares de nervos cranianos, dez partem do tronco encefálico (Fig. 01) (Cosenza, 2005; Machado &Haertel, 2014). Bulbo Como foi dito anteriormente, não é tão fácil a demarcação do término do bulbo e início da medula. Mas seu limite superior é identifi- cável, por meio da localização de um sulco horizontal visível no córtex, chamado de sulco bulbo-pontino, por questões óbvias. Na porção mais anterior do bulbo é possível observar a fissura mediana. Entre a fissura e os sulcos laterais, fica localizada uma região chamada de pirâmide. Nessa região, ocorre a ligação das áreas motoras do cérebro com os neurônios motores da medula (Cosenza, 2005). Ponte A ponte é uma parte que fica entre o mesencéfalo e o bulbo, fica na parte anterior do cerebelo e repousa sobre a base da região oc- cipital. No limite entre a ponte e o pé do cerebelo emerge dali o nervo trigêmeo. Na região do chamado sulco bulbo-pontino emergem os ner- vos cranianos: nervo abducente; nervo vestíbulo-coclear; nervo facial. O grande número de raízes dos nervos cranianos em uma pequena área cerebral, explica a manifestação de vários sintomas observados nos casos de tumores, por exemplo. (Ver Síndrome do ângulo ponto cerebelar ) (Cosenza, 2005; Machado &Haertel, 2014). Na região da ponte emerge o trigêmeo V par de nervo crania- no, que apresenta duas raízes, uma mais volumosa sensitiva que inerva grande parte da sensibilidade da face e outra raiz mais delgada que é motora (Cosenza, 2005). 39 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Figura 06 : Vista anterior do tronco encefálico Fonte: Machado e Haertel (2014) Mesencéfalo Área localizada entre a ponte e o diencéfalo. É a menor par- te do tronco encefálico. De acordo com Cosenza (2005), nessa região emergem quatro eminências arredondadas: denominadas de colículo superior e inferior. Logo abaixo desses colículos inferiores emerge o nervo troclear o quarto nervo craniano. Os colículos formam o teto do mesencéfalo. Nesta região está localizado um importante grupo de neurônios do mesencéfalo, a chama- da sustância negra, formada por neurônios que contêm a melanina. Ele é atravessado por um estreito canal denominado aqueduto cerebral; um canal que liga os terceiro e quarto ventrículos, e permite a passagem do líquido cefalorraquidiano a medula aos ventrículos cerebrais (Cosenza, 2005; Machado & Hartel, 2014). 40 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Figura 07: Vista posterior tronco encefálico Fonte: Machado e Haertel (2014) Cerebelo Cerebelo (deriva do latim, cérebro pequeno) está localizado atrás da ponte e do bulbo, ele contribui para formar o assoalho de quarto ventrículo (espaço onde circula o cérebro espinhal). Ele está ligado a me- dula e ao bulbo pelo pedúnculo cerebelar inferior; e no pedúnculo cere- belar superior, faz conexão com o pedúnculo cerebelar médio e superior. De acordo com Machado e Haertel (2014) o cerebelo é um órgão muito importante para a manifestação de comportamentos con- trolados, que envolvem: - Equilíbrio e manutenção da postura: ele possibilita a contra- ção organizada entre os músculos, de modo a manter o equilíbrio e a postura normal, mesmo quando o corpo está em deslocamento. - Controle do tônus muscular: sabe-se que o cerebelo apresen- ta esta função pois, os pacientes que apresentam a descerebelização, acontece a perda no tônus dos músculos. - Aprendizagem de habilidades motoras: à medida que existe 41 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S uma repetição de determinados movimentos, por várias vezes, o compor- tamento passa a ser executado com mais facilidade, velocidade e com menos erros. Isso mostra que o SN aprende a realizar tarefas motoras. - Coordenação dos movimentos voluntários: Graças as mani- festações de incoordenação motora -ataxia- apresentadas por pacien- tes com lesões no cerebelo, nos permite atribuir a ele, a função de or- questrar nossos movimentos voluntários. Esse mecanismo de controle acontece de duas etapas: (I) Planejamento do movimento (elaborado pelas vias cérebro-cerebelo, a partir de dados conduzidos pela via cór- tico-ponto-cerebelar, de áreas do córtex envolvidos nas funções psíqui- cas