Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Brasília-DF. AvAliAção ElEtrofisiológicA dA Audição Elaboração Hélen Kopper Brasil Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA ............................................................................ 9 CAPÍTULO 1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS NEUROFISIOLÓGICOS ............................................................... 9 CAPÍTULO 2 PROTOCOLO DE REALIZAÇÃO DO EXAME .............................................................................. 14 CAPÍTULO 3 NEURODIAGNÓSTICO ............................................................................................................ 20 CAPÍTULO 4 INDICAÇÕES CLÍNICAS .......................................................................................................... 23 UNIDADE II EMISSÕES OTOACÚSTICAS ................................................................................................................... 31 CAPÍTULO 1 EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS TRANSIETES .................................................................. 31 CAPÍTULO 2 EMISSÕES OTOACÚSTICAS EVOCADAS DE PRODUTO DE DISTORÇÃO – EOADP ....................... 40 CAPÍTULO 3 INDICAÇÕES CLÍNICAS E REGISTRO DAS EOA NAS ALTERAÇÕES AUDITIVAS ............................. 44 UNIDADE III OUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS .............................................................................................. 50 CAPÍTULO 1 RESPOSTA AUDITIVA DE ESTADO ESTÁVEL ................................................................................. 50 CAPÍTULO 2 POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS CORTICAIS RELACIONADOS A EVENTOS (P300) ................ 61 UNIDADE IV APLICAÇÕES CLÍNICAS ....................................................................................................................... 69 CAPÍTULO 1 PERDAS CONDUTIVAS ............................................................................................................. 69 CAPÍTULO 2 SURDEZ INFANTIL .................................................................................................................... 73 CAPÍTULO 3 LIMIARES ACÚSTICOS ............................................................................................................. 78 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 94 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 7 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de fixação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certificação. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Vamos estudar a eletrofisiologia da audição! Mas de uma forma bem básica. O que seria eletrofisiolgia? A eletrofisiologia consiste no estudo das propriedades elétricas em células e tecidos e particularmente de atividades do potencial de ação. Na condução de estímulos nervosos. Desta forma, podemos falar que vamos estudar o potencial de condução dos estímulos auditivos, utilizando as técnicas de Potencial Auditivo de Tronco Encefálico ─ PEATE e Emissões Otoacústicas ─ EOA. Começaremos fazendo uma breve revisão da neurofisiologia da audição com o objetivo de introduzir o PEATE, bem como seus parâmetros, neurodiagnóstico, sua aplicabilidade e o exame em sí. Logo a seguir, estudaremos outros exames eletrofisiológicos, Resposta auditiva do estado estável e o P300. Espero que esta leitura colabore com o aprendizado e com seu aperfeiçoamento profissional de uma forma leve e descomplicada. Objetivos » Promover o conhecimento em eletrofisiologia. » Analisar os resultados de casos. » Apreender como realizar os exames de eletrofisiologia. 9 UNIDADE I CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA CAPÍTULO 1 Conceitos e fundamentos neurofisiológicos Antes de iniciarmos nossa discussão a respeito da eletrofisiologia auditiva, é necessário recordar alguns conceitos básicos da neurofisiologia, paraque possamos compreender a origem dos potenciais elétricos oriundos ao longo da via auditiva. Vamos falar do Potencial de Ação ─ PA, que nada mais é do que a sequência de alterações rápidas no potencial da membrana deflagrada por qualquer agente elétrico, químico ou físico que modifique o estado normal de repouso das fibras nervosas. As atividades bioelétricas provocada por uma estimulação auditiva é conhecida como potencial evocado auditivo. Os potenciais evocados auditivos podem ser classificados em várias formas, porém as mais utilizadas são os potenciais de curta, média, longa latência e os potenciais da fonte geradora, sendo eles o potencial coclear, do nervo coclear e de tronco encefálico. Mas o que seria a latência? É o tempo transcorrido entre a apresentação do estímulo acústico e o surgimento das respostas medidas em milissegundos(ms). Todos os potenciais já descritos ocorrem até um segundo após a deflagração do estímulo. Assim, quanto mais periférica a fonte geradora da atividade bioeletrica, menor será a latência. Os potenciais de curta latência ocorrem antes dos 10ms, os de média latência ocorrem entre 10 e 80ms, e os de longa latência ocorrem de 80 a 750ms. Já os potenciais gerados nas células ciliadas, denominados como microfonismo coclear, tem latência praticamente em zero, pois ocorre no exato instante em que o som chega à orelha interna, que justifica sua chegada em latência em torno de 1ms, antes ainda da latência do primeiro potencial neural, o do nervo coclear. 10 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA Os potenciais de curta latência são os potenciais gerados no nervo coclear e no tronco cerebral, geralmente aparecendo em uma janela de 8,0ms. (JEWETT; WILLISTON,1971). Nas figuras e no quadro a seguir poderá ser visualizado de uma forma mais didática. Figura 1 e 2. As ondas I e II não geradas no nervo coclear, já as III, IV e V são geradas no tronco cerebral. 11 CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA│ UNIDADE I Fonte: Registo de BAEPs far field. Cedidas pelo Dr. Foreyd e pela Dra. Pimentel, do IPO. Latências medidas em seres humanos e correlações funcionais e anatómicas. Silva. A. Batista.J, Carvalho.V. 1998. Disponível em: <http://kdataserv.fis.fc.ul. pt/~jbatista/biofisica/potenciais/potenciais.htm>. Quadro 1. Conclusão. Onda I Porção distal do nervo auditivo. Onda II Porção proximal do nervo auditivo. Onda III Núcleos cocleares. Onda IV Complexo olivar superior com contribuiçãoo do núcleo coclear e do lemnisco lateral. Onda V Lemnisco lateral. Onda VI e VII Colículo inferior. Fonte: Autor. Ao modo de ilustrar ainda mais, segue uma tabela de classificação segundo vários critérios. A latência da resposta, o potencial mais característico e a origem anatômica das respostas ao nível do sistema auditivo. Estes parâmetros serão estudados nos próximos capítulos também. 12 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA Quadro 2. Principais métodos de Potencial Evocado Auditivo. Método Resposta Típica Origem Abatômica provável Tipo Latência ECochG Microfonismo coclear Celúlas ciliadas externas Precoce 0 Potencial de somação Cálulas ciliadas Precoce 0 Potêncial de ação Nervo auditivo Precoce 1,4 ABR P5 Nervo auditivo + tronco encefálico Precoce <10 MLR P35 Tálamo Média 12-80 Audiometria cortical N90-P180-N250 Cortex auditivo Longa 50-300 P300 P300 Cortex auditivo + área de associação Tardia 250 - 350 Fonte: Quadro retirado do livro Figueiredo, capítulo III, pago 87. CEFAC, 2003. Já os potenciais gerados no cortex cerebral (N1.P2 e P300) de com latência entre 90 e 500ms, são considerado potenciais de longa latência. A seguir, veremos uma figura ilustrada: Figura 3. Exemplo. Potenciais gerados no cortex cerebral Fonte: Imagem retirada do artigo: Potenciais evocados auditivos de longa latência: um estudo comparativo entre hemisférios cerebrais. Ana Claudia F. Frizzo, Renata P. C. Alve, José F. Colafêmina. (2001). Finalisando este capítulo a ultima imagem ilustra de forma bem completa praticamente toda via auditiva, mostrando os pontos de cada onda referente a cada parte do sistema auditivo. Confere para a curta, media e longa latência. 13 CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA│ UNIDADE I Figura 4. Exemplo do Sitema Auditivo. Fonte: Imagem cedidas pelo Dr. Foreyd e pela Dra. Pimentel, do IPO para o trabalho Latências medidas em seres humanos e correlações funcionais e anatómicas. Silva. A. Batista. J, Carvalho.V. 1998. Disponível em: <http://kdataserv.fis.fc.ul. pt/~jbatista/biofisica/potenciais/potenciais.htm>. Até aqui falamos de potênciais, ,contudo no mundo há muitos outros nomes que podem ser usados. Neste conteúdo vou sempre me referir a Potenciais Auditivos de Tronco Encefálico ─ PEATE, pois acredito que seja a mais correta, uma vez que BERA significa Braistem Evoked Response Audiometry, uma sigla em inglês. Ainda podemos encontrar muitas outras siglas: BSER (Brainstem Evoked Response), BAEP (Brainstem Auditory Evoked Potential), BAER (Brainstem Auditory Evoked Response) e mais internacionalmente reconhecida é a ABR (Auditory Brainstem Response). Como foi o primeiro registro elétrico do nervo auditivo? Pois pasmem, o grande ajuste foi um gato. Pois, em 1930 James W. Hall III e H Gustav Muler III, colocaram um eletrodo no nervo auditivo do animal, a um amplificador e a um receptor de telefone. O som aplicado ao ouvido do gato era fielmente reproduzido pelo receptor. Isso foi camado de microfonismo coclear. Esta descoberta ainda deu origem à eletrococleografia. 