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01 - Direito das Obrigacoes

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Material Teórico 
Direito das Obrigações 
Introdução, Obrigações, Efeitos 
Profª Marlene Lessa 
 
cod Obrigacoes_1907 
 
 
 
2 
 
 
Introdução 
 
 
O Direito das Obrigações consiste num complexo de normas que 
objetivam regulamentar as relações jurídicas de ordem patrimonial pelas quais 
alguém se obriga a dar, fazer ou não fazer alguma coisa em proveito de 
outrem. De fato, o prof. Orlando Gomes1 indica que ”no sentido mais amplo, a 
palavra obrigação é sinônimo de dever”. 
 
O Direito das Obrigações se compõe de uma Parte Geral - cujas normas 
estão elencadas nos artigos 233 a 480, do Código Civil (C.C.) e de uma Parte 
Especial - constituída pelos artigos 481 a 886, conhecida como Teoria Geral 
das Obrigações Contratuais. Os artigos 887 a 954 do CC tratam do que a 
doutrina batizou da Teoria das Obrigações Extracontratuais. 
 
As obrigações possuem características específicas, quais sejam: fazem 
nascer um liame ou vínculo jurídico entre credor (a quem se realizará a 
prestação e tem a posição para cobrar a execução de um ato) e devedor (o 
qual se coloca em posição de realizar ou cumprir um ato ou uma prestação), 
cujos ônus e bônus atingem apenas os envolvidos, ou seja, não trazem 
vinculação erga omnes (a toda sociedade); a obrigação é de natureza 
comissiva (realizar algo: satisfazer uma prestação2) ou omissiva (deixar de 
realizar um ato que poderia fazer). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Gomes, Orlando. Obrigações. 8a ed. – 2a. tiragem – Rio de Janeiro, Forense. 199, p. 14. 
2 O objeto da obrigação é um ato que fará com que o interesse do credor seja satisfeito ou completo. 
 
3 
Quando há o fatiamento da relação obrigacional é possível entender que, na 
verdade, como declara prof. Orlando Gomes, existe um vínculo entre os 
patrimônios do devedor e do credor. Isto porque, o devedor arca com: 
 
1. O dever de realizar a prestação (finalidade imediata para qual se 
comprometeu); 
2. O dever de se responsabilizar pelo cumprimento da prestação (se for 
necessário, com seu patrimônio, que ficará sujeito ao credor, caso não 
satisfaça a prestação que lhe incumbia, indenizando o credor). 
 
Washington de Barros Monteiro3 nos auxilia enfocando que “devedor” advém 
de “debitor” exprime a ideia de carga, dívida, sujeição. 
 
 
O credor, por seu lado, deve exigir o cumprimento da prestação, senão 
perderá tanto o objeto da prestação, como o direito de receber o crédito a ela 
correspondente (quando já estiver vencido o prazo para ser finalizada), 
diminuindo seu patrimônio. O mesmo autor, Washington de Barros Monteiro, 
ensina que este titular do direito, funda-se na confiança que tem para com o 
devedor e na sua idoneidade financeira. 
 
 
A doutrina classifica as obrigações de diversas maneiras. Vamos estudá-las 
segundo o Código Civil. 
 
 
Obrigações quanto ao seu Objeto: de dar, de fazer e de não 
fazer 
 
De Dar 
 
É aquela em que a prestação do devedor consiste na transferência da coisa ao 
credor. Ex. Entregar um valor em dinheiro, um veículo, transferir “n”cabeças de 
gado. 
 
 
1. Coisa Certa - é aquela cujo objeto constitui um corpo certo e 
determinado, conforme arts. 233 e 313 ambos do Código Civil: 
 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os 
acessórios dela embora não mencionados, salvo se o 
contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
 
 
 
3 MONTEIRO, Washignton de Barros. Curso de direito civil v.5. direito das obrigações –São Paulo: 
Saraiva, 1987-1989, 23 ed., p.15. 
 
4 
 
 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da 
que lhe é devida, ainda que mais valiosa. 
 
 
 
 
Exemplo: Dar a guitarra que BB King tocou em seu 
primeiro show no Brasil – que foi leiloada; dar uma 
jóia de família. 
 
 
A tradição é o ato jurídico por meio do qual o devedor cumpre a 
obrigação de dar coisa certa. O devedor é responsável pela 
integridade da coisa, não se exonerando da obrigação, salvo 
quando o devedor demonstrar que a coisa se foi e não houve 
culpa, isto é, quando demonstrar que não agiu com negligência, 
imperícia ou imprudência. 
 
A verificação da responsabilidade do devedor depende de saber 
se a obrigação de dar consiste na transferência da coisa ao 
credor ou na restituição da coisa ao credor. 
 
Na primeira hipótese, o devedor é o dono da coisa (exemplo: 
colocar na internet anúncio de um iphone que pode ser trocado 
por um relógio). Na segunda, o credor é o dono da coisa 
(exemplo: emprestar um vestido de noiva para a filha da 
secretária do lar para ela se casar). 
 
Imagine que o bem (iphone) é roubado enquanto o interessado ia 
ao local da troca. Ele se obrigou a realizar o ato de entrega 
(tradição). Então ele fica com o prejuízo pela falta do bem. Não 
poderá exigir que o credor se responsabilize. 
 
No segundo caso (restituição) o vestido deveria voltar intacto para 
as mãos da pessoa que o emprestou. Se o vestido se estragou ou 
se deteriorou o prejuízo fica com o credor, que pode até vir a 
receber uma indenização - de acordo com cada caso. Diz o 
Código Civil: 
 
 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, 
poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, 
abatido de seu preço o valor que perdeu. 
 
 
 
5 
Se a obrigação não foi cumprida porque houve perda total da 
coisa é o que se denomina de perecimento. Se houve perda 
parcial do bem, há a deterioração. 
 
Assim, conjugando todos esses elementos, podemos sistematizar 
a responsabilidade civil do devedor na obrigação de dar coisa 
certa da seguinte forma: 
 
Art. 234. Se … a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes 
da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a 
obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do 
devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e 
danos”. 
 
 
Se a obrigação é de dar, que não foi cumprida pelo devedor, 
porque houve perecimento (perda total) da coisa sem culpa do 
devedor, a obrigação estará extinta, ou seja, os envolvidos na 
relação negocial voltarão ao estado anterior. 
 
Se a obrigação é de dar, que não foi cumprida pelo devedor, 
porque houve perecimento da coisa com culpa do devedor (que 
sobre a coisa não observou o seu dever de cuidado e de 
vigilância), deve ele entregar ao seu credor o equivalente da 
coisa, isto é, o devedor terá de entregar ao credor o valor que a 
coisa apresentava no momento em que pereceu, além das perdas 
e danos que o credor tiver efetivamente sofrido com o 
descumprimento da obrigação. 
 
Se a obrigação é de dar, que não foi cumprida pelo devedor, 
porque houve deterioração da coisa sem culpa do devedor 
(observe que nessa hipótese é o credor quem decide se pretende 
o cumprimento parcial da obrigação, aceitando a coisa no estado 
em que se encontra com o abatimento do preço correspondente 
ao valor que se perdeu) poderá o credor, também, dar por extinta 
a obrigação, voltando, os envolvidos ao estado anterior. Não 
poderá o credor, contudo, cumular as duas tutelas jurídicas, 
conforme autoriza o artigo 235, do Código Civil: 
 
 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, 
poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, 
abatido de seu preço o valor que perdeu. 
 
 
Se a obrigação é de dar, que não foi cumprida pelo devedor, 
porque houve deterioração da coisa com culpa do devedor, 
poderá o credor exigir o equivalente da coisa sem prejuízo das 
perdas e danos que efetivamente tiver sofrido. Poderá, de outro 
lado, o credor aceitar a coisa no estado em que se encontra, sem 
prejuízo das perdas e danos, conforme se vê do artigo 236, do 
Código Civil:6 
 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o 
equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com 
direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das 
perdas e danos. 
 
 
Como vimos, se a obrigação é de restituir, o credor é o dono da 
coisa, que aguarda apenas a sua devolução pelo devedor, que se 
não o faz em razão de perecimento sem culpa antes da tradição, 
tem-se a hipótese do artigo 238, do Código Civil: 
 
 
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem 
culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a 
perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos 
até o dia da perda. 
 
