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Doenças Parasitárias – Helmintos de equídeos Problemas parasitários são muito comuns em equinos no Brasil. Animais jovens especialmente são susceptíveis a vários tipos de parasitas e, quase sempre acompanhados com deficiência de alimentação. Os efeitos determinados pelos parasitos nos equinos são a perda de peso, anorexia, gripes persistentes e anemia pode ser alguns sinais associados com várias infecções parasitárias. Em muitos casos os equinos podem se tornar infectados pela ingestão de larvas infectivas encontradas nas pastagens. Superlotação e confinamentos em pequenas áreas favorecem a transmissão e a infecção parasitária. Os mais importantes parasitas em equinos são: Gasterophilus, grandes strongylus, pequenos strongylus, Parascaris equorum, Oxyuris, Strongyloides westeri, Anaplocephala e Paranaplocephala. Tríchostrongylus axei: Parasita do estômago. Ocorre também nos bovinos, ovinos, caprinos e até no homem. Habronema spp: Vermes da mucosa do estômago, onde podem causar tumores. São transmitidos por moscas e podem também causar a habromenose cutânea, comumente chamada de "esponja da pele", ou "ferida de verão". Parascarís equorum: Verme redondo e grande do intestino delgado, especialmente importante em animais jovens, podendo retardar seu crescimento, ou causar perfurações intestinais e a morte. Strongyloides westeri: Parasita o intestino delgado, especialmente de recém-nascidos, que podem adquirir a infecção através do leite da égua ou pela penetração da pele. Strongylus spp: São os grandes estrongilídeos, de ciclo evolutivo complexo. São importantes devido aos danos que podem causar as veias e artérias. Pequenos estrongilídeos: Abrangem 20 a 30 espécies diferentes. São encontrados em grande número nos animais (em torno de 200.000) no intestino grosso e no ceco. Alguns sugam sangue, ou causam nódulos na parede do intestino e outros destroem a parede intestinal. Oxyuris equi: Parasita o intestino grosso. Para realizar a ovipostura, a fêmea migra até o ânus do cavalo e deposita os ovos em torno deste, causando muita irritação e ulcerações. Dictyocaulus arnfieldi: Parasita os pulmões e é bastante comum, podendo causar bronquite. Além destes parasitos, o cavalo pode estar parasitado por tênias e outros vermes de menor interesse. São também importantes. As infecções mais severas causadas por vermes no cavalo ocorrem no período seco, devido ao grande número de larvas infectantes ingerido durante o período chuvoso anterior, quando há maior desenvolvimento e sobrevivência de ovos e larvas na pastagem. Um cavalo adulto, apresentando uma contagem de ovos de vermes nas fezes de 2.000 ovos/g (=2.000 OPG), pode depositar até 30.000.000 de ovos por dia na pastagem. Durante o período seco, os ovos depositados nas pastagens, terão poucas possibilidades de evoluir e sobreviver, porém, quando depositados durante o período chuvoso a maioria se desenvolverá, tornando as pastagens altamente contaminadas e prejudicando principalmente os animais jovens. É necessário, portanto, iniciar um esquema de controle de verminose em cavalos, com animais adultos (o eqüino não desenvolve resistência com a idade) e especialmente com as éguas prenhes. Há evidência de que, na época do parto a contagem de OPG aumenta, contaminando, assim, ainda mais as pastagens. Helmintoses do estômago 1. Gasterophilus spp São comumente encontrados em equinos de criação a campo, durante os meses do verão. Duas ou três espécies ocorrem em equinos (Gasterophilus intestinalis, Gasterophilus nasalis e Gastrophilus hemorroidalis). Todas as três espécies possuem ciclo similar, entretanto o método de infecção difere de certo modo entre as espécies. Ciclo biológico: Os ciclos biológicos de todas as espécies são similares, mas diferem em alguns detalhes importantes. A mosca adulta assemelha-se superficialmente á abelha melífera, com um ovopositor longo e curvo, situado