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Resumo para AP2 de Geografia Política

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Resumo para AP2 de Geografia Política
Aula 5
A geopolítica mundial como um tabuleiro de xadrez: Brzezinski
O pensamento de Brzezinski é uma síntese original dos pensamentos de Mackinder e de Spkyman. Este autor confere atenção especial à Eurásia, assim como Mackinder, identificando o heartland, e atenta para a importância estratégica de suas margens, como Spkyman, identificando o rimland.
O pano de fundo para o pensamento de Brzezinski é a guerra fria e em sua obra ele analisa o mundo bipolar. Os mapas elaborados por ele representam o poder global centralizado em Moscou e em Whashington.
No mapa com a visão global de Moscou, o meridiano central passa então pela capital soviética, vista como o centro do mundo. Essa posição de Moscou busca ser a síntese da posição dominante da União Soviética na Eurásia e, por extensão, no mundo inteiro. Enfatizando a posição central da URSS, neste mapa de visão global de Moscou Brzezinski chama atenção dos estrategistas, sobretudo americanos, para a projeção soviética em relação às periferias eurasiáticas, afirmando sua posição de potência continental.
Ao enfatizar a posição global de whasington, o autor projeta a condição bioceânica dos Estados Unidos e a possibilidade de ação ultramarina, afirmando sua condição marítima. O continentalismo versus oceanismo é então retomado, demonstrando o confronto entre os sistemas imperiais norte-americano e o soviético.
Por que para Brzezinski a geopolítica mundial é um tabuleiro de xadrez?
R: O autor faz essa metáfora por observar os movimentos que as superpotências deveriam fazer ou evitar que o outro fizesse, como se fossem dois jogadores que se enfrentam num jogo de inteligência, militarmente amparados. Nesse jogo, aquele que controlar a Eurásia controlará o mundo. Tese já defendida anteriormente por Mackinder.
Para Brzezinski, com a finalidade de conter o avanço do socialismo os Estados Unidos deveriam defender as frentes geográficas do avanço soviético, classificadas por ele como Estados-pino de primeira, segunda e terceira frentes. Assim, a URSS teria de se expandir na direção da Europa ocidental, da Ásia oriental e do Sudoeste da Ásia (Oriente Médio). Os Estados Unidos deveriam impedir que esses movimentos se concretizassem, se afirmando e impedindo o avanço soviético sobre as três frentes.
Estados pino, são Estados que ocupam uma posição geoestratégica decisiva para o controle das frentes.
Aula 6
Samuel Huntington e o choque de civilizações
Especialistas entendem que Huntington estava preocupado em contestar a tese de Francis Fukuyama, lançada em 1992, sobre o fim da história, apresentando uma interpretação própria sobre a geopolítica mundial vindoura.
Tese de Huntington - a fonte fundamental de conflito nesse novo mundo não será essencialmente ideológica ou essencialmente econômica. As grandes divisões na humanidade e a fonte predominante de conflito serão de ordem cultural. Os Estados-nação continuarão a ser os agentes mais poderosos nos acontecimentos globais, mas os principais conflitos ocorrerão entre nações e grupos de diferentes civilizações. O choque de civilizações dominará a política global. As linhas de cisão entre as civilizações serão as linhas de batalha do futuro (HUNTINGTON, 1994:120).
Para Huntington (1994:121), civilização é “uma entidade cultural. Aldeias regiões, grupos étnicos, nacionalidades, grupos religiosos, todos têm culturas distintas em diferentes níveis de heterogeneidade cultural”. O autor distingue algumas civilizações, a saber: ocidental, confuciana (logo acrescentada do termo budista), japonesa (também nomeada xintoísta), islâmica (logo renomeada árabe-islâmica), hindu, eslava, ortodoxa, latino-americana e a africana. Defende a ideia de que elas entrarão em choque apresentando o seguinte argumento:
As civilizações se diferenciam umas das outras por sua história, língua, cultura, tradição e, sobretudo, religião. Pessoas de civilizações diversas têm concepções diversas das relações entre Deus e o homem, indivíduo e grupo, cidadão e Estado, pais e filhos, marido e esposa, e concepções diferentes sobre a importância relativa de direitos e responsabilidades, liberdade e autoridade, igualdade e hierarquia. Essas diferenças são produtos de séculos. Não vão desaparecer em pouco tempo (Idem, p. 122).