 
 
Se a obrigação é de restituir e o devedor não a restitui porque 
houve perecimento da coisa por culpa sua, o devedor tem de 
entregar ao seu credor o equivalente da coisa, isto é, o valor da 
coisa no momento do perecimento e mais as perdas e danos, que 
o credor tiver efetivamente sofrido, segundo determina o artigo 
239, do Código Civil: 
 
 
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá 
este pelo equivalente, mais perdas e danos. 
 
 
 
Se a obrigação é de restituir e o devedor não a restitui porque 
houve deterioração dela sem culpa sua, o credor tem o direito 
de recebê-la no estado em que se encontra, sem poder, contudo, 
exigir do devedor perdas e danos, como se vê do artigo 240, do 
Código Civil: 
 
 
 
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do 
devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a 
indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto 
no art. 239. 
 
 
Nas obrigações de restituir, o devedor só tem direito a ser 
indenizado por benfeitorias que tiver introduzido na coisa, não 
podendo exigir do credor qualquer indenização se os 
melhoramentos sobrevierem sem custo de sua parte, como 
determinam os artigos 241 e 242, do Código Civil: 
 
 
 
7 
 
 
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo 
à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, 
desobrigado de indenização. 
 
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor 
trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código 
atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-
fé. 
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do 
mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé 
ou de má-fé. 
 
 
 
2. Coisa Incerta – é aquela cujo objeto é genericamente determinado 
pelo gênero e quantidade, sendo determinada, no momento do 
adimplemento da obrigação mediante escolha que, via de regra, 
cabe ao devedor, conforme arts. 243 a 246, CC. Ex. Sacas de 
café, de soja, lenha, sementes, etc. 
 
Perceba-se que o ato de concentração, isto é, o ato de escolha 
do devedor é complexo, pois não produz seus efeitos apenas com 
a escolha da qualidade do objeto. É preciso que feita a escolha, o 
credor tenha dela sido cientificado. Apenas nesse momento é que 
a obrigação de dar coisa incerta terá se convertido em obrigação 
de dar coisa certa: 
 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela 
quantidade. 
 
Art. 244.Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a 
escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da 
obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a 
prestar a melhor. 
 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção 
antecedente. 
 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou 
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito. 
 
 
Assim, em se tratando de obrigação de dar coisa incerta, não 
poderá o devedor pretender sua exoneração da obrigação antes 
de efetivar a escolha e de dar ciência ao seu credor, pois nos 
termos do artigo 246, do Código Civil não há perecimento ou 
deterioração para o gênero. Observe-se que nem mesmo a 
alegação de caso fortuito e força maior funcionam como 
excludentes de responsabilidade do devedor de dar coisa incerta. 
 
 
 
 
8 
Vale observar o critério da escolha a ser efetivada pelo devedor, 
que não está obrigado a dar a melhor e nem pode prestar a pior. 
O critério da escolha é, pois, o da proporcionalidade, segundo 
estabelece o artigo 244, do Código Civil. 
 
 
3. Pecuniária – é aquela pela qual se proporciona ao credor o 
recebimento de espécie pecuniária (dinheiro). Trata-se de 
obrigação que consiste na entrega de soma de valor nominal, à 
qual se acrescenta, normalmente, uma cláusula de escala móvel 
que objetiva atualizar monetariamente o dinheiro, recompondo 
seu valor aquisitivo. 
 
De fazer 
 
É aquela pela qual o devedor se obriga a executar um serviço ou praticar um 
ato seu ou por terceiro em favor do credor ou de terceira pessoa. O objeto da 
obrigação de fazer é um comportamento humano lícito e possível. 
 
 
1. Infungível – é aquela obrigação de fazer que só pode ser 
executada pela pessoa do próprio devedor, isto porque, no 
momento do ajuste são suas qualidades pessoais que levam ao 
estabelecimento do vínculo-intuito personae. Exemplos: Escrever 
um livro, fazer uma obra de arte, fazer um show ou um concerto. 
 
Se a prestação não for executada cf. art. 247, CC: 
 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor 
que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível. 
 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do 
devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por 
perdas e danos. 
 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor 
mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, 
sem prejuízo da indenização cabível. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, 
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar 
executar o fato, sendo depois ressarcido. 
 
O descumprimento da obrigação de fazer infungível quando se dá 
sem culpa do devedor, põe fim ao vínculo jurídico, sem que o 
credor possa exigir do devedor perdas e danos, conforme, aliás, o 
artigo 248, do Código Civil. 
 
Se, contudo, o descumprimento da obrigação de fazer infungível 
se torna impossível por culpa do devedor, a solução é a 
conversão da obrigação em perdas e danos, como determina o 
artigo o artigo 247, do Código Civil. 
 
 
 
9 
2. Fungível – é aquela obrigação de fazer que pode ser executada, 
indiferentemente, tanto pela pessoa do devedor quanto por 
terceiro – conforme art. 249, CC - isto porque para a realização 
do fato, pouco importam as condições pessoais do devedor. Ex. 
Uma empreitada. 
 
Quando a obrigação de fazer é fungível e o fato se torna 
impossível de ser realizado, sem culpa do devedor, a regra é a 
extinção da obrigação. 
 
Se, por outro lado, ocorrer o descumprimento por culpa do 
devedor, poderá o credor, mandar executá-la por terceiro, 
conforme determina o artigo 249, do Código Civil, sem prejuízo 
das perdas e danos que tiver sofrido. 
 
Observe-se, que o artigo 249, parágrafo único, do Código Civil, 
autoriza o credor a exercer a autotutela, executando ou 
mandando executar a tarefa por terceiros, independentemente de 
autorização judicial, desde que haja urgência na execução da 
atividade. Esta regra somente se aplica às obrigações de fazer 
fungíveis. 
 
 
De não fazer 
 
É aquela pela qual o devedor se obriga a não praticar atos que livremente 
poderia fazer se não tivesse se obrigado para com o credor a se abster de 
praticá-los. Ex. Não transmitir um jogo ao qual não obteve os direitos de 
transmissão; não fazer ruído em horário específico. Não construir em área 
comum. 
 
A obrigação de não fazer se resolve quando o devedor - sem culpa por prestá-
los- acaba por praticar o fato a que se obrigara a não fazer, como estabelece o 
artigo 250, do Código Civil: 
 
 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do 
devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não 
praticar. 
 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor 
pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, 
ressarcindo o culpado perdas e danos. 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar 
desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do 
ressarcimento devido. 
 
 
Quando, o devedor pratica o ato a que se obriga não fazer, por culpa, é 
preciso saber se a conduta pode ser desfeita ou não. 
 
Podendo ser o comportamento, desfeito, surge para o devedor inadimplente 
uma obrigação de fazer, qual seja, a de desfazer aquele comportamento. Se 
 
10 
não a desfizer, poderá o credor mandar terceiro executá-la às custas do 
devedor, sem prejuízo das perdas e danos, conforme autoriza o artigo 251, do 
Código Civil, que em caso de urgência permite ao credor executá-la 
independentemente de autorização judicial, segundo previsão do artigo 251, 
parágrafo único. 
 
Se a conduta não puder ser desfeita, caberá ao credor exigir apenas perdas e 
danos, na esteira do que determina o artigo 248, do Código Civil, por se tratar 
caso de impossibilidade de fazer: 
 
 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa 
do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, 
responderá por perdas e danos. 
 
 
 
 
Obrigações Relativas ao Modo de Execução: Simples, 
Cumulativa e Alternativa 
 
Na obrigação simples há apenas uma prestação ou ato a ser realizado 
pelo devedor. Exemplo: entregar um livro; pintar uma parede. 
 
Na obrigação cumulativa são dois ou mais atos ou prestações a serem 
feitos pelo devedor ao credor. Exemplo: vender o carro do credor e lhe entregar 
o dinheiro correspondente ao valor da venda (subtraída a comissão). 
 
A obrigação alternativa, por sua vez, é aquela em que o devedor se 
obriga a prestar um de dois objetos que se vinculam à obrigação. Há unidade 
de vínculo jurídico, mas pluralidade de objetos. O devedor se exonera da 
obrigação com a entrega de um dos objetos. A escolha do objeto, via de regra, 
é do devedor, se o título constitutivo da obrigação não determinar o contrário. 
 
