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Antropologia Cultural de Moçambique

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1 
 
Introdução 
O presente trabalho, tem por objectivo apresentar os conceitos e todas informações uteis sobre 
o domínio do simbólico: os rituais em moçambique; os ritos de passagem; rituais como 
mecanismo de reprodução em Moçambique; a feitiçaria, ciência e racionalidade, cultura, 
tradição e religiosidade no contexto sociocultural de Moçambique moderno, modelos 
religiosos exógenos e a emergência dos sincretismos religiosos e de igrejas evangélicas em 
Moçambique. O simbólico repousa sobre um conjunto de representações que nós fazemos do 
mundo através das quais nós o compreendemos. Nossa inteligência não tem acesso 
directamente ao mundo real; a este só temos acesso através da mediação das representações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
Os Ritos de Iniciação na Sociedade Moçambicana 
Rito de Iniciação 
Rito é um conjunto de cerimónias religiosas diferentemente regulados, segundo as diversas 
comunhões ou em diversas sociedades. 
Ritos de iniciação são cerimónias de carácter tradicional e cultural praticado nas sociedades 
africanas que visa preparar o adolescente para encarar a outra fase da vida, isto é, a fase adulta. 
Visam essencialmente a integração pessoal, social e cultural do indivíduo, permite ao 
indivíduo reunir múltiplas influências do seu meio para em seguida integrá-la na sua maneira 
de pensar, de agir e de si comportar, o indivíduo participa activamente nas actividades e na 
vida do grupo que pertence. 
Estudo dos rituais em Moçambique 
Nas sociedades, os ritos assumem particular importância na educação dos jovens (rapazes e 
raparigas) e na transmissão e preservação dos valores culturais das comunidades. A passagem 
da adolescência à fase adulta é marcada por ritos, designados por ritos de iniciação. 
Estes ritos constituem um processo, mais ou menos longo, de socialização dos jovens com vista 
à sua integração na vida adulta. A partir destes ritos, eles tomam consciência da sua própria 
identidade e do lugar que lhes compete na comunidade. Os jovens passam a tomar parte, com 
alguns direitos, em várias realizações sociais, como participar em cerimónias tradicionais, 
sentar-se, lado a lado, com os adultos, falar em público e em reuniões, assim como participar 
em todas as actividades que a vida em comunidade impõe. 
O objectivo central destes ritos é incutir nos jovens o comportamento que se espera do adulto 
na sociedade. 
Aos rapazes são transmitidas normas de conduta social e ética, são lhes ensinado as regras e 
os tabus ligados a cerimónias fúnebres e à vida sexual. Aprendem também a importância da 
conservação dos recursos naturais comunitários, a jurisprudência e a resolução de conflitos. 
Recebem conhecimentos sobre a religião, os mitos, a música e a dança tradicionais. 
As raparigas são submetidas aos respectivos ritos de iniciação, a partir da primeira 
menstruação. A educação dada incide mais sobre as normas de conduta que a rapariga deve 
observar na família e na comunidade. Isso inclui a educação sexual, o papel da mulher na 
produção agrícola e nas tarefas domésticas. Elas aprendem as normas de comportamento, tabus 
e interdições no contexto da sua comunidade. 
3 
 
Todos os grupos de Cabo Delgado, da costa ao interior, das zonas rurais ás zonas urbanas 
possuíam fortes tradições no âmbito dos ritos de iniciação; Um exemplo a tomar em conta é o 
da tradição Makonde onde o Likumbi (rito de iniciação masculino) e o Ngoma (rito de 
iniciação feminino) continuam a ser praticados o dia de hoje, até mesmo nas áreas urbanas. 
 