No mapa proposto por Huntington, observando a distribuição geográfica entre as nações, nota-se que há civilizações ameaçadoras e outras que são ameaçadas. O choque entre elas adviria das seculares diferenças apontadas no parágrafo anterior. O que se nota, contudo, é uma cartografia que divide o mundo entre o bem e o mal, que são noções morais, antes que termos geopolíticos.
A visão geopolítica de Huntington parece se apoiar em categorias morais que definem o lado do bem e do mal em termos geoestratégicos, além de apresentar, claramente, uma tradição realista pois admite que os Estados permanecerão como “os agentes mais poderosos nos acontecimentos globais”. É possível reconhecer, para além dos interesses estadunidenses e ocidentais, em geral, defendidos pelo autor, que sua tese reveste de certo otimismo, quando se lê, nas últimas linhas do famigerado artigo que “no futuro não haverá uma civilização universal, mas um mundo de diferentes civilizações, e cada qual precisará aprender a coexistir com outras”. Huntington (1994:125-126) também reconhece o valor das escalas geográficas – tratadas equivocadamente como “níveis” – em sua análise, afirmando que o choque de civilizações ocorre em dois níveis. Em nível micro, grupos adjacentes ao longo de linhas de cisão entre civilizações lutam, muitas vezes com violência, pelo controle do território e de cada um. Em nível macro, Estados de diferentes civilizações competem por poder militar e econômico, lutam pelo controle de instituições internacionais e promovem, competitivamente, seus próprios valores políticos e religiosos.
Contudo, nem todas as vozes fizeram coro à proposta do reconhecido internacionalista estadunidense. Vários cientistas políticos consideraram na tese de Huntington apenas um estatuto ideológico de um cidadão norte-americano que defendia os interesses estratégicos de seu país, ou seja, nada de científico poderia ser identificado na referida tese. Além disso, outros críticos ressaltavam que a tese de Huntignton era um plágio mal formulado das ideias do historiador estadunidense Arnold Toynbee que havia, nos anos 1950, anunciado um choque intercivilizacional, inclusive empregando a expressão “O Ocidente contra o resto”, tão cara a Huntington.
Crítica de Raffestin à tese de Huntigton: o autor francês avalia que a proposta de Huntington reabilita o método de Haushofer e que o debate promovido por Huntington evidencia a pertinência de um discurso geopolítico nacionalista tendendo ao supranacionalismo. Haveria um traço de uma metodologia nazista na proposta de Huntington?
O mais relevante é que ele nos deixou uma visão estratégica segunda a qual a conexão China / Ocidente / Islã representaria o eixo do jogo geopolítico do século XXI. Será?
Principais teses do choque de culturas de Huntington:
No mundo pós-Guerra Fria, o "conflito de superpotências" foi suplantado pelo "conflito entre culturas". Segundo Huntington, isto significa que, crescentemente, a Humanidade se dividirá ao longo de "linhas de batalha culturais" e conflitos entre "grupos culturais", como conflitos entre diferentes civilizações, que se tornarão o fator central na política global. De acordo com esse argumento, os Estados não definem os seus interesses políticos segundo categorias de "cooperacão econômica", mas por noções culturais, e o conflito intercultural em torno de ideias políticas vindas do Ocidente será substituído por um "conflito intercivilizacional em torno de cultura e religião".
O equilíbrio de poder entre círculos culturais mudará e o Ocidente (pelo que Huntington considera a América do Norte e a Europa) perderá influência relativa nas próximas décadas. Para apoiar este argumento, Huntington apresenta uma série de estatísticas segundo asquais, nas próximas três décadas, o Ocidente perderá influência, não apenas demo graficamente, mas também no tocante ao controle sobre o território mundial, a produção industrial e participação no Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
Huntington vê a maior ameaça ao Ocidente numa combinação de "ressurgência islâmica" e "afirmação asiática". Ele coloca assim a questão: "No mundo emergente, as relações entre Estados e grupos de diferentes civilizações não serão próximas e, frequentemente, serão antagonísticas. De fato, algumas relações intercivilizacionais são mais propensas a conflitos que outras. No nível micro, as linhas de fratura mais violentas ocorrem entre o Islã e seus vizinhos ortodoxos, hindus, africanos e cristãos ocidentais. No nível macro, a divisão dominante é entre 'o Ocidente e o resto', com os conflitos mais intensos ocorrendo entre sociedades muçulmanas e asiáticas de um lado, e o Ocidente do outro. Os perigosos choques do futuro irão, provavelmente, emergir da interação entre a arrogância ocidental, a intolerância islâmica e a assertividade chinesa."
