Prévia do material em texto
APOSTILA NOÇÕES DE DIREITO ENGENHARIA – CICLO BÁSICO UNIP 2017 – 1º SEMESTRE AULA 1 NOÇÕES PRELIMINARES AO ESTUDO DO DIREITO I - O que é o direito? a) Teoria Voluntarista: afirma que o direito é produto da vontade 1- Escola Teológica: vontade divina. 2- Escola Autocrata: vontade do soberano: “A lei é a única fonte”. 3- Escola do Contrato Social: é o acordo entre membros da sociedade. b) Teoria Naturalista: afirma que o direito surgiu de um fenômeno natural. Atributo da natureza psíquica do homem. c) Teoria Eclética: afirma que o direito é um fato natural e ao mesmo tempo voluntário. d) Teoria Culturalista: produto da cultura, processo de adaptação do homem à natureza: vida em sociedade. II – Acepção da palavra Direito: objetivo, subjetivo, positivo e natural 1- Etimologia da palavra “Direito” -Etimologia significa o estudo da origem de uma palavra, a sua genealogia. -Etimologia da palavra Direito: é oriunda do adjetivo latino directus (qualidade do que está conforme a reta, o que não se desvia), que provém do particípio passado do verbo dirigo, dirigere (guiar, conduzir). Essa palavra surgiu apenas na Idade Média, século IV. Em Roma, não se usava esse termo; havia a palavra jus para expressar o que era lícito. - Não há uma única definição para Direito. Não há um consenso a esse respeito. Isso decorre do fato de o Direito ser uma ciência de múltiplas faces, acepções, de modo que uma definição pode abranger um determinado aspecto, mas ser omissa sobre outro, ou outros aspectos, também formadores do que seja o Direito. - Exemplo: O direito (1) à vida e à saúde é tutelado no direito (2) brasileiro e cabe ao Estado cuidar da saúde e da assistência pública. Com base nestes argumentos, Pedro teve reconhecido o direito (3) a receber medicamentos do Estado para tratamento de uma doença que contraíra. Realmente, não parece direito (4) deixar um cidadão direito (5) desassistido. Mas, nem sempre foi assim: apenas com o passar do tempo, o estudo do direito (6) reconheceu esses direitos (7) sociais, transformando-os em direito (8). Sugestão de Gabarito: 1. Direito subjetivo; 2. Direito positivo; 3. Direito subjetivo; 4. Justo; 5. Correto; 6. Ciência jurídica; 7. Direito subjetivo; 8. Direito objetivo. 2- Acepções da palavra Direito: 2.1) DIREITO NATURAL: - São aspirações jurídicas de determinada época que surgem da natureza social do homem e que se revelam pela conjugação da experiência e da razão. - É um conjunto de princípios universais. Não é algo escrito, mas deverá ser consagrado pelo direito positivo, a fim de se ter um ordenamento jurídico (conjunto de normas jurídicas; conduta exigida ou modelo imposto de organização social) realmente justo. - Para alguns autores, o Direito Natural não é mutável, o que muda é a forma como a sociedade o encara. Para outros, ele muda, vai evoluindo com a sociedade e sendo acrescentado por novos ideais, novas aspirações. - Exemplos de direitos naturais: o direito à vida, o direito à liberdade. -É o ordenamento ideal, corresponde a uma justiça superior e suprema. -Não depende da vontade humana; é irrevogável. 2.2) DIREITO POSITIVO: - É o Direito criado ou reconhecido pelo Estado; é a ordem jurídica obrigatória num determinado tempo e lugar, independentemente de ser escrito ou não, pois outras formas de expressão jurídica constituem, também, Direito Positivo (ex.: os costumes, jurisprudência). - O que é essencial saber é que o Direito Positivo é o Direito institucionalizado pelo Estado. - Direito Natural e Direito Positivo são distintos, mas se interligam, convergem- se reciprocamente, pois, como vimos nos conceitos acima, o Direito Natural depende de uma consagração do Direito Positivo, de um respaldo pelo Estado, para que exista um ordenamento ou ordem jurídica justa. De outro lado, o Direito Positivo também deve atentar, observar, as aspirações, os ideais, da sociedade, no tempo e no espaço, para que a ordem jurídica seja respeitada e não algo arbitrário. - O Direito Positivo consiste no sistema de normas vigentes, obrigatórias, aplicáveis compulsoriamente por órgãos institucionalizados, tendo a forma de lei, de costume ou de tratado. 2.3) DIREITO OBJETIVO: - É o conjunto de regras jurídicas obrigatórias, é o ordenamento jurídico em vigor. - É o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto objetivo, ou seja, é a norma de conduta e organização social (por muito tempo conhecido como norma agendi). É algo teórico, uma previsão. -Exemplo: Direito Público; Direito Privado. - Direito Público: É destinado a satisfazer os interesses gerais da coletividade. - Principais características: • Tem império - comando, força e obriga; • É de subordinação – o cidadão em desvantagem; • É irrenunciável – depende do interesse geral; • Independente da vontade – é imposto de cima para baixo; prevalece o interesse geral. - Ramos do Direito Público: Direito Constitucional Direito Administrativo; Direito Penal; Direito Processual Civil e Penal; Direito Tributário. -Direito Privado: É o conjunto de preceitos que regulam as relações dos particulares entre si. -Principais características: • Tem império - a lei tem de ser obedecida; • É de coordenação – as partes estão em igualdade; • É renunciável – qualquer parte pode desistir da causa; Prevalece o interesse particular; • Vontade das partes- é relevante. -Ramos do Direito Privado: Direito Civil; Direito Comercial; Direito Trabalhista; Direito do Consumidor. 2.4) DIREITO SUBJETIVO: - É o direito personalizado, é a norma (direito objetivo) perdendo o seu caráter teórico e se projetando numa relação jurídica concreta, numa situação que ocorreu. - É o Direito vigente (direito positivo) tomado pelo seu aspecto subjetivo. São as possibilidades ou poderes de agir que uma ordem jurídica garante a alguém de exigir de outra pessoa uma conduta ou uma omissão (por muito tempo, facultas agendi). -É a faculdade ou prerrogativa do indivíduo de invocar a lei, invocar o direito objetivo, na defesa de seu interesse. -Exemplo: Fulano tem direito à hora-extra porque trabalhou depois de seu horário normal. Beltrano tem direito à indenização porque foi publicada, num jornal de grande circulação, uma notícia falsa a seu respeito. AULA DIREITO E MORAL = INSTRUMENTOS DE CONTROLE SOCIAL Direito Num sentido mais prático, de acordo com Ricardo Teixeira Brancato, “o direito é a ordenação da conduta humana em sociedade, por meio de normas coercitivamente impostas pelo Estado e garantidas por um sistema de sanções peculiares. ” Vicente Rao afirma ser o direito um “sistema de disciplina social fundado na natureza humana que, estabelecendo nas relações entre os homens uma proporção de reciprocidade nos poderes e deveres que lhe atribui, regula as condições existenciais dos indivíduos e dos grupos sociais e, em consequência, da sociedade, mediante normas coercitivamente impostas pelo Poder Público”. Moral Moral identifica-se com a noção de “bem”. Bem => Ordem natural das coisas, o que a natureza revela, ensina aos homens. Sua assimilação deve-se à experiência somada à razão. Bem => Sistemas éticos => Normas morais => Conduta humana Moral=> Conjunto de práticas, costumes e padrões de conduta formadores da ambiência ética. Trata-se de algo que varia no tempo e no espaço, porquanto cada povo possui sua moral, que evolui