Aspectos positivos dos ritos de iniciação 
 A circuncisão, devido a higiene pessoal que evita possíveis doenças de transmição sexual; 
 Integração social e formação da pessoalidade do indivíduo; 
 Educação cívica moral (respeito aos mais velhos, aos lugares sagrados, aos mortos); 
 Educação sexual e matrimonial. 
Aspetos negativos dos ritos de iniciação 
 Os procedimentos para o acto de circuncisão é demasiado doloroso, aliado ao uso de 
instrumentos cortantes não adequados; 
 O elevado risco de vida dos iniciados ao mergulhar na água, durante o isolamento ficam a 
mercê dos animais ferozes e frio; 
 Preparação da mulher para total submissão ao marido, negando-lhe emancipação; 
 Educação ao homem para manifestação do poder autoritário; 
 Não adequação do programa dos ritos de iniciação com o calendário escolar; 
 Longo período de permanência nos ritos de iniciação para os rapazes; 
 Separação dos trabalhos caseiros e outros por sexo; 
 Limitação da dieta alimentar (não consumo de ovos, fígado, moela, etc.). 
Factores que podem interferir nos ritos de iniciação 
A educação tradicional em moçambique através dos ritos de iniciação é complexo e 
multiforme devido essencialmente as diversas culturas, como o ilustram as diferentes línguas 
que abundam, alicerçado pela vastidão do seu território e influência de culturas dos países 
vizinhos. Assim, podem ser apontados alguns factores que podem concorrer negativamente 
para a manutenção dos traços culturais tradicionais originais: 
- O matrimónio conjugal entre uma pessoa que passou pelos ritos de iniciação com outra que 
não passou pelo rito; 
- O impacto do desenvolvimento económico, sócio-cultural, que origina a movimentação 
campo-cidade e vice-versa, devido a implantação de novos projectos de desenvolvimento; 
4 
 
- A actual preocupação do governo na divulgação do programa de prevenção e combate as 
DTS/HIV/SIDA a todos os níveis e os cuidados básicos a ter em consideração para não 
proliferação da doença orientando, por exemplo, aos procedimentos de utilização de objectos 
cortantes, até aos médicos tradicionais; 
 
Os ritos de passagem 
Os ritos de passagem, segundo Arnold Bon Gennep apresentam uma estrutura universal, e por 
conseguinte, presentes em todas as sociedades humanas. Dizem respeito aos rituais dos ciclos 
da vida onde ocorrem mudanças de estatuto que marcam a vida de uma pessoa ou de um grupo. 
Os ritos de passagem estão ligados principalmente ao nascimento, à puberdade (ritos de 
iniciação), ao casamento e à morte. No entanto, existem outros ritos de passagem que variam 
de um grupo social para o outro, por exemplo, entre os cristãos o baptismo, o crisma/a 
confirmação, a ordenação de um sacerdote, etc., são exemplos de ritos de passagem. Nas 
organizações sociais de carácter secular, a cerimónia de graduação, a comemoração da data do 
aniversário, etc., são outros exemplos de ritos de passagem. Segundo Gennep existem três tipos 
de ritos de passagem; 
 
Ritos de separação: aqueles valorizados durante as cerimónias fúnebres e têm a ver com todos 
rituais daí resultantes, por exemplo, o velório, o uso de trajes pretos por um certo tempo, a 
purificação (Kutchinga), etc. 
Ritos de liminaridade ou de transição: aqueles por meio dos quais uma pessoa passa de um 
estatuto social para o outro. Por exemplo, os ritos de iniciação que como tal permitem passar 
da vida infantil à uma vida viril ou adulta. 
Ritos de integração ou de agregação: aqui são valorizadas cerimónias relativas ao 
nascimento, ao baptismo ou ao casamento, permitem que a pessoa seja incorporada num dado 
grupo social, com a celebração de rituais próprios. 
 
Rituais como mecanismo de reprodução social em Moçambique 
Os ritos desempenham um papel importante na preservação e reprodução sociocultural. É 
através dos ritos, dos rituais e das cerimónias religiosas que os sentimentos sociais e morais 
são fortalecidos e renovados. A função dos ritos é reafirmar permanentemente os grupos 
sociais. Os ritos de passagem, apresentam uma estrutura universal, e por conseguinte, presentesem todas as sociedades humanas. Dizem respeito aos rituais dos ciclos da vida onde ocorrem 
5 
 
mudanças de estatuto que marcam a vida de uma pessoa ou de um grupo. Os ritos de passagem 
estão ligados principalmente ao nascimento, à puberdade (ritos de iniciação), ao casamento e à 
morte. 
 
