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Aula 02

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COOPERAÇÃO INTERNACIONAL 
 
Em substancial crescimento estão às demandas envolvendo interesses transnacionais e a correspondente neces-
sidade de produção de atos em um país para o cumprimento em outro, o que, de certo, decorre de crescente in-
ternacionalização da economia. Vivemos numa sociedade globalizada. 
Reflexo desse cenário internacional hodierno, a cooperação jurídica internacional figura como uma maneira de 
contribuir para as informações e prática de atos voltados à solução de controvérsias que ultrapassem as fronteiras 
de determinado Estado. 
O art. 26 do NCPC traça a base principiológica da cooperação internacional e estabelece o ministério da Justiça 
como autoridade central – salvo estipulação diversa. 
A cooperação jurídica internacional será regida por tratado de que o Brasil faz parte e observará: 
 - o respeito às garantias do devido processo legal no Estado requerente; 
- a igualdade de tratamento entre nacionais e estrangeiros, residentes ou não no Brasil, em relação ao acesso à 
justiça e à tramitação dos processos, assegurando-se assistência judiciária aos necessitados; 
- a publicidade processual, exceto nas hipóteses de sigilo previstas na legislação brasileira ou na do Estado re-
querente; 
- a existência de autoridade central para recepção e transmissão dos pedidos de cooperação; 
- a espontaneidade na transmissão de informações a autoridades estrangeiras. 
 
ATENÇÃO! 
Na ausência de tratado, a cooperação jurídica internacional poderá realizar-se com base em reciprocidade, mani-
festada por via diplomática. 
Não se exigirá a reciprocidade referida acima para homologação de sentença estrangeira. 
 
CUIDADO! Na cooperação jurídica internacional não será admitida a prática de atos que contrariem ou que pro-
duzam resultados incompatíveis com as normas fundamentais que regem o Estado brasileiro. 
O Ministério da Justiça exercerá as funções de autoridade central na ausência de designação específica. 
Vejamos o objeto da cooperação jurídica internacional: 
- citação, intimação e notificação judicial e extrajudicial; 
- colheita de provas e obtenção de informações; 
- homologação e cumprimento de decisão; 
- concessão de medida judicial de urgência; 
- assistência jurídica internacional; 
 
- qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. 
 
AUXÍLIO DIRETO 
 
Cabe auxílio direto quando a medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade jurisdicional estrangeira 
a ser submetida a juízo de delibação no Brasil. 
A solicitação de auxílio direto será encaminhada pelo órgão estrangeiro interessado à autoridade central, cabendo 
ao Estado requerente assegurar a autenticidade e a clareza do pedido. 
Além dos casos previstos em tratados de que o Brasil faz parte, o auxílio direto terá os seguintes objetos: 
 - obtenção e prestação de informações sobre o ordenamento jurídico e sobre processos administrativos ou juris-
dicionais findos ou em curso; 
- colheita de provas, salvo se a medida for adotada em processo, em curso no estrangeiro, de competência exclu-
siva de autoridade judiciária brasileira; 
- qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira. 
 
A autoridade central brasileira comunicar-se-á diretamente com suas congêneres e, se necessário, com outros 
órgãos estrangeiros responsáveis pela tramitação e pela execução de pedidos de cooperação enviados e recebi-
dos pelo Estado brasileiro, respeitadas disposições específicas constantes de tratado. 
No caso de auxílio direto para a prática de atos que, segundo a lei brasileira, não necessitem de prestação jurisdi-
cional, a autoridade central adotará as providências necessárias para seu cumprimento. 
Recebido o pedido de auxílio direto passivo, a autoridade central o encaminhará à Advocacia-Geral da União, que 
requererá em juízo a medida solicitada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CUIDADO! O Ministério Público requererá em juízo a medida solicitada quando for autoridade central. 
Compete ao juízo federal do lugar em que deva ser executada a medida apreciar pedido de auxílio direto passivo 
que demande prestação de atividade jurisdicional. 
 
