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Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Gênero Streptococcus spp Prof. Marcos JP Gomes TAXONOMIA Atualmente (2011), a “List of Prokaryotic names with Standing in Nomenclature” cita 95 espécies e 17 subespécies no gênero Streptococcus spp, conforme o site: www.bacterio.cict.fr/s/streptococcus.html HISTÓRICO: Em 1877, Bilroth e Elrlich detectaram cocos com apresentação em cadeias de feridas infectadas conhecidas como “erisipela” (erythros = vermelho) (pella = pele). Em 1887, Nocard e Mollerau, na França, descreveram pela primeira vez, os estreptos dos animais e os associaram à mastite bovina. Pasteur observou microrganismos semelhantes que foram chamados por Ogston de Streptococcus. O nome genérico dos estreptococos foi utilizado, pela primeira vez, por Rosenbach (1884) para descrever um microrganismo esférico que crescia em cadeias e que fora isolado, de lesões supurativas no homem. Em 1887/1888, Schutz isolou o S. equi (garrotilho) e pneumonia dos eqüinos. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS ESTREPTOCOCOS Os estreptococos são Gram positivos, imóveis (poucas exceções), não formam esporos, tem forma esférica e suas dimensões variam entre 0,6 a 1 µm. Dispõe-se em cadeias ou aos pares. Esfregaços em meios sólidos formam cadeias curtas ou aos pares. No caldo, as cadeias podem ser longas ou agrupadas. Algumas espécies possuem cápsula na fase de crescimento logaritmo e estacionária. São aeróbios e anaeróbios facultativos; catalase e oxidase negativa e fermentadores de açúcares. HABITAT Os estreptococos estão distribuídos na natureza como comensais (animais). Os estreptococos causam uma série de enfermidades nos animais e no homem, sendo importantes saprófitos do leite e produtos lácteos. As espécies potencialmente patogênicas ou não patogênicas estão presentes na pele e mucosas do trato digestivo, genital e respiratório, podendo sob determinadas condições, causar doença. CLASSIFICAÇÃO Em 1933, Rebecca Lancefield, trabalhando com o teste de precipitação utilizaram estas diferenças antigênicas para estabelecer 6 grupos (A até E e N). Mais tarde, outros grupos foram incorporados (F,G,H,K, L, M, O, P, Q, R, S, T, U e V), entretanto nenhuma designação foi dada a esses novos grupos. Mais tarde, estranhou-se que estreptococos como o S. bovis e o S. faecalis compartilhassem o mesmo grupo de antígenos, pois eram fisiologicamente e taxonomicamente diferentes. A classificação dos estreptococos não pode ser baseada, somente no grupamento sorológico, mas no critério fisiológico e bioquímico. Os antígenos (polissacarídeo e carboidrato) utilizados no sistema de classificação de Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Lancefield estão localizados na parede celular, especialmente os grupos: A, B, C, E, F, G, H e K. Nos grupos D e N estes antígenos são ácidos teicóicos que se localizam entre a parede e a membrana celular. No grupo B e C está contida a maioria dos estreptococos de importância veterinária. Estudos recentes, utilizando hibridização de ADN indicaram que os estreptococos do grupo C, G e L estavam intimamente relacionados, e que sua inclusão sobre o mesmo nome específico poderia ser justificável. O S. zooepidemicus pode ser então renomeado de S. equi subsp. zooepidemicus. IMPORTÂNCIA Os estreptococos são importantes causa de mastites em bovinos, de garrotilho e de outras doenças nos eqüinos; de meningoencefalites, artrites, endocardites e linfadenite em suínos. Embora menos freqüente, eles estão relacionados com septicemia nas aves e infecções respiratórias em gatos e cães novos. As amostras de estreptococos são classificadas, conforme o tipo de hemólise: a) Alfa: hemólise parcial de cor esverdeada; b) Beta: uma zona descorada devido à hemólise total e 3) Gama: esta hemólise não é detectável. FATORES DE VIRULÊNCIA Os fatores de virulência dos estreptococos mais envolvidos em enfermidades animais são mostrados na tabela 1. A maioria dos estreptococos são piogênicos, exceto o S. pneumoniae e o S. suis. A comparação da seqüência dos genomas disponíveis dos estreptos piogênicos evidenciou que 66% de seus genes são comuns para todos. A parte variável é formado por genes associados aos: pro-fagos, elementos conjugados de integração ou “integrative conjugative elements” (ICEs), elementos de inserção (ISs), e outros genes adquiridos por transferência horizontal (Beres et al. 2008). A virulência dos estreptococos está baseada na secreção de proteínas de superfície e nas estruturas que direta ou indiretamente impedem a fagocitose, incluindo àquelas envolvidas na adesão e metabolismo de carboidratos ou induz a liberação de citocinas pro- inflamatórias. Os fatores de virulência mais bem conhecidos nos estreptococos são a cápsula de ácido hialurônico, a proteína M anti-fagocitária e as exotoxinas pirogênicas. Entretanto outras moléculas incluindo estreptolisinas, proteases, toxinas leucocidas, ativadores plasminogênio (estreptoquinase) e possivelmente receptores da plasmina encontrados na superfície ou secretados também contribuem com a patogenicidade. Além disso, a maioria dos estreptos patogênicos possui a habilidade de ligar-se ao plasma do hospedeiro como albumina, imunoglobulina, fibrinogênio e ligar-se a fibrinonectina, laminina e outros componentes da célula do hospedeiro. Os organismos cobertos com um ou mais desses componentes podem ser capazes de fugir das defesas do hospedeiro tanto escapando da detecção ou pelo bloqueio de componentes opsônicos do complemento Os estreptos patogênicos dos animais domésticos podem ser agrupados por sua adaptação a um específico órgão ou sistema. Assim, o S. agalactiae, S. dysgalactiae e o S. uberis causam lesão do úbere; o S. equi, S. canis (alguns tipos M) e o S. porcinus são patógenos dos linfonodos da cabeça e pescoço; o S. pneumoniae causa doença do trato respiratório baixo em eqüinos; o S. suis está adaptado a sobreviver em ou dentro de células mononucleares sanguíneas que o transporta até o SNC, pulmões e articulações. Alem disso todos os estreptos exibem graus variáveis de especificidade ao hospedeiro, contrastando Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS com o S. zooepidemicus, que apesar de intimamente relacionado ao S. equi é um patógeno oportunista de diferentes órgãos/sistemas e hospedeiros. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Tabela1. Estreptococos Patogênicos mais importantes dos Animais ______________________________________________________________________________________ Espécies Lancefield Fatores de Virulência Doença _______________________________________________________________________________________ S. agalactiae B Cápsula polissacarídeo; Proteínas C, R, e X; CAMP factor; Hialuronidase; Ácido lipoteicóico; Proteases; CspA; Colagenase; Ácido lipoteicóico D- alanilado; Neuraminidase. Mastites S. dysgalactiae subsp.dysgalactiae C Hialuronidase; Estreptoquinase; Proteína lig. às fnb A e B; proteína G; receptorao plasminogênio; Estreptodornase; Proteínas similares à M; Receptor a alfa-2-macroglobulina. Mastites S. dysgalactiae subsp. equisimilis A, C, G, L Semelhante ao subsp. dysgalactiae, mas incluindo Estreptolisina S e O Artrite suína; Pneumonia dos filhotes (gatos cães); Linfadenites; Metrites; Placentites nos Eqüídeos S. equi C Cápsula ácido hialurônico; Proteínas antifagocíticas SeM, Se18,9 e IdeE; Estreptolisina S; Exotoxinas pirogênicas; Estreptoquinase; Peptidoglicano; Proteínas de lig. à fibronectina; Proteases; Proteína lig. tonsilar SzPSe e Se51,9; Estreptoquinase; Equibactina. Garrotilho S. zooepidemicus C Cápsula de ácido hialurônico; Estreptoquinase; Proteases; Estreptolisina S; Peptidoglicano; Proteína de lig. tonsilar SzP; Proteína de lig. à Fibronectina; Proteína de lig. à IgG. Oportunista piogênico; Pneumonia; Metrite; Doença articular. S. suis Cápsula; Proteínas MRP e EF; Suilisina; OFS, Enolase, SAO, Adesinas. Meningoencefalites; Septicemia e Artrites S. porcinus E, P, U, V Proteína M; Estreptoquinase Linfadenite cervical suína S. canis G Proteína M; Estreptolisina O Metrite/vaginite canina e felina; Bacteremia neonatal dos gatinhos;Linfadenite juvenil dos gatos, cobaias e ratos S. uberis Fator (es) antifagocíticos secretados; Receptor à caseina; Hialuronidase; CAMP-like uberis factor; Adesina à cel. mamária; Ativador do plasminogênio PauA; Mr scavenger MTuA. Mastites S. pneumoniae – Polissacarídio capsular; Neuraminidases; Pneumolisina; Autolisina; Protease IgA; Proteína de lig. à fibronectina; Permeases de peptídios; Metaloproteinases ZmpB; Proteínas de lig. à colina PsPA, LytA e CppA. Bronqueolites e pneumonia em eqüinos em treinamento ________________________________________________________________________ Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Quadro 1. Características Bacteriológicas Diferenciais entre estreptococos beta-hemolíticos e os que podem ser beta-hemolíticos 1) S. agalactiae 2) S. canis 3) S. castoreus; 4) S. dysgalactiae (S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae e S. dysgalactiae subsp. equisimilis) 5) S. equi subsp. equi 6) S. equi subsp. ruminatorum 7) S. equi subsp. zooepidemicus 8) S. iniae 9) S. marimammalium, 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S. constellatus, S. intermedius) 11) S. phocae 12) S. porcinus 13) S. pyogenes 14) S. suis biovar "capnofílico". 