Feitiçaria 
Etimologicamente, o termo feitiçaria surge do grego “farmakía”, que significa "drogueadores", 
no sentido de preparadores de drogas com fins terapêuticos a partir de plantas. Para além da 
intenção de curar, os feiticeiros também usavam drogas para induzir estados alterados de 
consciência para ascender ao Mundo dos Espíritos. 
 
Feitiçaria designa a prática ou celebração de rituais, orações ou cultos com ou sem uso 
de amuletos ou talismãs (objectos ao qual são atribuídos poderes mágicos), por parte de adeptos 
do ocultismo com vista à obtenção de resultados, favores ou objectivos que, regra geral, não 
são da vontade de terceiros. 
 
A feitiçaria pode ser descrita como uma acção maliciosa, levada a cabo através do recurso a 
forças místicas ou mesmo pela violência, resultante de ódios e tensões intensas presentes na 
sociedade, e que as pessoas interpretam como actuam sobre si independentemente da sua 
vontade, (ASHFORTH, 2005: 87). 
 
Pode estar relacionada com cultos às forças da natureza ou aos antepassados já falecidos, sendo 
que está também frequentemente relacionada com o uso de artes consideradas mágicas, à 
invocação de entidades, como por exemplo, espíritos, deuses, génios ou demónios, ou o 
emprego de diversas formas de adivinhação. Os praticantes e líderes da feitiçaria, designados 
de feiticeiros, gozavam de uma considerável influência social em diversas comunidades, sendo 
encarados como líderes religiosos ou conselheiros. 
 
Os espíritos da feitiçaria actuam recebendo pagamentos como: sangue de animais, bebidas, 
perfumes e uma infinidade de objectos que valorizam, apesar da dimensão incorpórea em que 
se encontram. São em geral espíritos arrogantes, agressivos e muito auto confiantes. 
 
A feitiçaria representa um comportamento que se desvia das normas aceites numa sociedade: 
os feiticeiros são maus e criam desarmonia nas relações sociais; eles representam um risco para 
a estabilidade da comunidade. Portanto, chamar a alguém de feiticeiro equivale a pronunciar 
6 
 
essa pessoa como traiçoeira, situando-a num relacionamento antagónico com o resto da 
comunidade/sociedade. 
 
Forma de fazer feitiçaria em Moçambique 
No seu livro Kupilikula, WEST (2009) traça-nos um cenário relativo ao planalto de Mueda em 
que a feitiçaria se desenrola num mundo invisível que está em interacção com o nosso, e no 
qual os feiticeiros nefastos se projectam para praticarem as suas malfeitorias. Estas só poderão 
ser neutralizadas ou revertidas por uma projecção semelhante por parte de feiticeiros benéficos 
que, nesse mundo, actuem sobre aquilo que os malvados provocaram. 
Tal actuação através de viagem espiritual, xamânica, é contrastante com as visões dominantes 
no sul e centro do país. Aí, são os espíritos que possuem os indivíduos vivos, ou que estes 
últimos conseguem dominar, quem actua sobre a realidade perceptível através de formas a que 
chamaríamos mágicas, não o fazendo num outro mundo invisível mas, embora sejam eles 
próprios invisíveis, no nosso mundo, que também habitam. 
Uma pessoa acusada de ser feiticeira representa uma ameaça à solidariedade comunitária, 
devendo ser descoberta e combatida através de todos os meios de que a comunidade dispõe. É 
esta ideia de traição ao próprio grupo, um ataque à verdadeira base da estrutura social que 
transforma a suspeita da prática de feitiçaria num crime odioso (EVANS, 1992: 50). 
 
