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01 - Introdução ao Estudo do Direito Tributário

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Material Teórico 
Direito Tributário 
Introdução e Conceituação 
 
Conteudista Responsável: Profª Marlene Lessa 
cod TribCDS1904_a01 
 
 
2 
 
 
Introdução 
 
O papel primordial do Estado é permitir a seus habitantes o acesso à plenitude 
dos direitos que lhes são reconhecidos no ordenamento jurídico. Aliás, esta foi 
uma pretensão dos constituintes ao erigirem como objetivos da República do 
Brasil: a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, com garantia do 
desenvolvimento nacional; com erradicação da pobreza e da marginalização, 
buscando reduzir as desigualdades sociais e regionais. Ainda mais, o Brasil 
busca promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de discriminação (Constituição Federal, art. 3o). 
 
Para tornar possível esta missão, a atividade estatal foi estruturada para gerir e 
administrar o patrimônio público, obtendo receitas (principalmente através de 
tributos) e as harmonizando com as despesas (utilização dos recursos de 
patrimônio para atingir as finalidades pretendidas pelo Estado). 
 
O sistema tributário do nosso país foi concebido através de importantes regras, 
institutos e princípios que regem o vínculo existente entre o Fisco e o 
contribuinte. Esta normatização própria é o que chamamos de Direito Tributário. 
 
Vamos iniciar nosso estudo, portanto, conhecendo as características que 
permeiam o Direito Tributário. 
 
 
A palavra “Direito” é um termo que 
admite várias acepções. Nos ensina 
Senise Lisboa1 que a palavra é de 
origem latina e tem como significado 
aquilo que está em conformidade 
com a norma - “Direito = directum”, 
“diritto” no idioma italiano e “derecho” 
em espanhol: 
 
“Para efeitos deste tópico, no qual tratamos o direito como ciência ética, pode-
se afirmar que direito é o conjunto de normas jurídicas elaboradas a partir de 
princípios naturais e da razão humana, que atribui ou autoriza uma série de 
condutas em sociedade”. 
 
 
 
 
1 1 Senise Lisboa, Roberto. Manual de direito civil, v.1: teoria geral do direito civil – 5 ed.reform. 
–São Paulo: Saraiva, 2009, p.3. 
 
 
3 
Como o Direito Tributário visa, em especial, regular a obrigação de entregar 
dinheiro aos cofres do governo, toda a gama de normas desta disciplina fica 
atrelada à figura do poder estatal. 
Nos ensina Wilson Accioli2 como é significante o entendimento do Estado e sua 
personalidade jurídica pois “sabe-se da importância do tema no mundo moderno 
mormente quando se tem em conta a organização do patrimônio do Estado, o 
que vai lhe permitir administrar os negócios públicos, manter as forças armadas, 
distribuir o ensino, realizar trabalhos comuns, aquistar direitos, contrair 
obrigações. Diante de todos esses encargos, o Estado é obrigado a despender 
imensos recursos, os quais, juntamente com as receitas programadas, figuram 
no orçamento do Estado, que é, em síntese, uma avaliação anual de seu 
patrimônio”. 
Pode-se afirmar, então, que o Direito Tributário é ramo do direito comum, mas 
inserido no Direito Público. Isto significa que uma série de princípios 
fundamentais de direito público, bem como o regime jurídico de direito público 
são a ele aplicáveis. 
 
Vamos detalhar, nesta oportunidade, quais são as consequências do Direito 
Tributário estar ligado aos princípios fundamentais de Direito Público e estar 
inserido no regime de Direito Público. 
 
Imagine que você recebe em seu domicílio o 
boleto de cobrança do IPTU do seu imóvel. 
Você questiona “qual é o vínculo que me obriga 
a pagar esta quantia?” “como este documento 
de arrecadação do município me identificou e 
quantificou o valor que está ali está descrito?”. 
Muito bem, toda esta estrutura de cobrança e 
detalhamento dos tributos existe porque o 
interesse do coletivo se sobrepõe ao interesse 
individual. 
 
As regras votadas no Congresso Nacional, mais especificamente, em 1988, 
através da Constituição Federal, reconheceram nos tributos um dos 
instrumentos obrigatórios para manter financeiramente nosso país. Assim, a 
obrigação de pagar o tributo, de prestar declaração e manter atualizados os 
dados financeiros ao Fisco é consequência direta da supremacia do interesse 
público sobre o nosso interesse individual. 
 
Por outro lado, não pode o órgão público abrir mão e disponibilizar este interesse 
público. A atuação do administrador público deve obedecer a lei. Quando o IPTU 
foi entregue ao contribuinte, uma série de informações foi colhida pelo Fisco, 
através de órgãos específicos, os quais mapearam requisitos próprios que a lei 
elegeu para recolhimento da quantia determinada. 
 
Por isso a indisponibilidade do interesse público nos dá a garantia de que o 
servidor ou o agente público devem cumprir suas funções em atenção ao corpo 
social, não podendo sacrificar o todo em detrimento de um. 
 
2 Accioli, Wilson. Teoria Geral do Estado – Rio de Janeiro: ed. Forense, 1985, p. 128. 
 
4 
 
Temos, portanto, os elementos que nos auxiliam a compreender os Princípios 
Fundamentais do Regime de Direito Público (denominados assim na obra de 
Celso Antonio Bandeira de Mello3): 
 
 
1. Supremacia do Interesse Público sobre o Interesse Privado: 
“proclama a superioridade do interesse da coletividade, firmando a 
prevalência dele sobre o do particular, como condição, até mesmo, 
da sobrevivência e asseguramento deste último. É pressuposto de 
uma ordem social estável, em que todos e cada um possam sentir-
se garantidos e resguardados”. 
 
2. Indisponibilidade, pela Administração, dos interesses públicos: 
significa que “as pessoas administrativas não tem, portanto 
disponibilidade sobre os interesses públicos confiados à sua guarda 
e realização. Esta disponibilidade está permanentemente retida nas 
mãos do Estado (e de outras pessoas políticas, cada qual na própria 
esfera) em sua manifestação legislativa”. 
 
Ponto fundamental no Direito Tributário é entender a repercussão do regime 
jurídico que deve ser aplicado quando se fala em tributação. O normal é cada 
indivíduo receber tratamento equivalente ao ser sujeito de direitos e deveres. 
 
Quando se estabelece um contrato entre duas pessoas, por exemplo, ambas 
serão incumbidas de responsabilidades e arcarão com sanções por 
descumprimentos de cláusulas - em situação de igualdade. Isto acontece 
quando estamos em um regime jurídico de direito privado. No entanto, quando 
há interesse público envolvido, o regime jurídico pode ser estabelecido de forma 
diversa, privilegiando o coletivo. A satisfação dos interesses e das necessidades 
do ente social é enfatizada e sobrepuja a vontade individual. Este é o regime 
jurídico de direito público. 
 
O Prof. Reinaldo Zychan de Moraes menciona que a divisão em Direito Público 
e Direito Privado é originada no Direito Romano, particularmente na obra de 
Ulpiano, sendo destacado que no: 
 
• Direito Público: as normas de Direito Público “assegurariam 
diretamente o interesse da sociedade e indiretamente o do 
particular”. 
 