no curso da história, consagrando novos modos de agir e pensar. Distinção entre Direito e Moral (segundo Miguel Reale): a) Coercibilidade É a possibilidade de recurso à força para fazer cumprir a conduta instituída na norma. O Direito é uma ordenação coercívelda conduta humana. A Moral é incoercível. b) Heteronomia Regras jurídicas são impostas. Valem independente de nossa adesão ou opinião. (Heteronomia/Submissão) Regras morais são aceitas unanimemente. Brotam de uma consciência coletiva. (Autonomia) c) Bilateralidade Atributiva É uma proporção intersubjetiva em função da qual os sujeitos de uma relação ficam autorizados a pretender, exigir, ou a fazer, garantidamente, algo. De acordo com Miguel Reale: • sem relação que una duas ou mais pessoas não há Direito (bilateralidade em sentido social, como intersubjetividade); • para que haja Direito é indispensável que a relação entre os sujeitos seja objetiva, ou seja, insuscetível de ser reduzida, unilateralmente, a qualquer dos sujeitos da relação (bilateralidade em sentido axiológico - proporcionalidade de valores); • da proporção estabelecida deve resultar a atribuição garantida de uma pretensão ou ação, que podem se limitar aos sujeitos da relação ou estender-se a terceiros (atributividade). Distinção entre Direito e Moral (segundo Washington de Barros Monteiro): a) campo da moral é mais amplo; b) o Direito tem coação, a moral é incoercível; c) a moral visa à abstenção do mal e a prática do bem. O Direito visa evitar que se lese ou prejudique a outrem; d) a moral dirige-se ao momento interno, psíquico, o Direito ao momento externo, físico (ato exteriorizado); e) a moral é unilateral, o Direito bilateral; f) A moral impõe deveres. Direito impõe deveres e confere direitos. Moral Sanção difusa Incoercível Autônoma Unilateral Não atributiva Direito Sanção específica Coercível Heterônima Bilateral Atributiva AULA TEORIA GERAL DO ESTADO ESTADO Origem – Conforme trata Dalmo de Abreu Dallari, o Estado tem sua origem, a partir do momento em que a coletividade estatal se organiza e possui órgãos que querem e agem por ela. Conceito – Trata-se de pessoa jurídica de direito público, com personalidade jurídica, para que exista o efetivo respeito ao princípio do “fazer justiça”, ou seja, coloca-se o Estado em uma situação de igualdade, permitindo ao mesmo tempo ordenar, administrar, e, também, ser fiscalizado, fazer parte de um processo como pessoa de direitos e obrigações. Na Teoria Geral do Estado, existem três elementos essenciais para a formação de um Estado: POVO, TERRITÓRIO E PODER SOBERANO. POVO: é o conjunto dos nacionais, nativos da terra. TERRITÓRIO: é a delimitação territorial que inclui a superfície terrestre, subsolo, espaço aéreo e o mar. Também são considerados extensões territoriais: aviões, navios e as embaixadas. PODER SOBERANO: é o poder, é a governabilidade de um Estado, delegado às mãos de alguns que terão como incumbência administrar a máquina, sem qualquer subordinação à outra ordem. FORMAS DE ESTADO a) Estado simples: O Estado soberano não apresenta subdivisões internas. b) Estado composto: O Estado é composto por mais de um Estado. Federação – O Estado soberano apresenta subdivisões internam ente para sua organização, denominando estas áreas como Estados, que compõem o Estado maior. O Brasil é uma Federação: o País é repartido em três esferas territoriais: União, Estados e Municípios. DEMOCRACIA CONCEITO: Vem do grego Demos (povo) + Kratos (governo). Significa que a governabilidade é de todos, é da sociedade. “É o governo do povo, pelo povo, e para o povo”. Abraham Lincoln O Brasil é um Estado Democrático de Direito. Dois valores fundamentais para o conceito: Liberdade social: É o direito que cada um tem de fazer tudo o que quiser desde que não invada o direito de outrem, não prejudique a liberdade de outrem; Igualdade: Todos são iguais perante a lei. FORMAS DE DEMOCRACIA Direta: As decisões são tomadas diretamente pelos cidadãos em assembleia, não há representatividade. É interessante dizer, que a democracia direta somente é possível em sociedades que apresentam um número populacional baixo, e consequentemente sua área territorial não é das mai ores. Em sociedades com índice populacional muito alto não é possível. Indireta → O povo governa por intermédio de representantes. Semidireta → O povo não governa diretamente, mas possui instrumentos jurídicos e políticos para interferir nas diretrizes do Estado. Podem intervir por meio de uma iniciativa popular (a sociedade cria uma disposição interessante para o momento da vida em sociedade e encaminham aos seus representantes para que coloquem em pauta de votação para possível aprovação), veto popular (a lei já foi elaborada e é reprovada, posteriormente, pela sociedade para que seja revogada), e o referendo (a lei posteriormente a sua elaboração, é apresentada à sociedade para que estes, por convocação, aprovem ou a reprovem). A DIVISÃO DOS PODERES Poder Legislativo Poder Executivo Poder Judiciário Em sua obra L’Espirit des Lois, Montesquieu mostra que a razão da divisão dos três poderes é para que o governo não seja autoritário, ditador, exercido por uma única pessoa, que pode vir a governar de forma tirana. Montesquieu entendia que o homem tende a ser corrompido, e neste caso nada melhor do que ter um poder que fiscaliza o outro poder. Assim: O que está encarregado de fazê-las (Legislativo), não deve estar encarregado de aplicá-las, nem de executá-las; O poder que está encarregado de executá-las, não deve ser encarregado de fazê-las e nem de julgá-las; O que está encarregado de julgá-las não deve ser encarregado de fazê-las e nem de executá-las. Cada Poder possui sua função típica, sendo que os Poderes devem exercer suas funções de forma harmônica e independente. Não há hierarquia entre eles, mas sim campos diferentes de atuação. Como função atípica há a invasão, a interferência de um poder na esfera do outro. Neste caso temos: Executivo elabora leis delegadas e medidas provisórias (CF, art. 68, e 62); Legislativo susta atos normativos do executivo (CF art. 49, V); Judiciário quando o chefe do executivo conceder indulto (CF art. 84, XII). AULA FONTES DO DIREITO Fontes do direito, ou fontes jurídicas, consistem na origem do direito, de onde ele emana. a) Leis Nas palavras de Washington de Barros Monteiro, “Lei é preceito comum e obrigatório, emanado do Poder competente e provido de sanção”. • Comum: é dirigido a todos indistintamente; • Obrigatório: é uma imposição e não uma faculdade; • Emanado do Poder competente: de acordo com a CF, o Poder Legislativo é que pode editar leis; • Provido de sanção: se a lei for descumprida, o Estado impõe um fazer ou não fazer a quem as descumpriu. b) Analogia É fonte formal mediata do direito, utilizada com a finalidade de integração da lei, ou seja, a aplicação de dispositivos legais relativos a casos análogos, ante a ausência de normas que regulem o caso concretamente apresentado à apreciação jurisdicional. c) Costumes São normas aceitas como obrigatórias pela consciência do povo, sem que o Poder Público as tenha estabelecido. Segundo RIZZATTO, “o costume jurídico é norma jurídica obrigatória, imposta ao setor da realidade que regula, possível de imposição pela autoridade pública e em especial pelo poder judiciário.” Nesse