Observe-se que a concentração feita na obrigação de dar coisa incerta 
não se confunde com a concentração feita na obrigação alternativa, isto 
porque, naquela modalidade obrigacional, o critério é qualitativo e nesta 
modalidade o critério é objetivo. 
 
Poderá haver pluralidade de devedores optantes ou credores optantes, 
conforme autorize o contrato, mas a escolha deve ser unânime, o que significa 
que não havendo consenso entre os optantes, o juiz decidirá qual dos objetos 
vinculados será entregue, conforme estabelece o artigo 252, §§ 3º e 4º, Código 
Civil: 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se 
outra coisa não se estipulou. 
 
§ 1o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma 
prestação e parte em outra. 
§ 2o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de 
opção poderá ser exercida em cada período. 
§ 3o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime 
entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a 
deliberação. 
§ 4o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não 
puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as 
partes. 
 
 
Visto que, nas obrigações alternativas, há dois objetos vinculados à 
prestação, a impossibilidade de uma delas não exonera o devedor da 
obrigação, isto porque a obrigação subsiste no objeto remanescente, como 
determina o artigo 253, do CC e se nenhum dos objetos puder se prestado pelo 
devedor, que por culpa sua, impossibilitou o cumprimento da obrigação e se 
coube a ele a escolha do objeto, determina o artigo 254, do CC que o devedor 
preste ao credor o equivalente do objeto que por último se impossibilitou, 
acrescido de perdas e danos que o credor tiver sofrido com a ação culposa do 
devedor. Exemplo: ou o devedor constrói a casa objeto do financiamento ou 
devolve o valor pago com perdas e danos, se veio a finalizar a empresa sem 
entrega das unidades que se comprometeu a fazer, tendo recebido a quantia 
necessária para realização da obra. 
 
De outro lado, quando a escolha compete ao credor e uma das 
prestações se torna impossível por culpa do devedor, o credor poderá optar 
entre exigir do devedor a prestação remanescente ou o equivalente do objeto 
perdido, mais perdas e danos. 
 
Se, contudo, o devedor for culpado pela impossibilidade de ambos os 
objetos e tendo a escolha sido atribuída ao credor, este poderá exigir do 
devedor que preste o equivalente de qualquer dos objetos, a seu critério, sem 
prejuízo das perdas e danos efetivamente sofridos, como estabelece o artigo 
255, CC. 
 
Vale observar que tornando-se impossível todos os objetos da prestação 
sem culpa do devedor, pouco importando a quem tenha feito a escolha, 
determina o artigo 256, CC que a obrigação seja extinta, repondo-se os 
envolvidos ao estado anterior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
Obrigações em Relação à Pluralidade de Sujeitos: Alternativas, 
Divisíveis, Indivisíveis E Solidárias 
 
 
Art. 257 do Código Civil. Havendo mais de um devedor ou mais de um 
credor em obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas 
obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores. 
 
 
Ao tratar o artigo 257, do CC das obrigações divisíveis é preciso 
lembrar que seu pressuposto essencial é a pluralidade de devedores e/ou de 
credores, o que significa dizer que não interessa essa qualificação da 
obrigação se houver apenas um devedor e apenas um credor, pois nesse caso 
a obrigação é por sua própria estrutura indivisível. A obrigação divisível se 
caracteriza por poder ser cumprida parcialmente por devedores distintos, posto 
que se fala em divisibilidade econômica. 
 
Veja-se que do art. 257, CC não basta a pluralidade de sujeitos ativos e 
passivos da obrigação, pois é preciso que o objeto material da obrigação seja 
fracionável sem perda de sua substância ou de seu conteúdo econômico. 
 
É importante observar que sendo a obrigação divisível, há uma 
presunção de que ela se acha dividida em tantas obrigações quantos forem os 
credores e devedores. Um exemplo ajudará a compreender a estrutura da 
obrigação divisível. A e B são credores de C da importância de 100. O objeto 
da prestação é divisível. 
 
Assim, tem-se duas obrigações: a) uma entre A e C no valor de 50 e b) 
outra entre B e C no valor de 50. Cada credor só pode exigir do devedor a 
fração que lhe cabe, o que significa dizer que A só pode exigir de C 50 e não 
100. De outro lado, se B pagar a A o valor de 100, não estará exonerado da 
obrigação em relação a C. Ao pagar a C o valor de 50, depois de pago a A o 
valor de 100, B poderá agir contra A para reaver o que pagou indevidamente 
para evitar o enriquecimento sem causa. 
 
 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto 
uma coisa ou um fato, não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por 
motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio 
jurídico. 
 
Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for 
divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. 
Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito 
do credor em relação aos outros coobrigados. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
Outro exemplo: A e B são sócios de um canil e comprometem-se a 
entregar um cão de raça premiado para um comprador.Mesmo que o canil 
não funcione mais o credor pode exigir a entrega de A ou de B. Outro caso: 
após o contrato de aluguel se findar os locatários são obrigados a devolver a 
coisa alugada por inteiro – não se fala em divisibilidade do objeto contratual 
neste caso. 
 
A obrigação indivisível pressupõe, igualmente, pluralidade de sujeitos 
ativos ou passivos na estrutura da obrigação e o objeto, consistente numa 
coisa ou num fato, por sua própria natureza não pode ser fracionado 
(indivisibilidade natural) ou sendo divisível por natureza, tenha a indivisibilidade 
sido ajustada (indivisibilidade jurídica ou contratual). Lembre-se, ainda, que 
também pode dar origem a uma obrigação indivisível o objeto que sendo 
naturalmente divisível, o fracionamento do objeto acarreta sua diminuição 
econômica. 
 
O principal efeito da indivisibilidade é gerar para os devedores a 
obrigação de cada um deles por toda a dívida, visto que é impossível a 
prestação do objeto por partes, o que possibilita ao credor exigir de qualquer 
dos devedores o cumprimento da obrigação. O devedor que pagar a totalidade 
da dívida, sub-roga-se nos direitos do credor, podendo, por isso exigir dos 
demais codevedores as respectivas quotas-partes. 
 
Observe-se que o artigo, 259, CC estabelece a sub-rogação do devedor 
que paga a obrigação indivisível, o que significa dizer que o devedor pagante 
assume a mesma condição do credor, recebendo dele as mesmas garantias 
que o credor tinha antes do pagamento, que assim se transfere para o devedor 
pagante. 
 
É preciso cuidado com o pagamento de obrigação indivisível quando há 
pluralidade de credores, pois embora qualquer dos credores possa exigir do 
devedor o pagamento da dívida, o devedor deve, para validade do pagamento 
efetuado observar as condições impostas pelo artigo 260, CC. 
 
Se não for possível a adoção dessas providências, caberá ao devedor 
promover ação de consignação em pagamento para evitar sua mora: 
 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes 
exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, 
pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
Estabelece o artigo 262, do CC que se um dos credores perdoar a 
dívida, isto é, remití-la (remissão), a obrigação não se extingue para os demais 
credores, isto porque se trata de ato pessoal, ou seja, o devedor continuará 
obrigado pela dívida, deduzida a parte remitida. Essa regra é válida para as 
hipóteses de transação, compensação, novação ou confusão4 – que são 
modalidades de cumprimento indireto da obrigação – que serão em breve 
detalhadas. 
 
. 
 
 
Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não 
ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, 
descontada a quota do credor remitente. 
Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de 
transação, novação, compensação ou confusão. 
 
Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se 
resolver em perdas e danos. 
§ 1o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de 
todos os devedores, responderão todos por partes iguais. 
§ 2o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, 
respondendo só esse pelas perdas e danos. 
 
 
Regra importante no regime jurídico das obrigações indivisíveis é aquela 
do artigo 263, do CC que se aplica às hipóteses em que o objeto da prestação 
se perde por culpa do devedor que, como se sabe, converte a obrigação em 
perdas e danos. Assim quando convertida a obrigação indivisível em perdas e 
danos, a obrigação perde a qualidade de indivisibilidade, tornando-se, por via 
de consequência, uma obrigação divisível. 
 