por baixo do abdômen. As fêmeas podem ser observadas nos dias quentes e ensolarados, pairando próximo aos cavalos. As moscas adultas têm peças bucais vestigiais e não podem se alimentar, vivendo apenas o suficiente para realizar o cruzamento e depositar seus ovos nos pelos de um cavalo. As larvas que eclodem desses ovos penetram na boca do cavalo, enterrando-se nos tecidos orais. Após diversas semanas elas regressam no lúmen, são engolidas e permanecem fixadas á parede do estômago e intestino por quase um ano. Finalmente, elas se soltam e são eliminadas com as fezes para pupar no solo. As larvas adultas emergem dos invólucros pupais em 3-9 semanas dependendo da temperatura ambiente. A atividade das larvas continua ao longo do verão e outono, mas cessa completamente ao se instalar o clima frio. As larvas de primeiro e segundo estágio de Gasterophilus gastam cerca de um mês na cavidade oral, após esse tempo seguem para o estômago e duodeno, onde L2 e L3 permanecerão por mais nove ou dez meses. Por fim elas se desgarram e são eliminadas com as fezes, para pupar no solo. G. nasalis Oviposição nos pêlos do espaço intermandibular Eclosão 5-6 dias Migração das larvas para o mento, progredindo em direção á boca. G.hemorrhoidalis Oviposição nos pêlos adjacentes aos lábios Eclosão 2-4 dias Penetração na epiderme labial e na membrana mucosa da boca. G.intestinalis Oviposição nos pêlos das patas dianteirasEclosão 5-6 dias (ovos com L1 que eclodem rapidamente em resposta á súbita elevação da temperatura que ocorre quando o cavalo faz com que seu focinho e respiração quentes entrem em contacto com elas) Penetração na boca, indo para a língua. Sinais clínicos de gasterophilose: Baixa condição física, emagrecimento, falta de apetite e dores abdominais são alguns dos sintomas, inespecíficos, associados infestações. Larvas podem ser vistas nas fezes, durante a primavera. Tratamento: O tratamento para as larvas gástricas é tradicionalmente retardado até um mês após a primeira onda de frio, para permitir que as larvas recentemente adquiridas completem sua permanência nos tecidos orais e que atinjam o estômago, onde serão mais acessiveis ao ataque inseticida. Essa estratégica baseia-se no pressuposto de que a aquisição da infecção cessa com o advento do tempo frio. Entretanto, no caso de Gasterophylus intestinalis, os ovos grudados aos pelos das patas dianteiras permanecem infectivos após o frio ter posto fim as moscas adultas. Esses ovos precisam ser destruídos se pretendemos resultados efetivos para a medicação anti-larval. Esses ovos podem ser removidos dos pelos com um pente especial, de dentes bastante finos, porém o processo é lento e trabalhoso, principalmente para animais de campo em criação extensiva. Caso estejam envolvidos poucos animais, a as larvas poderão ser extraídas de seus ovos pela passagem de esponja com água morna a 40º-48ºC, pois a súbita elevação da temperatura fornece estímulo adequado para a eclosão. A adição de 0,06% de Coumafós, 0,12% de Malation ou 0,03% de Lindane assegura a rápida destruição dessa larvas, ao emergirem. O controle de Gasterophilus pode ser conseguido com aplicação de Diclorvós, Triclorfon e Dissulfeto de Carbono administrado por tubo gástrico. Ivermectin sob forma de pasta na base de 0,2 mcg/kg tem sido efetivo contra larvas gástricas e estágios precoces migrando nos tecidos da boca. 2. Drashia megastoma D. megastoma é encontrada em “bolsas de ninhada” na mucosa glandular. A infecção é algumas vezes referida como habronemose, com base na nomenclatura taxonômica antiga, na qual esses nematóides foram classificados como Habronema spp. Os ovos produzidos nos cistos são extrusados através de um poro da bolsa para o lúmen gástrico. Os ovos eclodem nas fezes e são consumidos pelas larvas de moscas que são os hospedeiros intermediários.Draschia e Gasterophilus spp. podem causar úlceras gástricas. Considerando sua localização e meios de sobrevivência no estômago, é notável que eles não causem danos sérios com mais frequência. 