sentido, os costumes de um dado povo é fonte do direito, pois pode ser aplicado pelo poder judiciário, uma vez que o próprio costume constitui uma imposição da sociedade. d) Doutrina É o conjunto de indagações, pesquisas e pareceres dos cientistas do Direito. Há incidência da doutrina em matérias não codificadas, como no Direito Administrativo e em matérias de Direito estrangeiro, não previstas na legislação pátria. POMPÉRIO compreende a doutrina como“o acervo de soluções trazidas pelos trabalhos dos juristas.” Nesse sentido, a doutrina é considerada como fonte por sua contribuição para a aplicação e também preparação à evolução do direito. e) Jurisprudência A jurisprudência é uma função atípica da jurisdição, considerada também como uma fonte do direito. A orientação jurisprudencial é apenas um método de interpretação da lei e não precisa de uniformidade. Em razão disso, é rara a adoção da jurisprudência como fonte. f) Princípios gerais do direito Princípios do direito são postulados que se encontram implícita ou explicitamente no sistema jurídico, contendo um conjunto de regras. Entende-se, então, que os princípios gerais de direito são a última salvaguarda do intérprete, pois este precisa se socorrer deles para integrar o fato ao sistema. g) Equidade Justiça aplicada pelo juiz em sua decisão na ausência de lei. Classificação das fontes Classificação 1: Fontes primárias: a lei e os costumes. Fontes secundárias: a analogia, os princípios gerais do direito, a doutrina e a jurisprudência. Classificação 2: Fontes diretas: a lei e os costumes Fontes indiretas: a doutrina e a jurisprudência Fontes de explicação: a analogia, a equidade e os Princípios Gerais do Direito PROCESSO LEGISLATIVO: Conjunto de regras que informa a elaboração da lei (MAX & ÉDIS, 2004, p. 46). “Art. 59 – O processo legislativo compreende a elaboração de: I. Emendas à Constituição; II. Leis Complementares; III. Leis Ordinárias; IV. Leis Delegadas; V. Medidas Provisórias; VI. Decretos Legislativos; VII. Resoluções. ” I - Emendas à Constituição: são instrumentos legais, constitucionais, que ser vem para modificar a Constituição Federal parcialmente. Trata o artigo 60 da Constituição Federal: “Art. 60. A constituição poderá ser emendada mediante proposta: I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal: II – do Presidente da República; III – de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. (...) § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação dos Poderes; IV – os direito e garantias individuais.” Sendo assim, a Constituição Federal somente poderá ser emendada por iniciativa de acordo com o previsto no artigo 60. O artigo 60, § 4º trata da chamada “Cláusula Pétrea”, ou seja, da imutabilidade da constituição no tocante aos princípios ali previstos. Jamais poderão ser afastados por emenda à constituição tendente a abolir tais preceitos. II - Leis Complementares: como o seu próprio nome faz perceber, trata de assuntos que necessitam de complementação posterior, que estão previstos na Constituição Federal. III - Leis Ordinárias: leis ordinárias são aquelas que servem para regular a vida dos administrados, impondo obrigações por meio da administração, ou de determinar o que é ou não permitido (C. Penal, Civil, etc). IV - Leis Delegadas: nada mais é do que a admissibilidade pelo Legislativo de delegar ao Presidente da República, poderes para elaborar leis em casos expressos. V - Medidas Provisórias: são matérias emanadas pelo Executivo, que disciplinam casos denominados urgentes e relevantes. Tem força de lei. “Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê- las de imediato ao Congresso Nacional.” As características da “urgência e relevância” são subjetivas. Podemos entender que sendo relevante mas não urgente, então esta deve ser tratada por lei ordinária. Caso contrário estará di ante de uma inconstitucionalidade. VI - Decretos Legislativos e as Resoluções: As resoluções são normas que tratam de assuntos administrativos e políticos de ordem interna do Legislativo. Já os decretos legislativo são “atos normativos administrativos de competência exclusiva do Poder Legislativo, destinados a regular matérias que tenham efeitos externos” segundo MAX & ÉDIS (2004). ELEMENTOS FORMADORES DA LEI: Toda lei via de regra é elaborada pelo Poder Legislativo, devendo para tanto seguir o seguinte trâmite: a) apresentação do projeto de lei: é o ato pelo qual se inicia o processo legislativo, podendo este ser de iniciativa dos membros do Poder Legislativo, pelo chefe do Poder Executivo, pelo Supremo Tribunal Federal, pelos tribunais superiores, pelo procurador geral da república ou mesmo pelos cidadãos, como previsto pela Constituição Federal. b) discussão e aprovação: o projeto de lei deve ser aprovado pelo Poder Legislativo, pela votação de seus membros e pela discussão da lei perante as comissões temáticas, sendo ele reprovado é arquivado, sendo aprovado é encaminhado para a sanção; c) sanção ou promulgação: Sanção é o ato pelo qual o Executivo concorda com a lei, podendo tal concordância ser expressa ou tácita, nessa fase do processo legislativo que o executivo apresenta os vetos que entende necessários à norma. Promulgação é o ato pelo qual a lei se torna obrigatória, sendo promulgada a lei deve ser publicada; e, d) Publicação: publicação é o ato que dá ciência a todos da lei promulgada, devendo para tanto ocorrer no Diário Oficial, via de regra a lei entra em vigor 45 dias após sua publicação, ou quando a lei expressa o período de espera para entrar em vigor. Hierarquia Legislativa Constituição Federal e suas emendas Leis complementares à Constituição Leis Federais (Leis ordinárias e delegadas, Medidas Provisória) Constituições estaduais e suas emendas Leis complementares à Constituição Estadual Leis Estaduais (Leis ordinárias, Decretos) Leis municipais (Leis ordinárias, Decretos) A Constituição Federal é a Carta Mãe, Carta Maior, Carta Magna, portanto, tudo o que está abaixo dela deve respeito aos seus princípios, neste sentido pode ser dito que existe uma hierarquia. Vigência da lei no tempo Toda lei é levada ao conhecimento do povo por meio de sua publicação no Diário Oficial, no entanto a data de sua publicação. Via de regra a lei entra em vigor 45 dias depois da data de sua publicação, são exceções as leis que especificam a data de sua entrada no ordenamento jurídico ou a que entra na data de sua publicação, sendo que ela vigerá até a data de sua revogação. Interpretação Classificação quanto à forma: a) gramatical: pela sintaxe; b) lógica: norma analisada com ramo do direito a que ela se destina, para que não haja contradições; c) histórica: momento histórico em relação à norma elaborada; e, d) sistemática: interpreta-se a lei com todo o sistema jurídico vigente. Classificação quanto à fonte de interpretação: 1) autêntica: realizada pelo legislador – autor da lei; 2) judicial: decorrente das decisões do judiciário; 3) administrativa: elaborada pela autoridade administrativa (ex.: circulares, portarias, respostas a consultas); e, 4) doutrinária: realizada pelos estudiosos do direito (ex.: teses, monografias, livros). Classificação quanto ao resultado: a) declarativa: idêntica às palavras do legislador; b) extensiva: mais ampla que o legislador disse; e, c) restritiva: menor do