Huntington faz uma distinção entre conflitos no nível "micro" (dentro de áreas locais), nos quais existam "guerras de linhas de fratura" entre muçulmanos e não-muçulmanos, ou, como na guerra na antiga Iugoslávia, muçulmanos contra ortodoxos, e "macroconflitos" entre grupos e Estados de culturas diferentes.
4. Huntington considera o crescimento demográfico como o fator mais perigoso por trás da "ressurgência islâmica": "O crescimento da população islâmica é, assim, um importante fator contribuinte para os conflitos ao longo das fronteiras do mundo islâmico, entre os muçulmanos e outros povos."
A falsidade das premissas de Huntington sobre a guerra entre culturas demonstra que ele vê a busca por uma identidade cultural e a "revitalização das religiões" (cristianismo, confucianismo, islamismo e hinduísmo), tudo agrupado, como um motivo para os presentes conflitos ao redor do globo, os quais substituíram os conflitos ideológicos da Guerra Fria. As grandes potências mencionadas por ele são seis: EUA, Europa, Rússia, China, índia, Japão e o mundo islâmico
Em sua análise, Huntington bloqueia histericamente a crise financeira sistêmica e a realidade econômica na qual se encontra mergulhada a maioria dos países do setor em desenvolvimento, como resultado da derrocada financeira que se aprofunda, das intoleráveis condições impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e a sabotagem sistêmica do desenvolvimento econômico.
Huntington vê na "autoconscientização asiática", baseada no crescimento econômico, e na "auto conscientização muçulmana", baseada no crescimento populacional, os dois maiores desafios que produzirão um efeito drasticamente desestabilizador na política mundial ao longo do século 21.
Diante do fato de que a guerra entre culturas poderá ser uma fonte de conflitos de destruição em massa, Huntington recomenda ao Ocidente uma política de "apartheid tecnológico", de "cenoura e chicote", especialmente para as nações islâmicas e asiáticas.
Temos aqui a essência da visão geopolítica de Huntington. É a própria existência de muçulmanos pobres e chineses se desenvolvendo economicamente que ele e seus senhores vêem como uma ameaça. A alternativa aos seus delírios é criar um novo sistema mundial de cooperação entre Estados nacionais, que proporcione desenvolvimento econômico a todas as nações. A urgência da adoção de tal sistema, seguindo os princípios da "Nova Bretton Woods" promovida por Lyndon La Rouche, não poderia ser mais clara.
Aula 7
Joseph Nye Jr
Formulou com uma clareza particular uma tese que não é nova: o poder não pode ser considerado apenas como a faculdade de constranger os demais a adotarem uma conduta conforme os nossos interesses, mas pode também consistir em fazê-los desejar. Para ser potente, não é suficiente ser amedrontador, mas também ser influente, admirado e imitado.
A tese defendida por Nye Jr define os tipos de poder, os quais não devem ser indiferentes entre si, ou seja, que esses tipos se devem articular, expandindo, a partir da articulação, a tipologia de poder. É desse modo que o autor começa a distinguir um poder de tipo brando e outro de tipo duro. Para tanto, tornou-se necessária uma discussão sobre o significado do exercício do poder para as políticas externas dos Estados.
Definição de poder acolhida por Nye Jr.:
A capacidade para controlar pessoas para mudar seu comportamento contra suas preferências iniciais é uma dimensão importante do poder relacional, mas não a única. Outra dimensão é a capacidade para afetar as preferências dos outros para que eles queiram o que você quer e não se precise ordenar-lhes que mudem. (NYE Jr., 2012:32)
Para Nye, o século XXI seria aquele de manutenção da supremacia mundial dos Estados Unidos, embora não pelos mesmos motivos do passado.