• Direito Privado: essas normas visam “atender imediatamente o 
interesse dos indivíduos e mediatamente o do poder público”. 
 
3 Melo, Celso Antonio Bandeira de, 1936 – Elementos de direito adminitrativo – 2 ed. ver. ampl. 
e atual. com a Constituição Federal de 1988. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1990. 
p. 21 e 26. 
 
5 
Podemos, ainda afirmar que, em contrapartida ao interesse público, “em 
direito privado, portanto, pela subjacência sempre presente do interesse 
privado, a regra é a livre manifestação da vontade, a liberdade contratual, 
a igualdade entre as partes da relação jurídica (os interesses privados são 
vislumbrados como equivalentes).Além disso, a regra em direito privado 
é a disponibilidade dos interesses, podendo os particulares abrir mão de 
seus direitos, ressalvados aqueles considerados indisponíveis, pois, como 
já destacado, a necessária subjacência do interesse privado não exclui a 
existência de disposições cogentes relativas à ordem pública” – Prof. 
Ricardo Alexandre4. 
 
São critérios para distinção do direito público/direito privado, nas palavras do 
Prof. Reinaldo Z. de Moraes: 
• Interesse Público: que prevalece nas relações firmadas pelo Direito 
Público, o que não ocorre no direito privado, que, se caracteriza pela 
igualdade na relação entre as partes envolvidas, sem prevalência do 
interesse de qualquer delas. 
• Sujeito da relação jurídica com prerrogativas de autoridade: no 
Direito Público, em razão da prevalência do interesse público, há um 
desequilíbrio nas prerrogativas das partes nas relações jurídicas, de 
forma que o Poder Público detém prerrogativas de autoridade, 
podendo, de forma unilateral, alterar (dentro de certos limites) essa 
relação. Essa possibilidade não é aplicável no Direito Privado, pois 
nesse vige o equilíbrio entre as partes. 
 
 
 
 
4 ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado – 4a ed – Rio de Janeiro: Forense; São 
Paulo: Método, 2010, p. 36. 
 
6 
 
 
 
 
Finalmente, diz a doutrina5 que o 
Direito Tributário é, quanto à sua 
natureza, um direito cujo vínculo é 
obrigacional: em um lado da relação 
jurídica há o contribuinte e noutro, o 
ente estatal. 
 
 
 
 
O Direito Tributário e outros ramos do DIREITO 
 
O Direito Tributário é ramo autônomo na ciência jurídica. Todavia se relaciona 
com o Direito Constitucional (“ramo do Direito Público que expõe, interpreta e 
sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado” - José Afonso da 
Silva). O nosso “Sistema Tributário Nacional” recebeu dos artigos 145 a 
162 da Constituição Federal todas as bases do fundamento de validade 
das espécies tributárias e princípios. 
 
A relevância deste ponto de convergência entre o Direito Constitucional e o 
Direito Tributário pode ser entendida nas palavras da Profª Ritinha Alzira 
Stevenson Georgakilas6 ao determinar que “no tocante às normas 
constitucionais, a imperatividade assume uma feição particular, qual seja, a da 
sua supremacia em relação aos demais preceitos de um mesmo ordenamento 
jurídico. Em outras palavras, as Constituições, além de imperativas, são 
supremas, assumindo um lugar de destaque ou proeminência em relação às 
demais normas, que a ela se deverão conformar, seja quanto ao modo da sua 
elaboração, ou processo legislativo e a respectiva competência, seja quanto à 
matéria que tratam, a qual, a nosso ver, deve ser também compatível com o 
conteúdo da Constituição”. 
 
Acerca da competência é necessário saber que é de atribuição concorrente da 
União, com os Estados e Distrito Federal, legislar sobre Direito Tributário: 
 
 
 
 
 
 
 
5 Sabbag, Eduardo. Manual de direito tributário – 2º ed – São Paulo: Saraiva, 2010.p. 45. 
6 Ferraz Júnior, Tércio Sampaio, 1941 – Constituição de 1988: legitimidade, vigência e eficácia, supremacia 
? Tercio Sampaio, Ferraz Júnior, Maria Helena Diniz, Ritinha Alzira Stevenson Georgakilas. São Paulo: 
Atlas, 1989. p. 100. 
 
7 
 
 
 
Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 
 
 
 
Como verificamos no item anterior, o Direito Tributário também se relaciona com 
o Direito Administrativo (que é o “conjunto harmônico de princípios jurídicos 
que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a realizar 
concreta e direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado” - Hely Lopes 
Meirelles). A supremacia do interesse público sobre o direito privado é um dos 
pilares da tributação. 
 
Se a norma tributária é de índole pública, Eduardo Sabbag, diz que as 
consequências disso ocasionam: que o Estado é parte da relação jurídica 
(critério subjetivo); que traz em seu bojo a coatividade, ou seja, a imperatividade 
própria das normas cogentes (critério do conteúdo tutelado pela norma jurídica) 
e sinaliza que o interesse tutelado há de ser o interesse público (critério do 
interesse amparado pela norma jurídica7). 
 
Sobre o Direito Financeiro a relação existente com o Direito Tributário é mais 
estreita, uma vez que o Direito Financeiro é ciência jurídica que registra 
normativamente toda a atividade financeira do Estado, na busca de uma 
aplicação prática – Eduardo Sabbag. 
 
Assim, o Direito Financeiro é o ramo do Direito Público Interno que visa o estudo 
da atividade financeira estatal que tem como objeto a arrecadação de numerário, 
sua gestão e no dispêndio por meio de despesas públicas. No Direito Financeiro 
encontramos, dentre outros assuntos, o estudo do Ingresso Público, ou seja, 
sobre a entrada de dinheiro nos cofres públicos. 
 
 
7 Op. cit. p. 44. 
 
8 
Ainda como nos lembra o prof. Reinaldo Z. de Moraes, a forma de ingresso 
público que atualmente é a mais relevante é a que se dá por meio dos tributos. 
Ela é uma forma de receita própria, ou seja, esse dinheiro ingressa nos cofres 
públicos, sem a necessidade de ser restituído. Dentre as receitas próprias podem 
ser originárias, quando decorrem da exploração do próprio patrimônio do Poder 
Público, tal como ocorre, por exemplo, quando a União recebe o valor de um 
aluguel de um imóvel locado a um particular. Será, contudo, derivado quando a 
entrada de numerário decorrer a exploração de patrimônio de terceiros, tal como 
ocorre com as reparações de guerra, com o recebimento de penalidades em 
dinheiro (multas) e pelo recebimento do valor dos tributos. 
 
 
Direito Tributário: Conceituação 
 
A doutrina é farta em apresentar o conceito de Direito Tributário. Vejamos 
alguns exemplos: 
 
Conceito da Lei nº 4.320/64 
 
Tributo é a receita derivada instituída pelas 
entidades de direito publico, compreendendo os 
impostos, as taxas e contribuições nos termos da 
constituição e das leis vigentes em matéria 
financeira, destinando-se o seu produto ao custeio 
de atividades gerais ou especificas exercidas por 
essas entidades (art.9º). 
 