que o legislador quis dizer. AULA DIREITO CONSTITUCIONAL CONCEITO “É o ramo do Direito Público Interno que disciplina a organização do Estado, define e limita a competência de seus poderes, suas atividades e suas relações com os indivíduos, aos quais atribui e assegura direitos fundamentais de ordem pessoal e social (MAX LIMONAD, 1952, p. 253 e 254). ” Por estabelecer, aos demais ramos do direito,as diretrizes gerais a serem seguidas, o Direito Constitucional acaba tendo uma posição de superioridade com relação aos outros ramos do direito. CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO Um dos conceitos mais usados por grande parte da doutrina é de que se trata de um “conjunto de normas escritas ou costumeiras, que regem a organização política de um país”. Espécies de Constituição: Quanto à origem: - Promulgada: Há a constituição de um Poder Constituinte. Este poder é constituído por representantes da sociedade, quando finalizada é promulgada por estes que fizeram parte de sua elaboração e posteriormente aplicada aos administrados. - Outorgada: Geralmente são impostas por uma pessoa ou grupo d e pessoas (por um rei, ditador, etc.). Quanto à consistência: - Rígidas: Constituição que se altera por processo especial (Constituição Brasileira) - Flexíveis: São alteradas mais facilmente, semelhante à alteração das leis ordinárias. Praticamente inexiste hierarquia entre a Constituição e a Lei Ordinária (Constituição do Reino da Itália) Quanto à forma: - Escritas: as constituições escritas geralmente apresentam seus dispositivos reunidos em um instrumento já quando da sua promulgação (Constituição Brasileira) - Costumeiras: Espécie de constituição que apresenta como característica sua formação “diária”, ou seja, com base nos costumes d a sociedade. Vai se formando aos poucos, diferentemente da Constituição do Brasil (Constituição. Inglaterra) PODER CONSTITUINTE Tem como efeito a formação de um grupo de representantes eleitos pela sociedade com um único intuito de elaborar, editar, votar e promulgar esta nova Carta Magna aos cidadãos de determinado Estado. Depois deve ser extinto com seus integrantes voltando para suas atividades anteriores. O Poder Constituinte pode ser: - Originário: quando há a edição de uma nova Constituição. - Derivado: trata-se da utilização, derivação de uma Constituição já existente, modificando parte dela. CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS - Todos os preceitos da Constituição devem ser seguidos - Se a lei for contrária à Constituição, diz-se que a lei é inconstitucional. - O efeito da inconstitucionalidade é a não aplicação da lei ao caso concreto. AULA DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS ART. 5º - CONSTITUIÇÃO FEDERAL O artigo 5º da Constituição Federal trata dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos. “Direitos” são todas as ponderações possíveis e imagináveis do homem natural em sua vida em sociedade, de acordo com suas necessidades comuns ao grupo, que em determinadas situações se depara com a necessidade de “Garantias” atribuídas pelo Estado como forma de assegurar sua liberdade destas prerrogativas. Se assim não fosse, teríamos uma vida em sociedade em que imperaria a lei do mais forte. Em se tratando de uma sociedade estruturada politicamente e socialmente não poderia ser de outra forma senão com o liame entre estas duas ideias apresentadas pela Carta Magna. “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: “ DO DIREITO À VIDA E DO DIREITO À PRIVACIDADE Direito à Vida A vida humana, que é o objeto do direito assegurado no art. 5º, integra-se de elementos materiais e imateriais; a vida é intimidade conosco mesmo, saber-se e dar-se conta de si mesmo, um assistir a si mesmo e um tomar posição de si mesmo; por isso é que ela constitui a fonte primária de todos os outros bens jurídicos. Direito à existência: consiste no direito de estar vivo, de lutar pelo viver, de defender a própria vida, de permanecer vivo. É o direito de não ter interrompido o processo vital, senão pela morte espontânea e inevitável. Tentou-se incluir na Constituição o direito a uma existência digna. Direito à integridade física: Além de garantir o respeito à integridade física e moral (art. 5º, XLIX), a Constituição declara que ninguém será submetido a tortura ou tratamento desumano ou degradante (art. 5º, III). Para garantir esse direito, a Constituição preordena várias garantias penais apropriadas, como o dever de comunicar, imediatamente, ao juiz competente e à família ou pessoa indicada, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre; o dever da autoridade policial informar ao preso seus direitos. Direito à integridade moral: a Constituição realçou o valor da moral individual, tornando-a um bem indenizável. Por isso é que o Direito Penal tutela a honra contra a calúnia, a difamação e a injúria. Pena de morte: é vedada; só é admitida no caso de guerra externa declarada, nos termos do art. 84, XIX (art. 5º, XLVII, a). Eutanásia: é vedado pela Constituição; o desinteresse do indivíduo pela própria vida não exclui esta da tutela; o Estado continua a protegê-la. Aborto: a Constituição não enfrentou diretamente o tema, mas parece inadmitir o abortamento; devendo o assunto ser decidido pela legislação ordinária, especialmente a penal. Tortura: prática expressamente condenada pelo inciso III d o art. 5º, segundo o qual ninguém será submetido a tortura ou a tratamento desumano e degradante. DIREITO À PRIVACIDADE A Constituição declara invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (art. 5º, X); portanto, erigiu, expressamente, esses valores humanos à condição de direito individual, considerando-o um direito conexo ao da vida. Intimidade: Caracteriza-se como a esfera secreta da vida do indivíduo na qual este tem o poder legal de evitar os demais; abrangendo nesse sentido à inviolabilidade do domicílio, o sigilo de correspondência e ao segredo profissional. Vida privada: a tutela constitucional visa proteger as pessoas de 2 atentados particulares: ao segredo da vida privada e à liberdade da vida privada. Violação à privacidade e indenização: A CF foi explícita em assegurar ao lesado, direito à indenização por dano material ou moral decorrente da violação do direito à privacidade. DIREITO DE IGUALDADE A CF/88 abre o capítulo dos direitos individuais com o princípio que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. O princípio da “igualdade perante a lei” tem como destinatários tanto o legislador como os aplicadores da lei; significa para o legislador que, ao elaborar a lei, deve reger, com iguais disposições situações idênticas, e, reciprocamente, distinguir, na repartição de encargos e benefícios, as situações que sejam entre si distintas. O princípio da igualdade tributária relaciona-se com a justiça distributiva em matéria fiscal; diz respeito à repartição do ônus fiscal do modo mais justo possível; fora disso a igualdade será puramente formal. A Igualdade perante a lei penal deve significar que a mesma lei penal e seus sistemas de sanções hão de se aplicar a todo s quanto pratiquem o fato típico nela definido como crime. DIREITO DE LIBERDADE A liberdade tem um caráter histórico, porque depende do poder do homem sobre a natureza, a sociedade, e sobre si mesmo em cada momento histórico. A