No passado, aqueles que cometiam traição, desobedeciam às decisões tomadas, cometiam 
assaltos, ofensas verbais para com os mais velhos, incesto, sodomia, violação, homicídio e 
feitiçaria eram considerados inimigos públicos. O castigo para estas ofensas variava desde uma 
multa que podia ser paga com gado, até à própria morte do acusado, passando por castigos 
corporais, exílio e confiscação de bens pertencentes à família do acusado. 
Importância da feitiçaria 
Os boatos que circulam no espaço público retratam a feitiçaria como a forma mais comum de, 
em tempos de crise económica e de declínio social de oportunidades, se conseguir sucesso 
pessoal, riqueza e prestígio. Os líderes políticos são amplamente referenciados por recorrerem 
à feitiçaria a fim de assegurarem poder e sucesso eleitoral, e muitos usam engenhosamente este 
conhecimento para ganhar visibilidade e mesmo deferência. SANTOS, 2006). 
A feitiçaria fornece, assim, um meio para dar sentido à incerteza e ao aleatório, tornando-os 
explicáveis e permitindo reintegrar os infortúnios não apenas como coisas cognoscíveis, mas 
também como resultados da ação humana e, portanto, passíveis de serem manipulados por ela. 
 
7 
 
Racionalidade 
A racionalidade implica a conformidade de suas crenças com umas próprias razões para crer, 
ou de suas ações com umas razões para a ação. “Racionalidade" tem significados diferentes 
especializados em economia, sociologia, psicologia, biologia evolutiva e ciência política. Uma 
decisão racional é aquela que não é apenas fundamentada, mas também é ideal para alcançar 
um objetivo ou resolver um problema. 
A negação de um a única forma de classificação marca o rompimento de Levi-Strauss com a 
tradição logica que pretendi encontrar uma estrutura mínima do discurso enunciativo que desse 
conta da relação entre a linguagem, pensamento e mundo. Ele esta muito mais próximo de uma 
conceção pluralista de formas de classificação e ordenação do mundo, concebido este como 
uma descontinuidade real. O princípio fundamental da razão e do discurso enunciativo não 
apenas esta salvo como organiza toda a interpretação da actividade intelectual humana. 
Entretanto, razão, ratio, significa a medida comum pela qual é possível estabelecer um anexo 
entre termos. Apesar de apontar uma solução para o problema do projecto logico tradicional, 
da qual se seguiria o relativismo absoluto, Levi-Strauss mostra-se muito confiante quanto à 
suficiência do princípio universal da não contradição. Ele é obrigado a assumi-lo para manter 
seu projecto de racionalidade. Incluir “lógicas concretas” que se organizassem, p. ex: admitindo 
a simultaneidade dos opostos (é contradição), implodiria o próprio projecto estruturalista. 
 
A Ciência 
Etimologicamente, o termo antropologia deriva das palavras gregas “anthropos” (ser humano) 
e “logos” (ciência, estudo, conhecimento) e significa o estudo do ser humano. O objetivo da 
Antropologia é buscar um entendimento amplo, comparativo e crítico dos seres humanos, seus 
conhecimentos e formas de ser. A antropologia surgiu como ciência no início do século XX, 
com a sistematização dos estudos sobre culturas consideradas “exóticas”. 
A antropologia abrange o estudo do ser humano como ser cultural, fazedor de cultura. Investiga 
as culturas humanas no tempo e no espaço, suas origens e desenvolvimento, suas semelhanças 
e diferenças. Tem seu foco de interesse voltado para o conhecimento do comportamento 
cultural humano, adquirido por aprendizado social. A partir da compreensão da variedade de 
procedimentos culturais dentro dos contextos em que são produzidos, a antropologia, como o 
estudo das culturas, contribui para erradicar preconceitos derivados do etnocentrismo, fomentar 
o relativismo cultural e o respeito à diversidade. 
Apesar da grande variedade dos seus campos de interesse, a antropologia se constituiu como 
um campo científico específico, que se articula teórica e metodologicamentecom outras áreas 
8 
 