superiores, também conhecida como áreas de associação e que expressam a deliberação do movimento). (II) Correção dos movimentos planejados: ao iniciar um movimento entra em ação, as vias espino- -cerebelar, promovendo correções e realizando os ajustes necessários para que o comportamento seja executado da forma mais adequada. O cerebelo é um órgão muito importante para a manifesta- ção de comportamentos controlados, que envolvem: equilíbrio e a manutenção da postura, controle do tônus muscular, aprendizagem de habilidades motoras, coordenação dos movimentos voluntários. Mesmo com sua evidente ligação com os aspectos do compor- tamento, novos estudos em neuroimagem funcional têm mostrado que existe relação entre o cerebelo e questões cognitivas pela via cérebro- -cerebelo. Cerebelo possui vias de conexão com o córtex pré-frontal que ajudam a realizar várias funções não motoras como: - resolver quebra-cabeça; - associar palavras e verbos; - resolver mentalmente operações complexas de aritméticas e - reconhecerfiguras complexas. Síndromes Cerebelares Machado e Hartel (2014) destacam três síndromes cerebelares que são mais comuns e seus impactos sobre a organização da vida. a) Síndrome vestibulocerebelo Lesões nessa região causam perda da capacidade de usar infor- 42 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S mações adequadas para o movimento do corpo enquanto executa uma marcha ou ficar na postura ereta. As lesões causam movimentos irregula- res das pernas, tanto com olhos aberto, quanto fechados. Não existe com- prometimento dos braços e pernas para realizar movimentos ordenados, se estiver deitado ou apoiado. Apresenta ainda nistagno (movimentos dos olhos para os lados, constantemente, limitando a capacidade para focar). Ela manifesta com certa frequência em crianças de menos de dez anos de idade, em geral está ligada a tumores no teto do quarto ventrículo cerebral. b) Síndrome espino-cerebelar Lesões nesse local levam a erro na execução dos movimentos, pois, essa região para de processar informações de posição do corpo. O mecanismo de funcionamento na região espino-cerebelar se dá por meio de programação das ações antecipatórias, para que não haja erro na exe- cução do comportamento. A perda desse controle faz com que, por exem- plo, um movimento de pinça para pegar um grampo só aconteça depois que a mão já ultrapassou o limite no espaço para efetivar a pega da pinça; como resposta, existe uma tentativa de correção, que na verdade causa ainda mais comprometimento, ocasionando um tremor terminal. Pode oca- sionar também nistagno, alteração da fala, ficando mais arrastada. c) Síndrome cérebro-cerebelo Lesões nessa região causam: - atraso no início do movimento - decomposição do movimento multiarticular: movimentos que são realizados simultaneamente agora são realizados em uma sequên- cia de início e término de um movimento, para só depois realizar outro. - Disdiadocinesia: comprometimento para efetuar movimentos com rapidez e alternados; esses pacientes têm limitação, por exemplo, para atender o comando de tocar o nariz com o indicador da mão direita e esquerda em sequência. - Rechaço: o paciente perde a capacidade de fazer a paralização de um movimento ao receber um comando. Por exemplo, pede-se ao pa- ciente para estender os braços para frente e solicita que façam força para erguer os braços, o profissional por sua vez, força os braços para baixo, enquanto o paciente tenta elevar o braço. Um paciente com essa região preservada, ao final da força exercida pelo profissional, automaticamente interrompe a força de elevação dos braços. O paciente com lesões nessa região vai elevar os braços como se a força ainda estivesse em ação. - Tremor: tremor causado quando o paciente voluntariamente tenta pegar algo ou realizar algum movimento mais fino, como passar um folha, pentear cabelo e etc. - Dismetria: o paciente perde a capacidade de dosar os movimen- 43 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S tos necessários para uma determinada ação. Testa-se essa habilidade so- licitando ao paciente para tocar a ponta do nariz com o dedo indicador. O paciente terá dificuldade para acertar os movimentos