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Doenças Parasitárias – Helmintos de suínos 1. Helmintos do Pulmão Os vermes pulmonares dos suínos estão representados por várias espécies de parasitas do gênero Metastrongylus, localizando-se mais precisamente nos brônquios e bronquíolos, que uma vez afetados tornam-se obstruídos, interferindo na respiração normal. Pneumonia, tosse severa, dificuldade respiratória e perda de apetite podem ser evidências desta enfermidade, registrando-se ainda enfraquecimento e falha de crescimento em animais afetados, infecções severas chegam a causar mortes. Além desses efeitos, estes vermes são considerados portadores de agentes causadores de outras doenças, como o vírus da Influenza e da Peste Suína. Os hospedeiros intermediários deste parasita são os anelídeos (minhocas) representados por vários gêneros e espécies. Foram encontradas minhocas abrigando mais de 2.000 larvas de Metastrongylus spp. que eram viáveis após quatro anos. Os animais normalmente se infectam pela ingestão das larvas liberadas pela ruptura da minhoca, durante o ato de fuçar dos suínos, ou sua própria ingestão quando contaminada. Os suínos novos são mais suscetíveis a doença e um animal infectado pode reter a infecção por vários meses e continuar a contaminar o meio ambiente. Alguns anos atrás a verminose pulmonar dos suínos era uma enfermidade bastante comum no nosso meio, porém, os percentuais encontrados neste trabalho são considerados baixos, não evidenciando níveis alarmantes da doença. Isto provavelmente se deva a evolução da tecnologia utilizada hoje na suinocultura da região, onde os animais são criados mais confinados, pois evitando o contato do suíno com a minhoca, impede-se que o verme complete seu ciclo biológico. Metastrongylus Vermes brancos, finos, com até 6 cm de comprimento. Localização: Brônquios e bronquíolos. Principais espécies: -Metastrongylus apri -Metastrongylus salmi -Metastrongylus pudendotectus Ciclo Evolutivo: Patogenia: -Consolidação pulmonar -Hipertrofia muscular brônquica -Hiperplasia linfóide peribrônquica -Enfisema pulmonar -Hipersecreção de muco bronquiolar Sintomatologia Clínica: Infecções leves: Assintomáticas Infecções intensas: Tosse, dispneia e corrimento nasal. Diagnóstico: Ovos de tamanho médio Cápsula grossa e de superfície rugosa Contém uma larva L1 Suínos a campo O diagnóstico desta enfermidade não é fácil, em virtude da falta de sinais clínicos característicos e da existência de outras doenças causadoras de tosse. Entre outras técnicas de exames fecais, o método de flutuação é efetivo para detectar ovos nas fezes quando se utiliza solução saturada de cloreto de sódio ou sulfato de magnésio. Entretanto, o melhor diagnóstico de infecção do rebanho é obtido através da necrópsia, pela presença do verme e lesões características no pulmão. Um acurada diferenciação de lesões por outras causas, é seguramente obtida nos exames histológicos. Epidemiologia: -Prevalência em suínos de 4-6 meses de idade -Criação de suínos a campo -Acesso dos animais à minhocas Tratamento: -Benzimidazóis, levamisol e ivermectina. Controle: -Confinamento -Pastos infectados devem ser cultivados ou ocupados por outros animais. 