3. Habronema spp O Habronema em eqüinos tem distribuição global. Seu ciclo evolutivo é indireto, usando como vetor a mosca doméstica, Musca domestica e a mosca dos estábulos Stomoxys calcitrans. Normalmente, estas larvas são ingeridas pelos eqüinos, mas algumas vezes estas larvas são depositadas próximo aos olhos ou em feridas na pele causando a habronemose cutânea, caracterizando-se pela intensa proliferação de um tecido granulomatoso que não cicatriza. As fêmeas do Habronema fazem a ovipostura de ovos embrionados, que são eliminados com as fezes, ou há a eclosão de larvas no intestino e são então eliminadas larvas. No meio ambiente as larvas do Habronema (L1) são ingeridas por larvas da mosca doméstica que vivem no estrume. Temos então o desenvolvimento concomitante da mosca e da larva do Habronema. Cerca de duas semanas mais tarde, as moscas já estão adultas com a larva infectante (L3) do Habronema. Essas moscas ao pousarem em feridas abertas na pele do equino depositam as larvas e causam a habronemose cutânea. As lesões aparecem em locais comuns de traumatismos, como o rosto, perto da região medial dos olhos, a linha média do abdômen, nos machos em torno do pênis e prepúcio. Além de lesões nas patas, anca e pescoço. A lesão começa como pequenas pápulas com centro erodido. O desenvolvimento é rápido e as lesões podem atingir 30 cm de diâmetro em poucos meses. No início ocorre prurido intenso e isso pode levar ao auto traumatismo. Em seguida, forma-se um granuloma castanho avermelhado não cicatrizante. Mais tarde a lesão pode se tornar fibrosa e inativa, mas só cicatriza no tempo frio. Na microscopia, consiste em uma dermatite nodular com eosinófilos, macrófagos epitelioides e, às vezes, células gigantes delimitando as larvas ou os detritos necróticos. O tecido de granulação infiltrado por neutrófilos está presente na superfície ulcerada. O tratamento cirúrgico é indicado em dois casos, primeiro em feridas que não cicatrizam e, segundo em nódulos calcificados que causem transtornos estéticos. Além disso, pode-se usar crio cirurgia e radioterapia. O diagnostico consiste na biópsia da lesão e no exame de raspado cutâneo. A biopsia é o teste de eleição, sendo o principal diagnóstico diferencial a pitiose. O controle do vetor é essencial na prevenção da doença, além do uso de repelentes em feridas abertas. 4. Trichostrongylus sp. Trichostrongylus axei possui alta capacidade de sobrevivência em condições adversas. Seu ciclo evolutivo é direto, com 3 estágios de evolução larval e ovos embrionados. As larvas podem entrar em hipobiose, diminuição da atividade de uma larva no organismo de seu hospedeiro. A hipobiose ocorre, principalmente, devido às condições imunológicas apresentadas pelo animal parasitado, esperando assim uma diminuição da imunidade para voltar a sua atividade. Sinais clínicos: Diarreia escura de odor desagradável, perda de peso, infecções leves, inapetência, queda no crescimento e fezes amolecidas. Patogenia: Mucosa gástrica espessada e hiperplásica, irritação nas vilosidades intestinais, danos aos capilares no lúmen intestinal. Helmintoses do intestino delgado 1. Parascaris equorum P. equorum é um verme nematódeo ascarídeo, que se localiza no intestino delgado dos equinos e asininos, causando a doença conhecida como Parascariose. Por serem extremamente grandes, robustos e esbranquiçados, dificilmente podem ser confundidos com outro parasita intestinal. A parasita fêmea adulta possui alta fecundidade. Com apenas alguns potros infectados, milhões de ovos são eliminados nas fezes todos os dias. O ovo tem extrema resistência no meio ambiente, o que assegura sua persistência por vários anos. A natureza viscosa da camada externa facilita a disseminação passiva de ovos. No hemisfério norte, as temperaturas de verão são tais que muitos ovos se tornam infectantes numa