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A Otogênese da Administração

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Ontogênese e Formas Particulares da Função de Direção: 
Introdução aos Fundamentos Históricos para a Crítica 
Marxista da Administração
Douglas Nascimento de Oliveira; 201846007; Turma B
Introdução
O presente texto expõe de forma objetiva a ontogênese da Administração e as demais práticas sociais existentes, como a guerra e a política, colocando um mesmo ponto comum entre elas. Ainda assim, as diferenças entre essas práticas são determinadas conforme a origem se ramifica ao longo da história. Em vista disso, o autor busca captar as especificidades da Administração de forma objetiva com a finalidade de defini-la frente as demais atividades frisando que seus traços em comum vêm de uma mesma gênese.
Síntese
Como o autor busca os aspectos particulares da Administração de forma objetiva, ele acaba por se apoiar na história, no desenvolvimento das sociedades, nos fatos e não apenas em divagações alheias sobre o que é essa ciência. Por esse motivo, o mesmo demarca que a relação do homem com a natureza, na transformação dela, trouxe o seu próprio desenvolvimento social que foi se reinventando ao longo do tempo e se distanciando do natural, mesmo que o natural nunca estivesse totalmente afastado. Assim o escritor analisa o trabalho / gênese em sua forma mais pura e primitiva para então seguir com a explicação de seu desenvolvimento.
Nesse sentido, observou na transformação da natureza em sustento próprio, na equação da sobrevivência em uma sociedade mais primitiva, os seguintes elementos que compunham o trabalho: a subjetividade (campos das ideias, o trabalhador), a prática (o trabalho em si) e a objetividade (objetos e meios de produção a serem transformados). Esses elementos se relacionam de forma contínua e cíclica. Dentro dessa unidade maior há uma subunidade composta pela preparação (mais ligada a subjetividade-prática) e a realização (ligada a objetividade-prática). Durante a preparação o subjetivo precisa estabelecer as finalidades que deseja atingir para depois investigar os meios, ou seja, buscar o melhor meio que traga o melhor resultado no final. Desse modo, o sujeito passa para a prática sobre a objetividade, podendo ela ser social ou mesmo natural, e começa a realização. Nesta etapa o controle das coisas (ambientes, formatos corretos das ferramentas de uso, etc.) para que o resultado seja o melhor é de suma importância da mesma forma que o autocontrole da subjetividade (a força a ser aplicada, as ansiedades, a adrenalina, etc.) também deve ser na mesma medida. Implica-se então que a subjetividade deve se subordinar a objetividade para que assim possa conhecer as suas propriedades e utiliza-las da forma correta passando a dominar a objetividade. No fim, os resultados obtidos dessa ação prática são aplicados em novos meios para se obter resultados ainda melhores e isso perpetua-se em um ciclo infinito. Todos esses elementos formam uma unidade maior, a função de auto direção econômica. Tais resultados, melhorados a cada ciclo dessa função de direção faz com que o homem por si só produza mais do que ele pode consumir, um excedente ou como o autor chama, “mais-trabalho” e essa é uma capacidade intrínseca ao homem. 
O trabalho combinado entre indivíduos que se auto-dirigem eleva a função de auto direção a outro patamar. Nessa função, os homens trabalham em conjunto para atingir o mesmo objetivo. Para que tal objetivo seja possível todos os elementos da função direção do trabalho simples são também encontrados aqui, entretanto se faz necessário um sujeito (subjetividade) que coordena esses homens, onde agora esses são a objetividade dessa grande função de direção. O sujeito responsável pela coordenação tenta elevar os resultados do grupo trabalhando para que o coletivo possa entrar em sincronia e assim, se faz necessário a dura tarefa de moldar as suas mentes e capacidades e , assim, as elevando. A unidade entre preparação e realização se encontram no processo de trabalho combinado, mas ainda não há a cisão entre elas, apenas mais para frente isso ocorre.
Como o trabalho originou todas as práticas sociais e as ramificaram trazendo não só as semelhanças entre elas como as diferenças também, considerando a função de auto-direção econômica e função de direção econômica ( dada pela cisão da primeira função em vista dos antagonismos de classe) as relações sociais de produção são de suma importância ao definir a função social de produção.
Constratando o modo de produção asiático, haviam as classes dos camponeses que possuíam status social ameno com relação as outras classes e esses por sua vez produziam o mais trabalho tudo pela falta de terras públicas e privadas; seguindo para o feudalismo há a relação entre senhores e servos, onde estes não eram vendidos como escravos, e entre os vilões (eram indivíduos livres que ofereciam sua força de trabalho temporariamente) e o clero ( a nobreza e o campesinato); por último temos o antigo modo de produção, o grego, onde a política era a protagonista e apenas os que possuíam terras eram considerados cidadãos, a escravidão perpetuava-se e o escravo era visto como mera ferramenta de trabalho e a parte mais pobre da grega. Dentre esses três modos de produção há diversos processo de trabalho diferentes entre si assim como os meios de produção iniciando todo o processo de posse do mais-trabalho.
Mesmo assim há uma particularidade no que diz respeito a definição da Administração e para isso é necessário entender a cisão entre preparação e realização. Primeiramente, a produção excedente do trabalho combinado e simples, mais-trabalho, gerou conflitos ao determinar quem ficaria com a posse da maior parte desse excedente. Esse conflito seria a guerra, que ao perpassar dos anos e com o desenvolvimento das sociedades acaba por si só sendo geradora da escravidão por lógica. Ora, se em uma guerra os que não são mortos ser tornam prisioneiro, esses se tornam os escravos do povo dominante. Foi então que o autor introduz a parte em que as classes dos senhores e dos escravos surgem. Cria-se um antagonismo de classes que geraram daí então uma cisão no processo de trabalho, uma divisão social do trabalho pela função de direção econômica. Essa cisão funciona da seguinte forma: a preparação passa a ser função dos senhores de escravos que trabalham em cima da sua objetividade, os escravos (objetivo social), tentando potencializar seu trabalho técnico para produzir mais. Os escravos, por sua vez ficam com a parte técnica do trabalho, com a realização e atuam diretamente com um objetivo natural. É certo que daí em diante, as relações de produção se resumem aos antagonismos de classes e nessa função de direção econômica um sujeito é responsável pela potencialização dos resultados e a efetivação dos mesmos em diferentes possibilidades e isto no fim é o que dá particularidade especial a Administração a distinguindo das demais práticas sociais ainda que possuíam elementos em comum.
Análise Crítica
Todo o processo de busca pela ontogênese da Administração foi bem trabalhado pelo autor de forma objetiva, como o mesmo dissera. Consequentemente, o desenvolvimento dessa gênese foi bem explicado até chegar a devida ramificação em que se encontra a Administração e as mesma definida claramente e sem redundâncias. Desperta definitivamente a vontade de quem lê de chegar até o final dessa busca e traz relevância acadêmica aos estudantes e a quem pesquisa o real significado da Administração.
Referências
PAÇO CUNHA, E. Ontogênese e formas particulares da função de direção: introdução aos fundamentos históricos para a crítica marxista da administração. In: PAÇO CUNHA, E; FERRAZ, Deise L. da S. (Orgs.). Crítica marxista da administração: fundamentos. v. 1. Rio de Janeiro: Rizoma, 2018.