O contexto da interdependência cada vez maior entre atores estatais e não estatais (como as corporações transnacionais), desde a crise do petróleo nos anos 1970, na escala mundial obrigaria, segundo a visão geoestratégica de Nye Jr. a uma reelaboração da imaginação geopolítica tradicional baseada fundamentalmente na figura do Estado, conforme o paradigma do realismo político ditava. Esse contexto internacional crescentemente calcado na interdependência sinalizava que a manipulação dessa situação funciona como um trunfo ou recurso das relações de poder planetárias. O que Joseph Nye Jr. procurava enfatizar era o fato de que os Estados não são unidades políticas isoladas, mas que, ao contrário, devem reconhecer o papel estratégico desempenhado por outros atores internacionais na definição das variadas conjunturas, nas quais alguns atores ganham muito e outros perdem muito, com incontáveis e (im)possíveis combinações intermediárias de perdas e ganhos entre eles.
Para Nye Jr., as potências atuais apresentam traços diferentes do que foram no passado, pelo menos por três motivos: 1. elas são menos fungíveis, ou seja, não se desgastam ou se transformam com tanta facilidade por que podem converter recursos de natureza distinta (como dinheiro em armas e vice-versa) para se manterem como potências; 2. Elas são menos coercitivas, ou seja, recorrerem ao uso da força e à violência com mais prudência, inclusive porque isso tem um custo econômico muito alto; 3. Elas são menos tangíveis, ou seja, se baseiam em realidades dificilmente quantificáveis, como, por exemplo, a cultura, as instituições, a coesão nacional etc. Assim o autor reconhece que as potências na virada do século XX são mutáveis em relação ao seu passado.
Poder de cooptação - aquele capaz de influenciar a visão de mundo dos outros, de tal forma que os demais partilhem as nossas referências, ou seja, um tipo de “poder indireto”. Mas o autor também admite que esse poder de cooptação depende, largamente, de um outro tipo de poder: o poder brando.
Poder brando - aquele que utiliza recursos intangíveis, tais como a cultura, a ideologia e as instituições. Por oposição, o autor fala de poder duro, definido como aquele cujos recursos são tangíveis como as armas e o dinheiro, isto é, trata-se do tipo que combina a poder militar com o poder econômico.
Poder brando é a capacidade de afetar outros utilizando meios cooptativos de ajuste de agenda, persuasão e produção de atração positiva para a obtenção dos resultados preferidos.
Poder duro é pressão; poder brando é influência.
Tendendo a acreditar muito mais no “triunfalismo” estadunidense do que no “declinismo”, Nye está convencido de que, na atualidade, os Estados Unidos da América detêm um poder brando inigualável que lhe proporciona o exercício do poder de cooptação.
Poder inteligente - O poder inteligente é a combinação do poder duro da coerção e do castigo com o poder brando da persuasão e da atração. (...) O poder inteligente não é apenas o “poder brando”. Refere-se à habilidade de combinar poder duro e poder brando em estratégias efetivas em vários contextos.
Joseph S. Nye Jr. (2009), um dos especialistas que cunhou oconceito de “poder inteligente” e primeiramente o desenvolveu nos círculos acadêmicos, aponta que poder é a habilidade de se afetar o comportamento de outros atores a fim de se alcançar o que se deseja. Enquanto o poder bruto (“hard power”) refere-se à habilidade de se obterem resultados preferidos pela coerção e/ou intimidação a partir de recursos militares e/ou econômicos, o poder brando (“soft power”) refere-se à habilidade de se obterem resultados preferidos pela atração ideológica e cultural e/ou persuasão. O “poder inteligente” denota a habilidade de combinação de recursos de poder bruto e poder brando dependendo de quais deles seriam mais decisivos numa dada situação.
A visão estratégica de Edward Luttwak
Geoeconomia - é uma nova disciplina, fruto de visões que se cruzam na inter-relação entre Geografia, Geopolítica e Economia, tal como a interpretação do sistema-mundo consoante à globalização econômica e a regionalização política a partir de análises dos fluxos do comércio exterior, a relação e intervenção das empresas multinacionais nos assuntos do Estado, a atuação e a pressão das redes financeiras ou a função das organizações internacionais na atuação política e na gestão da crise econômica.
Segundo Luttwak (1990:19), “a autoridade dos burocratas estatais pode reafirmar-se, não em nome da estratégia e da segurança, mas provavelmente em nome da proteção dos interesses econômicos vitais por meio de medidas e ofensivas geoeconômicas, da diplomacia e da inteligência geoeconômica”.
