Buscar

resumo expandido de sociologia da infancia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ELIVANIA OLIVEIRA BARBOSA
MÁYRA LUISA NOGUEIRA CORREIA
NADJANE BARBOSA
TALITA TALES OLIVEIRA
RESUMO EXPANDIDO DO TEXTO INFÂNCIA DE PAPEL E TINTA
Resumo expandido realizado como requisito parcial avaliativo, da disciplina Sociologia da Infância para o IV semestre do curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias, DCHT Campus XVII. Sob a orientação do Prof. Me. Josevandro Chagas Soares.
BOM JESUS DA LAPA
2017
INFÂNCIA DE PAPEL E TINTA.
RESUMO: As discussões acerca da definição de infância, ora a criança é vista como adulto em miniatura, ora como tábula rasa, são frequentes nas literaturas, dessa maneira, analisamos o texto Infância de papel e tinta de Marisa Lajolo, a fim de compreender essas discussões que permeiam à imagem da criança. Para tanto realizamos uma pesquisa bibliográfica. As considerações encaminham-se para o entendimento do termo infância, uma vez que esta é sempre retratada e definida de fora, deixando de assumir o papel de sujeito. 
Palavras-chave: Infância. Criança. Fragilidade.
INTRODUÇÃO
O texto infância de papel e tinta traz uma reflexão acerca da fragilidade da criança, enquanto sentimento de abandono e menosprezo representado por alguns escritores, poetas e romancistas. De inicio encontra-se a elucidação do significado de infância, nomeado pelos estudiosos, em que a palavra infância se originou do latim Infante, que significa ausência de fala. Por não falar, a infância não ocupa a primeira pessoa nos discursos que a ela se dirige, por isso jamais assume o lugar de sujeito do discurso, sendo sempre definido de fora, sendo assim a ausência da infância nos discursos a torna confinada. Essa representação se dá até que a criança expressa sua voz e na força do grito muda de posição no discurso, passando assim de objeto do discurso para sujeito simultaneamente.
É estabelecido no texto à relação que a autora traz sobre os registros mais antigos e os contemporâneos, sobre infantes e infância, que eram tratadas de maneiras diferentes em determinados períodos e distintos momentos e lugares da história, dentre os dicionários latim, da língua italiana e o webster definem diferentes concepções de infâncias.
INFÂNCIA DE PAPEL E TINTA
Algumas áreas de conhecimento ocupam-se da infância, como psicologia, a biologia, a psicanálise e a pedagogia, são essas disciplinas que possuem mais assiduidade e disposição e proponham resposta para a indagação do que é a infância. Primeiro a criança foi vista como um adulto em miniatura, depois foi considerado como um ser diferente do adulto, posteriormente acreditava-se que criança era uma tábula rasa onde se podia escrever qualquer coisa. Foram através dessas formulações que começaram a circular as diferentes concepções de infância. A oscilação dessas concepções ensina que a vida muda, em contraposição a duração do esforço conceitual ensina que a vida continua.
A partir do que se afirma no texto é possível perceber que a ideias e crenças acerca da infância tem produzido várias contradições, mas construiu para ela uma representação conveniente para os formadores do conhecimento em que essas ideias se adequam às expectativas e circulavam na produção de saberes e causas. Diante dessa reflexão é possível fazer uma análise da capacidade de desenvolvimento entre os diversos tipos de criança, pois aquela que está representada nos romances e poemas se aproxima da mesma que se encontra nos outdoors bem como a que inspira a pedagogia não se difere dessas. Ao se tratar de criança é possível se deparar com uma grande família com que se compõe um álbum de fotografias cujas imagens são constituídas na literatura, isso possibilita uma viagem a outros tempos e lugares com o auxílio dos textos apresentados nos diferentes momentos da literatura brasileira. 
A poesia romântica se ocupou de realizar uma grande construção desta imagem da infância, representada como vidas sem conflitos e manifestando fantasias. O retrato da infância foi demostrado nos versos de Casimiro de Abreu no poema “meus oito anos” em que versa “oh que saudade que tenho da aurora da vinha vida da minha infância querida que os anos não trazem mais” essa versificação traduz o cenário de uma infância que não volta mais e que por sinal desperta o imaginário brasileiro trazendo à tona todo percurso percorrido num passado remoto, tanto que se transformou em clichê e num conjunto empoeirado de metáforas sem que houvesse nenhum preparo para falar de infância. Por essa razão, tal reflexão apresentada nesse poema parece ter desbotado outras infâncias representadas na tradição da literatura brasileira. Nesse sentido, a literatura brasileira apresenta diversas formas de representar a infância, nos surpreendendo com a significativa presença de crianças cuja representação inserida nos versos de Casimiro de Abreu substitui a visão ingênua e idealizada por imagens amargas e duras.