Tratemos das Cartas Rogatórias 
Como cediço a carta rogatória é ato processual clássico de comunicação entre autoridades judiciárias estrangei-
ras para fins de solicitação ao cumprimento do conteúdo da mesma. 
O procedimento da carta rogatória perante o Superior Tribunal de Justiça é de jurisdição contenciosa e deve as-
segurar às partes as garantias do devido processo legal. Eis a disposição do art. 36 do NCPC. 
A defesa restringir-se-á à discussão quanto ao atendimento dos requisitos para que o pronunciamento judicial 
estrangeiro produza efeitos no Brasil. 
Em qualquer hipótese, é vedada a revisão do mérito do pronunciamento judicial estrangeiro pela autoridade judici-
ária brasileira. 
 
CONCEITO DE AÇÃO 
 
Enquanto jurisdição é a função, o poder e dever do Estado de resolver as crises de interesses e processo a rela-
ção jurídica que liga as partes e o juiz, ação é o direito público subjetivo ao exercício da atividade jurisdicional. 
 
O direito de ação tem natureza pública e previsão constitucional (CF, art. 5º, XXXV), sendo autônomo e indepen-
dente em relação ao direito material. Ou seja, a improcedência do pedido do autor não autoriza concluir que o 
autor não tinha direito de ação. 
 
ACEPÇÕES E CONCEITO DE AÇÃO 
 
Não obstante a controvérsia profunda em torno da natureza jurídica da ação, causa de inúmeras teorias sobre o 
assunto, o entendimento moderno e que reúne a maioria dos juristas é no sentido de que a ação é um direito pú-
blico subjetivo. É, assim, o direito que assiste a qualquer pessoa de pedir, num caso concreto, a prestação da 
atividade jurisdicional do Estado, a quem cabe zelar pela harmonia social. 
 
A palavra “ação”, na dogmática jurídica, possui vários sentidos. A ciência processual, notadamente sob influencia 
italiana, preocupou-se em delimitar o conceito de ação. Delimitar o conceito de ação,foi o principal tema, o princi-
pal objeto de pesquisa dos processualistas na fase de afirmação do processo civil como ramo autônomo do Direi-
to. 
 
CONCEITO DE DEMANDA 
 
Demanda é a pretensão levada a juízo. É aquilo que se vai buscar ao judiciário, o que se almeja perante o juízo. É 
um direito subjetivo que é instrumentalizado através da petição inicial. 
 
ELEMENTOS DA AÇÃO 
 
PARTES 
 
CAUSA DE PEDIR 
 
PEDIDO 
 
A ação tem como elementos as partes, a causa de pedir e o pedido, que servem para identificá-la e individualizá-
la. 
 
Havendo ações com identidade de elementos, ocorrerá litispendência, devendo a segunda ser extinta, sem reso-
lução do mérito. Se a segunda ação for ajuizada somente depois de a primeira já ter sido julgada definitivamente, 
deverá ser reconhecida a coisa julgada. 
 
As partes são as pessoas, físicas ou jurídicas, que alegam ser titulares do direito material discutido nos autos. 
Enquanto a parte autora integra o pólo ativo, a parte requerida, o polo passivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A causa de pedir consiste na narração dos fatos e nos fundamentos jurídicos do pedido. Os fatos devem ser ex-
postos com detalhes, a fim de se identificar com precisão a lide surgida entre as partes. Necessária também a 
indicação da forma de solução que se pretende obter, que deve ser amparada pelo direito. Classifica-se a causa 
de pedir em remota e próxima, sendo a primeira relativa aos fatos e a segunda referente ao enquadramento jurídi-
co dos fatos de forma abstrata no ordenamento. 
 
O juiz deve apreciar os fatos expostos e dar a solução adequada, de acordo com a legislação vigente, ainda que 
adote fundamentação jurídica diversa daquela indicada pelo autor napetição inicial, em respeito ao princípio “jura 
novit curia”. A teoria que leva em consideração os fatos para individualização das ações, e que foi adotada por 
nossa legislação, denomina-se “teoria da substanciação”. 
 
Com relação ao pedido que deve ser formulado pelo autor, é classificado em imediato ou mediato. O pedido ime-
diato consiste no provimento jurisdicional pleiteado em face do Estado, que pode ser declaratório, condenatório, 
executivo ou acautelatório. O pedido mediato, por sua vez, consiste no bem da vida, material ou imaterial, deseja-
do. 
 
ATENÇÃO! 
 