Se houver pluralidade de devedores e todos eles forem culpados pela 
conversão da obrigação indivisível em perdas e danos, todos os devedores 
respondem em partes iguais pelas perdas e danos. Exoneram-se os 
devedores que pagarem aos credores a sua quota-parte. Se, diversamente, as 
perdas e danos decorrerem da culpa de apenas um dos devedores, os 
devedores inocentes estão exonerados das perdas e danos. 
 
 
 
 
 
 
4 Remissão é o perdão da dívida. Assim, o perdão dado por um dos credores não 
aproveita aos demais, que podem, portanto, exigir do devedor a totalidade da obrigação deduzida a cota 
parte do credor que perdoou a dívida. Não confundir remissão (perdão) com remição (pagamento). 
Transação é negócio jurídico que busca prevenir ou por fim ao litígio em um acordo. Novação é a extinção 
da obrigação pelo surgimento de uma nova obrigação que substitui a extinta. Compensação é o modo de 
extinção de obrigações que se equivalem e até o limite de sua equivalência. Confusão é a 
reunião numa mesma pessoa de qualidades que se excluem. O credor passa a ser devedor 
dele mesmo. 
 
 
15 
 
Cumpre agora abordar a solidariedade: 
 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais 
de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou 
obrigado, à dívida toda. 
 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade 
das partes. 
 
Art. 266. A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos 
cocredores ou codevedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável em 
lugar diferente, para o outro. 
 
 
A obrigação solidária, por sua vez, prevista no artigo 264, CC 
pressupõe, da mesma forma que a obrigação indivisível, pluralidade de 
credores ou devedores. Se houver pluralidade de credores e unidade de 
devedor, a solidariedade será ativa (sujeito ativo da obrigação é o credor); se 
unidade for de credor com pluralidade de devedores, a solidariedade será 
passiva. Se, de outro lado, houver pluralidade de credores e devedores, a 
solidariedade será mista. A lei civil apenas trata da solidariedade ativa e da 
solidariedade passiva. 
 
A solidariedade é mecanismo que garante a cada um dos credores o 
direito de exigir do devedor o cumprimento da obrigação por inteiro, como 
estabelece o artigo 267, CC e havendo, unidade de credor e pluralidade de 
devedores, a solidariedade garante ao credor o direito de exigir de um ou de 
alguns dos devedores total ou parcialmente a dívida, como estabelece o artigo 
275, CC, ao tratar da solidariedade passiva: 
 
 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do 
devedor o cumprimento da prestação por inteiro. 
 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos 
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver 
sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados 
solidariamente pelo resto. 
Parágrafo único. Não importará renúncia da solidariedade a propositura 
de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores. 
 
 
Observe-se que a solidariedade não se presume, pois como determina o 
artigo 265, do CC a solidariedade só pode decorrer da lei ou da vontade das 
partes, que assim deve estar expressamente prevista no negócio jurídico. 
Disso decorre que toda obrigação solidária é indivisível, mas nem toda 
obrigação indivisível é solidária, visto que a solidariedade só pode decorrer da 
lei ou da vontade das partes e nunca da natureza da obrigação. 
 
 
 
 
16 
Exemplo: condôminos que ainda não obtiveram o desmembramento da 
propriedade do imóvel perante a prefeitura respondem conjuntamente pelo 
pagamento do IPTU até que seja realizado o ato de mensurar cada quota a 
cada um. 
 
Não se confunda a obrigação solidária ativa com a obrigação indivisível 
com pluralidade de credores, isto porque na obrigação solidária ativa, o 
devedor pode pagar a qualquer dos credores, sem necessidade de atender à 
regra do artigo 260, CC que tem aplicabilidade apenas para as hipóteses de 
obrigaçãoindivisível. 
 
Veja que o artigo 268, CC estabelece que o devedor só pode pagar a 
qualquer dos credores solidários enquanto não for por eles demandado. Em 
havendo ajuizamento por um dos credores solidários cessa para o devedor a 
liberdade de livremente escolher a quem pagar, que assim, deverá direcionar o 
pagamento ao credor solidário que o reclamar, o que extingue a obrigação até 
o limite do valor pago, conforme determina o artigo 269, CC: 
 
 
Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a 
dívida até o montante do que foi pago. 
 
 
Na defesa a ser apresentada pelo devedor ao credor solidário que o 
demandar na cobrança da dívida só pode apresentar as exceções que forem 
pessoais ou que forem comuns a todos os credores. 
 
O julgamento da demanda quando for favorável a um dos credores 
solidários, aproveita aos demais (se não tiver pessoalidade na exceção 
apresentada) e, se for prejudicial ao demandante, não produz efeito aos 
demais cocredores, segundo determina o artigo 274, CC: 
 
 
 Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não 
atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem 
prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em 
relação a qualquer deles. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) 
(Vigência) 
 
 
A obrigação solidária diversamente do que ocorre com a obrigação 
indivisível, ao se converter em perdas e danos, não faz com que a 
solidariedade desapareça - então, a solidariedade perdura mesmo quando a 
obrigação se converter em perdas e danos, ou seja, a cobrança pelo todo de 
qualquer um dos devedores fica valendo. 
 
A solidariedade passiva pressupõe pluralidade de devedores e outorga 
ao credor a prerrogativa de exigir total ou parcialmente de um ou de todos os 
devedores o cumprimento da obrigação. Ao devedor que pagar a totalidade da 
dívida pode exigir dos demais codevedores a sua quota. E se dentre eles 
houver algum insolvente, a quota do insolvente será dividida igualmente entre 
todos os devedores, inclusive entre aquele que pagou a integralmente a dívida, 
como se vê dos artigos 275 e 283, CC. 
 
17 
 
Isto ocorre porque entre os codevedores há fracionamento das 
responsabilidades, pagando cada um o que deve e podendo exigir do outro o 
adimplemento de sua parte. 
 
Se houver pagamento parcial, a solidariedade passiva subsiste no saldo 
devedor, por expressa determinação do artigo 275, parágrafo único, CC. Não 
faz desaparecer, também, a solidariedade, eventual renúncia da solidariedade 
em favor de um ou de alguns dos devedores, subsistindo a solidariedade 
passiva em relação aos demais, como determina o artigo 282, do CC. Lembre-
se que a renúncia libera apenas o devedor ou os devedores aos quais tiver 
sido outorgado benefício. 
 
Se a obrigação marcada pela solidariedade passiva se tornar impossível 
por culpa de um dos devedores solidários, todos respondem solidariamente 
pelo equivalente da coisa, mas pelas perdas e danos, só responde o devedor 
solidário que tiver dado causa à impossibilidade de cumprimento da obrigação. 
 
 
 
Efeitos das Relações Obrigacionais 
 
O Código Civil determina que as relações obrigacionais geram efeitos na 
ordem jurídica, ou seja, interessam a todos quando tratam de: exonerar o 
devedor do liame obrigacional; efetivar as consequências pelo não pagamento 
ou cumprimento da obrigação pelo sujeito passivo; atingir não só as partes (se 
o vínculo era personalíssimo), mas seus sucessores (em todos os demais 
casos previstos na lei). 
 
A extinção da obrigação pode ser realizada de várias formas. 
Diretamente, através do pagamento, que é o meio normal de ser finalizada a 
relação obrigacional. Exemplo: A compra um pão na padaria e paga no caixa. 
Relação obrigacional iniciada e finalizada. Indiretamente, através de modos 
específicos enumerados em lei. 
 
 
Pagamento – Modo de Extinção Direta da Obrigação 
 
Ao credor interessa apenas o pagamento, por isso o art. 304, CC 
autoriza qualquer interessado a fazer o pagamento da dívida, extinguindo a 
obrigação. 
 
O pagamento pode ser transmitido a outro credor (cessão de crédito – 
art. 286 do CC) ou realizado por outra pessoa que assume o pólo passivo da 
obrigação e desobriga o devedor originário (assunção de dívida – art. 299 do 
CC). 
 
Faculta a lei civil ao terceiro, inclusive o acesso à jurisdição, para o 
efetivo cumprimento da obrigação: 
 
 
 
18 
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, 
usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração 
do devedor. 
Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o 
fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste. 
 
 
A situação normal é que o próprio devedor realize o pagamento, 
obtendo, nos termos do art. 319, CC regular quitação, que é o único meio de 
prova hábil a demonstrar o pagamento. Observe-se que a lei civil autoriza o 
devedor - e apenas o devedor - a reter o pagamento na hipótese de recusa do 
credor em lhe fornecer o instrumento de quitação, situação que autoriza, como 
se verá mais adiante, o manejo da consignação em pagamento, seja judicial ou 
seja extrajudicial: 
 
 
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode 
reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. 
 