A história em que se representa o texto infância de papel e tinta inaugura-se a partir da carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao Rei de Portugal (1500), relatando sobre a terra recém-descoberta, uma espécie de certidão de nascimento e batismo do Brasil, cujos relatos descreviam a existência dos povos indígenas que já existiam bem como a fauna e flora brasileira, ao retratar a presença de um menino, o remetente faz uma singela apresentação demostrando total desinteresse pela existência da criança, ao tempo em que se admira pelas vestes não se importa com a fragilidade em que o menino expõe seu corpo nu, a infância que se fez presente nos relatos é observada com o mesmo estranhamento curioso com que os descobridores olharam e viram os céus e as árvores do novo mundo, foi apresentada uma imagem fragmentada de criança, relatando a fragilidade descrita na nudez e nos traços insignificantes dos meninos indígenas, surge encoberta e incompreendida a primeira personagem infantil de nossa história, registrando o que poderia vir a ser a história da infância brasileira contada por um adulto e não americano. Os relatos da carta de Caminha inaugurou uma perspectiva que se prolonga e se consolida em representações posteriores da infância, a perspectiva adulta e o apagamento da sexualidade infantil persistem por muito tempo.
Depois de três séculos outra criança invade os textos literários, dessa vez trata-se do romance indianista Iracema de José de Alencar, cuja personagem filho de Iracema “a virgem dos lábios de mel”, uma índia encantadora que apaixonou pelo guerreiro e juntos tiveram uma criança que se depara com um cenário de lutas e confrontos, sendo retirada do seu meio para viver como estrangeiro. No romance essa criança é referida de forma vaga e insignificante, nos relatos aparece Iracema morta, e Martim vai para Portugal levando Moacir o filho deles. No decorrer do texto é retratado o trajeto pelo barco frágil e os riscos corridos pelos navegantes, existindo um contraste entre a pele branca do guerreiro que se distancia do berço das florestas em que Moacir foi originado, porém, se aproximam por ser do sexo masculino, nessa relação existe uma visão natural e animalizada da infância. A realidade retratada no romance apresenta o fato que ocorreu com José de Alencar quando se mudou ainda menino da sua terra natal Ceará, de onde saiu com a família por razões políticas, migraram para o Rio de Janeiro, além disso, a realidade é refletida através da escrita de Alencar ao se referir à viagem do português carregando o filho, cuja situação se assemelha ao exílio de crianças brasileiras que são retiradas de sua terra e do seio de suas famílias para viverem como estrangeiros, sendo adotados por outras paternidades em mundos diferentes e longe do berço original.
Em 1886, percorre na Itália o diário de um menino onde relata episódios vividos por crianças de escola, instrumento importante no processo de unificação do país, trata-se do livro Cuore que em 1891 foi traduzido no Brasil por João Ribeiro, a obra se tornou uma espéciede modelo da literatura infantil, matriz de uma relação estreita entre literatura infantil e diferentes projetos nacionais. Nessa direção, Monteiro Lobato aponta um comentário em 1916 que se preparava para fundar a literatura infantil brasileira moderna, ao tempo em que refere à inadequação entre o livro italiano e o público brasileiro.
As personagens infantis carregam nos ombros a missão de fundar e ou de salvar suas respectivas pátrias, geralmente protagonizam histórias de final feliz, os meninos franceses refazem a vida e casam-se, as crianças italianas terminam o ano escolar perdendo seus preconceitos e convertidos para a unificação italiana enquanto os órfãos brasileiros deixam essa condição no reencontro do pai. A obra de monteiro Lobato é um bom exemplo verde-amarelo de suporte infantil à proposta social, as histórias do sítio do pica-pau amarelo fez um modelo social para o Brasil, o cenário dá à obra infantil de Lobato um papel relevante no projeto de formação, reconstrução ou modernização do país, observa-se como a presença de crianças em obras não infantis de Lobato muda de registro e traz para o seu texto, uma desesperança já assinalada no texto de Alencar.
Nessa perspectiva, surge o conto “Negrinha”, publicado em 1920 em que a protagonista é apresentada por um narrador que perece está em diálogo constante com seus leitores, a história se dá em torno de Negrinha uma pobre órfã de sete anos, preta de cabelos ruços e olhos assustados, a personagem reflete o padrão da orfandade já ressaltada em obras europeias que inaugurou a modernidade política da literatura infantil ocidental. Sempre descrita como Negrinha, diminutivo que representa várias e conceituosas conotações, da afetividade ao menosprezo. A identidade de Negrinha é constituída pela enumeração dos atributos que ela tem, considerada fusca e mulatinha escura são traços que a descreve numa identificação à deriva que se acentua no russo do cabelo, redimindo a um grau zero quando mencionado os olhos sempre assustados. 