liberdade opõe-se ao autoritarismo, à deformação da autoridade. Toda a lei que limita a liberdade precisa ser moral e legítima, no sentido de que seja consentida por aqueles cuja liberdade restringe. Como conceito podemos dizer que liberdade consiste na possibilidade de coordenação consciente dos meios necessários à realização da felicidade pessoal. Existem 5 formas de Liberdades: 1) liberdade da pessoa física; 2) liberdade de pensamento, com todas as suas liberdades; 3) liberdade de expressão coletiva; 4) liberdade de ação profissional; 5) liberdade de conteúdo econômico.DIREITOS COLETIVOS Direito à informação: o direito de informar, como aspecto da liberdade de manifestação de pensamento, revela-se um direito individual, mas já contaminado no sentido coletivo, em virtude das transformações dos meios de comunicação. Direito de participação: é a participação direta dos cidadãos no processo político e decisório (arts. 14, I e II, e 61, § 2º). Direito dos consumidores: estabelece que o Estado proverá, na forma da lei, a defesa do consumidor (art. 5º, XXXII). Liberdade de reunião: está plena e eficazmente assegurada. Cabe apenas um aviso à autoridade que terá o dever de garantir a realização da reunião. Liberdade de associação: é reconhecida e garantida pela Constituição, sendo, porém, vedada associação para fins ilícitos ou de caráter paramilitar. DIREITO DE PROPRIEDADE A Constituição garante o direito de propriedade, desde que este atenda sua função social (art. 5º, XXII). A própria Constituição dá consequência a isso quando autoriza a desapropriação. Propriedade autoral: a Constituição confere aos autores o direito exclusivo de utilizar, publicar e reproduzir suas obras; sendo que esse direito é transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. O autor é titular de direitos morais e patrimoniais sobre a obra intelectual que produzir A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como a proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País”. REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Direito de petição: define-se como direito que pertence a uma pessoa de invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma questão ou situação, seja para denunciar uma lesão, e pedir reorientação da situação Direito a certidões: está assegurado a todos, independentemente do pagamento de taxas, a obtenção de certidões em repartições públicas para defesa de direito e esclarecimentos de situações de interesse pessoal. Habeas corpus: é um remédio destinado a tutelar o direito de liberdade de locomoção, liberdade de ir e vir, parar e ficar; tem natureza de ação constitucional penal. (art. 5º, LXVIII) Mandado de segurança individual: visa amparar direito pessoal líquido e certo, sendo oponível contra qualquer autoridade pública ou contra agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições públicas, com o objetivo de corrigir ato ou omissão ilegal decorrente do abuso de poder. (art. 5º, LXIX) Mandado de injunção: constitui um remédio ou ação constitucional posto à disposição de quem se considere titular de direitos inviáveis por falta de norma regulamentadora exigida ou suposta pela Constituição. Tem por finalidade conferir imediata aplicabilidade à norma constitucional portadora daqueles direitos e prerrogativas Habeas data: remédio que tem por objeto proteger a esfera íntima dos indivíduos contra usos abusivos de registros de dados pessoais coletados por meios fraudulentos, desleais e ilícitos, introdução nesses registros de dados sensíveis (origem racial, opinião política. etc) e conservação de dados falsos ou com fins diversos dos autorizados em lei (art. 5º, LXXII). AULA DIREITO CIVIL Direito Civil Ramo do direito privado que regula as relações jurídicas entre pessoas e entre estas e seus bens no âmbito privado; As obrigações civis podem ser contraídas mediante contratos escritos ou verbais. O código civil de 2002, atualmente em vigor, regula as relações civis no Brasil. PESSOAS -Quem exerce direitos se chama pessoa. -Sujeito de direito a desempenhar seu papel de titular de direitos e obrigações no cenário jurídico. -Conceito: Pessoa é a entidade titular de direitos e obrigações -Classificação: ·Pessoa física ou natural: que é o homem, na sua individualidade; ·Pessoa jurídica ou moral: que são os agrupamentos de homens ligados por interesses e fins comuns. É o homem em sua coletividade. PESSOA FÍSICA -Existência da pessoa física começa com o nascimento com vida e termina com a morte natural ou presumida. -Morte presumida: Presume-se que a pessoa morreu depois de decorridos 10 anos que o juiz proferiu sentença declarando-a ausente, e concedendo a abertura da sucessão provisória ou também se provar que a pessoa conta com oitenta anos de idade e as últimas notícias que se têm dela datam d e 5 anos. O juiz pode declarar a ausência mediante requerimento dos interessados (cônjuges, herdeiros, etc) ou do Ministério Público. - Comoriência: Quando duas ou mais pessoas falecera m num mesmo instante. Se não puder determinar qual delas faleceu primeiro, a lei presume que morreram ao mesmo tempo. -Nascituro: O direito brasileiro protege o nascituro – filho concebido, mas que ainda não nasceu. PESSOA JURÍDICA - Pessoa jurídica de direito público Pessoa jurídica de direito público interno: • União; • Estados; • Distrito Federal (Brasília); • Territórios (Fernando de Noronha) e • Municípios. Pessoa jurídica de direito público externo ou internacional • Estados estrangeiros e outras pessoas internacionais. - Pessoa jurídica de direito privado • Sociedades civis • Associações, fundações e sindicatos; • Sociedade comerciais -A pessoa jurídica tem existência distinta da de seus membros. Seu patrimônio é distinto do de seus componentes. -A pessoa jurídica tem os mesmos direitos que a pessoa física, salvo exceções: • Não pode adotar; • Não pode fazer testamento; • Não pode ser sujeito ativo de crimes, mas seus membros serão. Exceção: direito ambiental; • Pode ser sujeito passivo de crimes. Ex: roubo, difamação. - Existência: começa com o registro público competente. São representadas por seus titulares (sócios, gerentes, diretores); - Término: sua existência termina pelo advento do p razo, quando previsto, ou pela dissolução judicial ou extrajudicial. CAPACIDADE CIVIL - Capacidade é a aptidão que a pessoa tem de exercitar direitos e contrair obrigações. • Capacidade de direito ou de gozo – todas as pessoas a têm. • Capacidade de fato ou de exercício – só a têm os plenamente capazes. a) Absolutamente incapaz É absoluta a incapacidade quando a lei considera um indivíduo totalmente inapto ao exercício da atividade da vida civil. • Menores de 16 anos; • Os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; • Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. b) Relativamente Incapaz O exercício de seus direitos se realiza com a sua presença, exigindo, apenas, que sejam assistidos por seus responsáveis. • Maiores de 16 anos e Menores de 18 anos; • Pródigos – pressupõe a habitualidade de desperdícios e gastos imoderados; • Ébrios Habituais, os Viciados em Tóxicos, e os que, por Deficiência Mental, Tenham o Discernimento Reduzido; • Os excepcionais, sem Desenvolvimento Mental Completo. C) Capacidade plena • Aptidão total para os atos da vida civil. • Maiores de 