 
O pagamento pode, for força do art. 304, CC ser feito por terceiro. Este 
pode ser interessado no cumprimento da dívida ou não interessado. Será 
interessado no pagamento aquele que, com o inadimplemento, puder sofrer 
alguma consequência danosa da mora do devedor, como no caso do fiador, 
desde que não tenha assumido a condição de devedor solidário, mas apenas o 
de responsável pelo cumprimento da obrigação. 
 
Será terceiro não interessado aquele que por questões éticas e não 
jurídicas pretender ver extinto o vínculo obrigacional, isto porque eventual 
inadimplemento da obrigação pelo devedor não afetará a esfera jurídica do 
terceiro não interessado (ex. Pai do devedor). 
 
Vale observar que os efeitos do pagamento feito por terceiro 
interessado, é diferente dos efeitos do pagamento feito por terceiro não 
interessado. O terceiro interessado se sub-roga nos direitos do credor, 
assumindo, depois do pagamento, as mesmas prerrogativas e garantias que o 
credor tinha antes do pagamento. 
 
O pagamento feito por terceiro não interessado não implica em sub-
rogação, mas apenas no reembolso do que pagou em nome e à conta do 
devedor, desde que o devedor não tenha manifestado qualquer oposição 
quanto ao pagamento. Veja-se assim que o terceiro não interessado deve 
comunicar previamente ao devedor que pretende realizar o pagamento, que 
pode sem justa impedir o terceiro não interessado de realizar o pagamento. 
 
Se o devedor se manifestar negativamente quanto ao pagamento e 
ainda assim o terceiro não interessado o fizer, assumirá ele o risco não ser 
reembolsado, se o devedor demonstrar que tinha meios jurídicos para não 
realizar o pagamento. 
 
 
 
 
 
19 
Em situação diversa está o terceiro interessado que só pode ser 
impedido de realizar o pagamento em nome do devedor se este se opuser 
motivadamente. Se a oposição for sem justa causa, terceiro interessado poderá 
ingressar em juízo para realizar o pagamento. Se a oposição for motivada e 
ainda assim terceiro interessado realizar o pagamento, perderá o terceiro 
interessado o direito a reembolso, demonstrando o devedor que tinha meios 
para afastar o pagamento. Exemplo: devedor de dívida de TV a cabo está 
preso injustamente e a família quer pagar a conta. O preso informa que não se 
deve pagar porque não é titular de conta de TV a cabo. 
 
Essa é a regra do art. 306, CC que recomenda ao terceiro - seja ele 
interessado ou não interessado,por cautela, o cuidado de notificar previamente 
o devedor da sua intenção de promover o pagamento: 
 
 
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou 
oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, 
se o devedor tinha meios para ilidir a ação. 
 
 
O devedor ou terceiro somente pode fazer o pagamento ao credor 
pessoalmente ou a quem o represente. Lembre-se aqui que a representação 
pode ser legal ou convencional. Em se tratando de representação 
convencional, o devedor ou terceiro deve exigir a exibição do instrumento de 
mandato com poderes especiais para dar quitação. 
 
Fora dessas condições, o pagamento feito a outrem que não o credor 
somente será válido se for posteriormente confirmado pelo credor, conforme a 
regra do art. 308, CC: 
 
 
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o 
represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto 
quanto reverter em seu proveito. 
 
 
A lei não exige forma específica da ratificação de pagamento, que assim 
pode ser expressa ou tácita. Quando não houver ratificação do pagamento, o 
devedor pode obter a quitação demonstrando que o pagamento feito reverteu 
em proveito do credor. Perceba-se, portanto, as duas hipóteses de validade do 
pagamento quando feita a terceiro que não seja o credor ou seu representante. 
 
É válido o pagamento feito ao credor putativo, desde que o devedor 
esteja de boa-fé. Aliás, a putatividade está sempre associada a duas 
circunstâncias, quais sejam, a aparência de legitimidade e a boa-fé, que pode 
decorrer de erro escusável. O pagamento feito ao credor putativo, isto é, 
àquele não é de fato o credor, somente pode ser invalidado pelo credor se 
demonstrar que o devedor não agiu de boa-fé, que ele foi negligente ou 
imprudente no ato do pagamento, isto porque a boa-fé se presume, como se 
extrai do art. 309, CC: 
 
 
 
 
20 
 
 
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, 
ainda provado depois que não era credor. 
 
 
Se o credor for absolutamente incapaz, o pagamento a ele feito é nulo e 
não pode ser ratificado e só terá validade o pagamento cientemente feito ao 
incapaz se o devedor demonstrar que o pagamento reverteu em proveito do 
incapaz, aumentando ou conservando seu patrimônio. Não demonstrada essa 
circunstância fática, terá o devedor de promover novo pagamento. Se o 
devedor não tinha meios de identificar a incapacidade do credor, porque foi 
induzido a erro, o pagamento será válido. 
 
A regra do art. 310, CC não se aplica ao credor relativamente incapaz, 
por se tratar de ato que pode ser posteriormente ratificado pelo credor, quando 
cessada a causa da incapacidade de quitar: 
 
 
Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de 
quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente 
reverteu. 
 
 
No momento de pagar, o devedor ou terceiro deve entregar ao credor 
aquilo e somente aquilo que convencionado, isto porque o credor não está 
obrigado a receber coisa diversa do que foi ajustada, ainda que mais valiosa. 
Da mesma forma, não pode o devedor obrigar o credor a receber por partes o 
que se ajustou por inteiro, tanto quanto não pode o credor exigir do devedor 
que preste por inteiro o que se ajustou por partes. Essas são as regras de 
pagamento estampadas no art. 314 e segs. do CC: 
 
 
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, 
não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, 
por partes, se assim não se ajustou. 
 
 
As obrigações pecuniárias, que são dívidas em dinheiro, somente 
podem ser cumpridas com a entrega de moeda nacional corrente e nelas será 
lícito, isto é, permitido o aumento progressivo das prestações. Esse aumento 
progressivo das prestações consiste num mecanismo de recomposição do 
poder aquisitivo da moeda que, se por motivos imprevisíveis implicar em 
desproporção manifesta entre o valor da prestação e o momento da sua 
execução, poderá ser revisto pelo juiz a pedido do interessado. 
 
Observe-se, a teor do que determina o art. 318, CC, que são nulas as 
disposições de pagamento em ouro ou moeda estrangeira, o que significa dizer 
que essa nulidade não alcança a totalidade da avença. Ainda assim, buscando 
prestigiar o negócio jurídico, se ele eventualmente apresentar uma disposição 
nesse sentido, que não se encontre autorizada pela legislação extravagante, 
será o caso de o valor estampado em ouro ou em moeda estrangeira ser 
convertido em moeda nacional ao câmbio do dia da constituição da obrigação: 
 
21 
 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier 
desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o 
do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido 
da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real 
da prestação. 
 
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou 
em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença 
entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos 
previstos na legislação especial. 
 
Trata-se da teoria da imprevisão, estampada no art. 317, CC que não 
dispensa: a) pedido feito pelo prejudicado; b) alteração econômica decorrente 
de fato superveniente, posterior, portanto, ao surgimento da obrigação e 
imprevisível, ou seja, uma ocorrência abrupta, anormal; c) desequilíbrio 
econômico e d) manifesta desproporção. 
 
Ao efetuar o pagamento, já vimos, o devedor tem o direito de receber a 
quitação, podendo reter o pagamento até que ela – a quitação – seja 
efetivamente outorgada pelo credor ou por quem o represente. A lei não exige 
forma específica para a quitação, podendo ela ser dada por instrumento público 
ou escrito particular. Exige a lei apenas que do instrumento de quitação conste 
o valor da dívida, o nome do devedor, a espécie de dívida quitada, o tempo, o 
lugar e a assinatura do credor ou de seu representante, conforme se vê dos 
arts. 319 e 320, CC: 
 
 
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular, e 
pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada. 
 
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por 
instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida 
quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e 
o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu 
representante. 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste 
artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das 
circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. 
 