Destaque deste conceito está na sua característica de Direito Financeiro. A 
definição desta lei trata do tributo como uma receita derivada8. Receita pública, 
para Aliomar Baleeiro9 “é a entrada que, integrando-se ao patrimônio público 
sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem 
acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo”. 
As receitas derivadas são os tributos, as multas e outros rendimentos que são 
recebidos pelo ente estatal cuja origem está no setor privado da economia. 
Reportamo-nos às palavras de Eduardo Sabbag quando diz que o poder de 
império do Estado pode fazer “derivar” para os cofres públicos uma parcela do 
patrimônio das pessoas sujeitas à sua jurisdição. 
 
 
 
8 Receita Originária significa que o Estado atua como particular, ou seja, explora seu próprio 
patrimônio, como quando aluga um bem ou consegue explorar atividade econômica. A receita 
seria originária do próprio poder público, do patrimônio estatal. 
9 BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças> Atualização de Dejalma de 
Campos. 16 ed, Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 126. 
 
9 
Conceito de Rubens Gomes de Sousa 
“Ramo do direito público que rege as relações jurídicas entre o Estado e os 
particulares, decorrentes da atividade financeira do Estado no que se refere à 
obtenção de receitas que correspondam ao conceito de tributo”.Características 
ressaltadas: 
 
• Ramo do Direito Público 
• Relação jurídica: Estado x Particulares 
• Receitas que correspondam ao conceito de 
tributo - art. 3° do CTN 
 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária 
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não 
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade 
administrativa plenamente vinculada. 
 
Conceito de Hugo de Brito Machado 
“Ramo do Direito que se ocupa das relações 
entre o fisco e as pessoas sujeitas às 
imposições tributárias de qualquer espécie, 
limitando o poder de tributar e protegendo o 
cidadão contra os abusos desse poder”. 
Características ressaltadas: 
 
• Relação entre o Fisco e as pessoas sujeitas às suas imposições. 
• Fisco: é o mesmo que Erário e Tesouro Público – todo aparelho 
administrativo destinado à arrecadação das rendas públicas e a 
guarda dos bens do Estado. 
• Fisco: origem do latim fiscus. 
• Pessoas Jurídicas de Direito Público estão sujeitas a alguns tributos. 
Por exemplo, o art. 150, § 2° da CF fala da chamada Imunidade 
Recíproca ou Intergovernamental que abrange somente os impostos 
e não os demais tributos. 
• Limitação ao Poder de Tributar. 
CF, Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: patrimônio, renda ou 
serviços, uns dos outros; 
§ 2º - A vedação do inciso VI, a, é extensiva às autarquias e às 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se 
refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas 
finalidades essenciais ou às delas decorrentes. 
 
 
10 
Conceito de Paulo de Barros Carvalho 
“Ramo didaticamente autônomo do direito, integrado pelo conjunto das 
proposições jurídico-normativas que correspondam, direta ou indiretamente, à 
instituição, arrecadação e fiscalização de tributos”. Destaca-se: 
 
 
 
 
• Ramo autônomo. 
• Definição montada sobre a noção jurídica de tributo – art. 3º CTN. 
 
Tributo 
 
 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, 
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada. (CTN) 
 
... É toda prestação pecuniária ... 
O tributo é uma prestação em dinheiro, não existindo em nosso sistema as 
prestações em natureza as quais são pagas: 
• Em serviço – in labore 
• Em bens diversos do dinheiro – in natura 
 
... compulsória ... 
 
Toda obrigação gera uma prestação 
obrigatória que, em caso de descumprimento, 
pode ser exigida judicialmente. 
Ocorre que em matéria tributária a sujeição 
não se dá pela vontade, mas em virtude de lei, 
razão pela qual ela é não somente voluntária, 
mas compulsória. 
 
 
 
 
11 
 
 
Na relação jurídica tributária o que ocorre então é: 
 
• No polo ativo estão todos os entes que por lei podem exigir tributos, melhor 
explicitando, o “Fisco”: na esfera municipal, estadual, distrital e federal. 
 
• No polo passivo está o contribuinte, aquele que por lei é devedor na relação 
jurídica. Tanto as empresas e pessoas jurídicas, como cada pessoa física, 
representam este papel na relação jurídica tributária. 
 
 
 
... em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir ... 
 
O pagamento do tributo deverá ser feito em dinheiro, somente excepcionalmente 
se admite que ocorra o pagamento de outra forma, tais como por cheque, vale 
postal e estampilha. 
Ainda de forma excepcional pode ocorrer o pagamento por dação em pagamento 
de bens imóveis (na forma e condições estabelecidas em lei) – art. 156, XI, do 
CTN. 
 
... que não constitua sanção de ato ilícito ... 
 
A hipótese de incidência tributária sempre 
deve ser uma situação lícita, agora o fato 
gerador pode ocorrer no contexto de um ato 
ilícito. 
Exemplo: um banqueiro do “Jogo do Bicho” – 
pratica atos ilícitos – contudo em sua atividade 
ocorre a aquisição de disponibilidade 
econômica ou jurídica (art. 43 do CTN), tal 
aquisição é a hipótese de incidência tributária 
do imposto de renda, logo ele irá pagar tal 
tributo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
... instituída em lei ... 
Decorre do Princípio da Legalidade esculpido no artigo 150, inciso I, da 
Constituição Federal. 
 
CF, Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao 
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
 
... cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
No nosso sistema tributário não há campo para a atuação da vontade pessoal 
do administrador público ou para a aplicação de conceitos de conveniência ou 
oportunidade. A atuação da administração tributária, portanto, é plenamente 
regrada pela lei (vinculada). 
Assim, não pode o administrador deixar de cobrar um tributo, ainda que esteja 
movido por sentimentos nobres como a piedade e a consternação com a 
situação econômica do contribuinte. 
 
 
 
Denominações da Disciplina 
 
• Direito Financeiro 
Não aceito pela maioria dos autores, pois o Direito Financeiro abrange toda 
a atividade financeira do Estado e o Direito Tributário se refere somente aos 
tributos. 
O Direito Financeiro abrange o estudo: 
➔ Das despesas públicas; 
➔ Das receitas públicas; 
➔ Do orçamento público; 
➔ Do crédito público. 
Cabe ao Direito Financeiro a disciplina da atividade financeira do Estado, 
com exceção da parte desta atividade que se refere aos tributos. 
 
 
 
13 
Outras denominações: 
• Direito Fiscal 
• Direito dos Impostos 
• Direito Tributário: é a mais aceita em nosso país, bem como é essa a 
expressamente prevista na Constituição Federal. 
Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, 
econômico e urbanístico; 
 
 
 
Código Tributário Nacional 
 
É a Lei N° 5.172, de 25 de outubro de 1966 – “dispõe sobre o Sistema Tributário 
Nacional e institui normas gerais de direito tributário, aplicáveis à União, Estados 
e Municípios”. O Ato Complementar N° 36, de 13 de março de 1967 alterou a 
denominação para Código Tributário Nacional. 
 