do saber (como a história, filosofia, sociologia, psicologia, biologia e direito), mas conserva 
sua unidade, uma vez desenvolveu métodos particulares para investigar o ser humano e suas 
diversas formas culturais, comportamento e vida social. 
Cultura de Moçambique 
A cultura de Moçambique é uma amálgama, decorrentes, principalmente, de sua história de 
Bantu, Swahili, e influencia da cultura do colono Português, e se expandiu desde a 
independência em junho de 1975. A ampla gama de diversidade cultural, linguística e religiosa 
faz de Moçambique um pais com uma impressionante cultura. Há uma variedade de culturas 
agrupadas coma a dos Swahili e sua lingua, a cultura islâmica e grupos de língua Bantu que 
vivem nas regiões norte e central. 
A língua oficial e mais falada do país é o Português, falado por 50,3% da população. É 
impressionante que sempre existe um tema comum de expressão cultural dinâmica e criativa 
na música, a poesia oral, dança e performance, apesar da grande variedade e mistura de línguas, 
as relações sociais, as tradições artísticas, roupas e padrões de ornamentação são similares em 
todas regiões. 
As tradições de Moçambique incluem música e dança. Artes performativas são profundamente 
em relação com as práticas religiosas e sociais diárias. A música de Moçambique pode servir 
a muitos propósitos, que vão desde a expressão religiosa para cerimônias tradicionais. Os 
instrumentos musicais são geralmente feitos à mão. 
 
A língua, a música, a arte, a arquitetura, o vestuário, a culinária, o discurso, o conjunto de 
crenças, os idioletos e a paremiologia (ditados, provérbios e ditos), a literatura oral (lendas e 
mitos), as manifestações religiosas, os ritos de passagem, as festas populares, a meteorologia 
popular, as relações locais com as modalidades de trabalho e lazer, as formas de distribuição, 
e o exercício do poder local, entre outros, são manifestações da cultura popular. 
A literatura antropológica sugere-nos que a palavra cultura é de origem latina. Deriva do verbo 
colere (cultivar ou instruir) e do substantivo cultus (cultivo, instrução). Etimologicamente tem 
muito a ver com o ambiente agrário, com o costume de trabalhar a terra para que ela possa 
produzir e dar frutos. Ainda hoje se costuma usar a palavra cultura para designar o 
desenvolvimento da pessoa humana por meio da educação e da instrução. 
Tylor foi o primeiro a formular um conceito de cultura. Para ele essa “é aquele todo complexo 
que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros 
hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Poderíamos então 
afirmar que a cultura, não é nada mais, nada menos, que o conjunto de saberes (axiológicos, 
9 
 
estéticos, técnicos, teológicos, epistemológicos, etc.) característicos de um determinado grupo 
humano ou de uma sociedade, ou seja, o conjunto de comportamentos, saberes-fazeres 
adquiridas através de aprendizagem e transmitidas ao conjunto de seus membros. 
Elementos da cultura 
De acordo com MARCONI e PRESOTTO (2006), constituem-se como elementos da cultura: 
as ideias, a crença, os valores, as normas, as atitudes ou comportamentos, a abstracção do 
comportamento, as instituições, as técnicas e os artefactos. 
Enquanto coisas reais e observáveis, a cultura pode ser classificada em três tipos: 
 
I. Cultura material, quando ela é formada por coisas ou objetos materiais, desde os machados 
de pedra das antigas civilizações até os moderníssimos computadores; 
II. Cultura imaterial também chamada de não material ou espiritual, quando não tem 
substância material, mas, assim mesmo, é algo real, como no caso das crenças, dos hábitos 
e dos valores; 
III. Cultura ideal, aquela que é apresentada verbalmente como sendo a perfeita para um 
determinado grupo, mas que nem sempre é praticada. Pode-se tomar como exemplo disso 
a cultura religiosa, a qual nem sempre é assumida integralmente pelos que se dizem adeptos 
dela. 
 