18 anos. EMANCIPAÇÃO -Aquisição da capacidade civil antes da idade legal: -Hipóteses: • Pela concessão dos pais, mediante escritura públic a, quando o menor tiver 16 anos completos; • Por sentença judicial, se o menor, com 16 anos completos, estiver sob o regime de tutela, ouvindo-se o tutor; • Pelo casamento; • Pelo exercício de emprego público efetivo; • Pela colação de grau em curso de ensino superior; • Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria. REGISTRO CIVIL -Deverão se registrar no registro civil: • Os nascimentos,casamentos e óbitos; • A emancipação por outorga ou por sentença; • A interdição dos incapazes, ausentes e mortos presumidos; • A separação judicial e o divórcio; • Os atos que declararem ou reconhecerem filiação e os atos de adoção. DOMICÍLIO Domicílio pessoa natural: lugar onde a pessoa natural estabelece sua residência com ânimo definitivo. Se a pessoa tiver mais de uma residência onde vive alternativamente, será considerada domicílio também. Domicílio profissional: lugar onde a pessoa natural exerce a sua profissão. - Se a pessoa natural não tiver residência habitual tem-se por seu domicilio o lugar onde ela for encontrada. Domicílio pessoa jurídica: • O lugar onde funcionarem as respectivas diretorias ou ato constitutivo; • Onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou ato constitutivo; • Caso tenham diversos estabelecimentos, cada um deles será considerado domicílio para os atos neles praticados; • Se a pessoa jurídica tiver sua diretoria ou administração no exterior, seu domicilio no Brasil será o lugar onde contrair suas obrigações. Domicílio do incapaz: será o domicílio do representante; Domicílio do servidor público: lugar onde exerce permanentemente suas funções; Domicílio do militar: onde servir Domicílio do preso: lugar onde cumpre sua sentença; Domicílio contratual: fixado em contrato escrito, no qual direitos e obrigações contratadas devem ser cumpridas. AULA DIREITO DO CONSUMIDOR Lei 8078/90 - Código de Defesa do Consumidor EVOLUÇÃO HISTÓRICA _Revolução Industrial: ◦Aumento da população nos grandes centros urbanos; ◦Aumento da procura por produtos/serviços; ◦Novo modelo de produção; ◦Produção em série/em escala. _Esse modelo de produção industrial atual pressupõe planejamento estratégico e modelo contratual unilaterais do fornecedor, do fabricante, do produto, do serviço, etc. _ O monopólio da produção está nas mãos do fornecedor. O consumidor não senta à mesa para negociar com o fornecedor. _ Surgimento de consequências negativas para o consumidor. Necessidade de proteção pelo Direito. Legislação _Constituição Federal de 1988: ◦art. 5º, XXXII - a defesa do consumidor é um direito fundamental ◦art. 170 – a defesa do consumidor é um princípio da ordem econômica ◦Art. 48, ADCT – prazo para elaboração do Código de Defesa do Consumidor _Código de Defesa do Consumidor: Lei 8078/90. Código de Defesa do Consumidor Características _Microsistema multidisciplinar ◦ Normas de Direito Constitucional; Civil, Processual Civil, Criminal, Administrativo _ Lei principiológica ◦O CDC traz princípios que conferem prerrogativas ao consumidor por reconhecer a sua vulnerabilidade. _Normas de ordem pública e de interesse social. ◦ Normas de ordem pública são aquelas que não podem ser derrogadas pela vontade das partes. ◦ Normas de interesse social: caso particular tem repercussão perante a sociedade. Ex. Bancos. Relação Jurídica de Consumo _Relação jurídica estabelecida entre fornecedor e consumidor que tenha por objeto a aquisição de um produto ou contratação de um serviço. _ Elementos subjetivos: ◦Fornecedor ◦Consumidor _ Elementos objetivos: ◦Aquisição de produto ◦Contratação de um serviço _ Elemento finalístico ◦Consumidor é o destinatário final _ Conceito de Consumidor _Art. 2º do CDC: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Consumidor: é aquele que retira definitivamente o produto de circulação ou o serviço do mercado. Destinatário Final: é aquele que adquire produto ou serviço para uso próprio sem finalidade de produção de outros produtos ou serviços. Pessoa jurídica: será consumidora sempre que adquirir produto ou utilizar serviço como destinatária final e desde que comprovada sua vulnerabilidade. _ Consumidor por equiparação _Art. 2º, do CDC, parágrafo único: Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. Consumidor em potencial. ◦Ex. publicidade enganosa ◦Possibilita o ajuizamento de ações coletivas para a defesa dos direitos difusos coletivos _Art. 17, do CDC: ◦ Equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento danoso. - Conceito de Fornecedor _Art. 3º do CDC: ◦ Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. ◦ _Todo aquele que coloca o produto ou o serviço no mercado de consumo, com habitualidade. _Todo aquele que participe de determinada cadeia produtiva–fornecedor /intermediário / produtor/ distribuidor - até o pro duto ou serviço ser entregue ao destinatário final. Conceito de Produto _Art. 3º, §1º, do CDC: Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, sobre o qual recai a relação jurídica. O CDC não distingue quanto à distribuição gratuita do produto, permanecendo a proteção legal. Ex: Amostra grátis. Conceito de Serviço _Art. 3º, §2º, do CDC: ◦ Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. STJ - Súmula 297: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras. Atentar para os serviços remunerados de forma indireta. Ex. estacionamentos gratuitos de supermercado; montagem gratuita de móveis. Casos específicos _O CDC não se aplica nas relações locatícias, vez que existe norma específica que regulamenta a relação locatícia - Lei nº 8.245/91. _Todos os serviços prestados pelo Poder Público, diretamente ou através de concessão ou permissão sujeitam-se ao CDC, desde que remunerados por tarifa (água, luz, esgoto) ou preço público (transporte, pedágio). Política Nacional de Relações de Consumo – Objetivos _Art. 4º, do CDC: ◦atendimento das necessidades dos consumidores; ◦respeito à sua dignidade, saúde e segurança; ◦ proteção de seus interesses econômicos; ◦melhoria da sua qualidade de vida. Política Nacional de Relações de Consumo – Princípios _Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º, I); ◦Obs: presunção é absoluta (jure et de jure) ou seja, não admite prova em contrário. _Ação governamental para a proteção do consumidor (art. 4º, II) harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumidor (art. 4º, III) _ Educação e informação dos consumidores (art. 4º, IV) controle de qualidade e segurança dos produtos e serviços (art. 4º, V), _Coibição e repressão das práticas abusivas (art. 4 º, VI); _Racionalização e melhoria dos serviços públicos (art. 4º, VII); _ Estudo das constantes modificações do mercado de consumo (art. 4º., VIII). Política Nacional de Relações de Consumo – Instrumentos _Art. 5°- Instrumentos para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo: I - manutenção de assistência jurídica, integral e gratuita para o consumidor carente; II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor, no âmbito do Ministério Público; III - criação de delegacias de polícia especializadas no atendimento de consumidores vítimas de infrações penais de consumo; IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo; V - concessão de estímulos à