época em que está presente uma população de potros suscetíveis. As infecções adquiridas por estes resultam em contaminação posterior do pasto com ovos, que podem sobreviver durante vários períodos de pastejo subsequentes. Embora adultos possam abrigar alguns vermes adultos, as cargas maciças em geral se restringem a animais de um ano e a potros, que se tornam infectados aproximadamente desde o primeiro mês de vida, com a infecção se mantendo em grande parte por transmissão sazonal entre animais jovens. A transmissão por esse parasita é horizontal, pela ingestão de ovos presentes no ambiente. O ciclo de vida se caracteriza por ser de forma direta e migratória, iniciando quando os ovos da fêmea adulta atingem seu estágio infectante (L2), entre 10 a 14 dias no meio ambiente. Por volta de 48 horas após a ingestão e eclosão dos ovos, as larvas penetram a parede intestinal chegando até o fígado e após duas semanas elas chegam até os pulmões, migrando para os brônquios, traqueia (onde são deglutidas) e retornando ao intestino delgado para posteriormente ocorrer a muda de (L2) para (L3), que é o estágio de maturidade do parasita. O período pré-patente mínimo é de 10 semanas. Sinais clínicos: Durante a fase migratória de infecções experimentais, até 4 semanas após a infecção, os principais sinais são tosse frequente acompanhada, em alguns casos, por um corrimento nasal acinzentado, embora os potros permaneçam vivos e alertas. Infecções intestinais leves são bem toleradas, mas infecções moderadas a maciças causam definhamento em animais jovens, com baixos índices de crescimento, pelagens opacas e apatia. Uma ampla variedade de outros sinais clínicos, incluindo febre, distúrbios nervosos e cólica, são atribuídos a casos de parascariose a campo, mas estes não são observados em estudos experimentais. Uma alta carga parasitária pode gerar em infecções intestinais graves sintomas alternados como: constipação, diarreia de odor fétido, possivelmente levando a cólica, pelos sem brilho, fraqueza e perda de peso. Durante a fase migratória o animal também poderá apresentar sintomas respiratórios como taquipneia, dispneia e tosse, acompanhados de febre. Patogenia: São produzidas alterações macroscópicas no fígado e nos pulmões por larvas migratórias de P. equorum. No fígado, as larvas causam hemorragias focais e trajetos eosinofílicos, que desaparecem, deixando áreas esbranquiçadas de fibrose. A migração das larvas nos pulmões também acarreta hemorragia e infiltração por eosinófilos, que mais tarde são substituídos por acúmulos de linfócitos, enquanto se desenvolvem nódulos linfocíticos verde-acinzentados subpleurais ao redor de larvas mortas ou que estão morrendo. Estes nódulos são mais numerosos após reinfecção. Embora a presença de vermes no intestino delgado não esteja associada quaisquer lesões específicas, ocasionalmente são relatadas infecções maciças como causa de compressão e perfuração, ocasionando peritonite. Entretanto, em condições experimentais, o definhamento é um sinal importante e, apesar de manterem um bom apetite, os potros infectados perdem peso e podem tornar-se emaciados. A competição entre uma grande massa de parasitas e o hospedeiro por nutrientes pode ser a causa básica desta perda de peso. O diagnóstico se dá através de exames de fezes ou necropsia. Algumas medidas de manejo podem auxiliar no controle desse parasita, entre elas: Limpar e desinfetar as baias maternidade devido a transmissão ser em grande parte na base de potro-para-potro. Também, evitar o uso dos mesmos piquetes para éguas lactantes e seus potros em anos consecutivos, fazendo a sua rotação, remover estercos dos pastos pelo menos uma vez a cada semana e fazer a profilaxia anti-hemíntica para os estrongilídeos de equinos. 