Nosso CTN foi editado sob a égide da CF de 1946, foi recepcionado pela CF 67 
e pela CF 88 com força normativa de lei complementar - em especial em razão 
do disposto no art. 146 da CF. 
 
 
Art. 146 - Cabe à lei complementar: 
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; 
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, 
especialmente sobre: 
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos 
impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, 
bases de cálculo e contribuintes; 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; 
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas 
sociedades cooperativas. 
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e 
para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou 
simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições 
previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 
239. 
Parágrafo único – A lei complementar de que trata o inciso III, d, também 
poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que: 
I – será opcionalpara o contribuinte; 
II – poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por 
Estado; 
III – o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de 
recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada 
qualquer retenção ou condicionamento; 
IV – a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas 
pelos entes federados, adotado o cadastro nacional único de contribuintes. 
 
14 
 
 
 
 
 
• Tributo é a quantia em dinheiro paga pelos contribuintes ao Estado quando 
ocorre a prática de fatos (previstos na lei) que geram a obrigação de pagar. 
 
• Por que obrigação? Porque o particular tem o dever de adimplir, de fazer o 
pagamento do tributo. A lei, ou seja, a norma obrigatória, de coerção, 
imposta, cogente, determina o pagamento. A relação entre contribuinte e 
Fisco é uma relação jurídica obrigacional. O não cumprimento de uma 
obrigação gera a sanção, a pena, a punição. No Brasil, o não cumprimento 
das determinações do fisco pode gerar além das multas e imposições 
pecuniárias ($), o cancelamento do Cadastro Nacional de Pessoa Física e 
Jurídica entre outras punições... 
 
• Tributo (conceituação no art. 3o do CTN) é: 
 
 
➔ Prestação pecuniária (ou seja, em dinheiro), já que financia a 
atividade do poder público. Não permite o pagamento através de 
mercadorias (in natura) ou em trabalho (in labore). Excepcionalmente 
admite a dação em pagamento de bens imóveis, nos casos e formas 
legais (art. 156, XI CTN). 
 
➔ Compulsória (obrigatória) uma vez que a vontade do contribuinte não 
é levada em conta. Mesmo os incapazes podem ser contribuintes das 
obrigações tributárias. A lei determina quem será contribuinte e em 
que casos. 
 
➔ Que não constitua sanção a ato ilícito, significa que não é punição, 
multa ou pena a atividades ilícitas. A incidência da tributação decorre 
de atos legais, lícitos. Não é tributo a consequência pelo 
descumprimento de uma obrigação, de um dever jurídico (nesse caso 
fala-se em multa, cláusula penal, mas não tributo). 
 
➔ Instituído em lei, porque somente a lei, regularmente aprovada pelo 
Poder Legislativo determinando a tributação, é que pode instituí-la. 
 
➔ Cobrada mediante atividade administrativa plenamente 
vinculada. A administração pública não pode tributar com margem de 
liberdade, além ou fora do previsto estritamente na lei. 
 
 
 
 
 
 
Memorizando 
 
15 
Espécies de Tributo 
 
Tributo é o gênero do qual impostos, taxas, contribuição de melhoria (art. 5o do 
CTN e 145 CF), empréstimos compulsórios (art. 148 CF), e contribuições 
especiais (art. 149 da CF e 217 do CTN) são espécies. Este posicionamento é 
o do Supremo Tribunal Federal o qual concebe as espécies tributárias como 
previstas na Constituição Federal. 
 
Portanto, é a nossa Lei Maior que dita no Sistema Tributário Nacional cinco 
espécies de tributos, cada uma com características individuais. 
 
No entanto, há quem defenda a tripartição das espécies tributárias, ou seja, 
considere a forma como cada uma está apresentada no Código Tributário 
Nacional (três espécies ou classificação tripartida): os tributos como “impostos, 
taxas e contribuições de melhoria”: 
 
 
 
Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. 
 
 
Em breve veremos algumas consequências que podem advir de entendimentos 
diversos. 
 
Para conhecer cada espécie tributária é importante entender sua natureza 
jurídica (como diz o CTN) entender o fato que gera a obrigação: 
 
 
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador 
da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: 
 I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei; 
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. 
 
 
Temos, então, os seguintes tributos com naturezas jurídicas distintas... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
Imposto 
 
Previsão Legal: “CTN Art. 16: Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato 
gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, 
relativa ao contribuinte”. 
 
O fato do imposto não estar atrelado a uma contraprestação do poder público 
significa dizer que ele não tem exigência vinculada, ou mais precisamente, uma 
“exação” vinculada. Ele é unilateral, porque não espera retorno do valor pago 
em troca específica ao contribuinte. Ele serve para custear e atender as 
necessidades da população em geral. O valor arrecadado pelo Fisco é utilizado 
para manter, financiar o Poder Público, inclusive sua atividade fim ("bem da 
coletividade") e promover o seu funcionamento e o dos serviços que deva 
prestar. Ex. Imposto de Renda, Imposto Territorial Rural, Imposto de Importação, 
etc. – todos estes impostos previstos também na Constituição Federal. 
 
 
Nas palavras de Ruy Barbosa Nogueira10 
o imposto é devido pelo contribuinte 
quando realiza o fato que gera o tributo e 
não corresponde, em si, “a preço por 
vantagens que o Estado conceda ao 
obrigado, mas a captação de riqueza para 
o Poder Público”. 
 
Em regra, não permite a CF que a receita 
de impostos seja vinculada a algum tipo 
de despesa ou uso específico – artigo 
167, inciso IV. 
Art. 167 - São vedados: IV - a vinculação de 
receita de impostos a órgão, fundo ou 
despesa, ressalvadas a repartição do produto 
da arrecadação dos impostos a que se 
referem os arts. 158 e 159, a destinação de 
recursos para as ações e serviços públicos de 
saúde e para manutenção e desenvolvimento 
do ensino e para realização de atividades da 
administração tributária, como determinado, 
respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 
37, XXII, e a prestação de garantias às 
operações de crédito por antecipação de 
receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como 
o disposto no § 4º deste artigo; 
§ 4º - É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a 
que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 
158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou contragarantia à União 
e para pagamento de débitos para com esta. 
 
 
10 NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de direito tributário. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1995. p. 158. 
O imposto é um tributo cuja 
característica é: não estar 
atrelado, vinculado a uma 
atividade que o Estado deva 
realizar. 
 
 
17 
O imposto será cobrado de acordo com a capacidade de contribuir de cada um. 
 
É o chamado princípio da capacidade contributiva. O ente estatal verifica quem 
pode auxiliar no custeio de nossos entes governamentais e detalha, através de 
seus órgãos quem é contribuinte de qual imposto. 
 
 Para conhecer cada imposto, a Constituição Federal traça no artigo 153 e 154 
(os federais), 155 (estaduais) e 156 (municipais). 
 