14 CAPÍTULO 2 Protocolo de realização do exame Antes de falar de protocolo existem algumas considerações importantes para realizar um bom exame: » Leia atentamente o manual do seu equipamento, pois cada fabricante possui peculiaridades e indicam algumas normas segundo os testes e pesquisas realizadas antes da comercialização, o que pode deixar o seu exame mais fidedigno. Desta forma, o uso dos parâmetros utilizados acaba sendo mais adequado. » Não se esqueça de um bom e efetivo aterramento, pois uma atenção especial deve ser dada ao aterramento elétrico do sistema utilizado para a avaliação do potencial. Para que um sistema de energia elétrica opere corretamente, com adequada continuidade de serviço, desempenho seguro do sistema de proteção e, mais ainda, para garantir os limites (níveis) de segurança pessoal, são fundamentais algumas observações. A falta de tal sistema poderá causar a inviabilidade do registro com o aumento dos ruídos e, ainda, a queima do equipamento. O aterramento deve ser realizado com uma ou mais hastes metálicas, normalmente de cobre, inseridas diretamente no solo, com comprimento entre 1,5 e 3 m. Uma boa regra para agruparem-se hastes é a da formação de polígonos: um ou dois metros de lado, quanto maior o número de barras, mais próximo a um círculo e mais eficiente será o sistema. Algumas vezes, é necessário o tratamento químico do solo, com carvão ativado e sal, conforme a resistência final. Por fim, o valor da resistência entre o neutro e o terra deve atender às condições de proteção e de funcionamento da instalação elétrica. Conforme orientação da Associação Brasileira de Normas Técnicas ─ ABNT. » Evite outros equipamentos elétricos próximos, pois estes equipamentos podem gerar ruído, e até mesmo dar alguma interferência na qualidade do exame. » Explique bem todos os detalhes da realização do exame ao paciente, pois em muitos casos os pacientes não relaxam, rangem os dentes e é necessário interromper o exame para explicar. Além disso, pode ficar um exame mais difícil e um traçado mais ruim para o fonoaudiólogo analisar. 15 CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA│ UNIDADE I »Acomode o paciente em uma cadeira o mais confortável possível, pois isto facilitará o relaxamento do paciente, para que o exame ocorra com traçados mais limpos e bonitos. » Uso de cabine acústica é opcional, pois se a sala for em um ambiente silencioso a cabina não é necessária. » Assegure que o local do exame não tenha ruído, pois este interfere não só no relaxamento do paciente como na qualidade e execução do PEATE. » É necessário o uso do protocolo padronizado para que os parâmetros de avaliação sejam controlados. Segue alguns desses parâmetros que deverão ser ajustados: › Filtragem: o filtro passa alto pode ser de 30Hz até 100Hz, e o filtro passa baixo, de 2500 até 3000Hz. O que importa é saber que estes valores devem ser selecionados, quando o equipamento permitir, por determinação de protocolo a ser utilizado em sua prática diária. Ou seja, você vai fazer isso nos primeiros exames, depois ele será mantido, pois qualquer mudança nos filtros pode modificar a morfologia da onda. › Janela: é o tempo em milissegundos em que a resposta vai ser promediada, podendo ser de 10ms a 20 ms. Pois estes parâmetros estabelecidos nos garante que o exame foi feito nas melhores condições de relaxamento muscular, consequentemente com resultados mais precisos. Já em crianças menores de dois anos ou até mesmo em prematuros, sugere-se janela de 15ms a 20ms, principalmente em pesquisa de limiares. › Tipo de estímulo: o estímulo mais utilizado é o clique de 100us. O tone burst de 500Hz, 1000Hz e 2000Hz pode ser usado nos casos que não respondem ao clique e se suspeita que a audição nas frequências graves possa ser melhor. › Taxa de apresentação: utiliza-se uma taxa que pode variar de 13 pulsos por segundo a 20 pulsos por segundo, podendo chegar até um pouco mais que 30 pulsos por segundo. › Polaridade: o clique pode ser apresentando na sua fase de condensação (positivo), de rarefação (negativo) ou alternada (positivo e negativo). O tipo de polaridade escolhida terá influência nas latências dos componentes registrados. Desta forma, o exame deve ser realizado com a mesma polaridade do estímulo com o qual se definiu o padrão de normalidade do equipamento que está sendo utilizado. 16 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA Figura 5. Tipos de cliques, com as polaridades alternadas, condensadas e rarefeitas. Fonte: Souza Piza et al., 2006. Viu o por que daquela dica, de ler bem antes o manual de seu equipamento? › Velocidade de apresentação: A velocidade de apresentação do estímulo acústico, devido ao fenômeno da adaptação, tem relação com latência e a amplitude das respostas do PEATE, ou seja, quanto maior a velocidade de apresentação, maior a latência e menor a amplitude das ondas. Sugere-se que até 20 estímulos por segundos pode ser utilizado sem provocar muita alteração. › Tipo de apresentação: Monoaural. › Transdutor: Fone de inserção ou supra-aural. 17 CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA│ UNIDADE I Segue alguns modelos de equipamentos de PEATE. Figura 6. Equipamento Eclipse, fabricado pela interacoustcs. Figura 7. PEATE contronic, fabricação nacional. Fonte: Interacoustics. Disponível em:< http://www.interacoustics.cn/com_en/pages/product/abr/_index.htm?prodid=60884 >. Após todos os parâmetros estabelecido o equipamento está apto a ser utilizado. Iremos então dar continuidade no processo de realização do exame. Iniciaremos com a preparação da pele, pois esta é fundamental para um bom contato. Deve ser usada uma pasta abrasiva para remover sujeira, oleosidade e células mortas. Você sabia que não se deve usar álcool e éter? É muito comum ver em laboratórios os línquidos, principalmente o álcool, do qual não é aconselhável, uma que vez que tais produtos ressecam a pele. O contato entre o eletrodo e a pele é verificado pela medida de resistência da pele a um fluxo de corrente elétrica aplicada a um eletrodo e captada em outro. Isso é chamado de impedância. Na maioria dos equipamentos esta verificação de impedância dos eletrodos podem e devem ser verificadas antes de dar início ao exame. O próximo passo será montar os eletrodos no paciente. Existem duas maneiras de montar, o que vai definir qual usar vai ser o número de canais do seu equipamento. 18 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA No equipamento de 1 canal são apenas três eletrodos, um eletrodo ativo (Cz ou Fz), um eletrodo de referencia ou terra (M1 e M2). No equipamento de dois canais é utilizado quatro eletrodos, devido possuir dois eletrodos de referencia (a1 e A2) para um ativo. E o Eletrodo terra é fixo. A seguir, você poderá ver a posição de cada um na imagem. Figura 7. (10-20 international system, 1958). Fonte: Souza; Piza; Alvarenga; Cóser, 2008. Após a colocação dos eletrodos, vamos avaliar o objetivo da avaliação auditiva, podendo ser: » Pesquisa de integridade das vias auditivas. Para esta deverá ser usada uma intensidade alta, geralmente 80 ou 90dBNA para verificação de presença de onda V. » Pesquisa do limiar eletrofisiológico. Para este, é aconselhável utilizar o estímulo Tone Burst, uma vez que ele possibilita testar a banda de frequência de 500 ,1000, 2000 ou 4000Hz. » Determinação do tipo de perda auditiva. Para este, é necessário analisar as latência das ondas em 80dBNA. Para perdas condutivas o PEATE também pode ser realizado por vibrador ósseo, permitindo a comparação dos limiares eletrofisiológicos por via óssea e por via aérea. Além disso, o PEATE via óssea também é uma solução nos casos de atresia de conduto, ou outros tipos de má formação que comprometa o conduto auditivo. 