Para MARTINEZ (2009) a cultura possui as seguintes características fundamentais. 
A cultura é simbólica- porque é um conjunto de significados e valores transmitidos 
necessariamente através dos símbolos e sinais. 
A cultura é social - visto que não existem manifestações culturais isoladas. 
A cultura é selectiva – ela é um contínuo processo que implica sempre reformulações. 
A cultura é dinamica e estável – Seu dinamismo se manifesta no processo de recriação e re-
invenção cultural encarando novas mudanças. 
 
A cultura é universal e regional. É universal na medida em que é um fenómeno universal e 
nunca ter sido constatada a existênciaa de seres desprovidos de cultura. 
 
Segundo Bernardo Bernardi (1974), quatro factores que operam constante e universalmente, 
em todas as suas formas, quer por acção directa quer por efeitos condicionantes: 
O antrophos, ou seja o homem na sua realidade individual e pessoal, o homem como ser 
biológico, físico. 
10 
 
O ethnos, ou seja a comunidade ou povo entendido como associação estruturada de indivíduos. 
Os factores sociais, históricos, económicos, políticos, religiosos. 
O Oikos Refere-se ao ambiente natural e cósmico dentro do qual o homem se encontra a actuar. 
da palavra oikos deriva a palavra ecologia. São os factores naturais, geográficos, ecológicos 
que influem na cultura. 
O Chronos - equivale ao tempo, condição ao longo da qual em continuidade de sucessão, se 
desenvolve a actividade humana. A cultura nasce, desenvolve-se e vive no tempo. 
 
A tradição e religiosidade do contexto sociocultural do Moçambique Moderno 
Outra abordagem importante sobre a tradição é a do sociólogo americano Edward Shils, que, 
na obra Tradition (1981) mostra que o termo tem, de facto, uma série difusa, e muitas vezes 
contraditória, de significados. 
A sua definição de "tradição" é muito ampla: a tradição seria um tractitum “qualquer coisa que 
é transmitida ou passada do passado para o presente tendo sido criada através de ações humanas 
de pensamento e da imaginação, ela é passada de uma geração para a próxima "(SHILS, 1981, 
p. 12). 
Em Moçambique actual, o Catolicismo Romano, Islamismo, religiões cristãs não-católicas e 
algumas outras religiões indígenas estão presentes. Entre as religiões praticadas em 
Moçambique, 30% são cristãos, encontrados principalmente no sul. No Norte, 27% dos 
moçambicanos são muçulmanos. O resto da população é praticante de diferentes crenças 
religiosas. Comerciantes árabes traziam o Islã e o Cristianismo foi trazido pelos Português. 
Durkheim (1996), embora se tenha baseado em estudos antropológicos de sociedades 
primitivas, considerava a religião como um fenómeno universal; daí o facto de ter estudado o 
sistema religioso em diferentes contextos históricos, sociais e culturais, tentando entender a 
essência comum e as funções que a religião desempenha nas diferentes sociedades e o que 
explica a sua origem. 
Segundo este autor, não há sociedade sem religião e muito menos existe sociedade, por mais 
primitiva que seja, que não apresente um sistema de representações colectivas relacionadas à 
alma, à sua origem e ao seu destino. Para o autor, a realidade simbólica da religião é o núcleo 
da consciência colectiva e como acto social, a religião transcende o indivíduo e é a condição 
primordial da integração e da manutenção da ordem social. 
Durkheim refere ainda que a religião é um sistema solidário de crenças e de práticas relativas 
a coisas sagradas, ou seja, separadas, proibidas, crenças e práticas que reúnem numa mesma 
comunidade moral todos aquees que a ela aderem. 
11 
 