para realizar a tarefa. Ainda de acordo com Machado e Haertel (2014), o distúrbios cerebelares podem estar ligados a várias outras condições como: malfor- mação congênita, questões de hereditariedade, tumores dentre outros. Segundo Machado e Haertel (2014), quanto à fisiologia das células cerebelares, elas guardam características interessante: O cerebelo tem uma notável capacidade de recuperação funcional quando há lesões de seu córtex, particularmente em crianças, ou quando as lesões aparecem gradualmente. Para isso, concorre o fato de que o seu córtex ter uma estrutura uniforme, permitindo que as áreas intactas assumam pouco a pouco as funções das áreas lesadas; entretanto essas recuperações não ocorrem quando as lesões atingem os núcleos centrais. NERVOS CRANIANOS A conexão entre encéfalo é realizada pelos doze pares de nervos cranianos. A maior parte desses nervos está ligada ao tronco encefálico, a exceção do nervo óptico e olfatório. Conhecer sobre os nervos e suas questões funcionais precisa ser entendido pelos profissionais que lidam com o processo de ensino e aprendizagem (Machado &Haertel, 2014). - Nervo Olfatório I par Tem sua origem na região olfatória partindo das fossas nasais. Ele é um nervo exclusivamente sensitivo, suas fibras conduzem os im- pulsos olfatórios. Segundo Neto (2011), o declínio da aptidão para cap- tar odores pode ser resultante da degeneração de células centrais e pode não ter relação com alteração do aparelho olfativo. O olfato pode ser um indício importante para o diagnóstico precoce de algumas doen- ças neurodegenerativas como o Parkinson. - Nervo óptico II par: É formado por um grosso feixe de fibras nervosas que partem da retina. Cada nervo óptico se une com o do lado oposto, formando o chamado quiasma óptico. É um nervo exclusivamente sensitivo. - Nervo oculomotor III par Este nervo surge a partir do sulco do pedúnculo cerebral, por meio da fissura orbital. De acordo com Pereira et al. (2012), esse nervo é ligado às funções de elevação do músculo da pálpebra, e vários ou- tros músculos ligados ao movimento ocular, exceto o músculo oblíquo superior e do músculo reto lateral. Lesões nesse nervo podem ter como resposta dificuldade na elevação dos olhos. 44 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Esse nervo também é importante para o reflexo pupilar à luz. O sistema nervoso autônomo, por meio de ação de moderação da ação simpática e parassimpática, que vai dilatar e comprimir o esfíncter pu- pilar; um dos testes mais conhecidos para avaliar atividade cortical pre- servada ou comprometida. - Troclear IV par Esse nervo é o que inerva o músculo oblíquo superior do olho. Sua partida aparentemente surge abaixo dos colículos inferiores no me- sencéfalo, e juntamente com os nervos óculo motor e abducente causam a habilidade para controlar o movimento dos olhos de forma intencional. - Abducente VI par Nervo ligado ao movimento ocular, ele permite os movimentos la- terais dos olhos. Ele inerva exclusivamente o músculo reto lateral do olho. São nervos motores que entram na órbita pela fissura orbital superior. Esses últimos nervos compõe um grupo de nervos voltados à inervação e movimentação ocular. - Nervo trigêmeo V É um nervo misto, ou seja, ele tem raízes sensitivas e motoras. Tem sua origem entre a ponte e o pedúnculo cerebral médio e se divide em 3 ramos: oftálmico, maxilar e mandibular. O oftálmico é responsável pela inervação sensitiva dos olhos e passa pela fissura orbital superior. O maxilar é responsável pela inervação sensitiva do nariz até o lábio superior e passa pelo forame redondo. O mandibular é responsável pela inervação sensitiva da mandíbula, e a sensibilidade de 2/3 anteriores da língua e movimentação dos músculos mastigatórios (Luna, 2010; Ma- chado & Haertel, 2014). A patologia mais conhecida envolvendo o trigêmeo é a neu- ralgia do trigêmeo (para alguns autores quando afetada ou inflamada, causa a dor mais intensa que um ser humano pode sofrer), ele é descri- ta como a presença de choques na face, cefaleia, vertigem, dificuldade para manter-se ereto e presença de espasmos faciais; algumas vezes os sintomas são deflagrados abruptamente