LEGITIMIDADE E INTERESSE 
 
O direito de ação é autônomo e incondicional, conforme já se viu; todavia para que a parte possa obter um pro-
nunciamento judicial quanto ao mérito do seu pedido no chamado “direito processual de ação”, é necessária a 
presença das seguintes figuras: interesse processual e legitimidade das partes. Elas são classicamente conheci-
das como condições da ação, mas, o NCPC não as nominou assim. Não há mais referência ao termo carência de 
ação. 
 
Não se nega ao individuo acesso ao Poder Judiciário, uma vez que é o juiz que, por sentença, declara eventual-
mente o litigante como parte ilegítima ou não interessada. O que se nega, repita-se, é a possibilidade de que o 
Estado-juiz venha a conhecer do pedido, porque não estão presentes aspectos fundamentais de viabilidade do 
processo. 
 
Faltando qualquer uma delas, o feito será extinto sem resolução de mérito (art. 485 VI, CPC). 
 
Segundo a teoria da asserção, cabe ao autor expor os fatos de forma que tais figuras possam ser identificadas e 
verificadas em abstrato pelo juiz, cabendo à sentença de mérito apreciar a efetiva existência do direito material 
alegado. 
 
O Pedido juridicamente possível passou a integrar o mérito, diz-se que o pedido é juridicamente possível 
quando não for vedado pelo ordenamento o seu acolhimento. Como exemplo de pedido juridicamente impossível, 
pode-se citar aquele em que se postule a cobrança de dívida de jogo. Porém, necessário observar que não é con-
siderado impossibilidade jurídica do pedido o fato de se poder antever, desde a petição inicial, que o pedido for-
mulado não será acolhido, vez que tal questão é relativa ao mérito e será apreciada na sentença. Ademais, não 
há mais menção a ele no inciso VI do art. 485 do CPC, que apenas se refere à legitimidade e ao interesse de agir. 
 
Haverá interesse de agir ou interesse processual quando houver necessidade de a parte pleitear em juízo a 
proteção do direito alegado, sob pena de perecimento, sendo certo ainda que o processo a ser formado deve ser 
adequado à solução do conflito de interesses. Trata-se do binômio necessidade-adequação. 
 
Há quem ainda defenda que a ação deva sempre trazer resultado útil ao autor, do ponto de vista processual (bi-
nômio necessidade-utilidade); porém, não há consenso quanto à necessidade desse requisito, pois a utilidade 
teria natureza subjetiva, ficando livre a escolha do procedimento a ser adotado, desde que não seja inadequado. 
 
No entanto, a adequação e a utilidade normalmente se confundem, pois na maioria das vezes que um procedi-
mento for inadequado também não será útil à tutela do direito pleiteado. Convém ainda observar que o interesse 
processual também não pode ser confundido com a possibilidade de insucesso da pretensão, matéria esta relativa 
ao mérito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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No que se refere à legitimidade para agir ou “legitimatio ad causam”, exige-se que a ação seja movida pelo 
titular do direito, pois ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando autorizado pelo or-
denamento jurídico (CPC, art. 18º). 
 
A ação, por sua vez, deverá ser direcionada apenas contra a parte legítima, que é a pessoa que resiste à preten-
são do titular do direito material. 
 
COMPETÊNCIA- parte I 
 
O Estado tomou para si a função de dizer o direito em todo o seu território. Para tanto, criou dentro da alçada do 
Poder Judiciário, uma grande organização, composta por diversos órgãos jurisdicionais (STF, STJ, STM, STE, 
TRF etc.), repartindo a jurisdição entre eles, embora se deva ressaltar que a “jurisdição”, enquanto poder-dever do 
Estado é una, sendo que a mencionada repartição é apenas para fins de divisão do trabalho. 
 
Deste modo, competência nada mais é do que a fixação das atribuições de cada um dos órgãos jurisdicionais, 
isto é, a demarcação dos limites dentro dos quais podem eles exercer a jurisdição. Neste sentido, “juiz competen-
te” é aquele que, segundo limites fixados pela Lei, tem o poder para decidir certo e determinado litígio (art. 42, 
CPC). 
Vejamos a integra do dispositivo: 
“As causas cíveis serão processadas e decididas pelo juiz nos limites de sua competência, ressalvado às partes o 
direito de instituir juízo arbitral, na forma da lei.” 
 