2. Helmintos do Estômago Hiostrongylus rubidus Ascarops/Physocephalus Ascarops/Physocephalus: Vermes pequenos, finos, com até 2 cm de comprimento. Fixados na parede gástrica sob uma camada de muco. Principais espécies: -Ascarops strongylina -Physocephalus sexalatus Ciclo Evolutivo: Ciclo indireto, sendo L3 infectante e necessitando de hospedeiro intermediário para fechar o ciclo, neste caso coleópteros, além dos hospedeiros paratênicos como mamíferos, aves e répteis no caso do Physocephalus. Epidemiologicamente colaboram para o desenvolvimento destes parasitos a superpopulação, calor, umidade, sexo, idade, pastoreio misto com ovinos e bovinos, hipobiose (no caso de Hyostrongylus rubidus e de Trichostrongylus axei) e ainda a presença de coleópteros e de matéria orgânica. As lesões ocasionadas pelos parasitos variam desde úlceras gástricas com aparecimento de nódulos e petéquias na mucosa, causadas por larvas, até severa gastrite catarral com atrofia do epitélio glandular e ulcerações com perfusão e pequenos cistos na mucosa, causados pelo parasito adulto. Os sintomas mais frequentes envolvem anemia, inapetência, debilidade, subdesenvolvimento e até mesmo morte súbita com perfuração estomacal. Tais distúrbios afetam economicamente os pequenos produtores para os quais até mesmo a perda de pequeno número de animais é significativa e em menor escala aos produtores com criações mais estruturadas. Isto comprova o fato de que as parasitoses representam entrave na exploração suinícola, necessitando-se conhecer as diferentes espécies e as épocas de incidência para estabelecer estratégias de controle adequadas. Patogenia: Nenhum dos parasitos é seriamente patogênico. O principal efeito é uma gastrite catarral. Sintomatologia Clínica: Anemia, inapetência e enterite necrótica. Diagnóstico: -Ovos de tamanho pequeno; -Forma elíptica alargada; -Cápsula grossa; -Contém uma larva L1. Controle: -Remoção de fezes; -Rotação de pastagens; -Drenagem do campo; -Dosificações táticas Hyostrongylus: Vermes avermelhados, finos, de 5 a 8 mm de comprimento. Localização: Estômago. Patogenia: -Nódulos na superfície mucosa -pH elevado -Ulcerações -Hemorragias gástricas -Gastrite catarral -Diminuição do apetite Sintomatologia Clínica: -Síndrome da porca magra; -Anemia; -Inapetência; -Perda das condições físicas; -Alterações reprodutivas Diagnóstico: -Ovos de tamanho médio; -Paredes laterais similares; -Apresenta 32 blastômeros; -Larva grossa; -Cauda longa; -Diferenciar de Oesophagostomum Epidemiologia: -Suínos com acesso a pastos ou mantidos em baias com palha; -Comum em reprodutores (porcas novas); -Hipobiose sazonal Tratamento: Benzimidazóis, avermectina e milbemicinas. Controle: -Rotação anual de pastos com outros animais ou culturas; -Medicações preventivas 3. Helmintos do Intestino Delgado -Ascaris suum -Strongyloides ransomi -Macracanthorhynchus hirudinaceus Ascaris: É o maior nematóide dos suínos. Fêmeas têm até 45 cm de comprimento. Ciclo Evolutivo: Patogenia: -Obstrução instestinal; -Icterícia obstrutiva; -Condenação de carcaça; -Ruptura intestinal Patogenia Migração larvas: -Insuficiência hepática; -Milk spots; -Fibrose difusa; -Pneumonias Sintomatologia Clínica: -Queda de produção; -Menor ganho de peso; -Pneumonias; -Distúrbios respiratórios Diagnóstico clínico e laboratorial: -Ovo de tamanho médio; -Forma redonda; -Coloração castanho-amarelada; -Contém grânulos e células não segmentadas Epidemiologia: -Ocorrência em áreas temperadas nos meses quentes do verão; -Ocasionalmente infecta bovinos e ovinos; -Imunidade etária parcial em animais de 4 meses Tratamento: -Benzimidazóis; -Levamisol (injetável); -Ivermectina (injetável); -Piperazina Controle: -Higiene na alimentação e na cama; -Limpeza de paredes e pisos; -Rotação de piquetes; -Tratamento preventivo Strongyloides: Vermes capiliformes delgados, 1 cm de comprimento. Apenas as fêmeas são parasitas. Ciclo Evolutivo: Patogenia: -Hemorragias múltiplas na maior parte da superfície pulmonar; -Obstrução brônquica; -Reação eritemadosa; -Podridão dos cascos; -Dermatite abdominal; -Pruridos; -Atrofia da vilosidade intestinal; -Enterites crônicas; -Necroses; -Diarréias sangüinolentas Sintomatologia Clínica: -Diarréias severas; -Anorexia, apatia e perda de peso; -Crescimento reduzido; -Desidratação; -Morte