19 CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA│ UNIDADE I Figura 8. A posição do vibrador, o eletrodo e uma orelha com má formação. Fonte: Souza; Piza; Alvarenga; Cóser, 2008. Como no exame de audiometria Liminar, o mascaramento deve ser usado quando necessário, no entanto os valores de atenuação são maiores que aqueles encontrados na prática da audiologia, pois na audiometria a atenuação interaural é utilizada 40dB NA. Nas respostas evocadas tem o valor de 65dB NA. 20 CAPÍTULO 3 Neurodiagnóstico Muitas medidas de PEATE podem ser usadas com propósito neurodiagnóstico. Cada medida pode fornecer informações únicas; no entanto, algumas medidas são claramente mais sensíveis e confiáveis do que outras. Medidas de latência dos picos das ondas do PEATE tem excelente potencial disgnóstico. As três medidas de latência mais frequentemente examinadas incluem: a latência absoluta da onda V, a diferença da latência interaural entre as orelhas da onda V, e as latências interpicos entre as ondas I e II; I e V; III e V. Mesmo com as medidas interpicos é importante enfatizar que a história clínica apresentada pelo paciente será determinante para definição das condutas a serem adotadas. Para sujeitos normais as latências absolutas das ondas I, III e V podem variar consideravelmente. Porém, a latência interpicos I─III e III─V são aproximadamente 2ms, e a latência interpicos de I─V geralmente é de 4ms. A latência intericos estaria alterada se exceder 2,4ms e a latência interpicos I─V fosse maior que 4,4ms. A diferença interaural entre as ondas V das duas orelhas geralmente é menor que 0,3 ms, quando maior pode-se pensar em alguma patologia retrococlear. Tabela 1. O padrão de normalidade dos valores de latência e interpicos, em milissegundos, do PEATE, de acordo com a idade gestacional, proposto pelo manual do equipamento Sistema Portátil Traveler Express-Marca Biologic. Idade gestacional (semanas) Onda I Onda III Onda V Interpicos I-III Intepicos III-V Interpicos I-V 33-34 1.779 4.642 7.054 2.863 52.411 5.274 35-36 1.779 4.629 7.019 2.848 2.390 5.24037-38 1.741 4.544 6.939 2.803 2.345 5.171 39-40 1.718 4.422 6.816 2.704 2.379 5.090 41-42 1.691 4.435 6.687 2,741 2.242 4.996 43-44 1.652 4.302 6.532 2.650 2.210 4.882 Fonte: Bevilacqua et al., 2011, capítulo de Matas e Magliaro, pág 184. 21 Tabela 2. Podemos ver o padrão de normalidade dos valores de laência e interpicos em ms, do PEATE com faixa etária (meses), proposto pelo manual do mesmo equipamento anterior. Idade meses Onda I Onda III Onda V Interpicos I-III Interpicos III-V Interpicos I-V 3-6 1,594 4.117 6.253 2.523 2.128 4.653 6-9 1.592 4.008 6.101 2.416 2.082 4.502 9-12 1.592 3.905 5.899 2.313 1.992 4.306 12-15 1.593 3.906 5.913 2.313 2.006 4.320 15-18 1.578 3.836 5.845 2.258 1.999 4.252 18-21 1.551 3.810 5.736 2.259 1.992 4.182 21-24 1.572 3.740 5.712 2.168 1.959 4.140 24-27 1.532 3.810 5.711 2.278 1.912 4.197 27-30 1.588 3.687 5.602 2.099 1.915 4.015 30-33 1.558 3.768 5.675 2.210 1.904 4.117 33-36 1.557 3.728 5.678 2.171 1.937 4.121 Fonte: Bevilacqua et al, 2011, capítulo de Matas e Magliaro, pág 184. A diante iremos observar alguns tipos de respostas que os potenciais auditivos podem ser correlacionados: Quadro 2. Potenciais Auditivos. Condutiva » Aumento da latência absoluta de todas as ondas; » Latência interpicos I–V normais; » Limiar eletrofisiológico moderadamente elevado. Coclear » Latência absoluta de ondas I,III e V normais; » Latência interpicos normais; » Limiar eletrofisiológico elevado. 22 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA Retrococlear (indicativos) » Latência interpicos I-V aumentada; » I-III e III-V prolongadas; » I-V aumentada à custa de I-III; » I-V aumentada à custa de III-V; » Presença somente da onda I; » Ausência de todas as ondas com limiar melhor que 60Db; » Falta de replicabilidade; » Latência interpico I-V ou absoluta da onda V maior que 0,3ms; » Amplitude da onda V menor que da onda I. Latência interpico I-V aumentada. Amplitude de onda V menor que da onda I. 23 CAPÍTULO 4 Indicações clínicas São inúmeras as aplicações clínicas do PEATE, segue a baixo algumas delas: » Diagnóstico de surdez infantil: o PEATE está a cada dia mais presente do diagnóstico infantil, uma vez que a Triagem auditiva no país se tornou uma realidade, por meio de leis e diretrizes que regulamentam isso. No entanto, sabe-se que a TAN ainda tem um número de adesão e de retorno deficitário, o que pode tornar o diagnóstico de surdez tardio. Nos protocolos de diagnóstico de surdez infantil sugerido pelo COMUSA e JCIH o PEATE (RAEE) e as EOA são ferramentas indispensáveis para o diagnóstico médico final e para a reabilitação de casos de crianças deficientes auditivas. Entretanto, um importante diferencial do PEATE é a sua capacidade de avaliar a integridade neurofisiológica das vias auditivas do tronco encefálico, constituindo-se uma informação adicional obtida durante a pesquisa dos limiares eletrofisiológicos. » Checagem dos limiares psicoacústicos: a checagem dos limiares auditivos geralmente usados em caso de simulação de perda auditva, costuma ser eficiente, uma vez que ao utilizar-se de estímulos Tone Burst obteremos limiares de 500 a 4000Hz, porém vale lembrar que os limiares eletrofisiológicos não se equivalem aos limiares psicoacústicos, sendo, na maioria das vezes, superiores a eles. » Diagnóstico de lesões retrococleares: O PEATE é capaz de diferenciar alterações cocleares daquelas do VIII nervo, mostrando sensibilidade para o disgnósticos de schwannoma vestibular e outros tumores de fossa posterior, como meningiomas, doenças neurovegetativas, como esclerose múltipla e anomalias vasculares entre outras. (COSTA; SOUSA et al.,1995; SOUSA; PIZA et al.,1995) Na figura 8, podemos observar as porcentagens de PEATE anormais para desordens selecionadas do nervo auditivo e do tronco encefálico baseada em vários estudos publicados, por Musiek e Baran,1991. 24 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA Fonte: Tratado de audiologia de 1999, capítulo 24, página 355, escrita por Musiek et al » Diagnóstico da doença de Ménière: o PEATE tem auxiliado no diagnóstico de Ménière, uma vez que tal doença pode simular uma lesão retrococlear. Souza; Pizza et al., (2002), ainda dividiram os achados do PEATE em 3 tipos. › Tipo 1: latência da onda V da orelha afetada menor ou igual a latência da onda V da orelha contralateral, caracterizando recrutamento eletrofisiológico. › Tipo 2: presença de atraso da latência da onda V na orelha afetada sem ultrapassar os valores preconizados por Selters e Brackmann para lesão coclear (SELTERS; BRACKMANN,1977). › Tipo 3: presença de atraso em monoblocos das latências das ondas I,III e V da orelha afetada quando comparada com a orelha contralateral. » Estadiamento do coma e diagnóstico da morte encefálica: O PEATE também tem sido utilizado para monitorar o estado de coma e no diagnóstico da morte encefálica. O exame de PEATE tem várias vantagens, pois além de não se invasivo tem uma excelente confiabilidade e reprodutibilidade mesmo em ambientes eletricamente carregados, como em uma UTI. Souza; Piza et al., (2000) classificaram os registros obtidos nestes casos em quatro tipos. › PEATE tipo 1: esté é o grupo onde se identifica no traçado ondas I,III e V, com preservação de sua morfologia e sincronia. E pode ser notado nitidamente a sobreposição das ondas. › PEATE tipo 2: se caracteriza pela degeneração da morfologia do traçado, com dificuldade da identificação das ondas I, III e V. 25 CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA│ UNIDADE I › PEATE tipo 3: há ausência completa de sincronia do elemento neural, restando, porém atividade elétricas representada por consideráveis deflexões aleatórias da linha de base, ou pode aparecer somente a onda I. › PEATE tipo 4: isoelétrico absoluto (silêncio elétrico). Figura 9. Visualização dos quatro tipos de registros, de uma forma mais didática. Fonte: Classificação dos traçados do PEATE em como* Segundo Sousa e colaboradores, 2007. Os autores desta classificação em suas pesquisas ainda observaram que os pacientes que obtiveram classificação 1 e 2, embora muitos foram a óbito, ainda na maioria deles receberam alta da UTI, os de classificação 3, somente 1 recebeu alta da UTI e os de classificação 4 todos, sem exceção evoluíram para óbito. Monitoramento do tronco encefálico em cirurgia cardíaca Durante cirurgias cardíacas, é comum a necessidade de induzir uma hipotermia profunda e paradas circulatórias total, durante o procedimento cirúrgico, assim o cirurgião tem a possibilidade de trabalhar mais rapidamente por contar com um campo circulatório de sangue, pois a hipotermia profunda protege o sistema nervoso central dos efeitos deletérios do período de anóxia que ocorre durante a parada cardíaca total, quando se interrompe a perfusão cerebral. 