2. Strongyloides westeriParasitas adultos habitam o intestino delgado de equinos e tem sido descrito como tendo pouca importância, entretanto pode causar persistente diarréias em animais jovens abaixo de 4 meses de idade. Strongyloides spp. são pequenos nematódeos filamentosos, sendo cavalos parasitados por S. westeri. Os vermes são fêmeas partenogenéticas (isto é, desenvolvimento a partir de um ovo não fertilizado), que produzem larvas capazes de infecção direta no hospedeiro ou de se desenvolver em gerações de machos e fêmeas de vida livre. A progênie da geração de vida livre adota então uma existência parasitária. A infecção por S. westeri dos potros pelas larvas de vida livre no terceiro estágio ocorre de forma passiva, através da pastagem ou do aleitamento, ou ativa, quando da penetração pela pele íntegra. A infecção por S. westeri tem sido associada a quadros de diarreia em potros jovens. Embora infecções graves sejam relatadas como causa de morte de potros imunossuprimidos, são raros os relatos da infecção por S. westeri como causa de morte em equinos. Equinos podem ser infectados pela penetração da larva na pele do hospedeiro. Após a penetração as larvas ganham o sistema circulatório e são carreadas para o pulmão. Elas penetram pelo sistema respiratório, migram pela traqueia, e são deglutidas .Após a eclosão no intestino, elas maturam e produzem ovos em 8 a 14 dias após a infecção. As larvas infectivas são ingeridas pelo equino, elas penetram no intestino sem realizar a migração traqueal. Infecção em potros aparece originariamente, principalmente na passagem do leite da égua. Larvas de primeiro instar aparece no leite aproximadamente 4 dias após prévia ingestão pelo potro e são passados durante os primeiros setes dias de lactação. Algumas larvas passam no solo desenvolvendo estágio de geração de vida livre, os quais produzem larvas infectantes. Essas larvas podem infectar equinos e são descritas acima ,mas geralmente não são considerada como um fonte primária de infecção. S. westeri desenvolve-se rapidamente nas fezes expelidas, até o estágio filariforme infectante que usualmente invade o hospedeiro, penetrando ativamente através da pele ou membranas mucosas orais. Outra forma de transmissão é a via transmamária. 3. Anaplocephala magna e Paranaplocephala mamillana Parasitos do gênero Anoplocephala e Paranaplocephala são cestódeos que se encontram no intestino e estão entre os helmintos mais comuns em equinos e estão associados a infecções intestinais. Infecções por cestodas são comumente consideradas como não preocupantes, porém estudos científicos sugerem uma patogenicidade potencial em equinos, por causa de distúrbios gastrintestinais causados por essa classe de parasitos, podendo levar o animal parasitado à morte. A presença desses parasitos aumenta o risco de compactação no íleo e cólica espasmódica. Os cisticercóides de Anoplocephala spp, desenvolvem-se em ácaros oribatídeos que vivem na camada de humus do solo. Os ácaros oribatideos são extremamente numerosos nas pastagens permanentes e raros nas pastagens cultivadas. A aração e a semeadura das pastagens podem, portanto, tornar um pouco difícil a permanência desses hospedeiros intermediários, contudo, não podem ser considerados como única forma de controle. Adultos presentes no intestino delgadoLiberação de proglotes grávidas nas fezes Ácaros (HI) ingerem os ovos Equino se alimenta de forragem e acaba ingerindo ácaros infestados Estágio cisticercóide: 2 a 4 meses Período pré-patente nos equinos geralmente é de 1 a 2 meses. Diagnóstico: Sinais clínicos, presença de proglotes nas fezes e exame parasitológico (presença de proglotes e ovos). Tratamento e controle: Anti-helmínticos, diminuir a população de ácaros na vegetação (aragem e replantio) e controle dos hospedeiros intermediários. Helmintoses do intestino grosso 1. Estrongilideos - Strongylus vulgaris, Strongylus edentatus e Strongylus equinus O desenvolvimento extra-hospedeiro é típico dos estrongilideos em geral. Sobre o S. vulgaris, a evolução até o estágio infectivo requer umidade adequada e temperatura na faixa