Portanto, por detrás de toda a manifestação religiosa (ritos,cultos, crenças adorações, etc.) está 
a sociedade, pois foi ela que criou a sua concepção religiosa. Edward Tylor (1871) afirmava 
que para o Homem primevo, tudo é dotado de alma, e esta crença fundamental e universal não 
só explica o culto aos mortos e aos antepassados, mas também o nascimento de deuses. 
Para Radcliffe-Brown (1999) a religião estabelece normas consuetudinárias (sanções legais), 
normais morais (sanção da opinião pública) e normas sobrenaturais (sanção da consciência), 
são estas três maneiras de controlar o comportamento humano. 
Algumas características da religiosidade 
 Existência de entidades sobrenaturais que criaram e controlam o mundo natural e ordem 
social. 
 Em qualquer tempo (passado, presente e futuro) há uma efectiva intervenção sobrenatural 
nos assuntos do mundo, ou seja, as entidades sobrenaturais comandam o destino da 
humanidade. 
 Crenças, rituais, acções e comportamentos individuais ou colectivos, regras sociais ou 
morais são prescritos e legitimados pela tradição religiosa ou pela revelação divina. 
 
Religião (do latim religio, -onis) é um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de 
visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam a humanidade com 
a espiritualidade e seus próprios valores morais. Muitas religiões 
têm narrativas, símbolos, tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou 
explicar a sua origem e do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis 
religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana. 
Os modelos religiosos exógenos são: o cristianismo; judaísmo; hinduísmo; islamismo; 
budismo; xintoísmo; siquismo; bahai; jainismo. 
 
O Sincretismo religioso 
Etimologicamente, sincretismo se originou a partir do Grego sygkretismós, que significa 
reunião das Ilhas de Creta contra um adversário em comum. Para PRADO (2013, p.2), é 
formado por doutrinas de origens diversas, seja no âmbito das crenças religiosas ou nas 
correntes filosóficas. Sincretismo é a fusão de diferentes doutrinas para a fusão de uma nova, 
seja de carácter filosófico, cultural ou religioso. 
 
12 
 
Sincretismo religioso é a mistura de uma ou mais crenças religiosas em uma única doutrina. 
Este modelo de sincretismo, assim como o cultural, nasce a partir do contacto directo ou 
indirecto entre crendices e costumes distintos. 
 
A emergência do Sincretismo religioso 
No Oriente, a mistura de civilizações de diferentes nações começaram em um período muito 
cedo, quando o Oriente foi Helenizada sob Alexandre e grande Diadochi no século IV, a.C., os 
gregos e civilização Oriental entraram em contacto, e compreensivo em grande medida 
efectuado. As divindades estrangeiras foram identificadas com a nativa (por exemplo, 
Serapins-Zeu, Dionisio) é uma fusão de cultos sucedidos. Depois que os romanos conquistaram 
os gregos, os vencedores, como se sabe sucumbiram a cultura dos vencidos e a religião romana 
tornou-se completamente Helenizada. Mais tarde os romanos gradualmente recebidos todas as 
religiões dos povos que Roma tomou todos os templos. Sincretismo atingiu o seu auge no 
século III depois de Cristo, sob a Cascalla imperadores Heliogabálicos e Severa Alexandre 
(211- 235) (KAEMER, s.d. p.1). Podemos observar o fenómeno do sincretismo religioso desde 
a formação das religiões mais primitivas até a atualidade. Ele surge por meio do processo de 
enraizamento da cultura na religião, ou seja, os povos vão se organizando, gradualmente, e as 
crenças vão se tornando prática comum e expressão cultural (SALES, s/d. p.5). 
 
Emergência do sincretismo religioso em Moçambique 
Para Moçambique o sincretismo religioso pode-se dizer que iniciou em tempos muito antigos 
estamos a falar a partir dos séculos VII com a presença árabe em África e mais tarde no século 
XV com a presença europeia (Portugueses), ate aos nossos dias, com a presença de vários povos 
de diferentes regiões com a sua religião e seus aspectos culturais em particular. Assim, de 
acordo com varias definições trazidas com vários autores sobre o termo sincretismo religioso 
nas suas abordagens tem em comum a frase "mistura ou combinação de crenças religiosas", a 
partir deste pressuposto, conclui-se que o sincretismo inicia no sul do país com as igrejas 
messiânicas e Zione. 
 