26 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA O PEATE então, por ser um método objetivo na aferição do perfil eletrofisiológico de tronco encefálico, e não sofre influência por hipotermia moderada e nem sofre influência sob altas doses de depressores do sistema nervoso central, se torna uma ferramenta de extrema importância nessas situações, pois é o único método disponível para acessar a integridade funcional do tronco encefálico, já que, em virtude das altas doses de medicamentos depressores do sistema nervoso central, os anestesistas, neurologistas e intensivistas não tem acesso a informações sobre a recuperação funcional do tronco encefálico. Pesquisa do microfonismo coclear O microfonismo coclear vem sendo utilizado para diferenciar e auxiliar no diagnóstico de neuropatia auditiva. O PEATEpor meio da presença de microfonismo coclear demostra a funcionalidade das células ciliadas externas, principalmente nos casos em que não há o registro das Emissões Otoacústicas (RANCE; BEER et al., 1999). Apesar de não haver estudo preciso quanto à amplitude das ondas geradas, que caracterizam o microfonismo coclear, pode-se falar que no indivídio com neuropatia auditiva a onda apresenta-se aumentada. No entanto, é preciso difrerenciar o artefato elétrico gerado pelo transdutor do verdadeiro microfonismo coclear. Para isso, é necessário utilizar duas técnicas. » Tecnica 1: primeiramente é obtido com clique de polaridade simples, condensação, seguindo de rarefação. Será possível notar a inversão dos picos de acordo com a polaridade. Logo após, é feito a clampagem do tubo do fone de inserção e repetida a pesquisa o PEATE com polaridade simples. Se o registro permanecer é o artefato do registro, já se com a clampagem do tubo desaparecer o registro, confirma-se microfonismo coclear. » Técnica 2: Kumagami; Nishida et al., (1982) mostrou que os limiares normais é em torno de 50dBNA, assim qualquer registro obtidos em intensidade inferiores a essa sugere microfonismo acústico e efeito de eletromagnético dos eletrodos com o transdutor. Contudo, as intensidades de 80dBNA a 90dBNA apresentará uma diminuição da amplitude no microfonismo coclear. Esta diminuição não pode ser observada em outras intensidades, além disso, não ocorre mudança de latência dos picos em função da intensidade. 27 CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA│ UNIDADE I Por fim, vale ressaltar que é muito importante considerar que todos esses procedimentos são fisiológicos e não auditivos o que nos leva a ter cuidado em não definir um diagnóstico de neuropatia auditiva os considerando apenas, pois há todo um contexto a ser analisado, como piora de percepção da fala com ruído competitivo, respostas inconsistentes na audiometria e queixas características. Quadro 3. As aplicabilidades do PEATE em crianças, adultos e aplicações noeurológicas. PEATE na criança » Determinação do limiar; » Topodiagnóstico da deficiência auditiva; » Auxiliar no processo de protetização; » Neonatologia e puericultura: maturaçãoo do sistema auditivo, hiperbilerruminemia, neonato com indicador de risco. PEATE no adulto » Topodiagnóstico de DA; » DA funcional; » Neurologia; » DA Unilateral; » DA bilateral assim étrica; » Baixa descriminação de fala e reflexos acústicos ausentes. Aplicações neurológicas de PEATE » Tumores de fossa posterior; » Esclerose Multipla; » Evolução do coma; » Determinação da morte cerebral; » Monitorização de procedimento cirúrgico. Figura 9. É possível visualizar imagens de PEATE com L I-III - tronco baixo – neurinoma LIII-V - tronco alto - AVE de tronco encefalico e LI-V/ LIII-V - difuso - doenças degenerativas. Abaixo, exemplos de comportamento dos intervalos interpicos do traçado do BERA nas lesões retrococleares. Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-72992007000300020 28 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA Caso 1: (Retorado de Rodrigues GRI, Fichino SN, Lewis DR, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n6/131-09.pdf> . Criança do sexo feminino, 1 ano e 10 meses, com história de nascimento prematuro, baixo peso, necessitando ficar na UTI por mais de sete dias e ingestão de ototóxicos; Foram realizadas as avaliações utilizando-se o PEATE-clique com pesquisa de MC, registro das EOA por estímulo transiente e produto de distorção, e avaliação audiológica tonal por via aérea e óssea realizada por meio da técnica da Audiometria de Reforço Visual (VRA). Baseando-se nestas informações e nas imagens a baixo, como você fecharia este caso? Resultado do VRA Resultados das EOA Tansientes e Produto de distorção 29 CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA│ UNIDADE I Resultados do PEATE clique com pesquisa de Microfonismo. * Resposta: A presença do microfonismo coclear nos remete a uma criança neuropata, porém neste caso o VRA foi possível constatar uma perda auditiva coclear, nos mostrando a importância de uma avaliação completa, sendo a audiometria ainda considerada o padrão ouro para o diagnóstico de deficiência auditiva. Caso 2: (obtido Libia Camargo Ribeiro Leite; Maira de Victor Francisco; Sinésio Grace Duarte; Cristiane Fregonesi Dutra Garcia; Samanta Natália Bizinoto,2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S1516-18462013000400034>. Analisando a imagem a seguir, podemos concluir que: » Morfologia alterada, sendo o registro A6 (orelha direita) melhor que A3 (orelha esquerda); » Replicação alterada para ambos os registros, sendo A4 para orelha esquerda e A8 para orelha direita; » Latência absoluta das ondas I, III, V, com valores adequados para ambos os registros; » Latência interpico dos intervalos I-III, III-V, I-V, com valores alterados para ambos os registros; » Amplitude da onda I maior que onda V para ambos os registros; » Comparação interaural das ondas V com valor de 0,16 mseg, o que não indica comprometimento retrococlear. 30 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA Qual seria o provável resultado? * O resultado do exame indica atividade de condução do estímulo elétrico preservada, porém comprometida, conforme descrição acima. Estes achados sugerem pior prognóstico, confirmados pelo óbito do paciente. Caso 3: observam-se a presença das ondas I, III e V com latências médias de 1,50, 3,50 e 5,50 ms, respectivamente. O intervalo entre elas é de 2,0 ms para I-III e II-V e de 4,0 ms para o I-V. A diferença entre as ondas V de um lado e outro intervalo V-V é de 0,2 ms. Estes valores se referem aos indivíduos com dois anos de idade, em resposta ao clique de 80 BNA. Baseando-se nestas informações e na imagem a seguir, qual seria o resultado deste PEATE? *Limiares auditivos normais Para finalizar este modelo gostaria de lembrar que mesmo o PEATE seja um instrumento objetivo para avaliar a audição, ele não tem como finalidade substituir o procedimento audiológico de rotina, e sim complementa-lo. Sendo assim a Audiometria tonal liminar continua sendo o padrão ouro para medição dos limiares auditivos e a somatória de informações a respeito do funcionamento da via auditiva proporcionará um diagnóstico audiológico mais preciso e consequentemente, um melhor prognóstico para o paciente. 31 UNIDADE IIEMISSÕES OTOACÚSTICAS CAPÍTULO 1 Emissões otoacústicas evocadas transietes Neste capítulo, iremos falar de Emissões otoacústicas evocadas, uma prática que veio auxiliar no diagnóstico diferencial da perda auditiva. Uma vez que, este exame informa sobre o funcionamento do órgão de corti e do sistema eferente auditivo, dados que nenhum outro método consegue fornecer. De uma mesma forma feita no capítulo anterior, começaremos com o mesmo questionamento. O que é Emissões Otoacústicas? São sons registrados no conduto auditivo externo, gerados pela atividade fisiológica dentro da cóclea, mas especificamente pela atividade não linear das células ciliadas externas do órgão de corti. As Emissões otoacústicas são muito recentes, embora sua descoberta tenha se dado praticamente em 1940, quando Thomaz Gold percebeu um possível mecanismo não linear e ativo na orelha interna, porém só em 1978 David Kemp retomou a ideia de Gold e descreveu a capacidade da orelha interna receber e produzir sons. Esta capacidade de emitir sons ficou conhecida como emissões otoacústicas. Só então em 1995, o primeiro equipamento de emissões otoacústica foi homologado nos EUA e comercializado pelo próprio kemp, por meio de sua empresa Otodynamics.A seguir, a imagem do primeiro equipamento de Emissões otoacústicas e um equipamento mais atual. 32 UNIDADE II │EMISSÕES OTOACÚSTICAS Figura 10. Equipamento MAICO. Fonte: Munhoz; Coavilla; Silva; Ganança, 2003. As Emissões otoacústicas são respostas de frequência específicas e geradas somente na banda de frequência nas quais as células ciliadas externas estão normais ou próximas do normal. Espontaneamente a cóclea produz sons que podem ser registrados, porém sua utilidade clínica é questionável, uma vez que, ela está presente em 40% a 60% dos indivíduos com audição normal, ou seja, o indivíduo pode ter ausência de EOA e ter audição normal ou qualquer alteração condutiva. A tarefa de amplificação dos movimentos da membrana basilar é realizada pelas células ciliadas externas, por meio das contrações rápidas e lentas, controladas pelo sistema auditivo eferente, que tem o objetivo de auxiliar na seleção das frequências. O som produzido por estas contrações pode ser captado no meato acústico externo e é chamado de Emissões otoaúcticas. O movimento da membrana basilar faz com que os cílios das células ciliadas externas, que estão em contato permanente com a membrana tectória mudem sua posição. Esta mudança abre canais no topo da célula ciliada, que permitem a entrada de potássio no compartimento intracelular e alteram o seu potencial, gerando uma transdução de energia mecânica em elétrica. Este fluxo elétrico é o motor da atividade contrátil da célula ciliada externa e também ativa a liberação de neurotransmissores na região sináptica, (MUNHOZ; COAVILLA; SILVA; GANANÇA, 