 
 Classificação dos impostos11 
 
 
 
 
Quanto à 
 BASE 
ECONÔMICA 
Sobre o 
COMÉRCIO 
EXTERIOR 
Incidem sobre operações de 
importação ou exportação; 
II e IE 
Sobre o 
PATRIMÔNIO E A 
RENDA 
Incidem sobre a propriedade 
de bens móveis ou imóveis e 
sobre os ganhos do trabalho ou 
do capital; 
IR, ITR, IGF, 
ITCMD, IPVA, 
ITBI e IPTU 
Sobre a 
PRODUÇÃO E A 
CIRCULAÇÃO 
Incidem sobre a circulação de 
bens ou valores, bem como a 
produção de bens; 
IPI, IOF, ICMS e 
ISS 
 
 
 
Quanto à 
ALÍQUOTA 
 
FIXOS 
O valor a ser pago é fixado 
pela lei, independentemente do 
valor da mercadoria, serviço ou 
patrimônio tributado; 
ISS dos 
autônomos pago 
mensalmente 
em valores fixos; 
ICMS fixado por 
estimativa para 
a microempresa 
PROPORCIONAIS A alíquota é um percentual, ou 
seja, ad valorem. O valor é 
variável conforme a base de 
cálculo.A grande 
maioria dos 
impostos. 
 
 
Quanto à 
FORMA DE 
PERCEPÇÃO 
DIRETOS Recaem diretamente sobre o 
contribuinte, sendo este 
impossibilitado de transferir 
imediatamente o ônus 
financeiro para terceiros. 
IPTU, IR, ITR e 
outros. 
INDIRETOS São passíveis de repasse do 
ônus financeiro para terceiros, 
na maioria das vezes recaindo 
tal ônus sobre o consumidor 
final 
ICMS, ISS, IPI 
entre outros. 
 
11 Baseado em tabela constante da obra BORBA, Claudio. Direito Tributário. Rio de Janeiro: 
Impetus, 12ª ed., 2003. p.32. 
 
18 
 
Quanto ao 
OBJETO DE 
INCIDÊNCIA 
REAIS Incidem sobre bens, seja 
mercadoria, produto ou 
patrimônio. 
IPTU, ITBI, 
ITCMD entre 
outros. 
PESSOAIS Incidem sobre a pessoa do 
contribuinte e não sobre 
coisas. 
IR e IOF entre 
outros. 
 
 
 
Taxa 
 
Previsão Legal: “CF Art. 145: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
poderão instituir os seguintes tributos: 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou 
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou 
postos a sua disposição”. 
 
“CTN Art. 77: As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou 
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o 
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço 
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição”. 
 
“Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que 
correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas”. 
 
 
 
 
A taxa é então um tributo gerado pela utilização, por parte do 
cidadão, efetiva ou potencial de determinado e 
específico serviço público, o qual traz ou permite um beneficio à 
coletividade. Ex. Retirada de passaporte (taxa); certidões de 
casamento; custas processuais (taxa judiciária), etc. 
 
Há limite para cobrança da taxa que deve ser o valor 
correspondente à despesa que o ente estatal possui ao realizar o 
serviço. 
 
Também a taxa é devida pelo exercício regular do poder de 
polícia, ou seja, quando a Administração Pública impõe regras 
para restringir o uso de bens ou atividades. A taxa se apresenta 
como um tributo vinculado, atrelado a uma 
contraprestação específica do Poder Público em favor do 
contribuinte (sujeito passivo). 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
São espécies de taxas: 
 
• De serviço público: é devida em razão de disponibilização de serviços 
públicos ao contribuinte. Também chamada de taxa de utilização. 
 
Os serviços públicos a que se refere o artigo 77 consideram-se: 
I - utilizados pelo contribuinte: 
a) efetivamente, quando por ele usufruídos a qualquer título; 
b) potencialmente, quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos 
à sua disposição mediante atividade administrativa em efetivo 
funcionamento; 
II - específicos, quando possam ser destacados em unidades autônomas de 
intervenção, de unidade, ou de necessidades públicas; 
III - divisíveis, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte 
de cada um dos seus usuários. 
(CTN) 
 
 
Requisitos 
 
 O serviço deve ser prestado de forma específica, ou seja, permite 
identificação do contribuinte ou usuário (“ut singuli” – discriminar 
singularmente quem usou o serviço). 
 
 O serviço dever ser divisível – o serviço pode ser fruído de modo 
individual pelo usuário. 
 
 O serviço deve ser efetivo (realizado concretamente) ao usuário ou 
potencial (se for de utilização obrigatória, fica disponível para o 
usuário dele fruir). 
 
 Precisa ser mensurável (deve propiciar individuação para o 
cidadão). 
 
Exemplos: taxa de conservação e limpeza dos logradouros públicos, taxa 
de licenciamento anual de veículos, etc. 
 
 
• De polícia: com base no princípio da Supremacia do Interesse Público sobre 
o Privado, algumas atividades ou exercício de direitos individuais podem 
sofrer limitação. Por isso, o uso da propriedade ou a liberdade do 
contribuinte pode ensejar a cobrança da taxa de polícia. 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Requisito: o exercício do poder de polícia precisa ser regular: 
 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública 
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina 
da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas 
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos 
individuais ou coletivos. Parágrafo único. Considera-se regular o 
exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão 
competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo 
legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem 
abuso ou desvio de poder. (CTN) 
 
Exemplos: taxa de fiscalização e controle de produtos químicos, taxa de 
controle e fiscalização ambiental (TCFA), taxa de fiscalização de vigilância 
sanitária, taxa de licenciamento para funcionamento e alvará municipal (taxa 
de funcionamento), taxa de fiscalização de anúncios, taxa de fiscalização 
dos mercados de títulos e valores mobiliários, taxa de fiscalização dos 
serviços de cartórios extrajudiciais, etc. 
 
A taxa é tributo de exação vinculada. 
 
 
 
“O fato gerador da taxa não é um fato do contribuinte, mas um fato 
do Estado. O Estado exerce determinada atividade e, por isso, 
cobra a taxa da pessoa a quem aproveita aquela determinada 
atividade”. Esta é explicação do doutrinador Luciano Amaro12. 
 
12 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 31. 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUIDADO! Sobre a taxa de Iluminação Pública, a reiterada jurisprudência do 
STF diz que essa taxa é inconstitucional, sendo a matéria sumulada. 
 
STF - Súmula nº 670 
O serviço de iluminação pública não pode ser 
remunerado mediante taxa. 
 
Como todas as pessoas políticas podem criar taxas, a divisão de competência 
se dá com base nos serviços que cada um deles pode prestar. 
CTN 
Art. 80. Para efeito de instituição e cobrança de taxas, consideram-se 
compreendidas no âmbito das atribuições da União, dos Estados, do Distrito 
Federal ou dos Municípios, aquelas que, segundo a Constituição Federal, as 
Constituições dos Estados, as Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos 
Municípios e a legislação com elas compatível, competem a cada uma dessas 
pessoas de direito público. 
 