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Hemólise β, α ou - β β β, α, ou - β β β β Β (resp tardia) β, α ou - β β β β Grupo de Lancefield B G A C, G ou L C C C - C, - -, F, C, ou G -, F ou C E, P, U, V, - A - Inulinaa - - - - - - - - - - - - +b Lactosea d +b - d - + + - + d* - d + + Manitola - - - - - - - b + - d** - +b - - d-Rafinosea - - - - - - - - - d*** - - - +b Ribosea d + - + - + + + - + + - - Salicinaa d + d + + + - +b + +b 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1) S. agalactiae 2) S. canis 3) S. castoreus; 4) S. dysgalactiae (S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae e S. dysgalactiae subsp. equisimilis) 5) S. equi subsp. equi 6) S. equi subsp. ruminatorum 7) S. equi subsp. zooepidemicus 8) S. iniae 9) S. marimammalium, 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S. constellatus, S. intermedius) 11) S. phocae 12) S. porcinus 13) S. pyogenes 14) S. suis biovar "capnofílico". Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS 1) S. agalactiae 2) S. canis 3) S. castoreus; 4) S. dysgalactiae (S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae e S. dysgalactiae subsp. equisimilis) 5) S. equi subsp. equi 6) S. equi subsp. ruminatorum 7) S. equi subsp. zooepidemicus 8) S. iniae 9) S. marimammalium, 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S. constellatus, S. intermedius) 11) S. phocae 12) S. porcinus 13) S. pyogenes 14) S. suis biovar "capnofílico". 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Sorbitola - - - d - d**** + - - - - + - - Trealosea d - b - + - - -b + - + - + + d ADH + + + + + + + + d + - + + +b Esculina - + b + d +b - +b + - + - +b d Hipurato + - - d - + -b - - - - -c - + VP + - - - - - - - - + - +b - - Fosfatase alcalina + + + + + + + + + +b + + + Beta- glicuronidase d -b + + + + + d - - +b d + Pirrolidonil- arilamidase - - - -b - - + - - +d + -b 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1) S. agalactiae 2) S. canis 3) S. castoreus; 4) S. dysgalactiae (S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae e S. dysgalactiae subsp. equisimilis) 5) S. equi subsp. equi 6) S. equi subsp. ruminatorum 7) S. equi subsp. zooepidemicus 8) S. iniae 9) S. marimammalium, 10) Streptococcus do "complexo S. milleri" (S. anginosus, S. constellatus, S. intermedius) 11) S. phocae 12) S. porcinus 13) S. pyogenes 14) S. suis biovar "capnofílico". Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E BIOQUÍMICAS Os estreptococos são bactérias exigentes em relação as suas necessidades nutritivas. Não crescem em meios com extrato de carne ou seu crescimento é pequeno no infuso, a menos que seja enriquecido com sangue ou soro. Agar infuso de carne eqüina é um excelente meio para isolamento dos estreptococos animais. O meio de Todd-Hewitt é um excelente meio líquido. A maioria dos estreptococos patogênicos cresce bem, em meio definido. As cepas de estreptococos produzem colônias translúcidas, pequenas, delicadas e com aproximadamente 1 mm de diâmetro, em meio sólido. Inóculos maiores produzem crescimento confluente que é quase transparente. A superfície do crescimento é lisa, brilhante e de contorno circular. As colônias crescidas, mais profundamente no agar são lenticulares. As colônias crescidas em meio fluido podem ser globulares e dificilmente visíveis a olho nu. Cepas que produzem cadeias longas produzem sedimento no fundo do tubo. Amostras capsuladas e amostras com cadeias curtas permanecem mais tempo em suspensão. Todos os estreptococos crescem bem no leite e a maioria das amostras produz ácido láctico neste substrato. A maioria dos estreptococos cresce bem em aerobiose e anaerobiose, embora poucas cepas se desenvolvam sob condições de anaerobiose. Os estreptococos são únicos entre as bactérias aeróbias que não sintetizam citocromo, sendo incapazes de produzir fosforilação oxidativa por meio da cadeia de transporte de elétrons por meio do sistema citocromo. A azida sódica como inibidor da cadeia citocromo é amplamente utilizada como meio seletivo para isolamento de estreptococos em amostras contaminadas. Os estreptococos são catalase negativos e fermentam açúcares até o ácido D-láctico. A temperatura ideal de crescimento varia de -10ºC a 45ºC. As espécies patogênicas são destruídas por temperatura inferiores a da pasteurização. Algumas espécies coagulam o leite e outras espécies intestinais resistem ao processo de pasteurização.O S. thermophilus cresce a 50º C. A maioria dos estreptococos patogênicos hemolisa completamente as hemácias de eqüinos. As colônias alfa hemolíticas ou do grupo viridans produzem uma zona estreita de descoloração esverdeada ao redor das colônias. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Streptococcus dysgalactiae Prof. Marcos JP Gomes SINÔNIMOS: S. dysgalactiae subsp equisimilis; S. equisimilis TAXONOMIA O mais recente ordenamento dessa espécie está disponível no site http://www.bacterio.cict.fr/bacdico/ss/dysgalactiae.html O S. dysgalactiae possui antígenos dos grupos C, G ou L de Lancefield e a sistemática desses estreptococos é bem complexa. Vieira e colaboradores, em 1998, propuseram a descrição de duas subespécies do S. dysgalactiae: S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae e o S. dysgalactiae subsp. equisimilis. O S. dysgalactiae subsp dysgalactiae agrupa: a) linhagens do grupo C, b) alfa-hemolítico ou não hemolíticos; c) não sintetizam estreptoquinase ativa sobre o plasminogênio humano; d) isolado de mastite bovina, alem da boca, amídalas ou da vagina de bovinos. O S. dysgalactiae subsp equisimilis agrupa a) linhagens dos grupos C, G ou L, b) beta-hemolíticos; c) sintetizam estreptoquinase ativa sobre o plasminogênio humano; d) isolado do homem e de animais. Dentro dessa subespécie é possível distinguir a) cepas de origem humana do grupo C b) cepas de origem animal do grupo C; c) cepas de origem humana do grupo G e d) cepas do grupo L. CARACTERÍSTICAS MORFOLOGICAS, CULTURAIS E BIOQUIMICAS As linhagens do S. dysgalactiae são constituídas de cocos ovais; Gram positivos, agrupados aos pares ou em cadeias imóveis; algumas vezes, capsulados (S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae), aeróbio-anaeróbio; catalase negativos; quimiorganotróficos; metabolismo fermentativo, possuindo antígenos do grupo C, G ou L de Lancefield; Mostram no AS ovino, colônias alfa ou beta ou não hemolíticas; não sobrevivem ao calor a 60 °C por 30 minutos. BIOQUÍMICA Resposta positiva aos testes: Fosfatase alcalina, ADH, Beta-glucuronidase, Leucina arilamidase, Acidificação do Amido, Glicose, Maltose, Ribose, Sacarose e Trealose. Resposta negativa aos testes: VP, alfa-galactosidase, acidificação da arabinose, inulina, manitol e rafinose. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Resposta variável aos testes: Hidrólise da esculina, hidrólise do hipurato, pirrolidonil-arilamidase (resposta geralmente negativa), beta-galactosidase (resposta sempre negativa no API 20 STREP). Acidificação do glicogênio, glicerol, lactose, salicina, tagatose e do sorbitol. Acidificação da tagatose e do sorbitol permitem reconhecer 4 biovares dentro das linhagens do S. dysgalactiae subsp dysgalactiae isolados de mastite bovina. Quadro I. Características diferenciais entre subespécies do S. dysgalactiae. Características S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae S. dysgalactiae subsp. equisimilis Cepas animais do grupo C Cepas humanas do grupo C Cepas animais do grupo C Cepas humanas do grupo G Cepas Grupo L Hemólise Alfa Beta Beta Beta Beta Sorbitol* (+) - - - - Glicogênio* - - + - + Hidrólise do Hipurato - - - - (+) Bacitracina S R R R S * : Acidificação. (+) : 70 a 80 % são positivas. + : Ao menos 95 % são positivas. - : Ao menos 95 % são negativas. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS A temperatura ótima de crescimento é de 37°C, mas alguns não são obtidos a 10°C ou a 45°C ou na presença de 6,5 % de NaCl ou ao pH de 9,6. O cultivo só é possível em meios complexos ou no agar sangue onde as colônias do S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae não são hemolíticas ou circundadas por uma zona de hemólise alfa enquanto que as colônias do S. dysgalactiae subsp. equisimilis são beta hemolíticas. PATOGENICIDADE O S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae é isolado principalmente de bovinos, podendo estar presente na boca, amídalas e vagina. É responsável por lesões nos tetos, mastite subclínica e clínica, tanto durante a lactação quanto no período seco. Dentro das mamites a sua freqüência de isolamento é de 14 a 20 % de uma mesma cepa persistir sobre a outra lactação. São isoladas a partir de moscas, sugerindo que esses artrópodes podem ter um Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS papel na disseminação da bactéria. Raramente este agente é responsável por lesões cutâneas assim como artrites e septicemias em terneiros. VIRULÊNCIA Vários fatores de virulência são evidenciados nas cepas associadas à mastite: a) Fatores que permitem adesão às células epiteliais depois da penetração e sobrevivência dentro da célula; b) Produção de fibrinolisina que age sobre a fibrina bovina, mas não sobre a fibrina humana; c) Produção de uma hialuronidase; d) Produção de estreptoquinase que converte o plasminogênio em plasmina (a plasmina exerce atividade proteolítica que permite a bactéria utilizar aminoácidos para crescimento); e) Fixação ao fragmento Fc das IgG; f) Fixação à albumina, g) Fixação à fibronectina; h) Fixação ao fibrinogênio; i) Fixação ao colágeno; j) Fixação à vitronectina; l) Fixação do plasminogênio e da alfa2-macroglobulina. O S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae é raramente isolado de pequenos ruminantes. É capaz de provocar artrites e septicemias nos cordeiros e artrites nas cabras. As cepas do S. dysgalactiae subsp equisimilis dos grupos C e G são causa de infecções faringeanas, mas raramente causam glomerulonefrites pós-infecção e nunca reumatismo articular agudo. Esses estreptococos dão origem a infecções diversas como septicemias, meningites, endocardites, infecções dos tecidos moles, infecções osteo- articulares e pneumopatias. As cepas do grupo G são isoladas de septicemias pós-parto e responsáveis pela “síndrome do choque tóxico”. Os estreptococos possuem proteína G que fixa o fragmento Fc das IgG, mas também ao fibrinogênio, fibronectina, beta2-microglobulina e alfa2-macroglobulina. As cepas do grupo L raramente estão presentes no homem, mas já foram isoladas a partir de infecções cutâneas de magarefes, trabalhando em matadouro suíno. Carnívoros As cepas isoladas de estreptococos do grupo G pertencem à espécie S. canis. As amostras do S. dysgalactiae subsp. equisimilis dos grupos C e L são albergadas pelos cães e gatos, entretanto a infecção por linhagens do grupo C não foram ainda descritas em cães. Os estreptococos do grupo L estão implicados nas pneumonias hemorrágicas e purulentas, infecções urinárias, septicemias e casos de morte súbita. As cepas do grupo L são raramente isoladas em cães e gatos; elas são implicadas em múltiplas infecções (abscessos, faringites, otites, infecções umbilicais, artrites, dermatites, infecções genitais, abortamentos...). As cepas do grupo L são isoladas de diversos órgãos de focas (Phoca vitulina e Halichoerus grypus), vitimas de epizootia do Morbillivirus. Cetáceos As cepas do grupo L são responsáveis pela formação de abscessos, broncopneumonias e septicemias em botos (Phocoena phocoena) do mar Báltico e Mar do Norte.Os animais se contaminam pelo contato direto e essas infecções são, em parte, responsáveis pela diminuição da população de botos, observadas depois do início do século vinte. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Eqüídeos O S. dysgalactiae subsp. equisimilis causa infecções similares as infecções causadas pelo S. equi subsp. zooepidemicus, mas com freqüência média. São isolados de lesões supurativas, septicemias neonatais, poliartrites, endometrites, mastites e um complicador de doença respiratória. Suínos O S. dysgalactiae subsp. equisimilis é isolado de suínos. As cepas do grupo C estão presentes na cavidade nasal, garganta, amídalas e secreção vaginal. As cepas do grupo L são isoladas da pele, de garganta, das secreções vaginais e prepúcio. As infecções são freqüentes em leitões de 1-3 semanas que se contaminam pelo contato direto com as porcas. O agente penetra via cutânea, umbigo ou amídalas, provocando bacteremia e septicemia. Os animais apresentam hipertermia, abatimento e anorexia. Localizações secundárias em um ou vários órgãos são a origem de artrites (levando a claudicação), endocardites e meningites. Evitar infecções é indispensável conferir nos leitões a imunidade passiva (colostro) e, evitando lesões dos pés e membros pelo uso de pisos não traumáticos. Utilização de bacterinas administradas nas porcas é preconizada. O S. dysgalactiae subsp. equisimilis (cepas do grupos C e L) são isoladas de infecções cutâneas, abscessos subcutâneos, pneumonias, pleurisias, septicemias, infertilidade, abortos ou agalaxia e implicada na “síndrome necrose das orelhas”. Esta infecção tem origem nas lesões da orelha, principalmente pelas mordeduras ou pela contensão dos animais. As lesões são contaminadas por estafilococos (S. hyicus), mas podem ser igualmente colonizadas pelos estreptococos. Animais experimentais (de laboratório) Os estreptococos do grupo C são responsáveis por infecções nos roedores de laboratório (ratos, camundongos e cobaias), sendo mais freqüente o S. equi subsp. zooepidemicus. Greestein e colaboradores descreveram no camundongo casos de infecção por cepas do grupo C do S. dysgalactiae subsp equisimilis. Os camundongos apresentaram abscesso hepático e peritonite, albergando o germe na garganta e nas fezes. Ruminantes As cepas do S. dysgalactiae subsp. equisimilis dos grupos C e L são responsáveis por septicemias, abscessos, artrites, abortamentos, mastite na vaca e mortalidade perinatal. Nos terneiros, apresentam onfalites e artrites causadas pelo S. dysgalactiae subsp. equisimilis e esta bactéria é a principal causa de artrite infecciosas na Inglaterra e País de Gales. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico tem como base o isolamento e identificação do agente. O número de bactérias, algumas vezes, é pequeno, especialmente nos processos de inflamação importante (mastite, artrite) e o inóculo deve ser importante. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS O isolamento é realizado em AS isento de açúcares redutores que influenciam a hemólise. Os meios utilizados são TSA e Columbia Agar com sangue ovino ou de cavalo (sangue de cavalo permite uma melhor expressão da hemólise, sendo recomendação de certos autores). A concentração do sangue no meio e altura da lâmina do agar podem influenciar a hemólise, sendo conveniente utilizar um AS com 4 mm de altura, contendo 5% de sangue. As placas são incubadas a 37 °C em aerobiose ou numa atmosfera de anaeróbia ou contendo 10 % de CO2. O cultivo em agar pode ser precedido de uma etapa de enriquecimento em meio líquido, como o caldo de Todd-Hewitt incubado overnight a 37 °C. O isolamento deverá ser realizado, em paralelo, em um meio não seletivo e em meio seletivo (Agar Columbia ANC (ácido nalidíxico-colicina) e sangue. A identificação provável do gênero Streptococcus tem como base: as características morfológicas, culturais, ausência de catalase e tipo respiratório. A identificação da espécie leva em conta a origem da amostra; da hemólise; das características antigênicas e características bioquímicas. Hemólise A colônia do S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae são circundadas por uma hemólise verde (hemólise alfa) ou não são hemolíticas. As colônias do S. dysgalactiae subsp equisimilis são circundadas por uma hemólise total (hemólise beta). Sorotipagem A extração do antígeno de grupo pela técnica de Lancefield (tratamento pelo ácido clorídrico a 100°C) ou de Fuller (tratamento pelo formol a 160 °C) permite uma caracterização pela técnica de precipitação em meio líquido (reação feita em tubos capilares utilizando antissoros específicos) é raramente utilizado pelos laboratórios de diagnóstico menos especializados. A maioria utiliza kits de reação (extração enzimática do antígeno e identificação com ajuda de partículas de látex recobertas de anticorpos), permitindo a caracterização dos antígenos do grupo A, B, C, D, F e G. O inconveniente é que esses kits não permitem a caracterização de cepas do grupo L. Características Bioquímicas A maioria dos laboratórios utiliza testes comerciais, como as cartelas de testes conhecidas como API 20 STREP. O estabelecimento do perfil por código de resultados e pesquisa desse perfil dentro da base de dados do fabricante conduz a erros que pode ser complementado pelo uso de tabelas clássicas de identificação. As cepas do grupo G pertencem à espécie do S. dysgalactiae subsp equisimilis se diferenciam do S. canis e do S. alactolyticus pelas características mencionadas no quadro I. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Quadro I. Diferenças dentre os estreptococos com e sem antígeno do grupo G de Lancefield que produzem ou podem produzir grandes colônias. Características S. canis S. dysgalactiae subsp. equisimilis, cepas do grupo G S. alactolyticus Fonte de isolamento Diversas espécies animais, carnívoros e bovinos Homem Suínos, Aves Antígeno Grupo G + + Tardio Colônias Ø ≥ 0,5 mm (24 h de incubação) + + Tardio Crescimento 45°C - - + ADH + + - Acidificação da Trealose Tardia Geral m - + Tardia Alfa-galactosidase* Tardia - Tardia Beta-galactosidase* Tardia Geralm + - - Beta-glicuronidase* Tardia Geral m - + - Características S. canis S. dysgalactiae subsp. equisimilis, cepas grupo G S. alactolyticus * : Caract. Estudadas no API 20 STREP. As cepas do grupo C da espécie do S. dysgalactiae subsp. equisimilis se diferenciam das cepas do grupo C do complexo "Streptococcus milleri" visto que essas últimas produzem colônias minúsculas e são VP positivas. Em Veterinária, as cepas beta-hemolíticas do S. dysgalactiae subsp. equisimilis portadoras do antígeno C podem ser confundidas com o S. equi subsp. equi ou com o S. equi subsp. zooepidemicus. Os elementos diagnósticos diferenciais são evidenciados no quadro II. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA2011-1 UFRGS Quadro II. Diferenças entre estreptococos do grupo C de Lancefield ou portadores do antígeno de grupo C de Lancefield, beta hemolíticos, isolados em veterinária. S. equi subsp equi S. equi subsp ruminatorum S. equi subsp zooepidemicus S. dysgalactiae subsp equisimilis S. phocae Grupo de Lancefield C C C C ou L (cepas animais) C, G ou L(cepas humanas) -, F ou C Hidrólise da Esculina Geral m + - Geral m + Geral m - - Hidrólise do Hipurato - + - - - ADH + + + + - Beta- glicuronidase + + + + - Teste de CAMP - + - - - Glicogênio* + + + d - Lactose* - + + Geral m + - Manitol* - - Geral m - - - Metil beta-D- glicopiranosida* + - + d Ribose* - + - + + Sacarose* + - + + - Sorbitol* - d** + - - Trealose* - - Geral m - + - S. equi subsp equi S. equi subsp ruminatorum S. equi subsp zooepidemicus S. dysgalactiae subsp equisimilis S. phocae * Acidificação. ** Utilizando a galeria API Rapid ID 32 Strep, 2 cepas dentre 6 acidificam o sorbitol, entretanto uma resposta positiva é obtida ao utilizar a técnica clássica. Na publicação de Fernández et al. a acidificação do sorbitol é uma característica negativa no tabela 1 e uma característica positiva no protocolo ! TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (ATMs) O S. dysgalactiae é sensível aos beta-lactâmicos, especialmente a penicilina G. A resistência adquirida aos aminoglicosídeos (falsa e ilusória a associação com um beta lactâmico porque não há sinergismo), cloranfenicol, macrolideos e, sobretudo as tetraciclinas. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Streptococcus agalactiae Prof. Marcos JP Gomes SINONIMIA Streptococcus difficilis foi o sinônimo anterior e heterotípico do Streptococcus agalactiae. GENERALIDADES O S. agalactiae foi descrito por Nocard e Mollereau, em 1887, com o nome de "Streptococcus da mastite" depois denominado de S. agalactiae por Lehmann e Neumann, em 1896. Dentro dessa espécie encontram-se linhagens de origem humana e animal que se diferenciam entre si, por características bacteriológicas. Muitos autores tentaram separar diversas linhagens sob o ponto de vista taxonômico, mas os resultados de hibridização do ADN/ADN, assim como as análises dos perfis eletroforéticos das proteínas mostraram que todas as amostras pertenciam a uma única espécie. AGENTE A principal característica do S. agalactiae é possuir o antígeno do grupo B de Lancefield. Este antígeno não é específico, pois se encontra presente em amostras do S. halichoeri. Algumas raras cepas do S. uberis, do S. porcinus e do S. canis são capazes de reagir com o soro específico anti B. A presença de antígenos polissacarídeos (Ia, Ib, II, III, IV, V, VI, VII e VIII) e dos antígenos protéicos (c, R e X) permite definir os sorovares. Os antígenos protéicos c, provavelmente designados como Ag Ic ou Ib/c, é de fato formado por muitos componentes: um componente resistente a tripsina ou alfa; um componente sensível a tripsina ou beta; um componente gama e outro delta. O Ag R se apresenta com formas antigenicamente distinta, permitindo descrever os Ags R1, R2, R3, R4, Rib, Ra. CARACTERÍSTICAS MORFO-CULTURAIS O S. agalactiae são cocos, Gram positivos, algumas vezes, ovóides, com tamanho de 0,6 a 1,2 µm de diâmetro; formam longas cadeias; imóveis; algumas vezes, capsulados; aeróbios ou anaeróbios; catalase negativos; metabolismo fermentativo (fermentação de açúcares produzindo principalmente ácido láctico); não resiste ao calor de 60ºC por 30 minutos. O S. agalactiae apresenta-se em formas de cadeias longas na secreção de úberes infectados. Em algumas amostras, os organismos são numerosos e facilmente encontrados; em outras, o agente é escasso e localizado com grande dificuldade, mesmo no leite aparentemente normal. O S. agalactiae é Gram positivo e facilmente corável. O cultivo é facilmente obtido em AS e as colônias de pequeno tamanho são, algumas vezes, pigmentadas de amarelo, laranja ou vermelho tijolo. A pigmentação é favorecida pelo cultivo anaeróbico, utilizando meio contendo amido, de inibidores da síntese de folatos como o metotrexato e pH superior a 7,3. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS A hemólise é variável, segundo a cepa, sendo possível observar: a) Hemólise alfa (freqüentemente duas zonas de hemólise); b) Estreita zona de hemólise beta (que pode aparecer opaca); c) Ausência de hemólise. As características biológicas diferentes com relação à origem das cepas levam a propor a existência de ecovares. Há dois ecovares principais: 1) O ecovar humano (cepas geralmente pigmentadas; salicina positiva; lactose e beta- galactosidase negativas, sensíveis a 10 U.I de bacitracina e possuidoras dos Ags protéico R ou C. 2) O ecovar bovino (cepas, geralmente não pigmentada; salicina negativa; lactose e beta-galactosidase positiva, resistente a 10 UI. de bacitracina e possuidoras do Ag protéico X). Obs. As linhagens isoladas de peixes são geralmente não pigmentadas; salicina, lactose e beta-galactosidase negativa e de sensibilidade variável a bacitracina. As amostras mais hemolíticas podem produzir um halo de mais de 1 mm de diâmetro no AS; muitas cepas produzem somente traços de hemólise e outras, nenhuma hemólise. Algumas amostras produzem uma discreta descoloração esverdeada no AS. O crescimento em caldo-soro é granular ou floculante. O crescimento se dá no fundo do tubo enquanto que no resto do tubo permanece claro. O S. agalactiae acidifica e coagula o “litmus milk” em 48 horas quando incubados a 37ºC. Há uma discreta redução do “litmus milk” no fundo do tubo. A 10ºC há crescimento observável após cinco dias. No caldo glicosado, o pH final atinge 4,4 a 4,7; hidrolisa o hipurato de sódio; fermenta a glicose, trealose, lactose, sacarose e maltose. A salicina quase sempre é fermentada. Não utiliza a inulina, manitol, sorbitol e rafinose. Não hidrolisa a esculina ou a gelatina. Muitas linhagens, mas nem todas, do S. agalactiae produzem um crescimento avermelhado no meio sólido, especialmente quando o meio contém amido. Cerca de 90% dos S. agalactiae testados produziram hialuronidase. Este organismo é destruído quando aquecido a 60ºC, durante 30 minutos ou destruído pela pasteurização. CHRISTIE, ATKINS e MUNCH-PETERSEN Em 1944, Christie, Atkins e Münch-Petersen relataram um fenômeno lítico produzido por 96% das amostras de estreptococos pertencentes ao grupo B de Lancefield. Este fenômeno é denominado de CAMP. Trata-se de uma hemólise sinérgica produzida pela ação da esfingomielinase estafilocócica (beta toxina) e a ceramida (N-acetil-esfingosina) uma proteína de ligação do S. agalactiae. Ela é produzida quando a toxina beta das colônias dos estafilococos altera as hemácias (bovinos) sensibilizadas à ação da proteína de ligação (ceramida) do S. agalactiae. A ação combinada dos dois fatores resulta numa hemólise completa. O fenômeno de CAMP é agora a base do teste de triagem para a presença do S. agalactiae em amostras de secreção láctea. A toxina beta dos estafilococos pode ser incorporada ao meio para isolamento e identificação do S. agalactiae. Existe também um teste rápido realizado emtubo com hemácias sensibilizadas pela toxina beta. DISTRIBUIÇÃO O S. agalactiae é causa comum de mastite infecciosa bovina com distribuição mundial, podendo causar também mastite em ovelhas e cabras. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS Resposta positiva aos testes: Hidrólise do hipurato (o teste pode ser efetuado a 30 °C para as cepas isoladas de animais ectotérmicos), ADH, VP, Fosfatase alcalina, Acidificação da glicose, Glicerol (só em aerobiose), Maltose, Ribose (reação, algumas vezes, fraca e lentamente positiva) e Sacarose. Resposta negativa aos testes Sensibilidade a Optocina (etil-hidro-cupreína), Hidrólise da esculina, Hidrólise da gelatina, Hidrólise do amido, Pirrolidonil arilamilase, Acidificação da arabinose, Inulina, Manitol, Rafinose, Sorbitol e Xilose. Resposta variável ao teste CAMP e teste da hialuronidase, DNAse, Beta-galactosidase, Beta-glucuronidase, Hemaglutinação de glóbulos vermelhos de coelho (a positividade é baseada na presença do Ag X), Acidificação da Lactose, Salicina e Trealose. RESISTÊNCIA A maioria das linhagens pode crescer na presença de 40 % de bile, mas incapaz de se cultivar a 45°C ou ao pH 9,6. Algumas amostras podem não ser cultivadas a 10°C ou na presença de 6,5 % de NaCl. HABITAT & PATOGENICIDADE O S. agalactiae é um parasita obrigatório em bovinos e no homem. Contaminação do homem pelo animal e do animal pelo homem é pouco documentada e, na maioria dos autores, acha improvável e pouco freqüente. Nos bovinos, o S. agalactiae é uma das principais causa de mamites subclínicas ou crônicas. Antes do uso de ATMs, aproximadamente 90 % das mastites eram devido a este agente. Este agente é incapaz de sobreviver muito tempo fora da glândula mamária, sendo possível erradicar a infecção, através da profilaxia baseada na higiene e ATMs. O habitat do S. agalactiae é a glândula mamária de vacas, ovelhas e cabras. A infecção se transmite pelas mãos do ordenhador, pelo equipamento de ordenha e algumas vezes, a boca do terneiro pode servir como via de transferência para a glândula mamária imatura de suas companheiras quando uma mama na outra. O agente penetra, através do esfíncter do teto; coloniza a glândula mamária, favorecendo a adesão ao epitélio. O microrganismo provoca inflamação lenta e progressiva com fibrosamento das áreas circunvizinhas. A doença começa insidiosamente e se desenvolve gradualmente. Animais mais velhos são mais acometidos. A involução do parênquima secretor provoca perda de produtividade que é causada pelo bloqueio do fluxo do leite e pelo processo inflamatório. A secreção torna-se alterada em diversos graus, algumas vezes, sem evidenciar anormalidade; outras vezes, mostrando flocos, massas de fibrina, sangue ou material purulento. O processo inflamatório causa a transformação do tecido secretor em tecido conjuntivo fibroso. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS O fenômeno de CAMP na patogenia da mastite não está bem elucidado. Sua propriedade letal para coelhos e camundongos sugere uma ação citotóxica para a glândula mamária. A secreção láctea de animais infectados torna-se alcalina e o número de leucócito excede geralmente a 500.000 células/mL. A quantidade de leite produzida pelo animal com a enfermidade avançada é reduzida em volume e aquosa. Linhagens do S. agalactiae são também isoladas de: macacos, suínos, caninos, felinos, camundongos, ratos, hamster e rãs. O poder patogênico é pouco documentado, mas a bactéria pode ser isolada em associação com outras bactérias ou vírus. A septicemia do macaco (Callithrix jacchus), endocardite e eczema dos cães, síndrome do enfraquecimento do caprino, meningoencefalomielite supurativa dos camundongos. No homem, o S. agalactiae está presente nas vias genitais (notadamente vagina) e tubo digestivo do homem. Nos adultos, a colonização é demorada e freqüentemente assintomática, mas o S. agalactiae pode ser responsável por septicemias, pneumonias, meningites, artrites, infecções urinárias e supurações profundas. Essas infecções são mais freqüentes nos indivíduos de idade superior a 65 anos, acometendo pessoas enfraquecidas (desnutrição diabete, cirrose, insuficiência renal, câncer...). Na mulher gestante ou no pós- parto, a infecção pode conduzir a endometrite e a esterilidade. No bebe, a contaminação pode se dá “in utero” ou freqüentemente por inalação do líquido amniótico ou secreções vaginais. A infecção precoce se traduz por septicemia, que se traduz em menos de 24 horas. A infecção precoce é favorecida no prematuro pela ruptura das membranas maternas e grande colonização da vagina da mãe. As infecções tardias sobrevêm após o terceiro dia estando associadas a meningites e artrites. A infecção do recém-nascido é, freqüentemente devido ao sorovar III (mas também Ia, Ib e V), sendo ele causa de septicemia e meningite com taxa de mortalidade que pode atingir 20%. IMUNIDADE Os anticorpos humorais têm pouca importância contra as infecções intramamárias; além disso, anticorpos contra o antígeno celular têm sido encontrados no colostro de novilhas de primeira cria, mesmo na ausência de qualquer sinal clínico da doença. É provável que os microrganismos tenham entrado em contato antes de atingirem a maturidade sexual. Aglutininas podem ser detectadas na secreção láctea de vacas infectadas pelo S. agalactiae quando coradas pela hematoxilina. O teste de ELISA pode também ser aplicado para quantificar o nível de anticorpos no leite e utilizado na detecção de portadores latente e com infecção subclínica. COLHEITA DE AMOSTRAS A grande variedade de agentes que podem causar mastite é importante, para o diagnóstico laboratorial seguro e correto, que todas as amostras submetidas para exame laboratorial sejam coletadas assepticamente, e em frascos estéreis. A contaminação das amostras de leite, por microrganismos localizados no canal ou orifício dos tetos, ou por microrganismos do ambiente, é um problema para o diagnóstico. Antes de coletar a amostra, se deve descartar os primeiros jatos de leite e fazer a antissepsia dos tetos com algodão embebido com álcool a 70%, iniciando-se pelos mais distantes. Quando os tetos estiverem secos, inicia-se a coleta de leite pelos mais próximos. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Imediatamente após a coleta, as amostras devem ser colocadas em recipientes com gelo (temperatura 4-80C) e mantidas nestas condições por até 24-48 horas até serem entregues no laboratório. A refrigeração é importante para impedir o crescimento de contaminantes, pois as diferenças existentes, no tempo de crescimento entre gêneros e espécies de microrganismos, podem permitir que a população de um contaminante sobreponha a do agente de interesse. Caso não se possa enviá-las para o laboratório neste período, pode-se mantê-las congeladas por períodos curtos de até quatro semanas antes do exame. O congelamento pode afetar em algum grau o isolamento de E. coli, Arcanobacterium pyogenes e espécies de Nocardia, mas não interfere com o isolamento de S. aureus e estreptococos, incluindo S. agalactiae, S. dysgalactiaee S. uberis após quatro, oito e 16 semanas. No laboratório, deve-se examinar primeiro o aspecto de cada amostra e, em seguida, semear a mostra em meio de cultivo. O diagnóstico nas vacas com mastite pode ser realizado facilmente. Uma amostra deve ser coletada antes do tratamento ou, em até 5 horas após o tratamento. A secreção láctea é inoculada (0,1 mL da secreção láctea; leite ou mistura dos quatro quartos). A sensibilidade não é aumentada pelo cultivo de 0,5 mL de leite nem o cultivo de cada um dos quartos. Pré-enriquecimento de 6 horas em caldo de BHI dá melhores resultados do que a semeadura diretamente sobre o agar. O número de bactérias presentes dentro da mama sofre flutuações periódicas e, em caso de negatividade, é aconselhável repetir o exame. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Diagnóstico bacteriológico Há meios comerciais que permitem um crescimento bacteriano inicial e, por conseguinte, orientação laboratorial adequada. Alguns desses meios são destinados à produção de pigmentos pelas linhagens do S. agalactiae, devendo ser cultivados em anaerobiose. Geralmente, as linhagens de origem animal não são pigmentadas cuja utilização é restritiva em medicina veterinária. 1)Meio de Islam: Proteose peptona: 23,0 g; Agar: 10 g; Na2HPO4: 5,75 g; Amido solúvel: 5,0 g; NaH2PO4: 1,5 g e soro eqüino inativado: 50,0 mL 2)Milieu de Granada (1 litro) Amido solúvel: 150,0 g ; Proteose peptona N° 3: 38,0 g; NaCl: 3,0 g; Lactato de trimetoprima: 0,015 g; Tampão fosfato (0,06M, pH 7,4): 900,0 mL e soro eqüino inativado (adicionar a 90 °C para tornar o meio opaco): 100,0 mL Outros meios seletivos podem ser utilizados, especialmente aqueles descritos por Bouvet et al. 1994 ou Gil et al. 1999 tais como: 1)Caldo de Todd Hewitt, contendo 5 % de sangue, 15 mg/L de ácido nalidíxico e 8 mg/L de gentamicina. 