A caracterização apresentada à personagem desse conto se estende por inúmeras outras da história, pela descrição percebe-se o desprezo e a fragilidade da personagem, magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados, órfã aos quatro anos é abandonada feito gato sem dono levada a pontapés, observa-se que a criança sofria maus tratos e castigos dos adultos que a tratavam de maneira sub-humana e se justifica pela proximidade com o mundo animal. Nessa personagem lobatiana, há uma caracterização que frisa suas carências e reforça a animalização sugerida somada ao registro da violência de que ela é vitima e que se explica a razão dos olhos assustados mencionados muitas vezes no conto. 
Outro retrato de criança que conecta com os textos já refletidos é esboçado em um poema de Manoel Bandeira que possui uma constante representação negativa da infância inserida nas páginas da literatura brasileira, o poema trata de “Meninos carvoeiros”, cujo se aproxima do conto “Negrinha” no que tange à miséria pobreza e abandono, mas o poema de Bandeira se destaca por enfatizar o trabalho infantil. Embora no final do poema sejam citadas palavras que dizem respeito a brincadeiras realizadas pelos meninos, como apostando corrida, dançando e bamboleando, tais palavras não suavizam a triste realidade do mundo da miséria, uma vez que, o poeta já rompeu de inicio com o distanciamento isento dos primeiros versos com as palavras espantalhos e desamparados. 
A paisagem infantil desenhada pelo poeta é sonorizada na toada de conduzir os animais e multiplica nas figuras humanas pela presença de uma velhinha, mas se uma velhinha é um elemento novo não é nova a aproximação da infância e velhice, essa aliança de extremo tem vida longa na tradição da cultura infantil, já que velhinhos e crianças são seres à margem da produção e os seus tempos também são marginais, a madrugada ingênua dos meninos e a boca da noite da velhinha como se apresentam no poema constitui um tempo intermediário entre dia e noite, tempo improdutivo e intermediário é o espaço em que se movem os figurantes do poema que relata o caminho da cidade, lugar de produção e que por isso não tem espaço para velhos e crianças. 
 Os personagens do texto crianças, burricos e velhinha transitam num emaranhado de sinais de violência e degradação, sendo que na magreza e na velhice os burricos se identificam com as crianças e com a velha, a violência física é trazida pela cena da mesma forma que Lobato relatava no conto “Negrinho”, no poema de Bandeira essa violência começa na menção ao trabalho de menores, o desacerto material desse mundo é retratado ao citar o pão seco encarvoado que os meninos comem, onde é enfatizada a impossibilidade da transposição pretendida do mundo adorável da infância para um desagradável mundo do trabalho.
Uma autobiografia da Escritora Carolina Maria ao tratar do livro Minha Vida, traduz a radicalidade do testemunho e reforça ideias sugeridas pelos contos, poemas e romances constituindo elementos novos para um álbum que registra fatos instantâneos da infância brasileira. Refere-se à história em que a menina tinha medo de ficar sozinha e estava acostumada a ser tratada de Bitita, o que a levou a crer que seu nome era esse, ao ir para escola estranha quando a professora a chama de Carolina Maria de Jesus, ela chorava querendo ir embora para mamar, mas a professora conseguiu convencê-la de que não era mais tempo de mamar e sim de aprender a lição.
Nessa mesma perspectiva Chico Buarque de Holanda escreve a canção “Pivete” que relata a vida dos meninos que trabalham vendendo chiclete no sinal no contraste daqueles que se tornam desocupados e perigosos para a sociedade, pois pratica furtos e atos de vandalismo. A letra da música representa o mundo globalizado da pós-modernidade, onde menores pedem esmola em diferentes lugares, no título já se inscreve a imagem da infância que demostra uma cidade grande cheia de esquinas e com um trânsito conturbado. No comércio clandestino, o pivete é acompanhado nas perigosas esquinas por vultos de ídolos que compram seus sonhos, o que é sonhado materializa sua historicidade global, retrato de um Brasil inacessível, exceto sob a forma do sonho e do desejo. Sonhado no intervalo entre o furto e uma venda, entre um arrombamento e uma pegada de onda, a transição do sonho para a realidade é uma via de mão dupla. Percebe-se que ao embaralhar sonho e realidade, mito e fato, também se embaralham vida e morte do pivete que se mata no carro que ele rouba por não saber dirigir, enquanto se contrasta a luta pela sobrevivência difícil, já antecipada no exilio do filho de Iracema, na morte da Negrinha e na miséria dos meninos carvoeiros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Mediante ao exposto, entende-se que a infância é sempre retratada e definida de fora, deixando de assumir o papel de sujeito. Embora haja representações idealizadas, as quais nos fazem pensar que a infância consiste somente em um período repleto de alegrias, pode-se dizer que por muitas vezes as imagens amargas e duras se fizeram presentes na vida da maioria das crianças de todo o mundo.
REFERÊNCIA:
LAJOLO, Maria. Infância de papel e tinta. In: FREITAS, M.C. (org.) História social da infância no Brasil. Cortez. São Paulo. USF. 1997.

Continue navegando