por mastigação, escovação dos dentes, dentre outros. Ela ocorre mais frequente em mulheres e tem maior incidência na terceira idade. A causa da neuralgia ainda permane- ce uma incógnita (Luna et al., 2010). - Nervo facial VII: É um nervo misto (motor e sensitivo), que se origina no sulco bulbo-pontino na base do crânio. É responsável pelo sentido do paladar de 2/3 anteriores da língua e motricidade dos músculos da mimica facial (Dib, Kosugi, Antunes, 2004). Uma das mais conhecidas patologias queenvolvem esse ner- 45 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S vo é a paralisia de Bell ou paralisia facial. Essa doença pode acometer pessoas em todas as idades causando paralisação temporária ou não, causando salivação constante e liberação lacrimal e assimetria facial. O paciente não consegue encher balões, manter o ar dentro da boca, den- tre outros. Essa paralisação tem um início abrupto e mostra evolução favorável, a recuperação total das funções desse nervo pode chegar a mais de 80% dos casos (Dib, Kosugi, Antunes, 2004). -Nervo vestíbulo-coclear VIII par É um nervo sensitivo, tem sua origem no sulco bulbo-pontino. Esse nervo na verdade é a junção do nervo vestibular – responsável pelo equilíbrio – e do nervo coclear – responsável pela audição. Uma lesão nesse nervo pode causar perda parcial da audição e vertigens. -Nervo glossofaríngeo IX par É um nervo misto, que se origina no sulco lateral posterior e passa pelo forame jugular. É responsável pelo paladar e sensibilidade de 1/3 posterior da língua, sensível para seios e corpos carotídeos, além de ter função motora para os músculos da faringe, favorecendo a deglutição. -Nervo vago X par É o maior dos nervos cranianos. É um nervo misto, tem origem no sulco lateral posterior e passa pelo forame jugular. É motor para vís- ceras do tórax e abdômen, faringe e laringe, e a porção parassimpática das vísceras abdominais e torácicas. -Nervo acessório XI: É um nervo exclusivamente motor, tem sua origem no sulco lateral posterior e passa pelo forame jugular. É responsável pela motri- cidade dos músculos trapézio e esternocleidomastoide. -Nervo hipoglosso XII: É um nervo exclusivamente motor, sua origem é no sulco late- ral anterior e passa pelo canal do hipoglosso. É responsável pela mo- tricidade da língua (inerva os músculos intrínsecos), faringe e laringe – fonação e deglutição. Uma lesão nesse nervo causa paralisia da mus- culatura de uma das metades da língua, a pessoa afetada quando faz a profusão da língua ela se desvia para o lado lesado. Neuralgia dos nervos trigêmeo, glossofaríngeo e vago as- pectos dos nervos sobre a vida e desenvolvimento humano. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/anp/v13n4/07.pdf acessado em: 02/19 46 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S ÁREAS FUNCIONAIS DO CÓRTEX CEREBRAL As áreas sensitivas do corpo humano estão distribuídas nos lo- bos frontal, temporal, occipital. As áreas sensitivas são divididas em pri- márias (de projeção) e secundárias (de associação) e terciária (funções psíquicas) que consistem em fazer a captação e a resposta adequada para cada estímulo captado (Machado & Haertel, 2014). - Área somestésica primária: localizada no giro pós-central e as áreas 3,1 e 2 das áreas de Broadman. Essa área é representada pelo denominado homúnculo de Penfild ou homúnculo sensitivo. Homúnculo de Penfild e suas ligações com o córtex cere- bral e a somatotopia. Disponível em: SCHOTT, G. D. Penfield's homunculus: a note on cerebral cartography. Journal of neurology, neurosurgery, and psychiatry, v. 56, n. 4, p. 329, 1993. - Visão: córtex occipital, na maioria dos mamíferos a visão não está completamente corticalizada. Estudos mostram que podem persis- tir algumas sensações luminosas, que nos permitem desviar de objetos no caminho, mesmo com os olhos vendados. - Audição: área localizada no giro temporal transverso anterior. Lesões nos dois lados do córtex temporal causam surdez completa. Lesão em apenas um lado causa surdez parcial. - Olfatória: localizada no giro do uncus. Alguns casos de epi- lepsia com a presença de descargas na região douncus, faz com que o paciente queixe de sentir cheiro de carne podre. - Gustação: apenas no mamífero homem é localizado no córtex da insula. 