 
22 
 
 
Observações Importantes 
 
➔ Nenhuma taxa pode ter como base de cálculo aquela que é 
própria dos impostos13. Por exemplo, a taxa de segurança 
contra incêndios, como utiliza o critério de cálculo do IPTU 
(percentual do valor da área construída do bem imóvel) está 
sendo considerada inconstitucional. O mesmo se diga sobre taxa 
de licenciamento de importação, a base de cálculo coincide com 
a do imposto de importação. Assim, a taxa não pode ter base de 
cálculo ou fato gerador idêntico aos correspondentes aos 
impostos, nem ser calculada em virtude do capital das empresas 
– art. 145, § 2º, CF e artigo 77, parágrafo único, do CTN. 
 
➔ Há, portanto, serviços que o ente público presta, que são para a 
coletividade, abrangendo indistintamente toda a população, sem 
identificar e mensurar pessoas (contribuintes) específicos. Ex. o 
serviço de iluminação das ruas. Neste caso, se um turista 
estrangeiro passeia pelas ruas de determinadolocal, ou se um 
comerciante dali utiliza a luz do poste de rua, ambos são usuários 
deste serviço. Não se fala em taxa de luz, mas em contribuição 
para o custeio de iluminação pública (art. 149 A da CF). 
 
➔ A taxa não se confunde com TARIFA. Serviços públicos podem 
ser remunerados através de TARIFAS, porém neste caso há uma 
relação contratual do usuário com o prestador do serviço. O 
poder público faz a concessão ou permissão de um serviço não 
propriamente estatal para que uma empresa realize a exploração 
daquele setor econômico. Ex. Pedágio. O que é pago como 
pedágio é considerado como tarifa e não como taxa. A empresa 
exploradora do serviço público cobra do usário um valor com 
finalidade de lucro, que decorre de um contrato administrativo. 
 
 
 
 
 
13 No caso da taxa do lixo, em São Paulo, o STF considerou inconstitucional sua cobrança por 
coincidir com a base para cálculo do IPTU – que era a do tamanho do imóvel. 
 
23 
 
 
Contribuições de Melhoria 
 
Previsão Legal: “CF Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios poderão instituir os seguintes tributos: III - contribuição de melhoria, 
decorrente de obras públicas”. 
 
 “CTN, Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, 
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas 
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que 
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e 
como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel 
beneficiado. 
 Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria observará os seguintes 
requisitos mínimos: I - publicação prévia dos seguintes elementos: a) memorial 
descritivo do projeto; b) orçamento do custo da obra; c) determinação da parcela 
do custo da obra a ser financiada pela contribuição; d) delimitação da zona 
beneficiada; e) determinação do fator de absorção do benefício da valorização 
para toda a zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas; II - 
fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação pelos 
interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior; III - 
regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da 
impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação 
judicial. 
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela 
do custo da obra a que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situados 
na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de 
valorização. 
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser 
notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento 
e dos elementos que integram o respectivo cálculo”. 
 
 
A contribuição de melhoria é tributo gerado pela valorização da 
propriedade imóvel do cidadão, devido a realização de uma obra 
pública. Para cobrança deste tributo é necessário verificar que a obra 
trouxe valorização, aumento no valor do imóvel. 
 
Exemplos: 
 
Colocação de asfalto, instalação de rede de água e esgoto em uma via 
pública, calçamento, etc. 
 
Fazendo a subtração entre o valor final que o imóvel adquire e o valor que 
tinha antes da obra, deve resultar um aumento. Daí pode ser cobrada a 
contribuição de melhoria. Então, esse também é um tributo vinculado a 
uma atuação do Poder Público (tributo de exação vinculada). 
 
Requisitos: 
 
 Necessidade que obra pública gere valorização; 
 A valorização é sobre bens imóveis; 
 O contribuinte é o proprietário do imóvel valorizado. 
 
24 
 
 
 
 
Portanto, no limite determinado pelo art. 81 do CTN, não pode o contribuinte ser 
tributado em valor maior do que seu próprio imóvel, com lucro por parte do Poder 
Público em detrimento do dono do imóvel. 
 
 
 
Empréstimos Compulsórios 
 
 
Previsão Legal: 
 
“CF - Art. 148: A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos 
compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de 
calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de 
investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, 
observado o disposto no art. 150, III,"b". Parágrafo único. A aplicação dos 
recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que 
fundamentou sua instituição.” 
 
 
Os empréstimos compulsórios são uma categoria de tributo extraordinário que 
tem como peculiaridade uma "promessa", por parte do Poder Público, 
de restituir ao cidadão o que ele pagou. Como o nome diz é um empréstimo 
obrigatório, forçado. 
 
 
 
 
 
25 
 
 
Características: 
 
Podem ser criados pela União, por lei complementar (ou seja, dependem 
de processo legislativo específico – aprovação por quórum de maioria absoluta 
dos parlamentares do Congresso Nacional) para atender: 
 
 
a) Despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, guerra 
externa ou sua iminência. Exemplos: esgotados ou inativos os fundos 
do Tesouro Nacional a União pode cobrar este tributo na hipótese de 
terremoto, maremoto, tufões ou quaisquer catástrofes. Para tanto, o 
estado de calamidade terá sido decretado. No outro caso, fala-se na 
guerra perpetrada por outro estado estrangeiro contra o Brasil, 
portanto, um conflito armado internacional ou sua declaração. 
 
b) Investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional. 
Exemplo de empréstimo compulsório: aquele criado em favor das 
Centrais Elétricas Brasileiras (§ 12 do art. 34 do Ato das Disposições 
Transitórias da CF: “§ 12 - A urgência prevista no art. 148, II, não 
prejudica a cobrança do empréstimo compulsório instituído, em 
benefício das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobrás, pela Lei 
nº 4.156, de 28 de novembro de 1962, com as alterações posteriores"). 
 
Observações Importantes: 
 
➔ Em se tratando de empréstimos compulsórios instituídos por 
calamidade pública ou guerra externa (e sua iminência) a 
cobrança do empréstimo compulsório pode ser realizada NO 
MESMO EXERCÍCIO FISCAL em que a lei que o instituiu for 
publicada. 
 
➔ Este tributo tem uma finalidade específica que fundamentou sua 
instituição, daí o § único do art. 148 da CF – devendo o valor ser 
restituído ao contribuinte. 
 
 
Portanto, esta espécie tributária é vinculada e como vimos, sempre instituída por 
lei complementar. 
Os recursos arrecadados com este tributo somente podem ser utilizados na 
despesa que fundamentou a sua instituição. 
O fato gerador deste tributo será definido pela lei complementar que o instituir. A 
calamidade pública, a guerra, etc. não são os fatos geradores do tributo, mas 
sim o motivo que justificou a sua instituição. 
É um tributo que não é caracterizado pelo seu fato gerador, mas sim por sua 
finalidade (não se aplica a ele o artigo 4º do CTN). 
 
26 
No CTN vamos encontrar as disposições que se referem aos empréstimos 
compulsórios no artigo 15, cabendo destacar que o inciso III não foi 
recepcionado pela CF 88. 
 