2003). A contração ativa de um grupo de células ciliadas externas introduz um incremento na vibração de certa faixa de frequência da membrana basilar, determinada pela onda viajante de propagação sonora. Controladas pelo sistema eferente, provido da parte superior do complexo olivar, estas contrações ativas acentuam-se progressivamente na direção da zona de maior ressonância (frequência específica), sendo inibidas na periferia da faixa inicialmente ativada, fazendo com que haja uma contratilidade máxima apenas 33 EMISSÕES OTOACÚSTICAS│ UNIDADE II no ponto de maior contração rápida e lenta, uma induzida preferencialmente pelo potencial transmembrana e outra pelo neurotransmissor da via eferente (MUNHOZ; COAVILLA; SILVA; GANANÇA, 2003). Este aumento da vibração da membrana basilar é tão intensa, no ponto de maior ressonância, que a célula ciliada interna, que não estava em contato com a membrana tectória, pode agora ser ativada. Desta forma, esta amplificação pode transferir para os outros centros superiores as características sonoras, pois as células ciliadas internar, ao inverso das externas, possuem uma rica inervação aferente. A faixa da membrana basilar onde as células ciliadas externas exercem a atividade de amplificação tem de 0,3mm a 0,5 mm. O ponto de maior ressonância promove um tipo de sintonia fina da onda vibratória, dentro de determinadas intensidades sonoras (MUNHOZ; COAVILLA; SILVA; GANANÇA, 2003). A título de conhecimento, um quadro com as principais diferenças estruturais entre as células ciliadas internas e externas. Quadro 3. Diferenças estruturais entre as cálulas ciliadas internas e externas do órgão de corti. Internas Externas 1 fileira 3 ou 4 fileiras 3500 células 12 mil a 20 mil células Sobre a lâmina espiral Sobre a membrana basilar Sem contato com a membrana tectoria Mantem contato com a membrana tectória 95% de sinapses aferentes 5% de sinapses afereantes Não móvel Móvel Rodeada de célula suporte Apoiada no ápice e na base Núcleo central Núcleo na base da célula Forma de garrafa Forma de tubo Camada única de retículo endoplasmatico Multiplas cisternas de retículo endoplasmatico Mitocondrias espalhadas Mitocondrias em todo o perímetro da célula Filbras eferentes da porção latero superior do complexo olivar Fibras eferentes da porção súper-medial do complexo olivar. (MUNHOZ; COAVILLA;SILVA ; GANANÇA ,2003) Ainda como ilustração, para melhor entendimento segue uma imagens onde podemos observar o órgão de corte e as estruturas envolvidas no processo das Emissões otoacústica. 34 UNIDADE II │EMISSÕES OTOACÚSTICAS Fonte: A pele e o sentido do tato. Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/1670961/>. Fica aqui ainda uma sugestão de vídeo do sistema auditivo. Segue o Link: <https://www.youtube.com/watch?v=7yQ4xiQusIE>. De acordo com Kemp 1986, independente do estímulo utilizado, o mecanismo de origem das EOA é o mesmo das células ciliadas externas. As EOA são classificadamente divididas conforme ocorrem na ausência, ou não, de estimulação externa: respectivamente, as EOA espontâneas, estímulo frequência, transientes e produto de distorção. No entanto, os tipos de EOA foram recentemente atribuídos à presença de dois mecanismos cocleares distintos: a reflexão linear (gera EOAT) e a distorção não linear (gera EOADP). Nesta nova abordagem, a divisão baseia-se no mecanismo de geração, e não nos estímulos gerados. Neste capítulo, iremos focar nas Emissões Otoacústicas Transientes. As EOAT são respostas obtidas a partir de breve estimulação da cóclea, utilizando-se de cliques ou tone burst. A estimulação por cliques permite uma ampla estimulação da cóclea, cerca de 300 a 5000Hz. As respostas são analisadas pelo tempo de latência em milissegundos (entre 5 e 20ms), sendo que as respostas de alta frequência tem latência mais curta(surgem primeiro) do que as de baixa frequência e, além disso, o nível de resposta cresce não liarmente, em função do nível de estímulos. Uma característica fundamental das EOAT é a estabilidade por um longo período, além de imprimir uma assinatura única de cada indivíduo, prestando-se assim ao importante papel de monitorar a fisiologia coclear na exposição a elementos ototóxicos, químicos ou físicos. Para situação de triagem, na qual a presença e a ausência das EOAT são críticas o modo não linear é recomendável, pois neste modo, os pulsos são apresentados em grupo de quatro, sendo tr6es pulsos apresentados a 80dbNPS pico equivalente e o quarto pulso apresentando a polaridade oposta a 90dBNPS pico equivalente, que poderia cancelar 35 EMISSÕES OTOACÚSTICAS│ UNIDADE II a soma dos artefatos eletroacústicos dos três pulsos na direção oposta. Entretanto, a emissão dos 10dBNPS extra é não linear e , portanto, poderia reduzir, mas não cancelar, as emissões geradas pela soma dos três pulsos de 80dBNPS (BEVILACQUA et al., 2011). As principais características ao se interpretar o exame são: reprodutibilidade (maior que 50%) e o nível da resposta ser maior que o ruído, na maioria das frequências (relação sinal/ruído de 6 dBNPS para criança 3dBNPS para adultos ) No entanto, os critérios adotados de passa e falha variam consideravelmente entre os programas de triagem. Os critérios de interpretação das EOAT geralmente incluem na análise dos seguintes parâmetros: » intensidade do estímulo (80dBNPS); » janela de análise (12 a 20ms); » estabilidade da sonda (maior que 70%); » nível de resposta geral; » nível de resposta em relação ao ruído; » reprodutibilidade geral (maior que 50%); » número de registros coletados. Tabela 4. Alguns parâmetros de análise para definir a presençaa das EOA de acordo com a faixa etária. Reproditibilidade (%) Relação sinal/ruído (dB) Faixa Etária (anos) Geral 1KHz Demais frequências 1KHz Demais frequências Neonato >_70 >_50 >_70 >_5 >_7 Criança >_70 >_50 >_70 >_3 >_5 Adulto >_50 >_50 _>50 >_3 >_3 Fonte: (SOUZA; PISA; ALVARENGA; CÓSER ,2008). Também é possível visualizar um quadro que mostra alguns padrões de normalidade estabelecida para as EOAT. Tabelas 5 e 6.. Padrões de normalidade Estabelecidospara Emissões Otoacústicas Transientes Evocadas. Frazza,1996. Estabelecido para crianças entre 6 e 10 anos. ECHO 3dB ou mais acima do ruído de fundo REPRO >50% *Em adultos. Fonte: Harris e Probst,1991. 36 UNIDADE II │EMISSÕES OTOACÚSTICAS Mulher (N=20) Homen (N=20) Parâmetros Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Ouvido Direito ECHO (dB) Total REPRO (%) Total STAB (%) 12,49 92,00 94,00 3,46 4,76 4,58 8,74 75,85 88,10 3,07 17,65 12,48 Ouvido esquerdo ECHO (dB) Total REPRO Total STAB 11,68 90,20 93,80 2,80 5,36 4,94 6,72 62,95 92,65 3,30 22,61 4,80 Fonte: (MUNHOZ;COAVILLA;SILVA; GANANÇA, 2003). A seguir, veremos um quadro mostrando a topografia da lesão de acordo com os achados à PEATE e EOA. Quadro 4. Topografia da Lesão de Acordo com os achados da audiometria de tronco encefálico e otoemissões acústicas. Padrão dos testes Topografia Provável da lesão ABR normal EOA presente _______ ABR normal EOA ausentes Cóclea ABR ausente EOA ausentes Cóclea ou via auditiva central ABR ausente EOA presentes Via auditiva central Fonte: (MUNHOZ;COAVILLA;SILVA ;GANANÇA ,2003). Para registrar as EOA basta uma sonda com microfone, não necessita de eletrodos, uma vez que se trata de respostas vibratórias e não elétricas. Aí se dá a importância de um ambiente silencioso para a realização do exame. Os equipamentos estão cada vez menores o que facilita sua locomoção até o paciente, porém é necessário a colaboração do paciente e das pessoas ao redor do ambiente para que o exame possa ser realizado sem ruído. Especificamente, para as EOAT a sonda deve apresentar dois tubos, o transdutor para emitir o estímulo clique ou tone burst e o microfone para captação das mesmas. Como podemos observar a imagem a seguir. 37 EMISSÕES OTOACÚSTICAS│ UNIDADE II Fonte: Sousa; Piza;Alvarenga ; Cóser, 2008 (adaptado de Lonsbury-Martin; Martin,1990) Na realização de exame, alguns equipamentos diferem muito, uma vez que os equipamentos portáteis costumam apresentar pequenos resultados, já os equipamentos mais robustos ou acoplados a um computador, já é possível fornecer mais dados e parâmetros. Figura 11. Exemplificando estes dois equipamentos. Fonte: Imagens retiradas da página: <www.phonakpro.com/br/b2b/pt/products/equipamentos_audiologicos/emissoes_ otoacusticas.html>. 38 UNIDADE II │EMISSÕES OTOACÚSTICAS Alguns cuidados técnicos são importantes para a realização do exame, segue alguns deles: » Otoscopia prévia é fundamental para avaliar a presença de cerume. » A imitanciometria deve ser feita, sempre que possível ser realizada, pois determina as condições estruturais da orelha média. » O ruído durante o exame deve ser baixo. Entende-se por interferentes os seguintes tipos de ruídos: › Elétrico, introduzido no sistema por instalações elétricas inadequadas. › Ambiental, que deve ser o menor possível, no entanto não há necessidade de cabina acústica. › Do paciente; respiração ofegante, agitação e muitas movimentações são fatores que influenciam negativamente a obtenção das EOA. Figura 12. Exemplo de EOAT normal e alterado. Fonte: Imagem disponível em: <http://www.ssc.education.ed.ac.uk/courses/deaf/dfeb09i.html>. 