Principal característica da geoeconomia – a importância concedida ao poder econômico em suas diversas formas e aos atores que o detenham em colaboração ou em concorrência com o Estado e os conflitos de origem econômica.
Diferença entre geoeconomia e geopolítica – a geoeconomia não vê alternativa ao capitalismo global e está baseada na defesa da descentralização da governança, da polarização socioeconômica e na liberalização e desregulação da concorrência enquanto que o fator econômico passa a ser chave nas relações internacionais.
Uma característica marcante da geoeconomia em relação à geopolítica é o fato de a primeira dar lugar destacado aos atores não-estatais, como a empresas, complexificando as análises das relações internacionais.
Para Luttwak, o mundo depois das Guerras Mundiais mostrou-se mais inclinado ao fortalecimento das economias nacionais, encaradas como um trunfo na disputa pela hegemonia mundial. Sua tese central é sustentada pela premissa de que o mais poderoso não será o mais armado, mas o mais rico. Por isso, na ótica do autor, o termo geoeconomia é mais adequado que o termo geopolítica para o entendimento do mundo global, uma vez que a geoeconomia é uma mistura da lógica do conflito com os métodos do comércio.
Aula 8
Há posições políticas assumidas por atores sociais nos regionalismos e nacionalismos, o que faz delas objeto de interesse político-geográfico, uma vez que essas posições podem conduzir – e quase sempre conduzem – a divergências em relação ao uso do espaço.
Os nacionalismos funcionam atrelados a uma racionalidade política e ideológica, assim como a umas origens sociais que são analisáveis. Por mais complexas que sejam.
Um dos símbolos nacionais mais evidenciados é a bandeira de um país. Ela serve, antes de mais nada para identificar uma diferenciação territorial: uma nação territorializada.
Conceito de nacionalismo: o nacionalismo é “um conjunto de expressões ideológicas que tentam fazer com que uma comunidade seja reconhecida como um todo e que se identifique a si mesma e em relação ao ‘outro’ como diferente, através da adesão a um conjunto de símbolos, valores e tradições”. Na perspectiva da geografia política – que valoriza o território como base e recurso político do processo de construção nacional num mundo constituído por Estados –, este autor vê os nacionalismos como uma forma territorial de ideologia, ou, como se queira, “uma ideologia territorial”.
Aspectos mais característicos da ideologia e do movimento nacionalista: na ótica de Joan Nogué, sua habilidade de redefinir o espaço, politizando-o e tratando-o como um território histórico distinto. “Os movimentos nacionalistas interpretam e se apropriam do espaço, do lugar, do tempo, a partir dos quais constroem uma geografia e uma história alternativas”, os movimentos nacionalistas expressam suas reivindicações em termos territoriais e, acrescentaríamos, vinculam-se, direta ou indiretamente, ao Estado territorial.
Explique a seguinte afirmação:
As origens do nacionalismo como fenômeno moderno estão, inextricavelmente, vinculados ao nascimento do Estado-nação (DUPRÉ, 2011:187).
R: As origens do nacionalismo estão condicionadas à ideia de uma nação que se reconhece como tal e de um Estado que lhe corresponda, culminando na fórmula Estado-nação. Essa fórmula política se desenvolve por meio dos ideais de afirmação de um Estado face aos demais, o que implica a seguinte situação: quanto mais coesa for a nação, mais forte será o Estado a ela correspondente. Desde as suas origens, o nacionalismo é, pelo exposto, uma prática política vinculada inseparavelmente às figuras do Estado e da nação.
Tipologia dos nacionalismos. 
Quais são os 5 tipos fundamentais de nacionalismos?
R: protonacionalismo; nacionalismo de unificação, nacionalismo de separação, nacionalismo de liberação e nacionalismo de renovação.
Protonacionalismo: É o nacionalismo de Estados centrais originais, ou seja, os Estados de tamanho médio da Europa Ocidental. O povo começava a fazer parte da política, mas o nacionalismo como ideologia não se desenvolveu de todo até a chegada do século XIX; em consequência, podemos dizer que a nação precedeu ao nacionalismo.