de 8 a 39ºC .Nas regiões áridas, o espalhamento das fezes com um trator e grade e reduz as populações larvais dos estrôngilos, ao romper os dejetos e fazer com que ressequem, antes que as larvas tenham alcançado o 3º estágio, que é capaz de resistir a dessecação. Contudo, mesmo quando espalhadas, se permanecerem úmidas por tempo suficientemente longo, desenvolvem até o 3º estágio. Uma vez que as larvas de S.vulgaris tenham atingido o 3º estágio, elas passam a ser bastante resistentes ao frio e á dessecação, podendo sobreviver nas pastagens ao longo de um inverno bastante forte ou no feno seco armazenado durante muitos meses. A longevidade das larvas de 3º estágio de S.vulgaris depende principalmente das reservas nutritivas contidas em suas células intestinais. Quanto maior a atividade das larvas, mais rapidamente essas reservas se exaurem. Entretanto, em tempo quente e úmido qualquer pastagem que tenha alimentado um cavalo dentro de um ano poderá ser considerada contaminada por larvas infectantes de s.vulgaris. Migrações intra-arteriais de Strongylus vulgaris Quando ingeridas por um cavalo, as larvas infectantes de 3º estágio de S.vulgaris eliminam suas bainhas no lúmen do intestino delgado, penetrando na parede do ceco e cólon ventral. Nesses locais, as larvas penetram até á submucosa, onde efetuam a 3º muda, que se completa por volta do 7º ao 8º dia pós-infecção. Deixando suas cutículas de 3º estágio envoltas por células redondas, as larvas de 4 estágio penetram próximo a pequenas arteríolas, que não possuem um lâmina elástica interna, movimentando-se pela íntima desses vasos e ramos progressivamente mais calibrosos da artéria mesentérica cranial. Tem sido observado que S.vulgaris não pode penetrar na lâmina elástica interna, que assim confina as larvas á íntima, auxiliando-as a manter seu próprio curso. Limitadas, as larvas em rápida migração atingem as artérias cólicas e cecais por volta do 8º -14º dia após a infecção, e a artéria mesentérica cranial por volta do 11º-21º dia. Algumas das larvas seguem migrando até a aorta e seus ramos, onde podem causar importantes alterações patológicas. Contudo, as larvas que seguem para além da artéria mesentérica cranial se perdem provavelmente, por causa da impossibilidade de acharem seu caminho de retorno ao ceco e cólon ventral. Após dois ou quatro meses de migração na íntima as larvas de 4º estágio que não se extraviaram ou ficaram profundamente aprisionadas em trombos são conduzidas pela corrente sanguínea, até ás pequenas artérias na subserosa da parede intestinal. As larvas agora mais crescidas ocluem essas pequenas artérias, cujas paredes então se inflamam e, no tempo devido são destruídas. As larvas liberadas da árvore arterial penetram no tecido circunjacente e se encapsulam em nódulos (com dimensões de um grão de feijão ou de amendoim), onde ocorrerá a muda final. Algumas larvas completam a muda final antes mesmo de retornar á parede intestinal. A maioria das larvas encontradas nas lesões mesentéricas craniais, quatro meses depois da infecção já fizeram a muda para o 5º estágio, embora aa cutícula de 4º estágio ainda esteja retida, como uma bainha. Essa bainha é eliminada antes que esses adultos imaturos retornem á parede intestinal. Finalmente, os adultos imaturos penetram no lúmen do ceco e do cólon ventral, maturam e dão início á atividade reprodutora, cerca de 6 meses após a infecção. Raramente são encontrados mais de 100 ou 200 S.vulgaris adultos em um cavalo, e na produção de ovos constitui 10 % ou menos da eliminação total dos ovos stongiliformes. As migrações das larvas de 4º estágio de S.vulgaris causam arterite, trombose e embolia da artéria mesentérica cranial e seus ramos. Embora essas lesões arteriais existam até certo ponto em praticamentetodos os cavalos, há casos em que os ramos principais estão completamente ocluídos, havendo infarto fatal da parede intestinal. Mesmo a temporária redução da