2)Caldo de Todd Hewitt, contendo 15 mg/L de ácido nalidíxico, 1 mg/L de polimixina e 1 mg/L de cristal violeta. 3)Meio de Lim: Caldo de Todd Hewitt contendo 1 % de extrato de levedura, 15 mg/L de ácido nalidíxico e 10 mg/L de colistina. 4)Agar sangue seletivo: Agar Columbia contendo 5 % de sangue humano, 15 mg/L de ácido nalidíxico e 10 mg/L de colistina. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS O diagnóstico bacteriológico é fácil e, tem como base, a detecção do Ag do grupo B de Lancefield e hidrólise do hipurato. Os Ags dos grupos B e G de Lancefield são polissacarídeos, dentro dos quais, a ramnose é o açúcar imunodominante. A visualização direta do S. agalactiae pode ser difícil no exame direto (esfregaço de leite), entretanto é facilmente demonstrado no sedimento centrifugado. Agar sangue- dextrose, contendo toxina beta estafilocócica permite o reconhecimento prévio de colônias do S. agalactiae, sendo confirmados por testes bioquímicos, conforme o Quadro 2 abaixo. TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (TSA) O S. agalactiae é normalmente sensível à penicilina e aos beta-lactâmicos, sendo mais freqüentes à lincomicina e à eritromicina. A sensibilidade é variável às tetraciclinas. Há registros de resistência à tetraciclinas, penicilinas e aos antimicrobianos beta- lactâmicos em propriedade leiteiras expostas a intensa pressão de seleção antimicrobiana ou no tratamento de vacas no período seco. Nos nossos casos de mastites por Streptococcus spp dificilmente é recomendado realizar o TSA. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Streptococcus uberis Streptococcus parauberis Marcos JP Gomes HISTÓRICO Em 1932, Diernhofer descreveu, pela primeira vez, o Streptococcus uberis e esta nomenclatura ainda está na "Approved Lists of Bacterial Names". Dentro desta taxonomia, as porcentagens de homologia de DNA - DNA permitem distinguir duas espécies genéticas: Streptococcus uberis Tipo I e Streptococcus uberis Tipo II. O estudo da seqüência 16S rRNA mostraram que ambos os tipos são filogeneticamente distintos e, em 1990, Williams e Collins propuseram reservar a designação de cepas de S. uberis para o Tipo I e designar as linhagens do Tipo II dentro de uma nova espécie chamada S. parauberis O S. uberis por ser alfa-hemolítico foi colocado no grupo "Streptococcus viridans". No entanto, a comparação das seqüências de RNA ribossômico permitiu colocar o S. uberis e o S. parauberis no grupo de "Streptococcus pyogenes". É difícil diferenciar S. uberis e S. parauberis por seus caracteres fenotípicos e estas duas espécies parecem ter patogenicidade semelhantes. Além disso, a maioria dos laboratórios não faz a distinção entre estas duas espécies. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS GERAIS O S. uberis e o S. parauberis são fenotipicamente muito semelhantes, diferindo do crescimento a 10°C que permite diferenciar; o S. parauberis é capaz de crescer (pouco) a 10°C, enquanto que o S. uberis não cresce. Esses microrganismos são cocos Gram positivos, imóveis, algumas vezes capsulados, (metade das amostras desenvolve uma cápsula composta de ácido hialurônico), agrupados aos pares ou formando pequenas cadeias de pequeno tamanho, aeróbios-anaeróbios, catalase negativos, incapazes de resistir ao aquecimento a 60°C por 30 minutos. O crescimento ótimo é obtido à temperatura de 35 a 37°C; o crescimento é possível na presença de 4% de NaCl, mas pode ocorrer na presença de 6,5% de NaCl ou ao pH 9,6. No gelose sangue de carneiro, as colônias são alfa hemolítica ou não hemolítica CLASSIFICAÇÃO O S. parauberis não é enquadrada no esquema de classificação de grupo Lancefield enquanto que somente 50% das linhagens do S. uberis são grupáveis; um terço das amostras reage ao antissoro E do grupo de Lancefield; outras cepas raramente reagem com os antissoros C, D, G, P ou U, e, excepcionalmente, com anti-grupo B ou K. Algumas cepas reagem com vários antissoros (por exemplo, E e U). CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS Resposta positiva aos testes: Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Hidrólise da esculina, DHA (com exceção de algumas cepas), arilamidase leucina, a acidificação do amigdalina, da arbutina, celobiose, frutose, beta-gentiobiose, da galactose, da glicose, da lactose (com exceção de algumas cepas), da maltose, da manose, do manitol, da N-acetilglicosamina, da sacarose, da salicina, do sorbitol e da trealose. Resposta negativa aos testes: DNase, acidificação do adonitol, do D-arabitol, da L-arabitol, do eritritol, da D- fucose, da L-fucose, do glicerol, do glicogênio, do gliconato, do 2-ceto-gliconato, do 5- ceto-gliconato, do inositol, da lixose, da melobiose, da alfa-metil D glicose, da alfa-metil D manose, da alfa-metil D-xilose, da rhamnose, da sorbose, da turanose, do xilitol, da D- xilose e da L-xilose. Resposta variável aos testes: Alfa-galactosidade, fosfatase alcalina, pirrolidonil-arilamidase (característica geralmente positiva), VP (resultados divergentes, segundo os estudos), aglutinação da lectina de Helix pomatia (Sigma), acidificação do amido, da arabinose (resultados divergem segundo os estudos), do dulcitol, da inulina, da melezitose, da rafinose da ribose e do D- tagatose. A hidrólise do hipurato é positiva para o S.uberis e variável para o S. parauberis A produção de beta-glucuronidase e o CAMP parecem negativos para o S. parauberis e variáveis para o S. uberis . HABITAT, PATOGENICIDADE E FATORES DE VIRULÊNCIA O S. uberis e o S. parauberis são os principais agentes causadores de mastite bovina e, de acordo com estudos, 20 a 33 % das mastites são causadas por esses germes. Parece que o S. uberis está mais envolvido com casos de mastite bovina do que o S. parauberis. Essas bactérias causam mastites clínicas e subclínicas em vacas lactantes (especialmente no início da lactação) e são as principais espécies isoladas durante o período seco. Ao contrário de outros estreptococos responsáveis pelas mastites, esses germes são isolados da pele da mama, intestino, amídalas, vagina e do ambiente. Raramente, o S. uberis ou S. parauberis é isolado de amostras colhidas de outros animais aparentemente saudáveis (cornetos nasais de suínos, sêmen de suínos e de touros, narinas de eqüinos), mas pode ser responsável por septicemia (bezerros, suínos, criação de martas), encefalite (bezerros) e abortos (bovinos, eqüinos). Facklam (1977) registrou o isolamento de sete cepas de S. uberis em amostras de sangue e de vários outros materiais clínicos (cistos, feridas, abscessos, urina) de origem humana. Os fatores de virulência ainda são pouco conhecidos: a) A presença da cápsula oferece resistência à fagocitose pelos macrófagos e neutrófilos, protegendo as bactérias fagocitadas pela atividade lítica das células fagocíticas. O S. uberis “in vitro” é capaz de aderir e penetrar nas células do epitélio mamário de origem bovina (linhagem celular MAC-T). O S. uberis produz uma proteína extracelular de 32 kDa (proteína PauA, codificada pelo gene pauA), que converte o plasminogênio em plasmina. A plasmina assim formada se liga à superfície da bactéria que a protege de seu inibidor fisiológico, a alfa2-antiplasmina. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS A plasmina possui atividade proteolítica sobre proteínas do leite, tais como a caseína, permitindo que as bactérias utilizem esses aminoácidos para o seu crescimento. Além disso, a plasmina permite a degradação da matriz protéica extracelular a qual facilita a colonização das células por bactérias. DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO O diagnóstico bacteriológico deve levar em conta a origem da amostra e o critério de hemólise; se alfa-hemolítico ou não hemolítico. A determinação do antígeno de grupo de Lancefield não é útil para identificação do S. uberis ou S. parauberis, pois esses estreptococos podem reagir com o antissoro contra o antígeno do grupo C Lancefield, podendo confundir com S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae. No entanto, S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae não acidifica o manitol e é pirrolidonil arilamidase negativo (com poucas exceções) e DNase positiva, segundo quadro1 abaixo Quadro1. Diferenças dentre os S. uberis sensu lato (S. uberis e S. parauberis), o S. agalactiae e o S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae. Testes S .uberis, S. parauberis S. agalactiae S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae Alfa-glucosidase 100 100 100 Beta-glucosidase 100 100 100 Beta-glucuronidase 75 60 100 Alfa-fucosidase 0 0 0 Beta-N-acetil- glucosaminidase 100 0 20 Arginina di-hidrolase 100 100 100 Tetrationato redutase 0 0 0 Alfa-galactosidase 