 Nacionalismo de unificação: Na Europa Central as pressões contraditórias dos Estados pequenos (à escala da cidade) e os grandes impérios multiétnicos haviam impedido que se desenvolvessem Estados de tamanho médio como aqueles da Europa Ocidental. Alemanha e Itália, por exemplo, eram mosaicos em que se mesclavam pequenos Estados independentes com províncias de impérios maiores. No exemplo germânico, o nacionalismo era, então, a justificação para que, sob o comando prussiano, se pudesse unir a maior parte da área cultural germânica em um novo Estado-nação; e que se pudesse transformar Itália a partir de uma mera “expressão geográfica” em um Estado-nação italiano. Esses são os dois principais focos originais dessa ideologia nacionalista de unificação.
Nacionalismo de separação: A maioria dos nacionalismos que trinfaram supuseram a desintegração dos Estados soberanos que os precederam. No século XIX e começo do XX, este tipo de nacionalismo esteve por trás da criação de um grande número de Estados a partir dos impérios austro-húngaro, otomano e russo. Na Europa Oriental, nos Bálcãs e na Escandinávia, novos Estados surgiram a partir desse tipo de nacionalismo. São exemplos os países: Albânia, Bulgária, Grécia, Finlândia, Hungria, Noruega, Polônia e Romênia. Também, há esse tipo de ideologia nacionalista nas tentativas de independência que ocorrem na Escócia, País Basco, Córsega, Québec e Valônia.
Nacionalismo de liberação: Aqui, falamos de desintegração dos impérios ultramarinos europeus. Quase todos os movimentos de independência nesses impérios foram “movimentos de liberação nacional”. O primeiro de todos foi o dos colonos estadunidenses em 1776, com a sua Guerra de Independência em relação à Inglaterra. Podem ser considerados movimentos nacionalistas liberais. No século XX, esses movimentos foram invariavelmente movimentos nacionalistas socialistas em suas diferentes versões: desde as mais moderadas, como a da Índia, até as mais revolucionárias, como a do Vietnã. Também, poderíamos tipologizar esses movimentos entre aqueles que se basearam nos grupos colonos europeus, como nos Estados Unidos, na América Latina, no Canadá, na Austrália, África do Sul e Nova Zelândia, bem como aqueles que se basearam nos povos indígenas, como em vários Estados Africanos e asiáticos.
Nacionalismo de renovação:Esse tipo tem a ver com as comunidades étnicas que lhe dão sustentação. Trata-se de uma renovação nacional para recuperar a grandeza perdida. Esse novo tipo de nacionalismo se converte, então, em um “grito de guerra”. Identifica-se no Irã, com a sua Revolução Islâmica, de 1978, por exemplo; ou na Turquia que, depois de perder seu império otomano na Primeira Guerra Mundial, se concentrou na sua essência étnica turca. Os casos clássicos desse tipo de nacionalismo se encontram no século XX na China e no Japão, dois impérios-mundo que foram incorporados intactos ao sistema-mundo moderno já a partir do século XIX. Israel é um caso muito característico desse tipo de nacionalismo de renovação, baseando-se no sentido inverso da diáspora sionista para formar um novo Estado no Oriente Médio.
Outras tipologias
a) nacionalismo regional (países árabes) 
 b) nacionalismo moderado ou soberanista (seguindo o discurso de forças políticas da Catalunha e do País Basco)
Nacionalismo considerado como positivo ou negativo
O nacionalismo poder ser considerado algo bom, uma força positiva na história do mundo, quando se associa aos movimentos de liberação que se livra do domínio estrangeiro, ou algo desagradável, uma força negativa associada com o nacional-socialismo e com os fascismos na Europa, bem como com as ditaduras na periferia e na semiperiferia, como na América Latina, Ásia e África.
Explique a frase: Québec, Catalunha, Escócia e País Basco são exemplos contemporâneos de nacionalismo por separação.
R: Os movimentos independentistas que se verificam atualmente no Canadá (no exemplo do Québec), na Espanha (nos exemplos do País Basco e da Catalunha) e no Reino Unido (no exemplo da Escócia) expressam claramente o nacionalismo de separação que defende a criação de um novo Estado-nação, dotado de território soberano. O Estado de origem ver-se-ia, desse modo, alijado de uma parte sociopolítica e territorial para dar lugar ao nascimento de uma nova entidade político-geográfica, isto é, de um novo país.
Segundo Joan Nogué, o nacionalismo é uma “forma territorial de ideologia”. Explique por que.