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir 
empréstimos compulsórios: 
I - guerra externa, ou sua iminência; 
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os 
recursos orçamentários disponíveis; 
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as 
condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta 
Lei. 
 
Somente os motivos apontados pela CF é que podem justificar a criação dos 
empréstimos compulsórios. 
 
 
EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS 
INCISO I INCISO II 
Para atender a despesas extraordinárias, 
decorrentes de calamidade pública, de 
guerraexterna ou sua iminência; 
No caso de investimento público de 
caráter urgente e de relevante interesse 
nacional; 
EMERGÊNCIA ABSOLUTA URGÊNCIA 
Pode ser instituído no mesmo exercício 
fiscal da lei que o criou; 
Não pode ser instituído no mesmo 
exercício fiscal da lei que o criou; 
Pode ser cobrado antes de decorridos 
noventa dias da data em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou 
aumentou – exceção ao art. 150, III, ‘c’, 
da CF. 
Não pode ser cobrado antes de 
decorridos noventa dias da data em que 
haja sido publicada a lei que os instituiu 
ou aumentou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
Contribuições Especiais 
 
 
Estão fraccionadas no texto constitucional e são tributos destinados a arrecadar 
recursos e utilizá-los em áreas sensíveis ao Poder Público. Também são 
chamadas de contribuições parafiscais, contribuições sociais, de intervenção no 
domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas. 
 
 
A característica destas contribuições se encontra no vínculo da aplicação do 
tributo arrecadado nas necessidades que as geraram. São, contudo, especiais, 
porque a vinculação não é para um contribuinte específico, mas para uma 
coletividade. Portanto, o produto das contribuições especiais é usado para 
financiar atividades de interesse público, beneficiando um grupo específico, mas 
de modo oblíquo auxilia ao contribuinte. 
 
 
Espécies de Contribuições Sociais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Contribuições de 
Sociais ou 
da 
Seguridade 
Social 
Contribuições de 
Interesse de 
Categorias 
Profissionais ou 
Econômicas 
Contribuições de 
Intervenção no 
Domínio 
Econômico 
Contribuições 
Sociais, 
Parafiscais ou 
Especiais 
 
28 
• Contribuições Sociais / Seguridade Social 
 
Estão destinadas a servir de custeio para a saúde, à previdência e assistência 
social. As principais contribuições são: 
 
 PIS/PASEP (programa de integração social / programa de formação 
do patrimônio do servidor público) 
 COFINS (contribuição para financiamento da seguridade social) 
 CSLL (contribuição social sobre o lucro líquido) 
 FGTS (contribuição para o fundo de garantia por tempo de serviço) 
 Contribuições cobradas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios 
de seus servidores para o custeio dos seus sistemas de previdência 
e assistência. 
As contribuições destinadas à Seguridade Social estão previstas estão 
previstas no artigo 195 CF, divididas em quatro grupos... 
 
 
 
 
 
Fontes da 
Seguridade 
Social 
Do 
empregador, da 
empresa, da 
entidade a ela 
equiparada 
Do trabalhador e dos demais segurados da Previdência 
Social, exceto os aposentados e pensionistas 
Sobre a receita dos concursos de prognósticos 
Do importador de bens e 
serviços do exterior 
COFINS - 
IMPORTAÇÃO 
A receita ou o 
faturamento 
Sobre a folha de 
salários 
O lucro 
PIS, PASEP 
COFINS 
CSLL 
 
Art. 195 
CF 
 
29 
As contribuições sociais previstas nos incisos do ‘caput’ do artigo 195 da CF são 
criadas, em regra, por leis ordinárias. Contudo, o § 4º do artigo 195 da CF 
permitiu que fossem criadas outras contribuições sociais (chamadas de 
Contribuições Sociais Residuais), as quais devem seguir o disposto no artigo 
154, inciso ‘I’, da CF (ou seja, as regras para criação dos Impostos Residuais), 
ou seja, a criação deve ocorrer por meio de Lei Complementar. 
 
Art. 195, § 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a 
manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 
154, I. 
 
 
 
Princípio da Anterioridade e as Contribuições Sociais 
 
As contribuições sociais só podem ser cobradas 90 dias após 
a publicação da lei que as instituírem. 
 
CF, Art. 195, § 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão 
ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as 
houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, 
III, b. 
 
 
 
• Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE 
Há atividades que devem sofrer intervenção do Estado Federal, a fim de que se 
promova um maior controle fiscalizatório sobre elas, regulando seu fluxo 
produtivo. Há, especialmente, duas contribuições deste tipo de maior relevância, 
além de outros exemplos: 
 
Contribuições 
Sociais 
Residuais 
Instituídas por Lei Complementar 
Devem ser não cumulativas, compensando-se o que for 
devido em cada operação com o montante cobrado nas 
anteriores 
Não poderão ter a mesma base de cálculo e fato 
gerador dos impostos discriminados pela CF 
 
30 
➔ CIDE – Remessa para o Exterior ou CIDE – Tecnologia ou 
CIDE - Programa de Estímulo à Interação Universidade-
Empresa para o Apoio à Inovação ou CIDE - Royalties 
(Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Devida 
Pela Pessoa Jurídica Detentora de Licença de Uso ou 
Adquirente de Conhecimentos Tecnológicos, Bem Como 
Aquela Signatária de Contratos que Impliquem Transferência 
de Tecnologia, Firmados com Residentes ou Domiciliados no 
Exterior): instituída pela Lei Nº 10.168/00, tem por fim 
atender o Programa de Estímulo à Interação Universidade-
Empresa para Apoio à Inovação. 
 Contribuinte: a pessoa jurídica detentora de licença de 
uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem 
como a signatária de contratos que impliquem transferência 
de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no 
exterior. 
 Incidência: sobre as importâncias pagas, creditadas, 
entregues, empregadas, ou remetidas em cada mês, a 
residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties ou 
remuneração previstos nos contratos relativos ao 
fornecimento de tecnologia, prestação de serviços de 
assistência técnica, cessão e licença de patentes. 
 Alíquota: 10% 
 A Lei nº 11.452/07 – estabeleceu que esse tributo não 
incide na importação de direito de comercialização ou 
distribuição de softwares, sem transferência de tecnologia. 
 