Quando a quitação for de obrigação de trato sucessivo, isto é, em 
parcelas periódicas, a quitação da última parcela estabelece uma presunção 
relativa de que as parcelas anteriores estão quitadas. Como se trata de 
presunção relativa, compete ao credor fazer a prova de que as parcelas 
anteriores não foram solvidas pelo devedor no tempo, lugar e modo ajustados. 
Se o pagamento pode ser demonstrado apenas por documento, a prova da 
inadimplência pode se dar por qualquer meio, inclusive testemunhal, mas não 
com exclusividade, visto ser a prova testemunhal muito precária, por sua 
peculiaridade. Essa é regra do art. 322, CC: 
 
 
 
 
 
 
22 
 
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a 
quitação da última estabelece, até prova em contrário, a 
presunção de estarem solvidas as anteriores. 
 
 
Quando o devedor paga obrigação estampada em título de crédito, a 
prova da quitação se faz com a entrega do título ao devedor, o que estabelece, 
segundo o art. 324, CC uma presunção de quitação, ou seja, a posse do título 
pelo devedor faz presumir que ele tenha pago a obrigação. Se por acaso, o 
título chegou à posse do devedor, sem que tenha havido pagamento, o credor 
tem o prazo decadencial de 60 dias a contar da ciência da posse do títulopelo 
devedor para demonstrar que o pagamento não ocorreu, invalidando, assim a 
quitação. Decorrido esse prazo, a quitação é válida, consolidando-se a situação 
do devedor: 
 
Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do 
pagamento. 
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se 
o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento. 
 
O pagamento, via de regra, segundo o art. 327, CC deve ser feito no 
domicílio do devedor, podendo ser o pagamento feito no domicílio do credor ou, 
em outro domicílio, desde que a alteração dessa regra decorra do contrato, da 
lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias que envolvem o negócio 
jurídico. 
 
A regra geral do lugar do pagamento é que o credor deve se dirigir até 
o devedor para receber, como se extrai do art. 327, CC que estabelece serem 
as dívidas quesíveis (domicílio do devedor). Poderão, contudo, serem as 
dívidas portáveis, cabendo, então ao devedor procurar o credor para efetuar o 
pagamento. A portabilidade da dívida é exceção e sua quesibilidade é a regra. 
Se houver pluralidade de locais para o pagamento, o credor pode optar por 
qualquer deles. 
 
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, 
salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o 
contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das 
circunstâncias. 
 
O lugar do pagamento não é, segundo o art. 319, CC requisito de 
validade, mas apenas meio de facilitação do cumprimento da obrigação, razão 
pela qual, havendo motivo grave para que o pagamento não seja realizado no 
lugar ajustado no negócio jurídico, o devedor pode, desde que não cause 
prejuízo ao credor, realizar o pagamento em lugar diverso do que foi ajustado, 
sem que isso implique no reconhecimento de sua mora. É o que determina o 
art. 329, CC: 
 
 
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o 
pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em 
outro, sem prejuízo para o credor. 
 
 
23 
 
Deve-se entender por motivo grave aquele decorrente de: força maior ou 
caso fortuito ou, culpa do credor - correndo por conta deste as despesas feitas 
pelo devedor com o cumprimento da obrigação, pois, via de regra, são do 
devedor as despesas realizadas com o pagamento, segundo se depreende do 
art. 325, CC. Nas hipóteses de caso fortuito ou força maior, o encargo deve ser 
suportado pelo devedor: 
 
 
Art. 325. Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o 
pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, 
suportará este a despesa acrescida. 
 
 
Se nada obstante tiverem credor e devedor ajustado o lugar do 
pagamento e reiteradamente o pagamento é feito em lugar diverso sem 
oposição do credor, estabelece o art. 330, CC presunção de renúncia ao lugar 
do pagamento contratualmente ajustado, não podendo, por conta disso, o 
credor pretender imputar ao devedor a mora por ter feito o pagamento em lugar 
diverso do que foi ajustado. 
 
 
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz 
presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no 
contrato. 
 
Quanto ao tempo do pagamento, é preciso observar que as obrigações 
podem ter cláusula prevendo a época do pagamento ou não. Se houver 
cláusula prevendo a época do pagamento, o credor não pode exigi-lo antes do 
tempo ajustado, salvo as hipótese de vencimento antecipado previstas no art. 
333, CC: 
 
Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de 
vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste 
Código: 
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; 
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados 
em execução por outro credor; 
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias 
do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar 
a reforçá-las. 
 
 
Não havendo, contudo, época para o pagamento, o credor poderá exigi-
lo de imediato, como estabelece o art. 331, CC: 
 
 
Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido 
ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo 
imediatamente. 
 
 
Há, contudo, negócios jurídicos em que não há data estipulada para o 
cumprimento da obrigação. Nestes casos específicos, também, seria 
 
24 
impossível a exigência imediata do cumprimento da obrigação, uma vez que é 
ato incompatível com a natureza da obrigação ou com as circunstâncias do 
negócio. Disso sirva de exemplo a construção de um prédio no dia da 
assinatura do instrumento contratual. 
 
Se a obrigação foi condicional, o credor deve demonstrar, para que 
possa exigir o seu pagamento, que o devedor teve ciência inequívoca do 
implemento da condição, sem o que não poderá exigir o cumprimento da 
obrigação, como determina o art. 332, CC: 
 
 
Art. 332. As obrigações condicionais cumprem-se na data do 
implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que 
deste teve ciência o devedor. 
 
 
Exemplo: O pai dará um veículo ao filho se este ingressar na faculdade 
sem curso preparatório pré-vestibular. Com a convocação de matrícula em 
curso superior pode ser verificado o cumprimento da obrigação. 
 
Como se viu, o credor não pode exigir o pagamento da obrigação antes 
do seu vencimento, salvo as hipóteses previstas em lei e dentre elas, estão 
aquelas mencionadas no art. 333, CC (já vistas: a) falência do devedor; b) 
credor com garantia real – hipoteca e penhor – ter os bens penhorados por 
outro credor do devedor; c) cessação das garantias reais ou pessoais do 
devedor ou a insuficiência dessas garantias). Observe-se aqui que a dívida 
somente terá o seu vencimento antecipado se o devedor tiver sido intimado 
pelo credor a reforçá-las e ter se quedado inerte. Não basta, pois, nesta 
hipótese simples cessação ou insuficiência das garantias. 
 
Se na obrigação houver solidariedade passiva, o vencimento antecipado 
somente atinge o devedor afetado pelas hipóteses mencionadas nos incisos I, 
II e III, do art. 333, CC, permanecendo a dívida inexigível em relação aos 
demais codevedores solidários, que somente poderão ser demandados depois 
de vencida a dívida. Assim, o credor somente pode exigir do devedor afetado 
pelo vencimento antecipado da dívida. 
 
Vejamos, agora, os modos indiretos de extinção das obrigações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
Consignação em Pagamento 
 
A consignação é um instituto originário do direito romano, que exigia, para 
liberar o devedor, havendo mora accipiendi (o credor não queria receber), o 
depósito da prestação devida em templos ou em qualquer local designado pelo 
Juiz, isentando-se, assim, o devedor do risco e da eventual obrigação de pagar 
os juros. 
O pagamento por consignação é o meio indireto do devedor exonerar-se do 
liame obrigacional, consiste no depósito judicial ou extrajudicial de valores em 
moeda corrente ou da coisa devida, nos casos e formas legais - CC, art. 334: 
 
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o 
depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, 
nos casos e forma legais. 
 
 
São requisitos do pagamento por consignação: 
 
⚫ Subjetivos (dizem respeito ao sujeito): a consignatória deve dirigir-se 
contra o credor capaz de exigir a prestação ou contra seu representante 
legal ou mandatário; o pagamento por consignação deve ser feito pelo 
próprio devedor, pelo seu representante legal ou mandatário, ou, ainda, 
por terceiro, interessado ou não. 
 