11 0 0 Beta-galactosidase 100 100 100 Beta-xilosidase 0 0 0 Testes S .uberis, S. parauberis S. agalactiae S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Testes S .uberis, S. parauberis S. agalactiae S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae Serina aminopeptidase 0 40 60 Prolina aminopeptidase 0 0 0 Pirrolidonil aminopeptidase 92 0 0 Arabinose 100 100 100 Manitol 100 0 0 Sorbitol 100 0 40 Trealose 100 100 100 Rafinose 8 0 0 Inulina 100 0 0 Fosfatase Alcalina* 0 100 100 Bile Esculina 83 0 0 Hidrólise do Hipurato 97 100 0 DNase** 0 100 100 Testes S .uberis, S. parauberis S. agalactiae S. dysgalactiae subsp. dysgalactiae * : Caract. Estudada em agar nutritivo com 1% de difosfato de fenolftaleína (Sigma). ** : Caract. Estudada com a meio "Dnase Test Agar" (Difco). A distinção entre S. uberis e S. parauberis geralmente não é realizada e está focada na característica de crescimento a 10°C. Técnicas de PCR seguido de análise dos perfis de restrição dos genes que codificam RNAr 16S (enzimas de restrição RsaI e AvaII) ou o uso de sondas (específicas para o 16S rRNA do S. uberis ou do S. parauberis) são usados para diferenciar as duas espécies. TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (TSA) O S. uberis e S. parauberis são geralmente sensíveis aos ATMs beta-lactâmicos (penicilina G, ampicilina, cefalotina), à novobiocina, à lincomicina e ao cloranfenicol. As resistências são observadas à estreptomicina, à gentamicina, à canamicina, à espectinomicina, à tetraciclina e à eritromicina. Nenhum plasmídeo de resistência foi identificado. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS PROFILAXIA As técnicas convencionais de profilaxia (higiene da ordenha, desinfecção das tetas e terapia da vaca seca) têm pouco efeito sobre a prevenção da mastite causada pelo S. uberis ou S. parauberis porque esses microrganismos podem infectar o úbere entre as ordenhas ou durante o período seco. IMUNOPROFILAXIA Os estudos com imunógenos (injeção subcutânea de uma linhagem viva seguida pela administração intramamária de extratos da parede celular do estrepto ou pela imunização intramamária com uma cepa inativada) mostraram que é possível obter proteção contra a infecção experimental. No entanto, essa proteção é satisfatória somente quando a mesma cepa é utilizada para a preparação de vacinas e na infecção experimental. As seqüências de genes pauA de diferentes linhagens são praticamente iguais (cerca de 99% de homologia entre a seqüência genética pauA de uma linhagem americana e uma cepa inglesa), sugerindo que a proteína PauA é bem conservada e poderia ser um bom candidato para uma vacina. A administração por inoculação subcutânea da proteína PauA parcialmente purificada e misturada a um adjuvante oleoso (SB62 adjuvante) confere proteção contra uma cepa heteróloga. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Streptococcus equi Prof. Marcos JP Gomes GARROTILHO INTRODUÇÃO O Streptococcus equi pertence ao grupo dos estreptococos piogênicos e ao grupo C de Lancefield. Esta espécie possui três subespécies e potencial zoonótico para o homem: S. equi subsp. equi, S. equi subsp. zooepidemicus e o S. equi subsp. ruminatorum. O S. equi subsp equi é o agente etiológicodo garrotilho eqüino e asinino. A doença é caracterizada essencialmente por infecção grave e purulenta do trato respiratório superior e linfonodos locais. Este agente já foi isolado do homem com septicemia causada pelo consumo de queijo contaminado. MORFOLOGIA & COLORAÇÃO O S. equi possui apresentação sob a forma de cadeias, geralmente longas, sendo algumas vezes, capsulado. O organismo é Gram positivo quando em cultivo jovem, entretanto há perda desta capacidade nos subcultivos. A ME (microscopia eletrônica) revelou uma estrutura envoltória denominada “peach- fuzz-like coating protein”. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS & BIOQUÍMICAS As colônias no isolamento primário são tanto mucóides quanto enrugadas (“matt”). As colônias mucóides têm aproximadamente 3 mm de diâmetro, após 24 horas. As colônias tipo tapete (“matt”) ou enrugadas mostram uma superfície irregular e seca. Este tipo de colônia é o resultado da ação da hiarulonidase sobre a cápsula de ácido hiarulônico (controlada por bacteriófago). A hialuronidase é liberada após 10 horas de incubação. A enzima hidrolisa a cápsula, causando uma aparência achatada e característica da colônia. Uma estreptolisina O sensível ao oxigênio semelhante à hemolisina O é produzida, criando uma extensa zona de hemólise beta, em torno das colônias em placas de AS. Os S. equi formam ácido da glicose, sacarose, maltose e galactose, não fermentam a lactose, sorbitol, ribose nem acidifica o leite. ANTÍGENOS O S. equi pertence ao grupo C da classificação de Lancefield, possuindo antígenos compostos de carboidratos bem como antígenos protéicos, incluindo antígenos R e M. O antígeno R tem peso molecular em torno de 82.000 D, sendo encontrado também no S. zooepidemicus. O antígeno M é uma proteína termo e ácido resistente que existe em extratos ácidos de uma série de fragmento cujos pesos moleculares principais são 29.000 –30.000, 37.000 e 41.000 D. A molécula do antígeno M ocorre em uma série de moléculas com peso entre 52.000 e 60.000 Daltons. Existe um único tipo de proteína M nas amostras do S. equi. Ela tem função antifagocítica, estimulando a opsonização de anticorpos. ETIOPATOGENIA Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS O S. equi é um parasito obrigatório da família Equidae. A transmissão ocorre via oral e nasal. A via oral se dá pela ingestão água e alimentos, sendo a via mais comum de contaminação. A inalação de aerossóis ou perdigotos pode ocorrer. Potros com descargas nasais, algumas vezes, infectam a glândula mamária da mãe durante o aleitamento, causando mastite purulenta. Os surtos atingem um grande número de animais, especialmente aqueles em confinamento, iniciando com a introdução de um portador assintomático. O uso comum de alimento e água facilita a transmissão bem assim como o número de insetos. As moscas se alimentam de secreções nasais, podendo infectar novos hospedeiros. O S. equi persiste no ambiente poucas semanas, sendo o cavalo infectado de maior importância na manutenção da infecção. O período de incubação é de três dias até três semanas. Alguns surtos são caracterizados pelo extenso período de incubação e a infecção sem o aparecimento de sinais clínicos nos animais infectados. Estes animais podem albergar o microrganismo na nasofaringe por semanas, evidenciando uma discreta secreção nasal. As colônias do S. equi estão associadas com a doença menos severa, muito embora esta observação não esteja bem substanciada. Durante o curso da doença colônias do tipo “matt” e “mucóides” podem ser produzidas no mesmo grupo de animais infectados, parecendo que a gravidade das lesões não está relacionada com a forma colonial. As colônias do tipo ”matt” e “mucóide” possuem os mesmos padrões de proteína M e são de igual virulência. O S. equi adere-se às células epiteliais após a entrada na orofaringe, sendo interiorizado. Esta fase da etiopatogenia é pouco entendida. O organismo atravessa a mucosa e atinge a drenagem linfática e dirige-se aos linfonodos submandibulares e retrofaríngeos, onde se alojam e iniciam o processo de abscedação. O processo pelo quais polimorfos nucleares (leucócitos) são atraídos em direção ao S. equi envolve a ativação da via alternativa do Complemento pela parede celular de peptidoglicano e, em menor extensão, pela proteína M da superfície do microrganismo. Os fatores quimiotáxicos do Complemento são liberados (C3a e C5a), atraindo os leucócitos polimorfonucleares. Pode ocorrer uma pequena fagocitose; entretanto é liberada uma poderosa citotoxina pelo agente que destrói a maioria dos fagócitos, os quais degeneram rapidamente. Desse modo, o agente é capaz de multiplicar-se extracelularmente e produzir longas cadeias. Outros fatores de virulência e a habilidade de escapar-se da fagocitose são: (a) proteína M. (b) cápsula de ácido hialurônico. (c) a taxa de sobrevivência intracelular pelo efeito da citotoxina sobre os fagócitos. Os animais perdem o apetite, apresentam febre e desenvolvem descarga nasal mucopurulenta. A mucosa da nasofaringe torna-se inflamada, podendo desenvolver pequenos abscessos nos folículos linfóides no palato mole. A área faríngea torna-se dolorida impedindo que os animais elevem a cabeça. O envolvimento dos linfonodos submandibulares está associado com edema e acúmulo de fluidos na porção anterior dos linfonodos. A área intermandibular torna-se distendida e a pele pode exsudar fluido seroso. O envolvimento do linfonodo retrofaríngeo pode resultar em obstrução da via aéreas superiores, evidenciando dispnéia e respiração laboriosa. O rompimento dos abscessos pode ocorrer em 1 a 2 semanas, após o início dos sinais clínicos. Os animais recuperam-se rapidamente, após a drenagem do material purulento. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Algumas vezes, são formados abscessos em outras áreas do corpo, tais como, tórax e abdômen (garrotilho bastardo). O rompimento deste, geralmente conduz para a morte. Outros sinais incluem: doença debilitante, insuficiência cardíaca causada por miocardite associada à infecção por S. equi. Hemiplegia laringeana é uma conseqüência da abscedação do linfonodo cervical anterior e envolvimento do nervo laringeal recorrente. Empiema das bolsas guturais pode ser uma complicação da abscedação do linfonodo retrofaríngeo, muito embora os abscessos nesta área drenem diretamente na faringe posterior e, mais raramente, atinjam as bolsas guturais. Púrpura hemorrágica é outra complicação após um surto por garrotilho, iniciando com um número pequeno de animais que se recuperaram da doença. Os animais infectados desenvolvem febre e edemas em áreas do tronco, cabeça, pernas, joelho e calcanhar. Hemorragias petequiais podem ser observadas na mucosa nasal e intestino. A lesão primária é uma vasculite leucoplástica caracterizada por necrose da parede dos vasos sangüíneos. Não há evidências de trombocitopenia. O soro de animais afetados carrega complexos imunes de IgA e proteína M do S. equi. Os níveis de complexos são elevados e, essa elevação parece envolver um super estímulo de um clone de IgA específico, bem como altera a capacidade de depuração hepática para a imunoglobulina IgA. A proteína M dos complexos imunes, provavelmente deriva-se dos focos purulentos em que o S. equi e a sua proteína M podem estar presentes em grande quantidade. A administração de bacterinas contra o S. equi desencadeiao processo de púrpura, sugerindo que a proteína M, nesta forma, é capaz de selecionar e estimular o clone produtor de IgA e, posteriormente formar complexos com o anticorpo produzido. IMUNIDADE A grande maioria (70%) dos animais torna-se imunes após adquirirem a primeira infecção. Entretanto, uma proporção substancial de animais (30%) pode adquirir uma segunda infecção e destes, somente uma pequena proporção adquirem pela terceira vez. A proteção contra a doença é mediada por anticorpos da classe IgA e IgG, produzidos no nasofaringe. Vacinas comerciais consistem de bacterinas inativadas pelo calor ou extratos ricos em proteína M. Elas têm sido utilizadas no campo, mas embora efetivas na produção de anticorpos bactericidas, estes produtos, aparentemente não estimulam a produção de anticorpos em altos títulos na nasofaringe e, portanto os níveis de proteção nas populações bem variáveis. Recentemente, mostrou-se que a administração via intranasal de uma cepa avirulenta e geneticamente transformada estimulou a produção de anticorpos locais (nasofaringe) semelhantes àqueles encontrados na fase de convalescença. Bacterinas freqüentemente evidenciam reações locais ou sistêmicas indesejáveis. Edema, endurecimento local, febre passageira e neutropenia são provavelmente devido à parede celular de peptidoglicano. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico laboratorial do garrotilho pode ser evidenciado no quadro2 abaixo Quadro 2. Características bacteriológicas dos estreptococos do grupo C de Lancefield ou portadores do antígeno de grupo C de Lancefield, beta hemolíticos, isolados em veterinária. Características S. equi subsp. equi S. equi subsp. ruminatorum S. equi subsp. zooepidemicus S. dysgalactiae subsp. equisimilis S. phocae Grupo de Lancefield C C C C ou L cepas animais C, G ou L cepas homem -, F ou C Hidrólise da esculina Geralm + - Geralm + Geralm - - Hidrólise do hipurato - + - - - ADH + + + + - Beta- glucuronidase + + + + - CAMP - + - - - Glicogênio* + + + d - Lactose* - + + Geralm + - Manitol* - - Geralm - - - Metil beta-D- glucopiranoside* + - + d Ribose* - + - + + Sacarose* + - + + - Sorbitol* - d** + - - Trealose* - - Geralm - + - S. equi subsp. equi S. equi subsp. ruminatorum S. equi subsp. zooepidemicus S. dysgalactiae subsp. equisimilis S. phocae * : Acidificação ** : Utilizando a cartela API Rapid ID 32 Strep, 2 das 6 cepas acidificaram o sorbitol, orbitol, entretanto existe resposta positiva utilizando a técnica clássica. Na publicação de Fernández et al. a acidificação do sorbitol e uma característica negativa no quadro I e uma característica notada positiva no prólogo Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ATMs O S. equi subsp. equi é sensível às penicilina G, ao ceftiofur, ao cloranfenicol, à eritromicina, à lincomicina e às tetraciclinas. Muitos clínicos sabem que o uso de ATMs retarda o amadurecimento e o processo de fistulação dos abscessos, contribuindo no aparecimento do garrotilho bastardo. TRATAMENTO O uso de penicilinas é reservado na profilaxia dos animais infectados ou prevenção dos casos de abscessos e edema dos linfonodos retrofaríngeos. A maioria dos animais tratados recupera-se rapidamente na ausência de tratamento com antimicrobianos e sem conseqüências maiores, após a drenagem do material. O tratamento inibe a resposta imune, mas evita também que o animal torne-se fonte de infecção para os animais susceptíveis. Durante o processo inflamatório, é possível administrar antimicrobianos locais após a lavagem das bolsas guturais. PROFILAXIA Os animais devem ser submetidos à quarentena, durante duas a três semanas antes de serem introduzidos no plantel. Nesse período, está indicado o isolamento do agente do garrotilho, especialmente no lavado bronquial e bolsas guturais. Os animais doentes ou suspeitos devem ser imediatamente isolados e fômites desinfetados. Esses animais devem ser submetidos à quarentena de quatro semanas e não serão introduzidos no plantel após o exame bacteriológico do lavado do fluido das bolsas guturais. Os campos freqüentados pelos animais infectados ou utilizados por esses animais devem ser considerados como contaminados por pelo menos um mês. IMUNOPROFILAXIA As vacinas inativadas (bacterinas) ou proteina SeM purificada estão disponíveis em certos países, mas podem provocar efeitos secundários e sua eficácia não é absoluta, pois sua proteção está baseada, essencialmente na imunidade local. O uso de amostra viva (atenuada) administrada na mucosa do lábio superior parece eficaz e desprovida de efeitos secundários a exceção de uma inflamação transitória. INFECÇÃO NO HOMEM Infecção humana causada pelo S. equi subsp. equi, e o S. equi subsp. zooepidemicus inclui surtos de doenças transmitidas pelo leite inadequadamente pasteurizado e queijo de cabra. Outros quadros como meningites, septicemia, artrites, pneumonia, glomerulonefrites, e síndrome do choque tóxico estreptocócico em pacientes imunocomprometidos ou imunocompetentes. O S. equi subsp. ruminatorum foi descrito, em 2004, em ovinos e caprinos com mastite. Recentemente, em 2006, Höner e colaboradores isolaram este agente de uma severa infecção de hienas e zebras na Tanzânia. O primeiro relato da infecção humana pelo S. equi subsp ruminatorum foi relatado, em 2007, na França, por Marchandin e colaboradores em paciente com SIDA. Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only. Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Microbiologia Clínica Veterinária VET 3225 ÁREA DE BACTERIOLOGIA 2011-1 UFRGS Streptococcus canis Prof. Marcos Gomes IHISTÓRICO O nome do S. canis foi utilizado, durante muito tempo em medicina veterinária, mas a sua nomenclatura só foi validada em 1986. O S. canis reúne um grupo de cepas que formam colônias grandes, beta-hemolíticas pertencentes ao grupo G de Lancefield e isoladas de animais (bovinos, caninos e felinos). Os estreptococos do grupo G formam um conjunto heterogêneo que pode ser dividido em 4 grupos: a) As linhagens do grupo G de origem humana formam colônias grandes (tamanho superior a 0,5 mm de diâmetro depois de 24 horas de incubação) beta-hemolíticas e incapazes de serem cultivadas a 45 °C; b) As cepas do grupo G de origem animal formam grandes colônias beta-hemolíticas, incapazes de serem cultivadas a 45 °C e diferentes das amostras humanas por sua atividade fibrinolítica e outras características bacteriológicas. c) As amostras do grupo G isoladas do intestino de suínos possuem colônias de tamanhos variáveis, segundo as amostras; alfas-hemolíticas (Agar Columbia com sangue ovino), urease positivas e capazes de serem cultivadas a 45 °C . d) As amostras do grupo G de origem humana são formadas por pequenas colônias beta-hemolíticas. CARACTERÍSTICAS MORFO-CULTURAIS GERAIS O S. canis se apresenta sob a forma
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