39 EMISSÕES OTOACÚSTICAS│ UNIDADE II Podemos observar na imagem anterior, que na Orelha Esquerda – OE não foi possível observar respostas azuis, acima de zero em nenhuma das frequências, enquanto na Orelha Direita – OD podemos visualizar a resposta em azul, acima de zero em pelo menos quatro frequências. Além disso, no resultado do quadro a baixo pode-se verificar que na OE é sugerido reteste, já na OD é possível confirmar que passou. 40 CAPÍTULO 2 Emissões Otoacústicas Evocadas de Produto de Distorção – EOADP As EOADP é um teste baseado na não linearidade de respostas do ouvido interno. Linearidade de respostas é quando o sistema auditivo responde a um determinado estímulo acústico, mudando apenas sua fase ou sua amplitude, ou seja, quando existe uma forte correlação entre entrada e saída. Não linearidade é quando as senóides de saída não são as mesmas de entrada, ou seja, o sistema auditivo responde de uma forma de onda simples de entrada com uma onda complexa, que se diferencia da inicial em frequência e tempo de duração. Este conceito de não linearidade é complementado com outro denominado: combinação de tons. Segundo este, o sistema não linear responde ao ingresso de duas frequências, nele colocadas ao mesmo tempo, com tons harmônicos destas frequências e com a geração de outras novas frequências que combinam as duas introduzidas inicialmente. (MUNHOZ; COAVILLA; SILVA; GANANÇA ,2003). Este é o fundamento das EOADP, que se vale da não linearidade do ouvido interno para avaliar as células ciliadas externas com absoluta seletividade de frequências, dando uma ideia setorizada da vitalidade destas células, ao longo de toda a membrana basilar. Dois tons diferentes, misturados acústica, mas não eletricamente para evitar artefatos, são apresentados ao ouvido interno, que, devido a sua característica não linear, gera novas frequências como resposta, além de harmônicos das iniciais. A resposta obtida é chamada de intermodulação, ou produto de distorção, ou produto de distorção acústica ou ainda diferença cúbica. A capacidade de gerar este tipo de resposta é indicativo da normalidade do ouvido interno. Os computadores têm capacidade de fazer inúmeros cálculos simultâneos, possibilitando uma avaliação das células ciliadas muito externas, até frequência em frequência, porém quanto mais pontos são analisados, maior será o tempo do exame. Dois tipos de protocolo podem ser usados: o de triagem, com menos pontos, portanto mais rápido e o clínico, com mais pontos e mais demorado. Você sabia que as EOADP são mais intensas no sexo feminino e diminuem com a idade? O parâmetro mais usado para aferir a presençaa das EOADP é sua amplitude. Para esta avaliação, o equipamento seleciona o trecho do Fast Fourier Transformation que contém o ruído de fundo e a otoemissão e compara-o com trechos subsequentes que contenham apenas ruído de fundo, de banda larga e igualmente presente em todos 41 EMISSÕES OTOACÚSTICAS│ UNIDADE II os trechos, A EOADP é dita presente quando esta comparação redundar em níveis superiores de energia com relação à amplitude do ruído nos trechos que contiverem as EOA. O nível de intensidade necessária para esta conclusão é variável de método para método e depende dos parâmetros do estímulo, como frequência, nível de intensidade, diferença de nível de intensidade e de separação das frequências. Tabela 7. Frequência Média Desvio-padrão. Foram testados 41 ouvidos de jovens com limiares tonais entre 240 e 8000Hz menores que 15dBNA e com curvas timpanométricas tipo A. 500 PD RF 4.59 -5.88 5.7 3.11 753 PD RF 5.61 -7.73 6.47 2.29 1.006 PD RF 7.20 -8.24 7.74 2.21 1.512 PD RF 6.68 -8.95 6.22 2.59 2.011 PD RF 3.15 -10.63 7.48 3.09 3.023 PD RF 3.63 -11.29 4.92 2.91 4.036 PD RF 4.88 -10.24 6.11 2.67 6.060 PD RF 5.54 -10.1 9.15 3.28 (MUNHOZ;COAVILLA; SILVA; GANANÇA,2003). Tabela 8. Frequência Média Desvio-padrão. Foram testados 41 ouvidos de jovens com limiares tonais entre 240 e 8000Hz menores que 15dBNA e com curvas timpanométricas tipo A. 562 PD RF 4.90 -9.97 4.92 4.33 781 PD RF 11.30 -5.63 5.44 6.08 1.093 PD RF 11.90 -8.23 6.98 4.48 1.562 PD RF 7.90 -11.43 6.97 6.59 1968 PD RF 4.80 -17.03 5.39 3.32 3.093 PD RF 0.60 -22.43 4.503.19 3937 PD RF 8.03 -19.3 5.75 3.72 6.250 PD RF 14.17 -16.6 8.03 3.42 (MUNHOZ;COAVILLA; SILVA; GANANÇA,2003). 42 UNIDADE II │EMISSÕES OTOACÚSTICAS Para registrar as EOADP, é necessário uma sonda com dois transdutores que apresentarão os tons testes que serão misturados acusticamente ─ e não eletricamente ─ para prevenir artefatos elétricos que existiriam caso fosse utilizado apenas um transdutor além do microfone para captar as EOA geradas (ROBINETTE; GLATTKE,2002). Fonte: Sousa; Piza;Alvarenga ;Cóser, 2008 (adaptado de Lonsbury-Martin; Martin,1990). Existem duas formas de registrar as EOADP: » DP-grama (DP gram): plota-se a amplitude das EOA em função das frequências dos estímulos apresentados (audiograma) para uma intensidade constante dos estímulos. Figura 13. Exemplo. Fonte: Sousa; Piza;Alvarenga ; Cóser, 2008. » DP razão de crescimento (DP grow-rate): plota-se a amplitude das EOA em função da intensidade apresentada (resposta/crescimento), mantendo fixa a frequência dos dois tons puros, ou seja, há aumento sistemático nas intensidades dos tons primários. Segue exemplo. 43 EMISSÕES OTOACÚSTICAS│ UNIDADE II Figura 14. Exemplo. Fonte: Sousa; Piza;Alvarenga ; Cóser, 2008. Para ambos os modelos de EOADP apresentados considera-se alteração coclear quando a resposta estiver ausente (a baixo do ruído) aqui representado pelo vermelho, ou presente, porém fora dos níveis considerados normais. Pesquisas realizadas com EOADP revelaram que este tipo de emissões pode estar presentes em perda auditivas de grau leve a moderado de até 50dB. Por isso, esta não é utilizada para a triagem auditiva neonatal. Segue o link com um vídeo mostrando como é feito as EOA em um bebê. Disponível em: <http://portaldosbebes.fob.usp.br/portaldosbebes/Portugues/ detInstitucional.php?codcategoria_site=1&codinstitucional_fono=8>. 44 CAPÍTULO 3 Indicações clínicas e registro das EOA nas alterações auditivas As aplicações clínicas das EOA são variadas, destacando sua utilidade na triagem auditiva neonatal, e no diagnóstico diferencial da perda audtiva neurossensorial. Além disso, evidências de que estágios precoces da maioria das perdas auditivas neurossensoriais estariam relacionadas à resposta mecânica coclear reduzida potencializaram o uso das EOA na monitoria da fisiologia coclear durante a exposição a diversos agentes ototoxicos a ao ruído. Mais recentemente, estudiosos têm investigado a possibilidade de avaliar o sistema olivococlear, por meio da supressão das EOA. Desta forma podemos dividir as principais aplicações da EOA, em: » CRIANÇAS › triagem auditiva neonatal; › triagem auditiva escolar; › avaliação pediátrica; › monitoria da função coclear no uso de agentes ototoxicos (aminoglicosideos, vancomicina, furosemida, cisplatina, carboplatina, quinino); › diagnóstico de neuropatia auditiva. » ADULTO › diagnóstico diferencial da perda auditiva de origem coclear da retrococlear; › identificação das neuropatias auditivas; › auxiliar a identificação de perda auditiva funcional; › auxiliar na indicação do implante coclear; › zumbido; › perda auditiva súbita; 45 EMISSÕES OTOACÚSTICAS│ UNIDADE II › monitoria da audição; › na exposição a agentes ototóxicos (quimioterapia, aminoglicosídeos, substâncias químicas); › na exposição a música e a Ruído; › durante processo cirúrgico da orelha interna; › na evolução da hidropsia endolinfatica (ou doença de meniere). A seguir, iremos comentar o registro das EOA nas alterações auditivas: » Perda auditiva condutiva: Existem diversos estudos mostrando que quando há alteração funcional das estruturas das orelhas externa e média, pode-se observar ausência ou alterações no registro de qualquer tipo de EOA, mesmo com funcionalidade normal das células ciliadas externas. É por isso, que na Triagem auditiva neonatal é aconselhável realizar as EOA após 48 horas de vida o recém nascido, pois a presença do vernix na orelha externa, pode ausentar o registro das EOA. Um estudo realizado por Couto, Mota e carvalho, 2009, tinha o objetivo de investigar a influência de ressonância da orelha externa e da orelha média na resposta das Emissões otoacústicas e concluíram que os níveis de resposta das emissões otoacústicas transientes e produto de distorção não são influenciadas apenas pela ressonância da orelha externa e da orelha média. » Perda auditiva sensorial: as EOA são exclusivamente produzidas na células ciliadas externas, logo qualquer alteração coclear que atinja esta células, haverá alteração no resultado do procedimento. » Perda auditiva neural: na análise das EOA, o clínico deve sempre se lembrar que pesquisa-la não é um teste da função