 
 
 
13 
 
Conclusão 
 
Depois de vasta leitura efectuada perante o domínio do simbólico, contou-se os ritos de 
iniciação são práticas que tem por objectivo formar novos membros da sociedade, isto é, é com 
base nos ritos que os rapazes e raparigas passam para a vida adulta. Concluiu-se que a feitiçaria 
serve como a forma mais comum de, em tempos de crise económica e de declínio social de 
oportunidades, se conseguir sucesso pessoal, riqueza e prestígio. Os líderes políticos são 
amplamente referenciados por recorrerem à feitiçaria a fim de assegurarem poder e sucesso 
eleitoral, e muitos usam engenhosamente este conhecimento para ganhar visibilidade e mesmo 
deferência. E também anotou-se que Moçambique é um País formado por juncão de culturas, 
crenças, religiões, de todos os povos que por aqui neste Pais passaram na antiguidade. Quanto 
a religiosidade anotou-se os comerciantes árabes traziam o Islã e o Cristianismo foi trazido 
pelos Português. O sincretismo é a mistura, a fusão, a assimilação de um ou mais elementos 
culturais entre religiões diferentes, ou seja, determinada religião se utiliza dos mitos e ritos 
religiosos distintos aos seus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Bibliografia 
MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia Cultural: guia para estudo.Paulinas Editorial, 5ª 
edição, Maputo, 2007. 
SHILS, Edward. Tradition. Chicago: University of Chicago Press, 1981. 
MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO, Zelia Maria Neves. Antropologia: uma 
introdução; São Paulo: Atlas, 2010. 7ª edição. 
BERNARDI, Bernardo. Introdução aos estudos etno-antropoloógicos, pgs 289-294. 
MAHUMANE, Jonas Alberto. Representações e Percepções sobre Crenças e Tradições 
Religiosas no Sul de Moçambique. 1ª Edição, s/edt., Maputo, 2008. Dicionário online 
Wikipedia. Sincretismo e sincretismo religioso. 11 de Agosto 2016. 
 
HONWANA, Alcinda. 2002. Espíritos vivos, tradições modernas: possessão de espíritos e 
reintegração social pós-guerra no sul de Moçambique. Maputo, Promédia. 
LÉVI-STRAUSS, Claude. O pensamento selvagem. Papirus Editora, Campinaas, 1989 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Índice 
 
Introdução .................................................................................................................................. 1 
Os Ritos de Iniciação na Sociedade Moçambicana ................................................................... 2 
Estudo dos rituais em Moçambique ........................................................................................... 2 
Aspectos positivos dos ritos de iniciação................................................................................... 3 
Aspetos negativos dos ritos de iniciação ................................................................................... 3 
Factores que podem interferir nos ritos de iniciação ................................................................. 3 
Os ritos de passagem .................................................................................................................. 4 
Rituais como mecanismo de reprodução social em Moçambique ............................................. 4 
Feitiçaria ....................................................................................................................................5 
Forma de fazer feitiçaria em Moçambique ................................................................................ 6 
Importância da feitiçaria ............................................................................................................ 6 
Racionalidade ............................................................................................................................. 7 
A Ciência ................................................................................................................................... 7 
Cultura de Moçambique ............................................................................................................. 8 
Elementos da cultura .................................................................................................................. 9 
A tradição e religiosidade do contexto sociocultural do Moçambique Moderno .................... 10 
Algumas características da religiosidade ................................................................................. 11 
O Sincretismo religioso............................................................................................................ 11 
A emergência do Sincretismo religioso ................................................................................... 12 
Emergência do sincretismo religioso em Moçambique ........................................................... 12 
Conclusão ................................................................................................................................. 13 
Bibliografia .............................................................................................................................. 14

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