FONTES 
 
De acordo com o art.44 obedecidos os limites estabelecidos pela Constituição Federal, a competência é determi-
nada pelas normas previstas no código ou em legislação especial, pelas normas de organização judiciária e, ain-
da, no que couber, pelas constituições dos Estados. 
 
MOMENTO QUE DEMARCA A FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA; EXCEÇÕES À REGRA DA PERPETUATIO JU-
RISDICTIONIS 
 
Segundo dispõe o art. 43 do CPC, a competência, em regra, é determinada no momento em que a ação é propos-
ta – com a sua distribuição (arts. 59 e 312 ) ou com o despacho inicial, sendo irrelevantes as modificações do 
estado de fato (ex. Mudança de domicílio do réu) ou de direito (ex. ampliação do teto da competência do órgão em 
razão do valor da causa) ocorridas posteriormente (perpetuatio jurisdictionis), salvo se suprimirem o órgão judiciá-
rio cuja competência já estava determinada inicialmente - por exemplo, a extinção de uma vara cível; ou quando 
as modificações ocorridas alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia - porque são espécies 
de competência absoluta, fixadas em função do interesse público, razão pela qual outras modalidades de compe-
tência absoluta devem estar abrangidas. 
 
PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 
Os critérios que o legislador levou em conta para a distribuição de competência são o da soberania nacional, o da 
hierarquia e atribuições dos órgãos jurisdicionais (critério funcional), o da natureza ou valor da causa e o das pes-
soas envolvidas no litígio (critério objetivo), e os dos limites territoriais que cada órgão judicial exerce a atividade 
jurisdicional (critério territorial). 
 
Critérios para determinar a competência: 
 
- Territorial: Circunscrição geográfica. É o critério de foro. Encontrado no CPC. 
 
- Material: É o objeto litigioso, o objeto que estar sendo discutido. Exemplo: causa de família, ou de trânsito, etc. 
Encontrado nas LOJ’s dos estados federativos. 
 
- Valor da causa: Poderá ser um critério de determinação de competência, é um dos motivos da obrigatoriedade 
do valor da causa na inicial. Encontra-se nas LOJ’s. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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- Funcional ou hierárquico: Gerará a competência originária. Em razão da função ou hierarquia move-se a causa 
no tribunal, por exemplo. Encontra-se na Constituição Federal para a competência do STJ e STF e para os Tribu-
nais de Justiça encontra-se nas LOJ’s. 
 
 As competências territoriais e em relação ao valor da causa são, em regra, de competência relativa e as com-
petências material e funcional são de competência absoluta. 
 
 A competência relativa pode ser modificada pela vontade das partes, a competência absoluta não pode. Ela 
prestigia interesses públicos. 
 
 Se o juízo incompetente julgar e for competência absoluta é invalido o julgamento, competência absoluta não 
preclui, pois é matéria de ordem pública. Pode ser arguida a qualquer tempo e grau de jurisdição. 
 
Mais dicas 
 
A competência relativa preclui, háprorrogação se não for arguida no prazo. Eis o que chamamos de prorrogação 
da competência. 
Era ela alegada na Exceção de incompetência, ao passo que a absoluta em preliminar de contestação. No 
CPC/15, ambas serão arguidas na contestação. Serão suscitadas em preliminar de contestação. 
 
Na relativa há uma possibilidade de declaração de incompetência de ofício que é nos casos de foro de eleição nos 
contratos de adesão. Eis uma importante exceção. Nos demais casos, aplicar-se-ão as disposições da sumula 33 
do STJ. 
 
A competência relativa prestigia interesses privados. A competência absoluta prestigia interesses públicos. 
 
Se o réu alegar incompetência após o oferecimento da contestação, o réu vai pagar às custas do processo em 
razão da demora, MESMO QUE GANHE A CAUSA. 
 