criação e desenvolvimento das Associações de Defesa do Consumidor. Direitos básicos consumidor Art. 6º do CDC_ Efetiva prevenção e reparação de danos. Ex: Atendimento ao consumidor – Envolvimento de todos. _Acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos Ex: PROCON e Judiciário _ Facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova a seu favor, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente. Ex: Necessidade do consumidor provar que as manchas foram causadas por fator intrínseco ao tecido. Garantia legal - Art. 26 do CDC _Durante o prazo de garantia, o consumidor tem direito à reparação e à substituição sem ônus. __Prazo para reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação: _ 30 dias para produtos não duráveis; _ 90 dias, para produtos duráveis. Responsabilidade _Art. 18, CDC: “Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.” Exclusão Responsabilidade _Art. 12, CDC: O fabricante (...) só não será responsabilizado quando provar que: ·não colocou o produto no mercado; ·o defeito inexiste; ·a culpa é exclusiva do consumidor ou de terceiro. Prazo para sanar _ Prazo de 30 dias para sanar o vício _Modificação do prazo em comum acordo: ·Redução: mínimo 7 dias. ·Ampliação: máximo 180 dias. Escolha do consumidor _Não sendo sanado o vício no prazo, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: ·Substituição do produto por outro de mesma espécie; ·Restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de perdas e danos; ·Abatimento proporcional do preço. Substituição do produto _ Substituição do produto por outro de mesma espécie. _ _ Poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço. Restituição do valor _ Correção do valor. Dano Moral _O consumidor pode pleitear o ressarcimento por perdas e danos sofridos em razão do vício do produto. _Tal reconhecimento deve ser buscado pelo consumidor na esfera judicial, por meio da produção de provas. _ Entendimento atual: não cabe indenização por dano moral em razão de mero aborrecimento. Decisões judiciais _ “Levando-se em consideração o critério objetivo da razoabilidade e a concepção ético jurídica dominante em nossa sociedade, simples aborrecimentos, ínsitos à vida moderna, que não extrapolam os padrões médios de aceitabilidade, não se erigem à categoria de dano moral.” (Apelação nº 0023972-94.2 009.8.26.0224 - Guarulhos – Fórum de Guarulhos, Rel. Des. ORLANDO PISTORESI, 30ª Cam., julgado em 29/02/2012) _ “O ressarcimento por dano moral não pode decorrer de qualquer melindre ou suscetibilidade exagerada, do mero aborrecimento ou incômodo. É preciso que a ofensa apresente certa magnitude para ser reconhecida como prejuízo moral”. (Apelação c/ Ver. 782.775-00/7 – 26ª Câmara – Rel.Des. RENATO SARTORELLI – J. 1.8.2005). _ “Não é toda e qualquer situação desconfortável, a inda que hábil a causar desgaste emocional, suficiente à materialização dos danos morais indenizáveis, pois os aborrecimentos inerentes ao cotidiano consubstanciam sentimentos que cumprem ser catalogados como dissabores que todos rotineiramente temos.” (Apelação nº 9170609- 82.2008.8.26.0000, da Comarca de Cubatão – Rel. Des. João Camillo de Almeida Prado Costa – 8/11/2011) Vinculação da oferta _ Princípio da vinculação da oferta: ◦Toda informação ou publicidade. ◦Por qualquer forma e meio de comunicação. Componente em estoque _O CDC não estabelece um prazo determinado para manutenção das peças e do produto em estoque. _Art. 32: Os fabricantes (...) deverão assegurar a oferta de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação do produto. Cessada a produção, a oferta deverá ser mantida por período razoável de tempo, n a forma da lei." _ Prazo condizente com a durabilidade do produto. Desistência do pedido Art. 49 do CDC: “O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.” _Tem por escopo proteger o consumidor das técnicas de venda em domicílio, ocasião em que o cliente, surpreendido em sua casa ou em seu trabalho, pode se decidir pela aquisição da mercadoria oferecida por impulso ou por constrangimento. Aspectos penais _Art. 66 - “Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, quantidade, segurança, durabilidade, preço ou garantia de produtos. Pena: detenção de 3 meses a 1 ano, e multa.” _Art. 67 - “Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva. Pena: detenção de 3 meses a 1 ano, e multa.” _Art. 68 -“Fazer ou promover publicidade que sabe ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial a sua saúde ou segurança; Pena: detenção de 6 meses a 2 anos, e multa.” _Art. 69: Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade; Pena: detenção de 1 a 6 meses, e multa. _Art. 74: Deixar de entregar ao consumidor o termo de garantia adequadamente preenchido e com especificação clara; _ Pena: detenção de 1 a 6 meses, e multa. _Art. 75: Quem, de qualquer forma, concorrer para os crimes referidos neste código, bem como o diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que promover, permitir ou por qualquer modo aprovar fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção em depósito de produtos nas condições por ele proibidas. AULA PROPRIEDADE INTELECTUAL O profissional que atua na área de tecnologia muita s vezes se deparará com situações em que sua equipe, ou até mesmo ele próprio, com base em seu conhecimento, cria algo novo. Toda vez que algo novo é criado, estamos diante de uma nova propriedade, as quais são chamadas pelo direito de propriedade intelectual. A propriedade intelectual se divide entre aquelas que são protegidas pelo Direito Autoral e aquelas que são protegidas como Propriedades Industriais. Propriedade Intelectual Conceito: A propriedade intelectual é um ramo do direito que protege as criações intelectuais, facultando aos seus titulares direitos econômicos, os quais ditam a forma de comercialização, circulação, utilização e produção dos bens intelectuais ou dos produtos e serviços que incorporam tais criações intelectuais, ou seja, é um sistema criado para garantir a propriedade ou exclusividade resultante da atividade intelectual nos campos industrial, científico, literário e artístico. 1- Propriedade industrial – Lei nº 9.279/96 -Regular direitos e obrigações relativos às propriedade industrial. -Os direitos da propriedade intelectual são: marca s, patentes, desenhos industriais e indicações geográficas. -Para ter direito de proteção em face de terceiros, necessitam ser registrados perante o INPI – Instituto Nacional da Propriedade Intelectual. -O art. 5º da CF, inciso XIX preceitua que “a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos,tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País”. Modalidades de Propriedade Industrial Protegidos por patente: • Invenção • Modelo de utilidade • Certificado de adição de invenção • Protegidos por Registro: • Desenho industrial • Registro de Marca • Indicação Geográfica Patente: é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente. Invenção: é uma concepção resultante do exercício da capacidade de criação do homem, que represente uma solução para um problema técnico, dentro de um determinado campo tecnológico e que possa ser fabricada ou utilizada industrialmente. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 anos. Modelo de Utilidade: O ato inventivo deve resultar em melhoria funcional em algo que já existe, no uso ou em sua fabricação. A patente de modelo de utilidade pelo prazo de 15 (quinze) anos. Requisitos para a patente: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial 1 – É uma invenção? 2 – Tem aplicação industrial? 3 – Tem novidade? 4 – Tem atividade inventiva? 5 – Está fora da lista de exclusões? Desenho Industrial O desenho industrial é a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial (Art. 95 da LPI) O registro de desenho industrial vigorará pelo praz o de 10 (dez) anos, prorrogáveis por mais 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada até atingir o prazo máximo de 25 (vinte e cinco). MARCAS Todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas. O prazo de validade do registro de marca é de 10 (dez) anos, contados a partir da data de concessão. Esse prazo é prorrogável, a pedido do titular por períodos iguais e sucessivos. Em caso contrário, será extinto o registro e a marca estará, em princípio, disponível. O titular do registro de marca tem a obrigação de utilizá-la para mantê-la em vigor. O prazo para início de uso é de 5 anos, contados da data da concessão do registro. Para melhores informações sugerimos consulta a própria lei, bem como ao site do INPI: http://www.inpi.gov.br. 2 - Direito Autoral Conceito: Direito Autoral é um conjunto de direitos morais e patrimoniais sobre as criações do espírito, expressas por quaisquer meios ou fixadas em quaisquer suportes, tangíveis (materiais) ou intangíveis (imateriais), que se concede aos criadores de obras intelectuais. A proteção aos direitos autorais não requer nenhum tipo de registro formal. Lei nº 9.610/98 Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica. Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; XII - os programas de computador. Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei: I - as ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos matemáticos como tais; II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios; III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas instruções; IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais; V - as informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros ou legendas; VI - os nomes e títulos isolados; VII - o aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras. Direito Moral e Direito Patrimonial O direito autoral possui duas vertentes básicas: a primeira, de origem moral que estabelece uma ligação estreita entre a obra criada e o sujeito da proteção, o autor; a segunda, o feixe de direitos como o de autorizar a reprodução, a distribuição e a comunicação ao público, estes de origem patrimonial. Art. 24: Os direitos morais do autor são: “I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra; II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra; III - o de conservar a obra inédita; IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra; V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada; VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem; VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado.” Os direitos morais são irrenunciáveis e inalienáveis, além de serem intransferíveis e imprescritíveis, ou seja o autor nunca deixará de possuir direitos morais sobre a obra. Exemplo – direito de paternidade, ou seja, direito do autor ter seu nome indicado em obra de sua autoria, e direito de integridade da obra. Os direitos autorais também são considerados, para os efeitos legais, como bens móveis, e por esta razão, poderão ser total ou parcialmente transferidos a terceiros, por ele ou por seus sucessores. Art. 28. Cabe ao autor o direito exclusivo de utilizar, fruir e dispor da obra literária, artística ou científica. Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por quaisquer modalidades, tais como: I - a reprodução parcial ou integral; II - a edição; III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações; IV - a tradução para qualquer idioma; V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual; VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros para uso ou exploração da obra; VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário; VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica...” Os direitos patrimoniais podem ser transferidos mediante cessão, licença ou qualquer outra modalidade prevista em direito. Dessa maneira, a titularidade sobre a obra pode ser transmitida, transferindo o autor alguns ou todos direitos de usufruto ou exploração econômica sobre sua obra a terceiros. Duração da exclusividade -Os direitos patrimoniais do autor perduram por 70 anos contados de 1º de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento; -Os direitos patrimoniais sobre obra anônimasou pseudônimas perduram por 70 anos contados de 1º de janeiro do ano subsequente ao da 1ª publicação. - Os direitos patrimoniais sobre obras audiovisuais e fotográficas perduram por 70 anos, a contar de 1° de janeiro do ano subsequente ao de sua divulgação. Direito Autoral sobre Software – Lei nº 9.609/98 -Dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no País, e dá outras providências. -A Lei de Proteção da Propriedade Intelectual de Programa de Computador foi promulgada em 19 de fevereiro de 1998, em conjunto com a Lei nº 9.610/98 de DIREITOS AUTORAIS, que trata da estabilização dos Direitos Autorais. -Art. 1º: “Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados.” _ O regime jurídico de proteção à autoria do programa de computador é a do direito autoral, porém, com prazos diferentes. -A propriedade do software é protegida por 50 anos a contar a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao de sua publicação ou, na sua ausência, ao de sua criação. -O programa é protegido independentemente do seu registro junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). Uma vez registrado o programa, garante-se o seu sigilo, por meio de envelopes lacrados que ficarão sob a guarda do instituto. -Ao detentor do direito sobre o software serão garantidos os mesmos direito conferidos ao proprietário de um bem móvel, ou seja, poderá o seu proprietário dele se dispor, vendê-lo, alugá-lo, dá-lo em pagamento, em garantia, etc, bem como, seus direitos serão transmitido por herança. -Contrato de licença de uso de programa de computador. -Nos casos de transferência de tecnologia de programa de computador, o INPI fará o registro dos respectivos contratos, para que produzam efeitos em relação a terceiros. -É obrigatória a entrega, por parte do fornecedora o receptor de tecnologia, da documentação completa, em especial do código-fonte comentado, memorial descritivo, especificações funcionais internas, diagramas, fluxogramas e outros dados técnicos necessários à absorção da tecnologia. -Crimes -Violar direitos de autor de programa de computador: Detenção de 6 meses a 2 anos ou multa. -Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, de programa de computador, no todo ou em parte, para fins de comércio, sem autorização expressa do autor ou de quem o represente: Reclusão de 1 a 4 anos e multa. -Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem vende, expõe à venda, introduz no País, adquire, oculta ou tem em depósito, para fins de comércio, original ou cópia de programa de computador, produzido com violação de direito autoral.