auditiva, mas um procedimento que reflete a atividade pré-neural na cóclea. Dessa forma, é possível encontrar EOA associadas à perda auditiva de diferentes graus demostrada pela audiometria tonal liminar, como no caso de alterações do nervo coclear e/ ou estruturas centrais. Caso 1: Paciente adulto, 24 anos de idade com diagnóstico de neuropatia auditiva. A queixa trazida pelo paciente foi dificuldade de compreensão de fala. Foi realizada uma bateria de exames que os resultados mostrariam. Curvas timpanométricas tipo A, com reflexos acústicos contra e ispilaterais ausentes. Perda auditiva: 46 UNIDADE I │CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA SRT e IPRF: EOAT: 47 CONCEITOS E FUNDAMENTOS EM NEUROFISIOLOGIA│ UNIDADE I EOADP: De acordo com estes resultados e com as imagens das EOAT e DP, você me diria que este paciente possui as EOA presentes ou ausentes, na transiente, no produto de distorção ou em ambas, e em quais orelhas? * Observou-se presença de Emissões Otoacústicas transientes e por produto de distorção bilateralmente. Caso 2: Assinale a alternativa que preenche correta e repectivamente as lacunas. A cóclea é um dos órgãos mais complexos do organismo. Sabe-se que as ________ exercem a função de amplificar a vibração da _______ e permitir que as ________ sejam ativadas, levando o estímulo ao ______, e a função de protegê-las diante de estímulo intensos, interrompendo o elfeito estimulador. Células ciliadas internas / membranas basilar / células ciliadas externas / vervo auditivo. Células ciliadas externas / membranas tectórias / céluas ciliadas internas / córtex auditivo. Céluas ciliadas externas / membranas basilar / células ciliadas internas / nervo auditivo. Células ciliadas internas / membranas tectórias / células ciliadas internas / córtex auditivo. * Resposta C é correta. Caso 3: Sobre os vários procedimentos audiológicos utilizados para a avaliação da audição, analise as seguites proposições: 48 UNIDADE II │EMISSÕES OTOACÚSTICAS I. A imitanciometria é um procedimento que pode verificar existe um problema com a orelha média, devido aos quadros infecciosos conhecidos como otites. Outra informação possível de ser obtida neste procedimento é se o som está sendo percebido pela cóclea e se esta sensação está sendo transmitida corretamanente na via auditiva central, um vez que o reflexo do músculo existentes na orelha média irá acontecer sempre que a sensação som for intensa. II. Emissãoes Otoacústicas – EOA é um exame que não determina o limiar auditivo, demostra a integridade funcional da cóclea, especificamente das células ciliadas externas. III. Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico – PAETE é um exame que pode verificar se a criança tem a sensação do som na cóclea e se há transmissão do mesmo no nervo auditivo e na via auditiva centra. Está correto o que se afirma em: a. II, somente. b. III, somente. c. I e II, somente.d. II e III, somente. e. I, II, e III. * Resposta correta é a letra E. Caso 4: No diagnóstico diferencial de perda auditiva de origem colear e retrococlear e nas triagens auditivas neonatais, as Emissões Otoacústicas – EOA têm sido um instrumento importante em testes audiológicos. A respeito desse assunto, julgue os itens subsequentes. Espera-se uma discordância entre os resultados da audiometria convencional e EOAT ou EOAPD, em patologias cocleares com predomínio de lesão de células ciliares externas, como na exposição a ruídos, drogas ototóxicas e meningites. ( ) Certo ( ) Errado * Resposta: Errado. 49 EMISSÕES OTOACÚSTICAS│ UNIDADE II Caso 5: No diagnóstico diferencial de perda auditiva de origem coclear e nas triagens auditivas neonatais, as Emissões Otoacústicas – EOA têm sido um instrumento importante em testes audiológicos. A respeito desse assunto, julgue os itens subsequentes. Crianças que apresentam risco para alteração retrococlear, mesmo com EOAT presentes, devem ser avaliadas quato às respostas elétricas de tronco encefálico. ( ) Certo ( ) Errado * Resposta: certo Caso 6: No diagnóstico diferencial de perda auditiva de origem coclear e retrococlear e nas triagens auditivas neonatais, as Emissões Otoacústicas – EOA têm sido um instrumento importante em testes audiológicos. A respeito desse assunto, julgue os itens subsequentes. A amplitude média das EOAT em recém-nascidos, obtida em estudos nacionais e internacionais, situa-se em torno de 20 dBNPS. ( ) Certo ( ) Errado * Resposta: Certa. [Fim do Praticando] [Saiba Mais] Você sabia que o passarinho quando acometido por algum problema auditivo ele para de cantar? Mas isso não é o mais extraordinário! O legal é saber que após aproximadamente 14 dias ele volta a cantar, devido ao sistema auditivo dele ser capaz de regenerar células do órgão de corti. Um dia com os estudos das células tronco quem sabe chegaremos lá. 50 UNIDADE IIIOUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS CAPÍTULO 1 Resposta auditiva de estado estável A Resposta Auditiva de Estado Estável – RAEE é um potencial evocado auditivo repetitivo cujos componentes de frequência mantêm-se constantes ao longo do tempo. A RAEE se diferencia dos demais potenciais pela maneira como é gerado e analisado. A RAEE é obtida apresentando-se um estímulo em um ritmo suficientemente rápido. A velocidade da estimulação não permite que o sistema nervoso volte à condição inicial e esse estímulo específico evoca um ciclo de respostas que se sobrepõe a resposta do próximo estímulo e o sistema nervoso continua a responder. Esta resposta neural contínua é denominada estável. Dessa forma, difere da resposta transiente do PEATE, em que a resposta a um estímulo cessa e não recomeça até a apresentação do próximo estímulo. A apresentação do estímulo para obtenção da RAEE pode ser realizada por meio de transdutores diferentes: » fone de inserção; » fone supra-aural; » vibrador ósseo; » alto falante. A RAEE pode ser evocada por tons contínuos modulados em amplitude e/ou frequências e pela repetição de um sinal transitório com uma velocidade específica. Por meio da RAEE é possível avaliar diferentes frequências portadoras, isto é, frequências que carregam a informação do estímulo, por exemplo, 500Hz, 1000Hz,2000Hz e 4000Hz. Por isso, RAEE vêm despertando o interesse na clínica audiológica pela possibilidade de estimar a audição com a utilização de múltiplos estímulos simultâneos, permitindo 51 OUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS│ UNIDADE III a avaliação das quatro frequências (500, 1000, 2000 e 4000 hz) em ambas as orelhas ao mesmo tempo. Tem-se dessa forma um registro desses potenciais de forma mais rápida, além de mais objetiva, pois nos PEAEE a detecção das respostas é baseada em testes estatísticos e algoritmos, o que reduz os riscos da interpretação subjetiva. (RODRIGUES; ALMEIDA; LEWIS, 2009). Quando um estímulo repetitivo é apresentado à coclea, ele proporciona mais vibração na região correspondente a sua frequência portadora, não contendo energia na sua frequência de modulação. A geração da RAEE na coclea e no nervo ocorre da seguinte forma: 1. a primeira etapa de transdução ocorre nas células ciliadas internas; 2. o estímulo sonoro faz a membrana basilar, e os esteriocílios se moverem; 3. o movimento dos cílios para um lado e para outro permite a despolarização e hiperpolarização das células ciliadas internas; 4. as células fazem sinapses com os dentritos das células ganglionares, gerando o potencial de ação; 5. o nervo auditivo transmite uma versão retificada do estímulo sonoro. (Esta versão do tom modulado em amplitude tem um componente espectral na frequência na qual o tom foi modulado (que não estava presente no estímulo)). Assim, um sinal acústico complexo formado por múltiplos tons ou “frequências portadoras”, por exemplo: 500, 1000, 2000 e 4000Hz, modulados em amplitude, onde para cada tom há uma frequência de modulação específica, estimula diferentes regiões da membrana basilar, isto é, ativa um grupo de células ciliadas para cada uma das frequências portadoras. Os tons modulados são retificados no ouvido interno de forma independente gerando componentes espectrais diferenciados que são representados por uma série de picos, correspondentes às frequências de modulação. Estes componentes, que não estão presentes no conteúdo espectral dos estímulos, são usados para acessar a resposta coclear de cada frequência estimulada. Assim, por meio do registro espectral dos eventos eletrofisiológicos evocados pelos tons modulados em amplitude e da utilização de procedimentos matemáticos na análise das respostas no domínio da frequência, é possível uma identificação clara e objetiva dos PEAEE. Ferraz; Freitas;Marchiori (2002). 