corrente sanguínea, dependente do estabelecimento da circulação colateral ,pode ser responsável por um elevado percentual de casos clínicos de cólica. Os deslocamentos intestinais frequentemente encontrados durante o exame de necrópsia provavelmente tem como resultado as anormalidades do tônus e da motilidade intestinais, ocorridos por causa do tromboembolismo verminótico, e dos violentos esforços do cavalo para obtenção de alívio. Strongylus edentatus e Strongylus equinus Os parasitos adultos têm cerca de duas vezes o comprimento de S.vulgaris. São provavelmente mais espoliadores e consideravelmente mais difíceis de serem removidos com drogas antihelmínticas. S. edentatus As larvas de 3º estágio enterram-se na parede do intestino grosso atingem o fígado via veias portais. Encerradas em nódulos no parênquima hepático, elas fazem muda para o 4º estágio em cerca de duas semanas. Em seguida, as larvas de 4º estágio vagueiam no tecido hepático por cerca de dois meses, desenvolvendo-se na medida que avançam. Deixando o fígado pelos ligamentos hepáticos, as larvas vagueiam durante meses nos tecidos retroperitoniais parietais, até que eventualmente encontram seu rumo para a base do ceco, e daí para o lúmen intestinal. O período pré-patente é de cerca de 11 meses. S. equinus As larvas de 3º estágio de S. equinus fazem sua muda nos nódulos da parede do ceco e cólon. Cerca de 11 dias após a infecção, as larvas do 4º estágio que acabaram de completar a muda deixam seus nódulos intestinais, cruzam o espaço peritoneal e penetram na metade direita do fígado que, no cavalo vivo está em contato com o ceco. Essas larvas deambulam aleatoriamente pelo tecido hepático durante dois meses ou mais, antes de emergir e penetram no pâncreas ou cavidade abdominal. Nesses locais, as larvas completam seu desenvolvimento até o 5º estágio. A 4º muda ocorre cerca de 4 meses após a infecção. Finalmente esses vermes adultos penetram na parede do intestino grosso e reingressam no lúmen, para cruzar. O período pré-patente de S. equinus é de 9 meses. 2. Anoplocephala perfoliata A. perfoliata é um cestódeo que tende a aderir á membrana mucosa em aglomerado, próximo á válvula ileocecal. Essa aglomeração resulta na ulceração da membrana mucosa e na sua inflamação, com espessamento e endurecimento das camadas mais profundas da parede intestinal. Essas alterações patológicas provavelmente são responsáveis por alguns casos de diarreias persistentes, podendo predispor á intussuscepção do íleo no ceco, ou á ruptura da parede intestinal nas vizinhanças da válvula ileocecal. 3. Oxyuris equi A larva infectante de O. equi desenvolve-se no interior do ovo 4 ou 5 dias após ter o verme fêmea grávido cimentado o ovo á pele do ânus ou períneo. As massas de cimento gradualmente secam, racham-se e destacam-se da pele em flocos contendo milhares de ovos infectantes. Esses ovos aderem nas baias, baldes de água e paredes, contaminando deste modo o ambiente do estábulo. Toalhas de papel ou panos descartáveis devem ser preferidos para limpeza do períneo dos cavalos, porque qualquer objetos não descartável, como um esponja ou toalha, inevitavelmente se tornarão maciçamente contaminados com os ovos de O.equi. O período pré-patente é de 5 meses. Helmintoses do sistema respiratório 1. Dictyocaulus arnfieldi Estes nematódeos localizam-se na traqueia e brônquios, particularmente nos lobos diafragmáticos de equinos, nos quais, é difícil determinar sua prevalência, embora frequentemente ele seja indicado como causador de tosse crônica nestes animais. Tem como hospedeiros definitivos os equinos e asininos, e como hospedeiros paratênico (disseminadores), as minhocas, que ingerem as larvas do nematódeo, e são eliminadas intactas nas fezes. Raramente se observam sinais clínicos manifestos em asininos, porém quando a carga parasitária for grande, há manifestações de tosse e bronquite nos equinos. Os asininos adquirem infecção como potros