Diagnóstico: -Ovo de tamanho pequeno;-Forma elíptica; -Parede muito fina; -Sempre contendo larva L1; -Severos casos em animais jovens Epidemiologia: -Condições de temperatura e umidade; -Falta de higiene; -Animais nas primeiras semanas de vida; -Progênie sucessiva Tratamento: -Benzimidazóis; -Avermectinas; -Milbemicinas; -Ivermectina (antes do parto) Controle: -Higiene na alimentação e na cama; -Drenagem de pastagens; -Rotação de piquetes; -Tratamento preventivo Macracanthorhynchus: Machos têm até 10 cm. Fêmeas até 65 cm. Probóscida espinhosa, projeta-se para frente. Patogenia: -Inflamação; -Formação de granuloma; -Perda de peso; -Peritonite Sintomatologia Clínica: -Lesões intestinais; -Diarréias; -Desconforto abdominal; -Perda de apetite; -Cólicas Diagnóstico: -Ovo é oval; -100 μm por 65 μm; -Casca castanha espessa; -Contém a larva acantor Epidemiologia: Suínos adquirem o parasitismo através de ingestão de larvas ou adultos de coleópteros. Tratamento: Levamisol e ivermectina. Controle: -Evitar infecção do hospedeiro intermediário; -Remoção de dejetos; -Desinfectar com cal virgem, sulfato de ferro ou ácido sulfúrico a 10%; -Confinamento dos animais 4. Helmintos do Intestino Grosso Oesophagostomum dentatum Trichuris suis Oesophagostomum: Verme branco, espesso, de 1 a 2 cm de comprimento, com cápsula bucal pequena. Os nematódeos do gênero Oesophagostomum são responsáveis por grandes perdas econômicas nas criações de ruminantes. As larvas causam formações nodulares nos intestinos delgado e grosso desses animais, constituindo-se o estágio mais patogênico. Os nódulos são preenchidos por material necrótico caseoso amarelo-esverdeado, com ou sem a presença da larva. O nódulo é circundado por células inflamatórias e encapsulado por tecido conjuntivo fibroso. Patogenia: -Nódulos; -Ulceração da mucosa; -Grave enterite; -Colite ulcerativa; -Mucosa inflamada Sintomatologia Clínica: Infecções agudas: -Diarréia -Perda de peso -Anemia Infecções crônicas: -Inapetência -Emagrecimento -Diminuição na produção de leite Diagnóstico: -Ovo de tamanho médio; -Polos arredondados; -8-16 blastômeros; -Larvas cauda curta, largas, movimento lento; -Diferenciar de Hyostrongylus Epidemiologia: -Sobrevivência de L3 no pasto e L4 hipobiótica no hospedeiro durante outono e inverno; -Nódulos na parede do intestino e falta de imunidade torna difícil o controle; -Opg aumenta no período de gestação Tratamento: -Benzimidazóis; -Levamisol (injetável); -Ivermectina (injetável) Controle: -Higiene na alimentação e na cama; -Limpeza de paredes e pisos; -Rotação de piquetes; -Tratamento preventivo Trichuris: 4 a 6 cm de comprimento. Extremidade posterior se afilando rapidamente e anterior filamentosa. Vermes chicotes. Trichuris é um gênero de nemátodos da família Trichuridae, cuja espécie Tricuris trichiura provoca uma verminose denominada tricuríase. O gênero inclui inúmeras espécie que ocorrem no intestino grosso do homem e outros animais: Patogenia: -Inflamação diftérica da mucosa cecal; -Tiflite; -Prolapso retal; -Diarréia; -Morte Sintomatologia Clínica: -Diarréia persistente, aquosa, com sangue; -Fezes com muco de sangue; -Emagrecimento; -Raquitismo Diagnóstico: -Ovo em forma de limão, com um opérculo conspícuo em ambas as extremidades; -Coloração amarela ou castanha Epidemiologia: -Aspecto importante é a longevidade dos ovos; -Sobrevivem 3 ou 4 anos; -Constitui um foco de infecção nas pocilgas; -Grande resistência às condições do meio ambiente Tratamento: -Benzimidazóis; -Levamisol (injetável); -Ivermectina (injetável) Controle: -Higiene das áreas onde os ovos podem sobreviver; -Devem ser limpas, desinfetadas ou esterilizadas por calor úmido ou seco 5. Helmintos do Rim, Tecido Perirrenal e Ureteres Stephanurus