➔ CIDE – Combustíveis (Contribuição de Intervenção no Domínio 
Econômico Incidente Sobre a Importação e a Comercialização 
de Petróleo e Seus Derivados, Gás Natural e Seus Derivados, 
e Álcool Etílico Combustível) foi instituída pela Lei Nº 
10.336/01 e regulamentada pelo então Decreto Nº 4.565/03. 
 Contribuinte: pessoa jurídica que importar ou comercializar 
no mercado interno petróleo e seus derivados, gás natural e 
seus derivados e álcool etílico combustível. 
 Fato Gerador: sobre a importação ou comercialização 
desses produtos. 
 Alíquotas: previstas no artigo 5º da lei (alíquotas 
específicas) 
 
 
 
31 
Lei Nº 10.336/01 dizia: 
Art. 5º A CIDE terá, na importação e na comercialização no mercado interno, 
as seguintes alíquotas específicas: 
I – gasolina, R$ 860,00 por m³; 
II – diesel, R$ 390,00 por m³; 
III – querosene de aviação, R$ 92,10 por m³; 
IV – outros querosenes, R$ 92,10 por m³; 
V – óleos combustíveis com alto teor de enxofre, R$ 40,90 por t; 
VI – óleos combustíveis com baixo teor de enxofre, R$ 40,90 por t; 
VII – gás liquefeito de petróleo, inclusive o derivado de gás natural e da nafta, 
R$ 250,00 por t; 
VIII – álcool etílico combustível, R$ 37,20 por m³. 
... 
Esta contribuição possui destinação para o produto de sua arrecadação fixada 
pelo texto constitucional. 
Art. 177, § 4º - A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio 
econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo 
e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá 
atender aos seguintes requisitos: 
I – a alíquota da contribuição poderá ser: 
a) diferenciada por produto ou uso; 
b) reduzida e restabelecidapor ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando 
o disposto no art. 150, III, b; 
II- os recursos arrecadados serão destinados: 
a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, 
gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; 
b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do 
petróleo e do gás; 
c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. 
 
 
 
 
 
32 
Lei nº 10.336/01 
Art. 1º, § 1º - O produto da arrecadação da Cide será destinada, na forma da lei 
orçamentária, ao: 
I - pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, de 
gás natural e seus derivados e de derivados de petróleo; 
II - financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do 
petróleo e do gás; e 
III - financiamento de programas de infra-estrutura de transportes. 
 
• Contribuições de Interesse de Categorias Profissionais ou 
Econômicas 
 
São contribuições compulsórias criadas pela União, mas arrecadadas e 
fiscalizadas por: 
 
 
 
“A contribuição social caracteriza-se como de interesse de categoria 
profissional ou econômica quando destinada a propiciar a organização dessa 
categoria, fornecendo recursos financeiros para a manutenção de entidade 
associativa.”14 
 
 
 
 
 
 
14 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito. São Paulo: Malheiros, 26ª ed., 2005. p.410. 
Contribuições 
de Interesse 
de Categorias 
Profissionais 
ou 
Econômicas 
Conselhos de Classe: CREA, CRM, CRO etc. 
Algumas Autarquias Especiais: OAB, OEB etc. 
Sindicatos 
Entidades Privadas vinculadas ao Sistema Sindical: 
SESC, SESI, SENAC etc. 
 
33 
 
Em Relação aos Sindicatos 
 
CF, Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: 
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria 
profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo 
da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição 
prevista em lei; 
Existem duas contribuições previstas no dispositivo: 
 uma fixada pela assembleia geral, de natureza não 
tributária, a ser paga somente pelos sindicalizados (neste 
último ponto há divergências doutrinárias e jurisprudenciais); 
 a outra, indicada na expressão “... independentemente da 
contribuição prevista em lei” é de natureza tributária. 
 
CLT – Pelo texto da reforma ficou: 
 
Art. 545. As contribuições facultativas ou as mensalidades devidas ao 
sindicato, previstas no estatuto da entidade ou em norma coletiva, 
independentemente de sua nomenclatura, serão recolhidas, cobradas e pagas 
na forma do disposto nos art. 578 e art. 579. (Redação dada pela Medida 
Provisória nº 873, de 2019) 
 Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das 
categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais 
representadas pelas referidas entidades serão recolhidas, pagas e aplicadas 
na forma estabelecida neste Capítulo, sob a denominação de contribuição 
sindical, desde que prévia, voluntária, individual e expressamente autorizado 
pelo empregado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 873, de 2019) 
Art. 579. O requerimento de pagamento da contribuição sindical está 
condicionado à autorização prévia e voluntária do empregado que participar de 
determinada categoria econômica ou profissional ou de profissão liberal, em 
favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, na 
inexistência do sindicato, em conformidade o disposto no art. 591.( Redação 
dada pela Medida Provisória nº 873, de 2019) 
§ 1º A autorização prévia do empregado a que se refere o caput deve ser 
individual, expressa e por escrito, não admitidas a autorização tácita ou a 
substituição dos requisitos estabelecidos neste artigo para a cobrança por 
requerimento de oposição. (Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 
2019) 
§ 2º É nula a regra ou a cláusula normativa que fixar a compulsoriedade 
ou a obrigatoriedade de recolhimento a empregados ou empregadores, 
sem observância do disposto neste artigo, ainda que referendada por 
 
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negociação coletiva, assembleia-geral ou outro meio previsto no estatuto 
da entidade. (Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019) 
Art. 579-A. Podem ser exigidas somente dos filiados ao sindicato: 
(Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019) 
I - a contribuição confederativa de que trata o inciso IV do caput do art. 8º 
da Constituição Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019 
II - a mensalidade sindical; e Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 
2019 
III - as demais contribuições sindicais, incluídas aquelas instituídas pelo 
estatuto do sindicato ou por negociação coletiva Incluído pela Medida 
Provisória nº 873, de 2019 
Art. 582. A contribuição dos empregados que autorizarem, prévia e 
expressamente, o recolhimento da contribuição sindical será feita 
exclusivamente por meio de boleto bancário ou equivalente eletrônico, que será 
encaminhado obrigatoriamente à residência do empregado ou, na hipótese de 
impossibilidade de recebimento, à sede da empresa. (Redação dada pela 
Medida Provisória nº 873, de 2019) 
§ 1º A inobservância ao disposto neste artigo ensejará a aplicação do disposto 
no art. 598.(Redação dada pela Medida Provisória nº 873, de 2019) 
§ 2º É vedado o envio de boleto ou equivalente à residência do empregado ou 
à sede da empresa, na hipótese de inexistência de autorização prévia e 
expressa do empregado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 873, de 
2019) 
§ 3º Para fins do disposto no inciso I do caput do art. 580, considera-se um dia 
de trabalho o equivalente a: (Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019) 
I - uma jornada normal de trabalho, na hipótese de o pagamento ao empregado 
ser feito por unidade de tempo; ou (Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 
2019) 
II - 1/30 (um trinta avos) da quantia percebida no mês anterior, na hipótese de a 
remuneração ser paga por tarefa, empreitada ou comissão.(Incluído pela 
Medida Provisória nº 873, de 2019) 
§ 3º Na hipótese de pagamento do salário em utilidades, ou nos casos em que 
o empregado receba, habitualmente, gorjetas, a contribuição sindical 
corresponderá a 1/30 (um trinta avos) da importância que tiver servido de base, 
no mês de janeiro, para a contribuição do empregado à Previdência Social. 
(Incluído pela Medida Provisória nº 873, de 2019) 
 
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Em Relação às Entidades Privadas De Serviço Social e de Formação, 
Vinculadas ao Sistema Sindical... 
 
Estão genericamente previstas no artigo 240 da Constituição Federal. 
 
Art. 240 - Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais 
contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, 
destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação 
profissional vinculadas ao sistema sindical.

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