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DIFERENÇA ENTRE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA E CONTENCIOSA A jurisdição é o poder que o Estado possui para dar soluções aos conflitos existentes entre duas ou mais partes, impondo uma decisão baseada na legislação, mesmo que de forma coercitiva. A imposição de uma decisão é feita para coibir a autotutela de interesses individuais, possibilitando e garantindo a pacificação social, que é o objetivo do próprio Estado, mantendo a ordem através das instituições. Em síntese, a jurisdição contenciosa tem como objetivo a composição e a solução de um litígio, trazendo uma solução e evitando qualquer tipo de ameaça ou de violação aos princípios básicos que norteiam a sociedade. Jurisdição voluntária: A jurisdição voluntária é uma atividade estatal de integração e fiscalização. Busca-se do Poder Judiciário a integração da vontade, para torná-la apta a produzir determinada situação jurídica. Há certos efeitos jurídicos decorrentes da vontade humana, que somente podem ser obtidos após a integração dessa vontade perante o Estado-juiz, que o faz após a fiscalização dos requisitos legais para a obtenção do resultado almejado. A jurisdição voluntária não se apresenta como ato substitutivo da vontade das partes, para fazer atuar impositivamente a vontade concreta da lei (como se dá na jurisdição contenciosa). O caráter predominante é de atividade negocial, em que a interferência do juiz é de natureza constitutiva ou integrativa, com o objetivo de tornar eficaz o negócio desejado pelos interessados. A função do juiz é, portanto, equivalente ou assemelhada à do tabelião, ou seja, a eficácia do negócio jurídico depende da intervenção pública do magistrado. Portanto, vislumbra-se que há um forte caráter negocial nestas disposições, de modo que o escopo desta atividade jurisdicional seria somente validar as disposições formuladas entre as partes. Há uma convergência de vontades que irá pautar os aspectos jurisdicionais. Jurisdição contenciosa: Em princípio, a jurisdição contenciosa é estabelecida quando existem partes antagônicas, havendo, de um lado, o autor, que busca conseguir uma solução judicial a um conflito de interesses e, do outro, o réu, que é a pessoa sobre a qual se pressupõe atitudes que vão contra o interesse e a ordem social. A jurisdição contenciosa, portanto, contém as partes em conflito, ou litígio, um processo judicial e uma sentença que vai favorecer uma das partes em detrimento da outra, sendo comum e rotineiro que haja litigiosidade. A sentença judicial, proferida pelo juiz, determina a ação a ser tomada, substituindo a vontade das partes em litígio e é obrigatória, devendo ser cumprida, já que foi tomada com base em dados e fatos comprovados, tendo como respaldo a legislação pertinente ao processo. Assim, como substitutiva da vontade das partes em litígio, a jurisdição contenciosa apresenta uma solução independentemente da vontade dos litigantes, sendo imperativa, de observância compulsória e, se necessário, até mesmo forçada. O juiz, portanto, representa o Estado e a legislação ao apreciar o pedido do autor, analisar as provas e as informações, determinar, através da sentença, o que deve ser feito, substituindo a vontade das partes e aplicando ao caso a vontade da norma jurídica. Enquanto a jurisdição voluntária permite um acordo entre as partes, muitas vezes sem chegar a um processo jurídico, a jurisdição contenciosa estabelece a vontade do Estado, emitida através das normas legais. A jurisdição contenciosa é imperativa, permitindo que um juiz, mediante a apresentação de questões relacionadas a um determinado litígio, impõe uma sentença dentro dos padrões estabelecidos pela Lei, buscando uma solução para o conflito e a paz entre as partes. A sentença proferida pelo magistrado em qualquer processo representa a voz do Estado. É importante destacar, ainda, que existe o princípio de adstrição na jurisdição contenciosa, situação prevista nos Código de Processo Civil, em que o juiz só pode conferir na sentença do que foi realmente pleiteado em juízo, sob pena de nulidade do julgado. O princípio da adstrição estabelece que o magistrado, quando confere a sentença judicial, só tem o poder de conferir à parte a totalidade ou a parcialidade do que está sendo disputado em juízo. Ou seja, não havendo base suficiente para impor uma sentença que conceda o direito ao pleiteante, ele poderá conferir parcialmente uma ordem, desde que dentro daquilo que foi pleiteado. EM RESUMO: Enquanto a jurisdição voluntária possui caráter administrativo, solucionando um negócio judicial com a participação do juiz, a jurisdição contenciosa tem caráter jurisdicional, onde o Direito tem como objetivo a pacificação social, substituindo a vontade das partes que, se não for cumprida, pode ser aplicada de forma coercitiva. A jurisdição voluntária não apresenta conflito de interesses, não havendo uma coisa a ser julgada. Dessa forma, não existe uma sentença, mas sim um procedimento, ao contrário da jurisdição contenciosa, onde o juiz age a partir de um conflito de interesses, julgando um processo e determinando o que deve ser feito.
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