dentatus: Coloração acinzentada. Verme robusto, macho mede de 20 a 30 mm de comprimento, fêmeas de 28 a 45 mm. O Stephanurus dentatus é um nematóide robusto que apresenta coloração acinzentada. Seu tegumento muito fino permite distinguir os órgãos internos, o intestino muito longo com uma série de circunvoluções, os ovos são elípticos por ocasião da postura. Os adultos vivem em cistos que se comunicam os ureteres. Os ovos são eliminados ao exterior com a urina do hospedeiro. Patogenia: -Encapsulamento renal; -Cistos contendo exudatos esverdeados; -Ureteres espessados; -Hidronefrose; -Cirrose grave; -Insuficiência hepática; -Lesões pulmonares; -Edemas; -Manchas esbranquiçadas Sintomatologia Clínica: -Paralisia; -Ascite; -Incapacidade de ganhar peso; -Gânglios linfáticos edematosos; -Irritação cutânea Diagnóstico: -Ovos na urina; -Presença de larvas e adultos em necropsia; -Fígados cirróticos Epidemiologia: -Eliminação de ovos na urina; -Parasitose associada a solos úmidos; -Penetração cutânea; -Instalações sem higiene e úmidas; -Longevidade do verme Tratamento: -Benzimidazóis; -Levamisol (injetável); -Ivermectina (injetável) Controle: -Manutenção de higiene; -Pisos secos e limpos; -Isolamento de suínos jovens daqueles de mais de 9 meses; -Esquema de “apenas marrãs” para reprodução 6. Parasitoses do Tecido Muscular Cysticercus cellulosae (forma larval de Taenia solium) Trichinella spiralis Taenia: Escólex globoso, rostro ou rostelo curto, provido de uma dupla série de acúleos. Adulto mede 2-3 m, podendo atingir 8 m de comprimento. Ciclo Evolutivo: Patogenia: Sinais clínicos inaparentes em suínos naturalmente infectados com cisticercos. Sintomatologia Clínica: -Dores abdominais; -Náuseas; -Debilidade; -Perda de peso; -Flatulência; -Diarréia ou constipação Diagnóstico: -Ovos nas fezes; -Testes imunológicos; -Exames de RX; -Tomografia computadorizada; -Ressonância magnética; -Cisticercos na musculatura Epidemiologia: -Suínos criados em regime extensivo com acesso à fezes humanas; -Negligência na inspeção de carne; -Ingestão de gêneros alimentícios contaminados com ovos do parasito Tratamento: -Mebendazol; -Niclosamida ou Clorossalicilamida; -Praziquantel; -Albendazol Trichinella: Macho mede de 1,4 a 1,6 mm de comprimento, fêmeas de 3 a 4 mm. Adultos são encontrados fixados na mucosa do intestino delgado. Trichinella são vermes nematodas fusiformes que parasitam o intestino e músculos de diversos mamíferos, inclusive do homem. São o menor nematoda que infecta o homem, e ao mesmo tempo, o maior parasita intracelular. O contágio é principalmente por carne mal-cozida, mas também já se verificou transmissão transplacentária e por leite materno em ratos. *Ciclo evolutivo Patogenia: -Assintomático em animais domésticos; -Enterite; -Miosite aguda; -Febre; -Miocardite; -Edema periorbitário; -Ascite Sintomatologia Clínica: -Diarréias; -Febre; -Dor retroperitonial; -Rigidez e dor musculares; -Edema facial; -Surdez Diagnóstico: -Presença de larvas na musculatra estriada; -Imunodiagnóstico/ELISA -Inspeção de carne “trichinoscópios” Epidemiologia: -Ciclos selvagens; -Variedades de fontes de infecção; -Canibalismo; -Variedades de hospedeiros do parasita; -Consumo de carne; -Ciclo doméstico Tratamento: -Tiabendazol; -Benzimidazóis; -Cambendazol; -Mebendazol; -Flubendazol Controle: -Cozimento de restos de alimentos destinados a suínos; -Inspeção de carne; -Eliminação de ratos; -Educação do consumidor Fontes: http://r1.ufrrj.br/adivaldofonseca/aulas-teoricas/ http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgc_publicacoes/cot022.pdf https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/CAST/article/download/330/325https://pt.wikipedia.org/wiki/
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