⚫ Objetivos, a existência de débito líquido e certo, proveniente da relação 
negocial que se pretende extinguir (RT, 443:221, 421:144, 480:217, 
396:232, 432:112, 390:267, 394:220); oferecimento real da totalidade da 
prestação devida, se não se tratar de prestaçõesperiódicas e 
sucessivas (estas também podem ser depositadas mês a mês); 
vencimento do termo convencionado em favor do credor; o devedor, no 
entanto, poderá consignar a qualquer tempo, se o prazo se estipulou a 
seu favor, ou assim que se verificar a condição a que o débito estava 
subordinado; observância de todas as cláusulas estipuladas no negócio; 
obrigatoriedade de se fazer a oferta no local convencionado para o 
pagamento. 
 
 
26 
Efeitos do depósito judicial: se procedente a ação, exonera o devedor 
da dívida; constitui o credor em mora; cessam, para o depositante, os juros da 
dívida e os riscos a que estiver sujeita a coisa; transfere os riscos incidentes 
sobre a coisa para o credor; libera os fiadores; impõe ao credor o 
ressarcimento dos danos causados por sua recusa, o reembolso das despesas 
com a custódia da coisa e o pagamento das custas processuais e honorários 
de advogado do autor. 
Se improcedente a ação, mantém o devedor na posição em que se 
encontrava; caracteriza a mora solvendi; responsabiliza o devedor pelas 
despesas processuais. 
 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o 
pagamento, ou dar quitação na devida forma; 
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, 
tempo e condição devidos; 
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, 
declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso 
perigoso ou difícil; 
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o 
objeto do pagamento; 
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 
 
Sub-rogação 
 
A sub-rogação, por outro lado, se origina do direito canônico, que o 
desenvolveu e possibilitou sua irradiação para todos os códigos 
contemporâneos. A sub-rogação pessoal vem a ser substituição, nos direitos 
creditórios, daquele que solveu obrigação alheia ou emprestou a quantia 
necessária para o pagamento que satisfez o credor, podendo ser legal, imposta 
por lei ou convencional, resultante de acordo de vontade entre o credor e 
terceiro e entre o devedor e terceiro: 
 
 
Código Civil 
 
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: 
I - do credor que paga a dívida do devedor comum; 
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, 
bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de 
direito sobre imóvel; 
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia 
ser obrigado, no todo ou em parte. 
 
 
27 
Art. 347. A sub-rogação é convencional: 
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente 
lhe transfere todos os seus direitos; 
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para 
solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-
rogado nos direitos do credor satisfeito. 
 
 
Imputação do Pagamento 
 
A imputação do pagamento é a operação pela qual o devedor indica qual 
pagamento está realizando. Diz a lei civil: 
 
Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma 
natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece 
pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. 
 
Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e 
vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma 
delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, 
salvo provando haver ele cometido violência ou dolo. 
 
Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro 
nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, 
ou se o credor passar a quitação por conta do capital. 
 
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for 
omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas 
em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao 
mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa. 
 
São requisitos da imputação ao pagamento: 
 
⚫ a existência de dualidade ou pluralidade de dívidas; 
⚫ a identidade de devedor e de credor; 
⚫ a igual natureza dos débitos; 
⚫ a suficiência do pagamento para resgatar qualquer das dívidas. 
 
A imputação ao pagamento pode ser feita pelo devedor ou pelo credor ou, 
ainda, pela lei. A imputação feita extingue o débito a que se dirige, com todas 
as garantias reais e pessoais. 
 
 
 
 
 
28 
 
Dação em Pagamento 
 
A dação em pagamento vem a ser um acordo liberatório, feito entre credor e 
devedor, em que o credor consente na entrega de uma coisa diversa da 
avençada. A prestação de qualquer natureza, não sendo dinheiro: bem móvel 
ou imóvel, fatos e abstenções. Diz o Código Civil: 
 
Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que 
lhe é devida. 
 
 
É meio de pagamento indireto, por ser um acordo liberatório, com o intuito 
de extinguir relação obrigacional, derrogando o princípio que obriga o devedor 
a fornecer exatamente o objeto prometido, pois lhe permite, com anuência do 
credor, entregar coisa diversa daquela a que se obrigara. 
 
São requisitos da imputação ao pagamento: 
 
⚫ a existência de um débito vencido; 
⚫ animus solvendi (intenção de cumprir a obrigação); 
⚫ a diversidade do objeto oferecido em relação ao devido; a 
concordância do credor na substituição. 
 
A dação em pagamento extingue a dívida, mas se o credor receber objeto 
não pertencente ao solvens (devedor), havendo a sua reivindicação por 
terceiro, que prove ser seu proprietário, ter-se-á evicção, restabelecendo-se a 
obrigação primitiva e ficando sem efeito a quitação dada. 
 
Novação 
 
A novação vem a ser o ato que cria uma nova obrigação, destinada a extinguir 
a precedente, substituindo-a. O Código Civil determina em quais hipóteses isso 
é possível: 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
Art. 360. Dá-se a novação: 
I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e 
substituir a anterior; 
II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o 
credor; 
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao 
antigo, ficando o devedor quite com este. 
 
São, pois, requisitos da novação: 
⚫ a existência de uma obrigação anterior; 
⚫ a criação de uma obrigação nova em substituição à 
precedente; 
⚫ um elemento novo; 
⚫ a intenção de novar; 
⚫ a capacidade e legitimidade das partes interessadas. 
 
Quanto à obrigação extinta, a novação paralisa os juros inerentes ao débito 
extinto; cumpre todas as garantias e acessórios, sempre que não houver 
estipulação em contrário; faz desaparecer o estado de mora do devedor; 
mantém a preferência e garantias do crédito novado nos casos legais; faz 
perder, por parte do novo devedor, o benefício de todas as exceções 
resultantes da antiga obrigação; extingue as ações ligadas à obrigação 
anterior; faz desaparecer a fiança - que garantia a obrigação extinta; se houver 
insolvência do novo devedor, esta correrá por conta e risco do credor. 
Em relação à nova obrigação, a nova obrigação é um débito criado ex 
novo, sem qualquer vinculação com o anterior senão a de uma força extintiva, 
não se operando a transfugio ou a translatio (transferência). 
 
Compensação 
 
A compensação é um meio especial de extinção de obrigações, até onde se 
equivalerem, entre pessoas que são, ao mesmo tempo, devedoras e credoras 
uma da outra. 
 
É o pagamento indireto: a) por exigir que os credores sejam, 
concomitantemente, devedores um do outro; b) por extinguir dívidas recíprocas 
antes de serem pagas, e c) por permitir fracionamento de um dos débitos. 
 
 
 
30 
 
Compensação legal, é adecorrente de lei, operando mesmo que uma das 
partes se oponha, e mesmo quando convencional extingue obrigações 
recíprocas com todos os acessórios, liberando os devedores, ainda que um 
deles seja incapaz, e retroagindo à data em que a situação fática se configurou. 
São requisitos: 
⚫ a reciprocidade de débitos; 
⚫ a liquidez das dívidas; 
⚫ a exigibilidade atual das prestações; 
⚫ a fungibilidade dos débitos; 
⚫ a identidade de qualidade das dívidas, quando especificadas em 
contrato; 
⚫ a diversidade de causas não provenientes de ato ilícito, de 
comodato, de depósito, de alimentos, de coisa impenhorável, e de 
dívida fiscal; 
⚫ a escolha não poderá pertencer, tratando-se de coisas incertas, 
aos dois credores ou a um deles como devedor de uma obrigação 
e credor de outra; 
⚫ a ausência de renúncia prévia de um dos devedores; 
⚫ a falta de estipulação entre as partes, excluindo compensação; 
⚫ a dedução das despesas necessárias com o pagamento, se as 
dívidas compensadas não forem pagáveis no mesmo lugar; 
⚫ a observância das normas sobre imputação do pagamento, se 
houver vários débitos compensáveis; 
⚫ a ausência de prejuízo a terceiros. 
 
A compensação convencional, resulta de acordo de vontade entre as 
partes, quando a ausência de alguns dos pressupostos da compensação legal 
impedir a extinção dos débitos por essa via, estipulando-se livremente a 
compensação e dispensando-se alguns de seus requisitos, desde que se 
respeite a ordem pública. 
A compensação judicial, determina-se por ato decisório do juiz, que ao 
perceber no processo o fenômeno de compensarem-se as dívidas, em 
cumprimento das normas aplicáveis, o faz desde que cada uma das partes 
alegue seu direito de crédito contra a outra. Daí sua natureza de contra-ataque. 
É o que se extrai do Código Civil: 
 
 
 
31 
 
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor 
uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se 
compensarem. 
 