e com um ano de idade e tendem a permanecer infectados, provavelmente através de reexposição, durante toda a vida. Supõe-se que os equinos adquiram infecção principalmente de pastos contaminados por asininos durante os meses de verão. A ivermectina é altamente eficaz para os estágios imaturos e adultos. Como forma de controle, asininos e equinos não devem utilizar as mesmas pastagens. Caso contrario, os primeiros devem receber tratamentos regulares contra o verme do pulmão. Caso haja um problema em um rebanho fechado de equinos adultos, os indivíduos com infecção podem ser identificados pela triagem fecal e tratados. Outras helmintoses de equinos Onchocerca cervicalis A oncocercose é uma zoonose parasitária causada por nematódeos do gênero Onchocerca que acomete ruminantes, equídeos, caninos, javalis, cervídeos, macacos, antílopes e homem. Estes nematódeos são esbranquiçados, muito delgados e longos. O ciclo de vida de todas as espécies de Onchocerca é indireto. Os parasitos adultos, machos e fêmeas, vivem e se reproduzem nos nódulos da pele e tecidos subcutâneos. As fêmeas adultas fertilizadas liberam no sangue a larva de 1º estágio, chamadas microfilárias. Os hospedeiros intermediários ao se alimentarem de sangue no hospedeiro definitivo, infectam-se ingerindo as microfilárias. No díptero, as microfilárias migram para o intestino médio e após 3-4 dias atingem os músculos torácicos onde evoluem. Quatorze dias depois da infecção, as larvas se posicionam paralelas às fibras musculares e tornam-se mais longas e delgadas. Em aproximadamente 22 dias, as larvas migram para o lábio, tornando-se infectantes depois de três dias. O hospedeiro definitivo infecta-se quando o hospedeiro intermediário faz o repasto sanguíneo e injeta a larva infectante (L3) no sangue. Estas migram para a linfa, tecido conjuntivo e subcutâneo. Também podem ser encontrados na urina, sangue, olhos e secreções. Sofrem duas mudas, atingindo o estágio adulto. O desenvolvimento do parasito induz à formação de nódulos fibrosos. A oncocercose em equinos é denominada de mal das cruzes ou mal da cernelha e tem distribuição mundial. Das três espécies de Onchocerca que podem parasitar os equinos, a mais citada na literatura é a O. cervicalis. O parasito adulto localiza-se no ligamentum nuchae. A lesão mais comum é mineralização local e áreas hiperêmicas com parasitos visíveis. Microscopicamente, observa-se reação inflamatória caracterizada por edema e necrose com presença de eosinófilos e linfócitos. As lesões crônicas são caracterizadas por granuloma com centro caseoso rodeado por células epitelioides, linfócitos e células gigantes multinucleares. A inflamação progride com fibroplasia, mineralização e depósito de cálcio. Apresentam como patogenia mais importante a presença de nódulos subcutâneos, dermatites e oftalmia periódica. Thelazia sp. A thelaziose é uma parasitose ocular causada por nemátoides do género Thelazia, afetando humanos, animais domésticos e silvestres. A transmissão ocorre pela ação de vetores e hospedeiros intermediários da família Muscidae. Nos animais afetados, ocorrem lesões e distúrbios oculares, como epífora, úlceras e opacidade corneal, sendo a maioria das lesões no final do inverno e primavera. Pequenos strongilideos (ciatostomíneos) Mais de 40 espécies de ciatostomíneos não migram muito além da membrana mucosa do cólon, portanto, os efeitos patogênicos de suas larvas são consideravelmente menos dramáticos que os inflingidos pelas larvas de Strongylos sp.. Entretanto, os ciatostomideos são sempre os parasitos mais abundantes no intestino grosso dos cavalos. Seus ovos representam usualmentre 80% ou mais da produção total dos ovos tipo strongiledeos, e são ocasionalmente responsáveispor casos de diarreias persistentes e severa. Diversas espécies mais comuns desenvolveram resistências contra antihelminticos benzimidazólicos.
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