O nacionalismo não é um fenômeno natural nem nasce acidentalmente. Os nacionalismos funcionam atrelados a uma racionalidade política e ideológica, assim como a umas origens sociais que são analisáveis, por mais complexas que sejam. Por exemplo, um dos símbolos nacionais mais evidenciados é a bandeira de um país. Ela serve para identificar uma diferenciação territorial: uma nação territorializada.
O nacionalismo vai mais além do amor ao país – o orgulho por seus sucessos e a preocupação por seu bem-estar – que é a base do patriotismo. Mais intencionado e mais intelectualizado que essa simples emoção, o nacionalismo costuma ter um componente ideológico ou político, que combina o sentimento patriótico com um programa para a mudança e o reconhecimento internacional. Em geral, a aspiração primordial de um programa nacionalista é conseguir um Estado próprio, um novo status que implique a independência e a soberania para uma comunidade cujos membros têm algumas razões para crer que formam uma “nação”.
Região, regionalismo e regionalidade
Esses termos estão implicados num processo geográfico bem mais amplo que é a regionalização, ou seja, um processo que define realidades e perfis regionais.
Regionalização: pode ser considerada simplificadamente como o processo de formação de regiões, mas é um processo bem mais complexo. 
Regionalidade: a identidade regional, ou seja, o sentimento de pertencimento entre uma sociedade e sua região.
Regionalismo: o regionalismo é, antes de tudo, uma reivindicação política de caráter territorial que se refere a uma região. Essa referência é frequentemente reforçada pelo sentimento de pertença à região, ou seja, pela regionalidade. O regionalismo refere-se a uma região especificada por uma regionalidade.
É o Movimento geopolítico que se impõe ao centralismo de um Estado-nação e que reivindica a outorga [concessão] de vantagem de poder aos representantes de uma região em razão de suas particularidades culturais, notadamente da persistência de uma língua regional. Os movimentos regionalistas que, frequentemente, são minoritários na sua região, podem lentamente se tornar autonomistas e depois separatistas, a fim de romper com o Estado-nação e transformar a identidade regional naquela da nação independente, onde a língua (mesmo se ela for muito marginal) é, a seus olhos, a comprovação real.
Analise atentamente o texto a seguir. 
Vemos que junto ao “nacionalismo” sempre encontramos “subnacionalismos” que estão dispostos a, mais dia menos dia, organizar os povos que pretendem representar na forma de um “Estado nacional” com leis, território e forças militares específicas. José Gil sintetiza de maneira magnífica o problema quando conclui que “tanto opressores quanto oprimidos desejam juntar-se em ‘comunidades nacionais’, os primeiros prontos a sacrificar as minorias às próprias ambições centralizadoras e os segundos defendendo a sua própria identidade. E, não raro, os oprimidos de hoje, tornam-se os opressores de amanhã” (MARTINS, 1992:63). 
As ideias do texto nos permitem considerar que mobilizações regionalistas podem se converter em nacionalismos ou “subnacionalismos”? Por quê?
R: O texto é bastante esclarecedor quanto às dinâmicas político-territoriais internas de um Estado, sobretudo, às dinâmicas vinculadas às reivindicações autonomistas de caráter regionalista/nacionalista. Em outras palavras, as ideias do texto nos permitem deduzir que algumas mobilizações regionalistas, ao requerem mais autonomia regional, podem se converter em manifestações nacionalistas, posto que a ideia de comunidade regional pode vir a ser complexificada e passar a representar uma comunidade nacional. Este parece ser o caso atual da Catalunha, na Espanha, haja vista que, nessa região autônoma espanhola, se expressa publicamente o desejo popular de se criar um Estado catalão independente. Percebe-se que a relação entre regionalismo e nacionalismo pode ser traçada por uma linha muito tênue e ultrapassada a depender da situação real em que se encontram as sociedades locais que reivindicam mais autonomia territorial. A luta política da região catalã é, pois, uma luta (sub)nacionalista, se acompanharmos as mencionadas ideias de José Gil.
Apresente e discuta as diferenciações conceituais para os termos geográficos:
O regionalismo é um tipo de geopolítica definido como movimento político e cultural tendente a alcançar certa autonomia para uma região, o que supõe, de fato, reformar o Estado desde dentro, atendendo a tais demandas; e a regionalidade é um termo geográfico equivalente à identidade regional, ou seja, o sentimento de pertencimento entre uma sociedade e sua região.

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