52 UNIDADE III │OUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS Figura 14. Respostas do PEAEE caracterizadas por componentes expectrais representados por picos, correspondentes às frequências de modulação. Fonte: Ferraz; Freitas; Marchiore, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =s0034-72992002000400005> . Desta forma, podemos falar um pouco dos parâmetros: » Padrão de modulação do estímulo: a frequência de modulação é a taxa de repetição em que o estímulo é apresentado. A RAEE pode ser obtida por meio de uma extensa faixa de frequências de modulação variando de 10 a 200Hz. » Tipos de estímulos: o estímulo acústico é capaz de proporcionar uma resposta diferente de estado estável, pode apresentar configurações diferentes. Pode ser: › Tom contínuo modulado em amplitude (AM): apresenta mais energia na frequência portadora e região de banda da frequência portadora, mais frequência moduladora e região da frequência portadora. Figura 15. Exemplo. Disponível em: <http://arachnoid.com/JSigGen/>. › Tom contínuo modulado em frequência (FM): afeta a região de estimulação dentro da coclea, torna-se menos específico na frequência de estimulação, porem ajuda a estimular mais células e neurônios proporcionando respostas com maior amplitude. 53 OUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS│ UNIDADE III Figura 16. Exemplo. Disponível em: <http://arachnoid.com/JSigGen/> › Tom contínuo modulado em amplitude e frequência (AM/FM): há uma expansão da energia acústica circulando a frequência modeuladora. A combinação da modulação em amplitude com a de frequência tem efeito dobrado a região de geração da resposta dentro da cóclea. Figura 17. Exemplo. Fonte: Tratado de audiologia, Bevilacqua et.al., 2011. Pela repetição de um sinal transitório com uma frequência de modulação específica. Figura 18. Exemplo. Fonte: Tratado de audiologia, Bevilacqua et.al., 2011. » Parâmetrosde análise: a análise de RAEE são amplitude e a fase da resposta na frequência de estimulação. Os dois principais métodos de detecção das respostas são: › Coerência de fase: avalia a variabilidade da fase na resposta. 54 UNIDADE III │OUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS › Teste F: compara a amplitude da resposta na frequência de modulação às amplitudes das frequências circunvizinhas. » Parâmetros de respostas: as respostas são detectadas comparando a amplitude do sinal e a amplitude do ruído na frequência de modulação e frequência ao redor. As respostas são divididas em sinais maiores que 0.0125uV e ruídos menores que 0.05uV. » Como realizar o exame: › Ambiente com tratamento acústico para evitar mascaramento das respostas. › Estado de vigília (sono) da criança pode influenciar na captação das respostas. › Adultos relaxados em uma poltrona confortável. › Observar atividade eletroencefalográficas e artefatos. › A montagem para o exame é igual a do PEATE clique ou Tones Burst, por isso não vamos nos deter muito nestes detalhes. Segue, novamente, a figura que ilustra a montagem: Aplicações clínicas das RAEE » Estimativa de limiar auditivo por frequência e está associada à predição do audiograma. Segue exemplo: 55 OUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS│ UNIDADE III Figura 19. Limiares auditivos, de ambas as orelhas, obtidos a partir do exame de resposta auditiva de estado estável. Utilizou-se o equipamento CHATR-EP 200/Otometrics. Fonte: Silva; Lopes; Montovani, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 05822013000400550&script=sci_arttext&tlng=pt> . » Avaliar a amplificação de candidatos ao implante coclear. Pesquisas com estímulo de fala vem sendo feitas e demonstrando que esta técnica pode ser promissora para avaliara as habilidades de percepção de fala. Além disso, pode avaliar a audição remanecente, e também auxiliar na escolha de qual orelha realizar o IC. » Auxiliar na programaçãoo de prótese auditiva, pois o RAEE pode avaliara os níveis mínimos de resposta da criança fazendo uso de AASI. Vamos falar agora de alguns estudos que apontam as estimativas dos limiareas auditivos, uma vez que está aplicabilidade clínica está sendo mais usada. A RAEE está presente em intensidades próximas ao limiar de audibilidade. Geralmente, são captadas em torno de 10 a 20dB acima dos limiares comportamentais. Para isso, há muito estudos mostrando esta diferença. A seguir, veremos um quadro que cita algumas pesquisas comparando os Limiares da RAEE com limiares comportamentais (audiometria): Quadro 5. Caracterização dos estudos da correlação entre o limiar eletrofisiológico e o comportamental. Estudo Método Transdutor equipamento Amostra/Idade/perda Coeficiente de correlaçãoo RAEE x comportamental Lins et al.,1996. Estimulação múltipla AM 75 a 11 Hz FP 500, 1000,2000 e 4000Hz. Fone supra audral máster. 10 adoelcentes (13 a 17 anos) Perda auditiva moderada. 0.72; 0.70; 0.76 e 0.91. Perez-Abalo et al., 2001. Estimulação múltipla AM: 95% 77 a 105Hz FP: 500, 1,2 e 4Khz. Fone supra-aural AUDIX. 43 crianças (6 a 15 anos) Perda auditiva neurossensorial moderada a severa. 0.70;0.78;0.82 e 0.77. 56 UNIDADE III │OUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS Stheve; Rounke 2003. Estimulação simples AM: 100% e FM: 10% 67 a 102Hz 500,1,2 e 4K. Fone de inserçãoo ERA 76 crianças (1 a 125 meses) Crianças normais e com perda auditiva. 0.82, 0.90, 0.83 e 0.83. Swanepoel et al., 2004. Estimulação simples AM: 100% e FM: 20% OD: 65Hz OE: 69Hz FP: 500, 1, 2 e 4Khz. Fone de inserção máster. 10 indivíduos (10 a 15 anos) perda auditiva neurossensorial severa a profunda. 0.69, 0.74, 0.68 e 0.58. Han et al., 2006. Estimulação múltiplos tonipipes 77 a 103 Hz FP 500, 1,2 e 4KHz. Fones de inserçãoo Smart-EP. 40 crianças (6 meses a 5 anos) perdas neurossensorial de graus diferentes 0.79, 0.85, 0.89 e 0.85. Duarte et al., 2008. Estimulação múltipla 77 a 103 Hz FP 500, 1,2 e 4KHz. Fone de inserção máster. 48 indivíduos (8 meses a 5 anos) Perdas neurossensorial de graus diferentes. OD: 0.88, 0.93, 0.93 e 0.88 OE: 0.82, 0.87, 0.93 e 0.81 Rodrigues,2009 Estimulação múltipla Tonepipes 77 a 103 Hz FP 500, 1,2 e 4KHz. Fones de inserçãoo Smart-EP. 15 crianças (2 meses a 3 anos) perda neurossensorial. 0.90, 0.93, 0.93 e 0.89. Linares, 2009. Estimulação múltipla Tonepipes 77 a 103 Hz FP 500, 1,2 e 4KHz. Fones de inserçãoo Smart-EP. 23 crianças (1 a 7 anos) perda neurossensorial leve a profunda. OD: 0.87, 0.93, 0.74 e 0.85 OE: 0.83, 0.82, 0.70 e 0.81. Fonte: Bevilacqua et al., 2011, página 208. Quadro 6. Há muitas pesquisas correlacionando também as respostas de RAEE com as respostas de PEATE-FE e PEATE. Vários estudos mostraram correlação, podendo ver alguns deles no quadro a baixo. Estudo Método Equipamento Amostra/Idade/perda Coeficiente de correlaçãoo RAEE x PEATE Steve; Rourke 2003. Estimulação simples AM 100% e FM:10% 67Hz- 102Hz FO 500, 1000,2000 e 4000Hz ERA. 76 crianças (um a 125 meses). RAEE (1000, 2000 e 4000Hz) x PEATE-clique=0.88. RAEE (2000 e 400Hz) x PEATE-clique= 0.89. RAEE (250Hz) x PEATE (250Hz)= 0.90. RAEE (500Hz) x PEATE (500Hz)= 0.70. Firzt et al., 2004. Estimulação simples AM: 100% e FM: 10% 74a 95Hz FP: 500, 1,2 e 4Khz. ERA. 42 crianças (1 a 54 meses). RAEE (2000 z) x PEATE-clique= 0.95. RAEE (4000Hz) x PEATE-clique = 0.95. RAEE (2000 a 4000Hz) x PEATE clique= 0.95. 57 OUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS│ UNIDADE III Rodrigues,2009. Estimulação múltipla Tpnepipes AM: 100% e FM: 10%. 77 a 100Hz. 500,1,2 e 4K Smart-EP. 15crianças (2 meses a 3 anos). RAEE x PEATE-clique= 0.63- 0.70. RAEE x PEATE-FE= 0.77, 0.60, 0.66, 0.50. Linares Estimulação simples AM: 100% e FM: 20% OD: 65Hz OE: 69Hz FP: 500, 1, 2 e 4Khz. 10 indivíduos (10 a 15 anos) perda auditiva neurossensorial severa a profunda. 0.69, 0.74, 0.68 e 0.58. Rodrigues,2009. Estimulação múltipla Tonepipes 77 a 103 Hz FP 500, 1,2 e 4KHz. 15 crianças (2 meses a 3 anos) perda neurossensorial. 0.90, 0.93, 0.93 e 0.89. Linares, 2009. Estimulação múltipla Tonepipes 77 a 103 Hz FP 500, 1,2 e 4KHz Smart-EP. 23 crianças (1 a 7 anos) RAEE x PEATE-clique= OD= 0.87 e 0.80 e 0.89 e OE= 0.87 e 0.83 (2000 e 4000Hz). RAEE x PEATE-FE= OD: 0.90, 0.92, 0.73 e 0.80. OE: 0.93, 0.84, 0.80 e 0.76. Fonte: Bevilacqua et al., 2011, página 211. As pesquisas mostram que os limiares da RAEE e os limiares comportamentais estão mais próximos nas perdas auditivas neurossensoriais de maior grau. Desta forma, vamos falar de alguns estudos e limiares obtidos, separando-os em grupos: » Adulto com audição normal por via aérea: foram encontrados limiares entre 20dB e 40dB, para as frequências de 500, 1000, 2000 e 4000Hz. (LINS et al.; FERRAZ et al.) » Adulto com audição normal por via óssea: foram encontrados limiares entre 8 e 14dB, nas frequências de 500,1000,2000 e 4000Hz. (LINS et al.) » Bebês e crianças com audição normal: os limiares obtidos por Rance e Rickards em um grupo de crianças com idade entre 1 e 8 meses estavam em torno de 30 a 40 dBNA. A seguir, é possível observar no quadro alguns estudos. 58 UNIDADE III │OUTROS EXAMES ELETROFISIOLÓGICOS Estudo Audição normal 500Hz 1000Hz 2000Hz 4000Hz Lins et al., 1996. Neonatos (sala acústica). 45dB +_13. 29dB +_10. 26dB +_8. 29dB +_10. Lins et al., 1996. Neonatos (sala normal). 59dB +_12. 43 dB +_14. 39dB +_12. 40dB +_12. Calil et al., 2006 14 bebês (2 a 19 meses de vida). OD: 14dB OE: 12,2
Compartilhar