CRITÉRIOS OBJETIVOS 
 
Competência em razão da pessoa (partes); a fixação da competência tendo em conta as partes envolvidas (ratio-
ne personae) pode ensejar a determinação da competência originaria dos tribunais, para ações em que a Fazenda 
Pública for parte etc; 
 
Competência em razão da matéria (ratione materiae) - causa de pedir; considera-se, ao fixar a competência, a 
natureza da relação jurídica controvertida, definida pelo fato jurídico que lhe dá ensejo, por exemplo: para conhe-
cer de uma ação de separação, será competente um dos juízes das Varas da Família e Sucessões, quando os 
houver na Comarca; 
 
Competência em razão do valor da causa (pedido); muito menos usado, serve para delimitar, entre outras hipóte-
ses, competência de varas distritais, ou, quando houver organizado, dos Tribunais de Alçada. 
 
CRITÉRIO TERRITORIAL 
 
Os órgãos jurisdicionais exercem jurisdição nos limites das suas circunscrições territoriais, estabelecidas na Cons-
tituição federal e/ou Estadual e nas Leis. Destarte, os juízes estaduais são competentes para dizer o direito nas 
suas Comarcas, e os juízes federais, por sua vez, nos limites da sua Seção Judiciária. Já os Tribunais Estaduais 
são competentes para exercer a jurisdição dentro do seu estado, os Tribunais Regionais Federais, nos limites da 
sua região. O STF e o STJ podem dizer o direito em todo o território nacional. 
 
Sob o ângulo da parte, a competência territorial é em princípio determinada pelo domicilio do réu, para as ações 
fundadas em direito pessoal e as ações fundadas em direito real sobre bens móveis. (art. 46, CPC). 
A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de do-
micílio do réu. 
 Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser demandado onde for encontrado ou no foro 
de domicílio do autor. 
 
 Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação será proposta no foro de domicílio do autor, e, 
se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. 
 
 Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à es-
colha do autor. 
 
 A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for en-
contrado. 
 
Além dessas regras, existem outras, seja no CPC, seja em leis extravagantes, que estabelecem regras específi-
cas para certas ações, por exemplo: 
I – ação de inventário, competente o foro do ultimo domicilio do autor da herança (art. 96, CPC; art. 1.785, CC/02); 
II – ação declaratória de ausência, competente o foro do ultimo domicílio do ausente (art. 49, CPC); 
 
SUPER NOVIDADE!! 
III – ação de separação, divórcio, conversão de separação em divorcio e anulação de casamento, era competente 
o foro do domicílio da mulher (art. 100, I, CPC revogado). No CPC de 2015 – art. 53, I, são encontradas as seguin-
tes regras: 
 
 de domicílio do guardião de filho incapaz; 
 do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz; 
 de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no antigo domicílio do casal; 
 
IV – ação de alimentos, competente o foro do domicílio do alimentado, isto é, aquele que pede os alimentos (art. 
53, II, CPC); 
 
V – ação de cobrança, competente o foro do lugar onde a obrigação deveria ter sido satisfeita (art. 53, III, d, CPC); 
 
VI – ação de despejo, competente o foro da situação do imóvel (art. 58, II, Lei nº 8.245/91); 
 
VII – ação de responsabilidade do fornecedor de produtos e serviços, competente o foro domicílio do autor (art. 
101, Lei nº 8.078/90-CDC); 
 
VIII – ação de adoção, competente o foro do domicílio dos pais ou responsáveis (art. 146, Lei nº 8.069/90 ECA); 
 
IX – ações movidas no Juizado Especial Cível, competente o foro do domicílio do autor (art. 4º, Lei nº 9.099/95 
JEC). 
 
Conheçamos mais algumas regras de competência territorial: 
 
 A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for en-
contrado. 
 Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa. O autor pode 
optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o litígio não recair sobre direito de propriedade, vizi-
nhança, servidão, divisão e demarcação de terras e de nunciação de obra nova. 
 
CUIDADO MÁXIMO! A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa, cujo juízo tem 
competência absoluta. 
 
 O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, 
o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas 
as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. 
 A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente. 
 É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autora a União. 
 
 
 
 
 
 
 
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 É competente o foro de domicílio do réu para as causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. Se 
Estado ou o Distrito Federal for o demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio do autor, no de 
ocorrência do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo ente fede-
rado. 
 