47 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSO QUESTÃO 01 Ano: 2012 BANCA: QUADRIX Órgão: CFP Prova: neuropsicologia: superior Com relação a localização das funções, é correto afirmar que: (A) Todas as funções estão localizadas em áreas cerebrais específicas. (B) Somente informações sensoriais podem ser devidamente localiza- das em áreas específicas do cérebro. (C) Localização é um conceito relativo, já que o cérebro está também organizado em redes funcionais, ou seja, vias paralelas fazem parte até mesmo do que parece ser uma via única. (D) Não há possibilidade de localização das funções específicas ou vias neurais. (E) Apenas a linguagem é claramente identificada. QUESTÃO 02 Ano: 2012 BANCA:QUADRIX Órgão: CFP Prova: neuropsicologia: superior Quais são as três principais regiões cerebrais (sistemas para pro- dução correta das habilidades de leitura e escrita? (A) Giro frontal médio, região temporo-parietal e temporo-occipto-temporal. (B) Giro frontal inferior, região temporopariental. (C) Giro frontal inferior, região temporo-parietal e temporo-occipital es- querda. (D) Região frontal e áreas pré-frontais direitas. (E) Região fronto-temporal-esquerda. QUESTÃO 03 Ano: 2012 BANCA:QUADRIX Órgão: CFP Prova: neuropsicologia: superior No processo de alteração de linguagem, os dados colhidos devem ser analisados com base: (A) No diagnóstico (B) No desenvolvimento normal da linguagem (C) Condutas médicas terapêuticas (D) Desenvolvimento neuropsicomotor (E) No desenvolvimento social. QUESTÃO 04 Ano: 2012 BANCA:QUADRIX Órgão: CFP Prova: neuropsicologia: superior 48 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S Na classificação funcional do córtex cerebral, segundo Luria, as funções das três áreas corticais são: (A) Área primária de projeção: sensitiva e motora; área secundária de sensitiva e terciária com função psíquica. (B) Área primária com função sensitiva e motora; área secundária com função sensitiva e motora associativa e área terciária com função psí- quica superior. (C) Área primária motora; área secundária sensitiva e área terciária sen- sitiva e motora (D) As três áreas com função sensitiva e motora (E) As três áreas com função motora. QUESTÃO 05 Ano: 2012 BANCA: QUADRIX Órgão: CFP Prova: neuropsicologia: superior Sobre os neurônios podemos afirmar que: (A) São células que não apresentam capacidade de regeneração. (B) Somente os do sistema nervoso periférico tem capacidade de rege- neração. (C) A estimulação pode provocar a formação e nódulos nos neurônios. (D) Os motores são mais facilmente danificados com a idade. (E) São células que se regeneram dependendo do caso. QUESTÃO DISSERTATIVA- DISSERTANDO A UNIDADE O cérebro, para realizar a comunicação entre meio interno e externo, utiliza uma grande rede de neurônios, apta a orquestrar as múltiplas formas de comunicação. No cérebro, grande parte partindo do tronco cerebral, existem doze pares de nervos cranianos. Cite cada um deles e comente sobre suas funções mais relevantes. TREINO INÉDITO Analise as afirmativas abaixo e responda: I - Embora os dois “cérebros” estejam altamente conectados e de- pendam constantemente um do outro, visando um funcionamento integrado, cada um contribui de modo diverso para nossa expe- riência de vida e para nosso comportamento. II - O tronco encefálico fica entre a medula e o diencéfalo. A sua constituição é composta por núcleos e fibras nervosas -os núcleos do tronco encefálico são um agrupamento de corpos de neurônio fora do neo-cortex-, que se agrupam novamente formando os tra- tos, fascículos ou leminiscos – essas estruturas são demarcadas por relevos ou depressões na superfície do cérebro. 49 IN TR O D U Ç Ã O À N E U R O LO G IA - G R U P O P R O M IN A S III - O cerebelo tem uma notável capacidade de recuperação funcio- nal quando há lesões de seu córtex, particularmente em crianças, ou quando as lesões aparecem gradualmente. São afirmativas corretas apenas o que se afirma em: (A) I. II, e III (B) I e II (C) II e III (D) III (E) NDA NA
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