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de 
coisas fungíveis. 
 
 
Transação 
 
A transação é um negócio jurídico, pelo qual as partes interessadas, fazendo-
se concessões mútuas, previnem ou extinguem obrigações litigiosas ou 
duvidosas. Este ato pressupõe acordo de vontade entre os interessados; daí 
exigir capacidade genérica para a vida civil e capacidade de disposição, 
inexistência de litígio ou dúvida, intenção de por termo à res dubia ou litigiosa, 
reciprocidade de concessões, prevenção ou extinção de um litígio ou de uma 
dúvida, é indivisível; é de interpretação restrita, é negócio jurídico declaratório. 
 
A transação pode ser judicial, se se realizar no curso de um processo, 
recaindo sobre direitos contestados em juízo; extrajudicial, se levada a efeito 
ante uma demanda ou litígio iminente, evitado, preventivamente, mediante 
convenção dos interessados, que fazem concessões mútuas, por meio de 
escritura pública, se a lei reclamar essa forma, ou particular, nas hipóteses em 
que a admitir. 
 
Só podem ser objeto de transação os direitos patrimoniais de caráter 
privado, suscetíveis de circulação. 
 
Trata-se de modalidade especial de negócio jurídico bilateral, que se 
aproxima do contrato, na sua constituição, e do pagamento, nos seus efeitos. 
Por ser meio extintivo de obrigações desvincula o obrigado mediante acordo 
liberatório; e se equipara à coisa julgada; é necessário fixar a identidade de 
pessoas que fizeram o acordo, por vincular apenas os transigentes; nesta 
modalidade de extinção da obrigação, há a responsabilidade pela evicção; o 
intuito é a prevenção e extinção de controvérsias; traz a possibilidade de 
exercício de direito novo sobre a coisa renunciada, mesmo depois de concluída 
a transação. 
 
32 
 
Quanto ao efeito declaratório, a transação apenas declara e reconhece 
direitos existentes. 
 
Compromisso 
 
O compromisso é um acordo bilateral, em que as partes interessadas 
submetem sua controvérsia jurídicas à decisão de árbitros, 
comprometendo-se a acatá-la, subtraindo a demanda da jurisdição da 
justiça comum. É o compromisso um misto de contrato e pagamento. 
 
Confusão 
 
A confusão, no direito obrigacional, é a aglutinação, em uma única pessoa e 
relativamente à mesma relação jurídica, das qualidades de credor e devedor, 
por ato inter vivos ou causa mortis, operando a extinção do crédito. Há unidade 
da relação obrigacional; união, na mesma pessoa, das qualidades de credor e 
devedor; ausência de separação de patrimônios. 
 
A confusão pode ser total ou própria, caso venha a se realizar 
relativamente a toda a dívida ou crédito; parcial ou imprópria, se for efetivada 
apenas em relação a uma parte do débito ou crédito, extinguindo não só a 
obrigação principal (desde que na mesma pessoa se reúnam as qualidades de 
credor e devedor), mas também a acessória, ante o princípio accessorium 
sequitur principale; a recíproca, porém, não é verdadeira. 
 
Cessará a confusão, operando-se a restauração da obrigação da obrigação 
com todos os seus acessórios, se ele decorrer de uma situação jurídica 
transitória ou de uma relação jurídica ineficaz. 
 
Diz o Código Civil: 
 
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se 
confundam as qualidades de credor e devedor. 
 
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só 
de parte dela. 
 
 
33 
 
Remissão 
 
A remissão das dívidas é a liberação graciosa do devedor pelo credor, que 
voluntariamente abre mão de seus direitos creditórios, com o escopo de 
extinguir a obrigação, mediante o consentimento expresso ou tácito do 
devedor. É negócio jurídico bilateral, pois o credor não pode exonerar o 
devedor sem a anuência deste, visto que, se não houver aceitação por parte do 
devedor, este poderá consignar o valor do débito em juízo. 
 
A remissão pode ser total ou parcial; expressa ou tácita e com ela se 
extingue a obrigação; ocorre a liberação do devedor principal, extinguem-se as 
garantias reais e fidejussórias (fianças); há exoneração de um dos 
codevedores, extinguindo-se a dívida apenas na parte a ele correspondente; a 
liberação graciosa do devedor por um dos credores solidários extinguirá a 
dívida toda; traz a indivisibilidade da obrigação e impede, mesmo se um dos 
credores remitir o débito, a extinção da obrigação em relação aos demais; há a 
extinção da execução, se houver perdão de toda a dívida. O Código Civil 
esclarece: 
 
 
Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a 
obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. 
 
 
 
Outros Casos de Extinção 
 
Há ainda a extinção das obrigações – sem o cumprimento da prestação ou 
efetivação do ato - se a mesma for atingida pela prescrição, pela 
impossibilidade do devedor a cumprir (sem culpa), pelo advento de condição ou 
de termo extintivo ou, ainda, por determinação judicial. 
 
Os efeitos da extinção das obrigações estão descritos no Código Civil, 
quando há o inadimplemento do avençado (não cumprimento) por parte do 
devedor, de modo voluntário ou culposo: 
 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas 
e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais 
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. 
 
34 
 
 
As perdas e danos abrangem não só o que o credor perdeu como aquilo 
que deixou de lucrar (art. 402 do CC). 
 
A incidência de juros moratórios encontra respaldo nos arts. 406 e segs. 
todos do CC: 
 
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o 
forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinação da 
lei,serão fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do 
pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. 
 
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos 
juros da mora que se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às 
prestações de outra natureza, uma vez que lhes esteja fixado o valor 
pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo entre as 
partes. 
 
 
Quando existe o inadimplemento diz-se que a parte está em mora (em 
atraso). 
 
Haverá mora quando o devedor ainda puder cumprir a obrigação, e 
inadimplemento absoluto se não houver tal possibilidade, porque a res debita 
pereceu ou se tornou inútil ao credor. A mora pode ser purgada (obstada), o 
mesmo não sucedendo com o inadimplemento absoluto. 
 
A mora vem a ser, segundo R. Limonge França, “não só a inexecução 
culposa da obrigação, mas também a injusta recusa de recebê-la no tempo, no 
lugar e no modo devidos”. 
 
Surgirá a mora do devedor (solvendi) quando este não cumprir, por culpa 
sua, a prestação devida na forma, tempo e lugar estipulados. São requisitos da 
mora: exigibilidade imediata da obrigação; tiver a inexecução total ou parcial da 
obrigação por culpa do devedor, e interpelação judicial ou extrajudicial do 
devedor, em se tratando de mora ex persona. 
 
 
 
35 
São efeitos jurídicos da mora: 
 
⚫ a responsabilidade do devedor pelos danos causados pela mora; 
⚫ a possibilidade do credor exigir a satisfação das perdas e danos, 
rejeitando a prestação, se por causa da mora ele se tornou inútil; 
⚫ a responsabilidade do devedor moroso pela impossibilidade da 
prestação, mesmo decorrente de caso fortuito e força maior, se 
estes ocorrerem durante o atraso, salvo se provar isenção de 
culpa ou que o dano fosse oportunamente desempenhada. 
 
Existe também a mora do credor, mora accipiendi, que, segundo R. 
Limongi França, “é a injusta recusa de aceitar o adimplemento da obrigação no 
tempo, lugar e forma devidos”. Pressupõe a existência de dívida positiva, 
líquida e vencida; estado de solvabilidade do devedor; oferta real e regular da 
prestação devida pelo devedor; recusa injustificada, expressa ou tácita. 
 
Há a incidência da cláusula penal nos seguintes casos detalhados na lei: 
 
Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal, desde 
que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em 
mora. 
 
Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, 
ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da 
obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora. 
 
O sinal ou as arras também podem ser exigidos na relação obrigacional. Neste 
caso, não é apenas incidente para uma das partes, mas resulta em efeitos a 
ambos os polos. Nos ensina o Código Civil que: 
 
 
Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à 
outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, 
em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação 
devida, se do mesmo gênero da principal. 
 
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a 
outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem 
recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e 
exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária 
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários 
de advogado. 
 
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se 
provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, 
também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas 
e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização. 
 
36 
 
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para 
qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente 
indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da 
outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em 
ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

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