É competente o foro do lugar: 
 onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa jurídica; 
 onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações que a pessoa jurídica contraiu; 
 onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré sociedade ou associação sem personalidade jurídica; 
 onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se lhe exigir o cumprimento; 
 de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito previsto no respectivo estatuto; 
 da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de reparação de dano por ato praticado em razão do 
ofício; 
 
 - do lugar do ato ou fato para a ação: 
 de reparação de dano; 
 em que for réu administrador ou gestor de negócios alheios; 
 de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou aci-
dente de veículos, inclusive aeronaves. 
 
CRITÉRIO FUNCIONAL 
 
Enquanto nos outros critérios busca-se estabelecer o juiz competente para conhecer de determinada causa, no 
critério funcional reparte-se a atividade jurisdicional entre órgãos que devam atuar dentro do mesmo processo. 
 
CRITÉRIO INTUITO PERSONAE 
 
As pessoas envolvidas podem alterar as regras de competência aplicáveis ao conflito. A fixação da competência 
tendo em conta as partes envolvidas (rationae personae) é absoluta. 
 
O principal exemplo de competência em razão da pessoa é o da vara privativa da Fazenda Pública, criada para 
processar e julgar causas que envolvam entes públicos.Há casos de competência de tribunal determinada em razão da pessoa, como prerrogativa do exercício de algu-
mas funções (mandado de segurança contra ato do Presidente da República é da competência do STF). Não po-
demos esquecer da competência da Justiça Federal. Ela é fixada em razão das pessoas e está estabelecida no 
art. 109, CF/88. 
 
O NCPC no seu artigo 45 sinaliza que tramitando o processo perante outro juízo, os autos serão remetidos ao 
juízo federal competente se nele intervier a União, suas empresas públicas, entidades autárquicas e fundações, 
ou conselho de fiscalização de atividade profissional, na qualidade de parte ou de terceiro interveniente, exceto as 
ações: 
- de recuperação judicial, falência, insolvência civil e acidente de trabalho; 
- sujeitas à justiça eleitoral e à justiça do trabalho. 
 
CUIDADO! Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja apreciação seja de competência do juízo peran-
te o qual foi proposta a ação. 
O juiz, ao não admitir a cumulação de pedidos em razão da incompetência para apreciar qualquer deles, não 
examinará o mérito daquele em que exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou de suas empre-
sas públicas. 
Ademais, o juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem suscitar conflito se o ente federal cuja presença 
ensejou a remessa for excluído do processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Incompetência relativa x Incompetência absoluta 
 
As regras de competência submetem-se a regimes jurídicos diversos, conforme se trate de regra fixada para aten-
der somente ao interesse publico, denominada de regra de incompetência absoluta, e para atender predominan-
temente ao interesse particular, a regra de incompetência relativa. 
 
A incompetência é defeito processual que, em regra, não leva à extinção o processo, mesmo tratando-se de in-
competência absoluta, salvo nas excepcionais hipóteses do inciso III do art.51 da Lei n.9.099/95 (juizados Especi-
ais Cíveis), da incompetência internacional e do § 1º do art. 21 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Fede-
ral. 
 
A incompetência quando absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das partes, em sede de pre-
liminar à contestação, e, quando relativa, era arguida mediante exceção. NO NCPC ambas serão arguidas na 
contestação. 
Se absoluta, o juiz poderá reconhecê-la de ofício (CPC, art. 64), independentemente da alegação da parte, reme-
tem-se os autos ao juiz competente e reputam-se nulos os atos decisórios já praticados, e, se relativa (CPC, art. 
63), somente se acolher a incompetência, remeterá o juiz o processo para o juízo competente para apreciar a 
questão, que terá duas opções: reconhecer sua competência ou divergir, declarando-se igualmente incompetente, 
suscitando o conflito de competência (CPC, art. 66, II), e não se anulam os atos decisórios já praticados. 
 
Na incompetência absoluta, responderá integralmente pelas custas, a parte que deixar de alegar na primeira opor-
tunidade em que lhe couber falar nos autos responderá integralmente pelas custas, na relativa, o juiz não pode 
reconhecê-la de ofício (Sumula 33 do STJ), salvo se houver contrato de adesão cujo foro de eleição seja abusivo 
(Parágrafo terceiro do art. 63 do CPC).

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